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MELHORAMENTO DA S O J A

II. MELHORAMENTO P O R H I B R I D A Ç Ã O (*)

SHIRO MIYASAKA e JOSÉ G O M E S DA SILVA, engenheiros-agrônomos, Serviço de


Expansão da Soja, Secretaria da Agricultura do Estado de S. Paulo (**)

RESUMO

Três séries de cruzamentos artificiais de soja entre as variedades A b u r a X Mo¬


giana, La 4 1 - 1 2 1 9 X D 4 9 - 7 7 2 e La 4 1 - 1 2 1 9 X M o g i a n a , são relatadas. As
populações descendentes destes híbridos f o r a m estudadas, parte pelo método de sele-
ção individual e parte pelo método de " m i s t u r a " (bulked), durante cinco gerações. Pela
seleção individual tornou-se possível selecionar as linhagens L - 2 9 8 , L - 3 1 1 , L-326 e
L - 3 5 6 , as quais se destacaram pela sua boa produtividade e por alguns característicos
agronômicos desejáveis.
A linhagem L-31 1 apresentou boa resistência à deiscência das vagens, a l t u r a da
planta ideal para a colheita mecânica, não revelou acamamento das plantas e mos-
t r o u sementes graúdas, de t a m a n h o aproximado ao da variedade M o g i a n a .
As linhagens L-326 e L-356 mostraram resistência ao acamamento e à desiscência
das vagens, apresentaram a l t u r a da planta própria para colheita mecânica, resistência
ao ataque de nematóide e elevada porcentagem de óleo nas sementes.
Com exceção da linhagem L - 3 2 6 , que é isenta de rachadura na casca da semente,
nas linhagens L - 2 9 8 , L-311 e L-356 êsse defeito ainda não foi eliminado por com-
pleto e, por conseguinte, o trabalho de melhoramento deverá prosseguir no sentido
de procurar reduzir esse defeito através de novas hibridações artificiais.
A linhagem L - 3 2 6 , em virtude do bom resultado apresentado, já se encontra e m
fase de aumento para ser experimentada regionalmente.

(*) Recebido para publicação e m 29 de janeiro de 1958.


( * * ) Os autores agradecem ao e n g . agr. Alcides C a r v a l h o , pela revisão do t e x t o .
214 B R A G A N T I A VOL. 17, N . ° 16

sando principalmente a respeito da c a r a c t e r i z a ç ã o e comportamento


das p r i n c i p a i s v a r i e d a d e s a d a p t a d a s o u p r o m i s s o r a s p a r a o nosso m e i o ,
estudo da resistência de a l g u m a s variedades ao a t a q u e de nematóide
e observações acerca d a m o l é s t i a de v í r u s , c o m u m e n t e denominada
" q u e i m a do broto".
C o m o p a r t e desse p r o g r a m a d e t r a b a l h o , e m p r e g o u - s e t a m b é m a
hibridação como m é t o d o de melhoramento, visando obter linhagens
que reunissem diversos caracteres desejáveis a p a r t i r de a l g u m a s v a -
riedades e m estudo. A primeira série de c r u z a m e n t o s foi realizada
e m 1 9 5 1 , por Silva (16) n u m a p e q u e n a propriedade d a f i r m a A n d e r s o n
C l a y t o n , e m B a r r i n h a , São P a u l o . Uma s e g u n d a série d e cruzamen-
tos foi realizada nos Estados Unidos da América do Norte, por
W i l l i a m s (22), e m 1 9 5 1 , a p a r t i r de m a t e r i a l r e c e b i d o de São P a u l o ,
sendo as s e m e n t e s híbridas trazidas para o Brasil, quando da sua
visita ao nosso país. Finalmente, a terceira série foi realizada por
Miyasaka (12) na Seção de Genética do Instituto Agronômico, em
1952.

