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APUCARANA
2019
ALBERTO CHAGAS LACOVSKI
KENZO HAUBERT YOKOMIZO
MICHEL HENRIQUE RAIMUNDO
TIAGO DOS SANTOS DINIZ
APUCARANA
2019
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Apucarana
COENQ – Coordenação do Curso Superior de
Engenharia Química
TERMO DE APROVAÇÃO
Título do Trabalho de Conclusão de Curso
Indústria de Farinha de Trigo: Moinho Trigossul
por
Alberto Chagas Lacovski
Kenzo Haubert Yokomizo
Michel Henrique Raimundo
Tiago dos Santos Diniz
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos 12 dias do mês de Junho
do ano de 2019, às 08 horas e 00 minutos, como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Química, linha de pesquisa de concepção de uma
indústria no ramo moageiro, do Curso Superior em Engenharia Química da UTFPR –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Os candidatos foram arguidos pela
banca examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação,
a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.
_____________________________________________________________
Gylles Ricardo Ströher – ORIENTADOR
______________________________________________________________
Rafael Oliveira Defendi – EXAMINADOR
______________________________________________________________
Maraísa Lopes de Menezes– EXAMINADORA
Alberto agradece a sua mãe Vilma Lacovski pela confiança, apoio emocional
e carinho que sempre lhe oferece. Também agradece sua namorada Giovanna
Lourenço, pelo carinho, por sempre lhe ouvir e apoiar em todos os projetos e, também,
pelo auxílio na elaboração do abstract do trabalho. Agradece aos integrantes do grupo
por fazer possível a conclusão do trabalho, em especial ao Kenzo que, além de auxiliar
no projeto, ainda se mostrou um grande amigo.
Kenzo agradece e dedica esse trabalho aos seus pais, Tsuyoshi e Dulce, e
irmão, Matheus, por todo o amor, carinho, suporte, apoio e incentivo ao longo de sua
graduação e vida. Agradece também aos seus amigos por serem pessoas
extraordinárias, tanto nos incontáveis momentos de alegria quanto nos momentos de
dificuldade.
Michel agradece primordialmente à sua mãe Rita Diniz pelo constante apoio
ao longo da graduação e por proporcionar que seus sonhos se realizem. Também
encoraja que mais pessoas consigam ocupar seu espaço, direitos e o principal, se
orgulhem do que são.
Tiago agradece primeiramente a Deus, pela vida, pela saúde e por toda
sabedoria concedida. Em segundo lugar agradece a seus pais, Francisco e Marcia,
por todo amor e incentivo que lhe foi dado desde criança, sempre o ensinando a correr
atrás dos seus sonhos, não importa o quão distantes pareçam estar. Também
agradece a sua irmã Inez, por todo amor, força e apoio que lhe foi dado desde seu
nascimento. A sua namorada, Renata, por todo amor, incentivo e paciência ao longo
deste trabalho. Aos seus amigos, que o acompanham nesta jornada, mesmo muitos
estando a longas distâncias. Agradece também a sua família de Londrina que o
acolheu como filho neste desafio longe de casa. A seus companheiros de trabalho,
por todo empenho e força de vontade para a realização deste trabalho.
Agradecemos ao corpo docente de Engenharia Química que nos
proporcionou mais sabedoria e que com paciência e dedicação ao longo dos anos,
nos auxiliou para o nosso crescimento como futuros engenheiros químicos.
Agradecimento especial ao nosso orientador Gylles Ricardo Ströher, o qual
colaborou e nos auxiliou com muito primor no projeto do Moinho Trigossul, e que seus
conselhos perdurem para nossa futura vida profissional.
Agradecemos a nossa banca composta por Maraísa Lopes Menezes, e Rafael
Defendi pelo suporte, embasamento e instrução para o aperfeiçoamento do presente
trabalho.
Gratidão aos colaboradores dos moinhos visitados, em especial a engenheira
responsável Vanessa Valério, e aos técnicos Sperandio e Jefferson Amaral pela
atenção e auxílio no processo produtivo do projeto e aos colaboradores Alessandro e
Wagner, que nos auxiliaram para a conclusão do presente trabalho.
Agradecemos à integrante Karinny Almeida, que por motivos pessoais se
afastou do curso, mas ajudou enormemente na fase inicial do trabalho.
“Somente os que ousam errar muito
podem realizar muito”.
(John F. Kennedy)
RESUMO
The following project analyzes the implementation of a whole wheat and white flour
industry entitled “Moinho Trigossul”. First, a market analysis was done, which
evaluated the current scenario of the milling sector, studied the wheat flour
consumption over time and internal flour demand in Brazil. Mandaguari city, proved
great potential for the mill implementation, because it has a large wheat production
on its surroundings and, also, has a road network that will allow the flow of produced
flour. The white and whole flour process it is composed by a sequence of unit
operations: cleaning, grain humidification, milling and separation. All the equipments
that make up these necessary steps were specified with their dimensions and
capacities. Based in this process, the mass balance study was done to elucidate
amount and composition of final product and residue. In addition to the mass balance,
the energy balance study was done to estimates the equipments energy expenditure
and, especially, for the dryer operating conditions was evaluated. The products sold
by the Moinho Trigossul will be packages of 1kg and 5kg for its white flour and 1kg
package for its whole flour. Finally, a financial analysis was done, which consolidated
the company’s financial viability, net profit, the time of 11 years to pay all debts from
its financing and the enterprise’s IRR and MIRR that expressed 15% and 13%
respectively.
Keywords: Wheat. Wheat flour. Mill.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Partes do grão de trigo. 22
Figura 2 – Logomarca Moinho Trigossul. 32
Figura 3 – Embalagem da farinha de trigo comum Trigossul. 32
Figura 4 – Organograma aplicado no Moinho Trigossul. 35
Figura 5 – Consumo de farinha de trigo. 38
Figura 6 – Produção de trigo nas cinco regiões do país. 40
Figura 7 – Produção de Trigo na Região Sul na Safra de 2017. 41
Figura 8 – Produção de trigo nas vinte cidades que mais produzem no
41
Paraná.
Figura 9 – Cidades do paraná que possuem moinhos de trigo. 42
Figura 10 – Produção de trigo na região de Mandaguari nas últimas oito
43
safras.
Figura 11 – Região em que se localiza Mandaguari. 44
Figura 12 – Diagrama de bloco resumido do processo. 56
Figura 13 – PFD da área 100 do Moinho Trigossul. 58
Figura 14 – Diagrama de bloco básico da chegada, recepção e
59
armazenamento dos grãos de trigo.
Figura 15 – Envelope dimensional do tombador empregado para descarga
59
de caminhões.
