Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
Niterói
1/2019
ANDRÉ FELIPE MENEGUITE
CAIO SPARENBERG BRANDÃO
ORIENTADOR
Niterói
1/2019
Agradecimentos de André Felipe
Aos meus pais, Eliane e Arlindo, por sempre terem olhado por mim, me orientado e amado.
Por terem prezado pela minha educação e me ensinado a ser quem sou hoje.
À minha irmã Andreza, por todo amor e suporte e por nunca deixar eu desistir e ao meu
cunhado Maurício por toda ajuda e conselhos na elaboração deste projeto.
À minha namorada Maria Clara, por me apoiar nos momentos de dificuldade e estar sempre
comigo.
E ao meu parceiro de TCC Caio, por me introduzir ao mundo do hidromel e solucionarmos
juntos todos os problema que surgiram ao longo deste trabalho.
Agradecimentos de Caio
- Amyr Klink
RESUMO
O presente trabalho, que tem por objetivo analisar o projeto conceitual, bem como o
dimensionamento uma unidade de produção de hidromel industrial, obtendo-se valores de
análise econômica favoráveis. O volume inicial médio para produção foi estimado através de
um estudo de mercado, resultando em 1000 litros produzidos por batelada de duração mínima
de 90 dias, considerando todo processo produtivo. Foram dimensionados um fermentador
principal, totalmente assessorado para acompanhar as etapas iniciais de fermentação do
hidromel e adequado para as necessidades das leveduras selecionadas para o clima morno de
Niterói, RJ. Além desse fermentador, estipulou-se o volume e características dos
equipamentos auxiliares, como válvulas, bombas, maturadores, vasos misturadores, filtros e
envasadoras. Através de análise de viabilidade econômica fina para a implantação da micro-
hidromelaria, confirmou-se a possibilidade de obter o retorno do investimento inicial em
aproximadamente dois anos e meio de operação com escala de produção variável.
The current work has as objective to analyze the conceptual project, as well as design a
industrial mead production plant, obtaining a favorable economic analysis. The starting mean
production volume was estimated through a market study, resulting in 1000 produced liters
per batch, with a minimum duration of 90 days, considering the whole productive process.
During the study was designed an optimized main fermenter, completely equipped for the
initial mead fermentation processes and for the yeasts necessities for the warm weather in
Niterói, RJ. There were also designed volume and characteristics for the auxiliary equipment,
such as pumps, maturation tanks, mixing tanks, filters and bottlers. Through a economic
viability analysis for the implantation of the small scale mead production plant, it has been
confirmed the possibility of obtaining the starting investment return in approximately two and
a half years of operation with variable production scale.
Alcohol By Volume - Em português significa álcool por volume. É uma escala muito comum para
ABV se estudar a relação da volume alcoólico presente na bebida e deve estar presente no rótulo para
identificação legal da mesma.
Alcohol By Weight - Em português significa álcool por massa. É uma escala muito comum para se
ABW
estudar a relação da massa de álcool presente na bebida e realizar correlações empíricas.
Antes da Era Comum - Notação atualmente utilizada para se referir aos anos antecedentes ao
AEC nascimento de cristo, sem que seja necessário mencioná-lo, evitando-se qualquer direcionamento
religioso.
American Mead Association - Possui como objetivo reunir dados sobre a produção, consumo,
AMMA importação e exportação de hidromel com base nos Estados Unidos, focando no auxílio e
documentação das pequenas e micro empresas.
Associação Brasileira da Indústria de Cerveja - Possui como objetivo reunir as grandes marcas
CERV
brasileiras afim de realizar censos, pesquisas e gerar resultados que fortaleçam a indústria
BRASIL
cervejeira nacional como um todo.
Final Gravity - Em português significa massa específica final. É um método muito comum de se
averiguar o residual de açucares em relação ao álcool presentes na bebida final. Quanto menor a
FG
FG, maior a quantidade de álcool em relação ao açúcar residual e portanto menor o dulçor da
bebida.
Gay-Lussac - Famoso químico/físico responsável por estudar as leis dos gases ideias (em 1850) e
GL propor uma escala de fração volumétrica do substrato em função da solução como um todo
(%v/v).
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Órgão responsável pela gestão das políticas
MAPA públicas de estímulo à agropecuária, fomento do agronegócio e regulação e normatização de
serviços vinculados ao setor.
Original Gravity - Em português significa massa específica original. É um método muito comum
OG de se planejar a quantidade de açucares restantes e porcentagem alcoólica desejada na bebida
final.
Produto Interno Bruto - Contabilização total de bens e serviços finais em um país. Indica o total
PIB
de bens e produtos produzidos durante um período em um país.
Resistance Temperature Detector - Sensor de temperatura que utiliza resistência elétrica para
RTD
medição.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Entidade social brasileira que
SEBRAE
auxilia o empreendorismo no país
Stirred Tank Reactor - Tipo de tanque dimensionado e assessorado para otimizar processos e
STR
reações químicas descontínuas como no caso da fermentação alcoólica alimentícia.
UV Ultravioleta - Tipo de radiação com comprimento de luz menor que a da luz visível.
LISTA DE SÍMBOLOS
Variáveis:
A Área (m²)
D Diâmetro (m)
E Extrato (°P)
FG Densidade Final
I Investimento (R$)
M Massa (kg)
Np Número de potência
P Potência (W)
Q Vazão (m³/h)
Qc Calor (J)
SG Densidade
t Tempo (s)
V Volume (m³)
x Fração Mássica
e Externo
i Impelidor
io Externo corrigido
cil Cilindro
t Tanque
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 22
1.2. OBJETIVO 24
1.3. JUSTIFICATIVA 25
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 26
2.1.1. Água 26
2.1.2. Mel 26
2.1.3. Leveduras 29
2.2.1. Esterilização 34
2.2.3. Inoculação 38
2.2.4. Fermentação 42
2.2.5. Trasfega 46
2.2.6. Maturação 47
2.2.7. Finalização 49
2.3. EQUIPAMENTOS 51
2.3.1. Estocagem 51
2.3.2. Bioreatores 52
2.3.3. Maturadores 58
2.3.4. Filtros 59
2.3.5. Acessórios 62
3. DESENVOLVIMENTO 67
3.1. PROJETO 68
3.2. DIMENSIONAMENTO 69
3.2.1. Pré-tratamentos 70
3.2.3. Inoculação 78
3.2.4. Fermentação 80
3.2.5. Clarificação 85
3.2.6. Trasfega 89
3.2.7. Maturação 89
3.2.9. Filtração 91
3.2.10. Envase 91
3.2.11. Guarda 92
4.3. Payback 99
6. CONCLUSÃO 107
7. REFERÊNCIAS 112
8. APÊNDICES 119
9. ANEXOS 126
22
O hidromel é provavelmente a bebida fermentada mais antiga conhecida pelo
homem, com indícios de descoberta acidental antes mesmo dos 10.000 A.E.C. e ingerida com
fins ritualísticos e de alteração do estado de consciência, juntamente com bebidas alcoólicas
naturalmente fermentadas de frutas e sementes caídas, ainda durante o período nômade da
humanidade. Através dos tempos, o manejo de abelhas e plantas foi desenvolvido e a
produção de hidromel estabelecida e adaptada, o consumo de bebidas alcoólicas se tornou um
hábito social e até nutricionalmente importante, como por exemplo misturando-o com frutas,
plantas e grãos; fato que gerou o desenvolvimento em paralelo de outros tipos de fermentados
de origem puramente vegetal, como a cerveja e o vinho de uva (HORNEY, 2003). A
facilidade de cultivo dessas novas fontes deixou a produção do vinho de mel em segundo
plano, ficando remanescente nos países do norte europeu, onde não haviam condições
climáticas favoráveis para cultivos extensivos.
A receita mais antiga, descrita em manuscritos Indianos tão antigos quanto 1700
A.E.C., se referem a simples mistura de água e mel, que poderia ou não estar fermentado, sob
o nome de “mādhu” (RASMUSSEN, 20[??] apud FJÁRFELLI, 2018); enquanto a adição de
outros ingredientes também é um processo comumente aplicado e tão frequente, que cada tipo
de mistura tem seu próprio nome, como por exemplo: Melomel (adição de frutas) que vem do
grego “melomeli”, Metheglin (ervas e especiarias), Payment (uvas), dentre outros. Diferentes
adições geram novas percepções dos hidroméis, os quais podem ser observados em literatura
especializada como Piatz (2014); ou na imagem da hidromelaria (estabelecimento focado na
fermentação de hidromel) americana Groenfell, mostrada no Anexo A.
Não foi até a descoberta de Louis Pasteur, na segunda metade do século XIX, sobre a
origem da fermentação e a identificação dos microorganismos responsáveis - as leveduras -
que o processo produtivo de fermentados evoluiu drasticamente e a produção de hidromel
tornou-se novamente viável. Antes dos estudos sobre contaminações microbiológicas e o
processo de pasteurização, o vinho de mel era um produto altamente instável, com uma vida
útil pequena e alto risco de contaminação durante a sua fermentação e maturação, devido ao
alto conteúdo de açúcares no mel, por vezes residual.
Nos últimos anos tem-se observado um crescimento substancial na indústria
cervejeira e no setor de bebidas artesanais em geral; os quais geram renda, empregos e
movimentam a economia brasileira. Cerca de 1,6% do PIB nacional é referente à indústria
cervejeira (CERVBRASIL, 2018) e a exportação de vinhos, apenas de 2017 para 2018,
23
aumentou mais de 48% em volume, somando 553 mil litros, que refletem em quase 1.5
milhões de dólares. (IBRAVIN, 2018)
O cenário hidromeleiro é atualmente composto majoritariamente por micro e
pequenas empresas, como forma de agregar valor ao mel em propriedades apícolas. Pode-se
observar essa afirmação a partir de dados coletados no Anexo B pela AMMA (American
Mead Association) nos Estados Unidos em 2016, sendo 67% das empresas produtoras de
hidromel no país ativas a menos de 5 anos e dentre elas apenas 17% fermentam vinhos de uva
e 9,4% cervejas; além disso no mesmo período que a indústria de cerveja cresceu 17%, a do
hidromel cresceu 42%, ficando conhecida como o menor e mais crescente ramo da indústria
do álcool norte americana.
Tais fatos implicam em uma série de consequências para a qualidade, padrão,
volume e visibilidade do produto final, o qual depende de muita prática, estudo e aplicação de
conceitos de bioquímica e engenharia. Pensando nisso, pesquisadores brasileiros têm
começado a estudar artigos estrangeiros e realizar testes com méis locais e diferentes técnicas
processuais de modo a obter resultados mais consistentes, o que é de extrema importância
para que se comece a produzir um produto original e de qualidade.
1.2. OBJETIVO
Levantar, resumir, comentar e sugerir a aplicação de técnicas, assim como
projetar/sugerir equipamentos que otimizem a eficiência da produção de hidromel em escala
industrial, utilizando-se de literaturas tanto voltadas para o produto em questão, quanto
comparando com processos similares e mais bem estabelecidos, como a fermentação do vinho
e da cerveja.
Há também de se observar alguns tipos de sistemas acessórios necessários e
detalhamentos técnicos/operacionais para o bom funcionamento de uma planta fermentadora,
assim como os custos envolvidos e sua viabilidade econômica.
Tal trabalho pode auxiliar novos produtores, não só a evitar erros comumente
praticados durante a produção do hidromel, mas também facilitar a mudança de escalas
artesanais (informais) para escalas industriais (legalizadas), aprimorando em paralelo o sabor,
a apresentação, o padrão e consequentemente a venalidade dos seus hidroméis, de forma a
tornar a bebida comumente mais reconhecida e agradável ao paladar dos consumidores.
24
1.3. JUSTIFICATIVA
A tecnologia atual permite que os fatores responsáveis pela substituição do hidromel
por outras bebidas fermentadas, que apresentavam maior durabilidade para o consumo e
menor custo de produção, sejam contornadas. Os estudos biotecnológicos e a utilização de
equipamentos modernos de processamento alimentício facilitam a produção da bebida.
Tal fato relaciona-se ao peso das exportações agrícolas e do setor primário no PIB
brasileiro, com 12% da soja, 9% do minério de ferro, 8% do óleo cru, segmentos os quais
comumente aplicam menos tecnologia e agregam pouquíssimo valor às matérias primas, que
por vezes, possuem reconhecido valor internacionalmente e imenso potencial de
beneficiamento (THE OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY, 2018).
No que se refere, especificamente ao mel brasileiro, o qual em 2015 rendeu uma
produção nacional de cerca de 38 mil toneladas, das quais 59% foram exportadas como mel
in-natura (REHDER, 2015), possui imenso potencial exploratório por meio das indústrias
farmacêuticas, cosmética e de derivados como própolis e alimentícia. Estima-se que a cadeia
de produção do mel, que envolve a produção de méis puros para exportação e produtos
derivados de baixo valor agregado como própolis movimentam mais de 120 milhões de
dólares com exportações por ano (CUBA, 2017); sem contar com o consumo interno, que
apesar de pequeno comparado a outros países como China ou Estados Unidos, também
necessita de mão de obra e movimenta empregos e negócios internamente.
Desse modo, acredita-se que o Brasil pode encontrar no vinho de mel um meio de
valorizar essa matéria prima tão estimada, suprindo mercados exigentes como o americano e
o europeu, também diversificando o mercado interno e gerando maior movimentação
microeconômica, visto que uma indústria hidromeleira de pequeno porte pode acionar
diversos setores dentro de sua esfera local de influência, como a indústria de vidros,
embalagens, os setores de plásticos, construção, tecnologia e até de transportes.
25
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1. Água
Componente de maior porcentagem em volume no hidromel (cerca de 66% v/v), que
tem como principal preocupação a sua potabilidade em relação a contaminantes biológicos
(coliformes, bactérias, e vírus), elementos químicos (biocidas, metais pesados, cloro e sais) e
características organolépticas (turbidez, ph e temperatura para correções de medidas)
(BRASIL, 2017).
Sua qualidade pode afetar significamente o produto final; para Schramm (2003) e
Piatz (2014), o detalhe de maior atenção deve ser a remoção do cloro presente na água a ser
utilizada, pois este pode reagir durante o processo de fermentação formando compostos
clorofenóis que atribuem características desagradáveis a bebida. De acordo com a legislação,
é necessário que toda água fornecida pelos sistemas distribuidores mantenham uma
concentração mínima residual de Cloro de 0,5 mg/L de modo a garantir sua desinfecção.
Os valores limítrofes das características físico-químicas e biológicas da água
utilizada na planta destinada ao início da fermentação e ajuste do açúcar e álcool do produto
final devem ser analisadas pelo próprio fabricante ou laboratório com periodicidades e
concentrações especificadas em lei municipal do MAPA. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017)
Observa-se ainda que existe uma certa conduta perante cada fonte de água utilizada,
com a origem da água por meio de: coleta in-natura, com necessidades especiais de
tratamento e filtração devido a contaminantes particulados e biológicos; alimentação por meio
da rede de distribuição municipal, geralmente com boa assepsia, porém alto teor de cloro; e
ainda por meio de água mineral potável, a qual representa um baixo risco de contaminação,
baixo teor de cloro, porém alto valor agregado.
2.1.2. Mel
Segundo componente em maior volume no hidromel (aprox. 33% v/v), porém o de
maior importância, levando suas características físicas, químicas e organolépticas de aroma,
26
dulçor, sabor e coloração diretamente ao produto final, além de fornecer a base de substrato
açucarado para a fermentação do mosto1 pelas leveduras.
“Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a
partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de
excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as
abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam
e deixam madurar nos favos da colméia.” (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E
ABASTECIMENTO, 2000, p.1)
2
1 grau na escala Gothe por grama de mel é a quantidade de enzimas capazes de converter 0,01 g de
amido em uma hora a 40ºC.
28
reações não enzimáticas chamadas Reações de Maillard (decorrentes de aquecimento e
caramelização de substâncias ricas em açúcar). A sua estrutura é apresentda na Figura 3.
