Você está na página 1de 23

A POLIPLOIDIA ARTIFICIAL NA OBTENÇÃO DE

MELANCIA SEM SEMENTES (*)


DIXIER M . MEDINA, engenheiro-agrônomo, Seção de Citologia, O L Í M P I O T . PRADO,
engenheiro-agrônomo, Seção de Olericultura e Floricultura, A . J . T . M E N D E S , enge-
nheiro-agrônomo, Seção de Citologia e CARLOS ROESSING, engenheiro-agrônomo,
Estação Experimental de Limeira, Instituto Agronômico

RESUMO

Frutos desprovidos de sementes apresentam não só o interesse de estudos cien-


tíficos sôbre partenocarpia como t a m b é m constituem um característico desejável para
o consumidor.
Tendo-se planejado a obtenção de melancias ( C i t r u l l u s vulgaris Shrad.) sem se-
mentes, da variedade Keckley Sweet, executaram-se os trabalhos de laboratório e
de campo de acordo com o esquema seguinte:
a) obtenção de plantas tetraplóides;
b) cruzamentos entre tetraplóides e diplóides;
c) plantio das sementes triplóides.

A primeira parte consistiu de tratamentos de sementes diplóides (2n = 22)


recém-germinadas, por solução de colquicina ( 0 , 1 % durante 8-12 horas), tendo-se
conseguido mais de duas dezenas de plantas duplicadas ( 2 n = 4 4 ) . Diferençam-se estas
plantas das diplóides normais, pelo modo de ramificação bem menos intenso, e por
apresentarem folhas maiores e menos recortadas e flores t a m b é m maiores. Os frutos
produzidos pelas plantas tetraplóides são menores, arredondados, contendo poucas
sementes.
N a segunda parte f o r a m efetuados cruzamentos entre tetraplóides e diplóides,
só se obtendo frutos no sentido @ 4n x @ 2 n ; quando o cruzamento efetuado
foi inverso, isto é, @ 2 n x @ 4 n não houve fertilização.
Na terceira etapa, semeadas as sementes triplóides, com algumas linhas de
diplóides entremeadas, conseguiram-se os esperados frutos sem sementes. Êstes se mos-
t r a m , externamente, intermediários entre os diplóides, que são alongados, e os t e t r a -
plóides, arredondados; internamente, os frutos triplóides contêm apenas sementes
atrofiadas, flácidas e que podem ser comidas j u n t a m e n t e com a polpa, sem necessidade
de separação.
No decorrer da investigação f o r a m realizados alguns estudos comparativos do
pólen, dos estornas e das sementes, nos três tipos de plantas.
O trabalho continua no sentido de remover dificuldades encontradas tanto na
multiplicação das sementes tetraplóides como na germinação das sementes triplóides
e tetraplóides.

0
(*) Os autores agradecem ao E n g . A g r . ° A r m a n d o Conagin, pelas análises estatísticas realizadas.
Recebido para publicação em 16 de novembro de 1957.
1 _ INTRODUÇÃO

A c u l t u r a d a m e l a n c i a (Citrullus vulgaris, S h r a d . ) se e s t e n d e p o r
t o d o o B r a s i l , c a b e n d o as m a i o r e s c o l h e i t a s aos Estados d a B a h i a , Rio
G r a n d e d o S u l , M i n a s G e r a i s e São P a u l o . C a l c u l a - s e q u e e m 1 9 5 6 a
á r e a c u l t i v a d a f o i de 81 m i l h e c t a r e s , c u j a p r o d u ç ã o se a v a l i a v a em
2 5 2 m i l h õ e s de c r u z e i r o s .

N o Estado d e São P a u l o a c u l t u r a se i n i c i o u d e m o d o extensivo


no m u n i c í p i o de A m e r i c a n a , h á cerca de u m século. Hoje é plan-
t a d a e m d i f e r e n t e s p o n t o s d o Estado, c o m o São P e d r o , Piraçununga,
Bauru, Tupã, Moji M i r i m etc.
H á q u i n z e a n o s os a g r i c u l t o r e s d o Estado se r e s s e n t i r a m d a f a l t a
d e boas s e m e n t e s d e m e l a n c i a . Foi q u a n d o a Seção d e O l e r i c u l t u r a e
F l o r i c u l t u r a d o I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o d e C a m p i n a s i n i c i o u ensaios d e
c o m p e t i ç ã o de variedades, estudando-as q u a n t o a moléstias e à c o n -
servação d u r a n t e o t r a n s p o r t e , ao f o r m a t o , à p r o d u ç ã o , ao sabor e,
p r i n c i p a l m e n t e , à a c e i t a ç ã o pelos m e r c a d o s c o n s u m i d o r e s . Estudando
2 6 variedades, concluiu-se que tão somente três delas apresentavam
u m c o n j u n t o d e q u a l i d a d e s q u e as r e c o m e n d a v a m : a F l o r i d a F a v o r i t e ,
a T o m Watson e a Keckley Sweet.

O n ú m e r o de s e m e n t e s nos f r u t o s n o r m a i s dessas v a r i e d a d e s o s c i l a
e n t r e 5 0 0 a 1 0 0 0 e é d e se c r e r q u e u m f r u t o s e m s e m e n t e s será
apreciado no mercado consumidor e, p o r t a n t o , a l c a n ç a r á um preço
m e l h o r . N o J a p ã o j á se c u l t i v a m v a r i e d a d e s h í b r i d a s , s e m s e m e n t e s .
Os Estados U n i d o s i m p o r t a m essas v a r i e d a d e s p a r a e s t a b e l e c e r suas
c u l t u r a s d e m e l a n c i a s e m s e m e n t e s ; nesse p a í s , e n t r e t a n t o , j á se i n i -
c i a r a m experiências no sentido de obter variedades próprias, despro-
vidas de sementes.
Julgou-se, portanto, que seria interessante conseguir frutos sem
s e m e n t e s de u m a das t r ê s v a r i e d a d e s m a i s c u l t i v a d a s e m S. P a u l o .

