Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FLORIANÓPOLIS - SC
2022
Lucas Bernardon Machado
Florianópolis – SC
2022
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Lucas Bernardon Machado
Concepção de um Mecanismo Autoalinhante para Estufas Agrícolas Robotizadas
O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora
composta pelos seguintes membros:
Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do título de mestre em Engenharia Mecânica.
____________________________________________
Coordenação do Programa de Pós-Graduação
___________________________________
Prof. Dr. Eng. Antonio Carlos Valdiero
Orientador
____________________________
Prof. Dr. Eng. Henrique Simas
Coorientador
Florianópolis, 08 de Junho de 2022.
Este trabalho é dedicado aos meu Deus que me sustentou até aqui,
aos meus pais e irmãos.
AGRADECIMENTOS
The presence of robots in agriculture has grown significantly over the years, overcoming many
problems and challenges in this area. With the recent accession of new techniques in precision
agriculture, robotics has become one of the essential tools when it comes to efficiency and
productivity in the most diverse cultures, thus reaching relevant proportions in the scenario in
question. Advances in technologies that include agriculture have reached relevant proportions
when it comes to the process of automating agricultural greenhouses. Therefore, it is possible
to reconcile the most diverse research involving robotic applications in greenhouses, such as
robot positioning techniques, methods of autonomous navigation by algorithms, development
of compact harvesting mechanisms, weed control, spraying, and irrigation, among other control
factors, such as temperature and humidity, making protected growing places fully autonomous,
resulting in the remarkable “smart greenhouses”. This work analyzes the feasibility and needs
of robotization in agricultural greenhouses, proposing a low-cost innovation related to a self-
aligning mechanism that can contribute to several processes, from soil management, and
planting to harvesting, to protected cultivation. However, in agricultural greenhouses, linear
guide mechanisms can reach long lengths, about 30 meters in dimension and present the
difficulties of alignment and parallelism between guides (rails), resulting in possible crashes
during the operation of the agricultural robotic system. After surveying the State of the Art of
agricultural robots in greenhouses, it was noted the opportunity to develop a self-aligning
mechanism for a proposal for a robotic Gantry structure suitable for operations carried out in
family farming, where the end effector provides multifunctionality. Cartesian robots perform
displacements composed of translations, have dynamic decoupling and are easy to control. This
work innovatively applies a self-aligning analysis methodology in a Gantry robot to improve
the design. . The methodology used is based on the Reshetov method for analyzing the
parameters of the mechanism for proposes a self-aligned design with its possible
representations. As a result, the mobility and movement restrictions of the mechanism are
verified and the misalignment compensation through new kinematic pairs, providing
advantages during its operation since the robot will move on long rails. It is concluded that the
use of robotics in agriculture improve efficiency, productivity, safety, and quality in tasks that
are exhausting and harmful to the health of rural workers.
2D Duas Dimensões
3D Três Dimensões
3P Três Juntas Prismáticas
3T Três Movimentos de Translação
CAD Computer Aided Design
COPABLA Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na
Agricultura
D-H Denavit – Hartenberg
DoF Degree of Freedom
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPI Equipamento de Proteção Individual
FAO Food and Agriculture Organization of The United Nation
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GDL Graus de Liberdade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFToMM International Federation for the Promotion of Mechanism and Machine
Science
ISPA Sociedade Internacional da Agricultura de Precisão
LAR Laboratório de Robótica
NC Normal Comum
NIMASS Centro de Inovação para Máquinas Automáticas e Sistemas Cervo
OIT Organização Internacional do Trabalho
PEBD Polietileno de Alta Densidade
PIB Produto Interno Bruto
PNSST Política Nacional de Segurança no Trabalho
PPR Duas Juntas Prismáticas e Uma Rotativa
PRR Uma Junta Prismática e Duas Rotativas
PVC Policloreto de Vinila
RBSO Revista Brasileira de Saúde Ocupacional
SST Saúde e Segurança no Trabalho
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
LISTA DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
1.1 METODOLOGIA UTILIZADA ........................................................................... 19
4.2.2 Passo 02: Tabela com os movimentos das juntas (j) ......................................... 72
4.2.5 Passo 05: Método autoalinhante de Reshetov para o Robô Gantry ................. 75
4.2.6 Passo 06: Equacionamento de Malyshev e Ozol para o robô Gantry ............... 82
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................... 96
5.1 Passo 01: Determinar o número de elos (n) e juntas (j) ......................................... 96
5.2 Passo 02: Tabela com os movimentos das juntas (j) ............................................. 98
5.5 Passo 05: Método autoalinhante de Reshetov para o Robô Gantry ..................... 101
5.6 Passo 06: Equacionamento de Malyshev e Ozol para a nova concepção ............ 106
5.7 ANÁLISE DA CONCEPÇÃO AUTOALINHANTE ......................................... 110
5.8.2 Passo 02: Determinar o número de pares cinemáticos (𝒆) do mecanismo.... 116
5.8.3 Passo 03: Determinar o número de partições (𝒆) do mecanismo .................. 116
1 INTRODUÇÃO
não estruturado, justamente por o trabalho e as atividades serem muito diversificadas, sendo
que o agricultor deve se adaptar conforme o ritmo imposto durante a jornada exigida.
Comumente, as condições de trabalho são desfavoráveis, ou seja, os trabalhadores ficam
expostos a altas temperaturas, exposição aos riscos ocupacionais e em posturas inadequadas,
onde na maioria das vezes é exigido de muito esforço físico, como por exemplo, nas casas de
vegetação conhecidas como estufas agrícolas ou cultivo protegido (IIDA. BUARQUE, 2016).
O cultivo protegido consiste em uma técnica que proporciona um certo controle de
variáveis climáticas como: temperatura, radiação solar, umidade do ar e vento. Esse controle se
transforma em ganho na eficiência produtiva reduzindo o efeito da sazonalidade, favorecendo
a oferta mais equilibrada no decorrer dos meses. Esse benefício é mais evidente em regiões de
clima frio, sendo que o calor acumulado dentro das estufas possibilita a produção de certas
culturas fora de época, encurtando assim o ciclo de produção (TANGERINO et al., 2011). Outro
fator de extrema relevância é que o controle de pragas e doenças reduz drasticamente com a
utilização do cultivo protegido, isso fica claro especialmente na produção de mudas. As plantas
concebidas em estufas, por exemplo, têm menor incidência de agentes danificadores, o que
torna o produto “mais limpo” ao ser plantado comercialmente em campo aberto ou fechado
(HACKENHAR, 2015).
A técnica de cultivo protegido mais conhecida é aquela realizada em estufas agrícolas,
conforme a Figura 2, onde tem-se uma estufa de hidroponia, onde o cultivo de vegetais é
realizado sem o contato com o solo, sendo que o crescimento das plantas é feito em uma solução
de água e nutrientes nas bancadas hidropônicas.
Fonte: Autor.
18
De acordo com Russel & Norving (2004), dá-se o nome de robô aos agentes capazes de
realizar tarefas que alteram o espaço físico com a utilização de atuadores, sendo esses equipados
com sensores que permitem um mapeamento do ambiente. Para Blackmore & Griepentrong
(2006), a utilização da robótica na agricultura tem como principal função:
Fonte: Autor.
A primeira fase da metodologia consiste na análise das necessidades (PAHL & BEITZ,
1995), onde são determinados as metas e requisitos de operação e desempenho a partir do
levantamento do estado da arte sobre estufas agrícolas. A partir disso, o projeto do mecanismo
autoalinhante pode ser dividido nas etapas propostas por Valdiero & Rasia (2016).
Em seguida, são definidas as concepções na fase de projeto conceitual, ou seja, a
representação esquemática e funcional do sistema físico, tendo como base os requisitos e
especificações de desempenho obtidos na “análise das necessidades” do futuro cliente. Todavia,
se faz possível a construção de um diagrama de blocos funcional e uma representação
esquemática dos componentes do mecanismo, resultando no conhecimento do sistema física,
tornando o projeto ajustável e modular.
A partir do conhecimento dos sistemas físicos e suas interações, inicia-se a etapa de
“modelagem matemática do sistema dinâmico” aplicando os métodos algébricos, como:
Denavit-Hartenberg, Davies, Teoria dos Helicoides e Técnica de Reshetov, interagindo com o
projeto preliminar. A elaboração do projeto conta com o auxílio de softwares de modelagem
como o SolidWorks e Inskcape, ferramentas matemáticas como o Matlab, para o
desenvolvimento do projeto conceitual. Tal etapa está aliada com o projeto preliminar do
sistema robótico resultando em uma estimativa dos parâmetros nominais do sistema modelado.
22
Se os resultados e testes com o protótipo forem satisfatórios, então tem-se a fase de uso
e testes pelos usuários em campo (produtor agrícola). Como consequência direta disso, são
geradas informações, como por exemplo o grau de satisfação do cliente, as quais devem ser
realimentadas em todo o processo para uma constante evolução e melhorias no projeto.
Associada com a metodologia citada, utilizou-se das estratégias metodológicas de Murai
(2013), onde realizou-se uma revisão sobre metodologia de projeto de mecanismos
desenvolvidas por Yan (1999) e Tsai (2000).
Os procedimentos e abordagens de Yan (1999) leva em consideração a teoria dos grafos
(utilizados na etapa da síntese do número) e análises combinatórias (utilizadas tanto na síntese
do número quanto do tipo, ou seja, trata-se da representação gráfica de cadeias cinemáticas.
Portanto as características estruturais do mecanismo são definidas por um levantamento do
estado da arte e as cadeias geradas por meio de uma síntese numérica, sendo que as
características devem ser semelhantes às encontradas durante o processo de levantamento do
estado da arte.
A metodologia proposta por Tsai (2000) é equivalente a citada no parágrafo anterior,
porém, não restringe as características estruturais ao estado da arte sobre a pesquisa relacionada.
De maneira análoga, utiliza-se de geradores de cadeias cinemáticas com bases nos requisitos e
de projeto, sendo validada de acordo com os parâmetros funcionais definidos pelo projetista.
Uma das principais vantagens de tal metodologia, quando comparada com a desenvolvida por
Yan (1999), é o processo iterativo entre os aspectos geradores e avaliadores, originando assim,
uma rotina de otimização, onde o avaliador funciona como um filtro seletivo, evitando cadeias
cinemáticas inviáveis. Entretanto, o avaliador só funciona corretamente se os requisitos de
design foram bem definidos no início da análise.
Uma combinação das metodologias anteriores é proposta por Murai (2013). De forma
semelhante, realizou-se um levantamento do estado da arte com o objetivo de obter os projetos
existentes que correspondam com os requisitos de projeto estabelecidos, orientando assim o
projetista durante as tomadas de decisões do projeto. De acordo com Murai (2013), deve-se
analisar alguns aspectos construtivos de projeto, como: mobilidade, número de circuitos
independentes, dimensão do espaço de trabalho entre outras características que auxiliam no
entendimento do projeto durante as etapas de desenvolvimento e execução. Portanto, um
diagrama da metodologia proposta é exposto na Figura 6.
23
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
ferramentas que contribuíram para a análise autoalinhante, incluindo o método dos grafos e as
análises realizadas a partir das tabelas de Reshetov. Além disso, ainda no capítulo 3 foi
apresentado um passo-a-passo composto por várias etapas que servem como base para entender
o método de Reshetov. No capítulo (4) seguinte, realizou-se um estudo de caso de um robô
Gantry onde aplicou-se as metodologias e ferramentas citadas nos capítulos anteriores. Na
sequência, o capítulo 5 mostrou os resultados obtidos durante toda a construção da dissertação,
finalizando o capítulo com as representações do protótipo construído. O capítulo 6 trouxe as
conclusões obtidas a partir do desenvolvimento do trabalho, as produções acadêmicas e as
sugestões de trabalhos futuros. Por fim apresentou-se as referências bibliográficas utilizadas
seguido dos apêndices e anexos. Todavia, um fluxograma da estrutura do trabalho é apresentado
a seguir.
Figura 8 - Fluxograma estrutural da dissertação.
Fonte: Autor.
28
1.5 DISCUSSÕES
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica preliminar sobre os principais temas
abordados dissertação de mestrado. Como esse trabalha trata da agricultura, é importante uma
breve contextualização sobre a agricultura brasileira, características da agricultura familiar e de
precisão.
Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar
um grande provedor para o mundo todo. Foram alcançados aumentos significativos na
produtividade agrícola. A agricultura se modernizou, porém ainda existem inúmeros desafios.
Existe uma grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais e
milhões de solos e pastagens degradados além de uma ineficiência no uso de água para irrigação
e aplicação inadequada de agroquímicos.
