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Giuliana Garcia

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PORTFÓLIO CICLO 2

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário Claretiano para a disciplina:
Educação de Crianças, Jovens e Adultos e
Psicologia do desenvolvimento, ministrada pela
Tutora Prof.ª Dr.ª Lilian Paula Degobbi
Bergamo.

RIO CLARO
2020
Atividade proposta

De acordo com os estudos realizados nos Ciclos 1 e 2 de aprendizagem responda as


questões a seguir construindo um texto dissertativo (corrido, não é necessário colocar as
questões), com coerência entre as ideias e conceitos.

1) Qual a concepção de desenvolvimento infantil e aprendizagem adotada pelos


teóricos Piaget e Vygotsky? O que elas significam?

2) Escolha uma das três fases da infância (primeira, segunda ou terceira infância) e cite
suas características (considerando o plano físico, emocional e cognitivo). Para tanto, leia
a Unidade 3 do CRC de Psicologia da Educação.

3) O direito das crianças pequenas à educação foi contemplado na Constituição Federal


(1988), garantindo o atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a cinco
anos de idade. Este direito é efetivado na prática? Sabe-se que vivemos um período em
que as políticas de atenção à infância carregaram uma visão assistencialista. Isto
permanece? Justifique sua resposta.
A concepção de criança e infância modificou-se com o tempo e espaço e é resultante
direto da organização da sociedade como um todo. Segundo Kramer (1982) a ideia da
infância surgiu com a evolução da sociedade industrial e urbana onde criou-se a ideia de
que as crianças deveriam ser preparas para atuação no futuro.

Jean Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo, interessado na aprendizagem e no


desenvolvimento. Para Piaget o conhecimento não é algo totalmente inerente ao
indivíduo (apriorismo) nem totalmente relacionado às observações do meio em que vive
(empirismo). Piaget foi o criador da Epistemologia genética, teoria que busca
compreender como ocorre sucessivamente a construção do aprendizado. Para Piaget o
conhecimento é construído a partir da relação do objeto com o sujeito (teoria
construtivista) (De Souza, et al, 2013). Nesta concepção, o desenvolvimento não
transcorre de maneira linear, mas sim através de “estágios de desenvolvimento” (De
Pádua, 2009).

Segundo Piaget, quatro estágios principais compunham o aprendizado das crianças; o


primeiro estágio compreende o período de 0 a 2 anos de idade, denominando-se por
estágio sensório-motor. Neste período, as ações são de reflexo e instintivas.
Basicamente estas ações mais inatas serão transformadas com seu contato e
experiências com o mundo. Por isso a importância de ampliar a gama de estímulos para
assim ocorrer o desenvolvimento de habilidades. Já o segundo estágio compreende de 2
a 7 anos de idade e denomina-se por período pré-operacional. Este período é “marcado
pela capacidade simbólica”, onde a criança consegue entender melhor o espaço a sua
volta. A criança é egocêntrica pois não tem consciência de como é subjetiva, com o
avançar de seu desenvolvimento, ela apresenta novas capacidades de se situar sob outra
perspectiva o que permite gradativamente a construção de sua personalidade, identidade
e autonomia. De 7 a 11 anos, compreende-se o período operacional concreto, e a partir
dos 12 anos o período operacional abstrato, nestes a criança desenvolve o pensamento
abstrato, conseguindo observar o mundo a sua volta e analisa-lo criticamente. (De
Souza, et al, 2013)

Lev Semenovich Vygotsky, psicólogo defendia que a construção do pensamento e do


subjetivo pertence a um processo cultural, rejeitando as ideias inatistas. Para este, as
interações sociais são fundamentais para o desenvolvimento humano, além disso
também defendia a importância do ato de brincar para o desenvolvimento infantil como
um todo. Desenvolveu o conceito de “Zona de desenvolvimento proximal” (ZDP) que
seria a área de atuação dos educadores. Ao seu conceito, essa zona de desenvolvimento
proximal é guiada pelo nível individual de desenvolvimento potencial (NDP) (De
Souza, et al, 2013).