As primeiras experiências foram feitas pelas Seções d e Oleri-


c u l t u r a e F l o r i c u l t u r a e de Fisiologia, do I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o , pulve-
rizando-se flores recém-abertas com os s e g u i n t e s hormônios: ácido
- 3 - 4
beta-naftilacético IO ; ácido beta-naftilacético IO ; hortomone A
e S e r a d i x A , n ã o se t e n d o c o n s e g u i d o a f o r m a ç ã o d e u m f r u t o , sequer.
O m é t o d o , aliás, é dispendioso e de resultados inseguros p a r a a p l i c a -
ção e m c u l t u r a s de g r a n d e extensão.
Foi e n t ã o i n i c i a d a c o l a b o r a ç ã o e n t r e a Seção d e O l e r i c u l t u r a e
F l o r i c u l t u r a e a d e C i t o l o g i a , resolvendo-se e n c a m i n h a r a s o l u ç ã o d o
problema pela obtenção de frutos triplóides, valendo-se d a sua pro-
vável esterilidade. Coube a execução dos t r a t a m e n t o s e o estudo do
m a t e r i a l a o p r i m e i r o d o s a u t o r e s , c o m a c o l a b o r a ç ã o dos d e m a i s . Es-
colheu-se a variedade K e c k l e y Sweet p a r a i n í c i o dos t r a b a l h o s , q u e
consistiram no seguinte: a) duplicação d o n ú m e r o de cromossomos, ob-
t e n d o - s e l i n h a g e n s t e t r a p l ó i d e s ; b) c r u z a m e n t o d e d i - e t e t r a p l ó i d e s ,
p a r a o b t e n ç ã o d e t r i p l ó i d e s ; c) p o l i n i z a ç ã o a r t i f i c i a l d a s f l o r e s f e m i n i -
nas t r i p l ó i d e s c o m p ó l e n d e p l a n t a s d i - o u t e t r a p l ó i d e s , procurando
estabelecer linhagens compatíveis cujo pólen induza o desenvolvimen-
t o d o o v á r i o t r i p l ó i d e s e m f e c u n d a ç ã o , d a í r e s u l t a n d o os f r u t o s s e m
s e m e n t e s . A p ó s essa sucessão d e e x p e r i m e n t o s , c a b e r i a a o Instituto
A g r o n ô m i c o m a n t e r as l i n h a g e n s t e t r a p l ó i d e s e d i p l ó i d e s , p r o d u z i r as
s e m e n t e s h í b r i d a s e d i s t r i b u í - l a s aos i n t e r e s s a d o s , a n u a l m e n t e .
As experiências foram i n i c i a d a s e m o u t u b r o d e 1 9 5 3 e, c o m o
v e r e m o s a d i a n t e , e n v o l v e r a m u m a série d e o b s t á c u l o s q u e aos p o u c o s
f o r a m sendo removidos.
O b t i v e r a m - s e os d e s e j a d o s f r u t o s t r i p l ó i d e s s e m s e m e n t e s . N o es-
t á g i o a t u a l d o s t r a b a l h o s e s t u d a m - s e n o v a s c o m b i n a ç õ e s h í b r i d a s , pois
a i n d a h á f r u t o s t r i p l ó i d e s q u e a p r e s e n t a m a l g u m a s s e m e n t e s , se b e m
q u e c h ô c h a s , m a s d e t a m a n h o g r a n d e . Os p r ó p r i o s t e t r a p l ó i d e s p o d e m
v i r a d e s p e r t a r interesse c o m e r c i a l p o r a p r e s e n t a r e m j á u m r e d u z i d o
n ú m e r o de sementes.
C a b e r á a g o r a à Seção d e O l e r i c u l t u r a , m u l t i p l i c a r as s e m e n t e s
t e t r a p l ó i d e s , e s t a b e l e c e r os c a m p o s d e p r o d u ç ã o d e s e m e n t e s t r i p l ó i d e s
e v e r i f i c a r a p o s s i b i l i d a d e desse m a t e r i a l se t o r n a r d e interesse c o -
mercial.

2 MATERIAL E MÉTODO

C o m o todas as v a r i e d a d e s , a K e c k l e y Sweet t e m 2 2 c r o m o s s o m o s
somáticos (figura 1-A). A solução proposta p a r a o p r o b l e m a , como
dissemos a t r á s , e r a a d u p l i c a ç ã o d o n ú m e r o d e c r o m o s s o m o s ; o b t i d a a
linhagem tetraplóide (2n = 4 4 ) , t r a t a r - s e - i a , e m seguida, de obter
s e m e n t e s h í b r i d a s , t r i p l ó i d e s ( 2 n — 3 3 ) . Os f r u t o s p r o d u z i d o s pelas
plantas triplóides provavelmente seriam desprovidos de sementes.
O passo i n i c i a l , p o r t a n t o , e r a a o b t e n ç ã o d e t e t r a p l ó i d e s ; d a d a a
e x p e r i ê n c i a q u e j á se possui n a Seção d e C i t o l o g i a , sobre m é t o d o s d e
t r a t a m e n t o c o m c o l q u i c i n a ( 8 , 9 ) , resolvemos t e n t a r a d u p l i c a ç ã o dos
cromossomos d a m e l a n c i a pelo t r a t a m e n t o de sementes e m início de
g e r m i n a ç ã o : as s e m e n t e s e r a m postas a g e r m i n a r e m a m b i e n t e s c o m
9 0 % de u m i d a d e relativa e à t e m p e r a t u r a de 3 0 ° C ; q u a n d o g e r m i n a -
v a m e a p r e s e n t a v a m u m a r a i z d e 1 a 2 c m d e c o m p r i m e n t o (o q u e se
d a v a e m geral 5 0 a 6 0 horas depois de semeadas) e r a m submetidas ao
t r a t a m e n t o , f i c a n d o imersas n a solução do alcalóide d u r a n t e o t e m p o
desejado. A solução de c o l q u i c i n a , recém-preparada, foi usada e m duas
c o n c e n t r a ç õ e s ( 0 , 0 5 % e 0 , 1 0 % ) . N o p r i m e i r o caso os t e m p o s d e t r a -
t a m e n t o f o r a m 8 , 1 2 . 16 e 2 4 h o r a s ; p a r a a c o n c e n t r a ç ã o m a i o r os
t e m p o s f o r a m 4 , 8 , 1 2 e 17 h o r a s ; c o m o c o n t r o l e , u m a p a r t e d a s se-
m e n t e s e r a c o l o c a d a e m vaso c o n t e n d o s i m p l e s m e n t e á g u a , d u r a n t e o
m e s m o t e m p o . E m s e g u i d a , l a v a v a m - s e as s e m e n t e s e m á g u a c o r r e n t e
e p l a n t a v a m - s e e m v a s i n h o s d e p a p e l , c o m t e r r a . Estes v a s i n h o s são
feitos de papel de j o r n a l , duplo ou triplo, n u m molde de m a d e i r a que
lhes i m p r i m e a f o r m a d e u m p a r a l e l e p í p e d o s e m f u n d o , d e 6 x 6 c m
de base; e r a m cortados c o m 15 c m d e a l t u r a , a r r a n j a d o s uns ao
lado dos outros d e n t r o de u m a c a i x a de m a d e i r a de m e s m a a l t u r a e
c h e i o s c o m t e r r a . Q u a n d o as p l a n t i n h a s e m d e s e n v o l v i m e n t o j á a p r e -
s e n t a v a m d o i s p a r e s d e folhas d e f i n i t i v a s , as c a i x a s e r a m l e v a d a s p a r a
o c a m p o , d e l a s se r e t i r a v a m os v a s i n h o s d e j o r n a l (cada um com
u m a plantinha) e plantava-se à distância de 3 x 3 metros. O papel
e r a r e t i r a d o a p e n a s n a h o r a d e se c o l o c a r a p l a n t a n a c o v a e, p a r a
que a terra n ã o se esboroasse, molhava-se ligeiramente um pouco
antes do transplante.

T a n t o e m s o l u ç ã o d e c o l q u i c i n a c o m o e m á g u a as s e m e n t e s e m
g e r m i n a ç ã o f e r m e n t a v a m e as r a í z e s se m a c e r a v a m q u a n d o a d u r a -
ção do t r a t a m e n t o era superior a 12 horas; u m b o m número de plan-
t i n h a s n ã o se r e c u p e r o u , a o s e r e m l e v a d a s p a r a os v a s i n h o s c o m t e r r a .

A s o b s e r v a ç õ e s i n i c i a i s n o c a m p o se r e l a c i o n a v a m c o m o m o d o
d e r a m i f i c a ç ã o d a s p l a n t a s , t a m a n h o e t e x t u r a d a s folhas, e t a m a n h o
das flores. Grande parte das flores e r a a u t o - p o l i n i z a d a artificialmente.
C o l h i a m - s e os f r u t o s d e flores a u t o p o l i n i z a d a s e l i v r e m e n t e polizina-
d a s , m e d i a m - s e e c o m p r i m e n t o e a l a r g u r a e a n o t a v a - s e o peso. A s
s e m e n t e s e r a m c o n t a d a s , m e d i d a s e pesadas.

