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CONDUTA

TEMA
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CRIME

Dolo natural Teoria normativa pura

Fato típico Ilicitude Culpabilidade


dolo/culpa
1. Conduta consciência + vontade 1. Imputabilidade
comissiva/omissiva 2. Potencial consciência ilicitude
3. Exigibilidade conduta diversa
2. Resultado
3. Nexo causal
4. Tipicidade
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Código Penal
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o
houver causado ao menos culposamente.
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O Código Penal contempla alguma norma considerada resquício


de responsabilidade penal objetiva?

R – SIM!

A doutrina aponta resquícios de responsabilidade penal objetiva


em duas situações:

1) Rixa qualificada (art. 137, parágrafo único, CP);

2) Teoria da “actio libera in causa”, que permite a punição de


infrações penais praticadas em estado de embriaguez voluntária
ou culposa.
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Conduta dolosa
Código Penal
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Conceito de dolo
Vontade e consciência de realizar os elementos do tipo penal incriminador.
Atenção! A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo resultado,
e demais circunstâncias da infração penal.

Natureza jurídica
É elemento subjetivo de todos os tipos penais, embora neles figure de maneira implícita.
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Elementos do dolo
• Intelectivo ou cognitivo: representado pela consciência
• Volitivo: vontade

Teorias do dolo
As teorias do dolo dividem-se em
a) cognitivas
O conhecimento predomina sobre a vontade.
b) volitivas
A vontade prevalece sobre o conhecimento.
É a preferida da doutrina e da jurisprudência.
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• Teorias cognitivas
Noção: O conhecimento é pressuposto da vontade, de sorte que não se pode querer o que
não se conhece (Hassemer).
Ao decidir pela prática do crime o agente elabora um processo cognitivo passando pela
- escolha da vítima
- escolha dos meios (tiro, facada) etc.
1) Teoria da probabilidade
Se o resultado for provável, haverá́ dolo; se for meramente possível, haverá́ culpa.
2) Teoria do perigo a descoberto
O agente deve ter consciência de que expõe o bem jurídico a um perigo desprotegido, na
qual a ocorrência do resultado lesivo subordina-se exclusivamente à sorte e ao acaso.
Ex. Roleta russa. Como o agente sabe que o resultado depende unicamente de sorte-azar,
responderá a título de dolo eventual. Caso o perigo seja protegido, ou seja, possível em
tese de o resultado ser evitado, haverá culpa.
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3) Teoria da possibilidade
Essa teoria confunde o dolo com a culpa consciente.
Sustenta que a previsão do resultado seria suficiente para configurar o dolo. Ausente essa
previsão, haveria culpa. Entende que a culpa é sempre consciente.
4) Teoria do risco
É uma variante da anterior. Se o agente tem consciência de que sua conduta coloca em
risco o bem jurídico, haverá́ dolo; caso contrário, haverá́ culpa.
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• Teorias volitivas
1) Teoria da vontade
Elemento volitivo e cognitivo presentes.
O agente prevê o resultado e busca alcançá-lo.
O CP acolheu essa teoria em relação ao dolo direto.
2) Teoria do consentimento
O agente considera a possível ocorrência do resultado e aceita (tolera) sua produção.
O CP acolheu essa teoria em relação ao dolo eventual.
3) Teoria da indiferença
Não foi acolhida. Para essa teoria, se o agente se mostra indiferente ao resultado haveria
dolo direto. Se efetivamente não o deseja, haveria culpa.
4) Teoria da vontade de evitar o resultado
Haverá́ dolo quando o agente não ativa contrafatores para evitar o resultado. Se ativou,
responde a titulo de culpa.
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Qual a teoria foi acolhida pelo CP?

R – O CP acolheu as teorias da vontade e do consentimento.

Código Penal
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.

Teorias do dolo (art. 18, CP)


• Teoria da vontade (dolo direto)
• Teoria do consentimento ou assentimento (dolo eventual)
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Existe dolo sem vontade?

R - Doutrinadores modernos, nacionais e estrangeiros, criticam as


tradicionais teorias volitivas do dolo.

