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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles)
Licenciado para - Raquel Braga - 11110174764 - Protegido por Eduzz.com
A tradicional teoria monista, unitária ou igualitária, prega que o crime, ainda que tenha sido
praticado em concurso de várias pessoas, permanece único e indivisível. Não se faz distinção
entre as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador, cúmplice etc.), sendo
todos autores (ou coautores) do crime. Esse é o posicionamento do Código Penal de 1940 ao
determinar no artigo 29 que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas”. Dessa regra se deduz que “toda pessoa que concorre para a produção do crime
causa-o em sua totalidade e, por ele, se imputa integralmente o delito a cada um dos partícipes”.
Portanto, todos os que tomam parte na infração penal cometem idêntico crime.
A crítica a essa posição deriva não só da dificuldade de se estabelecer a realidade da “equivalência
das condições”, bastante discutível, como das próprias exceções da lei, que estabelece, apesar da
adoção do princípio unitário, algumas causas de agravação e atenuação da pena.
Para a teoria pluralista, à multiplicidade de agentes corresponde um real concurso de ações
diversas e, em consequência, uma pluralidade de delitos, praticando cada uma das pessoas um
crime próprio, autônomo. A falha apontada nessa teoria é a de que as participações de cada um
dos agentes não são formas autônomas, mas convergem para uma ação única, já que há um único
resultado que deriva de todas as causas diversas.
Acerca dessa teoria, Nucci indica que o Código Penal, adota-a, como exceção, ao disciplinar o
aborto, fazendo com que a gestante que consinta a prática do aborto em si mesma responda como
incursa no art. 124 do Código Penal, enquanto o agente provocador do aborto, em lugar de ser
coautor dessa infração, responda como incurso no art. 126 do referido Código, aplicando-se o
mesmo no contexto da corrupção ativa e passiva e da bigamia.
Para a teoria dualística, ou dualista, no concurso de pessoas há um crime para os autores e outro
para os partícipes. Neste caso, deve-se separar os coautores, que praticam um delito, e os
partícipes, que cometem outro.
No crime há uma ação principal, que é a ação do autor do crime, o que executa a ação típica, e
ações secundárias, acessórias, que são as realizadas por aqueles que instigaram ou auxiliaram o
autor a cometer o delito. Neste ponto, Mirabete aponta que, entretanto, é importante lembrar que
o crime é um só fato e que, por vezes, a ação do executor é menos importante que a do partícipe
(casos de mandato, de coação resistível etc.).
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verdade, o vínculo é jurídico, isto é, o sujeito não causou, mas como não o impediu é equiparado
ao verdadeiro causador do resultado (é o nexo de não impedimento).
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de tipicidade deve ser concretizado de acordo com o sistema normativo considerado em sua
globalidade. Se uma norma permite, fomenta ou determina uma conduta não pode estar proibido
por outra.
Até então a tipicidade era compreendida como: tipicidade formal (descrição legal do fato típico)
e tipicidade material (adequação do fato a norma). Zaffaroni criou o conceito de tipicidade
conglobante, sendo entendida como a junção da tipicidade material com a antinormatividade.
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significa que seu nascedouro seja fora da ordem jurídica regular – a exemplo de grupos terroristas,
máfias e Estados de Exceção); ii) possuir poder de mando (ser chefe de algo); e iii) poder emitir
ordens que serão cumpridas por executores fungíveis – o que culmina na certeza de execução da
ordem, sem a necessidade de se ordenar algo diretamente ao executor, pois a execução da ordem
será decorrência lógica da própria hierarquia da organização (LEITE, 2014, p. 139).
A responsabilidade penal, conforme essa teoria do domínio da organização, veda sua extensão ao
âmbito empresarial e dos órgãos públicos. Com relação aos órgãos públicos, porque possuem
organização e divisão de tarefas taxativamente previstas em leis e regulamentos, cujos executores
são nomeados em portarias e demais atos administrativos – o que põe em cheque o primeiro
requisito (organismo apartado da ordem jurídica) e o terceiro (certeza na execução da ordem por
executor fungível). No que toca às empresas, nunca é demais lembrar que são constituídas por
pessoas jurídicas, ou seja, o seu nascedouro depende da lei e não pode ser apartado dela.
Outrossim, é de se ressaltar que a responsabilização, no caso empresarial, recairia fatalmente no
caráter funcional, ou seja, o gerente ou diretor de uma empresa estariam sendo responsáveis pela
simples posição que ocupam, sem refletir necessariamente na conduta que praticaram. O
problema é maior em empresas de estrutura complexa, pois o poder de decisão dificilmente tem
a força necessária para, por si, possibilitar a execução de ordem, vez que uma decisão deverá ser
“vista e revista” por diversos setores administrativos. Para resolver tal problema, talvez, já se
tenha passado da hora de discutirmos uma efetiva responsabilização penal da pessoa jurídica.
Destaque-se que o próprio Roxin, noutras oportunidades, asseverou que sua teoria não se aplica
a organismos amparados na ordem jurídica.
Por fim, Jorge de Figueiredo Dias (2007, p. 799) ainda entende pela existência de uma teoria do
domínio da decisão, por meio da qual permite-se a responsabilização penal daquele que produz
ou cria de forma efetiva e cabal no executor (terceiro) o animus de atentar contra determinado
bem jurídico, dominando, assim, a decisão do executor, vez que inculca a ideia e ainda acompanha
de perto a tomada da decisão. O que é diferente, por suposto, da mera instigação, na qual alguém
sugere ou aconselha a prática delitiva, mas não detém o domínio da decisão do executor, e, sim,
mera influência.
Com isso, podemos dizer que teoria do domínio do fato não se resume numa fórmula simples
(como quis o STF) e, mais, desdobra-se em diversos derivados que com ela não se confundem,
como é típico caso da teoria do domínio da organização.
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Segundo NUCCI, “é a defesa necessária empreendida contra agressão injusta, atual ou iminente,
contra direito próprio ou de terceiro, usando, para tanto, moderadamente, os meios
necessários.”
São os requisitos da legítima defesa:
● Agressão injusta:
Agressão é uma ação ou omissão humana, mas o ataque do cachorro pode gerar legítima defesa,
caso o dono do cachorro tenha o instigado para atacar a pessoa. Se não há essa
determinação do dono, que o utiliza como instrumento de ataque, o caso poderá configurar
estado de necessidade. A injustiça deve ser contrária ao direito e ao ordenamento jurídico.
Se houver a agressão injusta, o agredido poderá revidar a agressão, não se exigindo a fuga
do local (commodus discessus), diferentemente do estado de necessidade. A injustiça da
agressão justifica o rebate do agredido. A legítima defesa independe da consciência do
agressor, ou seja, o inimputável, por exemplo, pode ser agressor injusto, e haver uma
legítima defesa contra este indivíduo. O provocador da injusta agressão poderá agir em
legítima defesa, como no caso em que o indivíduo encontra a mulher e o amante na cama.
● Agressão atual ou iminente:
Não se admite a legítima defesa contra agressão passada (vingança) e nem contra agressão futura
(mera suposição).
● Uso moderado dos meios necessários:
É preciso que o indivíduo aja com proporcionalidade, isto é, deve ser utilizado o meio menos
lesivo à disposição do agredido. Meio necessário é aquele menos lesivo à disposição de
quem vai repelir a injusta agressão, mas que seja capaz de repelir o ataque. A atuação
moderada é uma utilização sem excessos e que demonstre que houve emprego suficiente
daquilo que exige para cessar a agressão. Nélson Hungria destaca que, na verdade, para
dizer se foi moderado ou não, não é possível utilizar de uma balança de farmácia, devendo
analisar de foi mais ou menos proporcional.
● Proteção de direito próprio ou de outrem:
Agindo para defender direito próprio, haverá a legítima defesa própria, sendo o direito de outrem,
haverá a legítima defesa de terceiro (ex persona). Não se impõe a observância da
proporcionalidade entre o bem jurídico injustamente atacado e aquele em que foi atingido
pelo exercício da legítima defesa. Por exemplo, sujeito está sendo furtado, e poderá
inclusive ceifar a vida do agente. Neste caso, há a relação de vida versus patrimônio,
podendo admitir a legítima defesa neste caso.
● Conhecimento da situação de fato justificante: é o requisito subjetivo.
9- Explique as teorias que relacionam o fato típico e a ilicitude, bem como indique qual
teoria foi adotada no Brasil.
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A ilicitude será verificada a partir de um juízo negativo, pois não havendo causa excludente de
ilicitude, o crime é considerado ilícito.
A partir daí, é possível verificar a existência de 4 teorias que tratam sobre essa relação:
Teoria da autonomia (absoluta independência): a tipicidade não tem relação com a ilicitude.
O fato pode ser típico e não ser ilícito. Não há qualquer relação entre os substratos.
Teoria da indiciariedade (ratio cognoscendi): a existência de um fato típico gera a presunção
relativa de que o fato é também ilícito. Há um caráter indiciário da ilicitude. Ou seja, há uma certa
relação de dependência da ilicitude em relação ao fato típico. É a teoria adotada pelo Direito
Penal. O fato típico desperta indícios de ilicitude.
Teoria da absoluta dependência (ratio essendi): esta teoria diz que há o tipo total do injusto,
ou seja, a ilicitude faz parte da própria tipicidade, é a essência da tipicidade. Se o fato não é ilícito,
não será considerado típico.
Teoria dos elementos negativos do tipo: para esta teoria, o tipo penal é composto por elementos
positivos e elementos negativos. Os positivos são explícitos, enquanto os elementos negativos
estão implícitos. Ex.: tipo penal diz que “matar alguém”, sendo este o elemento positivo. No
entanto, também contém os elementos negativos implícitos, que significa que o tipo penal deve
ser lido da seguinte forma “matar alguém é crime, salvo se praticado por uma excludente da
ilicitude”. Para que o comportamento do agente seja típico, não podem estar configurados os
elementos negativos. Há aqui uma absoluta relação de dependência entre o fato típico e a ilicitude.
Como dito, o Brasil adotou a teoria da indiciariedade (ratio cognoscendi). A importância disso é
que, uma vez demonstrado que o sujeito praticou o fato típico, caberá à defesa demonstrar que o
réu praticou uma conduta amparado por uma causa excludente da ilicitude, pois há presunção de
ilicitude da sua conduta.
11- Todo crime tem resultado? Diferencie resultado normativo de resultado naturalístico.
Nem todo crime tem resultado naturalístico, mas todos possuem resultado normativo.
O resultado naturalístico é a modificação sensível do mundo exterior. O evento está situado no
mundo físico, de modo que somente se pode falar em resultado quando existe alguma modificação
passível de captação pelos sentidos. Exemplo: a morte de uma pessoa é um resultado
naturalisticamente comprovável.
Já o resultado jurídico ou normativo é a modificação gerada no mundo jurídico, seja na forma de
dano efetivo ou na de dano potencial, ferindo interesse protegido pela norma penal. Sob esse
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ponto de vista, toda conduta que fere um interesse juridicamente protegido causa um resultado.
Ex.: a invasão de um domicílio, embora possa nada causar sob o ponto de vista naturalístico,
certamente provoca um resultado jurídico, que é ferir o direito à inviolabilidade de domicílio do
dono da casa. O critério jurídico foi o adotado pelo legislador, bastando analisar o disposto na
Exposição de Motivos do Código Penal de 1940, que a Reforma Penal de 1984 manteve,
mencionando que “não há crime sem resultado”.
Prevalece, na doutrina pátria, no entanto, o conceito naturalístico de resultado. Justamente por
isso, faz-se diferença entre crimes de atividade (formais e de mera conduta) e de resultado
(materiais). Em verdade, a relação de causalidade somente tem real importância no cenário dos
crimes materiais, isto é, aqueles que necessariamente relacionam a conduta a um resultado
concreto, previsto no tipo. Não ocorrendo o resultado, não há consumação do crime. Os delitos
de atividade (formais ou de mera conduta), que se configuram na mera realização da conduta,
pouco importando se há ou não resultado naturalístico, pouco se valem da teoria do nexo causal.
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Crimes omissivos impróprios, comissivos por omissão ou omissivos qualificados são aqueles em
que, para sua configuração, é preciso que o agente possua um dever de agir para evitar o
resultado.49 Esse dever de agir não é atribuído a qualquer pessoa, como acontece em alguns
crimes omissivos próprios, a exemplo do art. 135 do Código Penal, mas tão somente àquelas que
gozem do status de garantidoras da não ocorrência do resultado.
Nos termos do § 2º do art. 13 do Código Penal, a omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
Pela redação inicial do artigo, podemos observar que a lei penal exige a conjugação de duas
situações: o dever de agir (elencado nas alíneas a, b e c) com o poder agir.
O dever de agir, apontado nas alíneas do § 2º do art. 13 do código penal, é considerado, na
definição de Sheila de Albuquerque Bierrenbach, um dever especial de proteção: “Dever
específico, imposto apenas ao garante. Diverso daquele outro dever nascido, de forma imediata,
da norma preceptiva, contida na Parte Especial do Código, que obriga a todos indistintamente.
Deste modo, à luz do art. 135 do estatuto penal, que tipifica a ‘omissão de socorro’, cabe a todos
cumprir o mandamento legal, agindo para evitar ou tentar evitar que o perigo que ronda o bem
jurídico protegido pela norma efetive-se, transformando-se em dano.
Trata-se, pois, de dever genérico de proteção.
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aplica a pena do delito doloso”. Independentemente do paralelo que se tente traçar entre o dolo
eventual e a culpa consciente, o fato é que, nos casos concretos, o raciocínio da tentativa torna-se
inviável. A própria definição legal do conceito de tentativa nos impede de reconhecê -la nos casos
em que o agente atua com dolo eventual. Quando o Código Penal, em seu art. 14, II, diz ser o
crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente, nos está a induzir, mediante a palavra vontade, que a tentativa somente será admissível
quando a conduta do agente for finalística e diretamente dirigida à produção de um resultado, e
não nas hipóteses em que somente assuma o risco de produzi-lo, nos termos propostos pela teoria
do assentimento. O art. 14, II, do Código Penal adotou, portanto, para fins de reconhecimento do
dolo, tão somente, a teoria da vontade.
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adquirido do traficante como se fosse cocaína, o qual, depois, constata-se ser apenas talco, não
está cometendo crime.
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24- Para que o indivíduo seja responsável pelo crime de lavagem, é preciso a sua
participação na infração penal antecedente?
A participação na infração antecedente não é condição para que se possa ser sujeito ativo do crime
de lavagem de capitais. Desde que tenha conhecimento quanto à origem ilícita dos valores, é
perfeitamente possível que o agente responda pelo crime de lavagem de capitais, mesmo sem ter
concorrido para a prática da infração antecedente.
Aliás, o que hoje vem ocorrendo é exatamente uma crescente profissionalização na lavagem
do produto de atividade criminosa. Há, de fato, uma tendência, decorrente da natural divisão
de trabalho em uma sociedade complexa, de se terceirizar a atividade de lavagem, raramente
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coincidindo o agente do crime de lavagem com o autor do delito antecedente. Como observa
Giovanni Falcone, "o tráfico de droga obriga à reciclagem: é impossível que os lucros resultantes
da venda de entorpecente cheguem aos seus beneficiários pelos canais oficiais. Daí a escolha da
clandestinidade. Por três motivos: o caráter ilegal do negócio; as eventuais restrições à exportação
de capitais; a prudência de expedidores e destinatários. As manobras financeiras para repatriar
esse dinheiro sujo, não podendo ser integralmente efetuadas pelas próprias organizações (elas não
possuem conhecimentos técnicos), são os peritos da finança internacional que se encarregam
disso. Chamam-nos 'colarinhos brancos', esses homens que se colocam a serviço do crime
organizado, transferindo capitais de origem, ilícita para países mais hospitaleiros, igualmente
batizados de paraísos fiscais".
26- Quais são os sistemas de classificação das infrações penais como crimes hediondos?
Há diversas formas de classificação de determinado delito como crime hediondo, a saber:
a) sistema legal: por meio desse sistema, cabe ao legislador enunciar, de forma exaustiva
(numerus clausus), os crimes que devem ser considerados hediondos. Assim, por meio de um rol
taxativo de crimes, não se confere ao juiz qualquer discricionariedade para atestar a natureza
hedionda do delito.
b) sistema judicial: levando-se em consideração os elementos do caso concreto, confere-se ao
magistrado ampla liberdade para identificar a natureza hedionda de determinada conduta
delituosa. Logo, a depender das circunstâncias gravosas do caso concreto - por exemplo,
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27- Ocorrendo o tráfico de drogas nas imediações de presídio, incidirá a causa de aumento
mesmo que o comprador não seja um detento ou alguém que está visitando a unidade
prisional?
SIM. A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica
quando constatada a comercialização de drogas nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores
daquele local.
Assim, conforme o entendimento do STF, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um
estabelecimento prisional, incidirá a causa de aumento, não importando quem seja o comprador
do entorpecente.
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A teoria relativa acredita na função de inibir, tanto quanto possível, a prática de novos fatos
delitivos.
Existiram dois tipos de prevenção: a prevenção especial e a prevenção geral.
A prevenção geral é dirigida à coletividade. O Estado pune para evitar a prática de crimes pelos
demais membros da sociedade.
Por outro lado, a prevenção especial seria dirigida ao agente.
36- A pena base pode ser aumentada sob a justificativa de que o crime de concussão havia
sido praticado por policial?
O STF, ao analisar o assunto, decidiu que é possível o aumento da pena-base pelo fato de a
concussão ter sido praticada por policial.
A primeira turma da nossa Corte Constitucional disse que em caso de condenação do réu por
concussão, na dosimetria da pena o juiz pode (e deve) aumentar a pena-base pelo fato de o réu
ser policial.
É sabido que para cometer o crime, basta ser funcionário público, mas o grau de reprovabilidade
do réu é maior, tendo em vista que se trata de policial, agente público responsável pelo combate
à criminalidade. Assim, não é possível nivelar a concussão de um funcionário público comum
com a de um policial, de um parlamentar, de um juiz etc. Aquele que está investido de parcela de
autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do Ministério Público ou uma
autoridade policial — deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com maior rigor do que
as demais pessoas não ocupantes de tais cargos. STF. 2ª Turma. RHC 117488 AgR/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 1º/10/2013 (Info 722).
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Aumento da pena-base pelo fato de a concussão ter sido
praticada por policial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e19347e1c3ca0c0b97de5fb
3b690855a>. Acesso em: 10/08/2018
O STF já decidiu que as condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas
como conduta social desfavorável.
A circunstância judicial "conduta social", prevista no art. 59 do Código Penal, representa o
comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com
outros indivíduos.
Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São
circunstâncias distintas, com regramentos próprios.
Assim, não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em
julgado como "conduta social desfavorável".
STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Condenações anteriores transitadas em julgado não
podem ser utilizadas como conduta social desfavorável. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c6bff625bdb0393992c9d4d
b0c6bbe45>. Acesso em: 10/08/2018
38 – O que é reincidência?
O art. 63, do CP estabelece que se verifica a reincidência quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por
crime anterior.
Para ser reincidente, o indivíduo, após ter sofrido uma sentença condenatória transitada em
julgado, deverá ter cometido um novo crime.