Pode-se portanto, utilizar a concentração desse composto como indicador de armazenamento,
aquecimento e processamento inadequados ou prolongados, além de sugerir possíveis
adulterações do mel com açúcar; o que torna essa molécula um dos principais indicadores de
qualidade do mel (KAHOUN et al., 2016).
O acondicionamento do mel deve ser realizado em embalagens próprias para
armazenamento de alimentos, sendo necessária a proteção contra contaminantes externos e
variações de temperatura. É proibido o uso de qualquer tipo de aditivo, seja ele colorífico ou
preservativo e a presença de contaminantes dentro dos limites estabelecidos pelo
Regulamento Técnico MERCOSUL correspondente. Observa-se ainda que não deve haver
objetos macroscópicos como insetos, larvas, grãos e outros.
Por fim, não se pode avaliar a qualidade do mel somente por suas características
físico-químicas, mas também deve-se observar sua fauna microbiológica. A sobrevivência de
microorganismos no mel é limitada pelo tipo, origem do mel e teor de água, dado que sua
baixa concentração de umidade (< 20%) inibe o crescimento bacteriano, todavia fungos
possuem maior resistência ao efeito osmótico (OLAITAN; ADELEKE; OLA, 2007). Alguns
compostos no mel possuem ainda, atividade bactericida, que juntamente com o baixo pH e
alto teor de açúcares previnem o crescimentos de diversos microrganismos (IURLINA e
FRITZ, 2005). Com tantas adversidades, restam somente três tipos de microrganismos no
mel: leveduras e bactérias do mel natural esporuladas, indicadores sanitários (coliformes etc.)
e leveduras e bactérias inoculadas pós-tratamentos, já germinadas e causadoras de doenças.
2.1.3. Leveduras
As leveduras podem corresponder a até 2% da massa total, sendo os verdadeiros
protagonistas da transformação do mel em finos vinhos. Esses organismos unicelulares
eucarióticos são fungos comumente encontrados na natureza e estão intrinsecamente
envolvidos na vida humana e em processos na indústria de alimentos, como na produção de
pães até os mais variados tipos de bebidas alcoólicas; agindo não somente na fermentação de
açúcares em etanol e gás carbônico, como também na produção de diversos compostos
secundários que influenciam diretamente na qualidade e sabor do produto final.
(AQUARONE et al., 2008b)
29
Figura 4: Leveduras Saccharomyces e sua replicação celular.
3
Escala GL ou Gay-Lussac é a escala de fração volumétrica desenvolvida para medir o volume de
substrato em função da solução como um todo (%v/v).
30
comparado a eficiência de leveduras naturais, as quais já se encontram em pequena
quantidade no mel ou mesmo dormentes, vindas do ambiente em que foram trazidas, com
leveduras comercialmente utilizadas e distribuídas na forma de pó esporuladas ou em uma
solução nutritiva (sem a necessidade de pré-tratamentos e hidratação). Sabe-se contudo, que
nem tudo se resume a um alto teor alcoólico e na verdade a produção de compostos como
ácidos orgânicos, glicerol e moléculas aromáticas como ésteres e fenóis vem sendo apontadas
como responsáveis por moldar grande parte das experiências sensoriais mais importantes do
vinho, como corpo, aromaticidade, acidez, cor, dentre outros.
Os resultados verificados por estudos que comparavam leveduras selvagens a cepas
comercialmente isoladas dentro do escopo hidromeleiro foram (PEREIRA, 2015):
a. As leveduras naturalmente encontradas no mel precisam ser cuidadosamente
separadas e nutridas a fim de se tornarem cepas selecionadas e prontas para
serem inoculadas de forma a potencializar a fermentação;
b. Tais leveduras “selvagens” apresentam característica organolépticas
inesperadas ao final do processo de fermentação, com a produção de mais
elementos fenólicos ou ácidos, os quais em excesso nem sempre são
agradáveis ao paladar;
c. Apesar das dificuldades de se selecionar, cultivar, inocular e finalizar a um
determinado teor alcoólico previsto, não se descarta que ela possam ser
utilizadas de forma a agregar um valor muito peculiar e original a bebida, dado
um número suficiente de experimentações e testes práticos;
d. As leveduras comerciais não apresentam um custo exacerbado que inviabilize
a sua compra em larga escala para utilização e mistura com re-injeções
(chamadas pé-de-cuba) e apresentam uma certa segurança com relação a
eliminação de subprodutos e porcentagem alcoólica final, se tornando portanto,
uma escolha mais prudente para produção de hidroméis em escala industrial.
4
Denominação do mosto inicialmente preparado com o objetivo específico de maximizar a
reprodução celular a partir da otimização dos parâmetros de esterilidade inicial, temperatura e pressão do
processo, concentração de substrato, O2, CO2, nutrientes, vitaminas, sais minerais e agitação.
32
Como outros suplementos pode-se mencionar agentes químicos comumente
utilizados na indústria alimentícia, porém sem que mudem a aparência física ou organoléptica
original do produto, advindo da matéria prima utilizada. Pode-se então utilizar por exemplo
antiespumantes, que possibilitam um maior preenchimento do reator devido a redução da
produção de espuma com a liberação do CO2 da solução, (que pode vir a comprometer as
saídas de gás e de medidores no topo do reator) uso de corantes, aromatizantes, conservantes
e antioxidantes.
2.2.1. Esterilização
A primeira e talvez mais importante etapa na produção de hidromel (e qualquer
processo bioquímico) deve ser a higienização de todo material que irá ser utilizado,
reservatórios e tubulações que entrarão em contato com o produto.
No caso da fermentação alcoólica (alimentícia), não é necessária a completa
esterilização dos equipamentos, pois há a produção de inibidores de crescimento no processo
advindo da atividade das leveduras, que impede o desenvolvimento pleno de diversos
microrganismos, sendo possível utilizar técnicas de esterilização mais brandas (PIATZ,
2014).
Os métodos de esterilização podem ser físicos, usualmente utilizando calor ou
radiação; ou químicos, na forma de lavagem com produtos esterilizantes como dióxido de
enxofre ou cloro-derivados. A forma mais simples e usual para a esterilização é a utilização
de calor úmido (vapor), capaz de degradar irreversivelmente diversas estruturas de
microrganismos, como enzimas e membranas celulares. (AQUARONE et al., 2008a). Para
pequenos equipamentos ou itens sensíveis a temperatura como, densímetros, refratômetros ou
phmetros pode-se utilizar álcool 70%, visto que a alta concentração alcoólica desnatura
proteínas microbianas e a diluição com água aumenta o tempo de contato e a entrada do
34
álcool em suas membranas celulares. Os outros métodos, são hora mais custosos, outrora
demasiado fortes, podendo até deixar traços que iriam contaminar o mosto.
Não deve-se esquecer da esterilização do ar para injeção em mostos fermentativos, a
fim de fomentar trocas gasosas de oxigênio para o líquido, que compreende somente 21% dos
gases atmosféricos, auxiliando o bom funcionamento metabólico da reprodução das
leveduras. Sabendo-se que existem tanto contaminações particuladas (poeiras de até 4μm),
quanto microbiológicos (leveduras e bolores grandes ou até bactérios de esporos de até 1-
2μm), existem opções como a esterilização por calor, por radiação ou por filtração; sendo a
filtração por membranas a mais viável para tais processos. De posse de toda essa informação,
percebe-se que a alternativa mais econômica e eficiente é, sem dúvida, a utilização de cilindro
de oxigênio puro, sendo largamente utilizado em escala industrial alimentícia, com
necessidade mínima de manutenção e poucos ou nenhum equipamento acessório (sem
necessidade de bombas, compressores ou filtros). Sua utilização não demanda um grande
gasto com equipamentos, manutenção e poupa muito tempo de operação, não causa a
produção de radiações ou problemas com contaminação e eficiência de filtração.
36
Ao mosto tratado, também devem ser adicionados uma série de suplementos e
vitaminas de modo a fornecer os elementos necessários à reprodução celular das leveduras
resultando em uma eficiente fermentação, sabendo-se que o mel é uma matéria-prima com
baixa quantidade de nutrientes como nitrogênio e fósforo, essenciais ao metabolismo desses
microrganismos. A ausência destes elementos acarreta em tempos de fermentação longos e
baixa qualidade de padronização do produto final, além de possíveis off-flavors derivados do
contato demasiado entre o produto final e células autolisadas. (PEREIRA, 2015)
É de extrema importância o método utilizado para tal suplementação: Piatz (2014),
atenta para o fato de que os nutrientes devem ser adicionados periodicamente, “staggered
nutrition” e não tudo de uma única vez. Isto faz com que as células cresçam em menor
quantidade, porém com mais qualidade (maior quantidade de proteínas) o que proporciona-as
uma maior vida-útil e resistência ao álcool formado. A adição de uma só vez pode causar
ainda, a multiplicação de células indesejadas e acelerada demasiadamente o metabolismo das
leveduras, levando à germinação de células com menor quantidade de proteínas e mais
frágeis, que por sua vez produzem mais subprodutos indesejados. Estes subprodutos também
podem ser produzidos por outros microrganismos presentes no mosto, consumindo o
substrato caso a suplementação seja feita de forma inadequada e gerando aromas e sabores
desagradáveis. A sugestão do autor para adição de nutrientes de forma gradual é de ¼ do total
durante a mistura inicial do mosto, ¼ após 48 horas de preparação, ¼ após 96 horas de
preparação e o restante quando a massa específica atingir 30% do valor final desejado.
Diferentes tipos de suplementação podem ser observados no Quadro 1.
37
Quadro 1: Duas diferentes e usuais fórmulas para suplementação do mosto.
2.2.3. Inoculação
Antes que a fermentação ocorra, é necessário o preparo prévio das leveduras a serem
utilizadas no processo e como já discutimos anteriormente, há de se utilizar as leveduras
comerciais por sua maior confiabilidade. Estas, estão disponíveis principalmente em duas
formas, as liofilizadas e aquelas em solução líquida, ambas necessitando de um pré-
tratamento antes de serem inoculadas diretamente no mosto - a forma liofilizada, apesar de
possuir uma vida útil mais longa deve ser reidratada em certas condições ótimas de
temperatura (dependendo da levedura usada), concentração de substrato, oxigênio, inocuidade
da água e do recipiente utilizado antes de seguir para a fase de diluição até chegar a
concentração ideal de células por ml para o volume do mosto; enquanto a forma líquida já é
inserida diretamente no processo de diluição. Estes preparos anteriores a inoculação
produzem resultados mais satisfatórios durante a fermentação, reduzindo a fase lag5 e riscos
de contaminação inicial do mosto. (SCHRAMM, 2003; PIATZ, 2014)
A reidratação das leveduras desidratadas, como o próprio nome diz, consiste na
mistura do conteúdo dos pacotes, em pó, com água. Este processo demora cerca de 15 a 20
minutos. Alguns detalhes devem ser levados em conta na reidratação segundo Piatz (2014): a
água utilizada não deve ser destilada ou deionizada, pois os microorganismos desidratados
5
Fase lag é a etapa de multiplicação celular em que o metabolismo das leveduras está focado na
replicação celular, crescendo sua população de forma exponencial até chegarem a um limite físico, onde a
concorrência por substrato, nutrientes ou oxigênio torna a taxa de crescimento idêntica a taxa de mortes ou
inativação das mesmas.
38
utilizam os minerais presentes na água durante este processo, portanto uma leve dureza na
água é benéfica (cerca de 250 ppm de dureza). A temperatura ideal para que não haja perda de
células é de cerca (ou pouco abaixo) de 40°C, sendo indicado a manutenção dessa
temperatura pelo tempo determinado anteriormente. Após sua reidratação, deve-se misturar a
solução de leveduras concentradas com uma fração menos concentrada do mosto, a fim de
aclimatar as leveduras e dar início a multiplicação celular, focando-se em prover oxigênio
com misturação, nutrientes e substrato para a solução, que dali em diante deve seguir para o
processo de diluições maiores até ser inoculada diretamente no reator.
Quanto às leveduras em solução líquida, usualmente podem ser utilizadas direto da
embalagem em que foram comercializadas, mas para que a fermentação seja eficiente, é
necessário multiplicar o número de células ativas antes de sua inoculação no mosto de acordo
com o método demonstrado a seguir.
Um starter de leveduras consiste em uma pequena pré-fermentação, com o intuito de
garantir um número saudável de células de leveduras no mosto, que, segundo Schramm,
(2003), devem ser de até 10 milhões de células por mililitro de mosto, sendo então necessário
ao starter possuir cerca de 1 milhão de células por mililitro. Para que esse valor seja atingido,
deve-se utilizar um recipiente previamente esterilizado com cerca de 10% do volume da
batelada para a produção do starter, com uma solução que seja semelhante em nutrientes ao
mosto. Esta solução deve ser vigorosamente agitada após a adição das leveduras, para que
seja oxigenada e então selada. Em 12-24 horas surgem os primeiros sinais de fermentação e
em 1-3 dias o starter está pronto para inoculação.
No aspecto industrial, devido aos grandes volumes de batelada, é necessário ainda
passar o starter por diversas diluições a fim de se obter o número de células ativas desejadas,
evitando problemas de atrasos ou contaminações. Para que isso seja possível, a propagação do
inóculo deve seguir uma metodologia específica, a partir da incubação inicial, na qual os
microorganismos devem ser transferidos para meios de cultura com volumes crescentes,
sempre em sua fase logarítmica de crescimento para garantir o rápido desenvolvimento das
células. Apenas a última transferência, direto ao fermentador de produção, pode ser feita na
fase de declínio de crescimento. É sugerida a transferência para um recipiente de volume 10
vezes maior que o anterior, até que seja atingido o volume de produção, o qual alimentará
uma dorna que por sua vez alimentará o fermentador, como demonstrado na Figura 7.
(AQUARONE et al., 2008a)
39
Figura 7: Esquema ilustrado do processo de diluição para inoculação industrial.
Durante a inoculação, deve-se atentar para que não haja um choque térmico durante a
adição das leveduras ao fermentador, pois uma variação de temperatura maior que 10°C pode
ser nocivo ao metabolismo e gerar um stress nas leveduras diminuindo sua eficiência inicial
(PIATZ, 2014).
A importância desta etapa é crucial para manutenção e otimização do tempo de
fermentação mais curto possível, pois não é necessário esperar de 1 a 3 dias para que a
fermentação no reator se intensifique, visto que pode-se iniciar o inóculo em laboratório e
coordenar a data de esvaziamento, limpeza e preenchimento do reator principal com o ápice
da concentração celular do starter em escala menor; como demonstrado na Figura 8.
40
Figura 8: Estudo gráfico da fermentação alcoólica por meio de microcalorimetria.
41
2.2.4. Fermentação
Fermentação é o processo microbiológico de transformação de uma matéria-prima
(geralmente glicose) por meio de um metabolismo enzimático (havendo células vivas ou não)
em que se obtém um produto desejado. Existem dois tipos de fermentação, as descontínuas ou
bateladas, que são conhecidas pelo homem desde a antiguidade e ainda hoje utilizadas; e a
fermentação contínua, caracterizada pela não necessidade de sucessivas paradas para
lavagem, inoculação e preenchimento de mosto, sendo feitos com uma vazão calculada para o
tempo de fermentação desejado (AQUARONE, et al., 2008a).
O processo descontínuo é o mais utilizado nos processos da fermentação alcoólica
alimentícia, dadas pesquisas em grandes cervejarias e vinharias pelo mundo, sendo o processo
contínuo apenas identificado em 2 grandes cervejarias, as quais estão voltando para o
processo em batelada devido ao maior controle de possíveis contaminantes, das características
finais do produto, da concentração alcoólica mais precisa e qualidades organolépticas mais
apuradas (AQUARONE et al., 2008b).
A reação global e a simplificação das reações biocatalíticas da quebra da glicose e
são dadas por:
Para realizar a glicólise (quebra da molécula de glicose para gerar energia) , pode-se
utilizar diversos tipos de recipientes, os chamados “Biorreatores”; onde a otimização da
transformação da matéria-prima é realizada por uma série de reações químicas “catalisadas”
pelo que se chama de biocatalisadores, que podem ser enzimas ou células vivas. Esses
reatores bioquímicos ou biológicos são responsáveis, desde 1940, pela produção de
importantes compostos como antibióticos, vitaminas, ácidos orgânicos, solventes, ou ainda no
tratamento de resíduos orgânicos industriais e domésticos. Um esquema geral do processo é
apresentado na Figura 9.