O n ú m e r o de cromossomos e r a c o n t a d o e m pontas de raízes, co-


l h i d a s q u a n d o as p l a n t i n h a s e m i t i a m as p r i m e i r a s folhas d e f i n i t i v a s ;
por meio de raízes fixadas e m " C r a f " e incluídas e m p a r a f i n a após
processo c o m u m de desidratação pelo álcool butílico, cortadas a 8
micros e coloridas pela h e m a t o x i l i n a f é r r i c a , f i z e r a m - s e contagens de
cromossomos e m numerosas plantas.
C o m o a u x í l i o à d e t e r m i n a ç ã o d i r e t a d o n ú m e r o de cromossomos
p r o c u r o u - s e e s t a b e l e c e r u m a c o r r e l a ç ã o e n t r e esse n ú m e r o e o n ú m e r o
de estornas n a s folhas a d u l t a s ; os estornas e r a m c o n t a d o s e m p e d a ç o s
de e p i d e r m e i n f e r i o r , m o n t a d o s e m l â m i n a s d e v i d r o e m a c e t a t o d e
celulose dissolvido e m ácido acético e recobertos c o m u m a l a m í n u l a O ) .

O p ó l e n e r a c o l h i d o d e f l o r e s r e c é m - a b e r t a s , c o l o c a d o n u m a gota
d e c a r m i m a c é t i c o sobre u m a l â m i n a d e v i d r o , r e c o b e r t o c o m u m a l a -
m í n u l a e medido ao microscópio, c o m o auxílio de u m a ocular m i -
crométrica.
A simples determinação de 2 n = 4 4 cromossomos nas raízes
n e m s e m p r e e r a i n d i c a ç ã o d e q u e a p l a n t a toda e s t a v a " d u p l i c a d a " :
v á r i a s p l a n t a s t i n h a m a p e n a s u m a p a r t e d u p l i c a d a . Era d o c o n j u n t o
de dados relativos principalmente a número de cromossomos, t a -
m a n h o d e estornas, t a m a n h o d e g r ã o d e p ó l e n , f o r m a t o dos f r u t o s ,
n ú m e r o e t a m a n h o d a s s e m e n t e s , q u e se t i r a v a f i n a l m e n t e u m a c o n -
c l u s ã o sobre o e f e i t o p a r c i a l o u t o t a l d o t r a t a m e n t o .
A s sementes das plantas tidas c o m o tetrapólides e r a m semeadas
e m c a i x a s d e Petri o u e m g e r m i n a d o r c o m t e m p e r a t u r a e umidade
c o n t r o l a d a s , o u d i r e t a m e n t e n a t e r r a . S o m e n t e após o s e g u n d o ciclo
d e estudos é q u e se e s t a b e l e c i a d e f i n i t i v a m e n t e q u a i s as p l a n t a s t e -
traplóides.
Estas e r a m p o l i n i z a d a s c o m p ó l e n d e p l a n t a s d i p l ó i d e s d a m e s m a
v a r i e d a d e ; u m a p a r t e d a s flores e r a a u t o f e c u n d a d a , e a o m e s m o t e m p o
p o l i n i z a v a m - s e as p l a n t a s d i p l ó i d e s c o m p ó l e n d a s t e t r a p l ó i d e s .

D e s t a f o r m a , a o m e s m o t e m p o q u e se m u l t i p l i c a v a m as s e m e n -
tes t e t r a p l ó i d e s , o b t i n h a m - s e f r u t o s c o m s e m e n t e s q u e d e v e r i a m ser
híbridas, triplóides (2 n = 3 3 ) .

A s sementes triplóides eram contadas e m cada f r u t o , medidas


e pesadas. Postas a g e r m i n a r s e g u i a m - s e os e s t u d o s r e l a t i v o s à p o r -
centagem de germinação, desenvolvimento das plantas, contagens
d e c r o m o s s o m o s , c o n t a g e m d e estornas, o b s e r v a ç ã o sobre o p ó l e n , po-
l i n i z a ç ã o , f o r m a ç ã o dos f r u t o s . Estes f i n a l m e n t e eram m e d i d o s , pe-

1
() Método de impressão dos estornas, desenvolvido n a Seção de Citologia, que serviu de meio
de m o n t a g e m e conservação das lâminas. ( N o t a a ser publicada).
sados e a b e r t o s p a r a a c o n s t a t a ç ã o d a e x i s t ê n c i a o u n ã o d e s e m e n t e s .
Como veremos mais adiante, n e m sempre o f r u t o triplóide se m o s -
t r o u desprovido de sementes.

3 _ OBTENÇÃO DE TETRAPLÓIDES

Os p r i m e i r o s t r a t a m e n t o s d e s e m e n t e s f o r a m r e a l i z a d o s e m se-
tembro-outubro de 1 9 5 3 .
A s p l a n t i n h a s a f e t a d a s p e l o t r a t a m e n t o a p r e s e n t a v a m desde l o g o
u m a p a r a l i s a ç ã o n o c r e s c i m e n t o d a r a i z ; o h i p o c ó t i l o se e n g r o s s a v a
b a s t a n t e d u r a n t e a i g u n s d i a s , d e p o i s n o v a s r a í z e s e r a e m i t i d a s e os
c o t i l é d o n e s s u r g i a m espessos; as folhas d e f i n i t i v a s e r a m grossas e m e -
nos r e c o r t a d a s q u e as d a s p l a n t a s n o r m a i s .
P l a n t a s a s s i m a f e t a d a s r e s u l t a r a m d e t o d o s os t r a t a m e n t o s c o m
c o l q u i c i n a ( e s t a m p a s 1 e 2 ) ; a c o n c e n t r a ç ã o m e n o r e os t e m p o s m e n o s
longos d e t e r m i n a r a m m a i o r n ú m e r o de plantas restabelecidas, porém
m e n o s a f e t a d a s . Dos t r a t a m e n t o s a m a i o r c o n c e n t r a ç ã o e m a i s d e m o -
rados, e m m u i t o s indivíduos o hipocótilo se a p r e s e n t a v a engrossado
d e m a s i a d a m e n t e , n ã o h a v i a e m i s s ã o d e n o v a s r a í z e s n e m se f o r m a -
v a m as folhas d e f i n i t i v a s ; a s s i m , d o t r a t a m e n t o 0 , 1 0 % — 17 h o r a s
n e n h u m a p l a n t a chegou ao estado adulto.
F o i , p o r t a n t o , dos t r a t a m e n t o s i n t e r m e d i á r i o s ( 0 , 0 5 % e 0 , 1 0 % )
a 8 , 10 e 1 2 h o r a s q u e se c o n s e g u i u o m a i o r n ú m e r o d e p l a n t a s a f e -
t a d a s . Estas e r a m , a p r i n c í p i o , t r a n s p l a n t a d a s p a r a c a i x a s c o m t e r r a ,
e d e p o i s d e a l g u n s d i a s l e v a d a s p a r a local d e f i n i t i v o . F r i s e m o s , neste
p o n t o , q u e h o u v e m u i t o insucesso n o t r a n s p l a n t e ; o sucesso f o i m a i o r ,
m a i s t a r d e , q u a n d o e m o u t r o s t r a t a m e n t o s a d o t a m o s o uso d e v a s i -
nhos de papel de j o r n a l , c o m o já descrevemos.
Dos t r a t a m e n t o s e f e t u a d o s e m 1 9 5 3 (ao t o d o 3 0 6 s e m e n t e s t r a -
t a d a s , e x c l u i n d o - s e as t e s t e m u n h a s ) a p e n a s q u a t r o p l a n t a s chegaram
a f l o r e s c e r e f r u t i f i c a r . Dessas p l a n t a s t i v e m o s f r u t o s d e p o l i n i z a ç ã o
c o n t r o l a d a c u j a s s e m e n t e s p u d e r a m ser e s t u d a d a s ; u m a ú n i c a planta
se s o b r e s s a i u e n t r e as d e m a i s p e l a s u a f o l h a g e m m a i s espessa.
De 7 5 4 s e m e n t e s t r a t a d a s e m 1 9 5 4 , o n ú m e r o d e p l a n t a s apa-
r e n t e m e n t e " d u p l i c a d a s " f o i d e 2 6 , n u m c a m p o o n d e se a c h a v a m 1 7 0
p l a n t a s . Dessas p l a n t a s , p o s s i v e l m e n t e t e t r a p l ó i d e s , n e m todas f o r n e -
ceram material para a sua identificação posterior; algumas delas, pro-
d u z i n d o p o u c a s s e m e n t e s , n ã o p u d e r a m ser m u l t i p l i c a d a s .
4 — OBSERVAÇÕES SOBRE A S P L A N T A S TETRAPLÓIDES

As plantas tetraplóides apresentam um aspecto caracteristica-


m e n t e d i f e r e n t e das d i p l ó i d e s : n ã o se r a m i f i c a m t a n t o q u a n t o estas
( f i g u r a 2-A), as r a m a s s ã o m a i s grossas, as f o l h a s m a i o r e s , m a i s es-
pessas, m e n o s recortadas; as f l o r e s são t a m b é m maiores (estampa
3-A, a, b) e d e u m amarelo mais intenso. A o microscópio, além do
dobro d o n ú m e r o d e c r o m o s s o m o s ( 2 n = 4 4 , f i g u r a l-O apresentam
g r ã o s d e p ó l e n m a i o r e s ( q u a d r o 2) e m e n o r n ú m e r o d e estornas por
milímetro quadrado.