A presente c o m u n i c a ç ã o t e m por objetivo r e l a t a r os resultados


o b t i d o s c o m estas p r i m e i r a s t r ê s séries de c r u z a m e n t o s n o Estado d e
São P a u l o . Os r e s u l t a d o s o b t i d o s c o m o u t r a s séries d e h i b r i d a ç õ e s ar-
t i f i c i a i s serão objeto de f u t u r a s comunicações.

2 _ MATERIAL E MÉTODO

A p r i m e i r a série d e h i b r i d a ç õ e s r e a l i z a d a e m B a r r i n h a , c o m p r e -
endeu os c r u z a m e n t o s entre as variedades "Abura" e "Mogiana".
A m b a s as v a r i e d a d e s são b e m a d a p t a d a s a o nosso m e i o .

A variedade " A b u r a " foi i n t r o d u z i d a no I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o em


1 9 3 5 , por i n t e r m é d i o do Consulado do J a p ã o , que coletou sementes
produzidas por colonos japoneses em Santo Anastácio, São Paulo.
A p ó s v á r i o s a n o s de e x p e r i ê n c i a s n o I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o , e s t a v a r i e -
d a d e f o i c o l o c a d a à d i s p o s i ç ã o dos l a v r a d o r e s p e l a S e c r e t a r i a d a A g r i -
c u l t u r a . A " A b u r a " possui b o n s c a r a c t e r í s t i c o s a g r o n ô m i c o s , c o m o se-
j a m a q u a l i d a d e das sementes, o teor de p r o t e í n a e óleo, o r e n d i m e n t o
de grãos etc. A p r e s e n t a t o d a v i a a l g u n s defeitos, tais c o m o a deiscên-
cia f á c i l , susceptibilidade ao a c a m a m e n t o , b a i x a resistência ao ataque
dos n e m a t ó i d e s das r a i z e s (Meloidogyne sp.) e à p ú s t u l a bacteriana
(Xanthomonas phaseoli var. sojensis).
MIYASAKA & SILVA
DEZ., 1 9 5 8 M E L H O R A M E N T O DA S O J A . I I . 215

A variedade " M o g i a n a " foi introduzida no Instituto Agronômico


o s o s
em 1 9 4 7 p o r i n t e r m é d i o dos E n g . Agr. Guaracy Ribeiro Monteiro
e Sebastião Sampaio, que c o l e t a r a m o referido material na fazenda
d o Eng.° A g r . ° Oscar T h o m p s o n Filho, localizada p r ó x i m a à cidade de
Ribeirão Preto. Estudada inicialmente por N e m e ( 1 7 ) , Silva (18) e
M i y a s a k a (11) sob o n ú m e r o " 4 5 5 " , f o i , e m 1 9 5 4 , d e n o m i n a d a " M o -
giana" pela Comissão de Leguminosas do Instituto Agronômico de
Campinas. A variedade " M o g i a n a " , embora apresente alguns defeitos
c o m o a r a c h a d u r a n a casca das sementes ( " c r a c k i n g " ) e c a u l e excessi-
v a m e n t e g r o s s o , possui b o m r e n d i m e n t o d e g r ã o s e s a t i s f a t ó r i a resis-
tência ao a c a m a m e n t o e à deiscência.
C o m esse m a t e r i a l foram realizados diversos c r u z a m e n t o s , ado-
t a n d o a técnica preconizada por W i l l i a m s e descrita e m outro capítulo,
e sempre c o m o objetivo de reunir, n u m a mesma linhagem, diversas
d a s c a r a c t e r í s t i c a s d e s e j á v e i s e n c o n t r a d a s nos r e s p e c t i v o s países.

D a p r i m e i r a série d e c r u z a m e n t o s r e s u l t a r a m c i n c o s e m e n t e s h í -
b r i d a s . Sendo p e q u e n o o v o l u m e d e m a t e r i a l a ser e s t u d a d o n a s g e r a -
ções s e g u i n t e s , a d o t o u - s e o m é t o d o d e " p e d i g r e e " recomendado por
diversos autores ( 5 , 1 4 , 2 0 , 2 3 , 2 4 ) p a r a o estudo de progenies.

