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IMPERATRIZ
2016
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IMPERATRIZ
2016
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Data da aprovação:______/_____2016.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Jesus Marmanillo Pereira
Orientador
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
______________________________________
Prof. Dr. Agnaldo José da Silva
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
______________________________________
Prof. Dr. Alisson Bezerra Oliveira
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Jesus Marmanillo Pereira, braço amigo de todas as etapas deste trabalho, pelas
concisas orientações na elaboração da pesquisa.
A minha família, pela confiança e motivação, especialmente minha Mãe, Maria Costa.
Aos amigos e colegas, pela força e pela vibração em relação a esta jornada.
Aos profissionais entrevistados, pela concessão de informações valiosas para a realização
deste estudo.
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho.
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RESUMO
O Presente estudo tem por objetivo analisar as transformações nas relações de trabalho na
atividade de colheita mecanizada do eucalipto, na região da Pré-Amazônia. Busca
compreender que atividade estudada se insere dentro de um marco histórico
desenvolvimentista, marcado pela implementação do Projeto Grande Carajás (PGC) gestado
pela Companhia Vale do Rio Doce, visando extrair riquezas mineralógicas, visto que o
escoamento da produção seria por via da Estrada de Ferro Carajás (EFC) com o intuito da
criação de complexos industriais em torno da siderurgia. Pretende-se identificar as diferentes
modalidades de trabalho, da organização do mesmo e das relações com outras variáveis
econômicas e sociais, elementos que compõem o redesenho da reestruturação produtiva. A
Metodologia da Pesquisa se baseia na Observação Participante para se alcançar Método
etnográfico para o estudo de campo. Percebem-se diferentes tipos de trabalho, perfis de
trabalhadores, relações de status internalizados pelos grupos, nas suas respectivas
organizações empresariais e ambientes. Em suma, ação da restruturação produtiva fez com
que se alterassem os perfis dos operários, tipologias do trabalho resultantes no processo de
inserção tecnológica, como resultado expulsão da mão de obra, contribuindo para um
desemprego estrutural, desconstruindo os discursos oficiais que validavam os grandes
projetos.
Palavras-chave: Reestruturação Produtiva; Eucalipto; Grandes Projetos.
SUMMARY
productive restructuring made to alter the profiles of the workers, the resulting work
typologies in the technology integration process, such as expulsion result of labor,
contributing to structural unemployment, deconstructing the official speeches that validated
the major projects .
Keywords: Productive Restructuring; Eucalyptus; Large projects.
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LISTA DE SIGLAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 MÉTODOS DA PESQUISA E OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ............................... 14
3 AÇÕES DOS GRANDES PROJETOS DESENVOLVIMENTISTAS EM
AÇAILÂNDIA E REGIÃO ................................................................................................... 24
4 AGENTES SOCIAIS ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DO CARVÃO VEGETAL .... 4
4.1 MECANIZAÇÃO DA COLHEITA DO EUCALIPTO NA AMAZÔNIA
MARANHENSE ...................................................................................................................... 31
4.2 ANÁLISE INSTITUCIONAL DAS EMPRESAS INSERIDAS NA
RESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DA ATIVIDADE DO EUCALIPTO ............................ 38
4.3 DE R & R SERVIÇOS FLORESTAIS LTDA PARA JR SERVIÇOS FLORESTAIS
UMA MUDANÇA CONCEITUAL......................................................................................... 43
4.4 ENERGIA VERDE, UMA EMPRESA ESTRATÉGICA DENTRO DO GRUPO
QUEIROZ GALVÃO ............................................................................................................... 45
5 TRABALHADORES, FORMAS DE TRABALHO E CONDICIONANTES SOCIAIS54
5.1 PERFIS DOS OPERADORES DE MÁQUINA ................................................................ 57
5.2 TIPOS E FORMAS DE TRABALHO NA JR SERVIÇOS FLORESTAIS, SUZANO E
ENERGIA VERDE .................................................................................................................. 63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................67
REFERÊNCIAS......................................................................................................................69
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1 INTRODUÇÃO
1
Considerou-se o trecho que compreende os municípios de Açailândia, Imperatriz, Bom Jesus das Selvas, no
Maranhão.
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Bom Jesus das Selvas, Monte Líbano em Açailândia, próximo ao Assentamento Califórnia, de
maneira singular na Fazenda Muriaé em Nova Ipixuna, através do contato de Fabio Ramos,
como forma de estabelecer contato para acesso à Fazenda Monte Líbano.
O Primeiro capítulo consiste na inserção a campo e no método de observação para
alcançar uma etnografia do grupo de trabalhadores. O método etnográfico no estudo dos três
grupos de trabalhadores analisados. Através do método etnográfico o pesquisador adquire
características mais aguçadas como olhar, ouvir e o sentir fazendo grande diferença para
absorver costumes, comportamentos da comunidade estudada. Uma boa relação com grupo
estudado como preconiza Malinowski (1922) possibilitas analises etnográficas pautadas no
respeito ao outro, e construção de elementos que denotem as características do grupo estudado
visando os imponderáveis da vida que exprime a naturalidade da comunidade no seu cotidiano
foram do contexto formal das relações.
O segundo capítulo abrange as ações provocadas pelos grandes projetos
Desenvolvimentista na região da Pré-Amazônia, fluxos migratórios inicializados pelas
construções das rodovias federais na década de 1960, posteriormente, a construção Estrada de
Ferro Carajás, política de crédito e incentivos fiscais operadas pelas agencias de fomentos
estatais. Marcados por questões fundiárias de conflitos como relata Victor Asselin (2009) no
contexto das disputas de Terras. Ação dos Grandes Projetos previa utilização de recursos
naturais como prima, aliada de infraestrutura ferroviária – portuária para escoamento da sua
produção visando o mercado externo.
O terceiro capítulo inicia com recorte da produção de carvão no início dos anos 80 até
final da década de 90, marcado por violentos ataques às florestas nativas da região para
produção do carvão vegetal. Os atores sociais dentro desse sistema abruptos das carvoeiras
uma vez que dentro das mesmas, os trabalhadores do carvão tem violados os seus direitos.
Relata o processo de mecanização da colheita do eucalipto, o contexto atual das novas
empresas de reflorestamento e colheita mecanizada do eucalipto; a forma como as empresas
do setor de reflorestamento se estabeleceram na região, como o apêndice das siderúrgicas,
dentro de uma lógica dos grandes projetos como a (CELMAR) Celulose Maranhão, grande
área de eucaliptos plantados estrategicamente na década 80 para atrair empresas do setor
florestal para região.
No último capítulo faz-se um estudo analítico dos perfis dos trabalhadores, dos tipos
de trabalhos dentro das estruturas organizacionais de cada grupo. A Relação de trabalho
operador é maquina no tocante os condicionantes sociais disponíveis pelo diferentes grupos.