SI M> tiS y

FIGURA 1 — Melancia, variedade Keckley Sweet Leesburg. A a C — Metáfases


somáticas de plantas diplóide ( 2 n = 2 2 ) , triplóide ( 2 n = 3 3 ) , e tetraplóide ( 2 n = 4 4 ) ,
respectivamente. ( X 2 8 0 0 ) .

F l o r e s c e m a b u n d a n t e m e n t e , são a u t o - f é r t e i s e q u a n d o poliniza-
das por plantas diplóides f r u t i f i c a m b e m . N ã o temos indicação q u a n t o
à p o r c e n t a g e m d e f r u t i f i c a ç ã o e m r e l a ç ã o a o n ú m e r o de f l o r e s , p o r é m
é e v i d e n t e q u e p r o d u z e m m e n o r n ú m e r o d e f r u t o s p o r p l a n t a q u e as
d i p l ó i d e s ; isto d e v e ser l e v a d o à c o n t a d o t a m a n h o r e l a t i v o das p l a n t a s
p o i s , c o m o d i s s e m o s , as p l a n t a s d i p l ó i d e s ramificam muito mais. E'
possível q u e p l a n t a d a s a m e n o r d i s t â n c i a , a p r o d u ç ã o r i v a l i z e c o m as
diplóides, por u n i d a d e de á r e a .
Em u m c a m p o e m q u e h a v i a 5 0 p l a n t a s t e t r a p l ó i d e s c u j a fina-
l i d a d e e r a a o b t e n ç ã o d e s e m e n t e s t r i p l ó i d e s , f i z e m o s a l g u m a s obser-
vações sobre o n ú m e r o d e f r u t o s p o r p l a n t a e n ú m e r o d e s e m e n t e s p o r
fruto, a saber:
Os d a d o s a t r á s se r e f e r e m a p e n a s aos f r u t o s c u j o peso e r a s u p e -
r i o r a 3 k g , p o r o n d e se vê q u e a l é m d o p e q u e n o n ú m e r o d e f r u t o s
por p l a n t a , é t a m b é m reduzido o n ú m e r o de sementes por f r u t o .

Os f r u t o s são m a i s c u r t o s e m a i s l a r g o s ( e s t a m p a 3-A, c) q u e os
da variedade original ( e s t a m p a 3-C, c ) , às vezes q u a s e e s f é r i c o s , a
c a s c a é r e s i s t e n t e , o " b r a n c o " d e espessura r e d u z i d a , a p o l p a muito
v e r m e l h a , mais doce e c o m m e n o r n ú m e r o de sementes q u e a variedade
diplóide, apresentando ainda grande quantidade de sementes tanto
chôchas como atrofiadas. O maior n ú m e r o de sementes até agora obtido
foi 3 5 8 , e m u m f r u t o tetraplóide de 9 6 0 0 g.
A s s e m e n t e s ( e s t a m p a 3-A, d) são m a i s l a r g a s , m a i s espessas e
m a i s pesadas q u e as d a v a r i e d a d e d i p l ó i d e ( q u a d r o 1). G e r m i n a m c o m
certa dificuldade (quadros 3 e 4).

5 — OBTENÇÃO DE S E M E N T E S TRIPLÓIDES

A p a r t i r d e 1 9 5 4 , a o m e s m o t e m p o q u e se f a z i a m observações
sobre os t e t r a p l ó i d e s e se c u i d a v a d a s u a m u l t i p l i c a ç ã o , t e n t a v a - s e t a m -
b é m a o b t e n ç ã o d e t r i p l ó i d e s . A p r i n c í p i o , os c r u z a m e n t o s p a r a esse f i m
eram efetuadas nos dois s e n t i d o s : 2 n ( ç ) x 4 n e 4 n ( ? ) x 2 n;
m a i s d e 1 7 0 flores p o l i n i z a d a s n o s e n t i d o 2 n x 4 n p r o d u z i r a m a p e n a s
dois f r u t o s d e t a m a n h o n o r m a l , u m deles c o m 2 9 0 s e m e n t e s c h ô c h a s e
o u t r o c o m 8 4 2 s e m e n t e s d i p l ó i d e s ; d a d o esse insucesso, os c r u z a m e n -
tos p a s s a r a m a ser f e i t o s e x c l u s i v a m e n t e n o o u t r o s e n t i d o , a l i á s c o m
bom pegamento.

Assim, e m 1955 u m campo foi instalado e m Limeira, c o m plan-


tas tetraplóides tendo de permeio algumas linhas de plantas diplóides
p a r a f o r n e c e r e m o p ó l e n p a r a os c r u z a m e n t o s . O s e r v i ç o se r e s u m i u
à castração das flores masculinas das plantas tetraplóides deixando
q u e as flores f e m i n i n a s f o s s e m n a t u r a l m e n t e polinizadas pelo vento
o u p o r insetos, c o m p ó l e n d a s p l a n t a s d i p l ó i d e s . O b t i v e r a m - s e , desse
modo, 5 9 frutos c o m u m total de 1 5 8 0 sementes triplóides.

Os f r u t o s c o l h i d o s d a s p l a n t a s t e t r a p l ó i d e s polinizadas por d i -
plóides n ã o d i f e r i a m e x t e r n a m e n t e dos a u t o f e c u n d a d o s ou cruzados
com outro tetraplóide. Suas s e m e n t e s , relativamente numerosas e m
a l g u n s casos e escassas e m o u t r o s , a p a r e n t e m e n t e e r a m i d ê n t i c a s às
tetraplóides: largas e grossas; e m medições feitas nos três tipos de
s e m e n t e s ( q u a d r o 1) a a n á l i s e e s t a t í s t i c a c o n f i r m o u essa o b s e r v a ç ã o :
as s e m e n t e s d i p l ó i d e s f o r m a m u m g r u p o e as t r i - e t e t r a p l ó i d e s for-
m a m o u t r o g r u p o e m q u e elas se a p r e s e n t a m m a i s l a r g a s , m a i s es-
pessas e m a i s pesadas.