Essa leitura deve ser analisada com base no art. 7 da LCP, que diz que há reincidência quando o
agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado,
no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
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Neste caso, ou seja, se o indivíduo tiver uma sentença transitada em julgada por uma contravenção
cometida no Brasil, e ele comete um crime, não será ele reincidente.
Também não será considerado reincidente nas seguintes situações:
1º) Se o indivíduo tiver uma sentença transitada em julgada por uma contravenção cometida no
exterior, e depois ele comete um crime, não será ele reincidente.
2º) Se o indivíduo tiver uma sentença transitada em julgada anterior for por crime político, ou por
crime militar próprio, e depois comete um crime comum ou um crime militar impróprio, também
não será considerado reincidente;
Atente-se que, no caso de crime militar próprio, ele só será considerado reincidente se ele cometer
outro crime militar próprio.
40 – É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP)
com a agravante da promessa de recompensa?
É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP) com a
agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV).
STJ. 5ª Turma. HC 318.594-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/2/2016 (Info 577).
O STJ pacificou o entendimento no sentido de ser possível, na segunda fase da dosimetria da
pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência
(REsp 1.341.370-MT, Terceira Seção, DJe 17/4/2013). Esse raciocínio, mutatis mutandis,
assemelha-se à presente hipótese, por se tratar da possibilidade de compensação entre
circunstâncias igualmente preponderantes, a saber, a agravante de crime cometido mediante paga
com a atenuante da confissão espontânea.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Compensação da atenuante da confissão espontânea com
a agravante da promessa de recompensa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c3e0c62ee91db8dc7382bde
7419bb573>. Acesso em: 10/08/2018
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A casa de albergado normalmente não há vagas ou não há o próprio local. Nesses casos, a lei
permite que o sujeito cumpra pena em estabelecimento adequado, conforme as condições pessoais
do reeducando.
Também é possível que, na falta da casa de albergado, o sujeito cumpra pena em prisão domiciliar.
42 – É sabido que a prisão domiciliar é espécie de regime aberto. Quando a prisão domiciliar
será cabível segundo a LEP?
A prisão domiciliar é uma espécie do gênero de regime aberto.
A prisão domiciliar é cabível quando:
● não há estabelecimento adequado ou casa de albergado
● o reeducando é maior de 70 anos
● o reeducando é portador de doença grave
● o reeducando tem filho deficiente que precisa efetivamente de sua atenção
● a reeducanda ser gestante
Atenção! As hipóteses de prisão domiciliar segunda LEP são diferentes daquelas elencadas no
CPP, as quais estão previstas no arts. 317 e 318, do CPP:
O juiz poderá substituir a prisãopreventiva pela domiciliar quando o agente for:
I — maior de 80 anos;
II — extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III — imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com
deficiência;
IV — gestante;
V — mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI — homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos.
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● sendo reincidente, se a pena for maior que 4 anos e até 8 anos, o regime inicial será
fechado.
● sendo reincidente, se a pena for de até 4 anos, não há previsão legal, e sim a Súmula
269!
Todavia, o STJ editou a súmula 269, estabelecendo que é admissível a adoção do regime
semiaberto para o condenado a pena igual ou inferior a 4 anos, desde que sejam favoráveis as
circunstâncias judiciais.
A pena de detenção é o regime semiaberto ou aberto. Não exige regime incialmente fechado,
ainda que o sujeito seja reincidente.
Mas é possível a aplicação de regime fechado ao condenado a pena de detenção, desde que haja
regressão de regime, por descumprimento das regras da execução
As penas de prisão simples são penas cominadas às contravenções penais. Pode ser em regime
aberto ou semiaberto, mas não se admite o regime fechado, ainda que se trate de regressão.
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46 – Com relação aos concursos de crimes, o código penal prevê dois sistemas. Quais são
eles?
São os sistema do cúmulo material e da exasperação.
No sistema do cúmulo material, ocorre a soma das penas dos crimes. É adotado para o concurso
material, concurso formal impróprio (desígnios autônomos) e para as penas de multas.
A seu turno, no sistema da exasperação (agravação): quando há o concurso de crimes, devemos
olhar para a pena do crime mais grave e exasperar de acordo com o número de delitos que foi
praticado no contexto. É adotado para o concurso formal e para a continuidade delitiva.
47 – Fale a respeito do sistema do cúmulo material, indicando, dentre outros pontos, o seu
conceito e seus requisitos.
O cúmulo material ocorre quando ao gente, através de mais de uma ação ou mais de uma omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Neste caso, as penas são somadas.
Em tese, todas as infrações admitem concurso de crimes (crime consumado ou tentado, comissivo
ou omissivo, doloso ou culposo; crime e contravenção, etc.). É possível que haja concurso entre
um crime doloso e um culposo. Exemplo: aberratio ictus em que o agente mata quem queria
(homicídio doloso) e acaba ferindo terceiro sem vontade (lesão culposa).
São requisitos do concurso material:
● pluralidade de condutas
● pluralidade de crimes.
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● pluralidade de condutas;
● pluralidade de crimes da mesma espécie;
● mesmas condições de tempo, de lugar e a mesma maneira de execução;
● crimes têm de ser dolosos;
● as vítimas devem ser diferentes;
● com violência ou grave ameaça à pessoa.
É possível inclusive nos crimes contra a vida.
Presentes essas três especializantes, incidirá o art. 71, parágrafo único.
No crime continuado específico, também se aplica o sistema da exasperação, porém a pena será
aumentada de 1/6 até o 3x (triplo) (é o mesmo sistema do caput, com aumento diverso).
Nesta espécie de crime continuado, deve ser observado o cúmulo material benéfico (art. 70,
parágrafo único, do CP), ou seja, se a soma das penas for mais benéfica que o aumento, é ela que
será utilizada.
49 - Réu que confessa a prática de outro tipo penal diverso daquele narrado na denúncia
incide atenuante?
O STJ decidiu que o réu que confessa a prática de outro tipo penal diverso daquele narrado na
denúncia não incide atenuante.
O fato de o denunciado por roubo ter confessado a subtração do bem, negando, porém, o emprego
de violência ou grave ameaça, é circunstância que não enseja a aplicação da atenuante da
confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque a atenuante da confissão espontânea
pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado. Ocorre que, no caso,
o réu não admitiu a prática do roubo denunciado, pois negou o emprego de violência ou de grave
ameaça para subtrair o bem da vítima, numa clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o
crime de furto.
Nesse caso, em que se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é possível o
reconhecimento da circunstância atenuante.
STJ. 5ª Turma. HC 301063-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 3/9/2015 (Info 569)
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Réu que confessa a prática de outro tipo penal diverso
daquele narrado na denúncia: não incide atenuante. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fe709c654eac84d5239d1a1
2a4f71877>. Acesso em: 10/08/2018
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poderá condenar o réu à perda do atual cargo público (“Z”) mesmo sendo ele posterior à
prática do delito?
O STJ, ao se deparar com a presente situação, entendeu que em regra, a pena de perdimento deve
ser restrita ao cargo público ocupado ou função pública exercida no momento da prática do delito.
Entretanto, a referida diretriz comporta exceção. Neste caso, se o juiz, motivadamente, considerar
que o novo cargo guarda correlação com as atribuições do anterior, ou seja, daquele que o réu
ocupava no momento do crime, neste caso mostra-se devida a perda da nova função como uma
forma de anular (evitar) a possibilidade de que o agente pratique novamente delitos da mesma
natureza.
Assim, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo ocupado ou função pública exercida no
momento do delito, à exceção da hipótese em que o magistrado, motivadamente, entender que o
novo cargo ou função guarda correlação com as atribuições anteriores.
STJ. 5ª Turma. REsp 1452935/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
14/03/2017 (Info 599).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A pena de perdimento deve ser restrita ao cargo
ocupado no momento do delito, salvo se o novo cargo tiver relação com as atribuições
anteriores. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2fe5a27cde066c0b65acb8f
2c1717464>. Acesso em: 10/08/2018
51 – O que é Reabilitação?
Reabilitação é uma medida de natureza criminal, mas a ideia é de que o sujeito passe a ter sigilo
sobre o processo e sobre a condenação.
A outra finalidade ou consequência da reabilitação é a suspensão de determinados efeitos
extrapenais (art. 92).
A finalidade é fazer com que o indivíduo retorne à sociedade, a fim de apagar o seu passado. No
entanto, a LEP traz medidas muito mais benéficas ao condenado.
Nos termos do dispositivo acima, a reabilitação tem a finalidade de:
● Assegurar o sigilo da condenação: de acordo com o art. 202 da LEP, cumprida ou
extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas
por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência
à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou
outros casos expressos em lei.
Por conta disso, Rogério Greco diz que reabilitação não tem mais utilidade em relação a assegurar
o sigilo da condenação, eis que a própria LEP já o garante, sem precisar aguardar o prazo de 2
anos.
● Suspender efeitos extrapenais específicos da condenação (art. 92 do CP):
lembrando que os efeitos específicos são perda do cargo, incapacidade para o
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exercício do poder familiar e a inabilitação para dirigir veículo. O art. 93, parágrafo
único, anuncia que nas situações dos incisos I (perda de cargo, função público ou
mandato eletivo) e II (incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou
curatela), a reabilitação é parcial, vedando-se a reintegração na situação anterior.
Ou seja, aquele que está incapacitado para o exercício do poder familiar poderá
voltar a exercer o poder familiar, mas não mais sobre aquela vítima, e sim sobre
os outros filhos, curatelados ou tutelados. Aquele que perde cargo, emprego ou
função pública pode prestar outro concurso e rezar para passar. Em outras palavras,
a reabilitação somente é total no caso do inciso III (reabilitação para dirigir
veículo).
Os requisitos da reabilitação estão previstos no art. 94 do CP:
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No âmbito penal, existem basicamente dois sistemas para a aplicação das medidas de segurança,
quais sejam, o sistema vicariante e o sistema do duplo binário.
O sistema vicariante só permite a aplicação de uma espécie de sanção penal ao acusado, enquanto
o sistema do duplo binário permite a aplicação cumulativa de pena com a medida de segurança.
Até a reforma da Parte Geral de 1984, o sistema adotado era o duplo binário. Entretanto, após a
referida reforma, o sistema adotado passou a ser o vicariante, devendo o juiz aplicar pena ou
medida de segurança (e nunca as duas cumulativamente).
De acordo com o Código Penal Brasileiro, aos inimputáveis, será sempre aplicada medida de
segurança. Por outro lado, no que se refere aos semi -imputáveis, será aplicada pena ou medida
de segurança.
O juiz, ao se deparar com semi-imputáveis, deve aplicar a pena privativa de liberdade
necessariamente reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 26, parágrafo único, do CP) para eles. Por derradeiro,
se estiver demonstrada a periculosidade em razão de perturbação mental, o juiz substituirá a pena
por medida de segurança (art. 98 do CP).
Por fim, resta consignar que inexistindo prova de tal periculosidade, o magistrado manterá a pena
privativa de liberdade.
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Nesse caso, ainda que decorrido o prazo máximo da pena abstratamente fixada para o delito,
constatando-se a manutenção da periculosidade, deve-se buscar perante o juízo cível a interdição
do agente (figurando o MP como parte legítima), demonstrando-se a necessidade da internação
extrapenal, como forma de proteger o paciente e a sociedade (art. 1.767 do CC e art. 9º da Lei
10.216/06).
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● Outras causas.
Existem outras causas de suspensão da prescrição não previstas no CP, como é o caso da
suspensão de processo contra parlamentar. Os congressistas, quando processados, têm a
prescrição suspensa caso o STF receba a denúncia e comunique a Casa respectiva. Nesse caso, o
congressista poderá ter o seu processo suspenso, caso haja requerimento de suspensão formulado
por partido político com representação no congresso nacional e haja a aprovação da maioria
absoluta da Casa. Esta suspensão do processo implica suspensão do prazo prescricional.
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Preste atenção, no caso da suspensão condicional da pena não haverá esta aplicação, visto que o
condenado não começou a cumprir a pena. Diante disso, deve-se levar em conta o quantum fixado
na sentença.
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da sociedade. Portanto, a partir desta constatação se desenvolve duas ideias: · Criminologia: que é
uma ciência empírica, a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. As
constatações se dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência.
· Política criminal: possui uma finalidade, trabalhando com estratégias e mecanismo de controle
social da criminalidade. É uma ciência que trabalha com fins a partir do momento em que se adota
uma lei. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a forma de como o legislador deve atuar
e positivar certas matérias. Orienta a reforma das leis.
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· Direito penal paralelo: o sistema penal formal do Estado não exerce grande parte do poder
punitivo, de forma que outras agências acabam se apropriando desse espaço e passam a exercer o
poder punitivo paralelamente ao Estado. Ex.: médicos aprisionando doentes mentais.
· Direito penal subterrâneo: ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal,
acarretando abuso de poder. Ex.: desaparecimentos de indivíduos pela polícia; extradições
mediante sequestro, etc.
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73 - O que é ecocídio?
O Tribunal Penal Internacional decidiu, no final de 2016, reconhecer o ecocídio como crime
contra a humanidade.
O termo designa a destruição em larga escala do meio ambiente. O novo delito, de âmbito mundial,
vem ganhando adeptos na seara do Direito Penal Internacional e entre advogados e especialistas
interessados em criminalizar as agressões contra o meio ambiente.
Com o novo dispositivo, em caso de ecocídio comprovado, as vítimas terão a possibilidade de
entrar com um recurso internacional para obrigar os autores do crime, sejam empresas ou chefes
de Estado e autoridades, a pagar por danos morais ou econômicos.
A responsabilidade direta e penas de prisão podem ser emitidas, no caso de países signatários do
TPI, mas a sentença que caracteriza o ecocídio deve ser votada por, no mínimo, um terço dos seus
membros.
O Brasil é signatário do Tratado de Roma, que aceita a jurisdição do TPI.
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Sabe-se que, por conta da reserva legal, está vedada a analogia in malam partem. A doutrina é
pacífica para que a analogia seja praticada em in bonam partem.
Ademais, para que a analogia seja aplicada, deverá haver uma lacuna legal, e não um silêncio
intencional do legislador, além de resultar em algo favorável ao réu.
77 - Quais são os princípios utilizados para resolver conflito aparente de normas penais?
Para que falemos no conflito aparente de normas, é necessário que haja duas leis penais em vigor
ao mesmo tempo.
Para resolver o conflito aparente de norma, é necessário se valer dos seguintes princípios:
• princípio da especialidade
• princípio da subsidiariedade
• princípio da consunção
• princípio da alternatividade
a) princípio da especialidade
O princípio da especialidade estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. No conflito de
lei penal geral e lei penal especial, aplica-se esta última. A lei é especial em razão de conter todos
os elementos da lei geral, além de conter elementos especializantes.
Quem comete um infanticídio mata alguém, mas há elementos como “logo após o parto” e o
“estado puerperal” que são elementos especializantes, distinguindo-se do homicídio.
Atente-se que, aqui, não há relevância se o crime é mais gravoso ou menos gravoso. O infanticídio
possui pena mais branda do que o homicídio.
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b) princípio da subsidiariedade
Na subsidiariedade, uma lei define o fato como criminoso e outra lei também define o fato como
criminoso. Porém, a abrangência da outra lei é maior. Em verdade, o que se percebe nesta relação
entre norma subsidiária e norma principal, é de que há uma relação de maior e de menor gravidade.
Não é relação de norma e espécie. Trata-se de uma relação de menor gravidade e maior gravidade.
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é
a norma principal, devendo ser aplicada a norma subsidiária.
A subsidiariedade poderá ser: subsidiariedade expressa: ocorre quando o próprio tipo penal traz a
fórmula “se não houver crime mais grave”.
subsidiariedade tácita: ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o
caráter de subsidiariedade da norma.
c) Princípio da consunção
Na consunção, há uma absorção de um delito por outro. A verdade é que o crime é previsto por
uma norma que será consumida por outra norma, pois há um outro crime que absorve um crime
menos grave.
Não há uma relação de espécie e gênero, tampouco um menos grave para o mais grave. No
princípio da consunção não necessariamente será aplicada a pena do crime mais grave. É o caso,
por exemplo, do agente que falsifica documento (com pena de reclusão de 2 a 6 anos) e
posteriormente utiliza-o para a prática de estelionato (com pena de reclusão de 1 a 5 anos). Neste
caso, haverá aplicação da Súmula 17 do STJ, a qual estabelece que, quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Recentemente (2016), o STJ entendeu que, se o agente criou farmácia de fachada para vender
produtos falsificados destinados a fins terapêuticos ou medicinais, ele deverá responder pelo delito
do art. 273 do CP (e não por este crime em concurso com tráfico de drogas), ainda que fique
demonstrado que ele também mantinha em depósito e vendia alguns medicamentos e substâncias
consideradas psicotrópicas no Brasil por estarem na Portaria SVS/MS no 344/1998.
Assim, mesmo tendo sido encontradas algumas substâncias que podem ser classificadas como
droga, o crime do art. 33 da Lei no 11.343/2006 ficará absorvido pelo delito do art. 273 do CP,
que possui maior abrangência. Aplica-se aqui o princípio da consunção. Segundo decidiu o STJ,
não se mostra plausível dizer que houve a prática de dois crimes distintos e em concurso material
quando, em um mesmo cenário fático, se observa que a intenção criminosa era dirigida para uma
única finalidade, perceptível, com clareza.
O que caracteriza o princípio da consunção é o fato de que uma lei atinge parte de um todo
de outro crime. E quando atinge o todo, mesmo que uma parte não seja crime, deverá aplicar a
parte do crime que é o todo.
Por exemplo, no crime progressivo, João quer matar José. João pega uma faca e dá uma facada em
José, tendo aqui uma lesão corporal. Após, dá uma segunda facada e, na terceira, José morre.
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Perceba que para alcançar o resultado de um crime, neste caso mais grave, o agente passa
necessariamente por um crime menos grave. Há aqui um crime progressivo.
Todavia, o agente, desde o início, tinha o dolo de matar. É isto que diferencia a progressão
criminosa do crime progressivo (lesão é uma parte do homicídio).
Na progressão criminosa, o sujeito substitui o dolo inicial, pois, primeiramente, o sujeito queria
lesionar. Após lesionar, quer matar, havendo uma mudança do dolo. Há uma substituição do dolo,
dando causa a um resultado mais grave. Por conta disso, considera-se que o indivíduo praticou
apenas um crime, qual seja, o crime mais grave.
É ainda caso de consunção os chamados ante factum impunível e post-factum impunível:
Ante factum impunível: é o que ocorre antes e não será punível. São fatos anteriores que estão na
linha de desdobramento na ofensa mais grave. Por exemplo, João quer furtar a televisão de José.
Para isso, viola o domicílio e leva a televisão. Neste caso, a violação de domicílio é uma etapa do
furto, mas não será de todo furto. Por essa razão, não há falar em progressão criminosa e crime
progressivo. Não há aqui substituição impunível.