Na América Latina, o Brasil se apresenta como um importante produtor mundial de
alimentos e com grande potencial de expansão das suas fronteiras agrícolas, sendo uma das
poucas regiões em que ainda é possível aumentar a área agrícola. Em 2012, foram mais de 246
mil hectares destinados para produção agropecuária, sendo 28% para produção agrícola, 69%
para a produção pecuária e 3% no plantio de floresta (IBGE, 2019).
O Brasil é o maior exportador mundial de café, soja, açúcar, suco de laranja, carne
bovina e frango. No ano de 2019, as exportações referentes ao agronegócio foram mais de US$
96 bilhões, representando 43% do total exportado pelo país. A agricultura brasileira é baseada
em mais de 300 espécies de cultivos e envia mais de 350 variedades de produtos por todo o
mundo. O Brasil é o grande produtor de grãos, carne e frutas, e o setor agropecuário contribui
com mais de 21% do PIB do país (EMBRAPA, 2020).
A trajetória da agricultura brasileira é resultado de uma combinação de vários fatores.
O cenário do país propicio para um crescimento acelerado, devido a abundância de recursos
naturais, com extensas áreas disponíveis para plantio. Quando se considera a agricultura como
um todo, a tecnologia explica, em grande parte essa evolução e aumento na produtividade
agrícola. Entre os anos de 1975 e 2015, os avanços tecnológicos foram responsáveis por mais
de 58% do crescimento do valor bruto da produção agrícola (EMBRAPA, 2020).
30
O valor da produção agrícola no país teve uma nova alta no ano de 2019, apresentando
um crescimento de 5% e atingindo R$ 360 bilhões. A área plantada pela atividade agrícola
cresceu cerca de 3%, totalizando mais de 81 milhões de hectares (IBGE, 2019). A Figura a
seguir mostra as principais culturas produzidas no país.
De acordo com Lal (1990), a área terrestre no mundo oportuna para a agricultura,
engloba mais de 3 bilhões de hectares, sendo que atualmente, mais de 1,5 bilhão de hectares
são usados para produção agrícola. A diferença das terras em uso em relação às terras
potenciais, constitui a área de possível expansão das fronteiras agrícolas. Essas áreas de
ampliação agrícola estão concentradas em poucos países devido ao processo ininterrupto de
expansão agrícola contemplado em algumas regiões no mundo (SILVA, 2013). Portanto, com
base nos dados da FIESP (2019), nota-se que o Brasil é uma das poucas regiões em que é
possível aumentar a área agrícola, tornando o país com papel fundamental na produção de
alimentos.
A agricultura familiar pode ser descrita como toda forma de cultivo administrada por
uma família, na qual a mão de obra é executada pelos próprios membros. Além disso, a
produção de alimentos ocorre em pequenas propriedades de terra e se destina a subsistência do
produtor e ao mercado interno do país.
31
De tal forma, esse modelo se diferencia das produções de grande escala do agronegócio
que produzem em massa um único gênero alimentar, como por exemplo soja e milho (IBGE,
2017). No Brasil, a agricultura familiar é responsável por grande parte da produção nacional de
alimentos. De acordo com a Tabela 1, pode-se perceber as regiões onde se concentram a maior
parte dos estabelecimentos que trabalham com esse modelo:
Ranking Região %
1 Nordeste 50
2 Sul 19
3 Sudeste 16
4 Norte 10
5 Centro - Oeste 5
Fonte: Autor.
34
e épocas do ano. Portanto o cultivo em ambiente fechado torna viável a produção durante o ano
todo.
Figura 12 - Cultivo protegido de folhosas.
Fonte: Autor.
Apesar de todas as vantagens expostas, muitos produtores que optaram pelo cultivo
protegido acabaram regredindo ao cultivo convencional por conta de uma redução significativa
da produtividade após alguns anos nesse meio de plantio, devido a diversos fatores, como a
queda na demanda por produtos orgânicos. Outros produtores apontaram que o alto custo
inviabiliza sua implantação.
fisiológica da planta e seu crescimento. Sua cobertura é feita com plástico filme transparente
que proporcionado alta resistência e flexibilidade, sendo empregado na maioria das vezes o
polietileno de alta densidade (PEBD).
A estrutura de sustentação das estufas pode ser de diversos materiais (madeira, ferro,
concreto, etc.), de acordo com a Figura a seguir.
Fonte: Autor.
Nas últimas duas décadas, entre os anos de 1990 e 2000, o uso de estufas agrícolas
expandiu rapidamente suas fronteiras ao redor do mundo. As estimativas apontavam (em 1990)
uma área total de 716.000 hectares com estufas, mas em 2010 esse número havia superado mais
de 3 milhões de hectares, (400%) de crescimento, a maior parte dos quais destinados ao plantio
de hortaliças, e com a China se concentra a maior parte de área de cultivo protegido, conforme
a Tabela 2 (SILVA et al., 2014).
37
Apesar disso, o Brasil, por ter uma área de cultivo muito inferior aos países que lideram
o ranking, ele assume a posição quando se trata de países da América do Sul. Segundo dados
do COBAPLA (Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na
Agricultura), o Brasil possui cerca de 22 mil hectares de área cultivada em casa de vegetação,
cujas principais atividades estão relacionadas ao cultivo de hortaliças, viveiros e flores, sendo
que a metade desta área está concentrada no estado de São Paulo. Nessas áreas de plantio
protegido destacam-se as lavouras de pimenta, alface, pepino e tomate (Silva et al., 2014).
O estado de São Paulo é o que mais utiliza a cultura de plantio protegido, representando
cerca de 50% do total de estufas do país. Em seguida vem Santa Catarina, Paraná, Rio Grande
do Sul, que juntos representam 20% aproximadamente. O estado de Minas Gerais é responsável
por 15% do total das estufas, enquanto os demais estados são responsáveis por outros 15%
(COBAPLA, 2016).
Quando se trata da área coberta por estufas, pode-se citar Almería, uma região da
Espanha conhecida por suas consideráveis estufas, que cobrem mais de 30.000 hectares de terra
desde o mar até a montanha. As estufas representam cerca de 3% das terras da província
espanhola, o que representa 40% de todas as exportações de vegetais do país. São mais de
2.700.000 toneladas de produtos cultivados, entre pepinos, alface, feijão, melancia, entre outros.
O que torna estes números mais surpreendentes é que 8% de todas as estufas concentradas na
referida região utilizam métodos hidropônicos, o que corresponde a 54% de toda a indústria
hidropônica de Almería. Essa região é conhecida como “Mar de Plástico”, justamente porque
os territórios agrícolas são recobertos por plásticos especiais (cobertura das estufas), conforme
mostra a Figura 14 (Jacques, 2016).
38
• Desvantagens:
I. Alto custo de implantação;
II. Dificuldade na rotatividade de áreas por conta da estrutura, prática
usual que ameniza a ocorrência de doenças no solo;
III. Normalmente o plástico da cobertura dura em média 3 anos, e após seu
uso, precisa ter destinação adequada para não contaminar o meio
ambiente;
IV. Falta de mão-de-obra adequada e qualificada para realização das
operações dentro das estufas.
Fonte: Autor.
a-) b-)
c-) d-)
e-) f-)
g-) h-)
Fonte: Autor.
Já as estufas de arco tubular são modelos mais econômicos, pois possuem uma estrutura
mais simples, ideais para cultivos “baixos”, como morango e alface, por exemplo (AÇOPEMA,
2018).
Figura 18 - Estufa de arco tubular.
De maneira análoga, as estufas arco dente serra são modelos construtivos de estufas
agrícolas que unem uma maior proteção contra os ventos, alta luminosidade e uma maior
ventilação. Possuem aberturas superiores (abertura zenital) ao longo do seu comprimento, que
podem ser reguladas e ajustadas através de lanternins ou janelas, o que garante uma ventilação
extra e uma redução da temperatura interna, sem a necessidade da instalação de sistemas de
ventilação e climatização (AÇOPEMA, 2018).
2.5 ROBÓTICA
Conforme Russel & Norving (2004), dá-se o nome de robô aos agentes capazes de
realizar tarefas que alteram o espaço físico com a utilização de atuadores, sendo esses equipados
com sensores que permitem um mapeamento do ambiente.
De acordo com Romano (2002), um robô é formado pela integração e dos seguintes
componentes:
44
a-) b-)
c-) d-)
e-) f-)
De acordo com o item anterior, uma das variações de um robô cartesiano é denominado
Gantry (Figura 21), resultando em um movimento com 3 translações, cujos eixos de movimento
coincidem com um sistema de coordenadas de referência cartesiana. Tal estrutura geralmente é
utilizada em operações “pick-and-place”, cuja principal vantagem é a agilidade de operação
com objetos maiores e pesados (ROMANO, 2002).
Para Siciliano (2009), um robô cartesiano é composto por três juntas prismáticas que
proporcionam facilidade de posicionamento do efetuador final. Segundo Rosário (2004), esse
modelo de robô se destaca pelo alto grau de rigidez mecânica (junta prismática) e pela precisão
no posicionamento dos atuadores, além de que seu volume de trabalho, determina uma
47
otimização no espaço utilizado pelo robô durante as operações, sendo limitado por sensores que
enviam sinais para o controlador, evitando acidentes e colisões.
Portanto, uma automação de baixo custo pode auxiliar e contribuir para o aumento do
potencial de tecnologias com aplicação destinada para a agricultura de precisão, a partir de uma
metodologia integrada no projeto de pesquisa e desenvolvimento de sistemas robóticos
agrícolas voltadas à agricultura familiar (PORSCH et al., 2016). Como as estruturas de estufas
agrícolas podem ter comprimentos longos (em torno de 30 metros), isto pode acarretar
problemas de alinhamento, os quais serão tratados no decorrer dos próximos capítulos.
um braço manipulador, cujo o efetuador final era uma pinça. Em 1996, Mandow et al.
Desenvolveram um veículo autônomo para pulverização de culturas. Já em 2005,
Subramaninan et al. e Singh et al. (Figura 23.a) projetaram um minirrobô que realiza atividades
de pulverização controlada por algoritmos embasado na lógica fuzzy. Em 2006, Belforte et al.
(Figura 23.b) analisaram a viabilidade de uma plataforma autônoma projetada para avaliar a
saúde de plantas. No ano de 2006, Kitamura & Oka (Figura 23.c) desenvolveram um robô para
colheita de pimentas em estufas e em 2002 Henten et al. (Figura 23.d) projetou um robô para
colheita de pepinos.
Figura 23 - Veículos autônomos para a agricultura.
a-) b-)
c-) d-)
Fonte: Autor.
Para Amer et al. (2015), a presença da robótica na agricultura não é um conceito novo,
e sua história começou há mais de vinte anos com pesquisas em colhedoras de cereja, pepino e
tomate. Os sistemas robóticos destinados para a colheita das mais diversas culturas são tratados
no item a seguir e conforme Machado et al. (2021.a, 2021.b, 2021.c).
49
a-) b-)
c-) d-)
e-) f-)
g-) h-)
Fonte: Autor.
50
Da Figura 24.a, tem-se um robô desenvolvido por Feng et al. (2015) destinado para
colheita de tomates, onde o fruto é colhido de acordo com a tonalidade da cor vermelha de sua
superfície (intensidade de amadurecimento). Em 2005, Hayashi et al. (Figura 24.b), avançou
nas pesquisas relacionadas a sistemas para colheitas com a construção de um robô para a
colheita automatizada de morangos, utilizando dos métodos de visão computacional. A Figura
24.c, representa o robô projetado por Vakilian & Massah (2017) para colheita e fertilização de
diversas culturas. Uma pesquisa mais recente foi realizada por Preter et al. em 2018 (Figura
24.d), onde desenvolveu-se um mecanismo para colheita de morangos, utilizando de técnicas
de controle numérico para automação. Norron (2019) projetou um robô autônomo que se
desloca entre as fileiras de plantio dentro das estufas, também para a colheita de morangos
(Figura 24.e). Semelhantemente, em 2017, um grupo de engenheiros japoneses, idealizaram e
construíram um robô para a colheita de mini-tomates, de acordo com a Figura 24.f , e no mesmo
ano, projetou-se um veículo autônomo para o cultivo (Figura 24.g) protegido destinado para a
colheita de tomates e pimentões. Por fim, a Figura 24.h, mostra um robô autônomo,
desenvolvido por Shamshiri et al. (2018), designado para a análise de amadurecimento e
colheita de pimentão amarelo, utilizando da tecnologia de mapeamento a partir de câmeras e
controle numérico.
III. Robô Farmbot – Figura 25.c e Figura 25.d: robô desenvolvido por Farmbot
(2018) para pequenas bancadas de plantio, podendo ser utilizado fora do
cultivo protegido.