6 — O B S E R V A Ç Õ E S SOBRE A S PLANTAS TRIPLÓIDES

Em 1 9 5 5 s e m e a r a m - s e as p r i m e i r a s s e m e n t e s h í b r i d a s , d e que
d e v e r i a m r e s u l t a r as p l a n t a s t r i p l ó i d e s . A o m e s m o t e m p o , s e m e a r a m -
se a l g u n s t r i p l ó i d e s d a v a r i e d a d e Y a m a t o , o r i g i n á r i o s d o J a p ã o .
Os t r i p l ó i d e s japoneses apresentavam-se bastante resistentes à
a n t r a c n o s e ; os f r u t o s e r a m q u a s e t o t a l m e n t e d e s p r o v i d o s de s e m e n -
t e s , o u s e j a , estas e r a m n a m a i o r i a a b o r t a d a s m a s p e r f e i t a m e n t e c o -
m e s t í v e i s , c o m m u i t o r a r a s exceções.
Os nossos p r i m e i r o s t r i p l ó i d e s , n o e n t a n t o , f o r a m r e a l m e n t e d e -
c e p c i o n a n t e s q u a n t o a o r e s u l t a d o q u e se e s p e r a v a : seus f r u t o s , uns
a l o n g a d o s c o m o os d i p l ó i d e s , o u t r o s a r r e d o n d a d o s c o m o os t e t r a p l ó i -
des, n ã o e r a m d e s p r o v i d o s d e s e m e n t e s : estas e r a m a t r o f i a d a s , p o r é m
n ã o t a n t o q u e p u d e s s e m ser c o m e s t í v e i s ; a l é m disso e r a m n u m e r o s a s .

Em 1956 novos h í b r i d o s (dos t r a b a l h o s de 1955 em Limeira)


f o r a m semeados, j u n t a m e n t e c o m diplóides e tetraplóides.
V e r i f i c o u - s e q u e e n t r e os novos h í b r i d o s a l g u m a s p l a n t a s apre-
sentavam-se muito mais aproximadas das d i p l ó i d e s d o q u e das te-
traplóides, quanto à ramificação da planta e ao aspecto geral da
f o l h a g e m . O b s e r v a d a s , p o r é m , as f o l h a s e f l o r e s e m s e p a r a d o , elas se
a s s e m e l h a v a m m a i s à p l a n t a t e t r a p l ó i d e ( f i g . 2 e e s t a m p a 3 ) . Os t r i -
p l ó i d e s f o r a m l i v r e m e n t e p o l i n i z a d o s ; os t e t r a p l ó i d e s f o r a m utilizados
p a r a a s i n t e t i z a ç ã o de novos t r i p l ó i d e s .
Colheram-se, em janeiro de 1 9 5 7 , as m e l a n c i a s deste campo,
s e n d o possível e n t ã o c o m p a r a r frutos triplóides com di- e tetraplói-
des. V e r i f i c o u - s e q u e a l g u n s h í b r i d o s t r i p l ó i d e s p r o d u z i r a m os a l m e -
jados frutos sem sementes.
O f r u t o t r i p l ó i d e é d e f o r m a o b o v a l e, nas d i m e n s õ e s , i n t e r m e d i á -
r i o e n t r e d i - e t e t r a p l ó i d e s ( e s t a m p a 3-B, c).
A a u s ê n c i a de s e m e n t e s n ã o é t o t a l : s u r g e m u m a , d u a s o u a l -
g u m a s a p a r e n t e m e n t e n o r m a i s e s e m e l h a n t e s às t e t r a p l ó i d e s ; a m a i o r
p a r t e das s e m e n t e s é a t r o f i a d a , p e r f e i t a m e n t e c o m e s t í v e l , as q u a i s ,
r e t i r a d a s d o f r u t o e postas a secar, se r e d u z e m a m i n ú s c u l o s f r a g m e n -
tos, finos c o m o papel.
Em a l g u n s f r u t o s , p o r é m , e n c o n t r a m - s e s e m e n t e s q u e se e n q u a -
d r a m mais no t i p o " c h ô c h a s " que p r o p r i a m e n t e a t r o f i a d a s , não sendo
p o r t a n t o c o m e s t í v e i s . N ã o se sabe a i n d a a c a u s a de se o b t e r o r a u m ,
o r a o u t r o t i p o de f r u t o triplóide.
A p o l p a é d o c e , s a n g ü í n e a ; o " b r a n c o " , de espessura reduzida
c o m o nos f r u t o s diplóides.

7 _ CITOLOGIA

•7.1 — I D E N T I F I C A Ç Ã O DOS TETRAPLÓIDES E TRIPLÓIDES

À m e d i d a q u e i a m s e n d o f e i t o s os t r a t a m e n t o s p e l a c o l q u i c i n a ,
e r a d e interesse i m e d i a t o a i d e n t i f i c a ç ã o dos t e t r a p l ó i d e s o b t i d o s , p e l a
c o n t a g e m dos seus c r o m o s s o m o s . Em v i s t a , p o r é m , de o m a t e r i a l ser
escasso e m a i s a i n d a dos d a n o s c a u s a d o s à p l a n t a para a colheita
t a n t o d e r a í z e s c o m o d e botões p a r a m i c r o s p o r o g ê n e s e ( u m a vez co-
l h i d a s as r a í z e s a p l a n t a n ã o m a i s resiste a o t r a n s p l a n t e , q u e n o r m a l -
m e n t e j á é d i f í c i l ) , a c o n t a g e m dos c r o m o s s o m o s f o i f e i t a m a i s t a r d e :
p r i m e i r a m e n t e f o r a m m u l t i p l i c a d o s os supostos t e t r a p l ó i d e s , p o r meio
de a u t o f e c u n d a ç õ e s , e depois identificados através de sua progênie.

L o g o de i n í c i o e n c o n t r o u - s é a l g u m a d i f i c u l d a d e de o r d e m t é c n i c a
q u e r n a c o l h e i t a das r a í z e s q u e r n o processo de c o l o r a ç ã o das l â m i n a s :
q u a n d o as s e m e n t e s g e r m i n a m e m c a i x a d e P e t r i , sobre p a p e l c h u p ã o
umedecido, não f o r n e c e m material apropriado para exame ao micros-
c ó p i o , de m o d o q u e p a r a nossos t r a b a l h o s p a s s a m o s a c o l h e r o m a -
terial depois de as p l a n t a s estarem suficientemente enraizadas na
terra.
Quanto à coloração pela hematoxilina férrica, seguindo a mesma
técnica adotada para café e outras plantas estudadas n a Seção de
C i t o l o g i a , n ã o t i v e m o s bons r e s u l t a d o s c o m a m e l a n c i a ; c o n s e g u i m o s
nossas c o n t a g e n s de cromossomos introduzindo ligeira modificação
n a c o n c e n t r a ç ã o d o m o r d e n t e : a l u m e n de f e r r o a 1 % durante 30 mi-
nutos, e m l u g a r de a 2 % d u r a n t e 2 horas.
A n a t u r e z a t e t r a p l ó i d e das p l a n t a s o b t i d a s e r a v e r i f i c a d a muitas
vezes em suas progenies; houve um caso em que se determinou
2 n = 4 4 e m sete p l a n t a s o b t i d a s p e l a a u t o f e c u n d a ç ã o d e u m mesmo
t e t r a p l ó i d e ; nas p r o g e n i e s F 2 a i n d a se c o n s t a t o u a t e t r a p l o i d i a ; n o e n -
tanto, quando a planta original f o r a p o l i n i z a d a p o r d i p l ó i d e , as se-
mentes obtidas deram plantas com 2 n = 2 2 e não 2 n = 33. Isto
indica que a p l a n t a original era provavelmente u m a q u i m e r a ; a pro-
gênie tetraplóide formou-se a partir de uma zona de tecido com
2n = 4 4 ; a f l o r p o l i n i z a d a por d i p l ó i d e f o r m o u - s e e m z o n a de t e c i d o
com 2 n = 22.