Para eles, o elemento volitivo (vontade) é dispensável e centra-se no


conhecimento (consciência), seja ele meramente fático,
potencialmente lesivo ao bem jurídico ou baseado no risco de
produção do resultado.

Podem ser citados, por exemplo, Luís Greco, Eduardo Viana e


Souza Santos (Brasil), Puppe e Jakobs (Alemanha) e Sancinetti
(Argentina).
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Para essa vertente, a vontade possui 2 sentidos:


a) Sentido psicológico
A vontade é um estado mental (está na cabeça do agente).
b) Sentido normativo
A vontade é uma forma de interpretar um comportamento.
Ex. O famoso caso do atirador de Lacmann, citado por Luís Greco.
Um fazendeiro que dispara em direção a uma menina, com vontade de acertar-lhe o
chapéu, e não a cabeça, sob pena de perder todo o seu patrimônio, não quer, em sentido
psicológico, acertar a cabeça da menina, nem quer perder todo o patrimônio. Se ainda
assim afirmamos que este fazendeiro age dolosamente, tal se deve a que consideramos
possível a existência de um dolo sem vontade em sentido psicológico.
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Cereja do bolo!
No Brasil, Eduardo Viana defende uma concepção cognitiva em sua teoria inferencialista
do dolo.
Teoria inferencialista do dolo
A imputação do dolo decorre de um juízo de inferencialidade em relação ao perigo criado,
pois o dolo é o compromisso cognitivo do autor com a realização do perigo representado.
Esse compromisso cognitivo estará presente quando o autor utilizar um método que aos
olhos do homem racional somente seria utilizado por aquele que queria realizar o tipo
representado.
O mais importante para reconhecer o dolo é a intensidade objetiva do perigo criado pelo
agente e da vulnerabilidade da vítima: quando for alta a intensidade do perigo
representado, aliado à consciência da vulnerabilidade da vítima, não restam dúvidas de
que haverá dolo.
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Espécies de dolo
1. Dolo direto e indireto
ü Dolo direto
O sujeito prevê o resultado e busca alcançá-lo.

ü Dolo indireto: Subdivide-se em:

• Alternativo:
O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na realização de qualquer
um deles.

• Eventual:
O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na realização de um, mas
aceitando outro.
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2. Dolo cumulativo
O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência.

3. Dolo de dano e dolo de perigo

ü Dolo de dano:
A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
Ex. Se o bem jurídico é a vida, a minha intenção é

ü Dolo de perigo:
A intenção do agente é expor a risco o bem jurídico tutelado.
Ex. Se o bem jurídico é a vida, a intenção é
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4. Dolo normativo (híbrido) e dolo natural (neutro)

• Dolo normativo (híbrido):


O sujeito tem consciência do que faz e consciência de que o que faz é proibido.

• Dolo natural (neutro):


É aquele que independe da consciência da ilicitude. É constituído apenas de elementos
naturais (consciência e vontade).
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5. Dolo genérico e dolo específico

• Dolo genérico
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico.

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
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• Dolo específico
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, o qual contém
uma finalidade específica.

Extorsão mediante sequestro


Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

Cuidado!
A doutrina moderna não trabalha mais com dolo genérico e dolo específico.
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6. Dolo de 1º grau, 2º grau e 3º grau

• Dolo de 1º grau:
É o dolo direto, o objetivo desejado pelo agente com a sua conduta.

• Dolo de 2º grau:
É uma espécie do dolo direto.
É o dolo de consequência necessária.
Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação certa e inevitável.