42
Figura 9: Esquema da cadeia metabólica de quebra da glicose.
Fonte: Slides de aula de bioquímica avançada do Prof. Júlio César Borges, USP, São Paulo,
Brasil - Acessado via web: http://tiny.cc/chqe7y no dia 23/05/2019.
44
Figura 10: Efeito da aeração no crescimento das leveduras:
(●) 7 mg O2/L; (■) 10 mg O2/L; (▲) 12 mg O2/L (n = 3; média ± desvio padrão).
6
Grau Brix é a escala de 0 a 100% utilizada para se medir a quantidade de açúcar restante em uma
solução através da refração causada pela concentração deste.
45
entre 1.006 - 1.012, enquanto os suaves podem possuir 1.012 ou mais (SCHRAMM, 2003),
sendo algumas antigas receitas típicas polonesas “Dwojniak” e “Poltorak” representadas por
uma doçura marcante e bebida com corpo quase licoroso (densidade próx. de 1.060).
Outras formas de se avaliar o fim da fermentação, como observado por Piatz (2014),
são a diminuição ou término da forte efervescências e a floculação das leveduras que se
esporulam ou morrem devido ao grande stress causado pelo baixo teor de substrato, oxigênio
e acidez, além do alto teor alcoólico de CO2 . Ao fim da fermentação, as células em suspensão
acabam por decantar ao fundo do fermentador, devido a mudanças na estrutura da membrana
celular, elas se aglutinam o que em contato com o mosto por um período muito prolongado
pode gerar sabores e aromas desagradáveis.
Vale ressaltar ainda que a fermentação nunca cessa de forma definitiva, a menos que
não haja mais substrato algum para ser consumido, tendo sempre uma pequena concentração
de leveduras ativas consumindo o residual de substrato, oxigênio e nutrientes na solução, até
mesmo proveniente de outras leveduras mortas. Alguns autores denominam de fermentação
primária esta parte em que as leveduras começam a se multiplicar até entrarem em declínio,
restando não mais do que 10% do substrato inicial do mosto.
2.2.5. Trasfega
Após detecção do término da fermentação primária, o produto ainda não está pronto,
necessitando ainda passar por outros processos para que se obtenha um hidromel de boa
qualidade. O residual de células de leveduras que ainda encontram-se em suspensão, o que
pode ser observado pelo aspecto turvo da bebida, com o cessar da movimentação, devido a
redução significativa da atividade das leveduras, começa a decantação natural dessas
partículas, que se depositam no fundo do reator formando uma borra. O ato de se separar essa
borra do restante da solução para outro recipiente chama-se trasfega e existem algumas
maneiras de se aumentar a eficiência dessa operação de separação, que pode-se considerar
como sendo a clarificação do mosto, conferindo maior translucidez ao produto final e maior
vida-útil devido ao menor número de células em suspensão.
A forma mais fácil de se clarificar o mosto é simplesmente aguardando a ação da
gravidade, porém, desta forma há de se levar em conta o custo indireto do tempo gasto. Para
vencer esta barreira, pode-se optar pela clarificação por processos físicos (ex.: centrifugação
ou resfriamento) ou química, onde são adicionados compostos munidos de cargas elétricas,
46
que atraem e aglomeram as partículas em suspensão, pesando-as e decantando-as mais
rapidamente. Possíveis produtos decantadores são citados por Piatz (2014) e comumente
utilizados na produção de vinhos, como gelatina, ictiocola, bentonita, carvão ativado,
pectinase e quitosana.
“A bentonita é uma substância mineral bastante empregada na clarificação de vinho,
sobretudo em vinhos brancos, para a eliminação da turvação protéica ou casse protéica..
Trata-se de um mineral, da família da argila, de silicato de alumínio hidratado, cuja
composição principal é montmorilonita (Al2O34SiO2xH2O). Ela apresenta a capacidade de
intumescer e fixar até 10 vezes o seu peso em água; isto permite preparar pasta gelatinosa de
característica coloidal e de carga eletronegativa, conferindo-lhe um forte poder de adsorção.”
(AQUARONE et al., 2008b, p.61)
Outra forma de auxiliar a decantação dos sedimentos é através do rápido
resfriamento do meio, previamente 1 a 3 dias do bombeamento para o segundo reservatório.
Esse choque de temperatura causa a floculação da maioria das leveduras ainda em suspensão
que se aglutinam e decantam rapidamente, auxiliado ao fato de que não é possível a
fermentação de glicose a etanol em temperaturas próximas do congelamento da água
geralmente entre 1 - 4°C, o que é comumente chamado de “cold-crash”, método muito
utilizado na produção de cervejas, vinhos e hidroméis de alta qualidade (PIATZ, 2014;
GARLET et al., 2015).
2.2.6. Maturação
O processo de maturação caracteriza-se pela guarda do vinho, com ou sem a
presença de oxigênio, que pode ser feita em tonéis reservatórios ou muito comumente em
barris de carvalho. A maturação é uma importante etapa da maturação dos vinhos com a
função de permitir o equilíbrio entre os aromas e sabores da bebida, que difere do
“envelhecimento” por ser antes do envase.
O hidromel pode ser estocado em tanques ou guardado nas garrafas para que mature,
passando por uma série de reações químicas secundárias que afetam as características físico-
química e sensoriais da bebida. Nesta etapa ocorrem diversas reações como a esterificação,
entre álcoois e ácidos formando ésteres, responsáveis pela característica frutada no sabor e
etc. Outras transformações podem ser físicas, como os compostos fenólicos, taninos, por
exemplo, são agregados e decantados, balanceando a adstringência e acidez aparente.
47
Vinhos mais alcoólicos, ácidos ou de origem frutada (maior quantidade de fenóis)
possuem maior potencial de maturação e envelhecimento e serão mais beneficiados por
períodos maiores de maturação. A presença ou não de oxigênio durante a maturação é um dos
fatores chave a serem controlados, pois esta pode acontecer tanto na presença controlada de
oxigênio, sendo denominada maturação oxidativa, ou em sua ausência, sendo denominada
maturação redutiva. A maturação redutiva é associada a bebidas com características suaves,
frutadas e doces, devendo ser consumidas mais rapidamente para evitar oxidação. Já a
maturação oxidativa está ligada a bebidas mais alcoólicas, com maior teor de taninos.
(PIATZ, 2014)
A maturação em barris de carvalho é uma das formas de permitir uma oxidação
controlada do hidromel, pois a madeira permite pequenas trocas gasosas com o ambiente,
causando uma lenta oxidação, levando em conta condições ótimas do ambiente, como baixa
temperatura, controle de luminosidade e alta umidade (maior que 75%), possibilitando assim
o controle da velocidade dessas reações por meio do “inchaço” da madeira e redução do
número e tamanho dos poros na madeira. Além disso, a madeira confere novos sabores,
aromas e tons de coloração para a bebida, trocando compostos de sua superfície com o
líquido, que dependendo do tempo e superfície de contato pode ser mais ou menos demorado.
Comumente são utilizados barris de 168 a 225 litros nas indústrias de cerveja, vinhos e
destilados, porém o tamanho pode ser menor, para cervejas de curta maturação (agregando
mais sabor de madeira nesse curto tempo devido a alta relação de área superficial com o
volume de líquido); como maiores (úteis para maturação de destilados a longo prazo,
conferindo maior delicadeza e suavidade ao produto final). Pode-se optar ainda por 4 níveis
de torra interna da madeira, conferindo cada vez mais sabores de “toffe” e torrado à bebida.
(DIFFORD, 2019)
É indicada uma maturação de algumas semanas a seis meses para bebidas mais
suaves, enquanto para obter-se uma padrão mais destacado, podem permanecer nos barris por
períodos de 3 anos até algumas décadas. Este período também pode ser com ou sem a
presença de borra, conferindo à bebida características aromáticas e incorporando o vinho
durante sua maturação devido a reações com as leveduras autolisadas e em decomposição,
mesmo que seja um risco de apresentarem aromas ou “retrogostos” desagradáveis. Tal técnica
é geralmente utilizada para vinhos espumantes (brancos) onde deseja-se aprimorar a sua
coloração e complexidade da bebida, pesar um pouco mais o corpo do vinho com mais ésteres
48
e glicerol, assim como proporcionando a formação de bolhas mais finas e de maior
persistência (MARINI, 2017).
Usualmente hidroméis que não foram aquecidos em sua produção necessitam de
menos tempo de maturação (de seis meses a um ano) do que os que foram aquecidos ( entre
um e dois anos), devido a maior necessidade de tempo para construção de complexidade.
Caso queira-se evitar a oxidação do produto durante a maturação é necessário evitar o
máximo o contato com o ar, utilizando-se tonéis de polipropileno alimentício ou de aço
inoxidável com sistemas de airlock, minimizando o espaço vazio dentro dos tanques de
maturação (headspace) e preenchendo qualquer volume vazio com gases inertes; garantindo-
se desse modo a minimização do contato do oxigênio com os ácidos e moléculas orgânicas
dissolvidas, mantendo-se o sabor e aroma originais da bebida por um período mais longo
(SCHRAMM, 2003).
2.2.7. Finalização
A etapa de finalização compreende a estabilização, padronização, filtração e envase,
para distribuição ou guarda/envelhecimento dentro da própria garrafa (como em vinhos do
porto).
A estabilização consiste na parada de fermentações secundárias que estejam
ocorrendo ou que possam ocorrer no produto final, de modo a manter a bebida com as
características desejadas até o seu consumo. Ela pode ser feita através da adição de químicos,
ou por processos físicos (aquecimento/resfriamento), assim como ambos em conjunto. Os
produtos químicos comumente utilizados para a estabilização de produtos alimentícios são o
metabissulfito de potássio e o sorbato de potássio, capazes de controlar os microrganismos
responsáveis pela continuação da fermentação. O aquecimento ou pasteurização possui alta
eficiência estabilizadora, causando a morte de diversas leveduras e aumentando assim a vida
útil do produto na prateleira, apesar de degradar algumas moléculas mais sensíveis
responsáveis por alguns aromas e sabores mais refinados. Já o resfriamento é utilizado para
reduzir a atividade metabólica das leveduras, cessando o processo biológico e possivelmente
esporulando-às, fazendo com que se aglutinem e decantem ao fundo do tanque; todavia esse
processo é reversível e ao identificar temperaturas ou condições favoráveis, as leveduras
germinam e voltam a se dispersar e turvar o produto (PIATZ, 2014; SCHRAMM, 2003).
49
Uma das dificuldades da produção de hidromel industrial é manter sua padronização,
uma vez que o produto varia suas características finais de acordo com as matérias primas
utilizadas (principalmente a origem do mel), cepa de leveduras e tempo de fermentação. O
mel, tende a variar muito em sua composição, pois esta depende da espécie de abelha, das
flores da estação, temperatura ambiente, entre outros (PEREIRA, 2015). Portanto, é essencial
uma etapa de padronização ao fim da produção para garantir ao consumidor o recebimento de
um produto dentro das especificações esperadas e que não haja variação muito brusca entre as
bateladas. Para isso, será necessário avaliar uma série de fatores como teor alcoólico, açúcar
residual, pH, acidez volátil, coloração e características sensoriais em geral. Caso estejam fora
do padrão esperado, deverão ser feitas correções específicas para cada parâmetro.
Após a padronização, é recomendada a filtração do produto, a fim de reduzir ao
máximo a concentração de leveduras e particulados em suspensão, tanto estabilizando o
produto, mantendo os sabores e aromas originais por mais tempo, quanto gerando um produto
límpido, de aparência agradável e reduzindo o acúmulo de sedimentos após o envase
(PEREIRA, 2015). Esta filtração final do vinho pode também ser considerada como uma
etapa de estabilização do produto, quando tratado com meios filtrantes microporosos
esterilizantes capazes de capturar partículas próximas a 1 micra e portanto separando o
hidromel da maioria de suas impurezas e também da maioria das leveduras, reduzindo
drasticamente a sua turbidez e aumentando sua vida útil e manutenção de sabores/aromas. A
Figura 11 apresenta diversos tipos de métodos de filtração.
50
Figura 11: Tamanhos de partícula e métodos de filtração.
2.3. EQUIPAMENTOS
2.3.1. Estocagem
A água utilizada para a produção deve obedecer aos mesmos padrões para água
potável (BRASIL, 2009), e portanto sua estocagem deve obedecer aos mesmos critérios, para
tanto tanques de coloração escura impedem a incidência de luz solar, inibindo crescimento de
algas na água. O material de produção deve ser mecanicamente resistente e caso esteja
51
exposto ao ambiente, deve possuir proteção UV, garantindo sua durabilidade. Deve ser isento
de produtos potencialmente tóxicos em sua composição, de modo que não contaminem a água
armazenada (HEMANTH, 2016). No caso de coleta de água diretamente de fonte tratada
(distribuição municipal) pode-se utilizar o próprio reator (previamente esvaziado e tratado)
para armazenar a água a ser utilizada na diluição do mel, desde que não haja um espaço
temporal maior do que alguns dias entre seu preenchimento com água e mistura com mel para
inoculação.
A estocagem do mel a ser utilizado deve ser feita preferencialmente em tanques de
alumínio, aço inox ou plástico especial, que devem apresentar revestimentos apropriados e ser
resistentes à acidez. Estudos mostram que a temperatura ideal para armazenamento é entre 10
à 16°C, de modo a evitar a formação de HMF e garantir a atividade das enzimas. Porém, às
condições ambientes no clima de Niterói/RJ de temperatura média anual correspondente à
23,4°C (CLIMATE DATA, 2019), o mel apresentará cerca de 2 - 4 anos de tempo de
estocagem preservando suas propriedades e também sofrerá menor taxa de cristalização
devido a temperaturas um pouco mais elevadas de conservação, além de atentar-se a umidade
relativa, que na estocagem deve ser inferior à 65% (BOGDANOV, 2008).
Os produtos químicos devem ser armazenados de acordo com as recomendações
presentes na FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) de cada
agente químico, obtidas junto ao fornecedor; devendo uma cópia estar sempre mantida em
local de fácil acesso e outra de forma digital. É necessário atentar-se à produtos químicos
incompatíveis, mantendo-os sempre fora de contato.
Usualmente também são indicadas boas condições de limpeza geral, ambiente seco,
fresco, longe de calor e umidade, além de telas ou filtros na parte de ventilação e aberturas,
evitando a entrada de animais e contaminações como poeiras e detritos carregados pelo ar. O
pessoal responsável pela operação dos tanques, reatores e manipulação de produtos químicos
devem possuir equipamentos de segurança alimentar, como luvas, proteção de pés, tocas
antisépticas, e jalecos ou no caso de manuseio fino de vidrarias, a higienização intensa das
mãos e antebraços.
2.3.2. Bioreatores
Biorreatores podem ser definidos como reatores onde ocorrem reações químicas
catalisadas por microorganismos ou enzimas, utilizados em bioprocessos, como a
52
fermentação. Podem ser classificados de diversas formas, como por exemplo quanto a
presença ou não de células vivas ou quanto ao tipo de processo, aeróbio ou anaeróbio.
Especificamente na fermentação alcoólica, são utilizados reatores com alta concentrações de
células, da faixa de 3 a 6 x 106 células por mililitro de meio (SATYANARAYANA, 2009).
As reações podem acontecer em fase aquosa ou não aquosa, com as células
imobilizadas em suporte ou não, porém, de todas as configurações existentes, 90% dos
utilizados em indústria são do tipo agitado mecanicamente, ou STR (Stirred Tank Reactor)
(AQUARONE et al., 2008a).
Reatores do tipo STR podem ser utilizados em uma vasta gama de processos, tanto
aeróbios quanto anaeróbios, envolvendo diversos tipos de substratos e células. Em processos
de larga escala são utilizados grandes reatores, normalmente de aço inox, o que proporciona
uma longa vida útil ao equipamento. São munidos de sistema de agitação, aeração e de
aquecimento/refrigeração, com pH controlado através de solução tampão. Proporções usuais
altura-diâmetro encontradas nas construções desses equipamentos são de dois para um ou três
para um (DUTTA, 2008). O esquema de um biorreator tipo STR é apresentado na Figura 12.