Post factum impunível: consiste basicamente no exaurimento do crime principal. O sujeito já
cometeu a lesão, pegando o objeto que subtraiu e o destrói. Após ter cometido o crime, ele o
exaure. O sujeito que furtou um automóvel e o coloca fogo no automóvel não praticará um furto e
um dano, mas apenas um furto, pois a destruição posterior é post factum impunível.
d) Princípio da alternatividade.
Aplica-se aos tipos mistos alternativos, isto é, àqueles que descrevem crimes de ação múltipla.
Assim, mesmo havendo várias formas de conduta - mais de um verbo - no mesmo tipo, somente
haverá a consumação de um único delito, independente da quantidade de condutas realizadas no
mesmo contexto.
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por ele. Por isso, o resultado que ele deseja, que é dispensado da consumação, não depende do
agente, pois está fora de sua atuação. Ex.: extorsão mediante sequestro. O sujeito promove o
sequestro, e por meio da extorsão exige a vantagem indevida (1o ato). Todavia, quem paga o
resgate é um terceiro (2o ato), não cabendo ao agente a realização deste segundo ato, razão pela
qual o delito já se consuma com o 1o ato.
Crime mutilado de dois atos: o sujeito também consuma o crime no 1o ato, mas o 2o ato, que
também é dispensado para consumação do crime, depende de uma ação do agente, estando em sua
esfera de decisão. Ex.: crime de petrechos para falsificação de moedas.
O sujeito possui os petrechos para promover a falsificação, razão pela qual já está consumado o
delito. Se ele vai falsificar ou não moeda ou colocá-la em circulação, não interessa, pois o delito
já está consumado. Como se vê, este 2o ato depende somente do agente, havendo, em virtude disso,
dois atos. É mutilado em razão da consumação do delito com a prática do 1o ato, mas de 2 atos do
próprio agente.
O delito de tendência interna transcendente é o chamado delito de intenção. Neste crime, o sujeito
ativo quer alcançar o resultado: delito de resultado cortado, o segundo ato não depende do agente,
e no mutilado de dois atos, o segundo ato depende do agente. Mas em ambos os casos, o resultado
(2o ato), seja por um terceiro ou pelo próprio agente, é dispensado para haver a consumação do
crime.
Ou seja, o delito de intenção é composto:
• por um dolo;
• por um elemento subjetivo especial, que é a finalidade transcendente ou especial fim de agir.
82 - Qual crime comete a empregada doméstica que, mediante uso exagerado de açúcar nas
refeições de seu patrão - que é diabético - causa a morte dele?
Homicídio qualificado por meio de veneno. Magalhães Noronha diz que toda substância pode
ser veneno, como é o caso do diabético que ingere alto teor de açúcar, assim como a pessoa que
ingere substância que cause alergia.
Só haverá essa qualificadora por veneno (venefício) se a pessoa desconhecer que está
ingerindo veneno. Sanches ressalta que, do contrário, será a qualificadora por meio cruel, pois
traz um sofrimento desnecessário.
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Quando ocorre o furto de energia elétrica, chamado de “gato de energia elétrica” e a fraude ocorre
antes do medidor - pois se a fraude é no medidor ocorre o estelionato - tem-se que nestes casos se
dá o furto de natureza permanente, porquanto a consumação se prolonga no tempo.
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90 - O que é peculato-malversação?
Para começar, imperioso se faz definir o que vem a ser o crime de peculato. Trata-se de uma
espécie de gênero Crimes Contra a Administração Pública, prevista no art. 312 do Código Penal,
do qual se extrai: "Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
MÓVEL, público ou PARTICULAR, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo em
proveito próprio ou alheio".
Observe que destacamos as palavras MÓVEL e PARTICULAR. No presente caso (Peculato
Malversação) o que nos importa de fato é a palavra PARTICULAR.
Quando tal bem esteja sob guarda, vigilância ou custódia da Administração Pública. Nesse caso,
ao apropriar-se do bem o funcionário público, estaremos diante de um caso típico de PECULATO-
MALVERSAÇÃO.
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prejuízo seja insignificante, deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à
moralidade administrativa, que é insuscetível de valoração econômica.
Citar a Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
Administração Pública.
Fazer a ressalva atinente ao crime de descaminho, no sentido de que a jurisprudência é pacífica
pela aplicabilidade do referido princípio.
A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao crime de
descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal,
que trata sobre os crimes contra a Administração Pública. De acordo com o STJ, “a insignificância
nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das disposições trazidas na Lei n.
10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp
1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013).
Mencionar, por derradeiro, que no STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo
em outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, julgado em
21/08/2012. Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a
Administração Pública, por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância,
devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se incide ou não o referido
postulado.
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probatórios por ela revelados ou evitar o seu perecimento. A título de exemplo, podemos citar a
busca domiciliar (e pessoal), prevista nos arts. 240 e seguintes do CPP, assim como a produção
antecipada de prova testemunhal, disposta no art. 225 do CPP, também conhecida como
depoimento ad perpetuam rei memoriam, que também está prevista no art. 366 do CPP. Outro
bom exemplo de medida cautelar probatória consta do art. 19-A, parágrafo único, da Lei no
9.807/99, com redação dada pela Lei no 12.483/11, que passou a prever que, qualquer que seja o
rito processual criminal, o juiz, após a citação, tomará antecipadamente o depoimento das pessoas
incluídas nos programas de proteção previstos na referida Lei.
Por fim, as medidas cautelares de natureza pessoal são aquelas medidas restritivas ou privativas
da liberdade de locomoção adotadas contra o imputado durante as investigações ou no curso do
processo, com o objetivo de assegurar a eficácia do processo, importando algum grau de sacrifício
da liberdade do sujeito passivo da cautela, ora em maior grau de intensidade (v.g., prisão
preventiva, temporária), ora com menor lesividade (v.g., medidas cautelares diversas da prisão
do art. 319 do CPP).
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isolada, cumulativa ou alternativamente (CPP, art. 283, § 1º), não se pode perder de vista que
estamos diante de um provimento de natureza cautelar. Por isso, embora as exigências para a
decretação das medidas cautelares diversas da prisão possam ser menores ou menos intensas do
que as exigências feitas para a prisão preventiva, não pode a lei deixar de exigir a presença do
fumus comissi delicti, tal como fez para a prisão preventiva, sob pena de possível abuso na
aplicação dessas medidas cautelares. Daí por que nos parece que, apesar de não haver previsão
legal expressa, a aplicação das medidas cautelares alternativas à prisão deve observar, por
analogia com a disciplina da prisão preventiva, o pressuposto negativo do art. 314 do CPP, razão
pela qual não podem ser decretadas se o juiz visualizar que o fato fora praticado sob o abrigo de
alguma causa excludente da ilicitude. O periculum in mora, por sua vez, caracteriza-se pelo fato
de que a demora no curso do processo principal pode fazer com que a tutela jurídica que se
pleiteia, ao ser concedida, não tenha mais eficácia, pois o tempo fez com que a prestação
jurisdicional se tomasse inócua, ineficaz.
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles)
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Obviamente, caso o preso não indique a pessoa a quem deva ser comunicada sua prisão, não há
como a autoridade policial dar cumprimento ao preceito constitucional do art. 5°, LXII, sendo
inviável qualquer alegação de ilegalidade da prisão.
A observância de todas as formalidades no momento da prisão de alguém é de extrema relevância,
porque constituem meio de tutela da liberdade. Sua inobservância configura constrangimento
ilegal, sanável por meio de habeas corpus objetivando o relaxamento da prisão.
Por fim, resta esclarecer que, se do auto de prisão em flagrante constar menção à observância das
garantias constitucionais acima mencionadas, incumbe ao preso o ônus de demonstrar o
descumprimento dos preceitos constitucionais.
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10- Qual é o sentido temporal da palavra “imediatamente” do texto constitucional para que
seja realizada a comunicação ao juiz e à família do preso?
Uma primeira corrente que esta comunicação deve ser feita, no máximo, concomitantemente à
lavratura do auto de prisão, sob pena de relaxamento do flagrante. Isto porque sua obrigatoriedade
decorre, sobretudo, da previsão incorporada ao referido art. 5.º, LXII, da CF, dispondo que “a
prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”, sugerindo-se, subliminarmente,
comunicação de pronto, incontinenti.
A segunda corrente afirma que a comunicação da prisão à autoridade judicial deve ocorrer no
prazo de vinte e quatro horas, por interpretação extensiva do art. 306, § 1.º, do CPP, sendo que,
mesmo que assim não ocorra, o atraso ou mesmo a falta de comunicação, no prazo legal, à
autoridade judiciária não têm o condão de nulificar a custódia, pois se trata de ato extrínseco à
segregação.
O STJ, aderindo a esta segunda orientação, decidiu que “a alegada delonga para a comunicação
da prisão em flagrante à autoridade judiciária não é capaz, por si só, de invalidar o auto de prisão,
quando observados os demais requisitos legais e sobretudo em se considerando que o prazo que
se alega extrapolado ter sido de menos de 24 (vinte e quatro) horas, o que, por certo, está
absolutamente de acordo com o exigido pelo princípio da razoabilidade”.
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à medida a ser adotada – relaxamento da prisão ilegal, decretação da prisão preventiva (ou
temporária), ou imposição isolada ou cumulativa das medidas cautelares diversas da prisão, sem
prejuízo de possível substituição da prisão preventiva pela domiciliar, se acaso presentes os
pressupostos do art. 318 do CPP.
A realização desta audiência de custódia também visa à diminuição da superpopulação carcerária.
Afinal, em contraposição à simples leitura de um auto de prisão em flagrante, o contato mais
próximo com o preso proporcionado pela realização da audiência de custódia permite elevar o
nível de cientificidade da autoridade judiciária, que terá melhores condições para fazer a triagem
daqueles flagranteados que efetivamente devem ser mantidos presos.
13- A autoridade policial pode representar pela decretação da prisão preventiva após a
instauração do processo criminal?
A prisão preventiva decretada pelo juiz em face de representação da autoridade policial é aquela
que tem por fim tutelar as investigações policiais. Ora, se não há uma investigação policial em
andamento, desaparece, também, o interesse do delegado de polícia na custódia, dada a
inexistência de uma investigação policial a ser tutelada. Portanto, prevalece o entendimento de
que a autoridade policial apenas pode representar pela decretação da prisão preventiva enquanto
houver uma investigação policial em curso.
14- Quais são as hipóteses em que é admissível a decretação da prisão preventiva?
Estabelece o art. 313 do CPP que a prisão preventiva, presentes os pressupostos e fundamentos
que a autorizam, será admitida nas seguintes hipóteses:
- Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos
(art. 313, I, do CPP);
- Indivíduo que comete um novo crime doloso nos cinco anos subsequentes ao
cumprimento ou extinção da pena imposta em razão da prática de outro crime doloso
anterior – o chamado reincidente em crime doloso (art. 313, II, do CPP);
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- Crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa portadora de deficiência, para garantir a execução das medidas
protetivas de urgência (art. 313, III, do CPP);
- Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos
suficientes para esclarecê-la.
15- E no caso de descumprimento de medida cautelar diversa da prisão, não caberia a prisão
preventiva?
Relativamente à prisão preventiva que decorre do descumprimento das medidas cautelares
diversas da prisão (arts. 282, § 4.º, e 312, parágrafo único, do CPP), em que pese a existência de
corrente oposta, compreendemos que não se aplicam as limitações do art. 313. Se
injustificadamente o investigado/acusado descumprir referidos provimentos, não sendo cabível a
substituição ou cumulação com outro da mesma natureza, pensamos que poderá ser decretada sua
custódia, ainda que a vertente não se amolde aos casos listados no precitado art. 313. Tal
orientação fundamenta-se em duas premissas básicas: primeira, a de que a não admissão da prisão
preventiva em casos tais poderia tornar inócua a aplicação das medidas alternativas diversas da
prisão, já que, ocorrendo a transgressão pelo agente, não ficaria ele sujeito à prisão preventiva; e,
segunda, porque o art. 282, § 4.º, estabelece uma regra geral para o descumprimento das medidas
cautelares diversas da prisão, sendo esta disciplina localizada, topograficamente, em Capítulo
anterior ao que regulamenta a prisão preventiva, que é onde se encontra o art. 313, contemplando
as infrações que permitem esta forma de segregação.
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que possa coibir a decretação da custódia nele prevista em relação aos crimes culposos, conclui-
se que a medida, em tese, não está vedada, até mesmo com vista a possibilitar o desencadeamento
da ação penal contra o agente (lembre-se que a individualização do acusado é um dos requisitos
da denúncia e da queixa-crime, ex vi do art. 41 do CPP).
de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Portanto, para se falar em organização criminosa, é imprescindível que haja
I. Associação de quatro ou mais pessoas;
II. Estrutura ordenada, pessoas organizadas sob um regime hierárquico;
III. Divisão de tarefas, ainda que informalmente;
IV. Finalidade de buscar vantagem indevida em razão de crimes cuja pena (máxima) seja superior
a 04 anos ou que tenham caráter transnacional;
Por outro lado, a associação criminosa, prevista no art. 288 do Código Penal, exige apenas a
associação de 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes
21- Discorra sobre a “justiça negociada”, bem como indique as espécies desse instituto.
Com origem norte-americana, justiça negociada é espécie de direito premial e sinônimo de
colaboração premiada. Detalhada pelo art. 4º da Lei 12.850/13 (Lei de Organizações Criminosas),
a colaboração premiada é uma técnica especial de investigação por meio da qual o coautor, além
de confessar a prática do crime, entrega informações eficazes para a consecução de um dos
objetivos previstos em lei, recebendo em troca determinado prêmio legal.
Justiça negociada seria gênero, tendo como espécies as seguintes formas de colaboração, segundo
Vladimir Aras:
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após efetuar a desclassificação, caberá ao magistrado remeter o processo ao JECRIM, onde será
realizada proposta de transação penal ou, não sendo esta viável, prolatada a sentença.
23- Nas infrações de menor potencial ofensivo que exigem representação do ofendido
(delitos de ação penal pública condicionada), designando o juiz audiência preliminar para
data além de seis meses da ocorrência do fato, ocorre a decadência do direito de
representar?
Existem, basicamente, três posições distintas sobre essa questão:
Primeira: A simples lavratura do Termo Circunstanciado realizada a partir do comparecimento
da vítima na Delegacia de Polícia vale como representação, não sendo necessária uma
representação formal. Quanto ao disposto no art. 75 da Lei 9.099/1995, prevê, unicamente, a
ratificação judicial da representação. Logo, ainda que a audiência preliminar seja aprazada para
tempo superior a seis meses da ciência do fato e de sua autoria, não ocorre a decadência.
Segunda: É necessária representação formal, no prazo de seis meses a contar da ciência do fato e
de sua autoria. Contudo, tal representação pode ser oferecida por ocasião da lavratura do Termo
Circunstanciado. Também aqui se entende que o art. 75 da Lei 9.099/1995 contempla apenas a
ratificação judicial da representação.
Terceira: O art. 75 da Lei 9.099/1995 constitui exceção ao art. 38 do CPP (mesmo porque esse
dispositivo, ao prever o prazo de seis meses para representar, após a ciência da autoria, refere:
“salvo disposição em contrário...”). Portanto, na hipótese de infração de menor potencial ofensivo
exigente de representação, o marco inicial da fluência do prazo decadencial conta-se da data da
audiência preliminar. Concordamos com esta última orientação, mesmo porque o art.
75, parágrafo único, da Lei 9.099/1995 dispõe que “o não oferecimento da representação na
audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto
em lei”, sugerindo, portanto, que dies a quo do prazo decadencial, realmente, seja a data da
audiência preliminar.
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apurado, com posterior remessa dos autos do inquérito policial ao juiz competente. Apesar de a
elaboração do relatório ser um dever funcional da autoridade policial, não se trata de peça
obrigatória para o oferecimento da denúncia.
Em se tratando de crimes de drogas, a própria Lei n° 11.343/06 prevê expressamente que a
autoridade policial relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto
apreendido, o local e riS condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da
prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (art. 52, I).
Essa classificação provisória feita pela autoridade policial é de suma importância para se
distinguir eventual crime de porte ou cultivo de drogas para consumo pessoal das modalidades de
tráfico de drogas.
26- Qual é a finalidade do laudo de constatação da droga, nos crimes da Lei de Drogas?
Especificamente em relação aos crimes previstos na Lei n° 11.343/06, dispõe o art. 50, § 1°, que,
para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do
delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. A Lei de Drogas também prevê que o perito que
subscrever este laudo preliminar não ficará impedido de participar da elaboração do laudo
definitivo (art. 50, § 2°).
O objetivo desse laudo de constatação é apenas verificar, preliminarmente, a existência do
princípio ativo da droga, evitando-se que alguém seja mantido preso em virtude do porte de
substâncias absolutamente inócuas). Por mais improvável que possa parecer, a autoridade policial
deve ter sempre muita. cautela por ocasião da prisão em flagrante em crimes de drogas para se
certificar de que a substância apreendida com o agente é, de fato, entorpecente.
Nesse contexto, como se pronunciou o STJ, “a letra do art. 50,§ 1°, da Lei n° 11.343/06 evidencia
que o exame pericial erigido como condição para lavratura do auto de prisão em flagrante se
presta, tão somente, a comutar a natureza e quantidade da substância apreendida. No caso, não há
que se falar em ausência de prova de materialidade se o laudo provisório realizado por ocasião da
prisão em flagrante dos pacientes identificou a substância apreendida como sendo crack, na
quantidade de 29,8 gramas”.
Segundo o STF, é imprescindível, para a condenação pelo crime de tráfico de drogas, que seja
anexado o laudo toxicológico definitivo, concluindo que a falta desse laudo conduz à absolvição
do acusado por falta de materialidade delitiva.
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28- Aos crimes do Estatuto do Idoso aplicam-se os benefícios trazidos pela Lei 9.099/95?
Não. Consoante dispõe o art. 94 da Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso),
aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de Liberdade não ultrapasse 4 anos,
aplica-se o procedimento previsto na Lei n° 9.099195. À primeira vista, pode-se pensar
(equivocadamente) que a Lei n° 10.741/03 teria determinado a incidência dos institutos
despenalizadores previstos na Lei n° 9.099/95 aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena
máxima não fosse superior a 4 (quatro) anos, o que seria absolutamente contraditório, porquanto
uma lei criada para dar maior proteção ao idoso, estaria, na verdade, estabelecendo tratamento
mais benigno aos autores dos crimes ali previstos. Portanto, deve o dispositivo ser interpretado
no sentido de que, aos crimes previstos no Estarmo do Idoso, somente se aplica o procedimento
sumaríssimo previsto na Lei dos Juizados (Lei n° 9.099/95, arts. 77 a 83).
29- A autoridade policial pode arbitrar fiança ao preso em flagrante por crime envolvendo
violência doméstica?
Com a nova redação do art. 322 do CPP, os acusados de crimes de violência doméstica contra a
mulher de maior incidência (lesão corporal, crimes contra a honra e ameaça) continuavam, em
tese, sendo beneficiários da fiança a ser arbitrada pela autoridade policial por ocasião da prisão
em flagrante, pois a pena máxima de cada uma dessas infrações não excede quatro anos. Ressalte-
se que os crimes contra a honra são apurados mediante ação pena privada (art. 145 do CP) e,
mesmo cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha e excluída a aplicação do Juizado Especial
Criminal, ainda é possível a audiência de reconciliação (artigos 521 e 522 do CPP).