Obs. O agente não persegue imediatamente os efeitos colaterais, mas tem por certa sua
ocorrência, caso se concretize o resultado imediatamente pretendido.
Qual a diferença entre o dolo eventual e o dolo de segundo grau?
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DOLO DE 2º GRAU DOLO EVENTUAL

Espécie de dolo direto Espécie de dolo indireto

O resultado paralelo é certo e inevitável O resultado paralelo é incerto e eventual


(morte dos demais passageiros)

Ex. abater avião para matar piloto. Ex. Atirar contra carro em movimento para
Em relação aos demais tripulantes há dolo matar motorista.
de 2º grau (morte certa dos demais). Em relação aos demais passageiros há
dolo eventual, pois a morte é incerta. O
acidente de trânsito não necessariamente
acarreta a morte de alguém.
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• Dolo de 3º grau
É o dolo de dupla consequência necessária.
7. Dolo geral (erro sucessivo)
É o erro quanto ao meio de execução do crime.
O erro recai sobre a forma pela qual o resultado se produz.
Ex. Tício encontra Caio, seu desafeto, em uma ponte. Após conversa enganosa, oferece-
lhe uma bebida, misturada com veneno. Caio, inocente, ingere o líquido. Em seguida, cai
ao solo, e Tício acredita estar ele morto. Com o propósito de ocultar o cadáver, Tício coloca
o corpo de Caio em um saco plástico e o lança ao mar. Dias depois, o cadáver é
encontrado em uma praia, e, submetido a exame necroscópico, conclui-se ter a morte
ocorrido por força de asfixia provocada por afogamento.
Consequência:
O erro quanto ao momento da morte é irrelevante para o Direito Penal, pois o que importa
é que o agente queria um resultado e o alcançou.
O autor deve responder por homicídio consumado. Tício queria a morte de Caio e a ela deu
causa. Há perfeita congruência entre sua vontade e o resultado naturalístico produzido.
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Atenção!
Prevalece o entendimento de que não há o crime de ocultação de cadáver (art. 211, CP),
pois quando o corpo foi lançado ao mar a vítima ainda estava viva. Assim, não está
configurado o delito do art. 211 do CP por ausência de objeto material.
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No exemplo citado, em que o agente procura matar a vítima


mediante veneno, mas a morte se dá por afogamento, incide a
qualificadora da asfixia?
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Há polêmica no tocante à incidência da qualificadora.


1C) Deve ser considerado o meio de execução que o agente desejava empregar para a
consumação (veneno), e não aquele que, acidentalmente, permitiu a eclosão do resultado
naturalístico (asfixia provocada pelo afogamento).
2C) É preciso levar em conta o meio que efetivamente levou à consumação do crime
(asfixia), e não aquele visado pelo agente (veneno).
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Conduta culposa
Código Penal
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.

Conceito
O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido
ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente
previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária.
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Elementos do crime culposo


1) Conduta humana voluntária
2) Violação de um dever de cuidado objetivo
3) Resultado naturalístico involuntário
4) Nexo entre conduta e resultado
5) Resultado involuntário previsível
6) Tipicidade.
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1. Conduta humana voluntária


• Dolo: vontade dirigida a realização de um resultado ilícito.
• Culpa: vontade dirigida a realização de um resultado lícito, porém diverso daquele que
efetivamente se produz.

2. Violação de um dever de cuidado objetivo

# Como apurar se houve ou não infração ao dever de diligência?

• Se evitável pelo homem médio:

• Se inevitável pelo homem médio:


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2.1. Formas de violação do dever de diligência

ü Imprudência:
É a forma positiva de culpa

ü Negligência
É forma negativa da culpa

ü Imperícia
É a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão.
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3. Resultado naturalístico involuntário

4. Nexo causal entre conduta e resultado

5. Resultado involuntário previsível

6. Tipicidade
Código Penal
Art. 18, parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
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Em resumo: Elementos estruturais da culpa


1. Conduta humana voluntária
2. Violação do dever objetivo de cuidado
3. Resultado involuntário
4. Nexo causal
5. Previsibilidade objetiva
6. Tipicidade
Atenção!
A previsibilidade subjetiva, entendida como a possibilidade de conhecimento do perigo,
analisada sob o prisma subjetivo do autor (e não mais do homem médio), levando em
consideração seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemento da culpa, mas
será analisada pelo juiz na culpabilidade.
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Espécies de culpa

1. Culpa consciente e Culpa inconsciente

• Culpa consciente (“ex lascivia”): com previsão do resultado,

• Culpa inconsciente (“ex ignorantia”): sem previsão do resultado (por parte do


agente),
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A culpa consciente é mais grave do que a culpa inconsciente?