Figura 16 – Envelope dimensional do filtro de manga. 61
Figura 17 – Envelope dimensional do exaustor. 62
Figura 18 – Envelope dimensional do redler. 63
Figura 19 – Envelope dimensional do elevador de caneca. 64
Figura 20 – Envelope dimensional da rosca transportadora. 65
Figura 21 – Envelope dimensional do silo pulmão. 66
Figura 22 – Representação do silo-pulmão no PFD. 67
Figura 23 – Separador a discos para separação pela forma e esquema de
68
retenção de grãos.
Figura 24 – Envelope dimensional do separador a discos 69
Figura 25 – Representação do separador à discos utilizada no PFD. 70
Figura 26 – Envelope dimensional do secador. 71
Figura 27 – Esquema das seções do secador. 72
Figura 28 – Representação da seção de secagem utilizada no PFD. 73
Figura 29 – Esquema do modelo empregado na secagem. 74
Figura 30 – Temperatura dos grãos versus altura do secador. 76
Figura 31 – Umidade em função do tempo de secagem variando a vazão de
78
ar.
Figura 32 – Umidade em função do tempo de secagem variado a umidade
79
inicial do ar.
Figura 33 – Representação do forno no PFD. 82
Figura 34 – Representação da seção de resfriamento no PFD. 85
Figura 35 – Gráfico de integração energética. 87
Figura 36 – Representação do silo de armazenamento no PFD. 88
Figura 37 – Envelope dimensional do silo de armazenamento. 89
Figura 38 – Pontos de possíveis danos à superfície da massa de grãos, em
90
função do processo de migração de umidade.
Figura 39 – Componentes pertinentes a um sistema de aeração em silos. 91
Figura 40 – PFD da área 200 do moinho Trigossul. 96
Figura 41 – Placa magnética instalada na base do transporte de material
98
contaminado.
Figura 42 – Envelope dimensional do separador magnético. 99
Figura 43 – Representação do separador magnético no PFD. 100
Figura 44 – Envelope dimensional do polidor. 101
Figura 45 – Representação do polidor no PDF. 102
Figura 46 – Envelope dimensional do aspirador de recirculação. 103
Figura 47 – Representação do separador densimétrico no PFD. 103
Figura 48 – Envelope dimensional do separador gravitacional. 105
Figura 49 – Representação do separador densimétrico no PDF. 105
Figura 50 – Representação do separador à discos e desinfestador no PFD. 106
Figura 51 – Envelope dimensional do separador classificador. 107
Figura 52 – Envelope dimensional do desinfestador. 108
Figura 53 – Envelope dimensional da torre de condicionamento. 109
Figura 54 – Representação da torre de condicionamento no PFD. 110
Figura 55 – Primeira etapa da seção de moagem da área 300. 115
Figura 56 – Segunda etapa da seção de moagem da área 300. 116
Figura 57 – Configuração das raias em um rolo de trituração. 118
Figura 58 – Rolos para etapa de trituração. 119
Figura 59 – Envelope dimensional do moinho. 120
Figura 60 – Envelope dimensional do banco de rolos. 121
Figura 61 – Representação do moinho no PFD. 122
Figura 62 – Esquema do interior de um Plansifter com unidades em
123
polegadas.
Figura 63 – Envelope dimensional do plansifter. 124
Figura 64 – Representação da peneira no PFD. 125
Figura 65 – Esquema do Bran Duster. 125
Figura 66 – Envelope dimensional do bran duster. 126
Figura 67 – Representação do bran duster no PFD. 128
Figura 68 – Sassor e seus componentes. 129
Figura 69 – Envelope dimensional do sassor. 130
Figura 70 – Representação do sassor no PFD. 131
Figura 71 – Sistema de Moagem. 132
Figura 72 – PFD para a área 400 do moinho Trigossul. 142
Figura 73 – Esquema de um moinho de pedra. 144
Figura 74 – Representação do moinho de pedra no PFD. 145
Figura 75 – Representação da turbo peneira no PFD. 145
Figura 76 – Envelope dimensional do moinho triturador. 146
Figura 77 – Envelope dimensional da peneira centrifuga. 146
Figura 78 – Envelope dimensional do misturador de lote. 148
Figura 79 – Envelope dimensional da empacotadora. 149
Figura 80 – Envelope dimensional do soprador RBE – 11. 153
Figura 81 – Envelope dimensional do soprador RBE – 13. 154
Figura 82 – Envelope dimensional do soprador RBE – 15. 154
Figura 83 – Evolução anual dos preços da safra de trigo. 163
Figura 84 – Evolução mensal dos preços do trigo. 164
Figura 85 – Perfil do financiamento SAC do Moinho Trigossul. 170
Figura 86 – Fluxo de caixa do Moinho Trigossul. 177
Figura 87 – Perfil do Payback do Moinho Trigossul. 179
Figura 88 – Ponto de equilíbrio financeiro do Moinho Trigossul 182
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Produção de trigo na região de Mandaguari na safra de
2016/2017. 42
Tabela 2 – Classificação dos tipos de farinha. 45
Tabela 3 – Classificação dos tipos de farinha pela comunidade
Gastronômica. 45
Tabela 4 – Número de pontos amostrais por cada lote. 46
Tabela 5 – Valores mínimos exigidos pelo MAPA do PH. 49
Tabela 6 – Classificação da força geral de glúten determinada pelo Teste
de Alveografia. 49
Tabela 7 – Classificação da qualidade da farinha segundo a interpretação
dos parâmetros obtidos da farinografia. 50
Tabela 8 – Faixas dos parâmetros de extensografia para farinhas de trigo
utilizadas na fabricação de massas, pães, bolos e biscoitos. 50
Tabela 9 – Intervalo de falling number adequado a diversos produtos. 51
Tabela 10 – Teores de cinza adequados para diversos tipos da farinha de
trigo. 52
Tabela 11 – Teores de glúten admissíveis nas diversas categorias de
produtos da farinha de trigo. 52
Tabela 12– Limites máximos permitidos pela ANVISA de DON em cereais
do tipo trigo e seus derivados. 53
Tabela 13– Limites máximos permitidos de acidez graxa nos diversos tipos
de farinha de trigo. 54
Tabela 14 – Composição de alguns materiais combustíveis. 80
Tabela 15 - Composição da saída dos gases do forno. 80
Tabela 16 – Composição do gás de saída do forno e composição da
entrada do combustível e comburente. 81
Tabela 17 – Relação entre as quantidades de gases para o gás de
secagem. 84
Tabela 18 – Correntes da seção de resfriamento 84