53
Quanto ao material de construção dos biorreatores, Stanbury (2017) cita que é
necessário a escolha de um material que seja resistente à múltiplos ciclos de esterilização,
devido à necessidade de manter as condições assépticas durante as bateladas. Também deve-
se considerar a resistência à pressão, corrosão e toxicidade do material. Usualmente é
utilizado aço inoxidável AISI 316 ou AISI 304.
54
Figura 13: Comparação entre turbinas Rushton e Axial.
Algumas sugestões de projeto para sistemas de agitação são fornecidas por Benz
(2011):
55
não sofram estresse e possam replicar-se em células saudáveis. Ainda na fase de pico das
leveduras é recomendável a manutenção de alguns ppm de oxigênio dissolvidos (entre 8 e
12ppm), com o intuito de manter a saúde das leveduras até que se atinja cerca da 90% de
conversão desejada.
Portanto, é necessário dimensionar um sistema de aeração eficiente para garantir uma
multiplicação celular inicial vigorosa e uma vazão mínima durante a fermentação como um
todo, evitando a super oxigenação e oxidação do mosto; o que gera uma certa complexidade
de projeto, devido à baixa solubilidade do oxigênio em água e as variações de concentração
desejada durante diferentes etapas do processo.
A concentração de oxigênio típica provida do ar encontrada em soluções aquosas é
da faixa de 4 mg/L à 8 mg/L, dependendo do método de agitação/aeração que pode ser a
simples agitação do mosto ou circulações com splash. Maiores dissoluções de oxigênio no
mosto otimizam o crescimento das leveduras, sendo aconselhadas concentrações de 10 a
15ppm para suprir as necessidades aeróbicas das leveduras sem super-oxigenar o mosto. Para
atingir tais concentrações seria preciso utilizar uma enorme vazão de ar e um forte sistema de
agitação, por outro lado a injeção de oxigênio puro em um curto espaço de tempo, através de
um dispersor, usualmente instalado no fundo do reator é capaz de suprir essa demanda entre 1
e 2 minutos com uma vazão entre 1 e 5 L/min.
Três tipos básicos de dispersores são descritos e comparados por Stanbury et al.
(2017), o dispersor poroso, dispersor de orifício e dispersor de “bicos”. O dispersor poroso
usualmente é feito de cerâmica ou vidro sinterizado e é capaz de produzir bolhas de tamanho
de 10-100 vezes maior que o poro, porém apresenta problemas como baixa vazão de aeração
devido à queda de pressão e a possibilidade de entupimento dos poros. Dispersores de orifício
são basicamente tubos perfurados, pelo qual o oxigênio é percolado, são instalados em
arranjos em formatos de cruz ou círculo. Dispersores de bicos, ou pontas, são utilizados em
tanques agitados mais modernos, os quais possuem uma única tubulação de ar servindo à esse
intuito. Este tem por vantagem uma menor queda de pressão e menores chances de ser
bloqueado. É indicado seu posicionamento abaixo dos impelidores, porém à maior distância
possível para que não atrapalhe a mistura.
Embora o sistema de agitação-aeração apresentado nos reatores tipo STR seja o
dominante na indústria, há uma série de sistemas alternativos de aeração em reatores, como
reatores de coluna de bolhas e sistemas de air-lift, que são utilizados de forma a combater as
56
desvantagens da utilização do STR, como alto consumo de energia elétrica ou no caso de
célula sensíveis à agitação mecânica (DUTTA, 2008). Como na escala proposta por este
trabalho a velocidade do impelidor e a vazão de oxigênio do cilindro de gás oxigênio
medicinal geram uma boa mistura e dissolução do O2, não há necessidade de se projetar
reatores com estruturas personalizadas como as citadas anteriormente, as quais apesar de mais
eficientes, iriam gerar um acréscimo incalculável no investimento inicial do projeto.
57
de tubos verticais internos, que também atuam como chicanas (BENZ, 2011). Esses sitemas
são representados na Figura 14.
Os sistemas de refrigeração por camisa térmicas (ou camisas térmicas) têm caído em
desuso, pois são os mais ineficientes na transferência de calor, devido à má circulação do
fluido refrigerante, ainda assim são largamente utilizadas e úteis, principalmente em reatores
de menor volume reacional. A utilização de serpentinas também possui seus inconvenientes,
como redução do volume útil do fermentador, dificuldade de limpeza, dificuldade de mistura,
e possivelmente serem foco de contaminação do sistema devido à defeitos de solda. Uma
solução para esses fatores é o emprego de serpentinas externas, soldadas às paredes do reator
(AQUARONE et al., 2008a).
2.3.3. Maturadores
Para que seja possível iniciar-se uma nova batelada de produção, enquanto a
maturação continua por mais tempo, o hidromel deve ser trasfegado para tanques secundários,
chamados tanques maturadores. Estes tanques diferenciam-se do reator principal no formato,
não necessitando da base cônica, pois nesse estágio a produção de borra é muito menor que
durante a fermentação primária, e por não necessitarem de sistemas adicionais como
refrigeração, misturação e aeração.
58
Caso o objetivo seja seguir o processo de maturação redutiva, é necessário garantir a
minimização de oxigênio dentro do tanque de maturação, o que pode ser efetuado utilizando-
se um sistema de airlock nos tanques maturadores. Também é importante reduzir o espaço
não preenchido dentro do tanque, chamado headspace, para evitar a troca de gases em
demasia com a superfície do vinho.
Uma forma mais refinada de efetuar a maturação é utilizando-se barris de carvalho,
através de processo de maturação oxidativo. Estes barris permitem troca gasosa entre a bebida
e o ambiente e contribui com vanilina e taninos, afetando significativamente as características
do hidromel. São indicados a utilização de barris de 200 litros, que permitem uma área de
contato entre seu conteúdo e o carvalho de aproximadamente 90cm²/litro, potencializando
processos mais longos de maturação. O tipo de carvalho também interfere no processo, sendo
utilizado majoritariamente madeira de carvalho-branco em sua confecção (SCHRAMM,
2003).
Também pode-se obter o efeito de maturação com carvalho utilizando-se lascas de
carvalho dentro de um maturador usual, porém desta forma não ocorre trocas gasosas com o
ambiente (maturação oxidativa). Este método pode substituir as diversas complicações
envolvendo a utilização, tratamentos para reutilização dos barris de carvalho; agregando os
sabores e aromas característicos dos chips da madeira selecionada e reduzindo uma parte da
acidez.
2.3.4. Filtros
A filtração é uma operação simples e eficiente para a separação de sólidos de
líquidos e gases, e pode ser utilizada em diversas operações dentro da planta, atuando
majoritariamente na esterilização de matérias-primas ou na clarificação do produto final.
Stanbury et al. (2017), ilustra um complexo sistema de fermentação na Figura 15, com o
posicionamento e possibilidade de instalação de filtros para esterilização. Como legenda as
letras A referem-se à ar, L à líquido, V à vent, acompanhadas de S, esterilizador, e P, pré-
filtro.
59
Figura 15: Diferentes posicionamentos de filtros para esterilização das correntes no
sistema.
Estes filtros podem ser classificados de acordo com o tamanho dos poros dos meios
filtrantes, sendo filtros absolutos, com poros de tamanho inferior às partículas que se quer
remover, ou filtros de profundidade, com poros maiores do que quer ser removido,
usualmente utilizados para filtração de ar.
Filtros de profundidade atuam através de três diferentes métodos - impacto inercial,
onde as partículas se chocam com o meio devido ao seu momento de inércia, difusão, que
ocorre devido ao movimento aleatório de partículas pequenas que acabam retendo-se nas
fibras (melhor para gases) e por atração eletrostática, atração mútua entre partículas que
possuem carga oposta. Estes filtros não são 100% eficientes na remoção de microrganismos
devido aos métodos utilizados, sendo mais utilizados na filtração de gases.
Filtros absolutos efetuam a remoção de partículas e microrganismos através do
simples bloqueio da passagem através de poros de tamanho inferior. Os efeitos apresentados
nos filtros de profundidade também se aplicam aos filtros absolutos, tornando-os altamente
eficientes na remoção, porém ao custo de uma maior queda de pressão. São mais empregados
para filtração de líquidos e remoção de biomassa.
As membranas de filtração são fabricadas em formato de cartucho, previamente
esterilizados, que são inseridos no equipamento e podem ser facilmente substituídos. Estes
60
cartuchos possuem grande área superficial para filtragem e minimizam a perda de carga no
sistema (STANBURY et al., 2017). A Figura 16 apresenta os componentes de um filtro.
61
Figura 17: Filtros usuais para vinho, filtro com terras diatomáceas (esquerda) e filtro
prensa com membrana de celulose (direita).
2.3.5. Acessórios
2.3.5.1. Bombas
Durante o processo, será necessário bombear água e mel para o fermentador
principal, hidromel fermentado para os tanques maturadores e hidromel já maturado através
de filtro para tanque de estocagem intermediário e posteriormente para o sistema de envase.
Para o bombeamento de água usualmente são utilizadas bombas centrífugas, pois são
comprovadamente eficientes para operação de fluidos limpos e pouco viscosos.
O bombeamento de mel é mais complexo em relação à água, devido à sua alta
viscosidade e pela abrasão que é causada pelo mel cristalizado, sendo indicado uma bomba de
deslocamento positivo mais resistente e eficiente neste caso.
Deve-se atentar no bombeamento do hidromel à possibilidade de presença de
material sedimentado, que pode afetar o bombeamento através de bombas centrífugas usuais.
Bombas de polpa (slurry) são capazes de lidar melhor com a presença de partículas.
(GLOBAL PUMPS, 2016)
2.3.5.2. Válvulas
Para o controle de vazões, fechamento pressurizado (leve) e realização de controles,
medidas e aferições antes, durante e após as fermentações, são necessárias válvulas de
62
diferentes tipos, níveis controle, vazões e resistência, sendo importante verificarmos que tipos
de válvulas seriam ideais para os distintos objetivos desta planta.
Para a parte do pré-tratamento, verifica-se a necessidade de uma válvula para
controlar a vazão da água entrando nos filtros, a qual deve ter um bom controle (linear) de
vazão e não necessita de grandes tamanhos, visto que o diâmetro de entrada dos equipamentos
são de ¾”. Portanto uma válvula que tenha o mínimo de perda de carga e maior controle seria
o ideal, a qual poderia ser uma válvula do tipo esfera.
Para o controle da vazão do mel saindo do tanque de armazenamento em direção ao
reator principal ou ao tanque temporário de mistura e envase é necessário uma válvula
confiável e que seja de fácil limpeza, com um diâmetro não muito grande. Nesse caso seria
possível utilizar uma válvula borboleta, visto que esta não possui muitas partes móveis e
quando feita com metais resistentes a corrosão pode ser higienizada com calor úmido
bombeado através do outro lado da tubulação, retirando restos de mel e esterilizando o
interior da tubulação e a face que oposta a que fica em contato com o mel. Por este motivo, a
válvula borboleta também pode ser aconselhada para as saídas do tanque principal e dos
maturadores para trasfegas.
No fundo do fermentador principal é necessária ainda uma válvula com função de
reter todo o conteúdo, borra e detritos decantados até que o restante da solução seja trasfegada
e então seja necessário retirar esses dejetos, ricos em material orgânico, sem que este
necessite de um controle refinado de vazão. Para tanto indica-se uma válvula gaveta de no
mínimo 2” para escoar essa lama, portanto só exige dela as posições totalmente fechada ou
totalmente aberta; além da robustez desse tipo de válvula, que garante uma boa selagem e
possui uma posição totalmente aberta praticamente nenhuma obstrução.
63
açúcares e consequente diminuição da densidade do mosto estão diretamente ligados a
velocidade de produção de etanol e à saúde das leveduras. O instrumento responsável por
realizar tal medida chama-se densímetro e pode ser digital ou analógico. O densímetro digital
possui as variações de leitura manual ou automatizada, sendo ambas já previamente corrigidas
pela temperatura de leitura e com altíssima precisão; já o densímetro de vidro, analógico,
possui precisão limitada, escala de leitura igualmente limitada e necessita de correção a partir
da medida de temperatura naquele instante. O aconselhável para essa situação seria investir
em um densímetro digital para coleta a partir de amostragem (juntamente com outras
variáveis) e possuir um densímetro de vidro, analógico, com uma escala mínima de 1,000 a
1,100 kg/dm³ para o caso de problemas na calibração ou de origem elétrica no aparelho mais
preciso.
Concomitantemente à medida da densidade, pode-se realizar a medida do grau de
refração (%BRIX), que nos indica o quanto a luz refrata após passar por uma lâmina da
solução concentrada em partículas defletoras da luz e um prisma. Tal medida é muito
conhecida pelos profissionais da indústria fermentadora como um índice do andamento da
fermentação e auxilia ao final do processo no cálculo da porcentagem alcoólica do produto.
Para tanto, pode-se optar por realizar uma retirada de 3 gostas de uma amostra para identificar
instantaneamente o grau Brix da solução com um refratômetro, instrumento econômico,
prático e de rápida aferição, porém pouco preciso, além de necessitar da correção da
temperatura.
A temperatura é uma das variáveis de processo mais importantes que deve ser
monitorada, devido a estrita dependência das leveduras a uma certa faixa, que pode ir de 0 a
40°C. Note ainda que variações bruscas na temperatura podem prejudicar a eficiência do
metabolismo microbiano e algo acima de 10°C em um curto espaço de tempo pode ser
extremamente prejudicial às leveduras. O processo manual de medição não é indicado, devido
a sua inconstância e erro intrínseco humano; sem contar que esta medida deve estar
diretamente ligada a algum tipo de controlador de temperatura para que as devidas correções
sejam feitas o mais rápido possível. Sendo assim, os sensores industrialmente utilizados são
os Termopares, RTD‟s, Termistores, Bimetálicos e de leitura Infra-Vermelho. Não há dúvidas
de que os termopares são os sensores mais econômicos, precisos, resistentes e confiáveis que
existem hoje, mesmo que sua faixa de medida seja, na maioria das vezes, bem reduzida
64
comparado aos outros tipos de sensores, não há necessidade de uma ampla variação de
temperaturas em processos fermentativos (SILVEIRA, 2019).
A pressão não exerce influência direta sobre parâmetros do processo fermentativo
em si, porém o seu aumento gera uma maior solubilização de gases na solução. Outro fator
importante para a medida da pressão é a segurança do processo, que pode vir a gerar até 5
atmosferas, potencializando acidentes caso um manuseio inadequado dos equipamentos seja
feito. Para evitar tais problemas pode-se optar tanto por medidores de pressão analíticos,
quanto automatizados, sendo estes os piezoelétricos, os transdutores, os capacitivos, os
extensômetros e os ópticos. Por razões de aplicabilidade, custo e resistência, foram
descartados os piezoelétricos, pois são mais aplicados para variações bruscas de pressão, não
lendo pressões estáticas, e também os ópticos, pelo alto custo e precisão desnecessária. Dentre
os demais, verifica-se que a viabilidade de um controle automatizado relacionado ao custo de
instalação e controle contínuo, necessitando de válvulas e controladores específicos, torna-se
muito alto, quando comparado a instalação de um manômetro em linha de visão do operador,
o qual pode periodicamente realizar medidas e catalogar para fins estatísticos, além de
observar para evitar a sobre-pressão que pode reduzir (brandamente) a eficiência da
fermentação.
