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MICHEL NASSER ARAKAKI MUSTAFA

RA: 8112129

PORTFÓLIO CICLO 2

Trabalho apresentado ao Centro


Universitário Claretiano para a disciplina Psicologia
da Educacao, ministrada pela Tutora Cristiane
Regina Tozzo.

CAMPO GRANDE – MS
2020
O fundamento da teoria elaborado pelo pedagogo russo Lev Vigotski coloca a

vida social e cultural no centro do problema do desenvolvimento individual através do

processo de aprendizagem. Tal é o alcance de sua lei genética da cultura: a

socialização das habilidades a serem apreendidas por alguém é o primeiro passo para

que se inicia a absorção individual deste processo. Com isso se quer dizer que o

processo psicológico é mediado pelo processo social. Num primeiro momento, o

indivíduo lida com as formas sociais de transmissão cultural e ao adaptar-se a elas,

passa a trabalhar suas habilidades num plano interpsíquico, até que absorva estas

habilidades e adquira autonomia individual para reproduzi-las, adentrando à

dinâmica intrapsíquica. Os passos mais básicos da formação humana podem ser

observados a partir desta dinâmica, desde a fala ou a capacidade de direcionar a

atenção, concentrar-se, etc. No entanto, em vez de postular, destarte, um

determinismo social das condições psicologicas do aprendiz. Ao contrário, afirma que

é pelas relações sociais o caminho de construção do ser humano individual,

analisando as nuances desta função na formação psicológica.

Para avaliar os estágios de processo socio-psicológico de transmissão de

cultura, por um lado, e formação de personalidade, por outro, Vigotski elabora o

conceito de zona de desenvolvimento procimal. A zona de desenvolvimento visa

apontar os elementos envolvidos nessa relação entre sociabilidade cultural e

aquisição de habilidade se competências formativas do indivíduo. O primeiro aspecto

a se notar aí é tal: se as habilidades individuais dependem da transmissão social,

então é necessário observar o contexto do educando e suas possibilidades concretas

de aprendizagem a fim de atualizar o tipo de abordagem do ensino. Ora, se isso

parece evidente, para muitas práticas pedagógicas, inclusive ainda vigentes, a

necessidade de uma educação específica está antes ligada à idade biológica que a

realidade sócio-cultural. A capacidade de aprendizagem reside, portanto, no

alinhamento de posturas individuais e processos sociais. Dentro da zona de

desenvolvimento, observa-se o nível de desenvolvimento atual/ real, quer dizer, a

performance efetiva, concreta, levada á cabo pelas habilidades encontradas no


educando. Por outro lado, observa-se o nível de desenvolvimento potencial – quer

dizer, a avaliação dos objetivos pedagógicos alcançáveis. Se estes objetivos serão

cumpridos na transmissão social/psicológica do ensino, encontrando-se “em

construção”, o nível de desenvolvimento atual indica a consequência de práticas

concretas já efetivadas e absorvidas na psiquê do educando.

Caso exemplar:

A situação escolhida para exemplificar na prática cotidiana estes conceitos é

simples: tenho uma filha bebê ainda, que está aprendendo a caminhar. No entanto,

ela ainda tem dificuldades. Sua condição atual é de ser um bebê de colo. Ora, seu

nível de desenvolvimento real é este, com as funções de um bebê de colo – deita, vira-

se de lado, engatinha e permanece sentada sozinha. Dentro desta obsevação, o nível

de desenvolvimento potencial é a de um bebê que anda. Para isso acontecer, ela deve

cumprir alguns pré-requisitos, com o de ficar em pé sem apoio. Atualmente, ela

consegue ficar em pé enquanto caminha, sempre apoiada em algo. Primeiro, passou

a subir em objetos de pequeno porte, engatinhando. Com o tempo, exercitou esta

direção vertical e começou a apoiar-se nestes objetos para ficar em pé sobre as

próprias pernas. Neste momento, ela tem caminhado alguns passos cambaleantes.

Então, ofereço um apoio e provoco um deslocamento. Assim, ela caminha, apoiando-

se em algo que se movimenta. Dentro em breve, seguindo sempre se exercitando

para tal, é possível que ela caminhe sem amparo, com autonomia. Isto, no entanto, é

possível dada a mediação continuamente progressiva de acordo com o nível em que

ela se encontra: se precisa de apoio para levantar-se, depois para se equilibrar, então

para se deslocar, etc. Sempre com o cuidado e a orientação paterna.

Estes conceitos são importantes, ao que me parece, não apenas em sala de

aula, mas para situações de transmissão de saberes em geral. Traz a vantagem, na

prática pedagógica, de avaliar o quanto o processo de ensino aproxima-se da

autonomia do educando e o quanto necessita de auxílio e mediação, para avaliar que

atitude tomar em cada momento do processo.

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