Destacam-se tipos e formas de trabalho nas empresas JR Serviços Florestais, Energia Verde e
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Minha inserção no campo foi favorecida por um vínculo trabalhista com a empresa JR
serviços Florestais, empresa consolidada na região sudoeste, da Pré – Amazônia por serviços
na extração de madeira em florestas plantadas. Admitido no ano de 2012, trabalhei em
Açailândia visitas nas operações da empresa na qual atuava, e a noite me deslocava para
Imperatriz para Universidade Federal do Maranhão2.
Na Empresa JR, minha função era de analista administrativo dos Recursos Humanos e
“Controle”. Ambas as atividades se caracterizavam pelo contato direto com os trabalhadores
e gestores da empresa e com alguns gestores das contratantes estabeleci uma rede contatos.
Na graduação o contato com a disciplina de Projeto de Pesquisa, fez com que tivesse em
mente logo um objeto, essa escolha do objeto de pesquisa teria que ser algo da minha região,
ou cidade, algumas visitas também no (CDVDH) Centro de Defesa da Vida e Direitos
Humanos levou à escolha temática, uma relação entre Desenvolvimento e Desigualdade
Social oriundo do Projeto Grande Carajás e suas ações para criação de riquezas proveniente
da região.
O tema Projeto Grande Carajás foi me apresentado ainda no ensino médio por um
professor que era ex-funcionário da Companhia Vale do Rio Doce, tinha formação em história
e com a experiência nessa empresa, que foi uma das maiores responsáveis pela
implementação e gestão do projeto na Amazônia Oriental, ele teve significativa influência na
minha criticidade e formação sobre a temática. Isso por conta dos inúmeros depoimentos em
sala de aula. Esses fizeram com que os alunos tomassem uma consciência crítica, um
estranhamento e desnaturalização sobre as ações dessas grandes empresas na cidade. Instigou
a problematização da questão do Pequiá de Baixo e da luta diária dos moradores, por
condições mínimas de dignidade entre outras temáticas locais que já foram naturalizadas já
pelos Açailandenses.
Com ideia do objeto desenhada em mente e, sobretudo a oportunidade de realizar uma
observação participante com os trabalhadores da colheita do eucalipto, para melhor percepção
acerca dos elementos para minha pesquisa e produção de um diário de campo. Como a minha
participação no grupo estava ligada à relação organizacional comum, a etnografia me ajudaria
nos estudos sobre o grupo de operadores.
2
No tempo cursava o terceiro período do curso de Licenciatura em Ciências Humanas com habilitação em
Sociologia; na época, o curso disponibilizava da segunda licenciatura de forma disciplinar.
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Nesse sentido, Malinowski (1922) relata que para fazer uma boa etnografia, conhecer
bem a teoria científica e estar a par de suas últimas descobertas não significa estar
sobrecarregado de ideias preconcebidas. A pessoa quando parte para uma expedição deve ter a
capacidade de levantar o maior número de problemas possível. Assim, quando o pesquisador
adentra para pesquisar um grupo ele deve se desfazer dos seus preconceitos e das suas pré-
noções para obter elementos singulares daquela comunidade observada entender suas relações
sociais e culturais.
Na minha caminhada, procure ir ao intuito de obter novas ideias sobre o grupo e não
aquelas minhas obtidas na relação dentro da empresa, ir a campo possibilitou ver os
trabalhadores nas suas totalidades com indivíduos dentro de um grupo, nas quais suas ações
têm um sentido de exterioridade do individual se incorporando no coletivo. Na empresa sede
Administrativa os trabalhadores assume um discurso padrão e organizacional muito polido
sem expressar suas verdadeiras opiniões, obedecendo a um signo da instituição e da
hierarquia.
emprego formal no Brasil, passa um resultado numérico que possibilita ver o balanço mensal
dos demitidos e Admitidos da empresa a ser pesquisa.
Os números produzidos por esse software tem sua importância na captação de dados,
porém mas não descrevem a totalidade de uma realidade, cabendo utilização de outras
ferramentas por parte do pesquisador para obter a explicação dos fenômenos imponderáveis
que os questionários e programas de computadores não revelam. Sobre esse essa apreensão do
real Bachelard explica:
“O conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras. Nunca
é imediato e pleno. As revelações do real são recorrentes. O real nunca é "o
que se poderia achar" mas é sempre o que se deveria ter pensado. O
pensamento empírico torna-se claro depois, quando o conjunto de
argumentos fica estabelecido. Ao retomar um passado cheio de erros,
encontra-se a verdade num autêntico arrependimento intelectual. No fundo, o
ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo
conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é
obstáculo à espiritualização” (BACHELARD,1996, p.17).
Se meu cargo fosse de Gestor da Colheita poderia causar empecilhos como comenta
Cavendon (1999) sobre o estudo de campo,
Suzano composto por jovens com aproximadamente 20 anos de idade, chateados por trabalhar
no final de semana e perder as festas. Esses ouviam músicas atuais e mexiam em seus tablets,
notebooks e ipods - enquanto os operários da JR tinham dificuldades até em mexer no celular.
Esses grupos sinalizavam diferentes maneiras de formação de profissionais: um grupo
formado no calor da atividade com pouca teoria em oposição a outro grupo formado por uma
empresa (Suzano) que dispunha até de simuladores de máquinas equipados com joystiques
que traziam a ideia de um videogame.
O grupo da JR criticava o outro grupo pelo fato de tornarem operadores muito rápidos,
já que nas suas experiências levaram anos para transmitir o ofício enquanto os novatos com
quatro meses já eram operadores em máquinas novas, na outra empresa. Na JR, os
funcionários trabalhavam em maquinários ruins, sujeitos a punição se as máquinas
quebrassem e ocasionasse a paralização da produção. Enfim, observaram-se diferentes
processos de formação dos ofícios embora pertencessem à mesma categoria de trabalhadores.
Tive uma proposta para trabalhar na Energia Verde, através do Coordenador de
colheita Antônio Paiva, para realizar função de Analista de Benefícios. Nessa função, teria
que ir todas as fazendas ou mandar os termos adesão dos benefícios pelos encarregados para
os trabalhadores. Aceitei esse novo desafio em uma empresa já conhecida pela atuação na
terceirizada JR.
Fiz uma palestra nas unidades sobre o plano de saúde Sistema de Atendimento Médico
Empresarial (SAME), antes serviço só ofertado para trabalhadores das siderúrgicas, sendo
agora incorporado para todo o grupo, precisaria do preenchimento de termo com assinatura do
colaborador me deslocaria até as fazendas.
Como a atividade da colheita foi primarizada pude rever antigos colegas da JR que
também foram incorporados para nova empresa. Esse processo de eliminar terceirização da
atividade da colheita produziu muitos ativos. Para Oliveira e Dias (2012) esse processo seria
uma forma que as empresas obteriam rédeas de atividades fundamentais terceirizadas para
outras empresas.