Figura 25 - Robôs para estufas agrícolas.
a-) b-)
c-) d-)
Fonte: Autor.
2.6 DISCUSSÕES
3 TEORIA DE MECANISMOS
A teoria dos grafos é uma opção de ferramenta extremamente usual e útil para
representar sistemas de engenharia e mecanismos justamente pois cada elementos do grafo é
definido para corresponder diretamente com os componentes do sistema original (TSAI, 2001).
Conforme Cazangi (2008) e Tsai (2001), uma cadeia cinemática é a coleção de elos e
juntas, podendo ser representadas de uma forma mais simplória e abstrata, conhecida como
teoria dos grados. Sendo assim, os vértices correspondem aos elos de uma cadeia cinemática e
as arestas correspondem às suas juntas, que podem ser prismáticas, rotativas, cilíndricas entre
outras (Apêndice A.4).
Se o mecanismo apresenta apenas juntas simples com um grau de liberdade (𝑓𝑖 = 1), a
Eq. 1 pode ser escrita como a equação da mobilidade para pares cinemáticos expandidos (TSAI,
2001).
𝑀 = (𝑛 − 𝑗 − 1) ∗ 𝜆 + 𝑗 (2)
Do mesmo modo, se o mecanismo possuir apenas juntas com um grau de liberdade (𝑓𝑖 =
1), a Eq.3 pode ser descrita como:
𝑀 = −𝑣 ∗ 𝜆 + 𝑗 (4)
𝑣−1=𝑗−𝑛 (5)
A partir do mecanismo, deve-se fazer uma análise das restrições redundantes (𝑞)
presentes no sistema. Ao acionar um mecanismo, o mesmo pode apresentar algumas posições
de singularidades, sendo assim, a cinemática do mecanismo é alterada, podendo perder
temporariamente alguns graus de liberdade. Toda equação da mobilidade parte do princípio que
as restrições são independentes. Uma restrição redundante na cadeia cinemática é sempre
associada com um circuito, ou um conjunto de circuitos. Quando uma ou mais restrições
redundantes estão presentes em uma cadeia cinemática fechada, uma ação pode ser restringida
dentro do respectivo circuito da cadeia cinemática (CARBONI, 2008).
O grande problema é que toda mobilidade tem uma certa quantidade de restrições reais
e redundantes, assim a equação da mobilidade pode ser analisada de acordo com a equação a
seguir (MARTINS, D.; MURAI, E. H., 2019).
𝑗
𝑀 − 𝑞 = (𝑛 − 𝑗 − 1) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑓𝑖 (6)
𝑖=1
pares cinemáticos (juntas) por pares com maiores graus de liberdade (DoF). Para Reshetov
(1979):
Fonte: Autor.
59
a-) b-)
c-) d-)
Fonte: Autor.
do eixo y (𝑇𝑦 ), e caso fosse necessário, uma translação ao longo do eixo x (𝑇𝑥 ), representado
pela seta em verde no Quadro 1.d.
Deste modo, tem-se uma mobilidade angular em z (𝑅𝑧 ) transformando-se em uma
mobilidade linear em y (𝑇𝑦 ) a partir da junta “b” e mais uma mobilidade extra em z (𝑅𝑧 ) de
acordo com a junta “c”. Por fim, a restrição redundante (𝑞) é proveniente da ausência de uma
mobilidade angular (𝑅𝑦 ) em torno do eixo y e uma translação ao longo do eixo z (𝑇𝑧 ).
Porém o total de graus de liberdade (𝐹) é definido a partir do número total de elos (𝑛)
em um determinado espaço dimensional de trabalho (λ).
𝐹 = (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 (8)
Já o total de restrições (𝐶) é dado por um somatório ao longo das juntas, ou seja, é um
equacionamento embasado no somatório das restrições de todas as juntas menos as restrições
redundantes do sistema, dado por:
𝐶 = ∑ 𝑐𝑖 − 𝑞 (9)
𝑖
𝑀 = (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 − (∑ 𝑐𝑖 − 𝑞) (10)
𝑖
𝑀 = (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 − ∑ 𝑐𝑖 + 𝑞 (11)
𝑖
Assim, as restrições podem ser analisadas de duas maneiras: ao longo das juntas (𝑗) ou
ao longo das classes de pares cinemáticos (𝐼, 𝐼𝐼, 𝐼𝐼𝐼, 𝐼𝑉, 𝑉). Na análise, não se tem juntas menor
61
que “𝐼” nem maior que “V”, pois se fosse do tipo “VI” seria restrição total. Todavia, o conjunto
completo de restrições (𝑘) incluindo as restrições redundantes (𝑞) é definido a seguir.
𝑖=𝑗̅ 𝑘=5
𝐾 = 𝐶 + 𝑞 = ∑ 𝑐𝑖 = ∑ 𝑐𝑖 = ∑ 𝑘𝑝𝑘 (12)
𝑖 𝑖=1 𝑘=1
𝑘=5
𝑀 − 𝑞 = (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 − ∑ 𝑘𝑝𝑘 (13)
𝑘=1
Por fim, o sistema de equações de Malyshev é dado a partir das Eq.15 e Eq.16:
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 − (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑘𝑝𝑘 (19)
𝑘=1
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 − (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑘𝑝𝑘 + 𝜆 ∗ 𝑗̅ − 𝜆 ∗ 𝑗̅ (20)
𝑘=1
62
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 − (𝑛 − 1) ∗ 𝜆 + 𝜆 ∗ 𝑗̅ + ∑ 𝑘𝑝𝑘 − 𝜆 ∗ 𝑗̅ (21)
𝑘=1
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 − (𝑛 − 1 − 𝑗) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑘𝑝𝑘 − 𝜆 ∗ 𝑗̅ (22)
𝑘=1
𝑗̅ = ∑ 𝑝𝑘 → 𝑞 = 𝑀 − (𝑛 − 1 − 𝑗) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑘𝑝𝑘 − 𝜆 ∗ ∑ 𝑝𝑘 (23)
𝑘=1 𝑘=1 𝑘=1
(𝑛 − 1 − 𝑗) = −𝑣
(24)
Substituindo na Eq.24:
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 + 𝑣 ∗ 𝜆 + ∑(𝑘 − 𝜆) ∗ 𝑝𝑘 (26)
𝑘=1
𝑘=5
𝑞 = 𝑀 + 𝑣 ∗ 𝜆 − ∑(𝜆 + 𝑘) ∗ 𝑝𝑘 (27)
𝑘=1
𝑘=5
𝑀 − 𝑞 = −𝑣 ∗ 𝜆 + ∑(𝜆 − 𝑘) ∗ 𝑝𝑘 (28)
𝑘=1
𝑀 − 𝑞 = −𝑣 ∗ 6 + ∑(6 − 𝑘) ∗ 𝑝𝑘 (29)
𝑘=1
Lembrando que:
63
Por fim, o sistema de equações de Ozol é dado a partir das Eq.30 e Eq.31:
Fonte: Autor.
Soluções Juntas
Fonte: Autor.
De forma análoga, a mesma análise é feita para o equacionamento de Ozol. Sendo assim,
de acordo com as Eq.32 e Eq.33 para um determinado mecanismo, tem-se:
Fonte: Autor.
Soluções Juntas
Fonte: Autor.
66
3.5 DISCUSSÕES
Fonte: Autor.
68
Fonte: Autor.
A partir da análise da Figura 33, é possível determinar o número de elos (𝑛) e juntas (𝑗)
do mecanismo desenvolvido por Porsch et al. (2019).
Figura 34 - Elos e juntas do mecanismo.
a-) b-)
Fonte: Autor.
Da Figura 34.a , tem-se que o sistema é composto por dez elos (𝑛 = 10) e por doze
juntas (𝑗 = 12). O elo 1 é a "base" (elo fixo), ou seja as guias de deslocamento (trilhos). Os elos
“2 3 4 5” são as roldanas, os elos “6 7 8 9” correspondem a estrutura de fixação da roldana com
o mecanismo, e por fim o elo 10 é a estrutura do mecanismo. Assim, pode-se dizer que os elos
“2 3 4 5 – roldanas” realizam uma rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ) e uma translação ao longo
do eixo x (𝑇𝑥 ) em relação aos trilhos, “elo 1”. Além disso, os elos “2 3 4 5” realizam uma rotação
em torno do eixo y (𝑅𝑦 ) quando relacionados aos elos “6 7 8 9”. Já os elos “6 7 8 9” realizam
uma rotação em torno do eixo z (𝑅𝑧 ) em relação ao elo 10. Já a Figura 34.b, as roldanas (elos 2,
3, 4, 5) transladam ao longo do eixo x e rotacionam em torno do eixo y quando relacionadas ao
trilho (elo 1). Além disso, as roldanas rotacionam em torno do eixo y em relação a estrutura de
fixação entre elas e a estrutura do mecanismo, indicadas na Figura 34 pelos elos “6 7 8 9”. Para
um melhor entendimento dos movimentos citados, tem-se a Figura a seguir.
72
Fonte: Autor.
A partir da Figura 35, tem-se que as juntas “a b c d” liberam uma translação ao longo
do eixo x (𝑇𝑥 ) e uma rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ). As juntas “e f g h” apenas rotacionam
em torno de y (𝑅𝑦 ) e as juntas “i j k l” rotacionam em torno de z (𝑅𝑧 ). Assim é possível
determinar a primeira tabela de rotação das juntas e o respectivo somatório de suas liberdades
(∑ 𝑓𝑖 ):
a, b, c, d 𝑅𝑦 𝑒 𝑇𝑥 2+2+2+2 = 8
e, f, g, h 𝑅𝑦 1+1+1+1 = 4
i, j, k, l 𝑅𝑧 1+1+1+1 = 4
Fonte: Autor.
73
Conforme citado na seção 3.1.1, tanto a cadeia cinemática (Figura 36.a) quanto o
método dos grafos (Figura 36.b), são formas de representar o mecanismo, simplificando assim
sua estrutura e possibilitando uma análise completa de todo o sistema. Tais representações são
apresentadas na Figura abaixo. Em resumo, no grafo, os elos são representados por pontos e as
juntas por arestas, simplificando o mecanismo como um todo.
a-) b-)
Fonte: Autor.
𝑣−1=𝑗−𝑛 (38)
𝑣 − 1 = 12 − 10 (39)
𝑣 = 13 − 10 = 3 (40)
Realizando uma análise no espaço (𝜆 = 6), pode-se calcular a relação entre a mobilidade
do sistema (𝑀) e suas restrições redundantes (𝑞), de acordo com a Eq.6 e Tabela 5:
𝑗
𝑀 − 𝑞 = (𝑛 − 𝑗 − 1) ∗ 𝜆 + ∑ 𝑓𝑖 (41)
𝑖=1
𝑀 − 𝑞 = (𝑛 − 𝑗 − 1) ∗ 𝜆 + (𝑓𝑎 + 𝑓𝑏 + 𝑓𝑐 + 𝑓𝑑 + 𝑓𝑒 + 𝑓𝑓 + 𝑓𝑔 + 𝑓ℎ + 𝑓𝑖 + 𝑓𝑗 + 𝑓𝑘 + 𝑓𝑙 ) (42)
𝑀 − 𝑞 = (10 − 12 − 1) ∗ 6 + (2 + 2 + 2 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1) (43)
𝑀 − 𝑞 = −18 + 16 (45)
𝑀 − 𝑞 = −2 (46)
𝑀 = −𝑣 ∗ 𝜆 + (𝑓𝑎 + 𝑓𝑏 + 𝑓𝑐 + 𝑓𝑑 + 𝑓𝑒 + 𝑓𝑓 + 𝑓𝑔 + 𝑓ℎ + 𝑓𝑖 + 𝑓𝑗 + 𝑓𝑘 + 𝑓𝑙 ) (48)
𝑀 = (−3) ∗ 6 + (2 + 2 + 2 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1) (49)
𝑀 − 𝑞 = −18 + 16 (51)
𝑀 − 𝑞 = −2 (52)
De acordo com Cazangui (2008), um circuito é uma cadeia que inicia e termina em um
mesmo vértice, quando se trata de análise por grafos. Para Daniel & Murai (2019), circuito é
um subconjunto de elos e pares cinemáticos que formam uma volta fechada. Já os circuitos
independentes (𝑣) são circuitos que possuem pelo menos um par cinemático exclusivo, ou seja,
um par cinemático não pode fazer parte de mais de um circuito (RESHETOV, 1979). Portanto
os circuitos foram divididos da seguinte forma, de acordo com o grafo do mecanismo (Figura
37.a).
a-) b-)
c-) d-)
Fonte: Autor.
76
Fonte: Autor.