D u r a n t e c i n c o a n o s r e a l i z a r a m - s e seleções i n d i v i d u a i s d e n t r o d a s
progenies, primeiramente no campo e mais tarde no laboratório, exa-
m i n a n d o - s e as p r i n c i p a i s c a r a c t e r í s t i c a s , t a i s c o m o q u a l i d a d e d a s se-
mentes, precocidade, a l t u r a d a p l a n t a , resistência a moléstias, e pro-
dução de grãos. T r a b a l h o u - s e sempre c o m 3 0 a 6 0 plantas e m cada
geração. A s melhores plantas dentro das progenies f o r a m marcadas e
as s e m e n t e s , c o l h i d a s s e p a r a d a m e n t e . A p r o g ê n i e toda e r a e l i m i n a d a
q u a n d o se a p r e s e n t a v a c o m m a i s d e 4 0 % d e p l a n t a s i n d e s e j á v e i s . A
s e l e ç ã o p a r a r e n d i m e n t o d e g r ã o s se f ê z c o m r i g o r s o m e n t e após a
q u a r t a geração. F o r a m s e p a r a d a s f i n a l m e n t e n e s t a série d e h i b r i d a -
ções as l i n h a g e n s L - 2 9 8 e L - 3 1 1 .

A s e g u n d a série d e h i b r i d a ç õ e s c o m p r e e n d e u c r u z a m e n t o s reali-
z a d o s e n t r e as v a r i e d a d e s L a 4 1 - 1 2 1 9 e D 4 9 - 7 7 2 .

A terceira série de cruzamentos abrangeu as v a r i e d a d e s La


41-1219 e " M o g i a n a " . A variedade La 41-1219 foi selecionada na
L o u i s i a n a , nos Estados U n i d o s d a A m é r i c a d o N o r t e e i n t r o d u z i d a p o r
u m d o s a u t o r e s n o I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o , e m 1 9 5 0 . M o s t r o u desde logo
possuir relativa resistência ao ataque de nematóide (Meloidogyne
incógnita). A variedade D 49-772, foi introduzida da Delta Branch
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Exp. Sta., U.S.A. e originou-se do cruzamento entre as variedades


Roanoke e N 45-745.

Dos cruzamentos realizados foram obtidas cinco sementes na


s e g u n d a série e duas sementes h í b r i d a s n a t e r c e i r a série.

A s populações descendentes destas sementes h í b r i d a s f o r a m c o n -


duzidas, parte pelo m é t o d o das progenies e parte pelo método " b u l k e d " ,
d e m i s t u r a d e s e m e n t e s ( 5 , 1 4 , 2 1 , 2 3 , 2 4 ) . Este s e g u n d o m é t o d o c o n -
sistiu e m p l a n t a r sementes produzidas e m cada geração, misturadas,
s u c e s s i v a m e n t e p o r c i n c o a n o s . Q u a n d o o v o l u m e d e s e m e n t e s se t o r -
nou excessivamente grande, plantou-se apenas parte do m a t e r i a l , t i r a n -
do-se a m o s t r a s d o l o t e , a o a c a s o .

Pelo e m p r e g o d o m é t o d o d e s e l e ç ã o i n d i v i d u a l f o i possível sele-


c i o n a r as l i n h a g e n s L - 3 2 6 e L - 3 5 6 , a p r i m e i r a d e l a s n a s e g u n d a série
de cruzamento e a segunda, da terceira série, e n q u a n t o que pelo
método de mistura de sementes obtiveram-se as d e m a i s progenies
u t i l i z a d a s no ensaio de 1956/57.