O estudo de campo na empresa foi muito interessante; durou seis meses meu tempo
como efetivo; tive que sair da empresa para dar continuidade nos estágios da faculdade, pois
não seria possível conciliar as duas atividades. Contudo, isso não provocou desistência do
objeto de estudo; fez com que direcionasse outras metodologias e redes de contatos para
abordar a pesquisa com os operários das três empresas.
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A rede de contatos facilitou meu retorno às visitas de campo, liberação para entrar nas
áreas das atividades. O primeiro contato foi o senhor Benício, experiente, tanto nas atividades
da Silvicultura como na Colheita do Eucalipto; trabalhou na Aracruz, na Jari Celulose e na JR.
Foi meu colega de trabalho na JR e me ensinou muito sobre as partes técnicas da atividade.
Conheci Antônio Paiva na relação entre empresa contratante e terceirizada; depois
tornamos colegas de trabalho. Foi ideia dele, promover esses sistemas de benefícios como
plano de saúde, cesta básica e bonificações por metas a todos os colaboradores do grupo.
Tive contato com Alex Silva quando preparei a documentação dos trabalhadores das
terceirizadas esse processo de integração era responsabilidade dele fiscalizar as terceirizadas
no tocante as normas trabalhistas.
Obtive o contato de Fabio, por meio do senhor Benício; Fabio era responsável
atividade campo da Promape - empresa responsável pelo transporte da madeira até a fábrica
da Suzano em Imperatriz.
Nesta nova etapa da pesquisa, os contatos com os trabalhadores ocorreram nodo
ambiente de trabalho por meio de diálogos informais e descontraídos sobre o trabalho, tendo
em vista essa relação criada por vínculo institucional.
Fábio Ramos foi fundamental para adentra nas áreas da Suzano, por meio da empresa
de transporte, ver a operação e pedir alguns contatos de operadores daquela empresa.
A pesquisa também me proporcionou fazer uma problematização do meu “eu”
trabalhador /pesquisador, exigindo a valorização da dimensão ética em todos os âmbitos.
Nesse sentido, prezei pelo sigilo quanto às atividades dos recursos humanos, devido ao alto
grau de informação oriunda das primeiras instancias da empresa. Assim, busquei seguir as
regras imposta pelos meios empresarial e científico, pois se o pesquisador necessita
problematizar as pré-noções; o empregado tem primar pela ética da sua função, buscando
também a impessoalidade.
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A pesquisa etnográfica não foi fácil, pois o contato com pessoas expõem uma
variedade de emoções humanas, cabendo ao pesquisador se recompor e continuar na
observação para construção de um texto etnográfico- pautado no respeito ao outro, e
construção de elementos que denotem as características do grupo estudado.
A pesquisa de campo foi árdua e marcada por muitos quilômetros de viagem,, com ou
sem vínculo empregatício, para destacar elementos que só através de um estudo etnográfico
podem ser compreendidos e compartilhados.
Diferente de Malinowski (1922) que estudou uma tribo exótica, estudei um grupo de
trabalhadores em suas diferentes formas de trabalho e relações com as tecnologias. 3 A cada
viagem, ocorria uma média 250 Km de distância. Uma forma de visualizar isso é imaginar
uma ida de Açailândia até o de Bom Jesus das Selvas, para adentrar em fazendas que
contabilizam mais milhares de quilômetros. Enfim, a pesquisa foi construída através de muito
esforço tanto físico quanto mental, para expor as relações de trabalho dentro dessas empresas
que cada tempo expandir mais suas atividades e territórios.
3
Que a cada momento expulsa eles para as estatísticas do desemprego, cada momento que se faz adesão de um
maquinário novo com maiores aparatos tecnológico reduzem numero de mão de obra.
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empreendimentos que passaram a mudar o tecido social da região nas suas mais diversas
relações como econômica, social e cultural.
terra de oportunidades. Assim, Açailândia e região tiveram uma construção social e familiar
formada por pessoas de vários estados como, por exemplo, mãe Piauiense pai Baiano e filho
Maranhense. Para Evangelista (2008) esse processo migratório se deu pelas frentes de
expansões, pelo contexto da época de integração nacional exaltado pelo governo.
Segundo Santos (2009), essa composição do Projeto Grande Carajás foi uma forma na
qual o Governo Federal disponibilizou um grande volume em dinheiro de empréstimos de
instituições nacionais e estrangeiras, a fim de possibilitar à infraestrutura básica: rodovias,
ferrovias, a reforma do porto e outros requisitos necessários para a instalação do referido
projeto.
Para Carneiro (2013), esses estímulos das atividades econômicas voltadas para
mercado mundial, utilizaram benfeitorias como infraestrutura, rodovias e portos para, em tese,
promover o desenvolvimento econômico e social das atividades visando uma Macro-
Economia e seus agentes envolvidos nesta esfera; os demais seriam excluídos e despossuídos
das terras.
“A reflexão que orienta a construção desse texto refere-se ao
questionamento, depois de todos esses anos, dos resultados produzidos pela
promessa de desenvolvimento econômico e social apresentada junto com a
implantação do Projeto Ferro Carajás. Perguntamos se os investimentos
realizados conseguiram criar uma estrutura produtiva capaz de dinamizar a
economia da região, se os empreendimentos incentivados criaram algum tipo
de encadeamento (linkage effects) com a economia local e se essas ações
produziram efeitos positivos sobre o mercado de trabalho, para as finanças
públicas de estados e municípios e para melhoria da qualidade de vida da
população regional” (CARNEIRO, 2013, p.42).
AGÊNCIA, EMPRESA,
% DO INVESTIMENTO
ORIGEM DO RECURSO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OU
TOTAL DE CADA GRUPO
FUNDO DE INVESTIMENTO
27
Empresa interessada no
Recurso Privado 25
empreendimento
“Um dos pré-requisitos para a elaboração do Projeto Grande Carajás foi uma
profunda crise financeira que assolava o país na época de sua implantação; o
governo intencionava atrair investimentos externos com o intuito de superar
a crise. Tendo por base os discursos, havia certa preocupação em realizar um
projeto capaz de integrar a Amazônia e pagar a dívida externa, para resolver
os problemas sociais e econômicos do país” (SANTOS, 2009, p.03).
Observa-se que esse Mega Projeto mineralógico foi de fundamental importância para
o país. No que tange ao seu desenvolvimento, seria uma forma de integrar regiões, antes, de
difícil acesso, para integração nacional, o que também geraria muitos empregos. Em tese, o
projeto e sua ação desenvolvimentista atuariam tanto na esfera econômica quanto na social.
