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APOSTILA
POLÍTICAS PÚBLICAS EM
EDUCAÇÃO
MARANHÃO – MA
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Além disso, a força da sociedade civil pode atuar também para impedir medidas autoritárias
que atentem ao direito universal constitucional.
Com o apoio do Ministério Público, os cidadãos podem fiscalizar a gestão dos recursos e
acompanhar a execução das políticas educacionais, exercendo pressão sobre o governo.
Assim, para ter suas demandas atendidas, é fundamental que a população conheça as
normas e regimentos que fundamentam as políticas públicas de educação no país.
IDEB
O IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, é um conjunto de métricas e
dados utilizados pelo governo para avaliar o ensino infantil, o ensino fundamental e o
ensino médio brasileiros.
Ele é feito por meio de avaliações de desempenho, como a prova SAEB, questionários
socioeconômicos e pesquisas nas escolas e comunidades escolares.
Através dos dados contidos nele, muitas das políticas públicas são traçadas.
O Fundeb é uma das políticas públicas educacionais mais comentadas nos últimos
anos, e não é para menos. Ele reúne fundos de 26 estados e do Distrito Federal, e
redistribui os recursos para atender a educação básica em todo o país.
Sistema de Cotas
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Conclusão
Agência Brasil
o país se via em um novo processo de
redemocratização, em que se via a demanda
de devolver ao povo brasileiro todos os direitos
retirados durante o processo ditatorial.
Figura 1: Ulysses Guimarães anuncia promulgação da Constituição de 1988. Disponível em: <http://vestibular.uol.
com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/25-anos-da-constituicao-federal-promulgacao-marcou-transicao-entre-
ditadura-e-democracia.htm>. Acesso em: 29 abr. 2016.
garantia da gratuidade do ensino médio e superior aos que comprovassem insuficiência financeira [grifos
nossos].
A Constituição Federal de 1988 foi determinante para a interrupção da
Constituição de 1967, gerada na vigência da ditadura militar, que compreendeu os anos de
1964 a 1985, período que simbolizou a mudança do regime democrático brasileiro. Na
época, o presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães,
parlamentar que promulgou a atual Carta Magna brasileira, juntamente com o governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves, fez desse relevante acontecimento sua proposta de eleição
para a presidência da república (CUNHA, 2013).
O documento legal foi abalizado um divisor de águas no Brasil por estar
respaldado em concepções de cidadania e de democracia mundiais, agregou valores
igualitários aos direitos fundamentais aos brasileiros que correspondem aos diversos
segmentos, como: educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, se- gurança,
proteção à maternidade, infância e assistência aos desamparados. Sua praticidade é a
primazia das conjunturas de vida dos menos beneficiados, em proveito da isonomia social
(CUNHA, 2013).
A Carta Magna brasileira promulgada em 1988, denominada de “Constituição
Cidadã” pelo represen- tante do congresso Ulysses Guimarães, é considerada até os dias de
hoje uma das mais modernas e progres- sistas do mundo, em relação aos direitos e deveres
individuais e coletivos dos brasileiros (DUARTE, 2012).
Sendo assim, deve-se atentar que a referida normativa constitucional apregoava
o preceito de que to- dos os brasileiros têm direito à educação, destacando à preferência
pelo Ensino Fundamental, devendo esse ser imperativo e de graça. Carrega em seu cerne
relevantes princípios para a educação e, nesse conjunto de circunstâncias, reforça a
Constituição Federal de 1988 estabelecendo no artigo 205 que:
A Lei Maior de 1988 aduz em seu artigo 207 metas para o ensino universitário, e
instituições de pesqui- sa científica e tecnológica: “As universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e da gestão financeira e patrimonial, e deverão obedecer
ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, CF/1998).
O artigo 208 legitima a obrigatoriedade do Estado com relação à educação, que
será efetivada mediante a garantia:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada
pela Emenda Constitucional 59/2009);
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional
14/96);
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela
Emenda Constitucional 53/2006);
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suple-
mentares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela
Emenda Constitucional 59/2009);
§1.º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54. É dever de o Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade
de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
§2.º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa res-
ponsabilidade da autoridade competente.
§3.º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
ensino.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os
casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III - elevados
níveis de repetência.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário,
seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes
excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do
contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às
fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de
recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a ju-
ventude (BRASIL, 1990).