Tabela 19 – Parâmetros do BE no secador do Moinho Trigossul. 86
Tabela 20 – Propriedades das correntes da área 1 parte 1. 93
Tabela 21 – Propriedades das correntes da área 1 parte 2. 93
Tabela 22 – Propriedades das correntes da área 1 parte 3. 94
Tabela 23 – Consumo elétrico da área 100. 95
Tabela 24 – Propriedades da área 200 do moinho Trigossul parte 1. 112
Tabela 25 – Propriedades da área 200 do moinho Trigossul parte 2. 112
Tabela 26 – Propriedades da área 200 do moinho Trigossul parte 3. 113
Tabela 27 – Consumo elétrico dos equipamentos da área 200. 114
Tabela 28 – Valores definidos para as composições de farelo. 135
Tabela 29 – Composição de farelo nas demais correntes. 135
Tabela 30 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 1. 137
Tabela 31 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 2. 137
Tabela 32 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 3. 137
Tabela 33 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 4. 138
Tabela 34 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 5. 138
Tabela 35 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 6. 138
Tabela 36 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 7. 139
Tabela 37 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 8. 139
Tabela 38 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 9. 139
Tabela 39 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 10. 140
Tabela 40 – Propriedades da área 300 no moinho Trigossul parte 11. 140
Tabela 41 – Consumo elétrico dos equipamentos da área 300. 142
Tabela 42 – Propriedades da área 400 do moinho Trigossul. 147
Tabela 43 – Consumo elétrico dos equipamentos da área 400. 147
Tabela 44 – Quantidade de compostos para enriquecer a farinha comum. 151
Tabela 45 – Consumo de eletricidade de cada equipamento da área 500. 151
Tabela 46 – Sopradores do Moinho Trigossul. 153
Tabela 47 – Custos fixos do Moinho Trigossul. 161
Tabela 48 – Insumos consumidos no Moinho Trigossul. 165
Tabela 49 – Custo de energia (US$/dia) do Moinho Trigossul. 166
Tabela 50 – Custo anual de produção nos três primeiros anos. 167
Tabela 51 – Financiamento do BNDES em sistema SAC. 169
Tabela 52 – Depreciação dos bens. 171
Tabela 53 – Custos anuais de depreciação.Tabela 54 – Lucro bruto anual
dos produtos Moinho Trigossul. 172
Tabela 54 – Lucro bruto anual dos produtos Moinho Trigossul. 173
Tabela 55 – Taxas tributárias pagas pelo Moinho Trigossul. 173
Tabela 56 – DRE do Moinho Trigossul parte 1. 175
Tabela 57 – DRE do Moinho Trigossul parte 2. 176
Tabela 58 – Payback descontado. 178
Tabela 59 – Valores reinvestidos para o Fluxo de caixa do Moinho
Trigossul. 180
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
celeiro do Brasil. Se produzia tanto trigo que se chegou a exportar 500 sacas anuais
para Portugal.
Em 1780, a então Capitania do Rio Grande de São Pedro já produzia 2 mil
toneladas do cereal, sendo que parte era exportada para o Rio de Janeiro. Nas
décadas seguintes, a produção cresceu em ritmo acelerado, alcançando o total de
23 mil toneladas de grãos e 160 mil toneladas de farinha exportadas entre 1790 e
1822 para lugares como, além do Rio, Salvador, Recife e Montevidéu. Com a
mudança da família real portuguesa ao Brasil em 1808, houve a abertura dos portos.
Os trigais do sul não puderam competir com os navios que começaram a chegar aos
portos de Santos e do Rio, carregados de farinha norte-americana (Bartaburu, 2016).
Em fins do século 19, o Brasil já estava pronto para entrar na era dos
moinhos industriais. Ao mesmo tempo em que aumentava a oferta do trigo argentino,
as lavouras do Sul começavam a prosperar. Nas cidades, padarias abriam em ritmo
veloz e os rendimentos do café atiçavam a vontade de se investir em novos
segmentos. Faltava driblar a pressão dos americanos, principais exportadores da
farinha de trigo consumida no Brasil, nada interessados em ver a indústria moageira
do país evoluir (Bartaburu, 2016).
Segundo Abitrigo (2003), em 1887, a princesa Isabel autorizou a implantação
de dois moinhos pioneiros no país. Um foi o Moinho Fluminense e o outro, o moinho
da Rio de Janeiro Flour Mills and Granaries Limited, cuja operação começaria dois
anos depois, moendo 150 toneladas de trigo por dia – durante décadas, este foi o
maior moinho do Brasil. Antes do século 19 terminar, ainda mais uma fábrica de
farinha seria aberta em território brasileiro, na cidade gaúcha de Rio Grande foi
inaugurado em 1895, o Moinho Rio-Grandense.
Na primeira década do século 20, três grandes moinhos foram fundados por
italianos. Francesco Matarazzo abriu o primeiro, em 1900, no bairro do Brás, já com
capacidade de moagem de 110 toneladas diárias. O Moinho Matarazzo não só seria
a maior fábrica de farinha em São Paulo como também a pioneira na verticalização:
em quatro anos, o futuro conde abriria ainda uma metalúrgica, para manutenção das
máquinas do moinho, e uma tecelagem, para a confecção dos sacos de farinha. Em
1905, foi a vez de Giuseppe Puglisi Carbone fundar o Moinho Santista, que surgiu
no porto de Santos ostentando numerosas inovações: nove silos em estrutura
metálica (os primeiros do mundo), uma esteira subterrânea para conduzir a farinha
176
Diante desse fato, o governo achou por bem enrijecer o controle sobre o ir-
e-vir do trigo no Brasil. Em 1962, todo o comércio dos grãos, nacionais ou
importados, passou a ser uma exclusividade do Banco do Brasil, responsável por
comprar o cereal dos produtores e revendê-lo aos moinhos por meio de um órgão
que recebeu o nome de CTRIN (Comissão de Compra do Trigo Nacional). E esse foi
apenas um ensaio do que viria a seguir, depois que os militares assumiram o poder,
quando a estatização do trigo alcançou seu grau máximo na história do país. Isso se
deu em nome do Decreto-Lei de número 210, instituído em 1967, que manteria o
trigo brasileiro como monopólio estatal por 23 anos (Bartaburu, 2016).