A Amazônia Oriental foi dissolvida pelos discursos desenvolvimentista da época. Essa
integração nacional trouxe diversos estabelecimentos de diferentes ramos para dar suporte ao
PGC. Exemplo disso, as Guseiras para funcionar precisaria de carvão, logo compraria Carvão
das Carvoeiras, posteriormente as Carvoarias precisaria de serviços de manutenção e
mecânicos para seus caminhões, com isso o setor de serviço também terá sua demanda
posteriormente e outros.
Nas palavras de Santos (2009) faz uma reflexão do PGC, indagando se as ações dele
foram mesmo positivas para todos os atores sociais envolvidos no projeto uma espécie de
cooperação entre os entes envolvidos, ou se foram apenas indicadores econômicos para elite e
empresas que compartilha dessa política ditatorial de órgão estatal com capital estrangeiro.
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Nesse sentido, Carneiro (2013) retoma aos clássicos da sociologia brasileira, para
explicar do termo desenvolvimento, em pais periféricos da América Latina. Em relação ao
Contexto eurocêntrico de expansão da indústria, a América Latina inseriu-se na
divisão internacional do trabalho, enquanto economia periférica Subordinada aos “centros
modernos” da economia mundial. Para Florestan Fernandes, esse pensamento dual (arcaico e
moderno) ao invés de equalizar o modo de vida da população produz uma (Inter)
dependência. Segundo o autor:
Para Santos (2009) a instalação da CELMAR não contou com processo de resistência
em Imperatriz por parte da população. As condições favoráveis para grandes empresas, foram
tanto na infra-instrutura, como tocante as reivindicações por melhor manejo nas plantações de
eucaliptos ou sobre questões fundiárias de grandes áreas para monocultura do eucalipto.
O polo siderúrgico para produção do ferro gusa foi instalado no bairro Pequiá, na
cidade de Açailândia. Sem tradição ou histórico na área industrial, essa área de produção
constitui os seus trabalhadores/ operários oriundos do campo sem uma experiência fabril. Tal
característica pode ser uma especificidade do processo de industrialização das regiões da
Amazônia Oriental.
Nesse formato de cadeia de produção em torno da produção industrial, regiões da
Amazônia Oriental caracterizaram-se como um polo guseiro, sem tradição ou histórico na
área industrial, constituído por trabalhadores/operários oriundos do campo sem uma
experiência fabril.
Nas criações das siderúrgicas surgem outras atividades como: serrarias, empresas de
transporte, carvoarias e fazendas para produção de carvão vegetal que são correlatas à
produção de minério, como energia para fomentar os altos-fornos.
A bandeira desse momento, foram às ações políticas e diretrizes estatais para atividade
industrial. Essas podem ser caracterizadas e compreendidas como uma espécie de mola
impulsionadora para o encadeamento de negócios diversificados voltados à transformação em
escala horizontal de produção do ferro-gusa baseado em economia de exportação industrial d
grande parcela do minério de ferro de Carajás e com isso desenvolvimento local seria
alcançado.
fusão em prol do financiamento de recursos para produção o carvão vegetal para região.
Segundo Monteiro (2004) esses Investimentos foram de fundamental importância em alguns
casos representava cerca de 75% dos capitais investidos.
Nesta análise na formação do PGC, tanto em Açailândia e região quanto em Marabá, a
formação dos empreendimentos ocorre com similaridades de agentes envolvidos em todo o
corredor do desenvolvimento. Contudo, os investidores não levaram em conta os aspectos
sociais e ambientais locais. Trataram a região como uma “pizza” que apenas foi fatiada e os
pedaços oferecidos ao grande capital-empresa que por meio da grilagem, obtive terra em
processo de expulsão e conflitos com os camponeses.
Neste aspecto, as palavras de Victor Asselin (2009) se tornam relevantes no tocante à
forma de domínios territorial do norte caracterizado por elevado índice de grilagem de terras
na região pertencente ao Programa. Com isso a desigualdade se torna uns elementos
inevitáveis realizados por esses grandes projetos em tese desenvolvimentistas que exclui
grande parte da população da terra e dos meios de reprodução das ruralidades locais e formas
de resistências ao modelo em curso.
A produção do Carvão Vegetal se constituiu da exploração das florestas primárias
trazendo em inicio grandes prejuízos ambientais. A derrubada da floresta nativa em busca da
lenha do carvão nativo para aquecer a produção do ferro gusa. Outra forma que de obtenção
de carvão vegetal característica da região de Açailândia com a utilização da serragem e
descartes das serrarias que se mostrou uma alternativa na produção do carvão dos anos 80 até
fim dos anos 90 período da produção manual do carvoejamento.
Retomando Clássicos da Sociologia, pode-se apoiar em Florestan Fernandes para
explicar essa exploração das florestas primárias. Nesse sentido, o grande capital aplica o
método da exploração de reservas naturais para obter uma lucratividade violando código
ambiental. Segundo Fernandes (1975) esse processo se chama calculo capitalista modelo
executado na América Latina dentro de uma ótica de relações desiguais de trocas.
Nos estudos de Monteiro (2004) fica nítido esse dualismo da extração da madeira
oriunda do desmatamento, como junção de madeira proveniente de manejo florestal, fazendo
parte da produção do carvão. Nesse sentido madeira ilegal era misturada com madeira
proveniente de reflorestamento, configurando uma falsa documentação, método para burlar a
legislação ambiental.
vegetal; supondo-se que 40% sejam produzidos tendo por base lenha oriunda
de desmatamentos para a formação de pastagens ou de projetos de “manejo
florestal sustentado” e que os 60% restantes sejam provenientes de resíduos
de madeira utilizada pelas serrarias, já que as outras fontes de biomassa não
são praticamente utilizadas; considerando-se provável a interseção entre as
áreas das quais se extrai madeira para serrarias e as que são desmatadas com
finalidades agropecuárias, pode-se deduzir que, anualmente, os resíduos que
convergem para a produção carvoeira originam-se de uma área que atinge
570 mil hectares” (MONTEIRO, 2004 p. 17).
O senhor Raimundo Nonato, tem 45 anos natural de Dom Eliseu-PA, casado pai de 3
filhos, analfabeto, possui experiência em carvoarias do Pará e do Maranhão, devido
fechamento de várias carvoarias, ele fez essa transição de trabalho, mas ressalta que ofício
atual aprendeu dentro das carvoarias pela necessidades de mecânicos ele aprendeu a profissão
na prática.
No depoimento do senhor Raimundo, observa-se a colheita do eucalipto ainda está na
zona do sistema manual, apenas com uso de motosserra. Ele assumiu uma polivalência que
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Organização não governamental que tem sede em Açailândia
5
Profissional que executa atividade além da que tem o registro em carteira.
6
Expressão usada para falar de empresas que prestam serviços ou terceirizadas
7
Caminhão velho sem condições de trafegar em Rodovias servindo Apenas para transporte de lenha nas
Carvoarias e Fazenda.
