Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Luís
2019
1
Informações do bolsista
E-mail: mmadjer7@gmail.com
Informações da Instituição/Departamento
E-mail:
E-mail: laepciufma@gmail.com
2
Marcos Madjer Souza Morais
São Luís
2019
3
RESUMO
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6
2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................7
3 OBJETIVOS..............................................................................................................8
5 RESULTADOS........................................................................................................11
6 CONCLUSÕES.......................................................................................................25
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................27
5
1. INTRODUÇÃO
1
L – Lésbicas (mulheres cis (pessoas cis se identificam com o seu sexo biológico) ou mulheres transexuais que se
relacionam entre si); G – Gays (homens cis ou homens transexuais que se relacionam entre si); B – Bissexuais
(pessoas que se relacionam com ambos os sexos); T – Travestis (gênero feminino brasileiro, cuja pessoa do sexo
masculino se identifica com seu sexo biológico, mas possui características físicas femininas) T – Transexuais
(pessoas que nascem com determinado sexo biológico e não se identificam com ele); Q – Queer (termo em inglês
que significa “insólito”, “excêntrico” ou “estranhe”, cuja pessoa não segue os padrões de sexualidade, sentindo-se
livre para se expor como qualquer gênero); Q – Questionando-se (em inglês “Questioning”, significa que a pessoa
6
Outro momento de observação, no qual este, porém, seguiu-se de maneira
habitual, pois houve pesquisas mais profundas e entrevistas com algumas pessoas,
buscou-se compreender a relação entre as mais diversas manifestações sociais no
local. E se pessoas LGBTQ+ costumam ser rechaçadas por outros meios de sociação,
tendo em vista que exista uma predominância de indivíduos com suas famílias e
religiosos no local, o que pode causar certa estranheza devido suas concepções
conservadoras e cristãs.
2. JUSTIFICATIVA
não sabe a sua identidade sexual); I – Interssexuais (são pessoas que, congenitamente, não se encaixam no binário
conhecido como sexo feminino e sexo masculino, em questões de hormônios, genitais, cromossomos, e/ou outras
características biológicas); A – Assexuados (não possui atração por nenhum sexo ou gênero); A – Agênero ou
Aliado (não se identifica com nenhuma espécie de gênero, seja heterossexual, bissexual, homossexual, e outros) ;
S – Simpatizantes (em inglês “gay-friendly”, é um termo usado para referir-se a lugares, políticas, pessoas ou
instituições que procuram ativamente a criação de um ambiente confortável para as pessoas LGBTQ+); C –
Curiosos (sabe o que é, mas quer experimentar outros gêneros); P – Pansexuais (sente atração independente do
gênero da pessoa); P – Polissexuais (sente atração por diversos gêneros, mas não todos. O que se difere de
pansexual); F – Amigos e Familiares; 2 – “Dois-espíritos” (em inglês “two-spirit”, é a entidade de uma etnia
americana que se identifica como homem e mulher, ao mesmo tempo); K – Kink (fetichista, que gosta de manter
relações através de práticas sexuais com fetiche bondage e disciplina, submissão e dominação, masoquistas e
sadomasoquista, cuja sigla seria BDSM).
7
de relação individual e coletiva, é capaz de estabelecer uma leitura sobre estas
interrelações que compõe o espaço urbano.
3. OBJETIVOS
4. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
8
sociativa de interação, serão importantes para que se consiga avaliar o processo de
interação que há entre eles.
Outro aspecto que será observado é a relação que existe entre os indivíduos
pertencentes à comunidade LGBTQ+ e os aspectos sociativos existentes no local. O
intuito é identificar, através das imagens, pesquisas em campo e observações, como
os atos sociativos, que seriam a interrelação dos sujeitos, comportam-se ao serem
confrontados com a presença dos indivíduos da comunidade LGBTQ+ nestes lugares.
Tais observações se tornam necessárias para que se possa identificar os critérios que
influenciam o processo de subjetividade deste indivíduo e como ele se sente
representado no meio em que vive.
O estudo sobre as manifestações sociais nos locais, tanto urbanos como rurais,
contém como base de sua estrutura o próprio indivíduo que as compõem. Esta
avaliação decorre do fato de que o indivíduo se compõe dentro de um aspecto social,
isto é, ele está inserido dentro de um processo de interrelação social, constituindo-se
como uma sociedade. Para Simmel, a sociedade existe onde quer que vários
indivíduos entrem em interação (SIMMEL, 1983, p. 59). Esta conjuntura social se une
sob diversos aspectos, formando sociações ou manifestações sociais, com interesses
próprios, sejam eles individuais ou coletivos. Simmel destaca a ideia de que a mundo
9
é composto de partes que influem uma sobre a outra, unindo-se de algum modo
(SIMMEL, 1983, p.60).
Outro aspecto que será observado é a relação que existe entre os indivíduos
pertencentes à comunidade LGBTQ+ e os aspectos sociativos existentes no local. O
intuito é identificar, através das imagens, pesquisas em campo e observações, como
os atos sociativos, que seriam a interrelação dos sujeitos, comportam-se ao serem
confrontados com a presença dos indivíduos da comunidade LGBTQ+ nestes lugares.