Segundo Abitrigo (2003), em 1974, foi criada a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Trigo com sede em Passo Fundo (RS). A
produção, com efeito, aumentou: as 630 mil toneladas colhidas em 1967 se tornaram
2 milhões dez anos depois. E a área cultivada, no mesmo período, cresceu 380%,
abrindo caminho para a entrada do Paraná como o novo protagonista do trigo
brasileiro. Em 1979, o estado se tornaria o maior produtor do país. Nunca se esteve
tão próximo da autossuficiência como no final dos anos 1980. Vinte anos de controle
estatal haviam, enfim, tido efeito: na safra 1986/87, o Brasil alcançou o recorde de
6,1 milhões de toneladas. Não era exatamente um trigo bom para se fazer pão, mas
havia volume, que era o que se buscava desde o Estado Novo. Em 1990, quando o
então presidente Fernando Collor derrubou o Decreto-Lei 210, tanto o campo quanto
a indústria não estavam preparados para assumir o mercado, depois de duas
décadas de estrito comando estatal. Ambos haviam se acomodado à ingerência dos
militares, dependentes dos subsídios, das garantias de compra e venda e da baixa
competitividade no mercado. Quando a nova lei entrou em vigor, em substituição à
antiga, a intervenção do Estado foi declarada extinta, e, com ela, o sistema de cotas,
o monopólio da compra, as subvenções e o controle dos preços. Pela primeira vez
desde os anos 1920, comércio, cultivo e moagem voltavam às mãos da iniciativa
privada.
O trigo argentino, mais barato que o brasileiro, entrou com tudo no mercado
nacional, fazendo com que o Brasil se tornasse o maior importador mundial do
cereal. Nos anos 1990, as importações foram de 1,9 milhões de toneladas para 7
milhões, das quais 96% vinham da Argentina. Nesse mesmo período, as lavouras
brasileiras perderam 2 milhões de hectares, quase dois terços de sua área. As novas
176
3 MOINHO TRIGOSSUL
3.1 MISSÃO
3.2 VISÃO
marca presente nos bons momentos da vida, para fazer parte da história de seus
consumidores.
3.3 VALORES
4 ANÁLISE DE MERCADO
Existem, no Brasil, de 150 a 160 moinhos, dos quais 120 estão situados na
Região Sul. Essa concentração se dá principalmente pela proximidade dos núcleos
de produção, ou seja, das lavouras de trigo (UFRGS, 2003).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO),
mesmo havendo um número significativo de moinhos no Brasil, ainda assim, a
produção é insuficiente para atender ao mercado interno. Em 2017, o país precisou
importar 445 mil toneladas de farinha de trigo comum para suprir sua demanda
interna. Além disso, a ABITRIGO considera a expectativa para 2018 otimista, com o
crescimento na indústria moageira e aumento no consumo de farinha de trigo comum
ao longo dos anos. A Figura 5 fornece dados do consumo de farinha de trigo no
Brasil ao longo dos últimos 13 anos, pode-se observar o aumento do consumo de
farinha de trigo no país, com resalva ao ano de 2015 que por conta da crise que o
país atravessou, apresentou uma queda no consumo de farinha de trigo.
Figura 5 – Consumo de farinha de trigo.
9000
Toneladas de Farinha de
8500
8000
Trigo
7500
7000
6500
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Ano da produção
100
Mil Toneladas de Trigo
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Cidades Produtoras
140000
120000
100000
Toneladas de Trigo
80000
60000
40000
20000
0
08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 16/17
Ano da Safra
5 CONTROLE DE QUALIDADE
Quadro 1 - Testes de qualidade aplicados nas diversas etapas do processo produtivo de farinha de
trigo do Moinho Trigossul.
Teste de
Etapa de utilização Teste de qualidade Etapa de utilização
qualidade
Recepção,
Amostragem da
Teor de Umidade armazenamento e Teor de Cinzas
recepção e produto final
condicionamento
Amostragem da
PH Recepção Cor
recepção e produto final
Amostragem da Amostragem da
Alveografia Teor de Glúten
recepção e produto final recepção e produto final
Recepção,
Amostragem da
Farinografia Análise de DON armazenamento e
recepção e produto final
produto final
Amostragem da
Extensografia Acidez graxa Produto final
recepção e produto final
Amostragem da Recepção e produto
Falling Number Granulometria
recepção e produto final final
Fonte: Autoria Própria (2018).
agrícolas de plantio do trigo, que podem ter afetado o enchimento do grão e sua
qualidade.
5.1.3 Alveografia
5.1.4 Farinografia
5.1.5 Extensografia
5.1.8 Cor
Tabela 11 – Teores de glúten admissíveis nas diversas categorias de produtos da farinha de trigo.
Biscoitos Biscoitos
Característica Massas Pães Bolos
Fermentados Doces
Glúten úmido (%) >28 >26 20-25 25-30 20-25
Glúten seco (%) >9,0 >8,5 7-8,5 8-10,0 120-160
Fonte: Adaptado de IAC (2013).
53
Tabela 12– Limites máximos permitidos pela ANVISA de DON em cereais do tipo trigo e seus
derivados.
Limite Máximo Tolerado
Produto
(µg.Kg-1)
Trigo em grãos 3000
Farinha de trigo integral 1250
Farinha de trigo 1000
Fonte: Adaptado da portaria da Anvisa (2011).
Tabela 13– Limites máximos permitidos de acidez graxa nos diversos tipos de farinha de trigo.
Acidez Graxa
(mg de
Tipo trigo
KOH/100g do
produto máximo)
Tipo I 100
Tipo II 100
Tipo III 100
Fonte: MAPA (2005).
5.1.12 Granulometria
Trigo sujo
Farinha
como produto Moagem farinha Moagem da farinha
Empacotamento
final integral comum
6.4.1 Recepção
Figura 14 – Diagrama de bloco básico da chegada, recepção e armazenamento dos grãos de trigo.
6.4.2 Pré-limpeza
Os grãos de trigo armazenados nos silos serão transportados dos silos para
uma pré-limpeza, em que será retirado a poeira grossa impregnada na área
superficial dos grãos além da separação de diversas sementes (cevada, sorgo e
aveia) dos grãos de trigo por meio de um separador a discos, também ocorrerá a
separação de pedras e palhas presentes. Dentro deste equipamento se encontra
uma série de discos dentados que possuem sobre cada face centenas de pequenas
conchas inclinadas, denominadas de alvéolos, que segundo Souza (2004), se forem
devidamente projetados, possibilitam a seleção de diversos tipos de sementes e
outras partículas. Essas partículas suportadas pelos alvéolos serão retidas por
pequenos canais dispostos entre os discos como demonstra na parte inferior da
68
Figura 23. Os grãos passarão de disco em disco por meio de palhetas que formam
um tipo de rosca contínua no equipamento, e sairão na extremidade oposta à de
entrada.
Figura 23 – Separador a discos para separação pela forma e esquema de retenção de grãos.
6.4.3 Secagem
Em que:
𝑇𝑒 é a temperatura de equilíbrio, dada em °C.