Nessa mesma direção, sabe-se que para não haver uma alta representação da
evasão escolar, repetência e péssimo desempenho escolar, é de suma importância que
haja o trabalho conjunto da escola e da família. A criança ou adolescente devem
comparecer regularmente à instituição escolar, tendo o acompanhamento familiar e o da
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Na prática, observa-se que os municípios brasileiros estão atendendo aos anos iniciais e
os Estados aos anos finais.
• Ensino Médio – do 1.° ao 3.° ano, tem a duração mínima de três anos e é de
responsabilidade dos Estados. A normativa legal não estabelece idade mínima
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para o acesso ao Ensino Médio, mas esse acesso pode ocorrer a partir dos 15
anos, sem limite máximo de idade (MEC, 2013).
Ensino Superior
• O projeto busca um direcionamento, como se fosse uma bússola. É uma ação que tem
uma determi- nada intenção, com um sentido declarado, com um compromisso definido
coletivamente pelos integrantes da instituição escolar. Por isso, todo projeto pedagógico
da escola é também político por estar intimamente articulado a uma promessa
sociopolítica com interesses reais e coletivos da população majoritária dessa instituição
de ensino. É político no sentido de compromisso com a formação de qualidade do
cidadão de um determinado tipo de sociedade. “A dimensão política se cumpre na
medida em que ela se realiza, enquanto prática especificamente pedagógica” (SAVIANI,
1983, p. 93).
• Na abrangência pedagógica, habita a oportunidade da efetivação da finalidade da
escola, que é a for- mação de qualidade do cidadão proativo, responsável,
comprometido consigo e com o contexto que está inserido, e o desenvolvimento de um
indivíduo crítico e criativo. Pedagógico, na acepção de esclarecer as ações educativas e
os atributos necessários às escolas de cumprirem seus objetivos e suas intenções
educa- cionais (VEIGA, 2009, p. 15).
As categorias político e pedagógico têm, assim, uma concepção que caminha de
mãos dadas e não pode se separar. Nesse sentido, é que se deve considerar o projeto
político pedagógico como um processo constante de reflexão, discussão dos
problemas da escola e mudanças, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua
intencionalidade (MARQUES, 1990, p. 23).
Por outro lado, propicia a vivência democrática devendo envolver toda a
comunidade escolar, tendo como referência a realidade em busca de
aperfeiçoamento e de mudança necessários a uma educação de melhor qualidade.
No artigo 3.º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,
9.394/96), estão implícitos os princípios norteadores do projeto pedagógico, e um
deles é “igualdade de condições para acesso e perma- nência na escola”, também
previsto no artigo 206, inciso I da Constituição Federal de 1988 e no primeiro inciso do
artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1991).
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O autor faz uma proposta à pessoa que assiste ao vídeo de repensar o real
significado de ensinar na contemporaneidade. Que esta atividade tão importante não seja
simplesmente um despejar de conteúdos pedagógicos, mas que ela possa colaborar para
ampliar a visão de mundo do alunado com a mediação e competência do professor.
Por muitos séculos, a educação e os cuidados das crianças ficaram somente sobre a
incumbência da fa- mília, particularmente das mães e de outras mulheres da própria família.
Com as mudanças sociais ocorridas em decorrência da revolução industrial, as mulheres
saíram de casa em busca de um ofício, surgindo assim a demanda por um ambiente que
pudesse proteger os filhos das trabalhadoras (OLIVEIRA, 2002, p. 28).
Com a inserção das mães no mercado de trabalho, as crianças ficavam sem os cuidados
básicos neces- sários para a sua sobrevivência, o que provocou aumentos nas taxas de
mortalidade infantil, desnutrição e acidentes domésticos. Surge, então, a creche como um
recurso que momentaneamente atenuou a situação, dentro de uma circunstância
17
1998).
Kramer (2005) reforça que não é possível educar sem cuidar. Sob tal prisma, situações
que ocorrem diariamente na rotina das crianças que frequentam creches, como, por
exemplo, o tomar banho, poderão se transformar num momento educativo e lúdico à
medida que o adulto interage com a criança, estreitando-
-se os vínculos afetivos. A monitoria para trocar as fraldas pela educadora, realizando o
contato físico por meio da dimensão afetiva. Com esses procedimentos, devemos
compreender que não é possível trabalhar a concepção de cuidar e educar de maneira
separada, pois, em todos os momentos do cotidiano escolar, a criança está sempre em
constante aprendizado, para isso, se faz necessário planejamento por parte de quem está
educando. Portanto, para cuidar, é preciso estar comprometido com o outro, tendo a
sensibilidade de perceber suas necessidades e estando sempre disponível para tentar
ajudar (KRAMER, 2005).