O método de Reshetov foi aplicado ao robô Gantry de Porsch et al. (2019) com o
objetivo de analisar as mobilidades1 e suas respectivas restrições redundantes. De acordo com
Reshetov (1979), deve-se fazer uma tabela para cada circuito independente, sendo assim, tem-
se três tabelas, para 𝑣1 , 𝑣2 𝑒 𝑣3 , analisadas de forma separada. Por fim, a tabela geral (Tabela
11), valida os resultados obtidos nas tabelas anteriores.
Para o circuito 1 da Figura 37.b (𝑣1 = {𝑎, 𝑖, 𝑒, 𝑏, 𝑓, 𝑗}), nota-se que é composto pelas
guias lineares (trilhos) e pelas roldanas. O sistema é constituído pelas juntas2 “a b” que
proporcionam uma translação ao longo do eixo x (𝑇𝑋 ) e uma rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ),
referente ao contato entre as roldanas e os trilhos. De forma análoga, tem-se mais duas juntas
“e f” que permitem apenas uma mobilidade angular em y (𝑅𝑦 ), formada a partir do par
cinemático entre as roldanas e seu elo de fixação. Já as juntas “i j” permitem apenas uma rotação
em torno do eixo z (𝑅𝑧 ), sendo esta composta pelo par cinemático entre o elo de fixação da
roldana com o restante da estrutura do mecanismo. Assim, tem-se a Tabela a seguir:
1
A expressão “mobilidade angular” refere-se as liberdades rotativas das juntas analisadas (𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 ) e o termo
“mobilidade linear” correlata sobre os graus de liberdades translacionais ao longo de um determinado eixo
(𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 ), nesse caso os sistemas de coordenadas cartesianas.
2
É importante, durante a leitura do trabalho, retornar na Figura 35 para realizar a correlação entre as tabelas e os
movimentos citados, uma vez que estão todas interligadas para uma melhor compreensão da metodologia proposta
por Reshetov durante a análise autoalinhante do robô Gantry.
77
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
A partir do preenchimento da tabela para o circuito 1 pode-se notar que o mesmo possui
uma mobilidade igual a quatro (𝑀 = 4 → 𝑅𝑦 (𝑏, 𝑓), 𝑅𝑧 (𝑗), 𝑇𝑥 (𝑏)) formada por três mobilidade
angulares dispostas nas juntas “b f” com rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ) e pela junta “j” com
uma rotação em torno do eixo z (𝑅𝑧 ), indicadas pelas setas em azul. Além disso, tem-se uma
mobilidade linear composta pela junta “b”, a partir de uma translação ao longo do eixo x (𝑇𝑥 ),
também indicada pela seta em azul. O circuito apresenta duas restrições redundantes (𝑞 = 2 →
𝑅𝑥 𝑒 𝑇𝑦 ), composta por uma rotação em torno do eixo x (𝑅𝑥 ) e uma translação ao longo do eixo
y (𝑇𝑦 ), indicadas pelas setas em vermelho. Já as setas na cor verde, indicam as mobilidades
78
angulares que foram realocadas para uma mobilidade linear em um outro eixo, nesse caso uma
rotação em torno de y (𝑅𝑦 ) da junta “e” transformou-se em uma translação ao longo do eixo z
(𝑅𝑧 ), conforme citado no item 3.4.
Para o circuito 2 da Figura 37.c (𝑣2 = {𝑐, 𝑔, 𝑘}), tem-se que é formado pelas guias
lineares (trilhos) e por uma roldana apenas. O contato da roldana com o trilho compõe a junta
“c” que proporciona uma mobilidade angular de rotação em y (𝑅𝑦 ) e uma translação ao longo
do eixo x (𝑇𝑥 ). A junta “g” permite apenas uma rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ), referente ao
movimento da roldana com o elo de fixação. Por fim, a junta “k” proporciona apenas uma
rotação em torno do eixo z (𝑅𝑧 ), oriunda do movimento do elo de fixação da roldana, com o
restante da estrutura do mecanismo. Para isso, tem-se a tabela a seguir.
Fonte: Autor.
O quadro geral apresenta o circuito analisado e sua respectiva tabela das mobilidades e
restrições, originadas da Tabela 8.
Fonte: Autor.
79
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
80
𝑣1 4 2
𝑣2 0 2
𝑣3 0 2
𝑀−𝑞 4 6
𝑀 − 𝑞 = 4 − 6 = −𝟐
Fonte: Autor.
𝑀 − 𝑞 = −2 (53)
Por fim, é possível a demonstração da tabela completa de Reshetov, com os três circuitos
presentes nela. Todavia, o valor da relação entre as mobilidades e restrições redundantes deve
ser igual ao encontrado anteriormente.
81
Fonte: Autor.
Análise 01
Mobilidade (𝑀) Restrição (𝑞) Espaço de Trabalho (𝜆) Elos (𝑛) Juntas (𝑗)
1 0 6 10 12
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Conforme a Figura 38, são onze (11) soluções possíveis para juntas com mobilidades
extras que permitem um autoalinhamento do mecanismo, de acordo com a tabela de juntas de
Reshetov (Apêndice A, Anexo A e Quadro 9). A fim de exemplificar, foi escolhida uma das
soluções acima, para preencher a tabela de Reshetov, conforme feito nas seções anteriores e
verificar a relação entre as mobildiades (𝑀) e restrições (𝑞). As classes das juntas utilizadas a
partir da solução escolhida (Figura 38) são mostradas a seguir.
Figura 39 - Juntas utilizadas para a análise 01.
Fonte: Autor.
84
A tabela a seguir mostra a relação das juntas autoalinhantes escolhidas com sua
respectiva classificação e graus de liberdade, de acordo com Reshetov (1979).
V + V + V + V + V + V + IV + IV + IV + IV + IV + III
𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 V – Tipo Prismática 𝑇𝑥
𝑒, 𝑓 V – Tipo Rotativa 𝑅𝑦
𝑖, 𝑗, 𝑔, ℎ IV – Tipo Cilíndrica 𝑅𝑧 , 𝑇𝑧
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
𝑣1 3 1
𝑀−𝑞 = 3−1 = 𝟐
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
𝑣2 0 1
𝑀 − 𝑞 = 0 − 1 = −𝟏
Fonte: Autor.
O circuito 2 (𝑣2 = {𝑐, 𝑔, 𝑘}) apresentou uma mobilidade nula (𝑀 = 0) e uma restrição
redundante (𝑞 = 1), proveniente da ausência de uma rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ). Sendo
assim, uma rotação extra (𝑅𝑧 (𝑘)) transformou-se em uma mobilidade linear ao longo do eixo y
(𝑇𝑦 ), indicado pela seta em verde.
Com tal característica, para o circuito 3, formado pela roldana, suporte de fixação e
trilhos, denotou uma mobilidade igual a um (𝑀 = 1) e apenas uma restrição redundante (𝑞 =
1), uma vez que o circuito 3 é idêntico ao circuito 2, porém com liberdades angulares e lineares
diferentes. Todavia, a tabela a seguir representa a relação entre mobilidades e restrições do
sistema analisado.
87
Fonte: Autor.
Portanto, a tabela final para o circuito 3 (𝑣3 = {𝑑, ℎ, 𝑙}) é dada por:
𝑣3 1 1
𝑀−𝑞 = 1−1 = 𝟎
Fonte: Autor.
A partir da análise individual de cada circuito, é possível determinar uma tabela resumo,
que relacionado todas as mobilidades e restrições de cada circuito. A tabela a seguir demonstra
o valor da relação entre as mobilidades e restrições presentes no mecanismo Gantry
desenvolvido por Porsch et al. (2019) após a primeira análise autoalinhante, considerando as
novas juntas autoalinhante definidas na Tabela 13 e Figura 39. O resultado obtido após a análise
pelo método da tabela de Reshetov foi o valor uma mobilidade igual a quatro (𝑀 = 4) e três
restrições redundantes de movimento (𝑞 = 3), reforçando a análise obtida a partir da Eq.10,
abordada no início da análise sobre mobilidade da seção 3.3, sendo validada através do quadro
geral (Quadro 5).
𝑀−𝑞 =1 (58)
88
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
3
Quarta linha da Tabela 20.
90
Fonte: Autor.
A partir dos novos pares cinemáticos4 apresentados na Figura 41, é possível determinar
a tabela das juntas e suas respectivas liberdades para a análise em questão.
𝑎, 𝑏 𝑅𝑦 𝑒 𝑇𝑥
𝑐, 𝑑 𝑅𝑥 𝑒 𝑇𝑥
𝑒, 𝑓, 𝑔, ℎ 𝑅𝑦
𝑖, 𝑗 𝑅𝑧 𝑒 𝑇𝑦
𝑘, 𝑙 𝑅𝑧
Fonte: Autor.
4
Segunda linha da Tabela 20.
91
para os novos pares cinemáticos esse somatório ainda não é possível, resultando em uma soma
igual a 51 (Eq.64), demonstrando que o mecanismo não está autoalinhado.
Fonte: Autor.
Mesmo com as alterações realizadas nas liberdades das juntas “c d i j”, o mecanismo
apresentou uma relação entre mobilidade e restrição nula (𝑀 − 𝑞 = 0), ou seja, duas
mobilidades (𝑀 = 2) e duas restrições de movimento (𝑞 = 2), sendo estes, parâmetros de
92
Junta Liberdade
𝑎, 𝑏 𝑅𝑦 𝑒 𝑇𝑥
𝑐 ,𝑑 𝑅𝑥 𝑒 𝑇𝑥
𝑒, 𝑓, , 𝑅𝑦
𝑖, 𝑗 𝑅𝑧 𝑒 𝑇𝑦
𝑘 ,𝑙 𝑅𝑧
Fonte: Autor.
5
Destacadas com os símbolos em vermelho na Tabela 22.
6
Representada pelo símbolo em amarelo na Figura 42.
93
A tabela de Reshetov para a análise 03 é apresentada a seguir, uma vez que agora é
composta por apenas dois circuitos: 𝑣1 = {𝑎, 𝑒, 𝑖, 𝑏, 𝑓, 𝑗} e 𝑣3 = {𝑑, 𝑙}.
Fonte: Autor.
De acordo com Reshetov et al. (1979), o mecanismo apresentou uma relação entre a
mobilidade e restrição igual a um (𝑀 − 𝑞 = 1), onde tem-se duas restrições, ambas
relacionadas com mobilidades angulares de rotação (𝑅𝑥𝑐1 e 𝑅𝑦𝑐3 ) indicadas pelas setas em
vermelhos além de três mobilidades extras, uma angular em torno do eixo y (𝑅𝑦 ) e duas
mobilidades lineares de translação ao longo dos eixos x e y (𝑇𝑥 e 𝑇𝑦 ), originadas a partir do par
cinemático das juntas “ f b j” respectivamente.
Em resumo, ao suprimir o circuito 2 (𝑣2 = {𝑐, 𝑔, 𝑘}) da análise e alterar a roldanas (elos
“4 5” conforme a Figura 34 e Figura 35) que proporcionavam uma translação ao longo do eixo
x (𝑇𝑥 ) e um rotação em torno do eixo y (𝑅𝑦 ) por buchas (par cinemático Classe 𝐼𝑉 do tipo
cilíndrico), o mecanismo apresentou as características apresentadas a seguir.
94
Fonte: Autor.
Por conseguinte, após a análise 03, o mecanismo Gantry de Porsch et al. (2019), passou
por algumas alterações em relação ao número de elos (𝑛), juntas (𝑗) e pares cinemáticos, que
será apresentado na seção subsequente. Nada obstante, se faz possível verificar o
equacionamento de Malyshev para o novo mecanismo que contém 0 juntas da Classe 𝐼, 0 juntas
da Classe 𝐼𝐼, 0 juntas da Classe 𝐼𝐼𝐼, 5 juntas da Classe 𝐼𝑉 (a b d i j) e 4 juntas da Classe 𝑉 (e f
h l), conforme indicado na Tabela 22. O equacionamento de Malyshev é dado por:
mecânico passou a ser composto por nove elos (𝑛 = 9) e dez juntas (𝑗 = 10). Contudo, se faz
necessário realizar novamente os passos (no item 4.2) para análise autoalinhante do mecanismo
após as possíveis soluções discorridas até o momento, que será desenvolvido na próxima seção.
4.3 DISCUSSÕES
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em conformidade com a seção anterior, o robô Gantry projetado por Porsch et al.
(2019), passou por algumas mudanças em relação ao número de elos (𝑛), juntas (𝑗) e outros
parâmetros construtivos. Por fim, o novo mecanismo é apresentado a seguir, seguindo uma
modelagem 3D em CAD (SolidWorks), levando em consideração os novos pares cinemáticos
das análises anteriores.