E m 1 9 5 4 f o r a m s e l e c i o n a d o s pelos c a r a c t e r í s t i c o s v e g e t a t i v o s d a s
p l a n t a s de q u e p r o v i e r a m , p e l a f o r m a d o f r u t o e p e l o t i p o d a s se-
m e n t e s , 6 4 f r u t o s . C o n t a n d o os c r o m o s s o m o s e m p l a n t a s q u e se o r i g i -
n a r a m dessas s e m e n t e s , p u d e m o s c o r r e l a c i o n a r o t i p o d a s sementes
c o m o n ú m e r o de cromossomos: t e n d o v e r i f i c a d o que d e n t r o de deter-
m i n a d o s t i p o s d e s e m e n t e os e m b r i õ e s e r a m d i p l ó i d e s , d e s c a r t a m o s t o d o
o m a t e r i a l desse t i p o , s e m e x a m e c i t o l ó g i c o ; p a s s a n d o a e x a m i n a r so-
mente as p l a n t a s originárias de sementes l a r g a s e grossas, encon-
t r a m o s cinco t e t r a p l ó i d e s ; por a n a l o g i a e t a m b é m por c o m p a r a ç õ e s de
n ú m e r o d e estornas, s e l e c i o n a m o s m a i s 19 t e t r a p l ó i d e s .

Em 1 9 5 6 f o r a m f e i t a s as p r i m e i r a s c o n t a g e n s d e c r o m o s s o m o s e m
plantas triplóides (2 n = 33, figura 1-B).
Quanto à microsporogênese, não foi estudada ainda e m plantas
t r i p l ó i d e s ; f i z e m o s , a p e n a s nos t e t r a p l ó i d e s , a l g u m a s o b s e r v a ç õ e s , c o n s -
t a t a n d o a f o r m a ç ã o desde m o n o - a t é t e t r a v a l e n t e s e m M e t á f a s e I; a o
lado de separações anafásicas regulares, v e r i f i c a m o s m u i t a s irregula-
res; m i c r o s p o r ó c i t o s c o m " t e t r a d e s " a n o r m a i s , d i v i d i n d o - s e e m 5 o u 6
" m i c r o s p ó r i o s " d e t a m a n h o s d i f e r e n t e s , t a m b é m são e n c o n t r a d o s .
N ã o temos observações suficientes p a r a a v a l i a r a proporção em
q u e essas i r r e g u l a r i d a d e s o c o r r e m nos t e t r a p l ó i d e s ; elas d e v e m p r e j u -
dicar a sua fertilidade e talvez sejam a causa d a diminuição do número
de sementes e d a f o r m a ç ã o de sementes " c h ô c h a s " .

As n u m e r o s a s c o n t a g e n s d e c r o m o s s o m o s r e a l i z a d a s e m p l a n t a s
com 2 n = 2 2 , 3 3 e 4 4 , s e m se d e p a r a r c o m m o n o - o u t r i s s ô m i c a s ,
i n d i c a m q u e n ã o h á , p r o v a v e l m e n t e , f o r m a ç ã o de g â m e t a s f é r t e i s a n ã o
ser c o m n = 11 e n = 22.

7.2 — GRÃOS DE PÓLEN

O b s e r v a ç õ e s e s p e c i a i s f o r a m f e i t a s sobre os g r ã o s d e p ó l e n : d e
cinco plantas diplóides, cinco triplóides e cinco tetraplóides colheram-
se c i n c o flores d e c a d a u m a , d e v i d a m e n t e p r o t e g i d a s n a v é s p e r a d a
a b e r t u r a . C o m o p ó l e n d e u m a f l o r se p r e p a r a v a u m a l â m i n a c o m
c a r m i n acético, fazendo-se observações individuais de 100 grãos e m
cada lâmina.

Os g r ã o s d e p ó l e n d a s p l a n t a s t r i p l ó i d e s se a p r e s e n t a v a m s e m p r e
e n r u g a d o s , i r r e g u l a r e s e v a z i o s d e c i t o p l a s m a , o q u e c o n f e r e a essas
plantas completa esterilidade masculina. N a s plantas diplóides e tetra-
plóides ocorrem de 2 a 3 0 % de pólen vazio de citoplasma; nas p r i m e i -
ras essa p o r c e n t a g e m se a v i z i n h a d o l i m i t e i n f e r i o r ; n a s t e t r a p l ó i d e s
a v i z i n h a - s e d e 3 0 % e c h e g a , às v e z e s , a 4 0 o u 5 0 % .

As medições f o r a m feitas c o m o a u x í l i o de u m a ocular m i c r o m é -


t r i c a e r e f e r e m - s e s o m e n t e aos g r ã o s d e p ó l e n a r r e d o n d a d o s , a p a r e n t e -
m e n t e n o r m a i s e q u e se c o l o r e m p e l o c a r m i m a c é t i c o ; c o m o este t i p o
d e g r ã o s n ã o o c o r r e n o s t r i p l ó i d e s , as m e d i ç õ e s só f o r a m f e i t a s n o s
diplóides e tetraplóides.

Os r e s u l t a d o s e n c o n t r a m - s e n o q u a d r o 2 , o n d e se p o d e v e r i f i c a r
a m é d i a g e r a l d e 6 4 , 1 8 m i c r o s p a r a as d i p l ó i d e s e 7 8 , 5 3 m i c r o s p a r a
as t e t r a p l ó i d e s . A d i f e r e n ç a e s t a t í s t i c a e n t r e essas m é d i a s é a l t a m e n t e
significativa.

Pela a n á l i s e e s t a t í s t i c a v e r i f i c o u - s e q u e h á m a i o r variabilidade
e n t r e flores d a m e s m a p l a n t a , que entre plantas pertencentes ao mes-
m o t i p o ( d i p l ó i d e o u t e t r a p l ó i d e ) . Essa v a r i a b i l i d a d e p o d e ser a t r i b u í d a
à o c o r r ê n c i a d e u m a s p o u c a s flores q u e a p r e s e n t a r a m u m a v a r i a ç ã o
e x t r a o r d i n á r i a n o t a m a n h o dos g r ã o s d e p ó l e n ; esse f a t o f o i n o t a d o
t a n t o d e n t r o do grupo das diplóides c o m o dentro do grupo das plantas
t e t r a p l ó i d e s e a i n d a n ã o t e m o s p a r a êle u m a e x p l i c a ç ã o satisfatória.
7.3 — NÚMERO E T A M A N H O DOS ESTOMAS

Seções da e p i d e r m e i n f e r i o r d a s folhas d e m e l a n c i a p o d e m ser


f a c i l m e n t e d e s t a c a d a s desde q u e estas e s t e j a m c o m e ç a n d o a m u r c h a r .

A s seções m o n t a d a s sobre u m a gota d e a c e t a t o d e c e l u l o s e e m


l â m i n a d e v i d r o e r o c o b e r t a s c o m u m a l a m í n u l a p o d e m ser c o n s e r v a d a s
indefinidamente para exame ao microscópio.

C o m o intuito de observar a correlação entre o n ú m e r o de cro-


m o s s o m o s e o n ú m e r o d e estornas, c o l h e m o s , e m d u a s é p o c a s , m a t e r i a l
de cinco p l a n t a s de c a d a nível de p l o i d i a .

N a p r i m e i r a é p o c a , t o m a m o s u m a folha a d u l t a d e c a d a p l a n t a ,
r e a l i z a n d o c o n t a g e n s e m 50 c a m p o s d e c a d a f o l h a . N a s e g u n d a é p o -
c a f o r a m c o l h i d a s c i n c o folhas a d u l t a s d e c a d a p l a n t a e f e t u a n d o c o n -
t a g e n s e m 2 0 c a m p o s d e c a d a f o l h a . S e m p r e q u e possível as folhas
da segunda época eram colhidas nas mesmas plantas usadas na
primeira.

Tanto numa como noutra época houve diferença significativa


e n t r e as m é d i a s e n c o n t r a d a s p a r a os t r ê s t i p o s d e p l a n t a ; n ã o h o u v e
d i f e r e n ç a e n t r e os n ú m e r o s e n c o n t r a d o s n a s d u a s épocas p a r a o m e s m o
nível de ploidia.