R – NÃO.

O Código Penal dispensa igual tratamento à culpa consciente e à


culpa inconsciente. A previsão do resultado, por si só, não
representa maior grau de reprovabilidade na conduta.
Qual a diferença entre dolo eventual e culpa consciente?
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Dolo eventual Culpa consciente

O sujeito prevê o resultado O sujeito prevê o resultado


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Consciência Vontade

Dolo direto Tem previsão

Dolo eventual Tem previsão

Culpa consciente Tem previsão

Não tem previsão


Culpa inconsciente (tem previsibilidade
objetiva)
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2. Culpa própria e Culpa imprópria

• Culpa própria
É gênero da qual são espécies a culpa consciente e culpa inconsciente.

• Culpa imprópria (também chamada de culpa por equiparação, assimilação ou


extensão)
É aquela em que o agente por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se
presente, excluiria a ilicitude (descriminante putativa).
Provoca intencionalmente (dolosa) determinado resultado típico, mas responde por culpa,
por razões de política criminal (art. 20, § 1º, 2ª parte).
Obs1. A estrutura do crime é dolosa, mas o agente é punido a título de culpa.
Conduta voluntária + resultado voluntário (punido a título de culpa por razões de política
criminal).
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Obs1. A estrutura do crime é dolosa, mas o agente é punido a título de culpa.


Conduta voluntária + resultado voluntário (punido a título de culpa por razões de política
criminal).
Obs2. Sendo a estrutura do crime dolosa, é a única culpa que admite tentativa.

3. Culpa “in re ipsa” (culpa presumida)

Não se admite a culpa presumida em nosso ordenamento jurídico.

A culpa sempre deve ser comprovada.


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Conduta preterdolosa

Conceito
O agente pratica crime distinto do que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa
resultado culposo mais grave do que o projetado.
Cuida-se de figura híbrida, havendo concurso de dolo no antecedente e culpa no
consequente.
Ex. Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º)
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Crimes agravados pelo resultado

1) Crime doloso agravado/qualificado pelo dolo

2) Crime culposo agravado/qualificado pela culpa

3) Crime culposo agravado/qualificado pelo dolo

4) Crime doloso agravado/qualificado pela culpa


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Conclusão!

• Nem todo o crime agravado pelo resultado é preterdoloso.

• As três primeiras hipóteses anunciam crimes também agravados pelo resultado, mas
que não caracterizam o preterdolo.

• Só há crime preterdoloso se o crime for doloso e o resultado culposo.


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Em comprovado surto epilético, “Tício” desfere violento golpe no


ventre de mulher grávida, matando-a. Do evento, também resulta a
interrupção da gravidez e a morte do feto. Haveria, neste caso, se
“Tício” não soubesse do estado gravídico da vítima, apenas crime
de homicídio.
( ) Certo ( ) Errado
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Causas de exclusão da conduta

1. Movimentos reflexos

2. Sonambulismo

3. Hipnose

4. Caso fortuito ou força maior

5. Coação física irresistível


Coação moral irresistível:
Coação física irresistível:
Não confunda!


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Formas de conduta

Comissiva (por ação)


São os praticados mediante uma conduta positiva, um fazer.

Omissiva (por omissão)


São os cometidos por meio de uma conduta negativa, um não fazer.

Mista
O tipo penal é composto de duas fases distintas, uma inicial e positiva, outra final e
omissiva.
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Exemplo de crime de conduta mista


Apropriação de coisa achada
Art. 169 (...)
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro
no prazo de quinze dias.
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Espécies de crimes omissivos

1) Próprios ou puros
A conduta omissiva vem descrita no tipo penal.

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
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Detalhes importantes!

• A norma é preceptiva, pois não proíbe uma conduta, ao contrário, ela exige um
comportamento do agente (obrigação de fazer).

• Deriva de um dever genérico de agir imposto a todas as pessoas indistintamente.

• O crime pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).

• Consuma-se com a mera abstenção do agente.

• Por serem unissubsistentes, não admitem a tentativa.