Wo é a umidade absoluta do ar, dado em g.𝑘𝑔−1
To é a temperatura de entrada do ar, dado em °C.
𝐶𝑝𝑡𝑟𝑖𝑔𝑜 é a capacidade colorífica do trigo, dado em J.𝑘𝑔−1 .𝐾 −1 .
R é a razão massa de trigo sobre a massa de ar, em kg.𝑘𝑔−1
U é umidade do grão, dada em kg.𝑘𝑔−1
𝑇𝑔𝑜 é a temperatura de entrada do trigo, dado em °C
Em que:
𝐴 = 1.6023 + 8.801𝐸 −3 . 𝑇𝑒 − 3.35𝐸 −4 . 𝑇𝑒 2 + 2.777𝐸 −6 . 𝑇𝑒 3 (4)
𝑇𝑒 − 31.2 𝑇𝑒 − 32.2 (5)
𝐵 = 0.497. exp (− ) + 0.1027. exp (− )
1.8888 40.22
𝑈 − 𝑈𝑒
𝑅𝑈𝑜 = (6)
𝑈𝑜 − 𝑈𝑒
0.3912
ln(1 − 𝑈𝑅)
𝑈𝑒 (%) = (− ) (7)
1.2299𝐸 −5 . (𝑇𝑒 + 64.346)
A utilização da casca do trigo não será viável pelo valor nutritivo presente
nesse produto, e portanto, a casca de trigo será comercializada como um subproduto
e vendida para produtores de ração animal. Segundo Schurhaus, (2007), o calor
gerado por combustíveis úmidos pode ser obtido pela equação de Duolong, dada na
Equação 8.
𝑂 (
𝑄 = 4.184. [8140. 𝐶 + 29000. (𝐻 − ) + 2200. 𝑆 − 600. 𝑊] (8)
8
Em que:
Q é o calor gerado pelo combustível em kJ⋅kg-1
C é a fração mássica de carbono.
H é a fração mássica de hidrogênio.
S é a fração mássica de enxofre.
O é a fração mássica de oxigênio.
W é a fração mássica de água.
Tabela 15, em que se nota que a maior parte desse gás é composto por
nitrogênio proveniente do ar que será alimentado com excesso de 150%.
Portanto, tem-se que para gerar gases a 60°C que será destinado à seção
de secagem, apenas 4,23% da massa será proveniente do forno a 1550°C e o
restando será proveniente da seção de resfriamento a uma temperatura de 31,25°C.
A simbologia utilizada para representar a seção de resfriamento no PFD é
apresentada na Figura 34, em que a corrente 5 é a corrente de trigo proveniente da
seção de secagem, apresenta uma vazão de 271,86 ton.dia-1 e uma temperatura de
45°C. Os dados de vazão mássica de entrada e saída na zona de resfriamento, bem
como suas respectivas temperaturas estão listadas na Tabela 18.
45
Temperatura °C
40
35
30
25
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320
Entalpia MJ/h
Após a secagem dos grãos de trigo, a corrente com baixa umidade será
direcionada para silos de armazenamento. O Moinho Trigossul terá 3 silos com
capacidade de 15 mil toneladas cada.
A simbologia utilizada no PFD para o silo de armazenamento é apresentada
na Figura 36 em que representa 1 dos 3 silos que será utilizado. Para o caso do silo
apresentado, a corrente 13 será de trigo já seco proveniente da secagem e tem uma
vazão de 90,138 ton.dia-1 que representa 1/3 da vazão que sairá da secagem. Essa
fração será 1/3, pois terá 3 silos que serão alimentados igualmente.
A aeração dos silos será uma técnica adotada pela Moinho Trigossul, que
consiste na passagem forçada do ar, a um fluxo adequado penetrando na área
superficial dos grãos, com o objetivo de prevenir e prolongar a vida útil dos grãos,
além de evitar possíveis explosões nos silos causados pelo acúmulo de pós dos
grãos. A aeração compreende os seguintes objetivos:
a) Estabelecer condições que permitem o resfriamento de pontos
aquecidos na massa de grãos;
b) Uniformizar a temperatura na massa de grãos;
c) Prevenir aquecimento e regular o estado de umidade do produto;
d) Promover remoção de odores e resfriamento de toda massa de grãos;
90
’
Fonte: Adaptado de Souza (2016).
As correntes de toda a área 100 são apresentadas nas Tabela 20, Tabela 21
e Tabela 22. Entrarão 300 ton.dia-1 de trigo na corrente 1, mas a partir do silo pulmão,
o processo será intermitente com uma vazão real de 900 ton.dia-1, ou seja, uma
capacidade três vezes maior que a de funcionamento do moinho. Como já
comentado anteriormente, essa vazão foi baseada no funcionamento intermitente do
secador que operará com uma vazão de 37,5 ton.dia-1 por aproximadamente 10 dias
no mês. Entretanto, para a realização do balanço material, utilizou-se a vazão média
de trigo para todos os equipamentos de pré-limpeza, secagem e armazenamento.
A partir dos silos de armazenamento, a vazão real será novamente de 300
ton.dia-1 que será destinada à etapa de limpeza e de moagem conforme definido
para capacidade de trabalho do moinho Trigossul.
93
6.5.1 Limpeza
Equipamento: Polidor
Volume: 4.3 m³ Potência: 55 kW
Unid: mm Vazão: 8 t/h
Fonte: Empresa fabricante do ramo (2019).
A fase leve contém impurezas das mais diversas como aveia e outros
cereais, insetos, ovos, e larvas de insetos. Assim, esta fase será submetida a uma
separação por forma (por meio de um separador por discos) e uma etapa de
aspiração, assim como a desinfestação do trigo. Esta última etapa é caracterizada
pela remoção de insetos e larvas dos grãos de trigo pela ação de um equipamento
denominado desinfestador ou entoleter (REDIVO, 2010), no qual os grãos e as
impurezas biológicas serão separados por um eixo rotativo, que causará o impacto
destes e a remoção dos contaminantes biológicos por meio do choque contra barras
metálicas fixadas lateralmente no equipamento. Posteriormente, a fase mais leve
será levada ao encontro com a fase pesada, e as duas frações serão finamente
misturadas e homogeneizadas e preparadas para a etapa de umidificação dos grãos
a serem processados na moagem.
A simbologia para o separador a discos e para o desinfestador é apresentada
na Figura 50. Como as quantidades de insetos e grãos diferentes de trigo na massa
de trigo devem ser baixas e também não há uma informação conclusiva sobre essas
quantidades após as etapas anteriores de limpeza, consideram-se essas frações
desprezíveis, ou seja, massa de insetos e grãos nula. Com isso, o trigo que entrará
na corrente 32 com uma vazão de 77,61 ton.dia-1 não possuirá nenhum inseto e
nenhum outro grão, dessa forma, a corrente 34 que derivam conter os outros grãos
terá vazão nula e a corrente 35 que deveria conter os insetos também será nula. O
trigo após passar por esses equipamentos sairá na corrente 160 com uma vazão de
77,61 ton.dia-1.