Por sua vez, Montenegro (2001) coloca o cuidado como um dos elementos centrais,
tanto da educação quanto da formação da educadora de crianças pequenas. Em
consonância com o RCNEI, reforça que:
O fator cuidado, precisa considerar, principalmente, as necessidades das
crianças, que quando obser- vadas, ouvidas e respeitadas, podem dar
pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os
procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de
promoção à saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a
preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas,
é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em
conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional
e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes
realidades socioculturais. (BRASIL, 1998, p. 25).
Dessa forma, o ato de cuidar está relacionado aos cuidados com os aspectos
biológicos do corpo e com a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde física,
exigindo dos profissionais estarem atentos para qualquer imprevisto que possa vir a
acontecer com as crianças. Ele de se apresentar de forma ampla, sendo as demandas
das crianças o foco principal, de maneira que leve a promover o desenvolvimento das
suas capacidades.
Por sua vez, quando se refere ao ato de educar crianças, faz-se necessário que o
educador crie situações significativas de aprendizagem. Se quiser alcançar o
desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomo- toras e socioafetivas, é fundamental
que a formação da criança seja vista como um ato inacabado, sempre sujeito a novas
inserções, a novos recuos, a novas tentativas, pois:
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o
desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das
potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na
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Com base nesses pressupostos, podemos afirmar que cuidar e educar são aspectos a
serem tratados de forma articulada quando se refere ao processo formal de educação das
crianças. Dessa forma, “[...] educar é abranger todos os aspectos da vida do aluno, desde
o atendimento de suas necessidades mais básicas, primá- rias e elementares até as mais
elaboradas e intelectualizadas” (SIGNORETTE, 2002, p. 6).
Nessa vertente, o autor endossa que o fato de garantir o acesso à educação básica
pública às crianças de seis anos de idade devolve a elas o direito ao exercício da cidadania.
Dessa forma, autoriza uma parcela maior da comunidade, de frequentar mais cedo à escola,
usufruindo de um direito que era extensivo apenas às crianças favorecidas, matriculadas no
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A criança de seis anos de idade que passa a fazer parte desse nível de
ensino não poderá ser vista como um sujeito a quem faltam conteúdos da
educação infantil ou um sujeito que será preparado, nesse pri- meiro ano,
para os anos seguintes do ensino fundamental. Reafirmamos que essa
criança está no ensino obrigatório e, portanto, precisa ser atendida em
todos os objetivos legais e pedagógicos para essa etapa de ensino
[grifos nossos] (MEC, 2006a, p. 8).
Entretanto, os objetivos da ampliação do Ensino Fundamental de nove anos de
duração são apresenta- dos neste registro documental: “Ensino Fundamental de nove anos:
passo a passo do processo de implantação”, como se esclarece:
a) Melhorar as condições de equidade e de qualidade da Educação Básica;
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Sendo assim, o direito ao Ensino Fundamental de nove anos está respaldado pela Lei
Federal 11.114 de 16 de maio de 2005, na qual o presidente da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, sancionou o dispositivo legal, modificando a redação dos artigos 6.°, 30, 32 e 87
da LDB 9.394/96, instituindo a obrigatoriedade es- colar para as crianças de seis anos, sem
alterar o tempo de duração do Ensino Fundamental (BRASIL, 1996).
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Vale ressaltar que a mudança incidiu sobre o artigo 6.º que preconiza: “É dever dos
pais ou responsá- veis efetuar matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no
Ensino Fundamental.”, assim man- teve, na época, a duração mínima de oito anos para
esse segmento, sem exigir o aumento de mais um ano, quando os artigos da Constituição
Federal de 1988 já expressavam que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exer- cício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. [grifos nossos] (BRASIL, 1988). [...]
Art. 208.
Por sua vez, observamos que a Lei Federal 11.114/2005 tornou-se inconstitucional por
não atender aos preceitos legais mencionados anteriormente, à medida que não
responsabilizou o Estado pela oferta do Ensino Fundamental com a duração de nove anos.
A questão refere-se à matrícula e à educação obrigatória a partir da Constituição Federal
de 1988, que passa a ser um direito público. Esse fato obriga o Estado a criar formas de
efetivação e proteção da mesma, quando esse direito for negado à criança ou a um adulto
que, em idade própria, não tenha frequentado ou concluído essa etapa da educação
obrigatória (BRASIL, 2005).