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2) Impróprios (impuros, espúrios ou comissivos por omissão)


O tipo descreve uma AÇÃO, mas é cometido por omissão por aquele que tinha obrigação
de agir e não agiu (art. 13, § 2º, CP).

Código Penal
Art. 121 – Matar alguém.
Pena: Reclusão de 6 a 20 anos.

Ex.: mãe que deixa de alimentar a criança, levando-a a morte.


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Detalhes importantes!

• Não existe um tipo penal específico descrevendo essa espécie de crime omissivo
impróprio. Ele é fruto de construção doutrinária que utiliza um tipo legal comissivo e se
socorre do art. 13, § 2º do Código Penal, o qual anuncia as hipóteses do dever especial
de agir.

• Só podem ser praticados por quem tem o dever específico de agir (art. 13, §2º, CP) –
crime próprio.

• São crimes que exigem a produção de um resultado naturalístico (crimes materiais),


logo, admitem a tentativa.
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Omissivo próprio Omissivo impróprio


O tipo penal descreve uma omissão O tipo penal descreve uma ação

Possui tipificação expressa na lei Não possui tipificação expressa na lei


(ex. art. 135, CP)

Violam normas preceptivas Violam normas proibitivas


(impõem uma ação) (proíbem um comportamento)

Podem ser praticados por qualquer pessoa Só podem ser praticados por quem tinha o
- dever geral de agir (crime comum) dever específico de agir (art. 13, § 2º) –
Crime próprio

Crimes de mera conduta – Consumam-se Crimes materiais – consumam-se com o


com a abstenção resultado naturalístico

Não admitem tentativa Admitem tentativa


Omissão penalmente relevante
(art. 13, § 2º, CP)
Tema:
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Teorias sobre a omissão


• Teoria naturalística
A omissão é um nada, logo, nada produz.

• Teoria normativa ou jurídica


A omissão consiste em não fazer aquilo que a lei determina que seja feito.
Obs. O Brasil adotou a teoria normativa ou jurídica (art. 13, §2º, CP).
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Código Penal
Art. 13, § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Obs. Esse artigo só se aplica aos crimes omissivos impróprios.


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Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Homicídio
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
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Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
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Hipóteses do dever de agir


(dever jurídico especial)
Art. 13, § 2º
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.
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Hipóteses do dever de agir


(dever jurídico especial)
Art. 13, § 2º
b) de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado.
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Hipóteses do dever de agir


(dever jurídico especial)
Art. 13, § 2º
c) com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado.
Ex. Sujeito que, acidentalmente, empurra na piscina quem não sabe nadar. Tem obrigação
de realizar o salvamento. Se ao perceber o afogamento, nada fizer, responderá por
homicídio doloso. Note que o dolo está na omissão e não na ação de empurrar.
Obs. O princípio dominante é: quem criou o perigo de um resultado tem a obrigação de
impedir que ele se realize. Aquele que inconscientemente provocar um incêndio, por
exemplo, tem o dever de impedir que se propague
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Atenção!
A respeito do comportamento anterior do agente, ele pode ser:
• doloso;
• culposo;
• lícito; (Alexandre Salim ensina que, se uma pessoa, sem perceber, tranca um ladrão em
um estabelecimento comercial, ao ser avisado do ocorrido terá a obrigação de libertá-lo,
sob pena de responder por cárcere privado – art. 148, CP).
• involuntário (Ex. Sujeito, em estado de sonambulismo, se choca com uma gestante.
Com a trombada involuntária, acorda assustado e percebe que a gestante precisa de
atendimento médico, mas deixa de agir, assumindo o risco de ocorrer um aborto, o que
de fato acontece. Nesse caso, o comportamento anterior foi involuntário e o posterior
(omissão) doloso. Responderá por aborto (art. 125 c/c art. 13, § 2º, “c”).
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Atenção!
São pressupostos dos crimes omissivos impróprios:
a) dever jurídico específico de agir para evitar o resultado;
b) o resultado deve ser evitável pela ação do agente;
c) o agente deve ter a possibilidade de agir para evitar o resultado;
d) ocorrência do resultado que devia ter evitado.
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Cuidado! Omissão do policial