Entretanto, abriram-se debates sobre a possibilidade de o delegado de polícia arbitrar fiança aos
autuados em flagrante por crimes abrangidos pela Lei Maria da Penha. Alguns defendem a
proibição, pois a previsão de prisão preventiva impede a fiança. Outros argumentam que a lei
expressamente a admite. Saliente-se que crimes de lesões corporais mais graves e homicídio, por
exemplo, têm sanção máxima superior a quatro anos, impedindo a fiança policial.
Apesar de o limite para o arbitramento da fiança policial ter sido ampliado para as infrações cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a quatro anos, alguns doutrinadores
sustentam que o art. 322 do CPP – com redação antiga ou atual – não se aplica aos crimes
abrangidos pela Lei Maria da Penha.
Argumenta-se, em síntese, que a Lei n. 11.340/2006 tinha possibilitado a decretação da prisão
preventiva aos agressores domésticos - autorização mantida pela Lei n. 12.403/2011 -, de modo
que, não tendo o delegado de polícia atribuição para decretá-la – assunto reservado à jurisdição -
, também não poderia fazer o exame do cabimento da fiança.
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Nesse entendimento, a previsão genérica de vedação de fiança para os crimes que admitem prisão
preventiva – como é a hipótese do inciso III do art. 313 do CPP - impede a aplicação do art. 322
do CPP, pois, nessa situação, somente o Juiz poderia examinar o cabimento da prisão preventiva
ou o arbitramento da fiança (parágrafo único do artigo 322).
A segunda corrente entende que, mesmo com a edição da Lei Maria da Penha, em 2006, e antes
da reformulação do processo penal em 2011, outros doutrinadores aceitavam a liberdade do preso
em flagrante mediante pagamento de fiança arbitrada pelo delegado de polícia. Referindo-se à
redação anterior do art. 322 do Código de Processo Penal, Dias (2008, p.128) não se opunha à
aplicação da fiança nos crimes de violência doméstica contra a mulher.
Os argumentos de que o artigo 20 da Lei Maria da Penha e artigo 313, inciso III, do Código de
Processo Penal possibilitam a prisão preventiva do agressor, e que o artigo 324, inciso IV, do
mesmo código, veda a fiança quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva não afastam a aplicação do art. 322 do CPP, pelo contrário, confirmam-no, pois, não
tendo a autoridade policial atribuição para decretar a prisão, não pode negar a fiança sob
argumento da necessidade dessa espécie de custódia.
Para se impedir a fiança com base na vedação do art. 324, IV, do CPP exige-se o preenchimento
concreto de algum motivo do art. 312 e também de alguma hipótese do art. 313, ambos do CPP,
não bastando a previsão em abstrato. Se for pela condição do inciso III, a prisão preventiva servirá
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, ou seja, pressupõe-se seu
deferimento anterior e o descumprimento injustificado. Ressalte-se que, em regra, antes de
decretar a prisão é necessária a prévia oitiva do investigado.
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exceção, devendo ser aplicada e mantida somente quando evidenciada sua necessidade, em
observância ao espírito do Estatuto, que visa à reintegração do menor à sociedade (STJ HC
213778).
Atualmente, tanto o STF como o STJ entendem que, para se configurar a “reiteração na prática
de atos infracionais graves” (art. 122, II) não se exige a prática de, no mínimo, três infrações dessa
natureza. Não existe fundamento legal para essa exigência.
A exigência de no mínimo três infrações foi adotada durante muitos anos pela jurisprudência
como forma de “abrandar” a aplicação do ECA, mas esse entendimento está atualmente superado.
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Sistema acusatório: no sistema acusatório há uma separação entre o órgão acusado, órgão
defensor e órgão julgador. Aqui, assegura-se ao réu o contraditório e a ampla defesa. Incumbe à
acusação o ônus da prova de que o acusado praticou o crime, bem como incumbirá à defesa a
tarefa de apresentar excludente de ilicitude. O juiz não é proibido de produzir provas, desde que
isso não implique quebra da imparcialidade. Perceba que a função de acusar e provar que o réu
praticou o crime deverá ser feita pelo MP. Caso não o faça, o sujeito será inocente, por conta do
princípio da presunção de inocência. O processo é público e há prevalência da oralidade.
Sistema inquisitivo: no sistema inquisitivo, o juiz poderá acusar, defender e julgar. O juiz
concentra essas funções. Não há contraditório e ampla defesa, pois quem acusa e defende é a
mesma pessoa. Como quem acusa e quem defende é quem julga, é forçoso compreender que é
em razão de que o sujeito acredita que o acusado cometeu o crime, pois, do contrário, não
acusaria. E como é o acusador que irá julgar, então significa dizer que a acusação é presumida. O
processo é secreto e há prevalência do processo escrito.
Sistema misto: no sistema misto, há uma divisão das funções, pois um órgão acusará, outro
defende e outro julgará. Todavia, é possível que o magistrado, em determinadas situações,
substitua as partes. É observado o princípio do contraditório e à ampla defesa.
No Brasil, prevalece o entendimento de que foi adotado o sistema acusatório.
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38- Por que se fala que o princípio da publicidade se trata de uma garantia de segundo
grau?
Segundo Luigi Ferrajoli, cuida-se de garantia de segundo grau, ou garantia de garantia. Isso
porque, segundo o autor, para que seja possível o controle da observância das garantias primárias
da contestação da acusação, do ônus da prova e do contraditório com a defesa, é indispensável
que o processo se desenvolva em público.
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d) Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: por força do
direito de não produzir prova contra si mesmo, doutrina e jurisprudência têm adotado o
entendimento de que não se pode exigir um comportamento ativo do acusado, caso desse “facere”
possa resultar a autoincriminação. Ex: exame grafotécnico; bafômetro.
e) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva: Cuidado: prova invasiva #
prova não invasiva. Prova que envolve o corpo humano e implica na utilização de alguma parte
dele ou na invasão física contra ele. (DNA, sangue, fio de cabelo, bafômetro). NECESSITA de
anuência. Já a prova não invasiva consiste em uma inspeção ou verificação corporal, ou seja, não
implica a extração de nenhuma parte do corpo humano (intervenções ou inspeções médicas,
exame clínico). NÃO NECESSITA de anuência.
Elementos apreendidos relativos ao corpo humano produzidos de forma VOLUNTÁRIA ou
INVOLUNTÁRIA podem ser utilizados como prova lícita. Exemplo: não se pode arrancar um
fio de cabelo da pessoa, porém como delegado pode pedir um mandado de busca e apreensão, ir
até a pessoa da casa e apreender uma escova de cabelo (parte do corpo humano já foi descartada),
olhar o lixo... no momento que o indivíduo descarta o objeto, ele se desfaz da propriedade deste,
como uma guimba de cigarro.
Exemplo: da Glória Treve – RCL 2.040 do STF, cantora mexicana, presa na carceragem da PF,
suspeita do pessoal da PF, STF permitiu a coleta mesmo contra a vontade da mexicana, para
preservar a dignidade das pessoas que eram suspeitas, e porque a placenta era algo do corpo dela
que estava sendo descartado.
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A oficialidade consiste no fato dos órgãos incumbidos da persecução penal são do Estado, sendo,
portanto, órgãos oficiais. Já o oficiosidade se trata do aspecto de que a atuação oficial na
persecução criminal ocorrer, em regra, de ofício, sem necessidade de autorização.
Excepcionalmente, o início da persecução pressupõe autorização do legítimo interessado, como
se dá na ação penal pública condicionada à representação da vítima ou à requisição do ministro
da justiça e na ação penal privada.
43- Fale sobre a audiência de custódia e sua relação com o Pacto de San José da Costa Rica.
A audiência consiste no direito de o preso em flagrante ter contato com o juiz imediatamente (o
ideal seria em até 24hs) para que o magistrado avalie os aspectos legais da prisão em flagrante, o
respeito à integridade física do preso e a (des)necessidade de se manter a prisão, convertendo-a,
por exemplo, em preventiva.
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San José da Costa
Rica, prevê o direito de o preso ter contato com o juiz sem demora, de modo que haveria a
previsão da audiência de custódia.
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Apesar desse último entendimento, segundo o STJ, prevalece o entendimento de que não se
admite essa cisão da norma. Ou deverá aplicar a norma como um todo, ou não deverá aplicá-la.
Ex.: o art. 366 do CPP foi alterado pela Lei 9.271/96, estabelecendo que se o acusado, citado por
edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo (norma de direito
processual) e o curso do prazo prescricional (norma de direito material), podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Nesta situação, ou suspenderá o processo e o curso do prazo prescricional, ou não suspende o
processo e nem o curso do prazo prescricional.
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48- A prisão em flagrante realizada por guardas municipais é legal? Ou melhor, é válida a
prisão em flagrante realizada por guarda municipal?
O STJ, em recentíssimo julgado, entendeu que é válida a prisão em flagrante efetuada por guarda
municipal. Conforme prevê o art. 301 do CPP, qualquer pessoa pode prender quem esteja em
flagrante delito. Desse modo, não existe óbice à prisão em flagrante realizada por guardas
municipais, não havendo, portanto, que se falar em prova ilícita.
STJ. 5ª Turma. HC 421.954/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/03/2018.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Legalidade da prisão em flagrante efetuada por
guardas municipais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/97785e0500ad16c18574c6
4189ccf4b4>. Acesso em: 10/08/2018
49- É permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias
anônimas e ele ter fugido da polícia?
O STJ decidiu que não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de
haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia.
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram
fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento
ou determinação judicial.
STJ. 6ª Turma. RHC 83501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo
pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e68a83370faacfab07ae1f8a
af5352bb >. Acesso em: 10/08/2018
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O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de
ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas
corpus seja estendida para todos que se encontram na mesma situação.
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na
mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa.
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil
juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo
de emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo
e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional.
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o
art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção
coletivo.
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:
1) o Ministério Público;
2) o partido político com representação no Congresso Nacional;
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano;
4) a Defensoria Pública.
STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info
891).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a impetração de habeas corpus coletivo.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cffb6e2288a630c2a787a64
ccc67097c>. Acesso em: 10/08/2018
51- É cabível habeas corpus para questionar a imposição de medidas cautelares diversas da
prisão?
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão.
O habeas corpus deve ser admitido para impugnar medidas criminais que, embora diversas da
prisão, afetem interesses não patrimoniais importantes da pessoa física.
Se, por um lado, essas medidas são menos gravosas do que a prisão, por outro, são também
onerosas ao investigado/réu. Além disso, se essas medidas forem descumpridas, podem ser
convertidas em prisão processual, de forma que existe o risco à liberdade de locomoção.
Caso fechada a porta do “habeas corpus”, restaria o mandado de segurança. Nos processos em
primeira instância, talvez fosse suficiente para conferir proteção judicial recursal efetiva ao alvo
da medida cautelar. No entanto, naqueles de competência originária de tribunal, confundem-se,
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles)
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53- O Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê crimes próprios, sendo que todos eles são
apenas com pena de reclusão, à exceção de um. Qual?
De fato, todos os crimes previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência são apenados com
reclusão, à exceção do crime do art. 91 que é apenado com detenção. Este crime consiste em reter
ou utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa com deficiência
destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à realização de
operações financeiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem.
54- É sabido que o art. 2º, I, do decreto lei 201/67, exige que antes de receber a denúncia, o
Juiz ordenará a notificação do acusado para apresentar defesa prévia, no prazo de cinco
dias. Essa previsão foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988?
Sim. O art. 2º, I, do DL 201/67 exige que, antes do recebimento da denúncia, seja garantido ao
denunciado oferecer defesa prévia. Esta disposição é válida e foi recepcionada pela ordem
vigente.
O decreto lei 201/67 trata de procedimento especial, cujas peculiaridades devem prevalecer sobre
o rito previsto no procedimento comum.
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55- Qual prazo máximo de conclusão do inquérito nos crimes que envolve economia
popular?
No caso dos crimes contra a econômica popular, estando o investigado preso ou solto haverá o
prazo máximo de 10 dias para conclusão do inquérito policial, não admitindo prorrogação.
57- A lei de crimes ambientais elenca, em seu bojo, agravantes próprias. Cite pelo menos 4
(quatro) agravantes previstas na lei 9.605/98.
O art. 15, da lei 9.605/98 traz o rol de circunstâncias agravantes na lei penal ambiental, sendo
elas:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou
beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
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60- O art. 16, da lei 7.716/1989 dispõe que constitui efeito da condenação a perda do cargo
ou função pública, para o servidor público. Este efeito é automático?
Segundo a corrente majoritária, este efeito não é automático. Desse modo, em não sendo
automático, devem ser declarados em sentença.
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Outra exceção é a prova cautelar. A lei fala nas provas cautelares, as que não são repetíveis e as
que deverão ser antecipadas:
• Provas cautelares: há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do
tempo, dependendo de autorização judicial, devendo haver um contraditório diferido. São as
provas urgentes. Ex.: interceptação telefônica.
• Provas não repetíveis: não têm como ser novamente coletadas ou produzidas em virtude do
desaparecimento ou destruição da fonte probatória. Não dependem de autorização judicial, sendo
o contraditório diferido. Ex.: exame de corpo de delito, bafômetro, etc.
• Prova antecipada: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante a
autoridade judiciária, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo
antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Ex.: depoimento ad
perpetuam rei memorium (art. 225).
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Como regra, não há necessidade de procuração, salvo quando houver informações sigilosas,
ligadas à intimidade ou vida privada do investigado naqueles autos. Ex.: num inquérito de furto há
quebra de sigilo bancário do investigado.
Em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia para ter acesso ao inquérito. No
entanto, há uma ressalva na Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/13).
Neste caso, sendo o sigilo decretado pelo juiz, a afim de garantir a celeridade e eficácia das
diligências, para o defensor ter acesso ao elementos de prova que interessem o representado, e
desde que digam respeito ao direito de defesa, deverá preceder de autorização do juiz.
Por conta do dispositivo acima, o STF inclusive concluiu que é válida a decisão do juiz que nega
ao réu o direito de acesso a elementos que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo
acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe
previsão de sigilo, nos termos do art. 7o da Lei no 12.850/2013 (Inf. 814 – 2016).
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Lei 9.034/1995, cujo texto dispunha que “em qualquer fase de persecução criminal são permitidos,
sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de
provas: (...) IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou
acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial”, foi autorizado
o ingresso sigiloso da autoridade policial, durante a noite, a fim que procedesse ao registro e análise
de sinais obtidos no escritório do investigado, mediante duas modalidades de diligências: primeiro,
a busca exploratória, em que se diligenciou a fim de identificar elementos de prova no local,
efetuando-se os devidos registros; segundo, para instalação de equipamentos de captação de sinais
acústicos.
70 - A oitiva de testemunhas - que são policiais - é considerada prova urgente para fins do
art. 366 do CPP?
O STJ, no informativo 595, entendeu que sim. Para o Superior Tribunal de Justiça, a antecipação
da colheita da prova testemunhal, fundamentada no art. 366 do CPP, é plenamente justificável nos
casos em que as testemunhas são policiais, porquanto a atividade desses agentes expõe-os a um
sem número de casos delituosos, de modo que as especificidades de cada um “acabam se perdendo
em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sem
que isso configure violação à garantia da ampla defesa do acusado”. STJ. 3a Seção. RHC 64.086-
DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016
(Info 595).
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Não obstante, destaca-se que o STF possui julgado em sentido contrário, ou seja, afirmando que
não serve como justificativa a alegação de que as testemunhas são policiais responsáveis pela
prisão. (STF. 2a Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015. Info 806).
73 - O que é perempção?
A perempção também é uma causa de extinção da punibilidade, presumindo-se o desinteresse do
querelante na ação penal. é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em
virtude da negligência do querelante.
São hipóteses de perempção:
• Inércia do querelante: querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias
consecutivos. Se ele deve dar andamento, e não o faz por 30 dias seguidos, haverá extinção. Caso
a audiência seja transferida para 20 dias depois, aí haverá a perempção.
• Morte do querelante: falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem
couber fazê-lo;
• Ausência injustificada do querelante: querelante não comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou Segundo o STF, o não comparecimento à
audiência de conciliação, não significa perempção, pois o ofendido não está obrigado a conciliar.
Ademais, o art. 520 do CPP é anterior ao recebimento da inicial acusatório.
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• Ausência de pedido de condenação nas alegações finais: ainda que haja as alegações finais, mas
não possa extrair um pedido de condenação, haverá a perempção.
• Querelante pessoa jurídica: haverá perempção caso se extinga sem deixar sucessor.
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• Teoria da fonte independente (Bynum vs. US, em 1960): se o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte
autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de dependência com a prova ilícita originária,
tais dados probatórios são plenamente admissíveis. Essa teoria da fonte independente já é adotada
pelo STF e pelo STJ há alguns anos (HC 83.921). Foi positivada no art. 157, § 1o, do CPP (“ou
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”).
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de quem procedeu à investigação, mas sim de uma situação de erro ou ignorância. Os dois critérios
para sua aplicação seriam a boa-fé e a crença razoável na legalidade da conduta do agente. A
despeito de sua importância no direito norte-americano, não há registros de sua aplicação na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Afinal, no
ordenamento pátrio, a vedação à admissibilidade das provas ilícitas também visa à proteção dos
direitos e garantias fundamentais. Por isso, é irrelevante verificar se o agente que a produziu agia
de boa ou má-fé.
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Intersubjetiva por reciprocidade: é uma conexão entre sujeitos, um em face do outro. Duas ou
mais infrações praticadas umas contra as outras. Neste caso, é necessário identificar, pois caso
assim não faça. Por conta disso, não se pode aplicar o crime de rixa, visto que haverá várias pessoas
se agredindo, mas não se pode identificar quem agrediu quem. Aqui, na conexão intersubjetiva por
reciprocidade, é necessário verificar o autor de cada conduta.
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(art. 43 do CPC 2015), é aplicável também ao processo penal por força do art. 3o do CPP. Assim,
o juízo da Vara de Belo Horizonte, que recebeu a denúncia (iniciando a ação penal), continua
sendo competente para julgar o processo mesmo tendo sido criada nova vara. (Inf. 783, STF).
89 - Para ocorrer associação criminosa, faz-se necessária a efetiva prática de crime por pelo
menos três indivíduos?
Não. A associação criminosa é delito autônomo, tanto que é dispensável a prática efetiva de algum
crime para fins de consumação da associação.
91 - Quais são as hipóteses que o Código de Trânsito Brasileiro não permite a aplicação dos
institutos despenalizadores da Lei 9.099/90?
Quando o agente:
• Cometer lesão corporal culposa por estar sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência;
• Cometer lesão corporal culposa por estar participando, em via pública, de corrida, disputa
ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
• Cometer lesão corporal culposa por estar transitando em velocidade superior à máxima
permitida para a via em 50 km/h.
DIREITO CONSTITUCIONAL
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neste sistema é erga omnes, imposta a todos; em regra, a decisão proferida tem efeito ex nunc
(prospectivos) e causam, apenas, anulabilidade da lei.
Imperioso deixar registrado que o modelo austríaco também serviu de matriz para o controle de
constitucionalidade feito no Brasil.