Equipamento: Desinfestador
Vazão: 45 t/h Potência: 45 kW
A (mm) B (mm) C (mm)
1100 1357 594
Fonte: Empresa fabricante do ramo (2019).
6.5.2 Condicionamento
6.6.1 Moagem
Equipamento: Moinho
Vazão: 11 t/h Potência: 45 kW
H (mm) H1 (mm) H2 (mm) L (mm)
1510 1710 856 1380
L1 (mm) W (mm) W1 (mm)
1520 1963 999
Fonte: Empresa fabricante do ramo (2019)
6.6.3 Peneiramento
um rendimento maior, mas por outro lado, poderão se romper mais facilmente, logo,
uma alternativa será escolher fios feitos de aço. Com esse tipo de material, podem-
se fazer fios finos e muito resistentes e será a melhor opção para a construção das
peneiras. Um esquema desse equipamento é apresentado na Figura 62, no qual a
tabela do centro está a informação do espaçamento da peneira e também sua altura
H. Como pode-se notar na vista frontal, há três diferentes saídas produtos. O produto
proveniente das peneiras mais altas é formado por partículas mais grossas, ou seja,
a casca do trigo que é separada do processo. Já o produto das peneiras
intermediárias são as chamadas sêmolas vestidas, que são partículas de
endosperma com alguma casca presa. Esses tipos de partículas são transferidos
para um equipamento para separação por qualidade. Já o produto formado nas
peneiras inferiores são as partículas mais finas, é a parte pura do grão, e essa
corrente é mandada o banco de rolos de redução.
Após o grão realizar várias passagens, seu tamanho é pequeno a ponto que
se torna difícil o uso de peneiras para separar tal material. Assim o Moinho Trigossul
irá utilizar o equipamento Bran Duster que está esquematizado na
Figura 65.
6.6.5 Purificação
Os componentes indicados pelas letras são: (A) peneiras, (B) linha de ar, (C)
carcaça, (D) válvulas, (E), sistema de vibração, (F) saída de partículas densas do
endosperma, (G) e (H) saída para partículas combinadas e (J) saída para partículas
farelentas.
130
Sendo que esses 3,5% são obtidos do resultado da passagem 1 mais a passagem
2, logo a passagem 2 isolada resultou em um acréscimo de 2% na massa de farinha.
As porcentagens indicadas no diagrama de moagem são as porcentagens
baseadas em trigo limpo seco. Por exemplo, a passagem 1 há uma entrada de 100%
da massa de trigo e 4 saídas: 1,5% de farinha, 73% de sêmola para o moinho de
rotura 2, 13% de sêmola para o sassor 1, 9% sêmola para o sassor 2 e 3,5% sêmola
para o moinho de redução 1.
As setas de saída que não estão ligadas a outras passagens são indicativas
de saída de farinha.
A passagem é composta por todos os equipamentos que estão alinhados à
direita do número representativo da passagem, sendo que está omitida a presença
dos plansifters. Sempre após o moinho de rotura ou redução há a existência de um
plansifter para separar o material de saída do moinho em questão. Para exemplificar:
a passagem 1 é composta pelo moinho de rotura 1 e por 1 plansifter. A passagem 7
é composta pelo bran duster, o sassor TR, o moinho de redução 3 e um plansifter.
Os sassores T e TR são sassores denominados de tailing e se diferem dos
sassores S no material de alimentação. A alimentação dos sassores S é resultante
de moinhos de rotura, de forma que os materiais de alimentação nesses sassores
possuem uma grande carga de endosperma a ser direcionada a novas moagens de
redução, essa carga é representa pelas saídas (G) e (H) na Figura 68. Enquanto os
sassores T e TR trabalham como alimentação a saída (J) dos sassores 1S e 2S e as
saídas de farelo dos moinhos de redução que contém uma carga de endosperma
menor, como pode ser observado na Figura 71 a saída de farinha nesses sassores
(T e TR) é de 0,2% e 0,8%, respectivamente.
Observe que a quantidade de farinha obtida por esse diagrama de moagem
atinge 74,5%, como visto na seção 2.1 a composição do trigo tem em média 82,5%
de endosperma. O que resulta numa eficiência de moagem de 90,30%. Justificando
esse modelo para o Moinho Trigossul.
134
Com base nas frações das correntes apresentada na Figura 71, em que cada
corrente é relacionada com a vazão de entrada, também os dados de composição
de farelo dadas nas Tabela 28 e Tabela 29, e com uma vazão de entrada de cerca
de 200 mil toneladas por dia de trigo na etapa de moagem na corrente 49.
Determinaram-se as vazões de todas as correntes da área 300. As vazões mássicas,
as temperaturas e as pressões dessas correntes são apresentadas da Tabela 30 até
a Tabela 40.
137
Como pode ser observado na Tabela 40, temos que a corrente 153
corresponde a quantidade de farinha branca que o Moinho Trigossul irá produzir,
sendo sua vazão mássica total de 150527,64 kg⋅dia-1 .
Outro parâmetro importante de salientar é o teor de cinzas dessa corrente,
pois este parâmetro caracteriza o tipo de farinha que está sendo produzida.
Para calcular o teor de cinzas seria necessário ensaios laboratoriais, não
havendo meios de se calcular esse parâmetro por relações teóricas. Entretanto é
possível relacionar a quantidade de cinzas presente na farinha, com a quantidade
de farelo.
Segundo Hoseney (1986) a maior concentração dos minerais constituintes
das cinzas está presente no farelo, portanto quanto maior a quantidade ou
contaminação de farelo na farinha, maior será o teor de cinzas.
Segundo a EMBRAPA (1993) o teor de cinzas, médio, no grão in natura é
de 1,8%. Da Seção 2.1, sabemos que a quantidade de farelo no grão in natura é
de 14,5%. Por meio desses dados é possível aproximar que cada grama de farelo
resulta em 0,1241 gramas de cinzas.
Por meio dos dados da corrente 153 temos que a vazão mássica em base
seca de farinha é de 128645,2 kg⋅dia-1 e a vazão mássica de farelo é de 257.29
kg⋅dia-1. Utilizando-se da relação de cinzas e farelo, obtém-se um valor de 31,94
kg⋅dia-1 de cinzas nessa corrente, resultando em um teor de cinzas de 0,02483%
de teor de cinzas.