2
Trechos retirados da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada que pertence as Testemunhas de Jeová. Edição
atualizada do ano de 2014.
10
Tais observações se tornam necessárias para que se possa identificar os critérios que
influenciam o processo de subjetividade deste indivíduo e como ele se sente
representado no meio em que vive.
5. RESULTADOS
Campo de Pesquisa Externo – Carnaval na Praça da Cultura
11
Fonte: MORAIS, 05 de março de 2019. Acervo pessoal.
12
e possui a necessidade de mostrar seu domínio em relação ao espaço e aos
indivíduos, sendo legitimada por sua religião.
3
Trechos retirados da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada que pertence as Testemunhas de Jeová. Edição
atualizada do ano de 2014.
13
Fonte: MORAIS, 05 de março de 2019. Acervo pessoal.
14
encontrar com alguém que faz parte do meio LGBTQ+. O conflito provoca a
reafirmação sociativa da forma expressa em que os indivíduos se unem. Aceitar ou
não outro indivíduo que não está de acordo com os seus valores morais, é uma forma
de se preocupar em manter a sua estabilidade, pois para a sociedade alcançar uma
determinada configuração, precisa de quantidades proporcionais de harmonia e
desarmonia, de associação e competição, de tendências favoráveis e desfavoráveis
(SIMMEL, 1983, p. 124).
Em uma nova pesquisa de campo, cujo local seria o espaço público, que fora
revitalizado, Beira Rio, que se localiza próximo à costa do Rio Tocantins, foi possível
analisar que existe uma interação entre as mais diversos formas de unidade sociativa
existentes na cidade, como, por exemplo, os religiosos, sendo este associados ao
seguimento protestante ou ao catolicismo, famílias que organizam festas de
aniversários ao ar livre, e jovens que se reúnem de maneira causal. Desta forma, que
o espaço da Beira Rio está subdivido em diversas formas de sociação, no qual
pessoas interagem entre si através de interesses simbólicos, mas que é comum para
a maioria.
15
Fonte: MORAIS, 13 de abril de 2019. Acervo pessoal.
16
Fonte: MORAIS, 13 de abril de 2019. Acervo pessoal.
17
Fonte: MORAIS, 13 de abril de 2019. Acervo pessoal.
18
frequentam a Beira Rio, em específico aos que são LGBTQ+ e ao que costumam
consumir bebida alcoólica ou fazem uso de cigarros.
Relatos, como o de Josias Silvio Gonçalves M. Junior, apontam que existe uma
divisão do espaço que é devido o autoritarismo implícito pelos evangélicos. Ele sente
que de alguma forma exista a presença de uma autoridade, que paira no ambiente,
que faz com que exista um certo receio em permanecer próximos aos evangélicos ou
pessoas que estejam com crianças, devido a sua orientação sexual. Outros, no
entanto, afastam-se devido ao seu consumo de bebidas alcoólicas e o uso de cigarros,
o que provoca olhares de desaprovação por parte dos evangélicos. Essas formas de
interação, dada aos fenômenos sociais, tendem a manter uma unidade para cada
situação.
Esta dupla função da oposição, conforme esteja voltada para fora ou para
dentro, é também encontrada nas relações mais íntimas dos particulares e
reveste-se de todos os caracteres de um fenômeno sociológico: porque os
indivíduos também têm necessidades de se oporem, para permanecerem
unidos (SIMMEL, 1983, p. 56)
19
Fonte: MORAIS, 04 de maio de 2019. Acervo Pessoal.
Maria Irene dos Anjos, evangélica da Assembleia de Deus, que, com uma
aparente tranquilidade, responde a um questionamento, sobre como observa a
posição das pessoas que fazem parte do seu círculo religioso em relação aos demais
frequentadores, ela disse perceber julgamentos direcionados aos que consomem
bebida alcoólica ou são homossexuais, porém ela não concorda. Ao transcrever este
depoimento de Maria, tem-se essa resposta: “Não. O respeito é mútuo. Todos
merecem, não devemos fazer acepção de pessoas.” Para Simmel a sociação só
começa a existir quanto a coexistência isolada dos indivíduos adota formas
determinadas de cooperação e de colaboração, que caem sob o conceito geral da
interação. (SIMMEL, 1983, p. 60)
20
aos evangélicos um desconforto que os leva a fixar olhares de desaprovação. Um fato
interessante a ser mencionado seria que Gabriela, informou que mesmo se
identificando como uma pessoa heterossexual, sente-se incomodada com a presença
de evangélicos no local, pois é comum que eles julguem quem está consumindo
bebida alcoólica próximo a eles, ou quando existem gays e lésbicas trocando carícias
no local. Porém, faz-se necessário identificar que, apesar de se manter distante dos
evangélicos, todos possuem o mesmo objetivo ao irem para a Beira Rio. Por mais
diversos que sejam os interesses que levam as sociações, as formas nas quais esses
interesses se realizam podem ser iguais. (SIMMEL, 1983, p. 62)
“...a gente tem essas manifestações dentro de qualquer espaço público, mas
tu vê como é uma linha, uma faca de dois gumes quando tu percebe que o
momento em que tem cristãos daquele lado aqui tinha uma pessoal cultuando
outro tipo de coisa aqui. O culto alguma entidade a gente não limitar apenas
a entidades religiosas qualquer em que tu, é, maneja um pouco de tempo pra
tu se dedicar é um culto, entendeu? Então um culto de um pessoal fumando
e dizendo alegria a Jah aqui, então enquanto tem um pessoal bebendo vinho
e dizendo alegria a Odin aqui, tem um pessoal se recreando em nome de
Cristo ali, cada um deles tá manifestando a sua opinião pública, de forma
pública, e um espaço em que a gente vive em democracia entendeu?”