A vazão gasosa é uma medida importante para o controle da aeração do mosto, não
sendo ligada diretamente ao fermentador, mas entre este e a linha de bombeamento de
ar/oxigênio. Quantificar o oxigênio dissolvido no meio pode ser uma tarefa complicada, visto
que os medidores de O2 dissolvido são muito complexos, sensíveis e de alto valor agregado,
sendo portanto, uma estratégia mais viável o controle da entrada de ar e a partir de testes
anteriores e realizar a aeração de forma a atingir os patamares elevados de oxigênio no início
da fermentação, necessários para uma boa reprodução celular. Existem diferentes tipos de
medidores de vazão gasosa, como por exemplo os rotâmetros ( de área variável) e os
medidores térmicos de vazão mássica. Visto que o processo de aeração não necessita ser
contínuo e que novamente sua automatização exige a instalação de controladores e válvulas
inteligentes, o mais viável seria a instalação de um rotâmetro para garantir que a vazão esteja
no patamar desejado pelo tempo estipulado (menos de 30 minutos por dia), sendo o operador
responsável por realizar pequenos ajustes na potência do compressor ou válvula de descarga
de gás.
65
O pH é uma variável interessante por sua capacidade de detecção de contaminantes e
pequenas variações, que podem ser corrigidas para manter a eficiência do processo
fermentativo (evitando o excesso de acidez no meio). Os phmetros, como são chamados os
medidores de pH, podem ser automatizados ou não, todavia, assim como descrito
anteriormente, para fazer jus a um controle contínuo de pH deve-se instalar uma câmara de
injeção de agentes químicos capazes de realizar um controle eficiente desse parâmetro, o que
só se torna viável em produções de escala muito maior. O que pode ser realizado neste caso é,
com uma certa periodicidade, a coleta de amostras com um phmetro de eletrodo simples, para
análise crítica do operador sobre a necessidade ou não de intervenção.
A medida e o controle da frequência e da velocidade de agitação são fundamentais
para manutenção da correta mistura sem efeitos colaterais para as leveduras. Geralmente já
está embutido no motor um tacômetro, ou seja, um aparelho que converte um fluxo magnético
gerado pela rotação do eixo, em um sinal elétrico de 0-10V que é convertido por um circuito
para a unidade desejada (rpm).
A medição do nível ou volume interno dos fermentadores e maturadores também é
uma informação chave para maximizar a produção ao mesmo tempo que evita-se problemas
com entupimentos e headspace excessivo. Esse tipo de medida pode substituir em escalas
menores pela medida da vazão de líquido, a qual exige uma aparelhagem e instrumentos mais
caros e complexos.
Outros sensores auxiliares que valem ser mencionados são os anti espumantes, hastes
eletricamente carregadas, responsáveis por detectar a aproximação da espuma no topo do
fermentador e acionar micro-bombas contendo agentes químicos anti-espumantes (silicones e
parafinas), reduzindo este arraste gasoso e evitar o entupimento das saídas de gás e juntas de
motores e sensores. Estes agentes reduzem as trocas superficiais gasosas o que não é
favorável e portanto deve ser controlado com bastante precisão. Gases dissolvidos no mosto
como O2 e CO2 também podem ser estudados por meio de eletrodos redox que identificam a
concentração instantânea desses gases, porém são itens dispendiosos e que podem não
representar a concentração real a menos que se tenha uma boa mistura a todo momento.
A turbidez do mosto também pode ser averiguada, porém muitos fatores, como
leveduras suspensas, borra carreada pela mistura e particulados do mel, como cinzas, podem
estar misturados na etapa de fermentação, o que não acarreta em grandes informações para o
operador, além de necessitar de equipamentos caros de análise de feixes de luz absorvida ou
66
refletida (pode-se levar o produto final a um laboratório para análises finas, que também são
exigidas por lei).
A determinação da concentração dos substratos e produtos na fase líquida também é
possível por meio da técnica de HPLC, porém são equipamentos extremamente caros e que
até indicariam muitos parâmetros úteis como o consumo de glicose e frutose, a conversão de
etanol e subprodutos como glicerol e ésteres, todavia, juntamente com tal equipamento seria
necessário técnico responsável com conhecimento do equipamento e das consequências das
suas medições para uma possível intervenção.
Por fim pode-se verificar que a maioria dos controles a serem exercidos na planta de
fermentação são hora analógicos e manuais, cabendo ao operador realizar as medidas e
analisar de forma crítica a necessidade de intervenção ou controles em malha fechada para
analisar uma certa variável e realizar uma correção rápida e eficiente, sem levar em conta
outros aspectos do processo. Com isso em mente, pode-se afirmar que o processo de
fermentação não exige um grau de automação deveras elevado e pode ser considerado um
processo de potencial integração tecnológica, apesar de ser viável de forma quase
completamente manual (dada uma escala industrial pequena/média). A Figura 18 apresenta
diagrama de blocos para possível sistema de controle da planta.
3. DESENVOLVIMENTO
67
equipamentos e planejamentos operacionais a fim de otimizar uma planta industrial com o
menor custo e melhor qualidade agregada ao produto final. As análises a seguir terão como
foco a manutenção de um menor custo variável e ainda de um investimento inicial baixo,
capaz de gerar retorno financeiro dentro de um período de 12 a 36 meses (condizente com o
mercado atual) sem que se tenha prejuízo na qualidade, estética ou vida útil do hidromel.
3.1. PROJETO
Para que os objetivos delineados no primeiro capítulo sejam alcançados, é necessário
estipular primeiramente um volume mínimo suficiente para viabilizar a abertura de um espaço
dedicado exclusivamente a fermentação de hidromel em escala industrial, com a
infraestrutura mínima, equipamentos, acessórios e pessoal para manutenção das operações
básicas junto ao(s) sócio(s). Desta forma, os custos podem ser calculados e estimados para
uma produção com capacidade de pequena expansão e/ou retração, tendo em vista um
mercado inicialmente difícil de se explorar, mas com um grande potencial.
O planejamento será feito de modo inverso, ou seja, ao invés de se estudar a
demanda e com isso estipular uma produção, serão levantados os custos mínimos de uma
nanoestrutura7* capaz de atender a capacidade de produção de até 1000 litros por mês, com
um prazo em torno de 12 a 36 meses para retorno do investimento inicial. Isso será feito
devido a dificuldade encontrada para se executar uma pesquisa de mercado eficiente com um
produto novo, sem que se disponha de protótipos legais para demonstrações. Outra razão para
tanto, seria o grande potencial de expansão a partir do momento em que o produto começar a
ganhar notoriedade local, regional ou até nacional, sendo importante o investimento em
marketing e participação em eventos.
O volume é uma questão essencial, pois averiguados os custos fixos, proceder-se-á
aos custos e ganhos variáveis, os quais sem um volume mensal estipulado não podem ser
determinados. Portanto, vê-se necessário, um tipo de cálculo iterativo, onde foi testada uma
produção em torno de 500 litros por mês, que não gerou lucros suficientes para suprir as
demandas da instalação a médio prazo, sendo necessário então elevar a capacidade máxima
7
* Convenção criada, mas sem base legal, para denominar microcervejarias bem sucedidas que se
definam como plantas de experimentação e que tenham uma produção local de até 1000L/mês (nanocervejarias).
Vide:https://www.palenox.com/en/blog/15/Qual-a-diferen%C3%A7a-entre-nanocervejaria-e-micro.html,
acessado em 30/04/19.
68
para os 1000 litros, com produção inicial de 50% da capacidade total, permitindo uma
margem para aumento ou diminuição da produção de forma gradual em caso de necessidade.
3.2. DIMENSIONAMENTO
Primeiramente foi necessário adaptar o fluxograma de blocos simplificado após o
estudo conceitual do processo, levando em conta as melhores e mais atualizadas práticas
industriais analisadas no capítulo 2. Com o projeto global em mente, podem ser destrinchadas
as etapas analisando os equipamentos em que ocorrem cada uma delas e o arranjo físico para
otimizar o espaço e a energia gastos. A Figura 19 apresenta um fluxograma simplificado do
processo.
69
Para que sejam demonstrados os pontos de análise e otimização do processo, serão
enumeradas as etapas de acordo com as imagens acima e exemplificadas as melhores práticas
com sugestões de operação, equipamentos e análise/acompanhamentos laboratoriais
necessários.
3.2.1. Pré-tratamentos
Os materiais a sofrerem pré-tratamento com o intuito de eliminar contaminantes
serão a água, para evitar microorganismos, particulados e cloro (inibidor biológico), e o mel,
sendo apenas quimicamente tratado durante a preparação do mosto (pois sua concentração de
contaminação ativa é próxima de zero e sua alta viscosidade torna sua filtração de
particulados demasiado custosa).
A água será filtrada em um filtro do tipo “purificador”, composto por multicamadas,
com uma camada inicial e final de polipropileno para captura de material particulado e
retenção do carvão ativado, o qual possui o intuito de remover o cloro residual, tal como
representado na Figura 20. Tais filtros devem ter seu cartucho trocado após um certo volume
tratado ou periodicidade que deve ser acompanhada com o tempo de operação (6 a 12 meses).
No caso, para evitar a deposição demasiada de sedimentos nas primeiras camadas do
elemento filtrante, causando entupimentos, quedas de pressão e caminhos preferenciais
(caminhos viciosos que reduzem a capacidade filtrante do elemento) ou até mudança na
coloração da água após o carvão ativado, opta-se geralmente por implementar um filtro
específico para particulados anterior a um ou neste caso 2 elementos filtrantes mais
finos/decloradores.
A vazão volumétrica de filtração necessária para enchimento do reator principal não
pode exceder 6 horas de bombeamento (devido a jornada de 8 horas diárias de trabalho - 2
horas para limpezas), evitando trocas de turno ou filtrações desassistidas. Sendo assim, para o
volume máximo de 1000L haverá uma demanda de aproximadamente 660L de água e
portanto exigindo uma vazão mínima de 110 L/h.
70
Figura 20: Ilustração de sistema de dupla filtragem.
71
final desejada; sendo OG - Original Gravity, ou massa específica inicial e FG - Final Gravity,
ou massa específica final (todas as medidas com referência na temp. de 20°C):
Quadro 2: Dados cruzados com base em diferentes fontes, desde a literatura mencionada até
o regulamento da BJCP da ASH - Associação do Sul de Hidromeleiros.
TIPO DE HIDROMEL OG FG
O nível alcoólico no hidromel (na escala ABV) pode ser definido através da
diferença entre a massa específica original (OG) e a massa específica final (FG) utilizando-se
algumas fórmulas fornecidas por Hall (1995). Estas fórmulas empíricas são largamente
utilizadas nos processos de produção de diversas bebidas alcoólicas fermentadas. A utilização
dessas equações irão nos auxiliar, visto que as leveduras não se comportam de maneira linear
nem em relação ao consumo dos açúcares redutíveis, nem quanto à sua conversão em etanol.
Primeiro é necessário converter os dados de massa específica para dados de extrato,
que referem-se ao percentual em peso de materiais dissolvidos no mosto, em graus plato, o
que pode ser feito pela equação:
Valores calculados para extrato antes da fermentação são referidos como extrato
original (OE), enquanto valores calculados para extrato após a fermentação chamam-se
extrato aparente (AE). A adição do álcool à solução altera a forma que os valores de extrato
são calculados, portanto para o cálculo do valor real de extrato (RE) é necessária a equação:
72
(2)
(3)
(4)
Optou-se neste projeto pela produção de hidromel suave com 14% ABV, devido a
sua maior aceitação organoléptica pelos consumidores, retratada em pesquisas (MILESKI,
2016; GOMES, 2010). Fatores importantes como o dulçor residual agradaram ao paladar do
voluntários e a porcentagem alcoólica, que não infere em grandes controvérsia de escolhas,
mas em sua maioria foram preferidas graduações entre 8 e 18% ABV.
Para a obtenção de tais propriedades, estudou-se diferentes leveduras e avaliou-se
suas propriedades e custo para selecionar a que melhor se adequa às necessidades de projeto,
as quais serão discutidas na seção de inoculação. Após avaliação, foi escolhida a levedura
comercial ICV-D47, do fabricante Lallemand.
Utilizando as fórmula apresentada anteriormente, obtivemos com os valores para
hidroméis suaves de FG na faixa de 1,025, buscando um equilíbrio do dulçor/álcool na faixa
de 14% ABV, uma OG de 1,129. Este valor é consideravelmente alto, uma vez que a maior
pressão osmótica no mosto afeta a atividade das leveduras, podendo afetar a eficiência da
fermentação (PRATT; BRYCE; STEWART, 2003). Uma forma de contornar este problema é
fazer a adição de mel aos poucos, acompanhando-se como evolui a densidade do mosto,
evitando-se o stress nas leveduras.
Também foi analisada a disponibilidade de mel no mercado e selecionado fornecedor
de mel orgânico legalizado e de alta qualidade, no estado do RJ, apresentando por 100g de
mel: 73,57g de açúcares redutores; 16,51g de umidade; °BX de 81,70. A viscosidade do mel é
73
de 18,39 Pa.s (18390 cP), como demonstrado no laudo técnico disponível no Anexo C.
Utilizando-se tabela de conversão (FREDERICK J. BATES, 1942); 81,70°BX equivale a uma
densidade de 1,42206.
Para a estimativa de quantidade de matérias primas, será considerada conversão de
90% em volume, usual em processos fermentativos. O mel deve ser diluído até obter-se a OG
desejada. Após os cálculos, estimaram-se o uso de 336,4 L de mel e 763,6 L de água por
batelada.
74
Quadro 3: Dimensões usuais para bioreatores.
Dimensões Usuais
P/V - - 0,74 -
Foi optado neste projeto pelas dimensões de Blakeborough (1967), pois segundo
Stanbury (2017) estas dimensões aplicam-se a reatores com impelidor único, mais apropriado
ao volume reacional previamente estimado, além disso não possuem volume de operação
definido especificado na literatura. A relação L/D de 1,5 foi selecionada, pois um tanque mais
alto permite maior eficiência para as trocas gasosas dentro do reator, devido ao maior tempo
de contato com o ar disperso. Consequentemente, a relação para largura de chicana foi a
maior, de 0,010.
Esse reator deve possuir uma seção cônica inferior com abertura e encaixe para
anexar-se uma válvula gaveta de no mínimo 2” na extremidade inferior, com a finalidade de
reter todo o líquido do reator e concentrar a “lama” em uma saída para retirada em momento
único após a trasfega do conteúdo principal. Também deve possuir uma saída lateral a ¾ da
altura do cone para testes e realização do final da trasfega, quando a saída lateral principal não
75
corresponder mais ao a uma altura de líquido suficiente (carreando menos sedimentos para o
maturador).
Para o dimensionamento da parte cônica, estipulou-se que cerca de 10% do volume
útil deve estar contido em ¾ de sua altura, pois este volume corresponde ao volume usual de
lama produzida (sólidos sedimentados) no processo, totalizando 110L. Stanbury et al. (2017)
define que para reatores de fundo cônico, a angulação deve ser de aproximadamente 70º.
Também deve-se considerar que a altura de líquido dentro do reator deve ocupar 80% da
altura total, por questões de segurança, evitando transbordamento e pela produção de espuma
durante o processo. Portanto, primeiramente calcula-se o volume referente a ¾ do cone,
definindo o raio menor r, equivalente à 5,10cm (diâmetro aproximado ao diâmetro de válvula
necessário). O volume de um tronco de cone é definido por:
(5)
com R sendo o raio maior do cone, r o raio menor e h a altura do tronco. Com a angulação de
70º, o valor de R é obtido por relação trigonométrica:
(6)
(7)
( )( ) (8)
76
Quadro 4: Dimensões do fermentador idealizado para o projeto.
FERMENTADOR PRINCIPAL
DIMENSÃO MEDIDA
77
Figura 21: Esquema do reator. Cotas em milímetros.
3.2.3. Inoculação
Como discutido anteriormente, as leveduras escolhidas foram as leveduras
comerciais secas chamadas ICV DV47, devido a características chave, como a temperatura de
fermentação ideal de 20°C ± 10°C, a sua tolerância alcoólica de 14%, características
organolépticas finais agradáveis de aroma e sabor residual e custo baixo de mercado; além
disso, possuem um baixo requerimento de nitrogênio e médio consumo de oxigênio, o que
reduz custos com suplementação do mosto. Outras opções de leveduras foram cogitadas e
comentários foram feitos em uma tabela anexada no fim deste trabalho, com custos,
característica físico-químicas e organolépticas finais.