A partir desse teor de cinzas e com a relação de teor de cinzas e o tipo de
farinha, presente na Seção 5, conclui-se que a farinha produzida pelo Moinho
Trigossul é uma farinha premium.
Em que,
A: pedra superior, B: estrutura de suporte, C: pedra inferior, D-F:
equipamento de transporte, G: válvula de ajuste, H: engrenagem, J: engrenagem,
K: rolamento, L-N: equipamento de alimentação, P: polia, R saída, S: prato rotativo.
A simbologia para o moinho de pedras é apresentada na Figura 74, em que
a corrente 157 representa a alimentação no moinho e possui vazão igual à 388,04
ton.dia-1. A corrente 155 apresenta a mesma vazão. Essas vazões altas se devem
à consideração da razão de reciclo ser igual a 5.
145
Após o grão ser triturado nas pedras do moinho, a farinha passará por uma
turbo peneira, que será constituída por uma coluna com paredes revestidas por
membranas de granulometria igual a 900 micrômetros, com um conjunto de paletas
rotativas em seu interior. Nesta etapa, o grão moído entrará por um lado deste tubo
e seguirá até o outro separando a farinha de alguns constituintes indesejados, como
por exemplo, farelo de granulometria superior a 900 micrômetros (PERSEGUELO,
2016).
A simbologia utilizada para as turbo peneiras é apresentada na Figura 75,
em que a corrente 155 alimenta a peneira com uma vazão de 388,04 ton.dia-1. As
partículas que não estiverem na granulometria ideal serão separadas na corrente
156 e será novamente alimentada no moinho de pedra, já as partículas que são
consideradas farinha sairão do processo pela corrente 158. A corrente 156 possui
uma vazão de 323,37 ton.dia-1 e a corrente 158 possui uma vazão de 64,67 t.dia-1.
7 TRATAMENTO DE RESÍDUOS
8 PLANTA BAIXA
9 ANÁLISE FINANCEIRA
9.2.2 Trigo
AR R$ AR US$ EUA R$
EUA US$ BR R$ BR US$
Nota-se que nos últimos quatro anos houve uma redução no preço da
tonelada de trigo quando analisado na moeda americana, visto que é a moeda mais
importante economicamente, estando no ano de 2019 a uma faixa de 220 US$/ton
de trigo.
No Quadro 2 e na Figura 84 é apresentado o preço do trigo em diversas
regiões com a média do ano de 2018 e as médias mensais de janeiro e fevereiro,
ambos de 2019.
Quadro 2 - Evolução mensal dos preços do trigo em 2019
250
Preço da Tonelada do Trigo
240
230
220
210
200
190
MÉD. 2018 JAN. 2019 FEV. 2019
Períodos de Produção
9.2.4 Quantificação anual dos insumos, custeio com energia elétrica, custos com
pay to stay e custos de manutenção.
𝑈𝑆$ (14)
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑜 (𝑎𝑛𝑜)
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐺𝑖𝑟𝑜 = 𝑛
12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
9.4 FINANCIAMENTO
$3,500,000.00
$3,000,000.00
$2,500,000.00
$2,000,000.00
$1,500,000.00
$1,000,000.00
$500,000.00
$0.00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Amortização Juros
método assume que a depreciação dos ativos será a mesma, até o final do prazo
de depreciação (MOTTA, 2002).
I-VR
d= (15)
nC
DRE - Moinho Trigossul 6º Ano 7º Ano 8º Ano 9º Ano 10º Ano 11º Ano
Como se verifica na Figura 86, nos dois primeiros anos, o fluxo de caixa do
Moinho Trigossul é negativo, consequência do custo inicial de implantação da
indústria moageira, além de que a produção farinácea iniciará a partir do segundo
ano. Após o início da produção e consequentemente da venda dos produtos o fluxo
de caixa se torna positivo.
9.8.1 Payback
Assim, no presente projeto foi encontrada uma TIRM de 13% a.a., a qual
novamente poderá justificar a implantação do projeto Moinho Trigossul conforme o
perfil do investidor.
181
9.8.4 IL
10 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BERTI, Anélio. Análise do capital de giro: Teoria e Prática. São Paulo: Ícone,
1999.
CINCINNATI FANS. OEM and Industrial Air Handling Specialist. Disponível em:
https://www.cincinnatifan.com/catalogs/EngData-203-internet.pdf. Acesso em: 09
mai. 2019.
HOSENEY, R.C. Principles of cereal science and technology. 1. ed. Saint Paul:
American Association of cereal Chemists, 1986.
Disponível em:
http://thor.sead.ufrgs.br/objetos/avaliacao-farinha-trigo/2b.php. Acesso em: 25 ago.
2018.
MEU SALÁRIO. Saiba quem tem direito e como funciona o décimo terceiro
salário. Disponível em: https://meusalario.uol.com.br/salario-e-renda/saiba-quem-
tem-direito-e-como-funciona-o-decimo-terceiro-salario-1. Acesso em: 08 abr. 2019.
PEREIRA, J; Análise financeira das empresas. 13. Ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2017.
ambiental/como-a-compostagem-pode-ajudar-na-gestao-de-residuos-solidos.
Acesso em: 9 set. 2018.
ANEXOS
TEOR DE UMIDADE
PESO DO HECTOLITRO – PH
Então,
1 - 0,95975 = 0,04025
ALVEOGRAFIA
FARINOGRAFIA
EXTENSOGRAFIA
FALLING NUMBER
TEOR DE CINZAS
TEOR DE GLÚTEN
ANÁLISE DE DON
APÊNDICES
A fim de se obter o valor total mensal gasto pelo Moinho Trigossul com seus
servidores, realizou-se o cálculo da seguinte forma: somou-se o salário de cada
cargo aos seus respectivos encargos trabalhista e benefícios, depois se multiplicou
pelo numero de funcionários de cada cargo, subtraindo o valor do número de
funcionários vezes seu adicional noturno, como se observa nas seguintes
equações.