• A omissão é penalmente relevante se o omitente podia e devia agir.
• É impensável exigir do policial uma conduta “suicida” de se colocar em risco, inexistindo
condições mínimas de segurança para a sua integridade física.
• É incontroverso que o enfrentamento do perigo é inerente à sua função. Porém, é
indispensável aferir se é possível, no caso concreto, o policial se colocar em perigo.
• Caso contrário, havendo um perigo concreto, deve esse profissional se valer da
conveniência e oportunidade, sob pena de incorrer em danos maiores que os
provocados pelo infrator.
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Tício e Mévio observam uma criança de 6 meses de idade se afogar e, mesmo podendo
agir sem qualquer risco pessoal, não agem para evitar o resultado, ou seja, se omitem.
Considerando que Tício é pai da criança e Mévio apenas um amigo, como serão
responsabilizados diante do afogamento da criança?
R - A responsabilidade penal será diversa em razão da diferença dos deveres de agir.
Não se deve confundir dever jurídico “específico” de agir (art. 13, § 2º) com dever jurídico
“genérico”.

• Tício (o pai)
Por possuir dever jurídico específico de agir, responderá por homicídio doloso (art. 121 c/c
art. 13, § 2º, “a”).

• Mévio (o amigo)
Por possuir dever jurídico “genérico”, responderá por omissão de socorro (art. 135, CP).
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FGV (TJ/MS – 2008)


Josefina Ribeiro é médica pediatra, trabalhando no hospital municipal em regime de
plantão.
De acordo com a escala de trabalho divulgada no início do mês, Josefina seria a única
médica no plantão que se iniciava no dia 5 de janeiro, às 20h, e findava no dia 6 de janeiro,
às 20h. Contudo, depois de passar toda a noite do dia 5 sem nada para fazer, Josefina
resolve sair do hospital um pouco mais cedo para participar da comemoração do
aniversário de uma prima sua. Quando se preparava para deixar o hospital às 18h do dia 6
de janeiro, Josefina é surpreendida pela chegada de José de Souza, criança de apenas 06
anos, ao hospital precisando de socorro médico imediato.
Josefina percebe que José se encontra em estado grave, mas decide deixar o hospital
mesmo assim, acreditando que Joaquim da Silva (o médico plantonista que a substituiria
às 20h) chegaria a qualquer momento, já que ele tinha o hábito de se apresentar no
plantão sempre com uma ou duas horas de antecedência.
Contudo, naquele dia, Joaquim chega ao hospital com duas horas de atraso (às 22h)
porque estava atendendo em seu consultório particular. José de Souza morre em
decorrência de ter ficado sem atendimento por quatro horas.
Que crime praticaram Josefina e Joaquim, respectivamente?
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a) Homicídio culposo e homicídio culposo;


b) Homicídio doloso e homicídio doloso;
c) Omissão de socorro e omissão de socorro;
d) Homicídio doloso e nenhum crime;
e) Homicídio doloso e homicídio culposo.
Gabarito:

Muita atenção!
É preciso verificar a possibilidade real e física do agente. A impossibilidade física afasta a
responsabilidade penal do agente que não atuou no caso concreto quando, em tese, tinha o
dever de agir.
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Durante a folga do policial ainda persiste o dever de agir?

1C) A obrigatoriedade perdura enquanto os integrantes estiverem


em serviço. Durante as férias, licenças, folgas, os policiais atuam
como qualquer cidadão, e a obrigatoriedade cede espaço à mera
faculdade (Nestor Távora).

2C) O policial desempenha função de permanente vigilância e


combate à criminalidade, tendo, nos termos do art. 301 do Código
de Processo Penal o dever de efetuar a prisão a qualquer
momento do dia ou noite, de quem quer que seja encontrado em
flagrante delito (flagrante compulsório), ainda que não estando de
serviço (Fernando Capez).
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Insista, persista e
nunca desista.

Obrigado e até a
próxima, futuro(a)
colega!

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