Fonte: Autor.
a-) b-)
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Da figura acima, tem-se que o sistema é composto por nove elos (𝑛 = 9) e dez juntas
(𝑗 = 10). O elo 1 é a "base" (elo fixo), ou seja as guias de deslocamento (trilhos). Os elos “2 3”
são as roldanas, o elo “4” é a bucha deslizante, os elos “5 6” são a estrutura de fixação (perfil
98
Fonte: Autor.
7
Todas as juntas estão representadas com cores específicas, para ser possível uma analogia entre a Figura 46 e a
Tabela 24.
99
“g h” permitem uma rotação em torno do eixo z (𝑅𝑧 ), e por fim as juntas “i j” liberam uma
mobilidade linear de translação ao longo do eixo y (𝑇𝑦 ).
a, b 𝑅𝑦 𝑒 𝑇𝑥 2+2 = 4
c 𝑅𝑥 𝑒 𝑇𝑥 2+2 = 4
d, e 𝑅𝑦 1+1 = 4
f 𝑅𝑧 1
g, h 𝑅𝑧 2
i, j 𝑇𝑦 2
Fonte: Autor.
Conforme mostrado na seção 3.1, se faz possível determinar outras duas formas de
representar a nova concepção do robô Gantry, através da sua própria cadeia cinemática (Figura
47.a) e pelo método dos grafos (Figura 47.b), simplificando a maneira de prosseguir com a
análise autoalinhante do mecanismo.
a-) b-)
Fonte: Autor.
100
Com base na cadeia cinemática do mecanismo e seu respectivo grafo, pode-se obter
algumas propriedades da nova concepção para o robô Gantry, sendo elas:
I. Número de elos (𝑛): 9;
II. Número de juntas (𝑗): 10;
III. Número de circuitos independentes (𝑣): 2.
𝑀 − 𝑞 = (𝑛 − 𝑗 − 1) ∗ 𝜆 + (𝑓𝑎 + 𝑓𝑏 + 𝑓𝑐 + 𝑓𝑑 + 𝑓𝑒 + 𝑓𝑓 + 𝑓𝑔 + 𝑓ℎ + 𝑓𝑖 + 𝑓𝑗 ) (64)
𝑀 − 𝑞 = (9 − 10 − 1) ∗ 6 + (2 + 2 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1) (65)
𝑀−𝑞 =1 (68)
𝑗
𝑀 = −𝑣 ∗ 𝜆 + ∑ 𝑓𝑖 (69)
𝑖=1
𝑀 = −𝑣 ∗ 𝜆 + (𝑓𝑎 + 𝑓𝑏 + 𝑓𝑐 + 𝑓𝑑 + 𝑓𝑒 + 𝑓𝑓 + 𝑓𝑔 + 𝑓ℎ + 𝑓𝑖 + 𝑓𝑗 ) (70)
𝑀 = (−2) ∗ 6 + (2 + 2 + 2 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1 + 1) (71)
𝑀−𝑞 =1 (73)
Para início de análise, deve-se determinar os circuitos independentes (𝑣) do robô Gantry
analisado, lembrando que de acordo com Daniel & Murai (2019), os circuitos independentes
são caminhos com juntas (𝑗) exclusivas. A Figura 48.a mostra novamente o grafo do
mecanismo, e a classificação dos circuitos conforme seus respectivos pares cinemáticos.
a-) b-)
c-) d-)
Fonte: Autor.
102
𝑣2 𝑐𝑓 Figura 48.c
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
103
Da tabela acima para a análise em questão, nota-se que o circuito 1 (Figura 48.b)
apresentou um encadeamento entre as mobilidades (𝑀) e restrições (𝑞) positivo igual a quatro
(𝑀 − 𝑞 = 4). Sendo assim a mobilidade cinco (𝑀 = 5) é proveniente de três mobilidades
angulares de rotação das juntas “b e h” (𝑅𝑦 (𝑏, 𝑒), 𝑅𝑧 (ℎ)) e dois movimentos lineares das juntas
“b j” (𝑇𝑥 (𝑏), 𝑇𝑦 (𝑗)), designados pelas setas em azul. De modo análogo, as setas em verde
indicam os graus de liberdades (DoF) de rotação que poderiam ser realocadas dentro da análise
do circuito, em conformidade com o que foi descrito no item 3 e na Figura 28. As setas em
vermelho indicam a restrição (𝑞 = 1) presente no mecanismo, o que já era esperado, uma vez
que as roldanas em contato com os trilhos não proporcionam uma rotação em torno do eixo x
(𝑅𝑥 ), diferentemente da bucha deslizante presente no circuito 2 (Figura 45). Por fim, uma
liberdade de rotação (𝑅𝑦 ) oriunda da junta “d”, transformou-se em uma liberdade linear ao
longo do eixo z (𝑇𝑧 ). O quadro geral para o circuito 1 (𝑣1 ) é apresentado a seguir.
Fonte: Autor.
Conforme Reshetov et al. (1979), uma das maneiras de realizar a montagem dos
componentes de um determinado mecanismo com excesso de restrições, é substituindo os pares
cinemáticos usados por outros que proporcionem graus de liberdades (DoF), garantindo o
funcionamento do sistema, ou seja, acrescentando liberdades equivalentes às restrições
presentes.
Portanto, para o circuito 2 (𝑣2 ) , os pares cinemáticos que compõem a malha são
formados pelos elos referentes a guia linear, bucha deslizante e a estrutura do robô pórtico. A
junta “c” refere-se ao contato entre a guia linear e a bucha, já o movimento da junta “f” é
originado por uma mobilidade angular de rotação da bucha em relação ao restante da estrutura
104
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
A partir da tabela acima, tem-se que o circuito 2 possui (𝑣2 ) uma mobilidade nula (𝑀 =
0) e três restrições de movimento (𝑞 = 3 → 𝑅𝑦 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 ), justamente pelo fato da ausência de
mobilidade angular e linear do sistema, indicado pelas setas em vermelho, pois a bucha
deslizante libera apenas dois movimentos (Classe 𝐼𝑉), uma rotação em torno do eixo x (𝑅𝑥 ) e
uma mobilidade linear também no eixo x (𝑇𝑥 ) e restringe outros quatro movimentos no espaço
(𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 ).
Por fim, é possível estabelecer um quadro resumo de acordo com as mobilidades (𝑀) e
restrições (𝑞) do robô Gantry autoalinhado encontradas até o momento, levando em
105
Fonte: Autor.
Análise 04
Mobilidade (𝑀) Restrição (𝑞) Espaço de Trabalho (𝜆) Elos (𝑛) Juntas (𝑗)
1 0 6 9 10
Fonte: Autor.
Da tabela, pode-se notar que o mecanismo deve possuir uma mobilidade igual a um
(𝑀 = 1) e nenhuma restrição (𝑞 = 0) em excesso que possam ocasionar o travamento do robô
durante seu deslocamento sobre as guias lineares, lembrando que, conforme mencionado na
seção anterior, as duas restrições já presentes no mecanismo (𝑅𝑥𝑐1 e 𝑅𝑦𝑐2 ) não interferem no
pleno funcionamento do mecanismo, uma vez que são redundantes. Além disso, o número total
de elos e juntas para a análise em questão é igual a nove (𝑛 = 9) e dez (𝑗 = 10),
respectivamente, tendo que a dimensão do espaço de trabalho não foi alterada (𝜆 = 6). Portanto,
conforme o equacionamento de Malyshev tem-se:
a, b 𝑅𝑦 𝑒 𝑇𝑥 2+2 = 4 𝐼𝑉
c 𝑅𝑥 𝑒 𝑇𝑥 2+2 = 4 𝐼𝑉
d, e 𝑅𝑦 1+1 = 4 𝑉
f 𝑅𝑧 1 𝑉
g, h 𝑅𝑧 2 𝑉
i, j 𝑇𝑦 2 𝑉
Fonte: Autor.
108
Sendo assim, o mecanismo não apresenta juntas das Classes 𝐼, 𝐼𝐼, 𝐼𝐼𝐼, possuindo apenas
3 juntas da Classe 𝐼𝑉 (a b c) e 7 juntas da classe 𝑉 (d e f g h i j), de acordo com o Apêndice B.
A partir da classificação das juntas, pode-se analisar o equacionamento de Malyshev, onde
deve-se ter um somatório de restrições das juntas igual a 47 (Eq.80), demonstrando o
autoalinhamento desejado para o robô. Considerando as juntas da Tabela 29 tem-se:
Fonte: Autor.
8
Indicada pela seta em vermelho na Figura 49.
109
Por fim, as soluções de Ozol são apresentadas a seguir, e novamente deve-se obter a
proposta de solução formada por 7 juntas da Classe 𝑉 e 3 juntas da Classe 𝐼𝑉, ressaltando que
para essa análise, uma junta da Classe 𝑉 de Malyshev é equivalente a uma junta da Classe 𝐼 de
Ozol e uma junta da Classe 𝐼𝑉 de Malyshev corresponde a uma junta da Classe 𝐼𝐼 de Ozol,
conforme mencionado no item 3.4.2 e no Anexo A. Portanto, a solução9 que deve estar contida
no resultado do código gerado é composta por sete juntas da Classe 𝐼 e três juntas da Classe 𝐼𝐼.
Fonte: Autor.
Malyshev 𝑉 + 𝑉 + 𝑉 + 𝑉 + 𝑉 + 𝑉 + 𝑉 + 𝐼𝑉 + 𝐼𝑉 + 𝐼𝑉
Ozol 1+1+1+1+1+1+1+2+2+2
Fonte: Autor.
9
Indicada pela seta em azul na Figura 50.
110
Portanto, tem-se uma veracidade nas juntas escolhidas durante a análise autoalinhante
da Tabela 29 com as juntas obtidas a partir do método de Malyshev e Ozol mencionadas na
Tabela 30, após o preenchimento das tabelas de Reshetov para cada circuito do mecanismo,
tendo por fim, uma solução de mecanismo autoalinhada.
Uma outra forma de verificar a autenticidade das análises realizada até o momento, é a
partir da síntese do mecanismo, partido dos requisitos de projeto até obter a solução
autoalinhada representada na Figura 43, descrita na seção a seguir.
Fonte: Autor.
Portanto, para o mecanismo autoalinhante (Figura 43), para nove elos (𝑛 = 9) e dez
juntas (𝑗 = 10) é possível realizar a síntese de acordo com o código citado, com o intuito de se
obter o grafo do mecanismo e sua cadeia cinemático, de acordo com o que foi definido no início
da análise autoalinhante para a nova concepção desenvolvida do robô gantry (Figura 47),
validando todas as análise e valores obtidos até aqui. Assim, o código utilizado é mostrado a
seguir.
Figura 52 - Código para gerar os grafos da nova concepção.
Fonte: Autor.
Por fim, o código forneceu seis grafos referentes ao mecanismo, de acordo com as
representações a seguir.
112
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
113
É possível então, comparar os resultados obtidos a partir do código utilizado para gerar
os grafos no software destacado em vermelho na Figura 55.a com os resultados a partir das
análises (Figura 55.b).
a-)
b-)
Fonte: Autor.
Conclui-se então, que os resultados obtidos tanto para os grafos quanto para as cadeias
cinemáticas, correspondem ao que foi encontrado durante a análise do estudo de caso (Figura
47) para uma concepção autoalinhante do mecanismo desenvolvido por Porsch et al. (2019).
Um outro método para verificar as possíveis soluções autoalinhantes para o mecanismo
e validar os resultados obtidos é a partir da síntese, ou seja, a partir dos requisitos de projeto e
estruturais, obtém-se uma concepção autoalinhada, após várias etapas a serem analisadas,
conforme descrito na seção 1.1 e discorrido no item seguinte.
Para alcançar o objetivo realizar a síntese para a concepção autoalinhada originada das
análises anteriores (Figura 43) é necessário determinar várias etapas que compõem um “passo-
a-passo” para se obter a síntese do mecanismo, de acordo com o fluxograma a seguir.
114
Fonte: Autor.
Passo 01
Mobilidade (𝑴) Restrição (𝒒) Dimensão (𝝀) Elos (𝒏) Juntas (𝒋) Circuitos (𝒗)
1 0 3 9 10 2
Fonte: Autor.
equacionamento de Euler realizado nas análises anteriores e com a Figura 48. Por fim, é
desejável que ausência de restrições (𝑞 = 0), sendo este mais um requisito estrutural do
mecanismo.
𝑒 = 2∗𝑗 (88)
𝑒 = 2 ∗ 10 = 20 (89)
𝑒̅ = 2 ∗ 𝑗 − 2 ∗ 𝑛 (90)
𝑒̅ = 2 ∗ 10 − 2 ∗ 9 = 20 − 18 = 2 (91)
Assim, deve-se definir de quantas formas é possível particionar (dividir) o número dois,
fornecido como resultado das partições do mecanismo, sendo que cada possibilidade gera uma
partição diferente. Com auxílio do software é possível obter tal resultado.