Mas, em fevereiro de 2006, o Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentou a Lei
Federal 11. 274 que alterou a redação dos seguintes artigos da LDB 9.394/96: 29, 30, 32 e
87, sobre o ingresso da criança no Ensino Fundamental e sobre o tempo de duração da
educação obrigatória que passa a ser de nove anos. Essa lei complementou a lei anterior
de modo a determinar ao Estado o papel que lhe incumbe no sentido de responsabilizar o
poder público pela oferta dessas vagas (BRASIL, 1996).
Enfim, o referido texto legal possibilitou o atendimento a um direito educacional que
sedimenta:
O exercício do direito à educação, [...]. Exige condições materiais que o torne
realidade: a) que seja possível o acesso material a uma vaga na escola,
garantia que compete ao Estado assegurar. Os Estados costumam aceitar o
direito em suas legislações antes de prever as condições necessárias para
exercê-lo;
b) possibilidade de assistir regularmente às aulas e permanecer na escola
durante a etapa considerada como obrigatória, sem obstáculos provenientes
das condições de vida externas ou das práticas escolares internas que
possam levar à exclusão ou à evasão escolar; [...] (GIMENO, 2001, p. 19).
deve ser estendida cada vez mais, agora incluindo o contingente de crianças de seis anos.
Com essa mudança, os brasileiros dos 3 aos 14 anos de idade terão direito a onze anos da
educação básica pública.
Por sua vez, a Resolução 3, de 3 de agosto de 2005, do Conselho Nacional de
Educação (CNE) mo- dificou a nomenclatura a ser adotada para a Educação Infantil e o
Ensino Fundamental, especificando que:
Educação Infantil – 5 anos de duração – até 5 anos de idade.
Creche – até 3 anos de idade. Pré-escola – 4 e 5 anos de idade.
Ensino Fundamental – 9 anos de duração – até 14 anos de idade.
Anos iniciais – 5 anos de duração – dos 6 aos 10 anos de idade.
Anos finais – 4 anos de duração – dos 11 aos 14 anos de idade [grifos
nossos] (CNE, 2005).
Por fim, constatamos que o direito à inclusão da criança de seis anos no Ensino
Fundamental, com o tempo de duração de nove anos, não garante a melhoria da qualidade
do ensino, outros fatores estão impli- cados nesse processo educacional. Como educadores,
sabemos que o menor quanto mais cedo usufrui do mundo da leitura e da escrita e de outros
bens culturais historicamente construídos, levando-se em conta sua singularidade do menor,
terá melhor êxito em seu processo de escolarização.
estratégias para a política educacio- nal brasileira dos próximos dez anos. Dessa forma,
preconizam os dispositivos legais: “A Base Nacional Comum vai significar que qualquer
aluno, em qualquer estado, qualquer município, qualquer escola tenha o mesmo direito de
aprendizagem, e se mudar de um estado para outro ele tenha o mesmo currículo escolar”
(MBNC, 2015).
A Base Nacional Comum (BNC) está prevista no artigo 201 da Constituição Federal, no
artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), no artigo 49 das
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino Fundamental e nas metas 2, 3 e 7 do
Plano Nacional da Educação (PNE) aprovado em 2014.
Por sua vez, o Ministério da Educação e Cultura (MEC, 2015) está à frente da
construção da Base Nacional Comum (BNC), com a participação dos municípios, estados,
além de contar com um amplo debate da população brasileira por meio da consulta pública.
Serão três versões desse documento, sendo que:
A primeira foi lançada em setembro de 2015 e ficou em consulta até 15 de março
de 2016. Neste mesmo período o MEC esteve recebendo pareceres técnicos
de instituições científicas, acadêmicas e represen- tativas. A segunda versão,
redigida de acordo com as mudanças sugeridas, para abril de 2016, e passará
por nova revisão. A revisão final está prevista para junho de 2016 (MEC,
2015).
Com a Base Nacional Comum (BNC), pais e responsáveis terão acesso, de forma
transparente, aos co- nhecimentos e habilidades que os estudantes deverão saber ao final
de cada ano letivo. Isso facilitará tanto o papel da família, que acompanhará mais de perto o
desempenho dos filhos, como também dos professores, que planejarão melhor suas aulas,
as trocas de experiências e as avaliações, identificando deficiências e soluções com mais
agilidade (MBNC, 2015).