3 _ TÉCNICA DE CRUZAMENTO

Para realizar as hibridações escolhem-se plantas cujos botões


florais deverão abrir na m a n h ã seguinte. C o m a mão esquerda f i r m a -
-se o b o t ã o e c o m a d i r e i t a , u t i l i z a n d o - s e de u m a p i n ç a , procura-se
r e m o v e r as s é p a l a s e c o r o l a s . A r e m o ç ã o d a c o r o l a d a f l o r é f a c i l i t a d a
q u a n d o se i m p r i m e , c o m a p o n t a d a p i n ç a , u m leve m o v i m e n t o de
rotação. Em g e r a l o e s t a n d a r t e . e as asas são e l i m i n a d o s s i m u l t a n e a -
mente no primeiro movimento e a quilha, n u m a segunda operação.
Eliminada a corola,'procura-se, e m seguida, introduzir a ponta da pinça
e n t r e as a n t e r a s e p i s t i l o, e l i m i n a n d o os e s t a m e s p o r c o m p l e t o , sem
prejudicar o pistilo.

Por o u t r o l a d o t o m a - s e , d a v a r i e d a d e a ser u s a d a c o m o f o r n e c e -
d o r a de p ó l e n , u m a f l o r a b e r t a no d i a e que possua, p o r t a n t o , pólen
f é r t i l . Se as a n t e r a s e s t i v e r e m s o l t a n d o p ó l e n (o q u e p o d e ser c o n s t a -
t a d o f a c i l m e n t e t o c a n d o - a s c o m a u n h a ) , p r o c u r a - s e passá-las n o es-
tigma da flor já emasculada.

Amarra-se em seguida uma etiqueta de identificação no ramo


m a i s p r ó x i m o à f l o r t r a b a l h a d a . P a r a se o b t e r m a i o r sucesso n e s t a o p e -
MIYASAKA & SILVA
DEZ., 1958 M E L H O R A M E N T O DA S O J A . II. 217

r a ç ã o p r e c o n i z a - s e e f e t u a r os c r u z a m e n t o s nos p e r í o d o s c o m p r e e n d i d o s
entre 8 e 9 horas da m a n h ã e 3 e 5 horas d a tarde.

4 — RESULTADOS OBTIDOS

4.1 — ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DAS N O V A S L I N H A G E N S

N o e s t u d o d o c o m p o r t a m e n t o de n o v a s l i n h a g e n s f o r a m feitas,
d u r a n t e os a n o s a g r í c o l a s 1 9 5 5 / 5 6 e 1 9 5 6 / 5 7 , v á r i a s o b s e r v a ç õ e s re-
f e r e n t e s às c a r a c t e r í s t i c a s s e g u i n t e s :

a) qualidade da semente;

b) p o r c e n t a g e m de óleo e p r o t e í n a ;

c) ciclo da planta;

d) t a m a n h o das sementes;

e) período da floração;

f) altura da planta.

N a s observações relativas à qualidade das sementes prestou-se


especial a t e n ç ã o à r a c h a d u r a d a casca e à f a c i l i d a d e de separação
dos c o t i l é d o n e s p o r o c a s i ã o d a " t r i l h a " . A m b o s os c a r a c t e r í s t i c o s t ê m
revelado m a r c a n t e i n f l u ê n c i a na g e r m i n a ç ã o das sementes. C o m vistas
para a aplicação industrial da soja foram as s e m e n t e s analisadas
q u a n t o aos t e o r e s d e ó l e o e p r o t e í n a . O c i c l o v e g e t a t i v o , o t a m a n h o d a s
sementes e o período de f l o r e s c i m e n t o f o r a m estudados c o m atenção
u m a vez q u e , s e g u n d o a l g u n s a u t o r e s ( 2 , 7, 8 , TO), são f a t o r e s d i r e -
t a m e n t e c o r r e l a c i o n a d o s c o m o r e n d i m e n t o d e g r ã o s . Os d e m a i s c a -
racterísticos f o r a m observados e m face d a i m p o r t â n c i a que represen-
tam p a r a a c o l h e i t a m e c â n i c a . Os d a d o s r e f e r e n t e s à caracterização
das diversas linhagens encontram-se no quadro 1.