O starter será produzido como discutido na Seção 2.2.3, para que se cultive uma
colônia de leveduras ativas e viáveis suficientes em número para serem inoculadas no
fermentador principal. Este starter deve ter início 2 dias antecedentes da inoculação principal
para a execução das diluições e multiplicação das células até que se chegue em um número
78
aproximado de 1x106 a 100x106 por ml, executando o que se considera como uma “High Cell
Density Fermentation Pitching Rate”.
Para tal objetivo, inicia-se a diluição de 10 pacotes de 5g de leveduras ICV D47 em
erlenmeyers (abertos) separados, contendo 50 ml de água morna esterilizada (fervida por 15
minutos e reduzida a 38°C) com agitação por 15-30 minutos. Depois desse pequeno tempo de
reidratação, adiciona-se mel e água em um erlenmeyer único onde são vertidas as leveduras
reidratadas com uma densidade de 1.030 e 100ml de mosto suplementado com 267mg/L de
nitrogênio com suplementos comerciais nitrogeno-fosforados da marca Fermaid®K, a partir
das instruções descritas na Seção 2.2.3 utilizando um total de 500g de produto fracionado em
5 porções de 100g que serão adicionados em 4 diferentes momentos para otimizar o
crescimento das leveduras.
A partir deste ponto, aguarda-se cerca de 2 horas para verter ambos erlenmeyers em
um recipiente de até 1 litro, com entrada de ar controlada e agitação, e novamente realiza-se
uma diluição até que atinja 1.060 de massa específica e 10 litros de mosto à uma temperatura
de aproximadamente 33°C. A partir desta segunda diluição e 4 horas de espera, pode-se
utilizar um recipiente de até 50 litros e realizar nova diluição mantendo a densidade à 1.060 e
volume de até 40 litros de mosto numa temperatura de 28°C.
Finalizando esta etapa, utiliza-se o tanque intermediário para realizar a última
diluição até 100 litros de mosto para aguardar cerca de 8 horas para que se possa dar início a
inoculação principal, mantendo a levedura à temperatura de 23°C, ajustando a densidade do
mosto principal para o valor desejado de 1.129 e a suplementação para atingir os 267mg/L de
substâncias nitrogeno-fosforadas e dar-se início à aeração intermitente (tanque principal pode
estar como o mosto a uma faixa de temperatura média entre 15 e 25°C - sendo o encontrado
em nossas pesquisas climáticas uma temperatura anual média de 23,4°C).
Pode-se ainda, executar o reaproveitamento de inóculo, fazendo com que seja
economizado cerca de ½ da injeção de inóculo “fresco” no fermentador, bastante que se
multiplique em um recipiente o starter normal e em outro paralelo, uma parte superior da
lama decantada após o resfriamento do reator. Essa alíquota superior da lama é replicada
como um cultivo de leveduras líquidas em temperatura crescente de modo a lentamente
chegar aos 38°C e depois chegar a reservatórios maiores até o ponto onde será misturada ao
inóculo fresco no tanque anterior ao principal (100L).
79
3.2.4. Fermentação
3.2.4.1. Aeração Intermitente
Para o dimensionamento do sistema de aeração, primeiramente definiu-se a vazão de
ar a ser injetada no sistema. A oxigenação do mosto não será constante e será apenas
necessária durante os dias iniciais da fermentação, vide as razões descritas na Seção 2.2.4.
Devido a ausência de dados gerais e dificuldade em se obter a real demanda de
oxigênio para o crescimento (DBO) de leveduras no mosto de hidromel nas condições
estabelecidas, buscou-se valores usuais na literatura para a vazão de ar em v.v.m. (volume de
ar por volume de meio por minuto) para se continuar o dimensionamento do sistema de
aeração. Para Aquarone (2008a) e Stanbury (2017), os valores dentro de processos industriais
mantêm-se na faixa de 0,5 - 1,5 v.v.m; enquanto que para Alfenore (2003) e Vieira, Andrietta
e Andrietta (2012) sugerem valores inferiores de 0,2 e 0,3 v.v.m. respectivamente.
A opção mais viável confirmada é a utilização de cilindros de oxigênio de grau
hospitalar frente à utilização de compressor e filtro para ar estéril, pois o sistema não será
acionado com demasiada frequência e o oxigênio puro é capaz de fazer a saturação de
oxigênio no mosto com mais eficiência e rapidez, concomitantemente, o custo de manutenção
e energético desta forma são minimizados.
Uma vazão muito alta de ar no sistema poderia acarretar em transbordamento e
entupimento de saídas superficiais do reator, portanto será limitada à vazão de 2L/min, dobro
da usualmente utilizada em processos artesanais. Esta aeração ocorrerá durante dois minutos,
com frequência decrescente de acordo com o desenvolvimento da fermentação, ocorrendo três
vezes ao dia ao longo dos dois primeiros dias de fermentação, duas vezes ao dia do terceiro ao
sexto dia e apenas uma vez ao dia do sexto ao oitavo dia de fermentação, deixando o
fermentador sem oxigenação pelos últimos 2 dias de fermentação, a fim de que se consuma a
maior parte do oxigênio dissolvido e evite a oxidação do mosto; sendo esses tempos previstos
de forma adaptada ao que é sugerido por Piatz (2014) e Schramm (2003).
Será utilizado um dispersor de orifício em formato de anel “ring sparger” abaixo do
impelidor de agitação, porém o mais distante dele possível sem que se tenha o risco que haja
deposição de lama no fundo de forma a cobrir o anel (acima de ¾ da altura do cone).Desse
modo, maximiza-se a transferência de oxigênio para o meio através das trocas gasosas
durante o máximo de tempo na coluna de mosto (que já é projetado para possuir uma razão
L/D do reator um pouco maior que 1,5 aumentando o tempo de percolação das bolhas de
80
oxigênio) e com a presença da agitação, homogeniza-se a distribuição das bolhas e também
aumenta o percurso das mesmas que sobem de forma helicoidal.
Velocidade Velocidade
Grau de
Descrição Processo Superficial Bulk
Agitação
(m/s) (m/s)
Floculação,
2 Leve homogeneização, 0,08 0,016
flotação
Mistura, transferência
4 Boa de calor, suspensão, 0,16 0,122
dissolução
Mistura, suspensão,
6 Forte dissolução, 0,24 0,183
polimerização
Suspensão de sólidos
10 Violenta pesados, lixiviação, 0,40 0,305
dissolução
Uma agitação de grau 4 é suficiente para mistura de fluidos com uma diferença de
densidade de até 0,6 e viscosidade próxima de 10000 cP, apropriada para processo de mistura,
sendo esta adotada neste projeto. Optou-se pela utilização de turbinas Rushton padrão, com
81
seis pás planas igualmente espaçadas, devido à sua comprovada eficiência em sistemas de
agitação em biorreatores.
Para o cálculo da frequência de rotação, primeiramente deve-se calcular a vazão de
bombeamento do impelidor, através de:
(9)
(10)
(11)
(12)
82
(13)
83
Figura 22: Gráfico correlacionando o número de potência Np e o número de reynolds Nre.
(14)
Propriedades do Misturador
84
3.2.5. Clarificação
3.2.5.1. Clarificação Física (Sistema de Troca Térmica)
Para o dimensionamento da troca térmica foram considerados os três diferentes
sistemas, discutidos na seção 3 deste trabalho. Conclui-se que o que se melhor adapta ao
processo é o sistema de refrigeração por camisa térmica, devido às dimensões do reator,
necessidade de evitar contaminações e facilidade de manutenção.
Deve-se primeiramente estimar-se as quantidades de calor a serem trocadas no
sistema. De acordo com a levedura selecionada e a faixa de temperatura ótima de
fermentação, que não está abaixo da temperatura média anual para a localização da planta, foi
decidido que o sistema deverá funcionar apenas para refrigeração.
Os calores a serem considerados serão os calores de fermentação anaeróbica para a
levedura selecionada, o calor fornecido ao meio através do misturador e o calor necessário
para refrigerar o mosto até 4°C durante o “cold-crash” na clarificação.
O calor para o “cold-crash” pode ser estimado através da equação fundamental da
calorimetria (BERGMAN et al., 2011):
(15)
( ) ( ) (16)
( ) (17)
(18)
sendo ho o coeficiente de película externo e hio o coeficiente de película externo corrigido para
a área de troca térmica interna, ou seja:
(19)
86
com Do sendo o diâmetro externo da tubulação e Di o diâmetro interno. Como neste trabalho
não foi proposto o dimensionamento de sistemas acessórios ao sistema de troca térmica, não
foi possível efetuar um cálculo mais rigoroso quanto ao dimensionamento dos equipamentos.
A alternativa encontrada foi a busca na literatura por valores usuais do coeficiente global de
troca térmica; Carpenter (2011) apresenta valores tabelados para este coeficiente de acordo
com camisas térmicas bem dimensionadas:
Operação U (W/m²K)
Aquecimento 400
Refrigeração 350
Através dos cálculos, para uma camisa ocupando 3,8m² com coeficiente global de
350 W/m².K seriam necessárias 1,57h para refrigerar o mosto de 25°C à 4°C. Esta
87
temperatura deve ser mantida durante o total de 48h para a decantação dos sólidos suspensos
no mosto.
Por sua vez, a bentonita deve ser diluída utilizando-se 8L de água à 60°C para cada
kg de agente (BUTZKE, 2010). Logo, para uma batelada de 1000 L serão utilizados 800g de
Bentonita diluídos em 6,4L de água.
88
3.2.6. Trasfega
Nessa etapa, o mosto fermentado e refrigerado por 2 dias é transferido com uma
baixa vazão, para o tanque maturador correspondente ao volume fermentado, procurando-se
sempre extrair a parte mais superficial, evitando assim o carreamento de lama, com leveduras,
impurezas e proteínas coaguladas para este segundo recipiente.
Esta estratégia reduz o tempo de contato do mosto com a lama, leveduras suspensas e
autolizadas, também reduz a carga de stress sobre os filtros utilizados no final do processo;
possibilitando a obtenção de uma bebida altamente pura e translúcida.
Além desses benefícios, a injeção do líquido por uma abertura no topo do maturador
gera o “choque” do líquido bombeado no fundo do recipiente ou da superfície do mosto, o
qual desprende parte do CO2 dissolvido e possibilita a entrada de oxigênio na bebida, gerando
uma maturação oxidativa inicial da bebida a uma atmosfera controlada, sem adição de ar
desse ponto em diante. Tal estratégia de injeção também pode ser aproveitada para misturar a
bentonita (agente clarificante), que precisa ser misturada na solução para agir da melhor
maneira possível e tanto clarificar quanto estabilizar o produto, reduzindo a quantidade de
proteínas e impurezas suspensas.
Durante esta etapa do processo serão adicionados 50 ppm adicionais de agente
estabilizante metabissulfito de potássio, totalizando 52g do químico, devido às novas
propriedades de densidade e volume de líquido.
3.2.7. Maturação
Apesar de considerada a maturação em barris de madeira, método muito comumente
utilizado na indústria de vinhos, são necessários anos de testes com diferentes possibilidades
de tipo de madeira, tempo de guarda e condições ambientais para otimizar as características
organolépticas do vinho, o que não se vê como logisticamente viável para a abertura de um
novo negócio de hidromel, a menos que um investimento inicial em material e testes seja feito
(não é o objetivo deste trabalho). Além disso, também seria necessário levar em conta os
equipamentos para lidar com esses barris, movimentá-los, guardá-los em ambiente adequado
e esterilizá-los após o uso.
Sendo assim, optou-se inicialmente pela não utilização dos barris de madeira e
substituição pelos tanques maturadores, os quais devem ser confeccionados de material
resistente a corrosão por solução ácida, não alterar sua estrutura na presença de calor úmido e
89
resistir por longos períodos de exposição a líquidos alcoólicos sem liberar contaminantes.
Para esse propósito, reduzindo a necessidade de grandes investimentos iniciais, com mais
equipamentos de aço-inoxidável, pode-se utilizar recipientes de 1000L de polietileno especial
para indústria alimentícia ou armazenamento de água, visto que não há agitação nem
crescimento microbiano expressivo nessa etapa que justifique a necessidade de tanques em
inox especial.
Dentro dos tanques maturadores, o hidromel irá maturar inicialmente de forma
oxidativa, sabendo-se que ao ser injetado irá oxigenar, mesmo que seja adicionado
metabisulfito de potássio na trasfega para evitar uma oxidação demasiada e duradoura,
agregando coloração e diminuindo a complexidade da bebida; para então passar para a etapa
de envelhecimento redutivo, ou seja, sem a presença de oxigênio, com a tampa e válvulas
lacradas logo após o enchimento do tanque, acentuando características aromáticas e
suavizando o dulçor da bebida com ácidos e esteres de cadeias maiores.
Para que se possa manter uma fermentação quase contínua, irão ser instalados 3
maturadores que serão alternadamente cheios e esvaziados de mês em mês para dar lugar a
uma próxima safra saída do fermentador principal, que fermenta o hidromel em no máximo
15 dias. Sendo assim o tempo mínimo de maturação de qualquer hidromel será: 15 dias (da
fermentação primária), mais 30 dias até que se retorne ao mesmo maturador, somando 45
dias. De outro modo, para vazões menores e aprimoramento na guarda, pode-se optar por
realizar a rotação de 30 em 30 dias, sendo o tempo mínimo de maturação da bebida de: 30
dias (fermentação primária), mais 60 dias até retornar ao mesmo maturador, somando 90 dias.
Este processo é exemplificado e demonstrado no Apêndice E deste trabalho.
pH 3,5
Densidade 1,025
3.2.9. Filtração
Optou-se pela utilização de um filtro tipo prensa de placas, com elementos filtrantes
à base de terras diatomáceas para a filtração fina do hidromel. Este tipo de filtro se adequa
melhor às necessidades da planta devido à alta flexibilidade do seu uso, permitindo a
interrupção do fluxo durante a filtração (não necessita vazão constante). A desvantagem na
utilização deste equipamento será a necessidade de limpeza entre os usos, uma vez que o
material filtrado se acumula nas placas sendo necessário a remoção manual.
Os meios filtrantes são disponibilizados em formato de placas, com graduações
variando de 1-5 de forma crescente de capacidade de remoção, sendo sugerida a utilização de
placas de graduação 3 para a filtração de vinhos brancos (mais semelhantes ao hidromel),
evitando que a maioria dos aglomerados de leveduras passem, mas não esterilizando
completamente, tenda em vista a utilização de sequestrantes de oxigênio, juntamente com
sorbato de potássio para controle de contaminações.(PAMBLANCHI, 2019)
3.2.10. Envase
O envase será efetuado através de equipamento semi-automático de engarrafamento,
utilizando garrafas previamente esterilizadas através de vapor úmido. Não será realizado o
envase a contra-pressão de CO2 nem com atmosfera inerte nas garrafas, devido primeiramente
91
a não necessidade de carbonatação, assim como feito com os vinhos, porém quando analisado
o custo e complexidade da operação de injeção de gases inertes frente à escala de produção
não se considera viável tal investimento inicial tão alto.
Serão utilizadas tampas metálicas com rosca, de modo a não somente reduzir os
custos, mas também minimizar o contato do produto com o oxigênio após o envase, sendo as
rolhas de cortiça somente eficientes quando úmidas em contato com o vinho das garrafas
armazenadas horizontalmente e ainda correm o risco de apresentarem contaminação
bouchonné (TCA, ou tricoloanisol) que gera aromas de mofo e sabor desagradável; ou ainda
rolhas sintéticas que são similares às naturais, porém não sofrem com o TCA e necessitam de
um investimento um pouco maior para serem apertadas nas garrafas da maneira correta.
3.2.11. Guarda
O hidromel deverá ser estocado em local limpo, abrigado da luz e com temperatura
reduzida, preferencialmente constante, de modo a evitar contaminação e maximizar a vida útil
do produto. O produto será envelhecido por cerca de 30 dias antes da comercialização, de
modo a difundir os resquícios de oxigênio, açúcares e outros compostos dissolvidos na
bebida, tornando-a estável e equilibrada.