No tocante ao sistema norte-americano, há, como marco, o célebre precedente Marbury v.
Madison, julgado pela suprema corte americana em 1803, o qual é frequentemente citado como
marco inaugural do judicial review americano. O sistema americano é do tipo difuso, pois todos
os órgãos do poder judiciário têm competência para afastar a aplicação de uma lei que afronte a
constituição. O sistema americano opera por via de exceção. Isto é, inconstitucionalidade da
norma deve ser arguida incidentalmente, no curso de um litígio posto em juízo. No sistema norte-
americano, o que se declara é a nulidade da norma (provimento declaratório). A norma declarada
inconstitucional é inválida, ou seja, existe, mas não é válida. Esse sistema tem como
características: i) a decisão tem eficácia declaratória; ii) o vício de inconstitucionalidade é aferido
no plano da validade (por regra); e iii) a decisão retroage até a criação da lei (efeito ex tunc).
O Brasil, por regra, adota o sistema Norte-Americano, a previsão da possibilidade de modulação
dos efeitos constitui uma exceção.
2- É possível que uma lei ou ato normativo municipal seja impugnado por meio de ADI
proposta no Supremo Tribunal Federal?
NÃO. A CF/88 somente autoriza que seja proposta ADI no STF contra lei ou ato normativo
federal ou estadual.
Vale ressaltar que é cabível ADPF contra lei municipal, eis que a CF/88 autorizou essa
possibilidade, determinando que o tema seja tratado nas Constituições estaduais.
A CF/88 utilizou o termo “representação de inconstitucionalidade”, mas é plenamente possível
que a chamemos de “ação direta de inconstitucionalidade estadual” (ADI estadual).
Cabe ressaltar que tal regra comporta uma exceção. Os Tribunais de Justiça, ao julgarem a
representação de inconstitucionalidade proposta contra lei municipal, poderão declará-la
inconstitucional utilizando como parâmetro dispositivos da Constituição Federal, desde que eles
sejam normas de reprodução obrigatória pelos Estados.
Por fim, cabe ressaltar que, se a representação de inconstitucionalidade sustentar que a norma
apontada como violada (parâmetro) é uma norma de reprodução obrigatória, então, neste caso,
caberá recurso extraordinário para o STF contra a decisão do TJ.
Desse modo, Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de
normas de reprodução obrigatória pelos Estados. Contra esta decisão, cabe recurso extraordinário.
Vale ressaltar que a decisão do STF neste recurso extraordinário terá eficácia erga omnes porque
foi proferida em um processo objetivo de controle de constitucionalidade.
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De acordo com os ministros, tendo como função a garantia da ordem pública, a carreira policial
é o braço armado do Estado para a garantia da segurança pública, assim como as Forças Armadas
são o braço armado do Estado para garantia da segurança nacional.
Além disso, a carreira policial é diferenciada, ou seja, a atividade de segurança pública não tem
paralelo na atividade privada. Enquanto existem paralelismos entre as áreas públicas e privadas
nas áreas de saúde e educação, não existe a segurança pública privada, nos mesmos moldes da
segurança estatal, que dispõe de porte de arma por 24 horas, por exemplo.
Para o ministro, não há como se compatibilizar que o braço armado investigativo do Estado possa
exercer o direito de greve, sem colocar em risco a função precípua do Estado, exercida por esse
órgão, juntamente com outros, para garantia da segurança, da ordem pública e da paz social.
No confronto entre o direito de greve e o direito da sociedade à ordem pública e da paz social, no
entender do STF, deve prevalecer o interesse público e social em relação ao interesse individual
de determinada categoria. E essa prevalência do interesse público e social sobre o direito
individual de uma categoria de servidores públicos exclui a possibilidade do exercício do direito
de greve, que é plenamente incompatível com a interpretação do texto constitucional.
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opera a simples revogação do direito pretérito com ele materialmente incompatível, não havendo
razões para se falar em inconstitucionalidade superveniente. Ou seja, não se trata de juízo de
constitucionalidade, mas sim de mera aplicação de regra de direito intertemporal, segundo a qual
a norma posterior opera a simples revogação (e não a inconstitucionalidade) do direito anterior
com ela materialmente incompatível.
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Essa espécie teria cabimento quando o risco à liberdade de locomoção é bastante remoto,
longínquo, periférico, mas ainda assim existente. Imagine a situação em que um defensor público
tenha seu acesso aos elementos (já documentados) de investigação policial preliminar (inquérito)
negado, em um delito de furto simples. Há violação a algum direito aqui, basta lembrarmos a
inteligência da Súmula Vinculante 14 do STF:
Súmula Vinculante 14 – É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO
REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ
DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO
COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO
DIREITO DE DEFESA.
Agora, é de se perguntar: não obstante a violação indicada, esse ato atenta contra a liberdade de
locomoção do investigado? É interessante analisar a questão especialmente em face do delito
cometido, pois teoricamente a chance de haver prisão em razão de furto simples é mínima (vide
a teoria das penas).
Para esses casos, é que a doutrina entende pertinente o habeas corpus profilático ou trancativo, já
que o risco existente é meramente acidental, remoto, não manifesto, mas ainda assim presente.
Muitos não aceitam essa classificação, por compreender que essa é a mesma ideia do HC
preventivo.
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à soberania e à cidadania, e que não estão sendo possíveis ser exercidos em razão da falta total ou
parcial da norma regulamentadora (Dizer O Direito – Márcio André).
21- O que é a síndrome da inefetividade das normas constitucionais? Cite dois instrumentos
para combater esta síndrome.
A síndrome da inefetividade das normas constitucionais ocorre quando o legislador não edita a
norma regulamentadora necessária para que seja exercido um direito constitucional, situação na
qual o direito acaba por não ser exercido. Esta omissão é inconstitucional, pois viola a CF, fazendo
com que as normas constitucionais fiquem ineficazes.
A CF dispõe sobre dois instrumentos para o combate desta síndrome:
• ação direta de inconstitucionalidade por omissão;
• mandado de injunção.
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Essa teoria diz que os direitos sociais, por exigirem uma disponibilidade financeira do Estado
para sua concretização, estariam sujeitos a uma cláusula, denominada de cláusula de reserva
financeiramente possível, ou simplesmente reserva do possível. É preciso analisar se há
possibilidade financeira ou se é impossível financeiramente.
O exemplo clássico dessa teoria é o chamado salário mínimo. A CF é ousada ao fixar o salário
mínimo, pois, segundo o art. 7o, IV, este deverá ser nacionalmente unificado, capaz de atender a
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Apesar de todos saberem que tais benefícios não são efetivamente garantidos, sabemos que não
é possível simplesmente dobrar o salário mínimo. Essa impossibilidade de assim proceder se dá
pela aplicação da teoria da reserva do possível, pois daria mais prejuízos ao próprio trabalhador
do que benefícios.
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Apesar de o Poder Judiciário não ter essa função tipicamente, há reiteradas decisões, em especial
do STF, no sentido de que o Judiciário não pode se omitir quando os órgãos com competência
para tanto se omitem. Nesse caso de omissão, em que há o comprometimento do direito, seja
individual ou coletivo, o Judiciário deve intervir.
Cabe lembrar que a judicialização das políticas públicas não é sinônimo de ativismo judicial.
existencial básico, o conteúdo essencial da garantia do mínimo existencial.
Fundamenta-se no direito à vida e na dignidade da pessoa humana (ex.: prestações básicas de
alimentação, vestimenta, abrigo, saúde ou os meios indispensáveis para a sua satisfação).
Judicialização: em síntese, a judicialização consiste em levar ao Judiciário problemas
relacionados a falta de concretização de direitos sociais pelo Legislativo e Executivo e, uma vez
provocado, o Judiciário decidir o conflito efetivando direitos.
Ativismo judicial: é uma postura de interpretar a constituição de modo ampliativo. Normalmente
ele se instala em situações de retração do Poder Legislativo, de um certo deslocamento entre a
classe política e a sociedade civil, impedindo que as demandas sociais sejam atendidas de maneira
efetiva.
Segundo Douglas Eros Pereira Rangel, os direitos sociais originários são aqueles que geram
posições jurídicas subjetivas que podem ser diretamente deduzidas das normas constitucionais
definidoras de direitos fundamentais sociais, independentemente de concretização legislativa. Já
os direitos sociais derivados correspondem às posições jurídicas subjetivas já concretizadas pelo
legislador e que somente podem ser sacadas, não diretamente das normas constitucionais
definidoras de direitos fundamentais sociais, mas da concretização destas pelo legislador
infraconstitucional. Segundo a doutrina, tanto os direitos sociais originários, quanto os derivados
podem ser concretizados, no âmbito judicial, por meio das judicializações das políticas públicas.
O STF já disse ser possível determinar que a administração pública realize obras ou reformas
emergenciais em presídios, a fim de garantir direitos fundamentais dos presos, em especial a
integridade física e mental.
Em verdade, o STF estabelece que é preciso dar efetividade aos direitos fundamentais, dando
relevância ao cumprimento dos direitos sociais, pois são os direitos sociais que dão efetividade à
Constituição. Por conta disso, o STF inclusive admite o bloqueio de verbas públicas em favor de
determinadas pessoas insuficientes para garantir o fornecimento de medicamentos, a fim de
respeitar o direito à saúde e ao direito à vida.
O Poder Judiciário reconhece que existem situações denominadas de Escolhas Trágicas, em que
o próprio Poder Público deve enfrentar dilemas de difícil solução, como é o caso do fornecimento
de um dispendioso tratamento médico a uma pessoa com poucas chances de sobreviver em
detrimento de milhares de pessoas em que poderiam ter suas complicações solucionadas por
aqueles recursos. Esta expressão de tragic choices é o embate entre atender e concretizar um
direito e a dificuldade do poder público alocar esses recursos sem prejudicar outras pessoas,
hipóteses em que
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há dificuldades de escolhas.
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O sujeito nasceu num lugar em que é adotado o critério do ius sanguinis, mas os seus pais são de
outra nacionalidade, que adota o critério ius solis. Neste caso, o sujeito não adota nenhum critério
por não se adequar a eles.
É o caso de filhos de brasileiros que estão vivendo fora do país (ius solis), mas que venham nascer
na Itália (ius sanguinis). Neste caso, o indivíduo seria apátrida.
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles)
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outras palavras, ele não envolve qualquer tendência à “homogeneização” cultural. Pelo contrário,
implica o respeito à diversidade e ao pluralismo, acolhidos nas constituições democráticas.
O patriotismo constitucional busca, portanto, o reconhecimento de um constitucionalismo
intercultural, que deve reconhecer a diversidade de culturas e promover a conciliação entre todas
as práticas culturais.
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Outros autores dizem que há limites pelo direito natural, em razão de aspectos éticos e
morais. Seja qual for o entendimento, o poder constituinte é ilimitado em seu aspecto
jurídico.
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1CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É aplicável a alínea “d” do inciso I do art. 1º da LC 64/90, com a redação dada
pela LC 135/2010, a fatos anteriores a sua publicação. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3cc697419ea18cc98d525999665cb94a>.
Acesso em: 22/08/2018
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DIREITO ADMINISTRATIVO
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4) intervenção (abrangendo toda intervenção do Estado no setor privado, exceto a sua atuação
direta como agente econômico; estão incluídas a intervenção na propriedade privada, a exemplo
da desapropriação e do tombamento, e a intervenção no domínio econômico como agente
normativo e regulador, por exemplo, mediante a ah1ação das agências reguladoras, a adoção de
medidas de repressão a práticas tendentes à eliminação da concorrência, a formação de estoques
reguladores etc.).
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Sabe-se que o serviço público é fundamental e indispensável para a população, tendo em vista
que várias áreas e atividades dos órgãos públicos, além de ligadas diretamente a população, hoje
em dia podemos considerá-las como obrigatória sua utilização pelos que dela dependem.
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é pleno no seu exercício e consectário, ao passo que o delegado é limitado aos termos da
delegação e se caracteriza por atos de execução.
A doutrina consagrou expressão "poder de polícia delegado'', muito embora o emprego do
vocábulo "delegado" possa causar alguma confusão. Com efeito, a hipótese aqui tratada é de
descentralização mediante outorga legal e não de descentralização por colaboração. Esta última
implica transferência a particulares - não mediante lei, e sim, em regra, por meio de contrato
administrativo - a execução de determinado serviço público. Nada tem a ver com exercício de
poder de polícia.
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nesses casos (pressuposto de direito), concedo a Fulano, por cinco dias, a referida licença (objeto
do ato administrativo)".
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16- Além dos casos previstos na Constituição Federal, Lei ordinária pode estabelecer outros
monopólios?
SIM, mas apenas para fins de serviços públicos, não podendo fazê-lo para fins de serviços
privados.
Ex.: serviço postal.
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18- Quais são as principais distinções entre a prestação de o serviço público propriamente
dito e as demais atividades executadas pelo Estado, vale dizer, obra pública, poder de polícia
e exploração de atividade econômica?
Inicialmente, a obra pública é uma atividade estanque, com projeto que determina início e fim
das atividades. O serviço difere da execução de obras porque é uma atuação constante,
configurando comodidade prestada de forma contínua.
O poder de polícia trata-se de atuação restritiva do poder público, diferente da prestação do
serviço, que é medida ampliativa.
No que se refere à atividade econômica, quando o ente estatal atua no mercado, explorando
atividade econômica, submete-se às normas de direito privado, não se beneficiando das
prerrogativas de poder público.
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Serviços Industriais - são os que produzem renda mediante uma remuneração da utilidade usada
ou consumida. Ex.: ITA, CTA.
Serviços Administrativos - são os que a administração executa para atender as suas necessidades
internas. Ex.: Imprensa Oficial.
Serviços Sociais - são prestados diretamente pelo Estado, para satisfação dos interesses da
sociedade, em paralelo à execução pela iniciativa privada.
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O STJ decidiu que é possível a contratação temporária de servidor temporário, ainda que
seja para o exercício de atividade permanente, desde que haja uma situação temporária de
excepcional interesse público.
Servidor temporário deverá ser julgado na Justiça Comum, pois a relação jurídica estabelecida
com o Estado é uma relação jurídica de direito público.
c) Militares
Os militares são agentes públicos, com previsão na CF, mas o regime será disciplinado em lei
própria.
O regime jurídico pelos militares é erigido sob dois pilares hierarquia e disciplina.
São direitos dos militares:
• Direito ao 13o salário.
• Direito ao salário-família.
• Gozo de férias remuneradas com um terço a mais.
• Direito a licença gestante e paternidade
Aos militares é vedada a sindicalização, a greve e a filiação partidária.
Quanto à vedação de greve por militares, o STF estende esta vedação aos policiais
civis, a despeito de a norma ser restritiva de direitos e da inexistência de óbice explícito ao
policial civil.
d) Particulares em colaboração com o Poder Público
Aqui há um particulare que colabora com o Poder Público. Há pessoas físicas que prestam
serviços ao Estado sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração.
Os particulares em colaboração com o Poder Público podem ser classificados em:
• Particulares que receberam uma delegação do poder público: é o caso dos serviços notariais
(concurso de cartórios). O oficial de cartório recebe uma delegação do poder público, exercendo
uma função pública em seu próprio nome. Aqui há o oficial do cartório, registrador, notarial, etc.,
os quais são remunerados pelo particular.
• Particulares em colaboração por requisição, nomeação ou designação: esses são os jurados,
conscritos, mesários da justiça eleitoral, etc.
• Gestores de negócios: é uma pessoa que assume espontaneamente o desempenho de uma função
pública, pois está diante de uma situação de emergência. Não há nomeação e nem designação do
Estado. Ex.: terremoto, epidemia ou inundação, o particular colabora com o poder público.
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• Cargo efetivo: é o cargo cujo provimento deriva de um concurso público, ou seja, de prévia
aprovação em concurso público.
• Cargo em comissão: é um cargo de livre nomeação e livre exoneração, devendo ser criados por
lei, mas apenas para atribuições de direção, assessoramento ou de chefia. A CF diz que a lei vai
determinar um percentual mínimo para esses cargos em comissão que devem ser ocupados
por servidores de carreira.
b) Emprego público
Emprego público é um local no serviço público, também criado por lei, que também possui uma
atribuição, nomenclatura e uma remuneração própria. O emprego público se submete ao
regime trabalhista (CLT).
É o vínculo que liga a pessoa à administração que diferencia o emprego público do cargo público.
c) Função pública
Função é atribuição, é a atividade que o servidor faz.
Existe função sem cargo e sem emprego, como é o caso do particular em colaboração com a
administração. Todo cargo possui função, mas nem toda função tem um cargo.
A função pode ser conferida ao cargo, mas que pode ser conferida a alguém que desempenha uma
função pública em caráter excepcional.
Os cargos, empregos e as funções públicas só podem ser criados por lei. No entanto, a extinção
de cargos e funções públicas podem se dar por meio de decretos ou por meio de lei. São os
chamados decretos autônomos, expedidos pelo chefe do poder executivo.
i. Diferença entre cargo em comissão e função de confiança
Funções de confiança são atribuições baseadas na confiança, as quais só podem ser criadas por
lei, para o desempenho de chefia, assessoramento ou direção.
A diferença é que a função de confiança só pode ser desempenhada por servidor de carreira
(efetivo).
O cargo em comissão pode ser exercido por uma pessoa sem vínculo com a administração ou por
servidores de cargos efetivo.
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Essa a primeira teoria, teve vigência durante os Estados absolutistas, que impunham a figura do
rei como o senhor maior das decisões estatais, aquele a quem competia dizer o que era certo ou
errado.
Qualquer ação, dele mesmo ou de seus representantes, era tida como legítima, não passível de
qualquer responsabilização, pois “o rei não pode errar” (do inglês: “the king can do no wrong”)
ou “o rei não pode fazer mal” (do francês: “le roi ne peut mal faire”), ou ainda, “aquilo que agrada
ao príncipe tem força de lei” (do latim: “quod principi placuit habet legis vigorem”).
Por sua patente injustiça, essa teoria deixou de existir no século XIX, dando lugar à
responsabilidade subjetiva do Estado.
Responsabilidade Subjetiva do Estado
Após o período de irresponsabilidade total do Estado quanto aos prejuízos por ele causados,
nasceu a responsabilidade subjetiva, ou teoria da culpa civil, uma vez que equiparava o Estado
ao indivíduo, obrigando a ambos da mesma forma, é dizer,sempre que houvesse culpa, haveria
o dever de indenizar.
A culpa aqui é vista de maneira ampla, incluindo o dolo (intenção de provocar o dano) e a culpa
propriamente dita (dano causado por imprudência, negligência ou imperícia).
Assim, caberia ao prejudicado a obrigação de demonstrar a culpa do agente público, e o nexo
causal entre o dano verificado e sua conduta.
Responsabilidade Objetiva Do Estado
De forma diversa da anterior, seguindo a teoria do risco administrativo, em havendo um dano
provocado pela Administração, ele deve ser reparado, independente de dolo ou culpa desta.
Diz-se teoria do risco em face da existência intrínseca de um risco vinculado à atividade estatal,
que deve ser suportado pelo próprio Estado.