𝑆𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙
= (𝑠𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜 + 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑟𝑔𝑜𝑠) (1)
𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜
𝑆𝑎𝑙á𝑟𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 [𝑅$] = (∑ × 𝑛° 𝑑𝑒 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠 − 𝑋) (2)
𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜
1 𝑈𝑆$
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙[𝑈𝑆$] = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙[𝑅$] × [ ] (4)
3,97 𝑅$
Presidente 1 R$23.000,00 - R$2.344,72 R$1.916,67 R$642,34 R$1.840,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$30.543,73 $ 7.693,63
Diretor
administrativo 1 R$11.500,00 - R$1.172,36 R$958,33 R$642,34 R$920,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$15.993,03 $ 4.028,47
(staff 1)
Diretor
1 R$9.800,00 - R$999,06 R$816,67 R$642,34 R$784,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$13.842,06 $ 3.486,67
Financeiro
Diretor $ 5.303,31
1 R$15.500,00 - R$1.580,14 R$1.291,67 R$642,34 R$1.240,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$21.054,15
Operacional
Gerente de $ 4.108,17
1 R$9.300,00 - R$948,08 R$775,00 R$642,34 R$744,00 R$200,00 R$300,00 R$3.100,00 R$300,00 R$16.309,42
qualidade
Técnico de $ 5.165,62
6 R$1.500,00 R$300,00 R$152,92 R$125,00 R$120,00 R$120,00 R$200,00 R$300,00 R$500,00 R$300,00 R$3.617,92
laboratório
Gerente
administrativo 1 R$4.000,00 - R$407,78 R$333,33 R$440,00 R$320,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$6.301,11 $ 1.575,18
(staff 2)
Gerente de RH 1 R$7.300,00 - R$744,19 R$608,33 R$642,34 R$584,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$10.678,87 $ 2.689,89
Recepcionista 2 R$1.200,00 - R$122,33 R$100,00 R$96,00 R$96,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.414,33 $ 1.216,29
Porteiro 3 R$1.300,00 R$260,00 R$132,53 R$108,33 R$104,00 R$104,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.808,86 $ 1.991,58
Advogado 2 R$5.000,00 - R$509,72 R$416,67 R$550,00 R$400,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$7.676,39 $ 3.867,20
Médico 1 R$7.200,00 - R$734,00 R$600,00 R$642,34 R$576,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$10.552,34 $ 2.658,02
Enfermeiro 1 R$2.750,00 - R$280,35 R$229,17 R$247,50 R$220,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$4.527,01 $ 1.140,31
Psicólogo 1 R$4.320,00 - R$440,40 R$360,00 R$475,20 R$345,60 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$6.741,20 $ 1.698,04
Jovem
5 R$1.050,00 - R$107,04 R$87,50 R$84,00 R$84,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.212,54 $ 2.786,58
Aprendiz
Estagiário 10 R$1.250,00 - R$127,43 R$104,17 R$100,00 R$100,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.481,60 $ 6.250,87
Zelador 3 R$1.200,00 R$240,00 R$122,33 R$100,00 R$96,00 R$96,00 R$200,00 R$300,00 R$400,00 R$300,00 R$3.054,33 $ 2.187,15
Motorista 2 R$1.750,00 - R$178,40 R$145,83 R$140,00 R$140,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$3.154,24 $ 1.589,04
Faxineiro 5 R$1.250,00 R$250,00 R$127,43 R$104,17 R$100,00 R$100,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.731,60 $ 3.251,38
Gerente de
1 R$8.050,00 - R$820,65 R$670,83 R$642,34 R$644,00 R$200,00 R$300,00 R$2.683,33 R$300,00 R$14.311,16 $ 3.604,83
produção
Auxiliar de
Linha de 60 R$1.300,00 R$260,00 R$132,53 R$108,33 R$104,00 R$104,00 R$200,00 R$300,00 R$433,33 R$300,00 R$3.242,19 $ 46.380,77
Produção
Moleiro 3 R$3.000,00 R$600,00 R$305,83 R$250,00 R$330,00 R$240,00 R$200,00 R$300,00 R$1.000,00 R$300,00 R$6.525,83 $ 4.629,09
Operador de
60 R$2.400,00 R$480,00 R$244,67 R$200,00 R$216,00 R$192,00 R$200,00 R$300,00 R$800,00 R$300,00 R$5.332,67 $ 75.758,19
Produção
Gerente de
controle de 1 R$9.200,00 - R$937,89 R$766,67 R$642,34 R$736,00 R$200,00 R$300,00 R$3.066,67 R$300,00 R$16.149,56 $ 4.067,90
processos
Engenheiro
2 R$5.470,00 - R$557,64 R$455,83 R$601,70 R$437,60 R$200,00 R$300,00 R$1.823,33 R$300,00 R$10.146,10 $ 5.111,39
químico
Técnico de
3 R$2.500,00 R$500,00 R$254,86 R$208,33 R$225,00 R$200,00 R$200,00 R$300,00 R$833,33 R$300,00 R$5.521,53 $ 3.920,55
manutenção
Técnico em
1 R$2.000,00 R$400,00 R$203,89 R$166,67 R$180,00 R$160,00 R$200,00 R$300,00 R$666,67 R$300,00 R$4.577,22 $ 1.152,95
alimentos
Técnico em
Segurança do 1 R$3.200,00 - R$326,22 R$266,67 R$352,00 R$256,00 R$200,00 R$300,00 R$1.066,67 R$300,00 R$6.267,56 $ 1.578,73
Trabalho
Gerente
comercial e de 1 R$7.200,00 - R$734,00 R$600,00 R$642,34 R$576,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$10.552,34 $ 2.658,02
vendas
Técnico em
3 R$1.600,00 - R$163,11 R$133,33 R$128,00 R$128,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$2.952,44 $ 2.231,07
vendas
Técnico em
3 R$3.400,00 - R$346,61 R$283,33 R$374,00 R$272,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$5.475,94 $ 4.137,99
logística
Gerente de
1 R$8.200,00 - R$835,94 R$683,33 R$642,34 R$656,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$11.817,62 $ 2.976,73
marketing
Gerente
1 R$6.200,00 - R$632,06 R$516,67 R$642,34 R$496,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$9.287,06 $ 2.339,31
Financeiro
Contador 2 R$4.600,00 - R$468,94 R$383,33 R$506,00 R$368,00 R$200,00 R$300,00 - R$300,00 R$7.126,28 $ 3.590,06
TOTAL $ 226.836,98
Tabela 3C – Relação de cada tipo de sêmola e o volume de ar, velocidade mínima e pressão de
sucção.
Volume de ar Vel.min. Pressão de Sucção
Produto
(ft 3 ar⋅lb-1 ) (ft⋅min-1 ) (inH2 O)
Trigo 64,9 3616,73 2,45
1B 69,2 3423,71 2,35
2B 71,9 3302,30 2,28
Farinha 72,8 3260,90 2,26
Sassor 73,2 3244,21 2,25
3B 73,8 3219,03 2,24
1M e 2M 75,7 3133,90 2,19
3M E 4M 76,6 3090,64 2,17
4B 77,6 3046,91 2,15
5M E 6M 77,6 3046,91 2,15
Farelo 84,7 2727,76 1,98
T e TR 84,7 2727,76 1,98
Fonte: Adaptado de Cincinnati Fans (2018).