C o n f o r m e se p o d e v e r i f i c a r , as l i n h a g e n s 3 2 6 e 3 5 6 d e s t a c a r a m -
-se d a s d e m a i s p e l a m a i o r p o r c e n t a g e m d e ó l e o e m suas s e m e n t e s , s e n -
do que a p r i m e i r a apresentou ainda período de f l o r e s c i m e n t o mais
longo. A s linhagens L-298 e L-311 produziram sementes de maior
tamanho, aproximando-se da variedade "Mogiana" quanto a esse
característico.
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MIYASAKA & SILVA
DEZ., 1 9 5 8 M E L H O R A M E N T O DA S O J A . I I . 219

4.2 — RESISTÊNCIA DE N O V A S LINHAGENS AOS ATAQUES DE NEMATÓIDE


DAS GALHAS

P a r a e s t u d a r a r e s i s t ê n c i a d a s n o v a s l i n h a g e n s ( e m f a s e d e sele-
ção) ao a t a q u e do n e m a t ó i d e das galhas, f o i instalado u m ensaio e m
e s t u f a , tendo sido u t i l i z a d a t e r r a de u m c a n t e i r o p r e v i a m e n t e infes-
t a d o c o m esse p a r a s i t o . O e n s a i o f o i d e l i n e a d o e m b l o c o s a o a c a s o ,
c o m q u a t r o repetições. Cada canteiro, composto de cinco plantas, foi
i n t e r c a l a d o c o m u m a t e s t e m u n h a , n o c a s o a L i n h a g e m 7 5 (seleção d a
" A b u r a " ) . Q u a r e n t a e c i n c o d i a s a p ó s a s e m e a d u r a f o r a m f e i t a s obser-
v a ç õ e s sobre a i n f e s t a ç ã o d e n e m a t ó i d e , a r r a n c a n d o - s e as p l a n t a s e
a t r i b u i n d o pontos de 1 a 1 0 , segundo o g r a u de resistência das mesmas
a o a t a q u e desse v e r m e . Foi a t r i b u í d o 1 p o n t o às p l a n t a s c o m a m a n i -
festação m á x i m a de resistência e 1 0 pontos àquelas que apresentaram
u m m í n i m o de resistência. Embora tivessem entrado no ensaio trinta
tratamentos, inclusive diversas linhagens e variedades, são apresen-
t a d o s n o q u a d r o 2 a p e n a s os d a d o s r e f e r e n t e s à r e s i s t ê n c i a d a s l i n h a -
g e n s q u e e n t r a r a m e m c o m p e t i ç ã o nos e n s a i o s d e p r o d u ç ã o d e g r ã o s .

QUADRO 2. — Média dos pontos atribuídos subjetivamente- às variedades de soja,


segundo o grau de resistência ao ataque de nematóides das galhas, no ensaio
instalado em estufa

Linhagens ou Variedades M é d i a s

pontos
Pai meto
L-220
N 47-3332
L-356
L-326
L-732

Pelican
Acadian
Mogiana ....
L-563
L-247
L-257

L-256
Abura
L-31 1
L-292
L-298
L-255
220 B R A G A N T I A VOL. 17, N . ° 1 6

G r a ç a s à i n f e s t a ç ã o a r t i f i c i a l d o c a n t e i r o d a e s t u f a p o r m e i o das
galhas coletadas no campo, foi possível c o n s e g u i r - s e boa uniformi-
d a d e c o m r e l a ç ã o à i n f e s t a ç ã o de n e m a t ó i d e , c o n d i ç ã o e s t a q u e o r d i -
n a r i a m e n t e n ã o p o d e ser o b t i d a n a s e x p e r i ê n c i a s de c a m p o . A s s i m , o
e m p r e g o d e a n á l i s e e s t a t í s t i c a dos d a d o s d e regressão nessa e x p e r i ê n -
c i a , o c a s i o n o u u m a r e d u ç ã o d o e r r o d a o r d e m de 3 % (ver q u a d r o 3 ) .
N ã o obstante, a mencionada análise acusou u m a diferença significa-
t i v a e n t r e os t r a t a m e n t o s , p e r m i t i n d o s e p a r a r o g r u p o f o r m a d o pelas
variedades Palmetto, L-220, N 4 7 - 3 3 3 2 , L-356, L-326 e L-732, como
m a i s r e s i s t e n t e s a o a t a q u e d e Melo-idoyyne javanica.