8
Expressão usada para trabalhador sem experiência sem uma classificação dentro da atividade que está inserido.
34
pode ser compreendida como um desvio de função, já que estava atuando em função diferente
do seu contrato em carteira seu vínculo trabalhistas para a função de serviços Gerais, mas ele
atua na mecânica, forneiro e outras atividades da carvoaria.
É interessante explicar que o termo “rua”, utilizado pelo entrevistado, serve para fazer
referência à parte urbana de Açailândia, onde se localiza o escritório de contabilidade que
fornece o pagamento. Tal localização, além de ser o ponto de recebimento do salário é
também o lugar onde os trabalhadores compram mantimentos, quando saem da fazenda que
fica na Reta, região rural de Açailândia.
Atualmente, ele trabalha no Posto de Mola Xavier em Açailândia, aprendeu o ofício
nas fazendas de carvão depois da crise de 2008. Naquele momento, a empresa onde
trabalhava realizou demissão em massa, e seus colegas foram demitidos, migrando para
outros estados e áreas de atuação, como por exemplo, a construção civil.
A citação acima ressalta o momento contraditório da crise que estava sendo anunciada
no contexto econômico. Mas para Bossi, segundo dados oficiais, as siderúrgicas tinham caixa
e recursos devido ao alcance de números expressivos em 2008 e poderiam ter lutado pela
defesa dos empregos na região.
Ainda, no tocante as relações sociais no âmbito do trabalho, Monteiro explica:
DONOS DA
LENHA
MOTOQUEIROS
INTERMEDIÁRIOS
OS FORNECEDORES DE
CARVÃO
GATOS
CARVOEIROS
PEÕES
Fonte: Dados da pesquisa.
Nos estudos de Monteiro (2004) a produção de carvão vegetal foi marcada por uma
estrutura arcaica no qual os donos da lenha eram tidos como figura central da produção
carvoeira. Eram arrendatários das fazendas, serrarias e áreas para retirada da lenha, em
contrapartida recebiam como gratificação: a limpeza da área, o plantio do capim (para o pasto
para criação de gado, e percentual da produção do carvão). Configuração da produção do
carvão vegetal nos ano 80 e 90 na região da Amazônia Oriental.
Os intermediários são os atores envolvidos como compradores de carvão das
carvoarias. Por possuírem caminhão varia revenda para siderúrgicas por um valor mais alto
intermediário era um corretor que vendia a produção. Os gatos são responsáveis pelo
recrutamento de trabalhadores e gerenciamentos da mão de obras são aliciadores. Segundo
Moura (2006) O trabalho do aliciador é fazer o recrutamento e seleção dos trabalhadores,
usando prerrogativas de um bom salário e benefícios no sentido de uma ação pautada na
corrupção e falsas ilusões sobre o suposto emprego. Muitas das vezes o trabalhador não tem
37
contato com empregador apenas com o gato, é o que paga, ou quem administra as dívidas do
trabalhador.
Os peões são os trabalhadores braçais, que vende sua força de trabalho por um valor
menor que os outros atores sociais envolvidos na atividade do carvão, configurando em nível
mais baixo da hierarquia dentro das Carvoarias. Os trabalhados se alojem nas residências
imposta pelo patrão, assim ele passa ter dívidas na sua estádia com a alimentação, vestuário e
remédios “Além de terem descontados de sua remuneração o valor da alimentação, seja pela
sua condição de arranchado [...] tem suas refeições fornecidas diariamente pelo gato”
(MONTEIRO, 2004 p.13).
Quase sempre terceirizados, os motoqueiros são trabalhadores diferenciados por
possuírem técnica de manuseio dos motosserras são responsáveis pela colheita nesse sistema
manual, e remunerados por produção. Esses antecedentes da produção do carvão vegetal
foram marcados por momentos de extrema violência e crimes ambientais as florestas nativas.
O trabalho análogo à escravidão foram uma das maiores atrocidades impostas pela exploração
da mão de obra, se tornando uma superexploração da força de trabalho.
Neste sentido, a análise Marxista sobre a mais-valia está enraizada na relação dos
donos dos meios de produção com o proletariado através do salário, no qual o jogo estaria o
excedentes da produção, o que se torna mais cruel a escravidão dentro do contexto de
produção do carvão vegetal a escravidão por divida no qual o trabalhador está sujeito ficar
com débitos com dono da carvoaria. Nesse contexto de exploração a mais-valia é vista como
uma normalidade dentro de algumas carvoarias.
4.1 MECANIZAÇÃO DA COLHEITA DO EUCALIPTO NA AMAZÔNIA
MARANHENSE
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Por não atender mais à demanda cada vez maior do mercado, o processo arcaico
manual do corte dos eucaliptos, foi recebendo cada vez mais a adesão maquinário florestal e
outros aparatos tecnológicos que possibilitaram satisfazer à demanda crescente do setor
florestal como fornecedor de matéria prima para indústria.
9
Termo usado para descrever um sistema de monocultura que apresenta características uniforme e homogêneo
não apresentando uma biodiversidade.
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Com base no estudo do sociólogo Carneiro (2013) acerca das siderúrgicas instaladas
na região de Carajás fez-se uma adaptação desta tabela para colocar em evidência o Grupo
Queiroz Galvão, possuidor do maior número de fornos. Tal grupo possui uma verdadeira
estratégia empresarial voltada para a demanda pelo carvão. Criou a empresa Energia Verde
Produção Rural, cuja função primordial é a produção do carvão para outras siderúrgicas do
mesmo grupo. Dessa forma o referido grupo se destaca tanto na silvicultura como na colheita
do eucaliptos.
Dessas Siderúrgicas após terrível crise de 2008 a Fergumar, pertencente ao grupo
Aterpa, teve sua atividade cessada devido a problemas de ordem econômica. Diferente das
demais, todas tem suas florestas plantadas para fornecimento de carvão vegetal, se destacando
o Grupo Queiroz com uma melhor estrutura. A Fergumar era a única que comprava carvão de
terceiros, as demais como Viena, Gusa trabalhavam com produção própria e fornecedores.
Para o Coordenador de Colheita e Carvão, Antônio Paiva, a atividade do
reflorestamento é de fundamental importância para equilibrar os custos da produção e
continuação no mercado.
mais com menor tempo e com menor custo é a filosofia da economia mundo, divulgada pra
todos os setores a Amazônia Maranhense não foge a regra dessa globalização.
Na região, as duas grandes empresas do setor são Energia Verde e Suzano Papel e
celulose, com suas distinções para uso dos eucaliptos. Energia Verde para produção de carvão
vegetal e a Suzano para o Papel e Celulose, os sistemas de colheita de ambas são mecanizados
e de ponta, e na parte de plantio toda a atividade e terceirizada.