Sabe-se que a Base Nacional Comum (BNC) será mais uma ferramenta para orientar a
construção do currículo escolar da Educação Básica do país, espalhadas de norte a sul,
públicas ou particulares, mostrando quais são os elementos fundamentais que precisam ser
ensinados e aprendidos em cada área do conhecimen- to, como: Matemática, Linguagens e
Ciências da Natureza e Humanas, dentre outras, e uma parte diversifi- cada, assim como
orientações para a comunidade escolar sobre a formulação do Projeto Político Pedagógico
das instituições escolares brasileiras (DCNEB, 2013).
A parte diversificada irá complementar a base comum para oportunizar a formação
integral dos estu- dantes nos diversos contextos em que se inserem as escolas brasileiras.
Cabe a parte diversificada:
[...] prever o estudo de características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e da co- munidade escolar. Perpassa todos os tempos
e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Médio,
independente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola
[...] a base na- cional comum e a parte diversificada não podem se constituir
em dois blocos distintos, com disciplinas específicas para cada uma das
partes (DCNEB, 2013, p. 32)
Anos depois, ela também é prescrita na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LDB 9.394/96, em seu artigo 26, dispondo que:
Os currículos do ensino fundamental e médio tenham uma base nacional
comum, a ser complemen- tada em cada sistema de ensino e estabelecimento
escolar por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e
locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela [grifos nossos]
(BRASIL, 1996).
Com essa ‘liberdade’ para elaborar uma proposta educacional de acordo com a
realidade da comunida- de escolar, cabe à instituição escolar desenvolver seus documentos
legais, conforme o ambiente educacional em que está inserida, deixando transparecer as
demandas daqueles que dela usufruem. Para tanto, precisa desenvolver o seu Projeto
Político Pedagógico, que traduz sua identidade, o currículo escolar e seus funda- mentos
(PNE, 2014).
Recentemente, o debate sobre currículo tomou uma maior dimensão com o Plano Nacional
de Educação (PNE), promulgado por meio da Lei 13.005 de 25 de junho de 2014, que trouxe
metas e estratégias sobre as diversas questões que envolveram a necessidade de se unir
esforços federativos para a institucionalização efetiva do Sistema Nacional de Educação
(SNE) para os próximos dez anos. Destacou-se a busca por uma educação de qualidade,
melhorias das condições do trabalho docente com qualificação profissional e melho- res
salários, e deu outras providências (PNE, 2014).
A adoção de uma Base Nacional Comum é uma tendência internacional; os Estados
Unidos, Austrália, China e Reino Unido são alguns dos países que construíram e
implementaram recentemente seus padrões curriculares nacionais. Portanto, adotá-la,
segundo reforçam os responsáveis, é reduzir as desigualdades educacionais de uma nação.
No primeiro ano de ensino regular, a continuidade representa uma transição, seja para
aquela criança que se matricula pela primeira vez na escola, seja para aquela que já vem da
Educação Infantil. Em qualquer um dos casos, é necessário assegurar-lhes o direito à
infância, pois os alunos não deixarão de serem crianças pelo simples fato de estarem
regularmente matriculados no Ensino Fundamental de nove anos. O menor do 1.º ano deve
ter garantido seu direito à educação em um espaço próprio e com rotinas apropriadas que
viabilizem a edificação de conhecimentos básicos, considerando as características e o
desenvolvimento de sua faixa etária, integrando o cuidar e o educar. Cuidar e educar são
princípios básicos da educação nessa faixa etária (MEC, PCNs, 1998).
Ressaltamos que a ampliação do Ensino Fundamental de nove anos tem como
finalidade dar continui- dade ao trabalho desenvolvido nas escolas de Educação Infantil ou
garantir àqueles que nunca cursaram uma instituição escolar um início de escolaridade
calmo e próspero. A Educação Infantil tem objetivos próprios que devem ser alcançados na
perspectiva do desenvolvimento infantil, respeitando, cuidando e educando crianças em um
tempo singular da primeira infância. No Ensino Fundamental, os estudantes de seis anos,
assim como os de sete anos de idade, precisam de uma proposta curricular que atenda às
suas características, potencialidades e necessidades específicas. Isso é imprescindível para
o desenvolvimento e aquisição do conhecimento por esses (SANTOS, 2006).