Fonte: Autor.
117
𝒗=𝟐 2 3 5 6 8 10
𝒗=𝟑 16 35 74 126 212 325
𝒗=𝟒 230 753 1962 4356 8846 16649
Modo Partição
𝒆̅ → 𝟐 = 𝟐 + 𝟎 𝟒+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐
𝒆̅ → 𝟐 = 𝟏 + 𝟏 𝟑+𝟑+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐+𝟐
Fonte: Autor.
O próximo passo da análise seria gerar os grafos do mecanismo (variações – passo 04)
para nove elos (𝑛 = 9) e dez juntas (𝑗 = 10), porém tal etapa já foi realizada anterioremente na
análise autoalinhante, de acordo com a Figura 51, onde utiliza-se o comando nauty no código
utilizado com o auxílio do SageMath, onde os resultados inviáveis já foram eliminados (passo
05). Assim, a primeira partição é composta por um elo quaternário e oito elos binários, sendo
que a segunda partição é formada por três elos ternários e sete elos binários, conforme
encontrado para a solução autoalinhante (Figura 54).
O passo 06 consiste na síntese do tipo, ou seja, determinar os tipos de pares cinemáticos
a serem utilizados no mecanismo autoalinhante, já deifnido no estudo de caso da seção anterior
(Figura 46). Já o passo 07 consiste na síntese dimensional, onde deve-se definir as dimensões
dos elos. Como o objetivo do trabalho não é tal aspecto, utilizou-se apenas dimensões em escala
10
Destacado em amarelo na Tabela 32.
118
reduzida para a confeção de um protótipo, descritas no capítulo seguinte. Por fim, antes de se
obter a solução autoalinhante, deve-se realizar a análise através do método de Reshetov (item
5.5), que também já foi realizado na seção anterior referente ao estudo de caso do mecanismo
desenvolvido por Porsch et al. (2019). Por fim, uma outra forma de representar as partições
mencionadas na Tabela 33 é através da representação a seguir (MARTINS, D.; MURAI, E. H.,
2019).
Figura 58 - Determinando as partições graficamente.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
120
De acordo com Valdiero (2012), a cinemática é o ramo da ciência que trata dos
movimentos de um determinado corpo sem considerar as forças atuantes, onde estuda-se a
velocidade, aceleração, posição e das derivadas superiores. Portanto, o estudo da cinemática de
mecanismos trata-se das propriedades geométricas e de movimento em relação ao tempo.
De acordo com Sciavicco & Siciliano (1996) deve-se seguir os seguintes passos para a
análise utilizando a nomenclatura de Denavit-Hartenberg:
I. Enumerar os elos e juntas;
II. Escolher o eixo 𝑍𝑖 ao longo da junta 𝑖 + 1 ou no eixo 𝑍𝑛−1 ao longo da junta 𝑖;
III. Localizar o 𝑂𝑖 na intersecção de 𝑍𝑖 com o eixo da NC ao eixo 𝑍𝑖−1 ;
IV. Escolher 𝑥𝑖 ao longo da NC ao eixo 𝑍𝑖−1 e 𝑍𝑖 ;
V. Escolher 𝑦𝑖 a partir da regra da mão direita.
Portanto, na Figura 61 estão representados os parâmetross de D-H para a nova
concepção autoalinhate11 de baixo custo do robô Gantry para estufas agrícolas, levando em
consideração os três movimentos de translação característico para esse modelo robótico.
11
A modelagem geométrica utilizada para a análise da cinemática direta de posição é referente a Figura 60.
121
Fonte: Autor.
𝑬𝒍𝒐𝒊 𝒂𝒊 𝜶𝒊 𝜽𝒊 𝒅𝒊
𝑬𝒍𝒐𝟏 0 𝜋 0 𝑑1
2
𝑬𝒍𝒐𝟐 0 𝜋 𝜋 𝑑2
−
2 2
𝑬𝒍𝒐𝟑 0 0 0 𝑑3
Fonte: Autor.
1 0 0 0
𝐴10 = [ 0 0 −1 0 ] → 𝑒𝑙𝑜 1 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑒𝑙𝑜 0 (93)
0 1 0 𝑑1
0 0 0 1
0 0 −1 0
𝐴12 = [−1 0 0 0 ] → 𝑒𝑙𝑜 2 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑒𝑙𝑜 1 (94)
0 1 0 𝑑2
0 0 0 1
0 0 0 0
𝐴23 = [0 1 0 0 ] → 𝑒𝑙𝑜 3 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑒𝑙𝑜 2 (95)
0 0 1 𝑑3
0 0 0 1
1 0 0 0 0 0 −1 0 0 0 0 0
𝐴03 = [0 0 −1 0 ] ∗ [−1 0 0 0 ] ∗ [0 1 0 0] (97)
0 1 0 𝑑1 0 1 0 𝑑2 0 0 1 𝑑3
0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1
0 0 −1 −𝑑3
0 −𝑑2
𝐴03 = [ 0 −1 ] = [𝑋30 𝑌30 𝑍30 𝑃30 ] (98)
−1 0 0 𝑑1
0 0 0 1
123
Por fim tem-se as equações cinemáticas diretas a partir das matrizes de transformação
homogêneas, sendo representadas pelos vetores de orientação do efetuador final (𝑋30 , 𝑌30 , 𝑍30 )
0 0 −1 𝑃𝑥 −𝑑3
0 0 0 0
𝑋3 = [ 0 ] ↔ 𝑌3 = [−1] ↔ 𝑍3 = [ 0 ] ↔ 𝑃3 = [𝑃𝑦 ] = [−𝑑2 ] (99)
−1 0 0 𝑃𝑧 𝑑1
𝑑1 = 𝑍𝑒𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑃𝑧 (100)
𝑑2 = −𝑌𝑒𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 = −𝑃𝑦 (101)
𝑑3 = −𝑋𝑒𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 = −𝑃𝑥 (102)
O recurso à prototipagem pode ser tanto real como virtual (CAD e outros softwares),
podendo ser realizada de forma manual ou passando até pela prototipagem rápida, compondo
assim, as etapas de desenvolvimento de um determinado produto. Os protótipos são
fundamentalmente utilizados nas fases de aprovação da modelagem e do design trabalhado,
originando-se do projeto conceitual. Estudos apontam que cerca de 70% relacionado aos custos
124
Fonte: Autor.
do mecanismo robótico multifuncional, bem como sua área de trabalho, sendo que o atuador
final pode ser uma garra ou até mesmo um bico aspersor. Conforme a Tabela 35, o sistema deve
ser projetado com a largura (A) e altura do teto (B), considerando o mecanismo Gantry como
uma oportunidade de solução de robotização de baixo custo, uma vez que utiliza da própria
estrutura da estufa para seu acoplamento12.
A - Largura (m) B - Altura do teto (m) C - Altura Total (m) D - Comprimento (m)
6.00 3.00 4.50 12.00
7.00 3.50 5.00 15.00
8.00 4.00 5.50 30.00
10.00 4.50 6.00 30.00
Fonte: Autor.
Estufa Agrícola
Escala Original 6 3 12
Bancadas Agrícolas
Fonte: Autor.
12
As dimensões escolhidas estão indicadas pela linha em amarelo na tabela acima, sendo esse modelo o mais
comercialmente utilizado pelos produtores.
13
Dimensões indicadas na Tabela 36 a partir da linha na cor verde.
126
Fonte: Autor.
Após definir um modelo de cultivo protegido em escala real, foi possível uma
modelagem geométrica utilizando SolidWorks da maquete a ser confeccionada em escala
reduzida (ver mais detalhes nos Apêndice C e Apêndice D).
14
O autor da dissertação trabalhou como engenheiro projetista na área de estufas agrícolas antes de ingressar no
mestrado, onde visitou ambientes de cultivo protegido nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Minas
Gerais e Mato Grosso. Tais fatos possibilitaram construir o estado da arte da temática em questão, além de auxiliar
no contato com empresas que podem ser futuras parceiras da universidade em relação a projetos envolvendo
estufas agrícolas. A empresa em questão citada pelo o autor é Climabrisa, que oferece serviços para o conforto
térmico humano, animal e vegetal (https://climabrisa.com.br/).
127
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Por fim, com os componentes finalizados, após cerca de 240 horas de impressão foi
possível a contrução do protótipo final. Todos os materias, como parafusos (M12x50) e arroelas
(3/8 zincada) foram disponibilizados também pelo Laoratório de Robótica (LAR) da UFSC. O
mecanismo, intitulado de “JR29” é apresentado a seguir de acordo com as análises realizadas
durante o trabalho (Figura 43).
129
Fonte: Autor.
Outros detalhes construtivos são apresentados na figura abaixo, importantes para uma
melhor compreensão dos componentes do mecanismo. A Figura 67.a representa a junta
prismática que permite uma translação ao longo do eixo y, compensando os desalinhamentos
no trilho, já a Figura 67.b mostra a bucha deslizante que corresponde à um par cinemático do
tipo cilíndrico, com seus respectivos movimentos apresentados na Tabela 24 e Figura 46.
a-) b-)
Fonte: Autor.
130
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
15
Destacados em amarelo na Figura 68.
16
Indicados pelas setas em branco na figura acima.
17
Representadas pelas setas em verde na Figura 70.
131
Fonte: Autor.
Além disso, existem forças atuando sobre o eixo da bucha (principalmente a força peso
da estrutura do mecanismo), causando deslocamentos torcionais18 (em relação ao eixo z) de
flambagem, uma vez que a peça é considerada esbelta, ou seja, a área de seção trabnversal é
pequena em relação ao seu comprimento, que também podem ser analisados no protótipo, como
apresentado na sequência.
Figura 71 - Flambagem no eixo da bucha deslizante.
Fonte: Autor.
18
Representados pelas setas em vermelho na figura acima.
132
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
5.11 DISCUSSÕES
6 CONCLUSÕES
O fato de que as pessoas estão mais conscientes quanto à produção de alimentos e sua
forma de consumo está diretamente ligado com um aumento significativo por produtos
saudáveis, refletindo assim em inúmeros desafios no cenário da alimentação envolvendo o setor
agrícola, nesse caso, o cultivo protegido nas casas de vegetação conhecidos como estufas
agrícolas. Todavia faz-se necessários a utilização de mecanismos robóticos de baixo custo
acessível ao grupo da agricultura familiar, responsável por grande parte da produção de
alimentos no cenário nacional.
Sendo assim, o presente trabalho apresentou um estudo de caso de um robô Gantry com
três graus de liberade (DoF) translacionais em relação aos eixos de coordenadas cartesianas,
originados pela presença de juntas prismáticas (PPP). O mecanismo é atuado pneumaticamente,
porém o foco do trabalho não foi no acionamento, mas sim nos desalinhametnos provocados
pelas guias lineares de dimensões expressivas, que como citado anteriormente, podem chegar
até trinta metros de comprimento. Para tal, fez-se necessário uma revisão bibliográfica com o
intuito de embasar o levantamento do estado da arte sobre as estufas e seus respectivos aspectos
contrutivos, para definir o espaço de trabalho do robô cartesiano, uma vez que se tratam de
operações dentro de estufas agrícolas, considerado um ambiente não estruturado e bem
definido, diferentemente de um cenário industrial.
Para tal análise, utilizou-se de metodologias com características semelhantes que
auxiliaram na obtenção de um mecanismo autoalinhando. Sendo assim, primeiramente foram
definidos inúmeros conceitos da teoria de mecanismos para ser possível entender o restante do
trabalho, como elos, juntas, circuitos independentes, equações da mobildiade, representação de
mecanismos, utilziando principalmente o método dos grafos. Após isso, realizou-se a análise
autoalinhante a partir do método de Reshetov, originando quatro análises diferentes, detalhadas
passo-a-passo no trabalho, sendo que cada análise permitiu obter uma possível solução para o
mecanismo estudado, uma vez que o método citado consistiu na inclusão de juntas com
liberades de movimento maiores que as utilizadas no projeto com o intuito de atenuar as
restrições redundantes presentes ou até mesmo, em alguns casos, eliminar por completo todas
elas. Com a nova concepção do mecanismo autoalinhando, realizou-se a validação dos
resultados obtidos dos equacionamentos (Reshetov, Malyshev e Ozol) e das modelagens a partir
da síntese do mecanismo, focando na síntese do número e do tipo. Todavia, obteve-se, com a
conclusão da síntese do sistema, o mesmo grafo, cadeia cinemática e consequentemente o
135
mecanismo encontrado nas análises além da verificação dos movimentos a partir da cinemática
de posição.