Estes dois autores foram de muita importância para a compreensão do desenvolvimento


infantil como um todo. Pensando-se sobre a primeira infância a qual se inicia quando
ocorre a queda do cordão umbilical e estende-se até o momento em que haja
aprendizado da fala, andar como defendido pelo autor Palácios et al (2004). Na primeira
infância o desenvolvimento físico se caracteriza por acontecer de maneira acelerada e
também seguindo uma ordem determinada pelo genótipo. O desenvolvimento físico
pode ser acompanhado por uma média proporcional, possibilitando o acompanhamento
que sobressaia da média. Antes de ocorrerem os movimentos físicos da criança o bebe
apresenta comportamentos estereotipados chamados de “reflexos de nascimento” que
são de origem genética. Os movimentos voluntários são estimulados principalmente
pelos estímulos externos e pelo vínculo afetivo. O vínculo emocional é de extrema
importância tanto para os bebes quanto para as crianças, nestes momentos iniciam-se os
sentimentos de confiança. Além disso a comunicação desenvolve-se também com os
artifícios que o bebe conhece como o choro, presença de gestos, atenção em
movimentos. Atrela-se o desenvolvimento cognitivo ao estimulo do vínculo emocional.

A educação infantil é o primeiro item da educação básica. Sua evolução acompanhou as


modificações na sociedade, com as mulheres ingressando em volume no mercado de
trabalho, estimou-se a necessidade de auxilio no cuidado de seus filhos. O brasil possui
uma herança assistencialista para este tipo de categoria, onde no passado este local teria
a finalidade apenas de cuidados das necessidades básicas como alimentação, higiene.
Esta característica assistencialista se deu pelo fato de as creches terem surgido como
reinvindicação popular com o aumento da demanda de trabalho operário sobretudo de
mulheres ingressantes no mercado de trabalho. (Pacheco et al, 2004)

Com a constituição de 1988 e a Lei de diretrizes e bases da educação (9.394/96) foi


garantida a gratuidade em creches e pré-escolas. Em 1998 foi publicado o primeiro guia
de reflexão e orientação para a educação infantil o “Referencial Curricular para a
educação infantil” (RCNEI) com o intuito de apresentar metas que proporcionassem o
desenvolvimento das crianças de 0 a 6 anos (Fuly &Veiga, 2012). Em 2009 foi lançada
as Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil (DCNEI), já enfatizando
mais a figura da criança e importância de estímulos para o aprendizado. Em 2016 foi
publicada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a qual enfatizou a importância
da educação nas creches trazendo eixos estruturais para as práticas pedagógicas
(BNCC). Reflexivamente notamos que em termos de lei, a política puramente
assistencialista no cuidado infantil foi descreditada em prol da importância no estímulo
infantil para o desenvolvimento. É inegável que tenhamos tido significativos avanços
nesta área, tanto nos aspectos da presença de profissionais cada vez mais capacitados
para atuar na educação infantil, no entanto ainda encontramos locais que praticam o
aspecto assistencialista em detrimento de um processo educativo. Observamos em
muitos municípios dificuldade em não só adquirir verbas estaduais como aplica-las à
educação infantil, o que também afeta o número de vagas disponíveis (Fuly & Veiga,
2015), falta esta que contraria a constituição de 1988, deixando muitos alunos sem o
acesso a uma vaga escolar.
Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília, DF:


MEC, 2015.

DE ANDRADE L. B. P; DE SOUZA, T.N. Fundamentos da educação infantil.


Batatais: Claretiano, 2013.

DA SILVA FULY, Viviane Moretto. Educação infantil: da visão assistencialista à


educacional. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, v. 2, n. 6, p. 86-94, 2015.

DE PÁDUA, Gelson Luiz Daldegan. A epistemologia genética de Jean Piaget. Revista


FACEVV| 1º Semestre de, n. 2, p. 22-35, 2009.

KRAMER, S. A política da pré-escola no Brasil: a arte do disfarce. Rio de Janeiro:


Achiamé,
1982.

PACHECO, Ana Lucia Paes de Barros; DUPRET, Leila. Creche: desenvolvimento ou


sobrevivência?. Psicologia Usp, v. 15, n. 3, p. 103-116, 2004.

PALÁCIOS, J.; MORA, J. Crescimento físico e desenvolvimento psicomotor até dois


anos. In: COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALÁCIOS, J. Desenvolvimento e educação:
psicologia evolutiva. Tradução de Daisy Vaz de Moraes. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2004. v. 1.

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