Quadro 4: Empresas Terceirizadas para plantio tanto na Energia Verde como para Suzano
NOME DA EMPRESA RAMO ATIVIDADE
Essas duas gigantes detentoras das maiores áreas de florestas plantadas da região da
Amazônia Maranhense possuem similaridades na forma de gestão florestal. Ambas não
tomaram como atividade fim o plantio, deixando como uma atividade meio então faz se
terceirização do serviço deixando para que as empresas do (quadro 2) execute o plantio.
No quadro 2 como nas palavras de Mancini (2015) o plantio tem sua configuração na
forma de uma atividade terceirizada, as empresas atuam das mesmas formas nas duas frentes
de serviços respeitando a fisiologia da atividade do eucalipto para produção do carvão ou para
papel celulose.
Sobre isso, Santos (2009) e Carneiro (2013) fizeram análises detalhadas a respeito do
PGC e de seu subprojeto Celmar, focado nas áreas de plantio da monocultura do Eucalipto, de
produção de eucalipto, este subprojeto não cumpriu seu devido objetivo na cadeia produtiva,
42
já que a empresa de Papel e Celulose não se instalou na região. Nesse sentido, o trabalho da
Celmar foi reorientado para produção de Carvão.
Nos anos 2000, para acelerar a produção da colheita dos eucaliptos a CVRD atual
VALE, contrata a empresa JR Serviços Florestais para atuar na Colheita das florestas do
projeto Celmar, em Açailândia e Região. A JR é uma empresa pertencente ao grupo RR
Serviços Florestais do estado do Pará e tem se notabilizado como uma empresa referência na
colheita Florestal, em nível nacional. A JR, por seu referencial de trabalho, adquire novos
contratos com outras empresas e também o contrato com a Energia Verde e outras empresas
do setor na Terceirização da Colheita, utilizando, porém, o corte mecanizado na Amazônia
Maranhense, serviço feito apenas pela CEIMA empresa do Grupo Verne Linear numa
categoria de trabalho secundário.
A infraestrutura é o ponto chave para o manejo dos eucaliptos, as estradas são de
extrema importância para o transporte da lenha e carbonização da madeira.
As fotos (da ilustração nº 04 e 05) são da pavimentação da estrada na Fazenda Nova
Descoberta a produção do carvão exige uma estrutura logística significativa no contexto da
produtividade. As fotos mostram alto grau de investimento que é tratado atividade da colheita,
obras como essas são rotineiras dentro das Unidades de Produção do Carvão.
visão do grupo como uma forma de motivação para os funcionários mesmo que está nas
florestas de eucaliptos não perca o foco na sua atividade.
A colheita mecanizada do eucalipto é uma atividade de alto custo para os engenheiros
florestais, agrônomos e agrícolas, que possuem suas pesquisas direcionadas para estrutura
produtiva e tecnológica da colheita. Os atores sociais todos trabalhadores conforme
Organograma 1, ficaram marginalizados frentes às máquinas de última geração e seu alto
valor no mercado e não foram absorvido por esse modelo de produção em curso.
Os discursos vistos do contexto operacional e técnico dos engenheiros validam o
sistema mecanizado, no sentido da segurança, tempo, desgaste físico que a colheita manual
proporcionava só não problematizam as questões sociais proveniente dessa restruturação
produtiva do eucaliptos.
forma das Guseiras produzirem um excedente ainda maior era com o ataque brutal as florestas
primarias Amazônica, favorecendo a produção do carvão vegetal nativo com um custo final
bastante favorável para produção de ferro gusa. Segundo esse autor:
A R & R Serviços Florestais LTDA é uma empresa oriunda do estado do Pará, mais
precisamente de Monte Dourado no Pará, e se caracteriza pela prestação de serviços de
extração de madeira de florestas. Essa se notabilizou em várias regiões desse estado,
principalmente por prestar serviços para o Grupo Jari,10 uma importante representante no
segmento florestal e papel celulose na região Amazônica. Segundo o site11 da própria
empresa, essa possui mais de 40 anos de atuação em operações industriais na região
conhecida como Vale do Jari, onde possui mais de 120 mil hectares de terras para o manejo de
florestas. Além de acompanhar esse grande empreendimento, a R & R Serviços Florestais
LTDA também prestou serviços para a Aracruz Celulose S.A. Para se ter noção, Malima
(2013) explica que essa empresa plantava eucalipto, no município de Aracruz, desde 1970 e
10
Segundo Malina (2013,) essa empresa chegou a adquirir 1,5 milhões de hectares contíguos ao longo do rio
Jari, passando a produzir gmelina arbórea e pinus para a utilização em serrarias, fábricas de compensados,
chapas, celulose e papel. Tal projeto se destacou por possuir um dos maiores latifúndios de estrangeiros no
Brasil.
11
www.grupojari.com.br/celulose , acessado em: 29/03/2016.
46
logo expandiu suas plantações para o norte do estado, próximo do munícipio de São Mateus e
Conceição da Barra.
Sua história em Açailândia foi iniciada no começo dos anos 2000 quando passou a
ofertar serviços numa natureza, jurídica, terceirizada da CVRD, para colheita dos eucaliptos
provenientes do projeto CELMAR (Celulose Maranhão). Em 2006, mudou seu nome para JR
serviços florestais começou a aumentar sua carteira de clientes dentre deles estão duas
grandes empresas com enormes concentrações de terras com plantação de eucaliptos: Suzano
S/A12 do segmento papel celulose e Energia Verde, empresa pertencente ao grupo Queiroz -
com missão de fornecer carvão de ótima qualidade para as siderúrgicas do grupo.
Para Souza e Pires (2009), especialistas na colheita florestal, tal processo se
configurou pela falta de conhecimentos dessas duas empresas que não acompanharam a
transição da colheita manual para Mecanizada. Esses autores notam que:
12
2013 JR serviços florestais firma contrato com Suzano unidade de Imperatriz já em demanda menor
de serviço devido a Suzano ter uma cultura organizacional de primarizar atividade da colheita.
47
Harvester X X X X
Forwarder
Trator de esteiras X X X
Motosserra X X X
Trator agrícola X
Skidder X
Feller de Pneu X
Triciclo X
Carregador florestal X X
Fonte: Adriano Carvalho, 2015.
de machado e motosserra para fazer seu trabalho. Ao passo que o trabalhador braçal se
tornava um operador, criava um tipo de motivação nos outros trabalhadores também queria
essa promoção para fazer essa transição que foi o ponto alto da organização na região.
Dessa forma, empresa maximizava seus ganhos, reduziriam eventualmente gastos com
treinamentos e cursos, por que forja seus capitais humanos no exercício da atividade,
operação manual convivendo com atividade tecnológica uma harmonia entre o arcaico e o
moderno para aquisição do capital.