Por fim, mais um meio de validação tanto da análise quanto da síntese, foi possível
determinar uma maquete em escala da estufa com o robô Gantry já acoplado e a contrução de
um protótipo do mecanismo autoalinhado em escala. Portanto, com o mecanismo construído,
realizou-se novamente a validação dos resultados discutidos através de simulações na prática
de desalinhamento dos trilhos, onde foram abordados os cenários mais extremos que podem
causar problemas durante as operações, tanto no trilho das roldanas (não paralelismo) quanto
no trilho da bucha deslizante (sujeito a flambagem). A utilização dos métodos de
autoalinhamento utilizados na construção do trabalho apresentaram-se vantajosos no decorrer
das análises, uma vez que inúmeros problemas estruturais e operacionais do robô foram
percebidos já na construção das tabelas de Reshetov.
Contudo, após a análise das mobilidades e restrições de movimento do mecanismo
estudado, constatou-se a eficiência dos métodos utilizados no trabalho, permitindo assim a
contrução de mecanismos de baixo custo, não somente na área agrícola, uma vez que as juntas
autoalinhantes possibilitam a utilização de materiais e componentes com baixa qualidade de
fabricação e precisão, justamente por compensar tais características que são importantes tanto
na montagem do mecanismo quanto na precisão de atuação. Por fim, foi possível realizar o
objetivo geral e específicos citados no início de trabalho aplicando as técnicas autoalinhantes
para diminuir os custos na construção de uma estufa robotizada.
• Situação: Publicado;
• Ano e local: 2021, Córdoba – Argentina.
• Link da apresentação: https://www.youtube.com/watch?v=HWMHsO39z5w
REFERÊNCIAS
AMER, G. et al. Design and Operation of Wi-Fi Agribot Integrated System. ICIC –
International Conference on Industrial Instrumentation and Control. Pune, Índia, v. 1, n. 1, p.
207-212, jul./2015. Disponível em: https://ieeexplore.ieee.org/document/7150739. Acesso em:
12 mai. 2021.
AUAT, F. A.; CARELLI, R.. Agricultural Robotics: Unmanned Robotic Service Units in
Agricultural Tasks. IEEE – Industrial Electronics Magazine. v. 7, n. 3, p. 48-58, jun./2013.
Disponível em: https://www.semanticscholar.org/paper/Agricultural-Robotics%3A-
Unmanned-Robotic-Service-in-Cheein Carelli/f4b2b2e4c829f140d6ee13fce9ab116a7a.
Acesso em: 5 jul. 2021.
BATISTA, A. V. D. A. et al. Multifunctional Robot at Low Cost for Small Farms. Rural
Engineering. Santa Maria, v. 47, n. 7, p. 51-61, jul./2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cr/a/bDpSL9kZKsyhSDyHkBtYhTs/?lang=en. Acesso em: 12 mai.
2021.
BELFORTE, G. et al. Robot Design and Testing for Greenhouse. Byosistems Engineering.
Italy, v. 95, n. 3, p. 309-321, nov./2006. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1537511006002376. Acesso em: 8 jul.
2021.
CHANG, J. et al. Frontier in Ecology and the Environment. Does Growing Vegetables in Plastic
Greenhouses Enchance Regional Ecosystem Services Beyond the Food Supply. 11. ed. ESA,
2013. p. 43-49.
DANDAN, K. et al. The Silos Surface Cleaning Robot Concept. IEEE – International
Conference on Mechatronics and Automation. Japan, v. 1, n. 2, p. 657-661, ago./2013.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/258205905_SIRO_The_silos_surface_cleaning_rob
ot_concept. Acesso em: 30 jun. 2021.
DARIO, P. et al. The Agrobot Project for Greenhouse Automation. ISHS Acta Horticulture –
International Symposium on New Cultivation Systems in Greenhouse. v. 1, n. 1, p. 85-92,
nov./1994. Disponível em: https://www.actahort.org/books/361/361_7.htm. Acesso em: 19
mai. 2021.
DAVIES, T. H. Coupling Network and Their Graphs. Mechanism and Machine Theory. v. 30.
n. 7. p. 991-1000. 1995.
FARMBOT. FarmBot Genesis. Disponível em: https://farm.bot/. Acesso em: 20 mar. 2022.
FENG, Q. et al. Design and Test of Tomatoes Harvesting Robot. IEEE – International
Conference on Information and Automation. China, v. 1, n. 1, p. 949-952, out./2015. Disponível
em: https://ieeexplore.ieee.org/abstract/document/7279423. Acesso em: 5 mai. 2021.
GRIFT, T. et al. A Review of Automation and Robotics for the Bioindustry. Journal of
Biomechatronics. v. 1, n. 1, p. 37-54, set./2008. Disponível em:
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.453.9292&rep=rep1&type=pdf.
Acesso em: 6 jul. 2021.
HARTENBERG, R.; DENAVIT, J.. Kinematic Synthesis of Linkages. 1. ed. New York:
McGraw-Hill. 1964. p. 1-95.
HUANG, Z.. KONG, L.; FANG, Y. Mechanism Theory of Parallel Robotic Manipulator and
Control. China, Beijing. 1997.
IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. São Paulo: Edgard Blucher,
2016. p. 45-56.
IONESCU, T. G. Terminology for Mechanisms and Machine Science, Mechanis and Machine.
v. 38. n. 7. p. 597-1111. 2006. Disponível em: https://link.springer.com/chapter/10.1007/1-
4020-2204-2_3. Acesso em 5 jul. 2020.
KITAMURA, S.; OKA, L.. Recognition and Cutting System of Sweet Pepper for Picking Robot
in Greenhouse Horticulture. IEEE – International Conference Mechatronics and Automation.
Canada, v. 4, n. 1, p. 1807-1812, jul./2005. Disponível em:
https://ieeexplore.ieee.org/document/1626834. Acesso em: 27 jun. 2021.
146
LAL, R. Soil Erosion and Land Degradation: The Global Risks. 11. ed. New York: Springer
Verlag, 1990. p. 114-126.
LAUS, L. P.; SIMAS, H.; MARTINS, D. Efficiency of Gear Trains Determined Using Graph
and Screw Theories. Mechanism and Machine Theory. v. 52. p. 296-335. 2012. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0094114X12000213. Acesso em: 14
jan. 2020.
MANDOW, A. et al. The Autonomus Mobile Robot Aurora for Greenhouse Operation. IEEE
– Robotics & Automaiton Magazine. v. 1, n. 3, p. 18-28, dez./1996. Disponível em:
https://ieeexplore.ieee.org/document/556479. Acesso em: 8 jul. 2021.
MARTINS, D.; SIMAS, H.; GUENTHER, R. Singularity Avoidance Based on the Globally
Constrained Jacobian Method. Florianópolis, SC, 2001.
MEIJA, L.; SIMAS, H., MARTINS, D. Force Capability Maximization of a 3RRR Symetric
Parallel Manipulator by Topology Optimization. In: 22nd International Congress of
Mechanical Engineering – COBEM. 2013.
OZOL, O. New Structural Formula for Mechanisms and its Theoretical and Practical
Importance. Trans, of Latvian Agricultural Academy. Issue XI. 1962.
PORSCH, M. R. M. H. et al. Low Cost Robotic Manipulator for Family Agriculture. Journal
of Agricultural Studies. v. 7, n. 4, p. 225-239, set./2019. Disponível
em:https://www.researchgate.net/publication/336128028_Low_Cost_Robotic_Manipulator_f
or_Family_Agriculture. Acesso em: 15 mai. 2021.
PRETER, A. et al. Development of a Robot for Harvesting Strawberries. 6th IFAC - Conference
on Bio-Robotics. v. 51, n. 17, p. 14-19, jan./2018. Disponível em:
150
REIS, N. D. Contrução de Estufas para Produção de Hortaliças nas Regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste. EMBRAPA. Brasília, v. 1, n. 4, p. 1-16, dez./2005. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/779127/construcao-de-estufas-
para-producao-de-hortalicas-nas-regioes-norte-nordeste-e-centro-oeste. Acesso em: 17 jun.
2021.
SCIAVICCO, L.; SICILIANO, B. Modeling and Control of Robot Manipulators. 1. ed., 1996.
p. 113-124.
SICILIANO, B. Robotics: Modelliing, Planning and Control. 1. ed. 2009: Springer, 2009. p.
25-49.
SIEK, J. et al. The Boost Graph Library: User Guide and Reference Manual. Addison Wesley.
2002.
SIMAS, H.; GUENTHER, R. A New Method to Solve Robot Inverse Kinematics Using Assur
Virtual Chains. Robótica. 2009.
SIMAS, H.; DI GREGORIO, R. Position Analysis, Singularity Loci and Workspace of a Novel
2PRPU Schoenflies-Motion Generator. Robótica. v. 37. n. 1. p. 141-160. 2019.
SIMONI, R.; SIMAS, H., MARTINS, D. Trifelx: Design and Prototyping of a 3DOF Variable
Configuration Parallel Manipulator With Self-Aligning. Int. J. Mech Eng. Autom. v. 1. n. 2. p.
77-85. 2014.
SIMONI, R.; SIMAS, H., MARTINS, D. Triflex: Variable Configuration Parallel Manipulators
With Self-Aligning. Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering.
v. 37. n. 4. p. 1129-1138. 2015.
152
SILVA, B. A. et al. Cultivo Protegido: Em Busca de Mais Eficiência Produtiva. 1. ed. São
Paulo: CAPA, 2014. p. 13-18.
SILVA, J. G. D. FAO – Statical Yearbook: Word food and agriculture. 1. ed. Roma: FAO,
2013. p. 107-115.
SINGH, S. et al. Autonomous Robotic Vehicle Development for Greenhouse Sprayng. ASABE
– American Society of Agricultural and Biological Engineers. St. Joseph, v. 48, n. 6, p. 2355-
2361, out./2005. Disponível em: https://elibrary.asabe.org/abstract.asp?aid=20074. Acesso em:
20 mai. 2021.
TANKE, N. et al. Automation of Hydroponic Installations Using a VIsual Robot with Position
Based Visual Feedback. Information Technology, Automation and Precision Farming.
Valencia, jul./2012. Disponível em:
https://www.ri.cmu.edu/pub_files/2012/7/CIGR_paper.pdf. Acesso em: 11 mai. 2021.
TSAI, L. W.; JOSHI, S. Kinematics and Optimization os Spacial 3UPU Parallel Manipulator.
Journal of Mechanical Design. V. 122, n.4, p. 439-446, 2000.
TSAI, L. W. Robot Analysis: The Mechanics of Serial and Parallel Manipulators. New Yok:
John Wiley & Sons. 1999. ISBN 0-47-32593-7.
ZHAO, J. et al. Advanced Theory of Constraint and Motion Analysis for Robot Mechanisms.
Oxford: Elsevier. ISBN 978-0-12-420162-0. 2014.
ZION, B. et al. Harvest Order Planning for a Multiarm Robotic Harvester. Computers and
Electronics in Agriculture. v. 103, n. 1, p. 75-81, jan./2014. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0168169914000556. Acesso em: 11
jul. 2021.
155
Fonte: Autor.
156
De acordo com Ionescu (2003) e Tsai (2001), um mecanismo é uma cadeia cinemática
com um de seus componentes (elos) fixados como base, sendo que este recebe o nome de “elo
fixo”. Todavia, o movimento do elo de entrada de um mecanismo impõe restrição de
movimento aos outros elos, ou seja, transforma o movimento ou torque de um ou mais
componentes para os outros. Como exemplo, a Figura 75 mostra o mecanismo biela-manivela
que transforma uma mobilidade angular de rotação em um movimento linear de translação e
vice-versa.
Figura 75 - Mecanismo biela-manivela.
Fonte: Autor.
a-) b-)
Fonte: Autor.
157
Murai (2013) descreve que juntas são consideradas a realização física do par cinemático,
onde se pode ter componentes intermediários entre os elos, definindo os movimentos em relação
ao tipo construtivo do par cinemático. Sendo assim, um par cinemático pode se composto a
partir de várias juntas distintas, como por exemplo, um par cinemático de revolução que pode
ser realizado através de um rolamento e um mancal de deslizamento, ou até mesmo uma junta
composta por um pino e um furo. Portanto, os pares cinemáticos são mostrados a seguir.