Há também a possibilidade de envelhecimento na garrafa por períodos mais longos
como por exemplo 1 ano, o que com base nos estudos de com os vinhos propicia reações
lentas de esterificação, mudanças na coloração e na suavidade dos sabores da bebida, gerando
um tipo de safra “reservada”, com valor agregado maior, sem necessidade de passagem por
nenhum outro processo além do maior tempo de guarda (aplicado na análise de viabilidade).
92
4. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA
94
Para finalizar observa-se os custos referentes a água, luz e gás gastos pelo pessoal
durante o trabalho, além de gastos com coffee-breaks, que podem ser estimados em 700 litros
de água gastos em descargas, bebedouros e cafés, ao custo de 2 centavos por litro somando 22
reais; 450 kWh com computadores, celulares, luzes e equipamentos acessórios que
multiplicados pelas tarifas de bandeira amarela em Niterói (Enel) somam 310,00 reais; o
gasto de gás é muito relativo, pois utiliza-se principalmente durante a fabricação do starter de
leveduras, que é muito pequeno e para eventuais necessidades pessoais, estimando algo em
torno de 10 m³, tem-se um gasto de até 34 reais por mês.
Pessoal R$ 7.800,00
Infraestrutura R$ 2.000,00
Segurança R$ 250,00
Telecomunicação R$ 190,00
Total R$ 10.600,00
95
lavagem de equipamentos e utilização geral na planta, totalizando um custo de 90 reais
mensais, já com vista na necessidade de pagamento pelo viés de fornecimento e tratamento de
efluentes.
A quantidade de mel utilizada será de 336,4 L por batelada, somando
aproximadamente 674 L de mel por mês. O preço do fornecedor selecionado de mel orgânico,
legal e silvestre (melhor tipo para fermentação pura do hidromel) é de R$20,00 por litro de
mel e pode ser negociado com vantagem em grande quantidade, reduzindo esse custo até
16,00 reais por mês.
As leveduras utilizadas totalizam 20 pacotes de 5g por mês, cada um com valor
unitário de R$15,00, dividindo-se pelo volume de batelada, obtém-se um valor de 300 reais
por batelada ou 0,30 centavos de real por litro de hidromel.
Os suplementos totalizam um pacote de 500 g por batelada, com valor unitário de
R$57,60.
Os produtos químicos a serem utilizados no processo serão o Metabissulfito de
Potássio, Sorbato de potássio e Bentonita, sendo necessário o total de 280 g, 100 g e 800 g por
mês, respectivamente, totalizando custos de R$20,00 por batelada.
Os materiais para envase compreendem garrafas, tampas, rótulos e caixas para a
correta identificação, conservação e comercialização do produto, somam R$3.900,00 por
batelada.
O gasto de energia elétrica foi estimado através das potências dos equipamentos
multiplicadas pelos seus respectivos tempos de uso para a batelada, totalizando cerca de
R$419,93 por batelada. O preço da energia foi consultado junto à empresa local fornecedora
(ENEL) e corresponde à R$0,68322 por kWh no regime atual. Os custos variáveis são
resumidos no Quadro 12.
96
Quadro 12: Custos variáveis (por batelada/mensal) estimados.
Água R$ 44,58
Mel R$ 5.392,00
Leveduras R$ 150,00
Nutrientes R$ 57,60
Total R$ 10.180,00
0 1 2 3 4 5
98
4.3. PAYBACK
O tempo de payback, ou tempo de retorno, consiste no período de tempo necessário
para recuperar o investimento inicial em um projeto. Tempos menores para o payback tornam
um investimento mais atrativo. Este período pode ser calculado através de (AQUARONE,
2008a):
(20)
∑ (21)
onde FMn é o fluxo de caixa no período n, n é o número de períodos e TIR é a taxa interna de
retorno. De acordo com o fluxo de caixa apresentado, foi obtido uma TIR de 82% para o
99
período dos 5 primeiros anos de funcionamento. Posteriormente, pode-se utilizar os lucros
para dar início a uma expansão no local ou mudança de ponto.
∑ (22)
De acordo com os fluxos de caixa anuais apresentados, foi obtido um VPL com o
valor de R$408.689,07
100
5. MEMÓRIA DE CÁLCULO
5.1. VOLUMES
Por conservação de massa:
(23)
(24)
Portanto:
(25)
V1 = 2,27 LH2O
ou seja, a cada 1 L de mel adicionado, deve-se adicionar 2,27 L de água. Como deseja-se
obter 1000 L de produto, a 90% de conversão, produz-se:
(27)
101
ν1/3 = (0,6149)(0,8891cSt)⅓ + (0,3851)(12932,48cSt)⅓ (28)
(31)
(32)
( ) ( ) (33)
( ) ( ) (34)
102
5.3. DIMENSIONAMENTO DO REATOR
(39)
r = 0,0255 m (41)
(42)
(43)
( )( ) (44)
103
Obtém-se R = 0,33693 m ; h = 0,8556 m. O mesmo cálculo é efetuado para a parte
restante da parte cônica, como ¾ da altura representam 0,8556 m , o ¼ restante totaliza
0,2852 m. Desta vez r = 0,33693 m . Através da relação trigonométrica obtém-se R = 0,44073
e o volume é calculado, tendo V1/4 = 0,13626 m³.
Somando-se os volumes, tem-se Vcone = 0,24626 m³ , logo o volume da parte
cilíndrica:
Vcil = (46)
H = 1,5D (47)
( ) (48)
Dt = 0,89821 m (49)
Com a relação L/D para o reator igual à 1,5 obtém-se Dt=0,89821 m e L= 1,347 m .
Somando a altura da parte cilíndrica à altura da parte cônica e adicionando folga de
20%, tem-se a altura total do reator:
104
5.4. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE AGITAÇÃO
(54)
(56)
(57)
(60)
= 398,34 (61)
P = NPN³ (62)
(64)
( ) (65)
(66)
(68)
(69)
106
6. CONCLUSÃO
107
Outro ponto de otimização muito grande é o sistema de rotação fermentadores, que
transforma a produção de hidromel por batelada em um sistema semi-contínuo com um reator
principal, mais bem assessorado e tanques de maturação consideravelmente mais simples e de
volumes variáveis de forma a reduzir custos com investimento em equipamentos e maximizar
a produção da planta. Tal sistema possibilita ainda uma expansão ou retração da produção,
sem perda demasiada de qualidade do hidromel.
Ao final do processo, vê-se quase como obrigatório mencionar a etapa de
estabilização, filtração e envase, que tornam a vida-útil da bebida muito maior, garantindo um
produto confiável na mão dos consumidores, assim como abrindo horizontes de mercados
mais distantes e propiciando o aumento do estoque na fábrica para maturação na garrafa e
força de barganhas em negociações, graças a adição dos estabilizantes, filtros finos de terra
diatomácea evitando leveduras e um envase que possui oportunidade de melhora devido a não
automação deste processo, que é crucial para a redução do oxigênio preso na garrafa, mas que
em contrapartida gera um custo de investimento inicial muito maior.
108
Quadro 14: Números decisórios da análise econômica.
Números Decisórios
VPL R$408.689,07
TIR 82%
TMA 35%
PB 2,4 anos
Fonte: Autoria própria.
109
puderam ser vistos principalmente na análise econômica, onde a agitação se mostrou um
grande gasto energético, enquanto o gasto de oxigenação do mosto se mostrou praticamente
desconsiderável frente aos outros gastos variáveis. Não existe necessariamente um grande
erro nas aproximações feitas (<20%) segundo as fontes levantadas e portanto acredita-se que
a própria variabilidade genética das leveduras pode gerar erros maiores e portanto deve-se
sempre monitorar as variáveis destacadas como cruciais para obtenção do produto final
desejado, dentre elas o pH, coloração, densidade e açúcar residual.
Quanto aos equipamentos utilizados durante o processo, há a possibilidade de
operação por técnicos treinados, mas sem grande necessidade de experiência prévia na área,
tendo em vista a supervisão do químico-responsável. Os riscos com manuseio de produtos
químicos são pequenos, porém existem e devem ser muito bem vistoriados/manipulados para
evitar acidentes.
Quanto a parte econômica vê-se que a pequena escala de produção torna o controle
dos gastos fixos um grande problema, porém com a possível ampliação de uma batelada a
cada 15 dias, com possibilidade para contratação de mais mão de obra pode diminuir o peso
que os custos fixos tem na receita líquida e gerar lucros maiores para a empresa. Do modo
como os cálculos foram executados, com um investimento de 50 mil reais, pode-se dar início
a uma estrutura e atingir o lucro em cerca de 5 meses de operação (considerando um cenário
médio, nem otimista nem pessimista), com retorno de investimento pouco maior de 2 anos e
meio e possibilidade real de expansão dependendo de resposta do mercado.
Os valores dos indicadores de viabilidade econônima demosntram que trata-se de um
investimento relativamente seguro e que os valores propostos, tanto de compra de
suprimentos, quanto de vendas estão de acordo com o mercado e a venda projetada não
demonstra o cenário otimista, onde é pode ser cobrado o valor usual de mercado atual do
hidromel, que gira em torno de 50,00 reais por garrafa devidamente legalizada.
Finalmente pode-se concluir que um investimento deste porte, onde os gastos iniciais
podem se somar inicialmente a um investimento cumulativo de 212 mil reais negativos no 1o
ano de funcionamento, até um pico de 230 mil reais entre o 1° ano e o 2° ano. Isso significa
que um investimento desse porte não é tão mínimo como se desejada, porém ainda pode ser
considerado como um investimento viável para uma microempresa com retorno ainda no 2°
ano de operação e sem muita mão de obra necessária, além do grande potencial de expansão e
até contratação de mão de obra auxiliar administrativa para alavancar vendas, contato com
110
clientes, novos fornecedores e principalmente maiores revendedores, assim como fechar
contratos vantajosos alavancando a empresa em um menor espaço de tempo. Nesse tipo de
setor, a qualidade deve ser sempre acompanhada, visto que nem sempre a economia em
alguma parte do processo leva a uma equidade em questão organoléptica, diminuindo a
venalidade do produto final.
O produtor de mel ou investidor com experiência no ramo de fermentação pode
observar nesse setor uma oportunidade de se abrir um mercado jovem e com imenso
potencial, apesar dos riscos inerentes a novos investimentos.
111
7. REFERÊNCIAS
112
inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, v. 132, n. 146, p. 11.509, 02 ago. 1994. Seção 1, pt. 1.
10. BRASIL. Portaria de Consolidação n° 5 , de 28 de setembro de 2017.
Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 205, 3 de outubro de 2017. Anexo XX
11. BUTZKE, Christian. Fining with Bentonite. Commercial Winemaking
Production Series, [S. l.], 2010. Disponível em:
https://www.extension.purdue.edu/extmedia/fs/fs-53-w.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
12. CARPENTER, K. J. Agitated Vessel Heat Transfer. Thermopedia, [S. l.], 2
fev. 2011. Disponível em: http://www.thermopedia.com/content/547/. Acesso em: 18 jun.
2019.
13. CERVBRASIL. Mercado Cervejeiro. [S.l.]. 2018. Disponível em:
http://www.cervbrasil.org.br/novo_site/mercado-cervejeiro/. Acesso em: 31 maio 2019.
14. CLIMATE DATA. Clima Niterói: Temperatura, Tempo e Dados
Climatológicos. [S. l.], 2019. Disponível em: https://pt.climate-data.org/america-do-
sul/brasil/rio-de-janeiro/niteroi-1772/. Acesso em: 31 maio 2019.
15. CUBA, Gustavo. Associação Brasileira dos Exportadores de Mel. Setor Apícola
em Números. [S.l.]. 2017. Disponível em: http://www.conap.coop.br/wp-
content/uploads/2017/01/INTELIG%C3%8ANCIA-COMERCIAL-ABEMEL_DEZEMBRO-
CONSOLIDADO.pdf. Acesso em: 04 jun. 2019.
16. CZABAJ, Sławomir et al. Effects of Mead Wort Heat Treatment on the Mead
Fermentation Process and Antioxidant Activity. Molecules, [S. l.], 14 maio 2017. Disponível
em: https://www.mdpi.com/1420-3049/22/5/803. Acesso em: 21 maio 2019.
17. DICIONÁRIO FINANCEIRO. O que é VPL e como calcular. [S. l.], 2017.
Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro.com/valor-presente-liquido/. Acesso em: 21
jun. 2019.
18. DIFFORD, Simon. Os diferentes tipos de tonel: barril, barrica, pipa, etc.
Difford„s Guide, [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.diffordsguide.com/pt-
br/encyclopedia/481/bws/casks-barrel-butt-punchon-pipe-barriquehogshead. Acesso em: 13
jun. 2019.
19. DUTTA, Rajiv. Fundamentals of Biochemical Engineering. India: Ane Books
India / Springer, 2008.
113
20. EISERT, Kevin; SARGEANT, Susan; JANZ, Eric. Fluid Mixing in Biotech and
Pharmaceutical Applications. [S. l.], 2008. Disponível em:
https://www.ispeboston.org/download/educational_presentations/2008/2008-10-08-Product-
Show-Mixing-Speakers.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.
21. FONSECA, Ângela Rafaela Pereira. Reutilização de Células Imobilizadas na
Produção de Hidromel. Bragança, Portugal, 2013. 71f. Dissertação (Mestrado em Qualidade
e Segurança Alimentar) - Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior Agrária, Escola
Superior Agrária.
22. FREDERICK J. BATES. Circular of the National Bureau of Standards C440.
Washington, USA, 1 maio 1942. Disponível em: https://www.bostonapothecary.com/wp-
content/uploads/2017/09/circular-440-table-114.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019.
23. FRÜHAUF, Mircon. Um indicador de qualidade do mel: o HMF -
Hidroximetilfurfural.[201?]. Artigo técnico da CIRAM/EPAGRI - Santa Catarina. Disponível
em:
http://ciram.epagri.sc.gov.br/ciram_arquivos/arquivos/apicultura/acervo/outra_3_indicador_q
ualidade.pdf. Acesso em: 04 jun. 2019.
24. GARLET, Taís Bisognin et al. Hidromel em escala industrial: Proposta de
Processo Produtivo. Fórum Internacional Ecoinovar, Santa Maria/RS, 1 ago. 2015. 4º Fórum
Internacional Ecoinovar, 26 de Agosto de 2015 , Santa Maria/RS.
25. GLOBAL PUMPS. What Are the Differences Between Pump Types?. [S. l.], 22
jun. 2016. Disponível em: https://www.globalpumps.com.au/blog/what-are-the-differences-
between-pump-types. Acesso em: 8 jun. 2019.
26. GOMES, Teresa Maria da Cruz. Produção de Hidromel: efeito das condições
de fermentação. 2010. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Biotecnologia) - Instituto
Politécnico de Bragança, Bragança, 2010. Disponível em:
https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/5900/1/Tese%20Teresa%20Gomes.pdf.
Acesso em: 10 jun. 2019.
27. HALL, Michael L. Brew by the Numbers. Zymurgy for the Homebrewer and
beer Lover, [S. l.], 1995. Disponível em:
https://www.homebrewersassociation.org/attachments/0000/2497/Math_in_Mash_SummerZy
m95.pdf. Acesso em: 9 jun. 2019.
114
28. HEMANTH, Rajiv. Choosing a Water Storage Tank by Attributes. [S. l.], 16
jun. 2016. Disponível em: https://www.ntotank.com/blog/choosing-a-tank. Acesso em: 30
maio 2019.
29. HORNSEY, Ian Spencer. A History of Beer and Brewing. Cambridge, Uk: The
Royal Society of Chemistry, 2003.
30. IBRAVIN. Exportações de vinhos e espumantes brasileiros crescem 44% em
valor no primeiro trimestre de 2018. [S.l.]. 2018. Disponível em:
<https://ibravin.org.br/Noticia/exportacoes-de-vinhos-e-espumantes-brasileiros-crescem-44-
em-valor-no-primeiro-trimestre-de-2018/354>. Acesso em: 04 jun. 2019.
31. IGLESIAS, Antonio et al. Developments in the Fermentation Process and
Quality Improvement Strategies for Mead Production. Molecules, [S. l.], 18 ago. 2014.
Disponível em: https://www.mdpi.com/1420-3049/19/8/12577. Acesso em: 21 maio 2019.