QUADRO 3. — Análise de covariância — variâncias corrigidas para efeito de regressão

Soma dos quadrados Qua-


Soma Soma de
Produ- quadra- drado
Fonte de Variação G.L. tos G.L. dos re- médio F
SXY sidual resi-
sxx SXY dual

Entre variedades 17 15,37 145,58 5,91 17 149,72 8,80 4,9


Erro 51 38,20 94,17 4,01 50 89,96 1,80

Total (variedade
X erro) 68 53,57 239,75 1,90 67 239,68

4 . 3 — COMPETIÇÃO DE LINHAGENS PARA PRODUÇÃO DE GRÃOS

U m a série d e e n s a i o s de c o m p e t i ç ã o , s e n d o u m de l i n h a g e n s e
o u t r o d e v a r i e d a d e s , f o i i n s t a l a d a n a Estação E x p e r i m e n t a l C e n t r a l d o
Instituto Agronômico, em Campinas, sendo outra série semelhante
p l a n t a d a n a Estação E x p e r i m e n t a l de R i b e i r ã o P r e t o . E m p r e g o u - s e em
t o d o s os ensaios o d e l i n e a m e n t o e m b l o c o s a o a c a s o , c o m q u a t r o r e p e -
2
t i ç õ e s . Os c a n t e i r o s t i n h a m sempre a área útil de 7,20 m , e eram
protegidos por linhas de bordaduras. F o r a m plantados e m 7 de n o v e m -
b r o e 3 0 de o u t u b r o d e 1 9 5 6 , r e s p e c t i v a m e n t e , e f e t u a n d o - s e a c o l h e i t a
das p l a n t a s e m diversas épocas.

N o s ensaios d e v a r i e d a d e s f o r a m c o l o c a d a s e m c o m p e t i ç ã o duas
novas linhagens ao lado de diversas variedades comerciais. N o ensaio
d e l i n h a g e n s t o d o s os t r a t a m e n t o s e r a m c o n s t i t u í d o s p o r m a t e r i a l n o v o .
Em C a m p i n a s empregaram-se como variedades testemunhas a "Mo-
MIYASAKA & SILVA
DEZ., 1958 M E L H O R A M E N T O DA S O J A . II. 221

g i a n a " e a " Y e l n a n d o " , e n q u a n t o nas e x p e r i ê n c i a s d e R i b e i r ã o Preto


u s a r a m - s e as v a r i e d a d e s " M o g i a n a " a " A r a ç a t u b a " . Os d a d o s de p r o -
d u ç ã o acham-se no q u a d r o 4.

Em a m b o s os e n s a i o s d e l i n h a g e n s as L-31 1 e L - 3 2 6 se c o l o c a r a m
e m b o a p o s i ç ã o c o m r e l a ç ã o a o r e n d i m e n t o de g r ã o s . N o s e n s a i o s d e
v a r i e d a d e s , a p e n a s a l i n h a g e m L - 3 5 6 se d e s t a c o u , n o e n s a i o d e R i b e i -
rão P r e t o , p r o d u z i n d o l i g e i r a m e n t e m a i s q u e as v a r i e d a d e s " M o g i a n a "
e "Aliança".

