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MERENDA ESCOLAR DE QUALIDADE: EFETIFAÇÃO DO DIREITO À ALIMENTAÇÃO E À EDUCAÇÃO

1JULIANA LUIZA MAZARO, 2BRUNA DE OLIVEIRA ANDRADE, 3THAÍS SOUZA FREITAS, 4VALÉRIA SILVA GALDINO
CARDIN

1Doutoranda em Direito pela UNICESUMAR, Mestre em Direito pela UNICESUMAR. Professora do Curdo de Direito da
UNIPAR e UNESPAR/Paranavaí
2Mestre em Direito pela UNICESUMAR, Professora do Curdo de Direito da UNIPAR e UNESPAR/Paranavaí
3Advogada e Especialista em Processo Civil pela Escola Nacional Superior de Advocacia (ESA)
4Pós-Doutora em Direito pela Universidade de Lisboa; Doutora e Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP

Introdução: A alimentação é um direito fundamental da pessoa, apesar disso, a fome é uma realidade na sociedade
brasileira. Por isso, na impossibilidade ou na dificuldade da pessoa suprir esse direito-necessidade sozinha, cabe ao
Estado promover meios para fazê-lo. Uma forma de efetivar o direito à alimentação é a merenda escolar, muitas vezes a
única refeição diária de muitas crianças e adolescentes. E por isso, a merenda precisa ter qualidade para suprir parte das
demandas nutricionais infanto-juvenis, como fez o Estado do Paraná com o Programa “Coopera Paraná”, cujo objetivo
é contribuir não só para melhoria na qualidade alimentar dos estudantes do estado como também para o
desenvolvimento econômico-social de pequenas cooperativas rurais e para agricultura familiar.
Objetivo: Conhecer a atual situação da pobreza e da fome no Brasil e no mundo. Analisar como a política pública do
Paraná, o Programa de Apoio ao Cooperativismo da Agricultura Familiar no Paraná - Coopera Paraná, e de como ele se
alinha como Programa Estadual de Alimentação Escolar (PEAE), colabora na melhora da qualidade da merenda ao
mesmo tempo em que tenta proporcionar o desenvolvimento econômico-social de pequenas cooperativas rurais e da
agricultura familiar regional.
Desenvolvimento: Apesar de ter diminuído a situação de pobreza, segundo o IBGE (2018) só em 2017, ainda,
estimava-se que 54,8 milhões de pessoas viviam assim no Brasil. Dentre uma das consequências desse cenário é a
fome, uma violação do direito fundamental social à alimentação garantindo pela Constituição Federal. No Relatório “O
Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2021 (SOFI 2021) da ONU apontou que em 2020 mais de 2,3
bilhões de pessoas, cerca de 30% da população mundial não tiveram acesso a alimentação correta. A situação se agrava
quando os prejudicados são crianças e adolescentes, o Relatório da UNICEF “Todas as crianças na escola em 2015 -
Iniciativa global pelas crianças fora da escola” apontou que a pobreza extrema, incluindo a situação de fome, é uma das
causas de atrasos e evasão escolar. Na intenção de melhorar a condição socioeconômica da família muitas crianças e
adolescentes saem dos bancos escolares para o trabalho infantil (TAVARES, 2016). No senso geral feito pelo IBGE em
2010, o número de crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos trabalhando era de quase 4 milhões, em 2017 o
Ministério Público do Trabalho junto com a Rede Peteca divulgaram o Mapa do Trabalho Infantil que estimava que, ainda,
aproximadamente 2,7 milhões de pessoas entre 5 a 17 anos trabalhavam no Brasil (CARTA CAPITAL, 2017). Diante
destes dados fica difícil imaginar como um estudante, subnutrido pela fome, consequência da extrema pobreza e da
violação de seu direito fundamental à alimentação, tendo como única fonte nutricional a merenda escolar, pode vir a se
preocupar com o direito ao desenvolvimento social, se sequer consegue se desenvolver dignamente como ser humano.
Questiona-se como uma criança ou adolescente pode se desenvolver como indivíduo preocupado com o
desenvolvimento coletivo de barriga vazia? Surge, então, a necessidade de se proteger e promover dois direitos
fundamentais sociais, a alimentação e a educação, para se conseguir pensar em outro, o desenvolvimento. Deve insurgir