Aqui o ônus da prova se inverte. Ao prejudicado, basta a prova do dano e do nexo causal deste
com a conduta do agente público. É a Administração Pública que terá que provar a culpa do
particular, situação em que se livrará da responsabilidade pelos danos, ou a culpa concorrente,
quando terá minimizada sua responsabilidade.
Então, aqui fica clara uma exceção à teoria do risco administrativo: caberá ao Estado o dever de
indenizar o dano ocorrido independente de seu dolo ou culpa, mas não no caso de culpa exclusiva
do prejudicado. Em face das exceções, chama-se também de teoria do risco administrativo
mitigado.
Outras duas importantes exceções devem ser destacadas: culpa de terceiro e força maior. Em
ambos os casos, vigora a responsabilidade subjetiva do Estado, pois esta deve ser comprovada.
Força maior é o evento imprevisível, inevitável e independente da vontade das partes. Assim, se
cai um raio sobre um carro, não se fala em responsabilidade objetiva do Estado, pois não
contribuiu de nenhum modo para o dano, inexistindo nexo de causalidade entre este e um
comportamento da Administração.
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No entanto, se havia de alguma forma um dever de ação do Estado, e este omitiu-se, pode
configurar sua responsabilidade, mas, repita-se, será subjetiva.
Dita omissão deve ser comprovada (imprudência, negligência ou imperícia). Vamos supor a
existência de uma árvore que já ameaça cair, em face de sua inclinação e alguns pedidos de
vizinhos para que a Prefeitura a retire.
Se, com um vendaval (força maior), essa árvore cai sobre um veículo, poderá ficar configurada a
responsabilidade da Administração em face de sua omissão.
De igual forma, enchente costumeira que inunda um bairro em face da não limpeza de um córrego
pelo órgão competente também pode gerar um dever de indenizar.
Note-se que é uma exceção dentro da exceção. Se há força maior, afasta-se a responsabilidade.
No entanto, se esse evento se une à omissão estatal para provocar o dano, há o dever de indenizar.
Mas não se diz que há responsabilidade objetiva, aplicando-se a teoria da culpa do serviço
público, mais precisamente, da falta desse serviço (do francês: “faute de service”).
Diz-se que há culpa anônima, pois não dependeu da ação de algum agente público, mas sim da
omissão estatal. Então, nesse caso, vige a responsabilidade subjetiva do Estado.
Dessa mesma espécie revela-se o mau funcionamento da segurança pública quando, por exemplo,
há prejuízos decorrentes de ação de terceiros, como o caso de ação de multidão.
A responsabilidade será imputada ao Estado. A outra exceção diz respeito à culpa do particular
ou de terceiro, com a exceção da exceção prevista acima.
Se o condutor de um carro da polícia choca-se, durante uma perseguição, com o carro de um
particular, caberá à Administração Pública ressarcir os prejuízos ao interessado, independente de
haver culpa ou não do motorista do carro oficial.
Por outro lado, se o particular avançou o sinal vermelho e veio a abalroar um carro público, haverá
culpa do particular, e este deverá indenizar a Administração.
Neste caso, caberá prova de culpa, pois a responsabilidade do administrado é sempre subjetiva.
Se ficar constatada que a culpa é parte do agente público, parte do particular, a responsabilidade
se dividirá entre este e o Estado, à medida da participação de cada um no evento danoso.
Chama-se de culpa concorrente. Com a adoção da teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
busca-se a divisão dos prejuízos causados por algum ato seu com todos os cidadãos, e não apenas
penalizando aquele que sofreu o dano.
A coletividade se une para usufruir das benesses de uma vida em comum, mas também, assim
como divide as vantagens, deve dividir esse ônus: é a aplicação do princípio da isonomia ou da
igualdade.
Note-se que tal princípio justifica a divisão entre todos, é dizer, o Estado vai ressarcir o
prejudicado e toda a sociedade vai pagar por isso.
Mas não há igualdade entre o particular e a Administração Pública, pelo contrário. Reconhece-se
a superioridade estatal, por isso a responsabilidade é objetiva, cabendo ao Poder Público a prova
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de culpa do particular: não seria justo, além do prejuízo, ainda imputar ao particular a tarefa de
provar sua inocência.
Por fim, cite-se a responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais. Em ambos os casos, a
regra é a irresponsabilidade estatal por esses atos. A produção legislativa de um Estado é feita
com base em sua soberania, limitada apenas pelas normas constitucionais.
As leis produzidas, revogadas, alteradas, são abstratas, atingindo a todos indistintamente, e
poderão causar ônus à população que não fazem jus a qualquer reparação de eventuais danos.
No entanto, entende-se como possível a responsabilização do Estado no caso de edição de leis
inconstitucionais ou leis de efeitos concretos.
Este tipo de lei não tem as características de generalidade e impessoalidade, atingindo pessoa
certa, como no caso da lei que desapropria determinado bem: se há prejuízo decorrente da mesma,
cabe indenização.
No que pertence aos atos jurisdicionais, a regra, repita-se, é a irresponsabilidade. Quando profere
uma sentença, uma parte sempre perderá e outra ganhará, e, por óbvio que aquela não pode
pleitear ressarcimento dos danos pelo Estado.
Contudo, a própria Carta Maior prevê a responsabilização estatal, mas apenas na esfera penal:
“Art. 5º LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença; ”.
Outra regra de responsabilização, nesse caso pessoal do juiz, é encontrada no art.133 do Código
de Processo Civil, nos casos de atuação do magistrado com dolo ou fraude, ou se ele se recusar,
omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento
da parte.
Nesses casos, responderá por perdas e danos. Não se confundam atos legislativos com atos
praticados pelo Legislativo; atos jurisdicionais com atos praticados pelo Judiciário.
Em cada caso, se o ato é praticado na função administrativa, haverá normalmente a incidência da
responsabilidade objetiva do Estado, porque são atos administrativos praticados pelo Legislativo
ou pelo Judiciário.
Assim, para que fique claro, o Legislativo pratica atos administrativos e atos legislativos. Aos
primeiros aplica-se a teoria objetiva, aos últimos, só por exceção, caso seja a lei inconstitucional
ou de efeitos concreto. Idêntico raciocínio cabe para o Judiciário.
Risco Integral
Segundo a teoria do risco integral, que aqui cita-se por questões meramente didáticas, a
Administração Pública sempre responderia pelos danos causados aos particulares, sem qualquer
exceção.
Como visto acima, a responsabilidade objetiva faz com que o Estado indenize os prejuízos
causados, independente de dolo ou culpa.
Vimos algumas exceções: culpa da vítima ou de terceiros e força maior. É a inexistência dessas
exceções que nos leva ao risco integral
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Assim, poderia o particular atirar seu carro contra um caminhão dos bombeiros e ao Estado
caberia suportar ambos os prejuízos.
Pela evidente injustiça, tal teoria nunca foi, tampouco será adotada.
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terceiros, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos
quanto por atos omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do
Poder Público. 2. Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame de fatos e provas dos
autos. Incidência da Súmula nº 279/STF. 3. O Plenário da Corte, no exame da ADI nº 1.051/SC,
Relator o Ministro Maurício Corrêa, entendeu que a remuneração dos Juízes de Paz somente
pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do Tribunal de Justiça do Estado-membro. 4.
Agravo regimental não provido. (ARE 897890 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda
Turma, julgado em 22/09/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-208 DIVULG 16-10-2015
PUBLIC 19-10-2015) Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Responsabilidade
objetiva prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal abrange também os atos omissivos
do Poder Público. Precedentes. 3. Impossibilidade de reexame do conjunto fático-probatório.
Enunciado 279 da Súmula do STF. 4. Ausência de argumentos suficientes para infirmar a decisão
recorrida. 5. Agravo regimental a que se nega provimento (STF, RE 677283 AgR, SEGUNDA
TURMA, Relator(a) Ministro(a): GILMAR MENDES, Julgado em 17/04/2012, Publicado no DJe
em 08/05/2012)” (destaque nosso)
2. Segunda corrente: responsabilidade por omissão sempre subjetiva
Para segunda corrente, a responsabilidade do Estado pela omissão seria sempre subjetiva. Para
essa posição, defendida por Osvaldo Antônio Bandeira de Melo e Celso Antônio Bandeira de
Melo, o art. 37, § 6° da CF abrangeria apenas as ações estatais, não atingindo as omissões.
“Assim, em caso de danos causados por omissão, o particular, para ser indenizado, deveria
provar:
a) a omissão estatal;
b) o dano;
c) o nexo causal;
d) a culpa administrativa (o serviço público não funcionou, funcionou de forma tardia ou
ineficiente)”. [4]
Para eles, apenas a ação pode originar um dano, a omissão não possui essa capacidade, sob pena
de caracterização do Estado como garantidor universal. Esta é a posição encontrada na maioria
da doutrina.
O STJ ainda possui entendimento majoritário no sentido de que a responsabilidade seria subjetiva,
conforme o seguinte julgado:
“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO
ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. OMISSÃO. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. CULPA OU
NEGLIGÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. REEXAME. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.I. Não há falar, na hipótese, em violação ao art. 535 do
CPC, porquanto a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, de vez que
o voto condutor do acórdão recorrido apreciou fundamentadamente, de modo coerente e
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por exemplo, com o suicídio de detento ou a sua morte provocada por outros presos. É o que
prevê tanto o STF quanto o STJ:
“[...] Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso
XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento[...] (STF, RE 841526/RS,
TRIBUNAL PLENO, Relator(a) Ministro(a): LUIZ FUX, Julgado em 30/03/2016, Publicado no
DJ em 30/03/2016 (grifamos)
[...] A responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos
riscos inerentes ao meio no qual foram inseridos pelo próprio Estado [...] (STJ, AgRg no
REsp 1.305.259-SC, SEGUNDA TURMA, Relator(a) Ministro(a): MAURO CAMPBELL
MARQUES, Julgado em Julgado em 02/4/2013, Publicado no DJ em 09/04/2013)”. (grifamos)
Dessa forma, conclui-se que a responsabilidade civil do Estado constitui-se em um indispensável
mecanismo de defesa do indivíduo face ao Poder Público. É perceptível também que, quanto à
responsabilidade civil do Estado por omissão, não há ainda uma unanimidade quanto aos tipos de
responsabilidade, se objetiva ou subjetiva.
Todavia, embora existam diversas correntes, vem se consolidando a ideia de que as pessoas
jurídicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, tanto
por atos comissivos quanto por atos omissivos, desde que, nestes últimos, fique demonstrado o
nexo causal entre o dano e a omissão específica do Poder Público, conforme delineado pela
terceira corrente.
30- Pode-se falar em coisa julgada administrativa? Quais as acepções possíveis ao termo
"coisa julgada administrativa"? O processo administrativo faz coisa julgada perante as
partes, impossibilitando a revisão judicial? Em caso positivo, quais os limites dessa "coisa
julgada administrativa"?
A expressão "coisa julgada administrativa" encontra severa crítica de diversos autores, vez que
entendem tratar-se de instituto tipicamente processual, que foi importado para o direito
administrativo por uma corrente doutrinária que não vislumbra diferenças marcantes entre a
atividade de administração ativa e a jurisdição, haja vista considerarem a existência de um fato
determinante em comum: aplicação da lei ao caso concreto.
Todavia, não há que se confundir a função administrativa com a função jurisdicional do Estado,
vez que, dentre outros motivos, a forma como atua e Estado é absolutamente diversa. Ora, quando
do exercício da função jurisdicional, o Estado não toma parte da relação, chamada tríplice (as
partes e o Estado-juiz representam cada um dos vértices do triângulo). Não sendo, o Estado-juiz,
parte da relação, o exercício da função tem que ocorrer de forma imparcial e definitiva,
produzindo coisa julgada.
Já no exercício da função administrativa, a Administração Pública figura como parte na relação,
de forma que a função é parcial, não podendo, por isso mesmo, ser definitiva, mas sempre com a
possibilidade de ser apreciada pelo Poder Judiciário, se causar lesão ou ameaça a direito subjetivo,
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haja vista que ninguém, nem mesmo a Administração Pública, pode ser parte e juiz ao mesmo
tempo.
Chega-se, portanto, à conclusão de que a expressão coisa julgada, no Direito Administrativo, não
tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela significa apenas que a decisão se tornou
irretratável pela própria Administração.
A decisão do Tribunal de Contas que pelo decurso dos prazos recursais ou pelo esgotamento dos
recursos torna-se irretratável, operando a preclusão da possibilidade de reexame na via
administrativa, pode, portanto, ser considerada coisa julgada administrativa, em consonância com
assentada doutrina. O erro mais comum, no entanto, reside em considerar como absoluto o
ensinamento raso de que todas as decisões administrativas são amplamente revisíveis pelo Poder
Judiciário.
Trata-se, portanto, da irrevogabilidade dos atos administrativos, que não se resume apenas aos
casos em que tenha se exaurido a via administrativa, não cabendo aí mais qualquer recurso, uma
vez que existem outras possibilidades que englobam os casos de irrevogabilidade dos atos
administrativos, de forma que, não poucas vezes, a doutrina trata do tema de coisa julgada
administrativa quando se refere às limitações ao poder de revogar os atos da Administração.
Todavia, se houver ameaça ou lesão a direito subjetivo, esses atos podem ser objeto de análise
pelo Judiciário, por força do artigo 5º, inciso XXXV, da Carta Magna.
A disposição constitucional de que a lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário
qualquer lesão de direito individual não é obstáculo a esse entendimento - de que a competência
das Cortes de Contas torna prejudicial e definitivo o pronunciamento sobre o fato material -
porque, no caso, a redução de competência do Judiciário resulta da Constituição, e não da lei.
O exame feito pelos Tribunais de Contas representa uma poderosa e ampla ação de controle sobre
os atos da Administração que já estão jungidos ao controle interno dela própria. Permitir uma
ampla revisibilidade, pelo Poder Judiciário, no mínimo constituiria, em termos lógicos, conceder
um espaço tão intenso ao controle, que inviabilizaria a própria ação administrativa.
Tem-se, portanto, que o direito brasileiro adotou um sistema de jurisdição una, por meio do qual
apenas o Estado-juiz detém o monopólio da função jurisdicional, o poder de decidir as lides com
força de coisa julgada, seja o seu objeto a ameaça ou a lesão de direitos subjetivos coletivos ou
individuais.
Restou afastado o modelo europeu de dualidade de jurisdição, no qual, paralelamente ao
Judiciário, existem órgãos do chamado "Contencioso Administrativo", os quais exercem função
jurisdicional sobre lides em que a Administração Pública seja parte interessada. Do modelo
nacional, mesmo que o Estado, enquanto Administração Pública, esteja integrando a lide como
parte, o Estado-juiz é figura alheia ao processo, não se confundindo com as partes.
Tanto é assim que: "inexiste a obrigatoriedade de esgotamento da instância administrativa para
que a parte possa acessar o judiciário. A Constituição Federal de 1988, diferentemente da anterior,
afastou a necessidade da chamada jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso
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forçado, pois já se decidiu pela inexigibilidade de exaurimento das vias administrativas para
obter-se o pronunciamento jurisdicional (RP 60/224), uma vez que excluiu a permissão, que a
Emenda Constitucional nº. 7 à Constituição anterior estabelecera, de que a lei condicionasse o
ingresso em juízo à exaustão das vias administrativas, verdadeiro obstáculo ao princípio do livre
acesso ao Poder Judiciário".
Tem-se, portanto, que, embora o dispositivo constitucional (art. 71, II) fale julgar, não se trata de
função jurisdicional, exclusiva do Poder Judiciário. Sendo, por tal razão, correto afirmar que o
julgamento das contas é uma questão prévia, preliminar, de competência do Tribunal de Contas,
e que antecede o julgamento do responsável pelo Poder Judiciário.
Não sendo, portanto, aplicável no ordenamento jurídico brasileiro, a coisa julgada administrativa
- onde se encaixa as decisões proferidas pelo TCU - uma vez que os atos por este proferidos no
âmbito da apreciação de prestações de contas podem ser revistos pelo Judiciário, vez que o Poder
Judiciário pode examinar os atos administrativos de qualquer natureza, sejam gerais ou
individuais, unilaterais ou bilatérias, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto da
legalidade e, agora, pela Constituição, também sob o aspecto da moralidade (arts. 5º, inciso LXIII,
e 37).
Face ao princípio da autotutela administrativa, a Administração deve rever, de ofício, os atos
eivados de ilegalidade, fato que permitiria às Cortes de Contas, em restritíssimas hipóteses,
desfazer, por iniciativa própria, o manto da coisa julgada.
O princípio da unidade de jurisdição sofre temperamentos pela própria Constituição, que admite
a competência privativa das Cortes de Contas para julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por bens e valores públicos.
Essa competência privativa diz respeito ao mérito do julgamento, fato que deve admitir a
verificação do acatamento ao princípio constitucional do devido processo legal, que consiste no
exame extrínseco do ato decisório das Cortes de Contas, como, por exemplo, a competência para
julgamento, a forma definida em lei, a observância do princípio da ampla defesa e contraditório,
nos termos da lei específica do Tribunal de Contas.
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criminal não repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre
as instâncias.
33- Qual a diferença entre processo administrativo disciplinar e a sindicância? onde estão
previstos?
Ambos estão previstos na lei 8112/90. São instrumentos que esta lei prevê para a apuração de
infrações administrativas praticadas pelos servidores públicos.
Segundo o STJ, a autoridade administrativa tem a faculdade de instaurar um ou outro
procedimento disciplinar.
A opção pela realização da sindicância justifica-se quando há necessidade de elucidação de fatos
que aparentemente constituem infração punível pela Administração Pública. Entretanto, quando
a existência de fato é plenamenente caracterizada e a respectiva autoria é conhecida, a
Administração Pública pode optar pela instauração direta do procedimento administrativo
disciplinar.
34- O que é a chamada verdade sabida? Ela é aceita pelo ordenamento jurídico brasileiro?
A verdade sabida era uma forma de punição do servidor público. Ela ocorria quando a autoridade
competente para punir o servidor infrator tomava conhecimento pessoal da infração, por exemplo,
quando o subordinado desautoriza o superior no ato de recebimento de uma ordem ou quando em
sua presença comete falta punível por ele próprio. Em tais casos, a autoridade competente, que
presenciou a infração, aplicava a pena pela verdade sabida, de imediato, sem procedimento
algum, consignando no ato punitivo as circunstâncias em que foi cometida e presenciada a falta.
A punição do servidor por meio da verdade sabida não pode mais ser realizada, considerando que
viola a garantia do devido processo legal, em especial do contraditório e a ampla defesa, sendo
portanto incompatível com a CF/88.
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38- O reexame necessário previsto no art. 19, da lei de ação popular, é aplicável à lei de
improbidade administrativa?
O STJ entendeu que o reexame necessário previsto no art. 19, da lei de ação popular, é aplicável
sim à lei de improbidade administrativa no caso da sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência de ação de improbidade administrativa.
O STJ utilizou como fundamento desta decisão o fato de ser aplicado subsidiariamente o CPC,
bem como ser o caso de aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65. STJ.
1ª Seção. EREsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607).
39- Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes da
suposta prática do ato de improbidade?