5 _ RESULTADOS E DISCUSSÃO

N o m e l h o r a m e n t o da soja a hibridação a r t i f i c i a l constitui u m mé-


todo eficiente para obter melhores linhagens, tal como acontece com
o u t r a s p l a n t a s e c o n ô m i c a s q u e se m u l t i p l i c a m n o r m a l m e n t e p o r a u t o -
f e c u n d a ç ã o . M u i t a s variedades de soja distribuídas e c u l t i v a d a s a t u a l -
mente nos países p r o d u t o r e s o r i g i n a r a m - s e de hibridações artificiais
o u n a t u r a i s , p r o c e s s a d a s nessas regiões.

A p e s a r d o sucesso deste m é t o d o , f r i s a Kalton ( 1 2 ) q u e n ã o se


d e v e m esquecer diversas d i f i c u l d a d e s que surgem durante as várias
fases d o t r a b a l h o , as q u a i s , p o r f i m , p o d e m r e d u n d a r n a f a l h a t o t a l d o
método. Esse a u t o r menciona a o c o r r ê n c i a , nos v á r i o s cruzamentos
realizados, de segregações transgressivas nas gerações F 2 e F s para
característicos importantes e desejáveis, e destaca que somente pou-
q u í s s i m a s p l a n t a s r e s i s t e m , o u m u i t a s vezes n e n h u m a d e l a s , às sele-
ções s u b s e q ü e n t e s , r e t e n d o a q u e l e s c a r a c t e r í s t i c o s p r o c u r a d o s . Outro
f a t o r que d i f i c u l t a o ê x i t o do t r a b a l h o de m e l h o r a m e n t o da soja por
hibridação é ser essa l e g u m i n o s a bastante sensível às v a r i a ç õ e s do
meio a m b i e n t e , especialmente c o m relação ao fotoperiodismo. A s s i m ,
u m a l i n h a g e m p o d e se c o m p o r t a r d i f e r e n t e m e n t e e m d u a s l o c a l i d a d e s ,
m e s m o q u e estas a p r e s e n t e m s e m e l h a n ç a n o t i p o d e s o l o , t e m p e r a t u r a
e u m i d a d e , o u que apresentem luminosidade idêntica, porém tipo de
solo diferente. A seleção de plantas, por conseguinte, quando ba-
s e a d a a p e n a s nos d a d o s d e u m a l o c a l i d a d e o u n u m a n o p o d e c o n d u z i r
a conclusões imprecisas.

Estas c o n s i d e r a ç õ e s p o d e m ser a p l i c a d a s t a m b é m aos resultados


obtidos e apresentados neste t r a b a l h o , pois, r e l a t i v a m e n t e ao rendi-
m e n t o e m g r ã o s , as n o v a s l i n h a g e n s r e v e l a r a m e m C a m p i n a s c o m p o r -
t a m e n t o d i f e r e n t e daquele v e r i f i c a d o no ensaio de Ribeirão Preto.
B R A G A N T I A VOL. 17, N.° 16

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SOYBEAN I M P R O V E M E N T I N SÃO PAULO
II — CROSS-POLLINATION METHOD

SUMMARY

Three series of soybean crosses using the commercial varieties A b u r a X M o g i a n a ,


La 4 1 - 1 2 1 9 X D 4 9 - 7 7 2 and La 4 1 - 1 2 1 9 X M o g i a n a are reported. Five generations
of the hybrid population were studied, part following the pedigree and part using the
bulk method of selection. Using individual plant selection three promising lines
( L - 2 9 8 , L-311 and L-356) were obtained. Line L-311 was selected due to its high yield,
non-shattering and non-lodging characteristics, adequate height for combining, a n d
suitable seed size, similar to t h a t of the M o g i a n a variety. Lines L-326 and L-356
are also high yielding, resistant to the root-knot nematode and to lodging, and are
non-shattering. The height is suitable for use of combines and the seed oil content
is high.
Line L-326 does not present cracks on the seed coat whereas all other selected
lines still show this characteristic, although to a lesser degree t h a n in the original
variety M o g i a n a . Due t o the promising results obtained w i t h L-326, this line is
being increased for other regional testing.

LITERATURA CITADA

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