Figura 77 - Pares cinemáticos.
a-) b-)
c-) d-)
e-) f-)
g-)
prismático onde o movimento permitido é uma translação e se restringe duas translações e três
rotações (𝑓 = 1 𝑒 𝑐 = 5). Já a Figura 77.b, é uma junta do tipo cilíndrico, onde tem-se apenas
uma liberdade angular de rotação e cinco restrições de movimento, composta por duas rotações
e três translações (𝑓 = 1 𝑒 𝑐 = 5). De maneira análoga, o par de contato de engrenagens (Figura
77.c) libera apenas uma mobilidade angular de rotação para o sistema (𝑓 = 1 𝑒 𝑐 = 5), o
mesmo ocorre para o par cinemático helicoidal da Figura 77.d (𝑓 = 1 𝑒 𝑐 = 5). O par de contato
mostrado na Figura 77.e, é definido como cilíndrico, por possuir, diferentemente dos citados,
dois graus de liberdade, sendo esses um movimento rotacional e uma liberdade linear (𝑓 =
2 𝑒 𝑐 = 4). Já a Figura 77.f é conhecida como contato planar e permite três movimentos,
compostos por duas translações e uma rotação (𝑓 = 3 𝑒 𝑐 = 3). Por fim, tem-se o par de contato
esférico (Figura 77.g), onde o movimento relativo é composto por três liberdades angulares,
sendo restringido por três translações em eixos distintos (𝑓 = 3 𝑒 𝑐 = 3). Um resumo dos graus
de liberdade, tipo de movimento relacionado e tipo de contato entre os pares cinemáticos é
apresentado na tabela a seguir, de acordo com Tsai (2001).
Segundo Tsai (2001) e Simoni (2008), um elo será chamado de binário quando se
conecta apenas com outros dois elos, ternário quando se conecta com outros três elos e assim
vale para os seguintes. Da mesma forma, uma junta será chamada de junta binária quando
conecta somente dois elos e múltipla se ela acopla mais que dois elos. Portanto, as juntas que
permitem apenas um grau de liberdade (DoF) serão chamadas de juntas simples. Assim é
possível definir outros dois conceitos, conectividade de par cinemático e restrição de par
cinemático. Um corpo no espaço possui seis movimentos independentes possíveis, três
movimentos translacionais e três mobilidades angulares, de acordo com os eixos de
coordenadas cartesianas. Sendo assim, os movimentos citados podem ser restringidos ou não,
de acordo com o item a seguir.
159
Prismático 2 5 1 V
Revolução 2 5 1 V
Helicoidal 0 5 1 V
Cilíndrico 0 4 2 IV
Planar 0 3 3 III
Esférico
0 3 3 III
Um movimento no espaço, sob uma análise matemática, pode ser descrito como uma
combinação linear das três translações do sistema (𝑓𝑡𝑥 , 𝑓𝑡𝑦 , 𝑓𝑡𝑧 ) e das três mobilidades angulares
de rotação (𝑓𝑟𝑥 , 𝑓𝑟𝑦 , 𝑓𝑟𝑧 ). Portanto, os seis movimentos gerados, podem ser utilizados para
montar a base vetorial de movimentos no espaço, uma vez que são independentes entre si
(MARTINS, D.; MURAI, E. H., 2019). A dimensão do espaço onde um acoplamento está
contido e representado é denominado de ordem do sistema, representa pelo símbolo 𝜆. O
equacionamento do espaço de trabalho (Eq.1) do mecanismo é formado pelas liberdades das
juntas (𝑓) e restrições de movimentos (𝑐), sendo esses o grau de liberdade bruto e grau de
restrição bruto respectivamente (CAZANGI, 2008).
𝜆 =𝑓+𝑐 (103)
O valor de 𝜆 é definido com limite inferior sendo a ordem mínima do sistema, que é a
menor dimensão possível do espaço, que representa os acoplamentos de uma determinada
cadeia de acoplamentos, e tem como margem superior um espaço tridimensional (𝜆 = 6).
Portanto, quando se tem todos os movimentos permitidos (três rotações e três translações), o
valor do grau de liberdade bruto do sistema é seis (𝑓 = 6), não havendo restrições de
movimento. Por outro lado, quando temos seis restrições de movimento (𝑐 = 6), todas as
liberdades são restringidas, não havendo movimentos (CAZANGI, 2008).
O grau de liberdade bruto da rede de acoplamentos (𝑓), dada uma determinada cadeia
cinemática, é a soma de todos os movimentos permitidos em cada acoplamento do mecanismo,
de acordo com o equacionamento a seguir.
𝑒
𝑓 = ∑ 𝑓𝑖 (104)
𝑖=1
161
𝑐 = ∑ 𝑐𝑝𝑖 (105)
𝑖=1
Em outras palavras, de acordo com Martins & Murai (2019), a conectividade de par
cinemático (𝑓𝑖 ) é o número de graus de liberdade (DoF) permitidos por um determinado par
cinemático, sendo que o termo “f” se refere a “freedom” e o subíndice “i” ao par cinemático em
questão. O mesmo ocorre para as restrições de par cinemático (𝑐𝑖 ), sendo essa as restrições de
movimentos impostas por um dado par cinemático, onde o termo “c” refere-se a “constraint”.
Todavia, para tal definição, tem-se o seguinte equacionamento.
𝜆 = 𝑓𝑖 + 𝑐𝑖 (106)
Na representação estrutural, tem-se os tipos dos elos de acordo com seu formato
construtivo. Elos binários são representados a partir de linhas e elos, conforme a quantidade de
lados e de elementos de pares cinemáticos que o mecanismo possui. Sendo assim, os pares
cinemáticos são elos expandidos (com todos os seus movimentos definidos), onde cada um dos
graus de liberdade (DoF) são representados por um ponto (MARTINS, D.; MURAI, E. H.,
2019).
Para Martins & Murai (2019), uma das formas de se obter a representação por grafo de
um mecanismo é alocar um vértice no meio de cada elo e em seguida conectar os vértices por
arestas de acordo com a ligação dos pares cinemáticos. O grafo da Figura 79 é mostrado a
seguir.
Elo binário
Elo ternário
Elo quaternário
Fonte: Autor.
165
Para Siek et al. (2002), um grafo pode ser definido em um conjunto de vértices, pontos
e arestas que formam um mecanismo, tornando-se uma noção simples, abstrata e intuitiva para
representar a relação entre componentes e objetos. Sendo assim, um determinado conjunto de
vértices é conectado por um conjunto de arestas e pode ser denotado por H(V, E), onde V
representa o número de vértices e E o conjunto que compõem as arestas. Assim para o grafo do
mecanismo de Watt (Quadro 10) o conjunto de vértices é formado por V={1,2,3,4,5,6} as
arestas E={(1,2), (1,4), (1,6), (2,3), (3,4), (4,5), (5,6)}.
Em um espaço tridimensional, uma junta de rotação (R) permite um movimento rotativo
e restringe cinco movimentos, duas rotações e três mobilidades lineares de translação (Apêndice
A). Suponha-se que uma determinada junta permita uma rotação em torno do eixo z, então tem-
se um movimento de 𝑓𝑟𝑧 , e a restrição de rotações em torno do eixo (𝑐𝑟𝑥 ) x e y (𝑐𝑟𝑦 ) além de
translações em todas as direções (𝑐𝑡𝑥 , 𝑐𝑡𝑦 , 𝑐𝑡𝑧 ), sendo representada por uma única aresta, de
acordo com o grau de liberdade (DoF) liberado (TSAI, 2001). Portanto, de acordo com
Weihmann (2011), é possível observar a representação de uma junta rotativa, tanto na
cinemática (Figura 82.a) quanto na estática (Figura 82.b).
a-) b-)
𝒄𝒕𝒛
𝒄𝒕𝒚
𝒇𝒓𝒛 𝒄𝒕𝒙
𝒄𝒓𝒚
𝒄𝒓𝒙
De acordo com Menenghini (2020), de maneira análoga, para um ajunta esférica (S),
cada grau de liberdade (DoF) liberado pela junta deve ser denotado por uma única aresta no
grafo. A junta esférica permite um “freedom” de três mobilidades angulares de rotação (𝑓𝑟𝑥 ,
𝑓𝑟𝑦 , 𝑓𝑟𝑧 ) em torno dos eixos de coordenadas cartesianas, porém restringe (constraint) três
mobilidade lineares translacionais (𝑐𝑡𝑥 , 𝑐𝑡𝑦 , 𝑐𝑡𝑧 ) de movimento em relação aos eixos em
166
questão. Sendo assim, seu respectivo grafo é composto por juntas associadas em série, cada
uma representando o grau de liberdade composto pela junta (WEIHMANN, 2011).
a-) b-)
𝒇𝒓𝒛
𝒇𝒓𝒚 𝒄𝒕𝒛
𝒄𝒕𝒚
𝒄𝒕𝒙
𝒇𝒓𝒙
Fonte: Autor.
Algumas definições adicionais sobre a teoria dos grafos, aplicados na análise estática e
cinemática de mecanismos e sistemas robóticos, são apresentados em Tsai (2011), como: matriz
de circuitos, matriz de cortes, matriz de incidência e adjacência.
Na seção a seguir, será tratado dos requisitos e características estruturais de projeto para
a síntese e análise de mecanismos, tais como: grau de liberdade, espaço de trabalho, caminhos,
circuitos para que seja possível definir a equação da mobilidade e seus conceitos.
167
De acordo com Martins & Murai (2019), o espaço de trabalho é o espaço no qual o
mecanismo analisado irá realizar suas funções. Sua dimensão (𝜆) é dada a partir da quantidade
de movimentos independentes possíveis dentro deste espaço. Assim, tem-se o espaço de
trabalha planar (𝜆 = 3) composto por três movimentos possíveis, sendo eles duas translações
contidas no plano e uma rotação no eixo normal ao plano em questão. Já no espaço de trabalho
espacial (𝜆 = 6) são seis movimentos possíveis, composto por três rotações e três translações,
formando o grupo conhecido como mecanismos espaciais.
Um caminho é definido como uma sequência de vértices (𝑣1 , 𝑣2 , . . . , 𝑣𝑛 ) conectados por
arestas ({𝑣1 , 𝑣2 }, ({𝑣2 , 𝑣3 }, . . . , ({𝑣𝑛−1 , 𝑣𝑛 }). As arestas também fazem parte do caminho, ou
seja, nenhuma delas pode ser percorrida mais de uma vez, sendo que o comprimento do caminho
é igual ao número de arestas entre os vértices inicial e final do sistema. De maneira análoga,
um circuito é um caminho fechado (𝑣1 = 𝑣𝑛 ), sendo que o circuito será simples e exclusivo
quando nenhum vértice aparecer mais de uma vez no trajeto percorrido, com exceção do
primeiro e do último, formando assim um ciclo (SIMONI, 2008).
Para Martins & Murai (2019), circuito é um subconjunto de pares cinemáticos e elos
que após percorrer um caminho, formam uma volta fechada. Já os circuitos independentes (𝑣)
refere-se ao número de circuitos que possuem ao menos um par cinemático de juntas exclusivas,
ou seja, elas não se repetem em outros circuitos, demonstrando assim o grau de complexidade
do mecanismo, uma vez que quanto maior o valor de “𝑣”, mais componentes o mecanismo terá.
A seguir, tem-se três exemplos de mecanismos e seus respectivos circuitos independentes.
Fonte: Autor.
168
A Figura 84 demonstra três cadeias cinemáticas, cada qual com suas características
construtivas. A Figura 84.a mostra uma cadeia com apenas um circuito, formado pelas juntas
𝑣1 = {𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑, 𝑒}. Já na segunda figura, a cadeia em questão possui dois circuitos
independentes, que são eles 𝑣1 = {𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑, 𝑖, 𝑗} e 𝑣2 = {𝑒, 𝑓, 𝑔, ℎ}. De modo análogo, a Figura
84.c representa uma cadeia cinemática, que por sua vez possui três circuitos independentes:
𝑣1 = {𝑎, 𝑖, 𝑙, 𝑔, ℎ}, 𝑣2 = {𝑏, 𝑐, 𝑗, 𝑘} e 𝑣3 = {𝑑, 𝑒, 𝑓}.
169
CLASSE CLASSE
Puntiforme De área Linear
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧
I 5
Linear Anular Anular De banda
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑅𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 , 𝑅𝑦
II 4
Esférica Esférica Helicoidal Planar
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑇𝑧
IV 2
Rotação Prismática Translação Helicoidal
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧
V 1
CLASSE CLASSE
170
MALYS. OZOL
Puntiforme De área Linear
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧
I 5
Linear Anular Anular De banda
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑅𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 𝑐𝑖 = 𝑇𝑧 , 𝑅𝑦
II 4
Esférica Esférica Helicoidal Planar
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑥 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑅𝑧 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑇𝑧
IV 2
Rotação Prismática Translação Helicoidal
𝑓𝑖 = 𝑅𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑥 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧 𝑓𝑖 = 𝑇𝑥 𝑐𝑖 = 𝑅𝑥 , 𝑅𝑦 , 𝑅𝑧 , 𝑇𝑦 , 𝑇𝑧
V 1
MALYS. OZOL
171