Pode-se d i z e r , p o r t a n t o , q u e a c o r r e l a ç ã o n e g a t i v a e s p e r a d a e n t r e
o n ú m e r o d e c r o m o s s o m o s e o n ú m e r o de estornas f o i confirmada,
2
t e n d o - s e a c h a d o e m m é d i a 439, 315 e 245 estornas p o r m m respec-
t i v a m e n t e p a r a as p l a n t a s d i p l ó i d e s , t r i p l ó i d e s e t e t r a p l ó i d e s .

Quanto ao t a m a n h o , se b e m que não t e n h a m sido realizadas


m e d i ç õ e s c o m o i n t u i t o d e se p r o c e d e r a u m a a n á l i s e e s t a t í s t i c a , obser-
v a m o s q u e os estornas são m a i o r e s nos t e t r a p l ó i d e s , m é d i o s nos t r i p l ó i -
des e m e n o r e s nos d i p l ó i d e s .

8 — GERMINAÇÃO DE SEMENTES

U m a e x p e r i ê n c i a sobre o p o d e r g e r m i n a t i v o das s e m e n t e s t r i - e
tetraplóides foi realizada em setembro de 1956, comparativamente
c o m as d i p l ó i d e s , todas c o l h i d a s nesse m e s m o a n o .
E n t r a r a m n e s t a e x p e r i ê n c i a a p e n a s as p l a n t a s das q u a i s se d i s -
p u n h a de m a i o r quantidade de s e m e n t e s . A s s i m , 1 1 tetraplóides e
duas triplóides f o r a m comparadas com a diplóide: a experiência foi
r e a l i z a d a e m g e r m i n a d o r , à t e m p e r a t u r a de 3 0 ° C e u m i d a d e relati-
v a de 9 0 % , c o m 1 0 0 s e m e n t e s de c a d a p l a n t a , d i s t r i b u í d a s e m p a r c e l a s
de 2 0 , a o a c a s o , p e l o germinador.
C o m o se pode v e r i f i c a r p e l o q u a d r o 3, as t r i p l ó i d e s e t e t r a p l ó i d e s
l e v a r a m m a i s t e m p o p a r a g e r m i n a r q u e as d i p l ó i d e s ; q u a n t o à p o r c e n -
tagem de germinação, somente uma das tetraplóides apresentou-a
t ã o a l t a q u a n t o a d i p l ó i d e ( 9 3 % e 9 4 % r e s p e c t i v a m e n t e ) , t o d a s as d e -
m a i s t r i - e t e t r a p l ó i d e s a p r e s e n t a r a m u m a g e r m i n a ç ã o q u e v a r i o u de
52 a 7 8 % .
Tendo-se decidido p l a n t a r u m c a m p o c o m triplóides e tetraplóides
a o l a d o de u m o u t r o o n d e se c o m p a r a v a m d i v e r s a s v a r i e d a d e s d i p l ó i -
des, a s e m e a d u r a f o i f e i t a d i r e t a m e n t e nas covas. N o t a m o s e n t ã o q u e
as s e m e n t e s d i p l ó i d e s d o c a m p o de v a r i e d a d e s germinaram quando
c a i r a m as p r i m e i r a s c h u v a s , e n q u a n t o as t r i - e t e t r a p l ó i d e s d o nosso
c a m p o só g e r m i n a r a m após chuvas mais demoradas. A l é m disso, a
p o r c e n t a g e m d e g e r m i n a ç ã o destas ú l t i m a s f o i m u i t o b a i x a ( q u a d r o 4 ) .
Tudo i n d i c a , p o r t a n t o , q u e as s e m e n t e s t r i - e t e t r a p l ó i d e s ne-
c e s s i t a m de c u i d a d o s e s p e c i a i s p a r a q u e r e p r o d u z a m , no c a m p o , o
poder g e r m i n a t i v o d e m o n s t r a d o e m experiências de laboratório.

9 — DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Frutos partenocárpicos ocorrem n a t u r a l m e n t e e m citros, b a n a n a ,


a b a c a x i , p e p i n o e m u i t a s o u t r a s espécies v e g e t a i s . A r t i f i c i a l m e n t e , a
p a r t e n o c a r p i a t e m sido i n d u z i d a e m n u m e r o s a s p l a n t a s (3) p e l a a p l i -
c a ç ã o d e h o r m ô n i o s às f l o r e s , s u p r i m i n d o - s e a polinização: não ha-
v e n d o f e r t i l i z a ç ã o , os f r u t o s se d e s e n v o l v e m s e m s e m e n t e s . O pro-
cesso e n v o l v e t r a b a l h o m a n u a l c o n s t a n t e e a p l i c a ç ã o d e d r o g a s c a r a s
q u a i s s e j a m os á c i d o s indolacético, indolbutírico, naftalenoacético e
muitas outras. M e l a n c i a s sem sementes f o r a m p r i m e i r a m e n t e obtidas
p o r W o n g ( 1 1 ) e m 1 9 3 8 , u s a n d o os t r a t a m e n t o s q u í m i c o s a q u e nos
referimos.
Por o u t r o l a d o , a p o l i n i z a ç ã o d e u m a p l a n t a p o r p ó l e n d e o u t r a
p l a n t a , o q u a l não é c a p a z de f e r t i l i z á - l a , pode i n d u z i r à f o r m a ç ã o de
f r u t o s s e m s e m e n t e s q u e se d e s e n v o l v e m c o m o e s t í m u l o c a u s a d o p e l a
polinização. A p e n a s p a r a e x e m p l i f i c a r veja-se a ocorrência de frutos
p a r t e n o c á r p i c o s e m Coffea canephora diplóide quando polinizada por
C. canephora t e t r a p l ó i d e ( 1 0 ) . O m e s m o a c o n t e c e u e m Citrullus vulgaris
polinizada por C. colocynthis (1) d e igual número de cromossomos.
Quando a hibridação inter- ou intra-específica ocorre dando forma-
ç ã o a p l a n t a s t r i p l ó i d e s , estas são estéreis d e v i d o à meiose irregular;
e n t r e t a n t o , se f o r e m d e v i d a m e n t e p o l i n i z a d a s , os f r u t o s se d e s e n v o l -
v e m e são p a r t e n o c á r p i c o s p e l a f a l t a d a f e r t i l i z a ç ã o . A esterilidade
dos a u t o t r i p l ó i d e s o b t i d o s n a m e l a n c i a f o i a p r o v e i t a d a n a p r á t i c a e
c o m sucesso pelos j a p o n e s e s (5). H o j e a q u a n t i d a d e d e s e m e n t e s t r i -
p l ó i d e s e x p o r t a d a s p a r a os E E . U U . d a A m é r i c a d o N o r t e é u m a fonte
de dólares p a r a o Japão (4).
T e n d o p l a n e j a d o a o b t e n ç ã o d e t r i p l ó i d e s d e m e l a n c i a , o nosso t r a -
b a l h o consistiu na d u p l i c a ç ã o do n ú m e r o de cromossomos de u m a varie-
dade diplóide e em seguida na hibridação da tetraplóide c o m a diplói-
d e . V e n c i d a s as d i f i c u l d a d e s ; t a n t o m a t e r i a i s c o m o t é c n i c a s , obtive-
mos várias linhagens tetraplóides e s i n t e t i z a m o s diversos triplóides.
N e m t o d o s os f r u t o s t r i p l ó i d e s , n o e n t a n t o , e r a m completamente
desprovidos de sementes, sendo que u m a mesma p l a n t a p r o d u z i u fru-
tos s e m s e m e n t e s , f r u t o s c o m s e m e n t e s a t r o f i a d a s e comestíveis e
frutos c o m sementes atrofiadas mas não comestíveis.

Os a u t o r e s japoneses (5, 6) t a m b é m usaram idêntico processo


para obtenção d a melancia sem sementes. Encontraram a m e s m a d i -
ficuldade c o m relação a u m certo n ú m e r o de sementes " c h ô c h a s " for-
madas nos f r u t o s e m vez de sementes c o m p l e t a m e n t e abortadas e
comestíveis (2, 7).