o Estado para promover a dignidade humana e dentro dela se inclui o direito à alimentação, que colabora dentro da
educação para fortalecer o indivíduo como protagonista do desenvolvimento como um direito, mas cujo objetivo deve
ultrapassar o mero crescimento econômico e que o direito não servir apenas como instrumento de financiamento
investimento, coordenação, etc., dos meios de produção, mas como meio de melhorar a vida da pessoa (COUTINHO,
2013). As políticas públicas vêm para isto, transformar o direito em meio da promoção de direitos fundamentais
individuais e coletivos, como à alimentação e à educação, serão realizadas como mecanismos estruturados de
concretização desses, mas que dependem da vontade políticas para entrar na agenda (BUCCI, 2006). O Estado do
Paraná implementou iniciativa chamada “Coopera Paraná”, cujo objetivo é o fortalecimento das organizações
cooperativas como instrumentos para melhorar a competitividade e a renda dos agricultores familiares, que vem de
encontro com o que já se pretendia com a Lei Estadual nº 16.751/10 “até que 100% (cem por cento) da rede de ensino
público do Estado do Paraná garanta a seus alunos o direito à merenda escolar orgânica” e que o atual Governo
colocou como meta atingir o objetivo merenda totalmente orgânica até 2030.
Conclusão: Assim, quando se pensa no direito fundamental à alimentação, somado ao direito à educação, que unidos
podem ser propulsores de outros, como o desenvolvimento econômico e social, a sua inserção na agenda política deve
ser prioridade. Como fez o Estado do Paraná ao colocar em sua agenda de políticas públicas o “Coopera Paraná”, que
além de garantir merenda de qualidade nas escolas, favoreceu a economia de pequenos produtores.
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Referências
BUCCI, Maria Paula Dallari. Políticas Públicas. Reflexões sobre o Conceito. São Paulo, Saraiva. 2006.
CARTA CAPITAL. No Brasil, o trabalho infantil atinge 2,7 milhões de crianças e adolescentes. Disponível em:
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/no-brasil-o-trabalho-infantil-atinge-2-7-milhoes-de-criancas-e-adolescentes/.
Acesso em: 09 out. 2019.
COUTINHO, Diogo Rosenthal. Direito, Desigualdade e Desenvolvimento. São Paulo: Saraiva. 2013.
IBGE. Trabalho Infantil. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/apps/trabalhoinfantil/outros/graficos.html. Acesso
em: 09 ago. 2022.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. SOFI 2021: relatório da onu destaca os impactos da pandemia no aumento da
fome no mundo. Relatório da ONU destaca os impactos da pandemia no aumento da fome no mundo. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/135635-sofi-2021-relatorio-da-onu-destaca-os-impactos-da-pandemia-no-aumento-da-fome-no-
mundo. Acesso em: 29 ago. 2022.
PARANÁ. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional. Secretaria Estadual de Educação. Programa Estadual
de Alimentação Escolar. Disponível em: http://www.fundepar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=10.
Acesso em: 09 ago. 2022.
PARANÁ. Lei nº 16750, de 2010. Curitiba, PR, Disponível em:
https://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?
action=exibir&codAto=58781&indice=1&totalRegistros=2&dt=11.9.2019.11.52.35.967. Acesso em: 09 out. 2019
SISTEMA OCEPAR. Coopera Paraná: Governo reforça apoio ao cooperativismo da agricultura familiar. Disponível em:
http://www.paranacooperativo.coop.br/ppc/index.php/sistema-ocepar/comunicacao/2011-12-07-11-06-29/ultimas-
noticias/124144-coopera-parana-governo-reforca-apoio-ao-cooperativismo-da-agricultura-familiar. Acesso em: 09 out.
2019.
TAVARES, Viviane. Crianças e jovens não vão à escola: Principais problemas são a pobreza extrema, qualidade e a
falta de acesso. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/criancas-e-jovens-nao-vao-a-escola.
Acesso em: 09 out. 2019.

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