(Trecho da entrevista com Carlos)
A foto abaixo é uma imagem de Carlos com seus amigos. Ele com um
instrumento musical bem parecido com o violão, porém chamado de ukulele, divertem-
se na Beira Rio.
21
Acervo Pessoal: MORAIS, 18 de maio de 2019.
Em uma outra visita, foi possível realizar a entrevista com Camila e Isabel. Elas
possuem um relacionamento homoafetivo, Camila possui um filho, moram na cidade
de Imperatriz. Na imagem abaixo, nota-se, com certa naturalidade, que sua posição
com relação aos demais é de indiferença. O contato físico é um pouco mais intimista
mesmo, conforme relato de Camila, sentindo um pouco de receio, elas procuram tratar
de forma natural o seu relacionamento em público. Camila disse que procura se
afastar de espaços onde há uma predominância maior de evangélicos, temendo que
alguém possa reprimi-las. Porém, elas nunca sofreram nenhuma espécie de
repressão por sua presença no local. Camila expressa que procura sempre manter
uma conduta respeitável em lugares onde há a presença de famílias e religiosos,
tendo em vista que possui um filho e deseja ter atitudes que podem servir de exemplo
positivo a ele.
22
Acervo pessoal: MORAIS, 08 de junho de 2019.
23
espécie de materialização baseada no desejo em comum dos indivíduos. Para
Simmel, a forma seria a constituição da unidade social.
24
porém unidos por objetivo maior a todos, usufruir do espaço destinado a forma mais
densa da sociabilidade que está acima de suas ramificações.
6. CONCLUSÕES
Revitalizada, a Beira Rio está com uma nova estrutura em sua imagem, e como
resultado disto se tornou um dos lugares atrativos para que as pessoas possam se
reunir. Porém, há neste mesmo espaço formas conflitantes de interação. Por um lado,
existe os evangélicos e de outro pessoas LGBTQ+. O conflito existente neste caso
seria da relação entre a percepção que cada possui a respeito de seus hábitos,
crenças ou mesmo ideologias. Se por um lado há a forma como os evangélicos
encaram a orientação sexual de pessoas LGBTQ+ baseadas em seus preceitos
4
A expressão “tribo urbana” foi criada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, em 1985. No geral, esse
fenômeno surge da necessidade dos jovens de se agruparem, pertencerem a um grupo e criarem uma identidade.
Esses grupos compartilham hábitos, valores culturais, estilos musicais e ideologias políticas semelhantes.
25
religiosos, por outro existe, de forma intrínseca, o receio de ser julgado por sua
sexualidade.
Estas formas de sociação, a que Simmel se refere, que seria a maneira pelo
qual as pessoas se unem em um objetivo comum a todos eles, tendem a demonstrar
a importância dos seus componentes, e ressaltar a sua identidade. Portanto, torna-se
imprescindível que os interesses dos indivíduos estejam coesos com a formação de
sua sociação, para que estes possam manter a solidez e, com isso, ao encarar o
conflito permaneçam com sua estrutura fortificada. A instabilidade da forma sociativa
faz com que os indivíduos se dissipem, acarretando resultados negativos a
manifestação social e sua autoafirmação como sociação.
Estabelece-se o contato entre indivíduos que por seus interesses únicos, agora
coletivos e não mais individuais, que resulta em uma sociabilidade direcionada em
manter a forma mais concreta de seus desejos. Esta espécie de culto, ligado não só
a uma divindade, mas a toda forma de representação que possa materializar os
sentimentos em comum dos indivíduos, sejam eles de adorar ao seu deus, reunir-se
para celebrar aniversários, ou mesmo para admirar a paisagem. Tem-se nestas
atitudes as mais diversas formas de sociação, que para Simmel seria uma espécie de
resultado para se unirem coletivamente em um único interesse. Porém, as formas não
únicas, dividem-se, podem coexistir em um mesmo espaço, mas se divergem em seus
interesses, estes acarretam a natureza do conflito entre as formas de sociabilidade, e,
com isso, passam a fazer parte da estrutura que desenvolve a sociedade.
26
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito (1903). Mana, Rio de Janeiro,
v. 11, n. 2, out., 2005.
REIS, Toni (Org.). Manual de Comunicação LGBTI+. Curitiba: Aliança Nacional LGBTI
/ GayLatino. Ed. Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - Universidade Federal do Paraná.
p. 104. 2018.
27