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Segundo o STJ, é possível a decretação de indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía
antes da (suposta) prática do ato de improbidade. Para a Corte Cidadã, a indisponibilidade pode,
em regra, recair tanto sobre bens adquiridos antes quanto depois da prática do ato de improbidade.
O STJ entende que esta possibilidade de decretação de indisponibilidade de bens serve como
garantia de futura execução em caso de constatação do ato ímprobo.
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41- Como se dá a responsabilidade civil do Estado por atos decorrentes de sua omissão?
No caso de responsabilidade do Estado por omissão, é adotada a teoria da culpa administrativa,
devendo demonstrar que o Estado tinha o dever de agir, mas foi negligente, imprudente ou
imperito, e portanto deve ser responsabilizado.
Deverá ser responsabilizado em razão de:
não ter prestado o serviço que deveria ter prestado
não prestou de forma adequada
não prestou de forma tempestiva
Tanto o STF quanto o STJ entendem que há responsabilidade objetiva do Estado nos casos de
ação e não há responsabilidade objetiva nos casos de omissão, visto que a responsabilidade é
subjetiva.
O STJ e STF entendem que no caso de morte por suicídio no estabelecimento prisional, a
responsabilidade do Estado é objetiva, visto que estaria em custódia do Estado, sabendo dos riscos
inerentes àquele meio. Na verdade, em regra, o Estado é objetivamente responsável pela morte
de detento. Isso porque houve inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art.
5º, inciso XLIX, da CF/88.
A regra é excepcionada nos casos em que o Estado conseguir provar que a morte do detento não
podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão
estatal.
Em 2015 houve um caso em que foi encontrado um cadáver humano em decomposição em um
dos reservatórios de água que abastece uma cidade. O STJ entendeu que a empresa pública
concessionária do serviço de água deveria ser condenada a reparar os danos morais sofridos pelo
cliente. Ficou configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente
de falha do dever de efetiva vigilância do reservatório de água.
Além disso, restou caracterizada a falha na prestação do serviço, indenizável por dano moral,
quando a Companhia não garantiu a qualidade da água distribuída à população. O dano moral, no
caso, é in re ipsa, ou seja, o resultado danoso é presumido. (Inf. 553, STJ).
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Por outro lado, se a lei for declarada inconstitucional, em sede de controle concentrado de
constitucionalidade, é possível que tenha responsabilidade civil do Estado por conta de o dano
ser causado por um ato permitido pelo Estado fora do exercício de suas competências
constitucionais.
Em relação às leis de efeito concreto, que atingem pessoas determinadas, aqui incide sim a
responsabilidade civil do Estado, visto que tais leis fogem das características de generalidade e
abstração, comuns como as leis gerais. Isso porque acarreta um ônus que não é suportado por
todos os membros da coletividade, e sim apenas por aquelas pessoas atingidas.
Existem divergência doutrinária de possibilidade ou não de responsabilização do Estado por atos
legislativos constitucionais. O entendimento prevalente é de que não é possível responsabilizar o
Estado se o ato legislativo foi constitucional.
Há uma doutrina francesa que tem adeptos no Brasil, apesar de não ser a majoritária, no sentido
de que é possível a responsabilização do estado por atos legislativos constitucionais, quando esses
atos tiverem uma abstração mitigada.
Fernando Baltar afirma que é exemplo disso a medida provisória que proibiu comercialização de
bebidas alcoólicas nas margens das rodovias federais. É uma norma constitucional, mas a
abstração é reduzida, pois impõe sacrifício a uma parcela reduzida da coletividade, que é a parcela
que vendia bebidas nas estradas. É constitucional, pois protege a sociedade, mas aquelas pessoas
que exerciam atividades lícitas foram prejudicadas por uma lei constitucional com abstração
reduzida. Então, defende-se que caberia indenização.
Mas lembre-se que se entende pela impossibilidade de se responsabilizar o estado por normas
abstratas constitucionais, mesmo que de abstração reduzida.
43- Disserte sobre a Responsabilidade do Estado por danos causados por atos terroristas.
Em regra, adota-se a teoria da culpa administrativa, de modo que só irá ressarcir quando ficar
demonstrado que houve um nexo causal entre o atentado terrorista, o dano causado pelo atentado
terroristas e a falha do Estado no dever de prestar o serviço de segurança pública.
O Estado atuou culposamente, razão pela qual houve o dano.
É a aplicação da teoria da falta do serviço.
A ressalva importante advém da Lei 10.744, fruto dos atentados terroristas de 2001, pois os
seguros das aeronaves passaram a ter um valor desproporcional, eis que as seguradoras não
queriam mais fazer.
Essa lei diz que a União poderá assumir despesas de responsabilidade civil perante terceiros na
hipótese de danos de bens e a pessoas, sejam passageiros ou não, quando decorrentes de atentados
terroristas, ou por outros atos de guerra ou eventos parecidos, desde que tenham ocorridos no
Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira e operados por empresas brasileira
de transporte aéreo público, e no montante de até 1 bilhão de dólares.
Ficariam excluídas as empresas de táxi-aéreo desse rol.
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DIREITOS HUMANOS
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contribuir com qualquer favor, empréstimo e, muito menos, pagar taxa sem a aprovação de todos,
devidamente, manifestado por ato no parlamento, dentre outras coisas.
Já o Habeas Corpus Act de 1679, subscrito por Carlos II, como mandado judicial em caso de
prisão arbitrária ressurgiu com o parlamento inglês, que quase na sua totalidade era representado
por protestantes. Estes procuraram por todos os meios cabíveis limitar o poder real, esse poder
era de prender os opositores políticos sem submetê-los a um processo criminal legal.
O Bill of Rights de 1689 decorreu da abdicação do Rei Jaime II, sendo outorgado pelo príncipe
de Orange. Documento de suma importância, pois, impunha grandes restrições ao poder estatal,
além de fortalecer o princípio da legalidade, criou o direito de petição, instituiu a liberdade de
eleição, principalmente para os membros do parlamento, e conferiu a imunidade parlamentar,
violação a aplicação de penas cruéis e convocação frequente do parlamento.
A Declaração de Virgínia de 1776 continha catorze parágrafos, os quais abrangiam direitos natos
da pessoa, soberania popular e igualdade perante a lei, sem distinção de classe social, religião,
raça ou sexo, bem como igualdade de condição política, podendo assim assumir cargos de
governo, além do direito e proteção à liberdade de imprensa e instituição do tribunal do júri.
Com relação à Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, cumpre mencionar que esta
foi aprovada unanimemente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de
1948, sendo a primeira organização internacional que abrangeu quase a totalidade dos povos da
Terra, ao afirmar que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.
No Brasil, a Declaração foi assinada em 10 de dezembro de 1948, sendo este o marco inicial do
sistema internacional de proteção dos direitos humanos, onde inaugurou a concepção
contemporânea reconhecendo a dignidade da pessoa humana, bem como efetivou sua
internacionalização.
Cumpre mencionar que a presente Declaração era composta por 30 artigos, continha a
formalidade no tocante aos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, sendo
responsável pela elaboração de alguns pactos internacionais sobre os Direitos Humanos, sendo
eles: o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, o qual foi aprovado em 1966 e entrou em
vigor em 23 de março de 1976 e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, o qual foi aprovado em 1966 e entrou em vigor em 3 de janeiro de 1976.
Para Flávia Piovesan, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 acaba por inovar o
conceito de direitos humanos, ao introduzir a chamada concepção contemporânea de direitos
humanos, a qual é marcada pela universalidade e indivisibilidade destes direitos. Conceitua ainda
que, a concepção contemporânea de direitos humanos é uma “unidade indivisível,
interdependente e inter-relacionada, na qual os valores da igualdade e liberdade se conjugam e se
completam”.
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De acordo com as mutações históricas e as ideologias sociais, os direitos humanos passaram a ter
várias gerações aparecendo assim em diversas Constituições, vindo a consolidar-se no
ordenamento jurídico pátrio, como por exemplo, na Carta Magna de 1988.
Tal sistematização dos direitos humanos em gerações de direitos, não acompanha qualquer
hierarquização desses valores, mas tão só corresponde ao seu reconhecimento em dado momento
histórico e em determinados ordenamentos jurídicos.
Podemos esquematizar as gerações de direitos humanos da seguinte forma: a) 1ª Geração –
liberdades públicas e direitos políticos; b) 2ª geração – direitos sociais, econômicos e culturais;
c) 3ª geração – direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos; d) 4ª geração – direitos da
bioética e direito da informática.
A primeira geração dos Direitos Humanos remonta no artigo II da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, anunciada na França em 26 de agosto de 1789. Assim, estatui o artigo II
que: O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais que são
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
Instituído ao longo do século XIX, pelos movimentos do proletariado, buscando a efetivação dos
direitos econômicos, sociais e culturais, os direitos de segunda geração são os de trabalho, saúde,
educação, dentre outros, informando que o sujeito passivo é o Estado, o qual tem o dever de
realizar prestações positivas aos seus titulares, os cidadãos, em oposição à posição passiva que se
reclamava quando da reivindicação dos direitos de primeira geração.
A Terceira Geração (Dimensão) dos Direitos Humanos possui característica de titularidade
difusa, sendo concebidos para proteção da coletividade. Visto às inúmeras dificuldades, bem
como das conquistas decorrentes da diuturna luta social pelo reconhecimento e eficácia dos
direitos de primeira e segunda geração e outros valores não prioritários na sociedade ocidental,
tais direitos estiveram em pauta de discussão ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Entretanto, os direitos de terceira geração são chamados direitos difusos ou coletivos, os quais
tutelam a paz, o desenvolvimento, o meio ambiente, o patrimônio histórico e cultural. A Terceira
Geração (Dimensão) de Direitos Humanos elege os direitos de solidariedade e fraternidade, sendo
seus componentes o meio ambiente equilibrado, a vida saudável e pacífica, o progresso e o avanço
da tecnologia.
Por fim, a Quarta Geração (Dimensão) dos Direitos Humanos considera como novos os direitos
que se preocupam com a globalização e principalmente com as constantes mudanças do mundo
atual. Para que possamos compreender, Paulo Bonavides são direitos de quarta geração o direito
à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Desses direitos depende a
concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a
qual parece o mundo inclinar-se no plano de todas as relações de convivência.
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A doutrina muito fala acerca das características dos direitos humanos. Em apertada síntese, estes
direitos possuem as seguintes características:
A característica da historicidade significa que os direitos humanos não surgiram todos ao mesmo
tempo, são frutos de conquistas históricas; são construídos gradualmente e vão se expandindo ao
longo da história, devido a luta de movimentos sociais para que se afirme a dignidade da pessoa
humana. Essa característica é a que fundamenta a ideia de gerações/dimensões dos direitos
humanos. Ao contrário do que se fala, os direitos humanos não são direitos naturais, que decorrem
da natureza das coisas, como já se chegou a afirmar no período das revoluções liberais e da
superação do antigo Estado Absolutista. Pois o que é natural é atemporal, ou seja, sempre esteve
lá, e não é isso o que ocorre com os direitos humanos, que foram conquistados ao longo de toda
história. Cabe registrar que a historicidade dos direitos humanos é expansiva, isto é, não há
supressão de direitos (proibição do retrocesso) já reconhecidos na ordem jurídica, mas sim uma
ampliação da proteção do indivíduo, reconhecendo novos direitos.
A universalidade, também característica, garante que os direitos humanos englobam todos os
indivíduos, pouco importando a nacionalidade, a cor, a opção religiosa, sexual, política, etc. Ou
seja, esses direitos se destinam a todas as pessoas (sem qualquer tipo de discriminação) e possuem
abrangência territorial universal (em todo mundo). O que se deve entender por universal é a ideia
de que o ser humano é titular de um conjunto de direitos, independentemente das leis e cultura de
cada Estado, e, não, a ideia de que o direito x, y ou z tem que ser reconhecido em todos os Estados.
A relatividade vem demonstrar que os direitos humanos não são absolutos, podendo sofrer
limitações no caso de confronto com outros direitos, ou ainda, em casos de grave crise
institucional, como ocorre, por exemplo, na decretação do Estado de Sítio. Em exemplo, o direito
à liberdade de expressão pode ser relativizado para se harmonizar com a proteção da vida privada,
não se admitindo que a expressão chegue ao ponto de ofender a imagem de alguém; o direito ao
desenvolvimento pode ser relativizado para compatibilizá-lo com o direito ao ambiente e assim
por diante.
Com relação à essencialidade, significa dizer que os direitos humanos são inerentes ao ser
humano, tendo dois aspectos, o aspecto material que representa os valores supremos do homem
e sua dignidade e o aspecto formal, isto é, assume posição normativa de destaque.
Os direitos humanos são irrenunciáveis, ou seja, não é possível a renúncia dos direitos humanos,
pois, como são direitos inerentes à condição humana, ninguém pode abrir mão de sua própria
natureza. Dessa característica decorre que eventual manifestação de vontade da pessoa em abdicar
de sua dignidade não terá valor jurídico, sendo reputada nula. Um exemplo é o famoso caso
francês do "arremesso de anões", espécie de "entretenimento" outrora adotado em bares franceses,
consistente em arremessarem anões em direção a uma "pista" de colchões, como se fossem dardos
humanos. No caso, as pessoas se reuniam nos bares para disputar torneios de "arremesso de
anões", ganhando a disputa aquele que conseguisse arremessar o anão mais longe na "pista de
colchões". Em uma cidade francesa, a Prefeitura proibiu a prática, interditando um bar que
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promovia as disputas, e o caso foi parar na justiça, chegando até o Conselho de Estado, instancia
máxima da justiça administrativa francesa, e o órgão entendeu adequada a postura do poder
público. O grande detalhe é que a interdição foi questionada por iniciativa de um anão, que
alegava que a prática representava, para ele, uma forma de trabalho, importante para a sua
sobrevivência, e que a ordem jurídica francesa tutelava o direito ao trabalho. O anão chegou a
levar o caso até o Comitê de Direitos Humanos da ONU, que concordou com a decisão da
jurisdição francesa, afirmando que a prática violaria a dignidade da pessoa humana.
Os direitos humanos também são imprescritíveis. Isto significa dizer que a pretensão de respeito
e concretização de direitos humanos não se esgota pelo passar dos anos, podendo ser exigida a
qualquer momento. Dito de outra forma, o decurso do tempo não atinge a pretensão de respeito
aos direitos que materializam a dignidade humana. A imprescritibilidade dos direitos humanos
não deve ser confundida com a prescritibilidade da reparação econômica decorrente da violação
de direitos humanos. Trata-se de situações distintas, pretensões diversas. Uma coisa é a pretensão
de respeito aos direitos humanos, de não violação ao direito; outra é a pretensão de reparação do
dano causado pela violação de um direito, essa sim submetida a prazo prescricional.
A característica da inviolabilidade promove a ideia de impossibilidade de desrespeito ou
descumprimentos por determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas,
sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
Os direitos humanos também se caracterizam pela complementaridade, unidade e
indivisibilidade, ou seja, os direitos humanos não devem ser interpretados isoladamente, mas de
forma conjunta e interativa com os demais direitos. Essa característica afasta a ideia de que
haveria hierarquia entre os direitos, como se uns fossem superiores aos outros, e propõe que todos
os direitos são exigíveis, por serem todos importantes para a materialização da dignidade humana.
Há ainda a inalienabilidade, a qual significa que os direitos humanos não são objeto de comércio
e, portanto, não podem ser alienados, transferidos. A dignidade pessoa humana, por exemplo, não
pode ser vendida. A inalienabilidade não importa dizer, entretanto, que não se possa desempenhar
atividades econômicas utilizando-se de um direito humano.
4. Qual a natureza jurídica da Declaração universal dos Direitos Humanos? Caso ela fosse
incorporada, viraria tratado?
Inicialmente, a DUDH foi aprovada por meio de uma Resolução da Assembleia Geral da ONU.
Em geral, as Resoluções da Assembleia Geral não têm força vinculante (algumas resoluções têm
força vinculante: aprovar orçamento da ONU, aprovar admissão de membros, escolha de juízes,
escolha de Secretário-Geral da ONU).
Assim, em 1948, quando foi editada a Resolução da DUDH, ela era apenas uma recomendação,
possuindo natureza de soft law.
De acordo com Portela, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma Resolução da
Assembleia Geral da ONU e, portanto, não é um tratado e, assim, não é formalmente vinculante.
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Entretanto, tem importância como documento básico do sistema de proteção internacional dos
direitos humanos, podendo-se afirmar que integra o chamado soft law.
André de Carvalho Ramos discorda, ele acredita que essa posição está ultrapassada. Para o
Professor André, este posicionamento não é mais adequado porque décadas após a Resolução que
criou a DUDH, os Tribunais Internacionais consideram que essa Resolução pode ser tida como
espelho do costume internacional de Proteção dos Direitos Humanos.
O problema é que os Tribunais Internacionais só mencionam alguns direitos. Então, apenas parte
da Declaração Universal dos Direitos Humanos é vinculante (é vinculante porque é espelho do
costume internacional – norma costumeira). Nesta toada, o direito de liberdade é, dentre outros
direitos, uma parte vinculante da DUDH.
Do ponto de vista acadêmico e prático (jurisprudência internacional) não tem sentido incorporar
um costume internacional, haja vista que eles manifestam seus efeitos de forma imediata e
automática (“law of the land”). Isso é o que a Jurisprudência Internacional entende
De todo modo, se incorporado, não “viraria tratado”, tendo em vista que a DUDH não cumpre
todos os requisitos para se considerar Tratado.
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8. O que se entende por relativismo cultural? Qual é a sua relação com os direitos humanos?
O relativismo parte da constatação de que pessoas que vivem sob condições materiais e culturais
diversas acabam desenvolvendo valores e padrões morais diversos. Desse modo, não caberia a
uma dada sociedade julgar os membros de outras sociedades com base nos seus parâmetros, que
são diferentes dos daqueles que são julgados. Como consequência, chegaríamos à conclusão de
que não existe superioridade dos valores de nenhuma sociedade sobre os valores das demais, na
medida em que esses são produto de condições materiais e culturais únicas, não sendo legítima a
sua imposição àqueles que são diferentes. Assim, não existiria algo como humanidade, mas sim
diversos grupos profundamente distintos, como eslavos, árabes, aborígines, mamelucos, pigmeus,
etc.
Vê-se que até esse ponto o relativismo cultural parece ser inofensivo. Na verdade, a ideia da
impossibilidade de imposição de valores pode até ser considerada, num primeiro momento, um
argumento contrário ao imperialismo cultural.
Ocorre que o relativismo, ao negar a existência de qualquer parâmetro ético universal, deixa a
questão do respeito dos direitos humanos totalmente entregue às circunstâncias históricas, o que
em última instância permite a aceitação de todas e quaisquer atrocidades.
Não é só isso: a partir do momento em que isenta de crítica qualquer traço cultural-axiológico de
uma dada sociedade, o relativismo esvazia a crítica ao imperialismo cultural. De acordo com Peter
Singer: “Segundo essa concepção, é impossível abstrair a moralidade da nossa própria sociedade
e exprimir um juízo moral transcultural ou objetivo sobre qualquer coisa, inclusive sobre o
respeito à cultura dos diferentes povos. Assim, se por acaso vivemos numa sociedade que exalta
os que dominam outras sociedades e suprimem a cultura delas – e as mesmas pessoas que
defendem o relativismo moral dizem com frequência que essa é a tradição ocidental – essa é então
nossa moralidade, e o relativismo não pode oferecer nenhuma razão coerente para que não
devêssemos dar continuidade a ela.