32. IURLINA, Miriam O.; FRITZ, Rosalia. Characterization of microorganisms in
Argentinean honeys from different sources. International Journal of Food Microbiology,
Buenos Aires, Argentina, 22 mar. 2005. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168160505003314?via%3Dihub. Acesso
em: 13 maio 2019.
33. KAHOUN, D. et al. Effect of heat treatment and storage conditions on mead
composition. República Tcheca, 2016. Instituto de Química e Bioquímica, Faculdade de
Ciência - Universidade da Bohemia do Sul.
34. KUCHARCZYK, Krzysztof; TUSZYŃSKI, Tadeusz. The effect of wort
aeration on fermentation, maturation and volatile components of beer produced on an
industrial scale. Journal of the Institute of Brewing, [S. l.], 15 mar. 2017. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jib.392. Acesso em: 23 maio 2019.
35. MARANGON, Matteo. The addition of bentonite at different stages of white
winemaking: effect on protein stability. Grapegrower and Winemaker, Australia, 2012.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/281240821_The_addition_of_bentonite_at_differen
t_stages_of_white_winemaking_effect_on_protein_stability. Acesso em: 18 jun. 2019.
36. MARINI, Johnatan. Como funciona o processo de evolução de um vinho.
Brasil, 7 dez. 2017. Disponível em: https://blog.famigliavalduga.com.br/como-funciona-o-
processo-de-evolucao-de-um-vinho/. Acesso em: 3 jun. 2019.
115
37. MILESKI, João Paulo Fernando. Produção e Caracterização de Hidromel
Utilizando Diferentes Cepas de Leveduras Saccharomyces. 2016. Dissertação de Mestrado
(Mestrado Profissionalizante em Tecnologia de Alimentos) - Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Londria, 2016. Disponível em:
http://repositorio.utfpr.edu.br:8080/jspui/handle/1/1901. Acesso em: 10 jun. 2019.
38. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO. Instrução
Normativa nº 11, de 20 de outubro de 2000. Padroniza o processamento dos produtos de
origem animal, visando assegurar condições igualitárias e total transparência na elaboração e
comercialização destes produtos. [S. l.], 20 out. 2000. Disponível em:
http://www.cidasc.sc.gov.br/inspecao/files/2012/08/IN-11-de-2000.pdf. Acesso em: 7 maio
2019.
39. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro
de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de
Saúde. [S. l.], 28 set. 2017. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html. Acesso em: 7
maio 2019.
40. OLAITAN, Peter B.; ADELEKE, Olufemi E.; OLA, Iyabo O. Honey: a
reservoir for microorganisms and an inhibitory agent for microbes. African Health Sciences,
[S. l.], 3 set. 2007. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2269714/pdf/AFHS0703-0159.pdf. Acesso
em: 13 maio 2019.
41. PAMBLANCHI, Daniel. Choosing a Filtering System. Wine Maker, [S. l.],
2019. Disponível em: https://winemakermag.com/technique/204-choosing-a-filtering-system-
techniques. Acesso em: 20 jun. 2019.
42. PEREIRA, A., P., et al. High-cell-density fermentation of Saccharomyces
cerevisiae for the optimisation of mead production. Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, Apartado, Portugal. Food Microbiology, 14 Setembro de 2012.
43. PEREIRA, Ana Paula Rodrigues. Caracterização de Mel com vista à Produção
de Hidromel. Bragança, Portugal, 2008. 81 f. Dissertação (Mestrado em Qualidade e
Segurança Alimentar) - Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior Agrária, Portugal,
2008.
116
44. PEREIRA, Ana Paula Rodrigues. Optimization of mead production: design of
different strategies for improvement of alcoholic fermentation. Vila Real, Portugal, 2015.
156f. Tese (Doutorado em Ciências Químicas e Biológicas) - Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro, Portugal, 2015.
45. PIATZ, Steve. The Complete Guide to Making Mead: the ingredients,
equipments, processes and recipes for crafting honey wine. Minneapolis, USA. Voyager,
2014. 160 p.
46. PRATT, Patricia L.; BRYCE, James H.; STEWART, Graham G. The Effects of
Osmotic Pressure and Ethanol on Yeast Viability and Morphology. Journal of the Institute of
Brewing, [S. l.], 2003. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1002/j.2050-0416.2003.tb00162.x. Acesso em: 10
jun. 2019.
47. REHDER, Carlos Pamplona. Associação Brasileira dos Exportadores de Mel.
Apicultura Sustentável. [S.l.]. 2015. Disponível em:
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/documentos/camaras-
setoriais/mel-e-produtos-das-abelhas/2017/43a-ro/estrategia-polinizacao-camara-setorial-
ago2017.pdf. Acesso em: 04 jun. 2019.
48. ROSA, Vitor da Silva; DE MORAES, Deovaldo. Design of Heat Transfer
Surfaces in Agitated Vessels. In: MURSHED, S M Sohel; LOPES, Manuel Matos. Heat
Exchangers - Design, Experiment and Simulation. [S. l.]: IntechOpen, 2017. Disponível em:
https://www.intechopen.com/books/heat-exchangers-design-experiment-and-
simulation/design-of-heat-transfer-surfaces-in-agitated-vessels. Acesso em: 16 jun. 2019.
49. SAXENA, S. C. A Semi-empirical Formula for the Viscosity of Liquid Mixtures.
Chemical Physics Letters, Chicago, USA, 3 jan. 1973. Disponível em: https://sci-
hub.tw/https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0009261473870551. Acesso
em: 17 jun. 2019.
50. SEBRAE. Simples Nacional: mudanças para 2018. [S. l.], 2018. Disponível
em:
https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/AM/Banner/arquivo_1512481714.pdf.
Acesso em: 21 jun. 2019.
117
51. SCHRAMM, Ken. The compleat meadmaker : home production of honey wine
from your first batch to award-winning fruit and herb variations. [S. l.]: Brewers
Publications, 2003.
52. SCOTT LABORATORIES. Stabilization Options for Sweet Wines Before
Bottling. [S. l.], 2019. Disponível em: https://irp-
cdn.multiscreensite.com/78f98e39/files/uploaded/Stabilizing%20Sweet%20wines%20at%20
Bottling%202018.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
53. SILVEIRA, Cristiano Bertulucci (Citisystems). Sensor de Temperatura:
Encontre o Tipo Ideal para sua Aplicação. Brasil, 5 jun. 2019. Disponível em:
https://www.citisystems.com.br/sensor-de-temperatura/. Acesso em: 5 jun. 2019.
54. SOPADE, P.A.; HALLEY, P.J.; D„ARCY, B.R. Specific Heat Capacity of
Australian Honeys from 35 to 165C as a Function of Composition Using Diferential Scanning
Calorimetry. Journal of Food Processing and Preservation, [S. l.], 10 out. 2005. Disponível
em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1745-4549.2006.00051.x. Acesso em:
14 jun. 2019.
55. STANBURY, Peter; WHITAKER, Allan; HALL, Stephen. Principles of
Fermentation Technology. Reino Unido: Butterworth-Heinemann / Elsevier, 2017.
56. T. Satyanarayana, G. Kunze. Yeast Biotechnology: Diversity and Applications.
Nova Delhi, India: Editora Springer, 2009.
57. THE OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY. Brasil (BRA)
Exportação, Importação e Parceiro Comercial. [S. l.], 20 jan. 2018. Disponível em:
https://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/bra/. Acesso em: 5 maio 2019.
58. VIEIRA, Érika Durão; ANDRIETTA, Maria da Graça Stupiello; ANDRIETTA,
Silvio Roberto. Yeast biomass production: a new approach in glucose-limited feeding
strategy. Brazillian Journal of Microbiology, [S. l.], 10 set. 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/bjm/v44n2/a35v44n2.pdf. Acesso em: 12 jun. 2019.
118
119
Fonte: Autoria própria. (Valores de equipamentos importados consideram Dóllar à R$3,84 e
INVESTIMENTO INICIAL
Nome Detalhes Valor Un. Qtd. Valor Total Pgto PARCELA
Equipamentos
Reator Principal Inox, 1000L, misutrador, camisa de resfriamento R$ 15.360,00 1 R$ 15.360,00 12 R$ 1.280,00
Tanque de Maturação Reservatórios de Polipropileno de 1000L atoxico R$ 950,00 3 R$ 2.850,00 2 R$ 1.425,00
Tanque Polietileno, 150L , Mistura de Químicos R$ 142,90 1 R$ 142,90 1 R$ 142,90
Bomba Bomba Centrífuga Dancor 1/4HP R$ 481,00 2 R$ 962,00 1 R$ 962,00
Filtro de Placas Filtro de Placas para Terra Diatomácea R$ 2.304,00 1 R$ 2.304,00 6 R$ 384,00
Mês (ANO 0)
5 6 7 8 9 10 11 12
1094 1094 1094 1094 1094 1094 1094 1094
R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 43,00
R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 47.042,00
-R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05
-R$ 3.732,76 -R$ 3.732,76 -R$ 3.427,88 -R$ 3.427,88 -R$ 3.427,88 -R$ 3.427,88 -R$ 3.427,88 -R$ 3.427,88
R$ 22.614,19 R$ 22.614,19 R$ 22.919,07 R$ 22.919,07 R$ 22.919,07 R$ 22.919,07 R$ 22.919,07 R$ 22.919,07
-R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27
R$ 12.476,91 R$ 12.476,91 R$ 12.781,80 R$ 12.781,80 R$ 12.781,80 R$ 12.781,80 R$ 12.781,80 R$ 12.781,80
-R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78
-R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56
R$ 1.790,57 R$ 1.790,57 R$ 2.095,45 R$ 2.095,45 R$ 2.095,45 R$ 2.095,45 R$ 2.095,45 R$ 2.095,45
R$ 1.919,13 R$ 1.919,13 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02
R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
R$ 1.919,13 R$ 1.919,13 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02 R$ 2.224,02
-R$ 181.937,75 -R$ 180.018,61 -R$ 177.794,59 -R$ 175.570,58 -R$ 173.346,56 -R$ 171.122,54 -R$ 168.898,52 -R$ 166.674,51
122
Mês (ANO 1)
Item Unidade
13 14 15 16
Vendas Garrafa 1094 1094 1333 1333
Preço R$ / Garrafa R$ 43,00 R$ 43,00 R$ 44,94 R$ 44,94
Receita Bruta R$ R$ 47.042,00 R$ 47.042,00 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36
Custo de Venda R$ -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05
Impostos R$ -R$ 4.124,78 -R$ 4.516,79 -R$ 4.777,29 -R$ 4.918,47
Receita Líquida R$ R$ 22.222,17 R$ 21.830,15 R$ 34.426,01 R$ 34.284,83
Custos Variáveis R$ -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27
Margem Operacional R$ R$ 12.084,90 R$ 11.692,88 R$ 24.288,73 R$ 24.147,56
Custos Fixos R$ -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78
Depreciação R$ -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56
Resultado Operacional R$ R$ 1.398,55 R$ 1.006,54 R$ 13.602,39 R$ 13.461,21
Caixa Gerado R$ R$ 1.527,12 R$ 1.135,10 R$ 13.730,95 R$ 13.589,77
Investimento R$ R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Fluxo de Caixa R$ R$ 1.527,12 R$ 1.135,10 R$ 13.730,95 R$ 13.589,77
Fluxo Monetário R$ -R$ 165.147,39 -R$ 164.012,29 -R$ 150.281,34 -R$ 136.691,56
Mês (ANO 1)
17 18 19 20 21 22 23 24
1333 1333 1333 1333 1333 1333 1333 1333
R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94
R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36
-R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05
-R$ 5.025,61 -R$ 5.132,75 -R$ 5.239,88 -R$ 5.347,02 -R$ 5.454,15 -R$ 5.561,29 -R$ 5.668,43 -R$ 5.775,56
R$ 34.177,69 R$ 34.070,56 R$ 33.963,42 R$ 33.856,28 R$ 33.749,15 R$ 33.642,01 R$ 33.534,87 R$ 33.427,74
-R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27
R$ 24.040,42 R$ 23.933,28 R$ 23.826,15 R$ 23.719,01 R$ 23.611,87 R$ 23.504,74 R$ 23.397,60 R$ 23.290,47
-R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78
-R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56
R$ 13.354,07 R$ 13.246,94 R$ 13.139,80 R$ 13.032,67 R$ 12.925,53 R$ 12.818,39 R$ 12.711,26 R$ 12.604,12
R$ 13.482,64 R$ 13.375,50 R$ 13.268,37 R$ 13.161,23 R$ 13.054,09 R$ 12.946,96 R$ 12.839,82 R$ 12.732,68
R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
R$ 13.482,64 R$ 13.375,50 R$ 13.268,37 R$ 13.161,23 R$ 13.054,09 R$ 12.946,96 R$ 12.839,82 R$ 12.732,68
-R$ 123.208,92 -R$ 109.833,42 -R$ 96.565,06 -R$ 83.403,83 -R$ 70.349,73 -R$ 57.402,78 -R$ 44.562,96 -R$ 31.830,27
123
Mês (ANO 2) *Retepe-se adiante
Item Unidade
25 26 27 28
Vendas Garrafa 1333 1333 1333 1333
Preço R$ / Garrafa R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94 R$ 44,94
Receita Bruta R$ R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36 R$ 59.898,36
Custo de Venda R$ -R$ 20.545,05 -R$ 20.545,05 -R$ 20.695,05 -R$ 20.695,05
Impostos R$ -R$ 5.882,70 -R$ 5.989,84 -R$ 5.989,84 -R$ 5.983,92
Receita Líquida R$ R$ 33.470,60 R$ 33.363,47 R$ 33.213,47 R$ 33.219,38
Custos Variáveis R$ -R$ 9.987,27 -R$ 9.987,27 -R$ 10.137,27 -R$ 10.137,27
Margem Operacional R$ R$ 23.483,33 R$ 23.376,19 R$ 23.076,19 R$ 23.082,11
Custos Fixos R$ -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78 -R$ 10.557,78
Depreciação R$ -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56 -R$ 128,56
Resultado Operacional R$ R$ 12.796,98 R$ 12.689,85 R$ 12.389,85 R$ 12.395,76
Caixa Gerado R$ R$ 12.925,55 R$ 12.818,41 R$ 12.518,41 R$ 12.524,33
Investimento R$ R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Fluxo de Caixa R$ R$ 12.925,55 R$ 12.818,41 R$ 12.518,41 R$ 12.524,33
Fluxo Monetário R$ -R$ 18.904,72 -R$ 6.086,31 R$ 6.432,10 R$ 18.956,43
0 1 2 3 4 5
RECEITA BRUTA ANUAL R$ 447.931,00 R$ 693.067,55 R$ 718.780,26 R$ 718.780,26 R$ 718.780,26 R$ 718.780,26
IMPOSTO ANUAL -R$ 31.805,82 -R$ 61.542,02 -R$ 71.717,65 -R$ 71.878,03 -R$ 71.878,03 -R$ 71.878,03
FLUXO DE CAIXA ANUAL -R$ 166.674,51 R$ 134.844,24 R$ 150.981,31 R$ 150.981,31 R$ 150.981,31 R$ 150.981,31
VPL R$ 408.689,07
TIR 82%
TMA 35%
Payback 2,4 anos
DIA 0 DIA 15 DIA 30 DIA 45 DIA 60 DIA 90 DIA 120 DIA 150
Reator Principal 15 15 15 15 30 30 30
Maturador 1 30 45 60 45 75 105
Maturador 2 30 45 75 60 90
Maturador 3 30 60 90 60
ANO 0
MES 5 MES 6 MES 7 MES 8 MES 09 MES 10 MES 11 ...
DIA 180 DIA 210 DIA 240 DIA 270 DIA 300 DIA 330 DIA 360 ...
30 30 30 30 30 30 30 ...
60 90 120 60 90 120 60 ...
120 60 90 120 60 90 120 ...
90 120 60 90 120 60 90 ...
8.5.
9. ANEXOS
126
9.2. ANEXO B – RELATÓRIO DA INDÚSTRIA HIDROMELEIRA AMERICANA (2017)
127
9.3. ANEXO C – LAUDO TÉCNICO DO MEL
128