13
http://portal.queirozgalvao.com, acessado em: 23 de fevereiro de 2016.
49
Essas figuras (6) mostram a construção dentro (UPC) de fornos retangulares para
aumentar a produção de do Carvão Vegetal, as fotos que foram tiradas pelo técnico de
qualidade da empresa mostra o ritmo acelerado de trabalho coletivo em um grande canteiro de
obras. Os trabalhadores nota-se pela foto que todos estão de acordo as normas de segurança,
botas, capacetes e outros equipamentos de segurança individual.
Para suprir a demanda de carvão vegetal das siderúrgicas do grupo, a QG investiu a
formação da empresa Energia Verde que passou a funcionar em Açailândia no ano de 2007.
Uma das bandeiras utilizadas e defendidas por essa empresa é o uso de madeiras de
reflorestamento disponíveis na região. Tal empresa possui sede Administrativa em Açailândia
no mesmo prédio das siderúrgicas como uma forma de unidade organizacional até o uniforme
é do Grupo Queiroz Galvão para estabelecer relações pares entre os colaboradores empresas
pertencentes ao grupo.
outra empresa chamada Escava Forte que terceiriza máquinas de ponta. Se, por um lado
resolveu-se o problema das máquinas, nessa nova fase produtiva, por outro, faltava um capital
humano para ser incorporado nos planos diretivo da empresa. A alternativa, tomada pela
Energia Verde, foi contratar os operadores da JR Serviços Florestais que naquele momento
estava fragilizada com perca de contrato foi facilmente assediado pela contratante começaram
fazer parte da empresa saindo da natureza jurídica de terceirizados para efetivos.
Esse processo também marcou a expulsão dos Desgalhadores Florestais da atividade
da colheita devido implementação de máquinas que faz o processo de desgalho mecanizado
otimizando o processo e diminuindo a contratação de mão de obra.
Neste sentido, a Energia Verde modifica e uma restruturação produtiva, lado negativo
fica pela parcela grande de trabalhadores desempregados pela mecanização da colheita pela
indução dos elementos tecnológicos no processo, criando os bolsões de excluídos. Enfim, se
a JR serviços florestais teve sua participação na cadeia produtiva, inserindo-se como empresa
terceirizada junto a outras focadas na produção de eucalipto, a Energia Verde adotou uma
estratégia diferenciada de inserção, marcada pelo processo de desterceirização, também
conhecido como primarização. Segundo Oliveira e Dias (2012) tal processo caracteriza-se na
recuperação por parte de uma determinada empresa de atividades, funções e áreas produtivas
que foram delegadas a empresas subcontratadas. Esse pesquisadores, explicam que,
uma atividade-fim delegada para outra empresa essa retomada culminou também pela
contração dos melhores operadores da terceirizada com vantagem competitiva e estratégica.
Do ponto de vista etnológico foi muito rico esse momento estudar praticamente os mesmos
trabalhadores agora sobre uma ótica de uma nova organização empresarial.
Edison Lobão, Sítio Novo, Ribamar Fiquene, Lageado Novo, Campestre do Maranhão, São
João do Paraíso, Porto Franco, Formosa da Serra Negra, Estreito, São Pedro dos Crentes,
Fortaleza dos Noqueiras, Feira Nova do Maranhão, Carolina, Nova Colinas, Riachão (RIMA,
2009, p.30).
Como o objeto de estudo é colheita florestal é a Suzano das grandes empresas do
segmento possui grande tradição na atividade. Diferentemente da empresa JR Serviços
Florestais, e da Queiroz Galvão, o processo de formação dos Recursos Humanos na região se
deu pela oferta de cursos de qualificação para suprir os cargos provenientes da colheita
florestal.
Fonte: TCA.
Considerando Malinowski (1992) o estreitamento das relações com os nativos faz toda
diferença na busca de dados e informação para concretização da pesquisa. Assim, tracei um
roteiro para auxiliar o retorno a campo mediado por um informante.
Para tanto, entrei em contato com senhor Antônio Paiva, pois para entrar nas fazendas
era necessário cumprir alguns procedimentos como: agendar visita, usar equipamento de
segurança individual. Ir ao campo, sempre traz algo inacabado, as viagens continuam sempre
cansativas, mas objeto exige sempre a motivação extra do pesquisador. Para Malinowski
(1922) a etnografia tem dualidade de sentimentos assim como a vida, bons e maus momentos
fazem parte da expedição do etnólogo que busca compreender o outro na sua totalidade.
No dia seis de julho de 2014, recebi uma ligação do senhor Antônio Paiva falando
sobre a liberação para minha entrada na Unidade de Produção de Carvão - UPC-40. Logo,
retornei confirmando e, após isso, nos deslocamos para o município de Bom Jesus das Selvas,
na fazenda Nova Descoberta. Na ocasião foi realizada uma visita de campo rotineira que
14
consistia na verificação dos talhões para conferir a produção, por meio de mensurações
feitas sobre as pilhas de madeira (figura 10).
possível notar que a Suzano está conseguindo desenvolver uma produção territorial mais
consistente, pois segundo Ricardo Sousa (Supervisor da área) o planejamento de corte deveria
atuar naquela na fazenda só em março de 2016, no entanto naquele momento já estavam
terminando os talhões, como mostra a figura10.
Analisando as duas figuras anteriores, observa-se que o cenário apesar de serem duas
localidades diferentes, mas o contexto da figura mostra um resultado comum árvores
derrubadas sem nenhuma outra diversidade de flora no local dando ar de deserto.
fundamental completo. Ele possui nove anos de trabalho com eucalipto, e duas experiências
na carteira: como operador de Harvester e Feller, o que lhe possibilita executar duas funções
na empresa.
Da empresa Suzano, fez-se contato com Alessandro Morais, que é natural de
Açailândia-MA, solteiro e sem filhos. Possui experiência como balconista de farmácia,
vendedor e como auxiliar de escritório. Completou o ensino médio com habilitação em
técnico de alimentos no Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Sua admissão na empresa
ocorreu por meio do curso de formação promovida pela empresa TCA, contratada da Suzano
pra oferta a formação e a seleção dos melhores candidatos. Sua inserção no trabalho com
eucalipto deu-se com a função de Operador de Harvester e perdura por um ano e meio de
operação.
Seguindo esse outro perfil, dialogou-se com Marcos Paulo que também é natural de
Açailândia-MA e solteiro. Antes de trabalhar na Suzano, ele dividia seu tempo entre o
trabalho na empresa da família e os estudos de Sistema de Informação pela Faculdade de
Imperatriz-FACIMP. Partilhando do mesmo caminho de Alessandro, realizou o curso de
formação na área de operação florestal é depois ingressou na empresa por meio de um
processo de seleção interno, passando a atuar como operador de Forwarder, onde já acumula
um ano e meio de experiência. O último entrevistado da Suzano foi o senhor João Gabriel que
também é natural de Açailândia-MA, solteiro e sem filhos. Ele possui o ensino médio
completo em técnico em mecânica e já trabalhou como: motorista, ajudante de mecânico e
vendedor. A inserção dele na Suzano aconteceu da mesma forma dos relatos anteriores, com
uma diferença do mesmo possuir as duas funções fundamentais do modulo de produção
(Harvester e Forwarder), executado na área da Suzano tendo apenas um ano é meio de
profissão.