Vê-se então que o relativismo, ao negar a existência de características humanas universais
(negando, por consequência, a existência de algo como a “natureza humana”) torna-se racional e
eticamente inconsistente.
Ora, se somos todos seres humanos e se os seres humanos possuem alguns direitos inerentes à
sua própria condição, então existe um núcleo de direitos humanos mínimo, cuja proteção deve
ser perseguida independentemente de condições materiais, culturais e históricas. É somente acima
desse mínimo que as diferenças culturais podem atuar (e atuam), de modo a produzir a diversidade
que enriquece o patrimônio da humanidade. Note-se que a assertiva acima não pode ser objetada
com a afirmação (historicamente correta) de que nem sempre esse núcleo mínimo de direitos
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humanos foi reconhecido e respeitado nas diversas sociedades. De fato, uma coisa é o ser, outra
coisa é o dever-ser.
É certo que a convicção na supremacia dos valores ocidentais e na universalidade de um
determinado conjunto de direitos fundamentais (hoje tidos por muitos como essencialmente
burgueses), no passado, animou uma série de iniquidades contra os povos ditos “não civilizados”.
Nessas oportunidades, não foram poucas as alusões à “missão civilizadora do homem branco”,
cuja lembrança ainda hoje causa mal-estar generalizado.
No entanto, a resposta à questão a respeito da consistência ética dos diferentes costumes dos
diferentes povos não pode ser dada de modo satisfatório pelo relativismo cultural.
Uma teoria racional e eticamente consistente a respeito dos direitos fundamentais não pode
prescindir do reconhecimento de um núcleo mínimo e universal, por mais árdua que seja a tarefa
definir quais são os direitos pertencentes a esse núcleo mínimo. Caso contrário, aquilo que foi
conquistado em séculos de lutas pode ser perdido sob o manto de uma tolerância ilusória.
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análise deste trecho acaba sendo de fundamental importância na definição da teoria da margem
de apreciação, tendo em vista que dele podemos inferir a ideia fundamental dos defensores desta
doutrina.
É de se destacar que a aplicação da teoria da margem da apreciação pela Corte Européia de
Direitos Humanos não ficou restrita aos dois supracitados casos destacados acima, tendo a mesma
sido aplicada em outros importantes casos nesta referida Corte, como no “Caso Engel”, em que a
Corte mais uma vez autolimitou-se, afirmando que “cada Estado é competente para organizar
seu próprio sistema de disciplina militar e goza, na matéria, de certa margem de apreciação”,
bem como no “caso Cossey”, em que a Corte, ao tratar de questão relativa ao direito de os
transexuais de modificar a sua identidade e de ter direito ao casamento, decidiu que caberia a cada
Estado, de acordo com a sua margem de apreciação, decidir sobre o tema.
Todavia, em que pese a sua aplicação nos casos acima, é importante destacarmos que a teoria da
margem da apreciação não vem mais sendo aplicada de forma irrestrita pela Corte Européia de
Direitos Humanos. Com efeito, ao julgar o “caso Goldwin”, a Corte decidiu por não aplicar a
teoria da margem da apreciação, mudando assim o seu posicionamento, para, condenar o Reino
Unido por violação a determinados dispositivos da Convenção Americana de Direitos Humanos,
no caso, por violação ao direito à vida privada e ao direito do matrimônio. No deslinde deste caso,
a Corte Européia decidiu, ainda, que as suas decisões não são vinculantes e que o uso da teoria
da margem de apreciação deveria ser feito levando em consideração o princípio da
proporcionalidade.
Hodiernamente, vários são os juristas que criticam a teoria da margem de apreciação, por
entenderem que ela acaba conduzindo a uma relativização dos direitos humanos, o que acaba não
sendo interessante, tendo em vista a necessidade de se garantir uma aplicabilidade e eficácia cada
vez maior a estes direitos. Um destes mais eminentes críticos é o jurista brasileiro Antônio
Augusto CANÇADO DE TRINDADE, que, ao tratar do tema em sua obra Tratado de Direitos
Internacionais dos Direitos Humanos, destaca que: “É bom lembrar que o texto da Convenção
Européia de Direitos Humanos não contém nenhuma menção à margem de apreciação nacional:
pelo contrário, há a expressa obrigação dos Estados em garantir e respeitar os Direitos
Humanos, sem ressalvas ou titubeios”. Cançado de Trindade ainda comemora o fato de que tal
doutrina não encontrou um desenvolvimento paralelo explícito na jurisprudência sob a
Convenção Americana de Direitos Humanos.
Outro que não concorda com o uso da teoria da margem de apreciação é o professor inglês J. G.
Merrils, o qual destaca que “se uma Corte Internacional de Direitos Humanos utilizar em
demasia a “margem de apreciação”, ela será considerada conservadora e inapta para cumprir seu
papel de guardiã dos direitos humanos”. Para Merrils, a aplicação da teoria da margem de
apreciação acaba levando a um retrocesso na busca de uma maior efetividade dos direitos
humanos.
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Os críticos à teoria da margem de apreciação ainda rebatem o argumento dos defensores desta
doutrina, que afirmam que a aplicação da margem de apreciação possibilita que as Cortes
Internacionais de Direitos Humanos possam exercer sua função de forma subsidiária e moderada,
impossibilitando, assim, eventuais arbítrios do juiz internacional. Para estes críticos, a
subsidiariedade não deve implicar ou restringir a competência dos órgãos internacionais na
avaliação de eventuais violações de direitos humanos. Neste pórtico, cabe-nos registrar a seguinte
passagem do voto dissidente do Juiz Martens, no “caso Cossey” da Corte Européia de Direitos
Humanos (precedente já superado), o qual afirma que, “se uma coletividade oprime um indivíduo
porque não deseja receber mudanças sociais, a Corte deveria ter grande cuidado em não se
inclinar tão comodamente em favor de argumentos baseados nas particularidades históricas e
culturais de um país”.
Feitas estas considerações, podemos constatar que a teoria da margem de apreciação tem sua
aplicação realizada de forma mais restrita dentro do sistema europeu de direitos humanos, e
mesmo neste sistema vem sofrendo uma certa relativização em sua aplicabilidade, em decorrência
do princípio da proporcionalidade. Tal doutrina ainda não encontrou uma aplicação digna de nota
no nosso sistema americano de direitos humanos, o que para muitos deve ser festejado, tendo em
vista que isto acaba se traduzindo em uma aplicação mais efetiva dos Direitos Humanos no nosso
continente2.
existe um espaço interior livre de qualquer intervenção estatal. Em outras palavras, haveria um
espaço que seria suscetível de limitação por parte do legislador; outro seria insuscetível de
limitação. Neste caso, além da exigência de justificação, imprescindível em qualquer hipótese,
ter-se-ia um "limite do limite" para a própria ação legislativa, consistente na identificação de um
espaço insuscetível de regulação.
2) Os sectários da chamada teoria relativa (relative Theorie) entendem que o núcleo essencial há
de ser definido para cada caso, tendo em vista o objetivo perseguido pela norma de caráter
restritivo. O núcleo essencial seria aferido mediante a utilização de um processo de ponderação
entre meios e fins (Zvueck-Mittel-Prüfung), com base no princípio da proporcionalidade. O
núcleo essencial seria aquele mínimo insuscetível de restrição ou redução com base nesse
processo de ponderação. Segundo essa concepção, a proteção do núcleo essencial teria significado
marcadamente declaratório.
No Brasil, não temos qualquer tratamento expresso na legislação a respeito do tema, não ao menos
de forma direta e específica. Contudo, não se deve olvidar que a CF/88 veda qualquer proposta
de emenda tendente a abolir os direitos e garantias individuais (CF/88, art. 60, § 4ª, IV), pelo que
se pode ver aí, ainda que timidamente, uma tentativa de se limitar os limites.
12. Quais são as quatro dimensões do sistema internacional de proteção dos direitos
humanos?
O sistema internacional de proteção dos direitos humanos envolve quatro dimensões:
i) a celebração de um consenso internacional sobre a necessidade de adotar parâmetros mínimos
de proteção dos direitos humanos;
ii) a relação entre a gramática de direitos e a gramática de deveres; ou seja, os direitos
internacionais impõem deveres jurídicos aos Estados (prestações positivas ou negativas);
iii) a criação de órgãos de proteção (ex: Comitês, Comissões e Relatorias da ONU, destacando-
se, como exemplo, a atuação do Comitê contra a Tortura; do Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação Racial, da Comissão de Direitos Humanos da ONU, das Relatorias especiais
temáticas – Relatoria especial da ONU para o tema da tortura; relatoria para o tema da execução
extrajudicial, sumária e arbitrária; relatoria para o tema da violência contra a mulher; relatoria
para o tema da moradia; da pobreza extrema,…) e Cortes internacionais (ex: Corte Interamericana
de Direitos Humanos, Tribunal Penal Internacional,…);
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13. Qual é o impacto político e jurídico dos instrumentos internacionais de proteção dos
Direitos Humanos?
Para compreender o impacto jurídico destes tratados, a primeira regra a ser fixada é a de que os
tratados internacionais só se aplicam aos Estados-partes, ou seja, aos Estados que expressamente
consentiram com sua adoção. Como dispõe a Convenção de Viena: "Todo tratado em vigor é
obrigatório em relação às partes e deve ser observado por elas de boa fé.” Complementa o artigo
27 da Convenção: "Uma parte não pode invocar disposições de seu direito interno como
justificativa para o não cumprimento do tratado." Afirma-se assim a importância do princípio da
boa-fé na esfera internacional, pelo qual cabe ao Estado conferir cumprimento às disposições de
tratado com o qual livremente consentiu.Ora, se o Estado no livre e pleno exercício de sua
soberania ratifica um tratado, não pode posteriormente obstar seu cumprimento, sob pena de
responsabilização internacional.
Além do princípio da boa fé, outro princípio a merecer destaque é o princípio da prevalência da
norma mais benéfica.
A respeito, elucidativo é o artigo 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos que, ao
estabelecer regras interpretativas, determina que “nenhuma disposição da Convenção pode ser
interpretada no sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam
ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções
em que seja parte um dos referidos Estados”. Consagra-se, assim, o princípio da norma mais
favorável, seja ela do Direito Internacional, seja ela do Direito Interno. Na lição lapidar de
Antonio Augusto Cançado Trindade: "(...) desvencilhamo-nos das amarras da velha e ociosa
polêmica entre monistas e dualistas; neste campo de proteção, não se trata de primazia do direito
internacional ou do direito interno, aqui em constante interação: a primazia é, no presente
domínio, da norma que melhor proteja, em cada caso, os direitos consagrados da pessoa humana,
seja ela uma norma de direito internacional ou de direito interno." Nesta ótica, os direitos
internacionais constantes dos tratados de direitos humanos apenas vêm a aprimorar e fortalecer,
nunca a restringir ou debilitar, o grau de proteção dos direitos consagrados no plano normativo
constitucional.
Considerando os princípios da boa fé e da prevalência da norma mais benéfica, há que se avaliar
o impacto dos tratados de direitos humanos no âmbito interno e no âmbito internacional.
No plano interno, constata-se que os tratados internacionais de direitos humanos inovam
significativamente o universo dos direitos nacionalmente consagrados - ora reforçando sua
imperatividade jurídica, ora adicionando novos direitos, ora suspendendo preceitos que sejam
menos favoráveis à proteção dos direitos humanos. Em todas estas três hipóteses, os direitos
internacionais constantes dos tratados de direitos humanos apenas vêm a aprimorar e fortalecer,
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nunca a restringir ou debilitar, o grau de proteção dos direitos consagrados no plano normativo
constitucional. Neste sentido, os instrumentos internacionais de direitos humanos invocam a
redefinição da cidadania, a partir da incorporação, ampliação e fortalecimento de direitos e
garantias voltadas à proteção dos direitos humanos, a serem tutelados perante as instâncias
nacionais e internacionais. É fundamental a interação entre o catálogo de direitos nacionalmente
previstos e o catálogo de direitos internacionais, com vistas a assegurar a mais efetiva proteção
aos direitos humanos. Impõe-se ainda ao Estado o dever de harmonizar a sua ordem jurídica
interna à luz dos parâmetros mínimos de proteção dos direitos humanos – parâmetros estes
livremente acolhidos pelos Estados.
No plano internacional, os tratados internacionais permitem o monitoramento internacional do
modo pelo qual o Estado está implementando o tratado. Ao ratificar os tratados de direitos
humanos, contraindo as obrigações internacionais dele decorrentes, o Estado passa a aceitar o
monitoramento internacional no que se refere ao modo pelo qual os direitos fundamentais são
respeitados em seu território. O Estado passa, assim, a consentir no controle e na fiscalização da
comunidade internacional quando, em casos de violação a direitos fundamentais, a resposta das
instituições nacionais mostra-se falha ou omissa. Enfatize-se que o Estado tem sempre a
responsabilidade primária relativamente à proteção dos direitos humanos, constituindo a ação
internacional uma ação suplementar, adicional e subsidiária, que pressupõe o esgotamento dos
recursos internos para o seu acionamento. É sob esta perspectiva que se destaca a atuação dos
Comitês e Comissões da ONU e do próprio Tribunal Penal Internacional (a ser ainda instalado).
A ação internacional tem também auxiliado a publicidade e a visibilidade das violações de direitos
humanos, o que oferece o risco do constrangimento político e moral ao Estado violador, o que
tem permitido avanços e progressos na proteção dos direitos humanos. Vale dizer, ao enfrentar a
publicidade das violações de direitos humanos, bem como as pressões internacionais, o Estado é
praticamente “compelido” a apresentar justificações a respeito de sua prática, o que tem
contribuído para transformar uma prática governamental específica, no que se refere aos direitos
humanos, conferindo suporte ou estímulo para reformas internas. Quando um Estado reconhece
a legitimidade das intervenções internacionais na questão dos direitos humanos e, em resposta a
pressões internacionais, altera sua prática com relação à matéria, fica reconstituída a relação entre
Estado, cidadãos e atores internacionais.
Estas dimensões são capazes de realçar a dupla dimensão dos instrumentos internacionais de
proteção dos direitos humanos, enquanto: a) parâmetros protetivos mínimos a serem observados
pelos Estados e b) instância de proteção dos direitos humanos, quando as instituições nacionais
se mostram falhas ou omissas. Objetiva-se, de um lado, a observância de parâmetros protetivos
mínimos e, ao mesmo tempo, busca-se impedir retrocessos e arbitrariedades e propiciar avanços
no regime de proteção dos direitos humanos no âmbito interno. Esta é a maior contribuição que
o uso do sistema internacional de proteção pode oferecer: propiciar progressos e avanços internos
na proteção dos direitos humanos em um determinado Estado.
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Enfim, pode-se concluir que, com o intenso envolvimento da sociedade civil, o sistema
internacional constitui poderoso mecanismo para reforçar a proteção dos direitos humanos em
nossas regiões, invocando uma cidadania revitalizada e ampliada, pautada na prevalência absoluta
da dignidade humana.
15. De acordo com o Código de Conduta dos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei, o sigilo das informações confidenciais é de natureza absoluta?
Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei obtêm
informações que podem relacionar-se com a vida particular de outras pessoas ou ser
potencialmente prejudiciais aos seus interesses e especialmente à sua reputação. Deve-se ter a
máxima cautela na salvaguarda e utilização dessas informações as quais só devem ser divulgadas
no desempenho do dever ou no interesse. Qualquer divulgação dessas informações para outros
fins é totalmente abusiva.
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adequação das normas internas aos tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos,
em especial pela via abstrata, é medida que já deveria estar sendo muito mais difundida.
Pouquíssimo se fala acerca desse controle e da necessidade de adequação do ordenamento
jurídico interno com os tratados e convenções de Direitos Humanos.
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Universal dos Direitos Humanos, o Brasil passava a reconhecer a jurisdição obrigatória da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
Dentre os foros multilaterais dos quais o Brasil faz parte, certamente o Sistema Interamericano
de Direitos Humanos é dos que mais destaque tem tido nos anos mais recentes. A defesa estatal
perante a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos teve que se profissionalizar
em decorrência do adensamento jurisdicional ocorrido em todo o sistema. O aumento
significativo do número de casos brasileiros perante a Comissão, aliado à estruturação das
organizações não-governamentais pátrias e ao início da admissão de casos brasileiros à fase de
mérito, assim como a elevação dos primeiros casos do Brasil à esfera da Corte Interamericana
foram decisivos na mudança da atuação do Estado.
Inexistem regras que disciplinem, no plano interno, de que forma deverá ser conduzida a defesa
do Estado brasileiro perante o Sistema Interamericano. O certo é que as matérias levadas a esse
foro serão sempre complexas e delicadas, envolvendo aspectos políticos, jurídicos e diplomáticos,
do interesse de diversos atores.
Por isso, fez-se necessário que os órgãos da Administração Pública, notadamente a Advocacia-
Geral da União, o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, que seriam os mais diretamente envolvidos nas questões levadas ao Sistema
Interamericano, passassem a atuar conjuntamente, cada qual dentro de suas esferas de
competência, na condução da defesa do Estado brasileiro que será apresentada perante a
Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. A unificação do discurso e a atuação
em coordenação no plano interno foram determinantes para que a defesa estatal se tornasse
uníssona e coerente na esfera internacional, além de garantir a adequação da política nacional aos
princípios norteadores dos direitos humanos.
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prática impactava de forma desproporcional as mulheres, já que elas, na maioria dos casos,
trabalhavam em regime parcial para conciliar com o cuidado dos filhos.
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A referida petição versava sobre as dificuldades de acesso das pessoas trans aos direitos humanos
no Brasil, em especial, no que diz respeito à retificação do nome e do sexo no registro civil.
O memorial foi elaborado em resposta a convocatória da Corte IDH para colher manifestações
sobre o tema, aberta após uma solicitação da Costa Rica ao tribunal. “No documento enviado à
Corte Interamericana de Direitos Humanos, a DPU defendeu que se adote 1o paradigma da
desbiologização da identidade, e ressaltou que o memorial ‘não se perfaz como um burocrático
parecer técnico, mas, sobretudo busca incorporar as reivindicações e representações que espelham
um histórico de lutas pelo reconhecimento de direitos de vários segmentos LGBTI.”
Cumpre salientar que pessoas físicas também estão possibilitadas de ocuparem tal posição
(amicus curiae). Inclusive, o ilustre penalista Zaffaroni atuou como Amicus Curie no caso Fermin
Ramirez versus Guatemala.
28. Disserte sobre Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos.
As Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos, também conhecidas como
“Regras de Mandela”, apresentam como escopo salvaguardar, ainda que minimamente a
dignidade das pessoas encarceradas.
Dessa forma, nas notas introdutórias do referido tratado, fica clara a intenção de asseverar que as
pessoas privadas de liberdade devem manter seus direitos humanos irrevogáveis e todos os
demais direitos humanos e liberdades
fundamentais.
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