A unidade escolar deverá, então, assegurar um trabalho pedagógico que envolva
experiências em di- ferentes linguagens e suas expressões, buscando uma metodologia que
favoreça o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo dessas crianças.
Por sua vez, sabemos que as atividades lúdicas provocam na criança:
Nessa perspectiva, os objetivos gerais para essa faixa etária devem desenvolver na
criança uma ima- gem positiva de si mesma. Para que ela possa descobrir e conhecer
progressivamente suas potencialidades físicas, cognitivas e sociais, e para que tenha a
oportunidade de brincar expressando suas emoções, co- nhecimento e imaginação, incluem-
se nas expectativas de aprendizagem dois eixos que não figuram com destaque nas séries
iniciais do Ensino Fundamental: movimento, jogar e brincar e cuidar de si, do outro. Entende-
se que esses conteúdos são um caminho e uma sugestão para que a criança se desenvolva,
aprenda, adquira confiança em suas competências e se expresse em diferentes linguagens
advindas das seguintes áreas de conhecimento:
Língua Portuguesa – As crianças do 1.º ano têm o direito de aprender e desenvolver competências em
comunicação oral, em ler e escrever de acordo com suas hipóteses. Para isto é necessário que a escola de
Ensino Fundamental promova oportunidades e experiências variadas para que elas desenvolvam com
confiança cada vez mais crescente todo o seu potencial na área e possam se expressar com pro-
priedade por meio da linguagem oral e da escrita.
• Matemática – As crianças do 1.º ano têm o direito de usar seus conhecimentos e habilidades para
resolver problemas, raciocinar, calcular, medir, contar, localizar-se, estabelecer relações entre ob-
jetos e formas. Para isto é necessário que a escola de Ensino Fundamental promova oportunidades e
experiências variadas para que elas desenvolvam com confiança cada vez mais crescente todo o seu
potencial na área.
• Ciências Sociais e Naturais (história, geografia e ciências) – As crianças do 1.º ano do Ensino
Fundamental têm o direito de exercer seu pensamento, suas hipóteses, conhecendo a vida dos seres vivos
e sua relação com o ambiente, os fenômenos naturais e sociais e as transformações que deles decorrem.
Para isso a escola de Ensino Fundamental precisa oferecer diferentes oportunidades para que a criança
pense, estabeleça relações entre o ambiente os seres vivos e o fenômenos naturais e sociais,
valorize as diferenças entre os povos, para que pesquise com sentido e significado e desenvol- va ações
para garantir seu bem-estar, o bem-estar do outro e os cuidados com o ambiente.
• Artes – As crianças do 1.º ano têm o direito de conhecer a produção artística, expressar sua criativida-
de compartilhando: pensamentos, ideias e sentimentos também por meio de atividades de explora-
ção envolvendo artes visuais e música, reconhecidas como linguagem e conhecimento. Para isto a
escola de Ensino Fundamental deverá oferecer diferentes situações de contato com a produção artística,
30
Por sua vez, a avaliação no Ensino Fundamental de nove anos deve ser um processo
formativo, contí- nuo, que não demanda situações distintas das cotidianas. Portanto, o que
aqui se mostrou são algumas abor- dagens para que os professores possam melhor analisar
e avaliar o que se passa na instituição escolar, par- ticularmente o avanço dos alunos dessa
modalidade de ensino em relação às expectativas de aprendizagem.
A formação continuada dos professores deve fazer parte da rotina institucional. Os
professores devem acom- panhar as perspectivas educacionais atuais e participar da
construção do projeto político pedagógico da escola em que atuam, refletindo e compartilhando
coletivamente, criando condições para que o trabalho desenvolvido seja constantemente
debatido, avaliado e assumido por todos os envolvidos (VILLAS BOAS, 2004).
Por fim, constata-se que a organização do trabalho pedagógico para essa faixa etária
deverá favorecer a vivência e experimentação; o ensino globalizado; a participação ativa da
criança; a magia, a ludicidade, o movimento, o afeto, a autonomia e a criatividade infantil.
REFERÊNCIAS
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<www. montesiao.pro.br/estudos/crianca/caract_faixaetaria.html>. Acesso em: 10 maio 2016.
AZEVEDO, Janete M. Lins. A educação como política pública. Campinas: Autores Associados, 1997.
BATISTA, Antonio Augusto Gomes. Ensino fundamental de 9 anos: um importante passo à frente. Boletim
UFMG, Belo Horizonte, v. 32, n.1522, março de 2006.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
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