Da empresa Energia Verde, destacamos José Mauro, que é natural de Santa Luzia-MA,
casado e pai de três filhos. Seu nível de escolarização vai até a antiga 4ª serie do ensino
fundamental. E suas experiências de trabalhos anteriores foram batedor de tora, forneiro e
servente. Sua atuação como operador da máquina Feller é de nove anos e sua formação inicial
aconteceu na Jr Serviços Florestais da mesma forma de progressão dos trabalhadores da JR.
Ele possui dois anos na empresa Energia Verde.
Com perfil semelhante tem-se Joaquim Feitosa que é natural de Campo Maior-PI,
casado e pai de quatro filhos. Sem escolaridade, trabalhou em diversos serviços braçais sem
assinatura em carteira assinada e atualmente é operador de Skidder, trabalho em cuja sua
experiência é de nove anos. Tendo trabalhado na JR Serviços Florestais, sua evolução nas
60
funções de trabalho também ocorreu de forma semelhante aos demais dessa empresa, e
atualmente possui um ano e meio na Energia Verde. Para finalizar esse quadro cita-se o
operador José Maria Cardoso, que é natural de Barreirinhas-MA, casado e pai de cinco filhos.
Estudou até antiga 5ª do ensino fundamental e possui uma experiência de trabalho com as
atividades de pescador, servente e operador de motosserra. Sua inserção no trabalho de corte
ocorreu de forma similar aos anteriores, e o mesmo possui dez anos de experiência como
operador de Garra ou Carregador Florestal.
Dessas descrições é possível inferir que os operadores da JR serviços Florestais e
Energia Verde possuem suas histórias marcadas pelo processo de migração que definiu o
contexto populacional de Açailândia-MA, durante a década de 1980, quando houve o “Boom”
dos empregos, que eram (in) diretamente associados à implementação e desenvolvimento do
Projeto Grande Carajás (PGC) e do encadeamento industrial de vários ramos de atividades
vindas para região através de políticas de incentivos.
Pensando tais atividades econômicas em Açailândia-MA e região próxima, com
relação ao território nacional, vale salientar o argumento de Pereira (2012) para quem as
expansões e delimitações de fronteira são elementos históricos baseado por vários fatores
como exemplo políticas governamental de integração nacional para uma integralização
nacional como o caso da Amazônia Oriental.
“À primeira vista é o lugar do encontro dos que por diferentes razões são
diferentes entre si, como os índios de um lado e os civilizados de outro;
como os grandes proprietários de terra, de um lado, e os camponeses pobres,
de outro. Mas, o conflito faz com que a fronteira seja essencialmente, a um
só tempo, um lugar de descoberta do outro e de desencontro. Não só o
desencontro e o conflito decorrentes das diferentes concepções de vida e
visões de mundo de cada um desses grupos humanos. O desencontro na
fronteira é o desencontro de temporalidades históricas, pois cada um desses
61
17
Contudo isso não configura uma regra geral.
62
18 Pela versatilidade podendo ocupar duas funções, para suprir uma falta de outro operador ou numa situação de
crise a empresa optar por um trabalhador polivalente.
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“Inegável que optaria pela carreira na informática, mas formei, não consegui
emprego, distribui currículos, fui às entrevistas e nada. Minha atividade de
formação tem o mercado muito concorrido. Muitas vezes, a empresa já
dispõe de um responsável pelo setor tecnologia da informação, que dá
suporte a toda a instituição, sobrecarregando o profissional, ai não gera
oportunidade. Através de prova entrei para fazer o curso com bolsa até ser
efetivado (Marcos Paulo, 21/02/2014).
Figura 14 - Harvester
19
https://www.deere.com.br/pt_BR/products/equipment/harvesters/harvesters.page; acessado em 30 de março de
2016, às 16h36min.
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância dos estudos de Malinowski (1922), para explicar, por meio do método
etnográfico, as hierarquias na forma de trabalho extraídas pela inserção em campo para
compreender relação de status internalizados pelo grupo evidenciando os profissionais que
ocupa posição, cargo, polivalência de funções ou pelo fato de estar vinculado à máquina que
dispõem de maiores recursos tecnológico.
O Método etnográfico foi de fundamental importância para percepção de perfis dos
trabalhadores, descontruindo ideias preconcebidas generalizantes acerca do grupo estudado.
Evidenciando seus costumes, comportamentos baseado nos Imponderáveis da Vida par obter
dados condizentes com a realidade da comunidade a ser pesquisada para uma boa elaboração
de um texto etnográfico.
Atividade da Colheita Mecanizada dos eucaliptos, no Desenvolvimento em curso
produziu diversos fenômenos do trabalho, relação empresas terceirizadas e tomadoras de
serviços, retomada de uma atividade pela tomadora de serviço por uma atividade fim,
compreendo um processo desterceirização ou primarização das atividades como salientam
Oliveira e Dias (2012) compreensão de movimentos não estáticos estabelecendo um dualismo
terceirização/desterceirização torna-se possível dentro do mundo trabalho e evidenciado na
atividade de colheita do eucalipto entre as empresas nas suas relações contratada/contratante.
Na restruturação produtiva do segmento com a presença de elementos favoráveis para
uma logica capitalista de acumulação, transformações, desemprego estrutural segundo
Antunes (2011) e Antunes e Alves (2004) a robotização dispensa de trabalhadores
substituídos por máquinas. Altera-se a forma de formação de Recursos Humanos, baseada por
condicionantes tecnológicos que retira o trabalho vivo do homem e submete um trabalho
adoecido é morto.
Neste sentido, o trabalho na atividade da colheita mecanizada do eucalipto, está
pautado nas transformações ou metamorfoses dos seus atores sociais. Máquina que substituiu
trabalhadores braçais relatos na pesquisa como exemplo os desgalhadores da JR Serviços
Florestais agora configura outro processo de metamorfoses com a centralidade na tecnologia,
como um condicionante social, caracterizado pela expulsão da mão de obra frente é disputa
entre máquinas, homem torna-se coadjuvante na restruturação produtiva que elimina as
propriedades qualitativas do operário.
Em face do desafio teórico de estudar uma conjuntura pautada nos grandes projetos
desenvolvimentistas impostos pelo estado intervencionista. Desnaturalização das ações
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REFERÊNCIAS