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REFLEXÕES
JURÍDICAS ACERCA DA SEXUALIDADE HUMANA E DA TRANSEXUALIDADE
 
1JULIANA LUIZA MAZARO, 2VALÉRIA
SILVA GALDINO CARDIN  
 
1Discente do
Mestrado em Ciências Jurídicas da UniCesumar
2Docente do
Mestrado em Ciências Jurídicas da UniCesumar
 
Introdução: Atualmente,
muito se fala sobre diversidade sexual, principalmente sobre as conquistas das
minorias sexuais no Brasil e
no mundo. Nesse contexto, é importante entender,
com a finalidade de superar preconceitos, alguns elementos que permeiam a
sexualidade humana, como: o sexo, o gênero e a identidade de gênero. A
transexualidade, como uma vivência da sexualidade, está
intimamente relacionada
com estes conceitos, repercutindo na seara jurídica, especialmente quando se
trata da efetivação da
dignidade destas pessoas.
Objetivos: Analisar a
sexualidade humana, especificamente, a transexualidade a partir dos elementos
do sexo, gênero, orientação
sexual e identidade de gênero.
Desenvolvimento: A sexualidade
humana tem várias dimensões, como a sociocultural, a afetiva, a religiosa, a
psicológica e,
inclusive, a jurídica. Ela é construída através das vivências
individual e social de cada pessoa, não podendo mais ser compreendida
somente
pelo viés natural ou biológico. Um dos elementos estruturantes da sexualidade é
o sexo, que se traduz basicamente pelo
aspecto biológico e morfológico do
indivíduo, trata-se do que se concebe como mulher e homem (SILVA JUNIOR, 2012).
Outro
componente é o gênero, que é sócio culturalmente estabelecido, estando
pautado na concepção binária de masculino e de feminino,
como explica Jaqueline
Gomes de Jesus (2012, p. 8) “[...] desde o nascimento meninos e meninas são
ensinados a agir de acordo
como são identificadas, a ter um papel de gênero
'adequado'”. A orientação sexual, por sua vez, se caracteriza pela atração
afetivo-
sexual que uma pessoa tem por outra, independendo do gênero de ambas
(JESUS, 2012). Porém, essa construção identitária não pode
ser vista de forma
tão engessada, pois a identidade de gênero se trata da percepção que a pessoa
tem de si, isto é, como ela se
reconhece como “ser sexual”, independentemente
do órgão genital com o qual nasceu. Dessa forma, o fato de uma pessoa se
identificar com um gênero diferente daquele que lhe é imposto como natural,
como ocorre com os transgêneros, não poder ser visto
como uma anormalidade, é o
que o ocorre com as pessoas trans. Este sentimento de discordância entre a
condição anatômica e a
psicológico é estável, o que faz com esses indivíduos
busquem meios para realização de sua identidade de gênero, como as
transformações físicas e a de prenome (conhecido como nome social), refletindo
na seara jurídica (GONÇALVES, 2012). Salienta-se
que esta incongruência entre o
sexo e o gênero, característica da transexualidade, ocorre de forma diferente
em cada pessoa, assim, as
transformações corporais e os reflexos jurídicos
também serão diferentes (COELHO; SAMPAIO, 2013). Por exemplo, há aquelas que
não desejam realizar a cirurgia de readequação genital, pois a terapia hormonal
atende a suas necessidades, como há também quem
necessite deste procedimento
para se sentir bem. Independentemente da realização ou não da cirurgia ou do
tratamento hormonal, a
verdade é que a pessoa transgênero tem o direito de
exercer sua sexualidade em todas suas dimensões, uma vez que é um direito da
personalidade. Contudo, a realidade não corresponde a esta lógica, tendo em
vista que os transgêneros vivem em constante luta pela
garantia e efetivação de
direitos básicos, sofrendo constantes violações e violências a sua dignidade e
a sua vida (JESUS, 2013). Um
problema frequente é quanto ao prenome, não há
dúvidas que a pessoa transgênero deseja ser reconhecida exteriormente como ela
se
identifica internamente. Imagine como é constrangedor para uma mulher trans
estar em uma fila e ser chamada pelo seu nome de
nascimento, é uma violação à
sua dignidade. Não obstante, existem algumas iniciativas do Estado para
efetivação da dignidade dessas
pessoas, como por exemplo, o Decreto nº 8.727 de
2016, que estabelece o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de
gênero das travestis e pessoas transexuais em órgãos federais da administração
direta e indireta.
Conclusão: A
transexualidade é uma expressão da diversidade sexual humana. O gênero como uma
construção social e cultural, pode
ser assimilado de forma diferente entre as
pessoas. Portanto, aquela que nasce com determinado órgão genital não precisa,
necessariamente, identificar-se com o gênero que lhe é imposto. No entanto, é
fundamental, diante de tal incongruência identitária,
que o direito continue
correspondendo aos anseios e às necessidades das pessoas trans, sem
preconceitos, de forma que garanta a
promoção da dignidade e o tratamento
igualitário de todos.
 

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Referências:
BRASIL.
Decreto nº 8.727 de 28 de abril de 2016. Dispõe sobre o uso do nome
social e o reconhecimento da identidade de gênero
de pessoas travestis e
transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional. Brasília, Distrito
Federal: Senado Federal, 29 abr. 2016.
GONÇALVES,
Camila de Jesus Mello. A transexualidade sob a ótica dos direitos humanos:
uma perspectiva de inclusão. 2012.
Tese (Doutorado em Diretos Humanos) -
Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível
em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2140/tde-04032013-105438/>.
Acesso em: 10 ago. 2016.
JESUS,
Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e
termos. Brasília: Autor, 2012.
SAMPAIO,
Liliana Lopes Pedral; COELHO, Maria Thereza Ávila Dantas. A transexualidade
no cenário brasileiro atual: a
despatologização e o direito à identidade de
gênero. In: Anais do III Seminário Internacional Enlaçando Sexualidades.
Salvador:
UNEB, 2013
SILVA
JUNIOR, Jonas Alves da. Uma explosão de cores: sexo, sexualidade, gênero e
diversidade. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues
(Org.). Minorias Sexuais: Direitos
e Preconceitos. Brasília: Editora Consulex, 2012. Cap. 1. p. 11-27.
 

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