N ã o temos conhecimento, por meio d a literatura, de como t e r i a m


os j a p o n e s e s v e n c i d o essa d i f i c u l d a d e . C o n h e c e m o s t r ê s d o s seus t r i -
plóides: 1) F u m i n x M i a k o N o . 3; 2) Y a m a t o x M i a k o No. 3; 3)
Y a m a t o x A s a h i Y a m a t o c u j a s s e m e n t e s nos f o r a m c e d i d a s g e n t i l m e n -
te pelo Dr. N o r i o Kondo, e m 1 9 5 5 . Tivemos oportunidade de semear
a l g u m a s e de v e r i f i c a r o pequeno n ú m e r o de sementes chôchas nos
f r u t o s t r i p l ó i d e s . A l é m disso, p u d e m o s n o t a r q u e se t r a t a d e p l a n t a s
b e m resistentes à a n t r a c n o s e .

Se a q u a l i d a d e d o p ó l e n u s a d o p a r a p o l i n i z a r a s flores t r i p l ó i d e s
tem alguma influência sobre o a p a r e c i m e n t o em maior ou menor
n ú m e r o d e s e m e n t e s c h ô c h a s , n ã o se s a b e ; m e s m o as e x p e r i ê n c i a s
feitas p o r F u r u s a t o e M i y a s a w a (2) n ã o p e r m i t i r a m u m a conclusão
a respeito.

Ensaios a s e r e m r e a l i z a d o s , p o s s i v e l m e n t e e s c l a r e c e r ã o este p r o -
b l e m a ; d a m e s m a f o r m a , h á n e c e s s i d a d e d e e x p e r i m e n t o s p a r a a so-
lução do problema referente ao aproveitamento total d a potência ger-
m i n a t i v a das sementes t r i - e tetraplóides.

As o b s e r v a ç õ e s r e a l i z a d a s q u a n t o a o n ú m e r o d e f r u t o s p o r p l a n t a
e n ú m e r o de sementes por f r u t o , conduzem à conclusão de que no
p r o s s e g u i m e n t o desses e s t u d o s d e v e m se e n c o n t r a r tetraplóides que
a p r e s e n t e m c a p a c i d a d e d e c o m b i n a ç ã o s u p e r i o r p a r a a p r o d u ç ã o d e se-
mentes híbridas.

V e n c i d a s m a i s essas e t a p a s d e t r a b a l h o , e s t a r e m o s e m c o n d i ç õ e s
d e o f e r e c e r aos serviços t é c n i c o s o f i c i a i s s e m e n t e s d e l i n h a g e n s q u e
d e v e r ã o ser m u l t i p l i c a d a s ; a p r o d u ç ã o d a s s e m e n t e s h í b r i d a s se f a r á
e m c a m p o s d e t e t r a p l ó i d e s c o m l i n h a s d i p l ó i d e s e n t r e m e a d a s ; as f l o r e s
m a s c u l i n a s d a s p l a n t a s t e t r a p l ó i d e s d e v e r ã o ser e l i m i n a d a s , só s e n d o
p e r m i t i d a a polinização n a t u r a l , pelo pólen das diplóides.
ARTIFICIAL POLYPLOIDY I N T H E PRODUCTION OF SEEDLESS W A T E R M E L O N S
(CITRULLUS VULGARIS SCHRAD.)

SUMMARY

Watermelons (Citrullus vulgaris Schrad.) are in general provided w i t h numerous


seeds: large in the " A m e r i c a n " varieties and small in the "Japanese" varieties.
Triploids ( 2 n = 3 3 ) of t h e "Japanese" varieties are already under cultivation by
American farmers who import the hybrid seeds f r o m Japan and seedless fruits are
being produced in ever increasing amounts.
In Brazil the Japanese diploid ( 2 n = 2 2 ) varieties are only of recent introduction;
among the American varieties ( 2 n = 2 2 ) , "Keckley Sweet" is one o f the best known
and preferred f o r its good taste. For the obtention of seedless watermelons it seemed
advisable to start the w o r k w i t h such a variety because of its commercial significance.
The first step was the obtention of tetraploids ( 2 n = 4 4 ) ; t h e adopted method
consisted in the treatment of germinating seeds in a n aqueous colchicine solution;
best results were achieved using a n 0 . 1 % solution for 8 to 12 hours.
T h e tetraploids are of more stunted g r o w t h , w i t h larger leaves and flowers; the
fruits are smaller, round a n d few-seeded.
In a t t e m p t i n g to cross tetraploids w i t h diploids, successfull results were obtained
when @ 4 n flowers were pollinated w i t h pollen f r o m 2 n plants. T r i p l o i d ( 2 n = 3 3 )
plants, obtained f r o m hybrid seeds, were completely male sterile b u t set fruits when
pollinated w i t h pollen f r o m 2 n plants.
The triploid plants are somewhat intermediate between d i — a n d tetraploids as to
the size of leaves a n d growth habit; the fruits are less elongated t h a n in the diploids
and not round as in the tetraploids. Some fruits are seedless, i.e. w i t h aborted seeds
t h a t can be eaten together w i t h the pulp; others show f r o m few to many empty seeds
which are flacid, b u t not quite f i t t o be eaten.
Comparative studies have been made of pollen, stomata a n d seeds of 2 n , 3 n
and 4 n plants.
Studies are in progress to solve some problems encountered in the mass pro­
duction a n d germination of tetraploid a n d triploid seed; up to now they are handicaps
to the commercial utilization of these "seedless watermelons".

LITERATURA C I T A D A

1. FURUSATO, K A Z U O & M I Y A S A W A , A K I R A . Hybridization experiments w i t h


Citrullus vulgaris and C. colocynthis. National Institute of Genetics (Japan),
A n n u a l Report 1 9 5 4 : 6 7 . 1 9 5 5 .
2.--------- --------- Report on pollination of triploid watermelons w i t h pollen of
various diploid varieties. Seiken Zihô 5 : 1 2 8 - 1 3 0 . 1 9 5 2 .

3. GUSTAFSON, FELIX G. Parthenocarpy: natural and artificial. Bot. Rev. 8:


599-654. 1946.

4. JOHNSTONE, FRANCIS E. (júnior). The customers came back for more. Sth.
Seedsman 1 6 ( 1 2 ) : 3 7 , 8 7 . 1 9 5 3 .

5. K I H A R A , H. & N I S H I Y A M A , I. A n application of sterility of autotriploids to


the breeding of seedless water-melons. Seiken Zihô 3 : [ 9 3 ] - 1 0 3 . 1 9 4 7 .

6. & Y A M A S H I T A , Y. A preliminary investigation for the f o r m a t i o n of


tetraploid water-melons. Seiken Zihô 3 : [ 8 9 ] - 9 2 . 1 9 4 7 .

7. K O Y A M A , M . Studies on empty seeds (shiina) in triploid watermelon I. Seiken


Z i h ô 5:[1 051-1 0 9 . 1 9 5 2 .

8. MENDES, A. J. T. Duplicação do número de cromossômios em café, algodão


e f u m o , pela ação da colchicina. Campinas, Instituto agronômico, 1938.
21 p. (Bol. Tecn. n.° 57)

9 . Observações citológicas em Coffea. XI — Métodos de t r a t a m e n t o pela


colchicina. Bragantia 7 : [ 2 2 1 ] - 2 3 0 . 1947.

10. — Partenogênese, partenocarpia e casos anormciis de fertilização em


Coffea. Bragantia 6 : [ 2 6 5 ] - 2 7 4 . 1946.

11 . W O N G , C. Y. Chemically induced parthenocarpy in certain horticultural plants


w i t h special reference to watermelon. Bot. Gaz. 1 0 3 : 6 4 - 8 6 . 1 9 4 1 .

Você também pode gostar