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Lista de exercícios de revisão do conteúdo de penal I

3° período, 2023.I
Professor: Cezar Augusto Rodrigues Costa
Monitores: Ana Luiza Nordi

1) Disserte sobre os elementos do crime. (Art. 26 e 27, CP)

Em primeiro lugar, cabe frisar que crime é toda conduta típica, ilícita e culpável.
Nesse sentido, a caracterização dos elementos de forma analítica manifesta a clara
influência do princípio da legalidade, em que, para ser crime, o fato deve estar previsto em
lei, e a conduta deve contrariar o próprio comando de abstenção ou ação exigido na norma
penal.
Além disso, cumpre salientar que, ainda que, na situação fática, haja a realização de
conduta típica e antijurídica, tal como o homicídio, para que ocorra o fenômeno da
tipicidade, fundamentado pela subsunção exata entre norma e fato, é exigido que o agente
o qual comete o injusto penal seja maior de 18 anos e são, de forma que averigua-se, no
Brasil, por meio de perícia para constatar capacidade cognitiva para a formação de vontade,
tal qual o dolo, aspecto volitivo, em sua plenitude.
Dito isto, desmembra-se a culpabilidade, compreendida pela reprovabilidade que
recai sobre o agente em sanidade e maturidade, pois, caso um destes, alternativamente ou
cumulativamente sejam constatados, estar-se-á diante de fato definido como crime, e não
crime.

2) João, acreditando estar levando remédios de seu melhor amigo em sua mala, é
parado na estrada e a polícia apreende o que, na verdade, eram drogas ilícitas em
formato similar aos ansiolíticos. Fundamente sobre a responsabilidade penal de
João.

Tratando-se de um engano e defeito na formação cognitiva do indivíduo perante à


realidade a qual está inserido, estamos diante de erro, tal qual pode-se verificar que, em
detrimento de similaridade das drogas com drogas lícitas, como ansiolíticos, além de ter
sido delegado transporte por uma pessoa que detém confiança de João, ao averiguar as
circunstâncias do caso concreto, conclui-se que, o sujeito não previu e nem teria como,
diante da situação, reconhecer a tipicidade do fato, em razão de não haver ciência de que
sua conduta constitui elementar de crime, o qual se encaixa perfeitamente em norma penal.
Além disso, usando o critério “do homem médio”, evidencia-se a imprevisibilidade
desta tipicidade, não podendo João, portanto, ser penalmente responsabilizado, caso não
haja previsão de modalidade CULPOSA, em razão de ERRO DE TIPO (art. 20, caput, CP).

3) Um motorista de ônibus com excesso de velocidade, aproximando-se do sinal,


ultrapassa o sinal que, logo após sua passagem, fica vermelho. Ao furar o sinal, o
motorista acaba atropelando um pedestre que estava atravessando a Avenida.
Disserte acerca de sua culpabilidade.
É preciso observar, inicialmente que, em razão do excesso de velocidade e
ultrapassagem de sinal, houve o atropelamento do pedestre. Dirigir com excesso de
velocidade, em regra, desobedece as normas gerais de atenção e cuidado mas, a conduta,
dirigir, propriamente dita, não constitui elementar de tipo ilícito no ordenamento jurídico.
Portanto, o que causa a antijuridicidade, recaindo juízo de reprovabilidade no motorista, é o
resultado - neste caso, lesão corporal - previsto no Código Penal. (Art 129, §6º).
Além disso, o art. 18, II, CP dispõe das modalidades de culpa: nesse caso, por
estarmos diante de um excesso de uma ação que vai em desconforme com as normas de
cuidado objetivas, diz-se que o título de culpa encontra-se tipificado como culposo em razão
de imprudência.

4) Mévio, aprovado em Medicina, foi desafiado por seus veteranos a pegar uma cueca
do reitor. Ao planejar o furto do objeto, entrando na casa deste, ouve barulhos
esquisitos na cozinha que estava escura; assustado, ouvindo sons de gritos e tiros,
aufere um soco e esfaqueia a empregada com seu canivete. Contudo, ao perceber,
ela estava apenas vendo uma novela mexicana em volume máximo em seu celular.
Analise a situação.

ITER CRIMINIS - preparo só pode ser punível quando for ato preparatório tipificado
previamente em lei - não responde por furto
Invasão de propriedade - dolo direto
Lesão corporal dolosa, a título de exclusão de ilicitude por descriminante putativa de
legítima defesa - isento de pena, em razão de ter acreditado estar em uma situação
inexistente OU ERRO DE PROIBIÇÃO (redução de pena)

5) Uma enfermeira ministra Penicilina, prescrito pelo médico plantonista. Contudo, por
ser alérgico, o paciente acaba tendo um choque anafilático, não resistindo a alta
dose ministrada. Sabendo que o falecido era o amante da mulher do médico que o
ressentia, e que o prontuário havia sido adulterado, comente sobre a
responsabilidade da enfermeira.

Erro de tipo determinado por terceiro; a enfermeira, em razão de obediência hierárquica e


relação de confiança com o seu colega de trabalho, acredita ministrar remédio adequado,
não conhecendo, portanto, sua própria conduta típica e aparentemente ilícita. É isenta de
pena, respondendo pelo resultado naturalístico apenas o médico responsável.

6) Joseph, turista holandês viajando pelo Rio de Janeiro, traz em sua mala cannabis de
sua plantação domiciliar, acreditando ser lícito o consumo e transporte de maconha
no estado visitado. Ao ser preso, contata seu irmão naturalizado, que vem a
encontrar um advogado para lhe defender. Relacione os princípios da
territorialidade, nacionalidade e bandeira, com a soberania nacional; (Art 5º, CP)

Como o lugar do crime foi no Rio de Janeiro, a jurisdição a ser acionada, em regra, é
a brasileira; o Brasil, sendo Estado soberano e detentor de aparato estatal suficiente para
punir atos contrários ao interesse nacional - ou seja, injusto penal - irá julgar a conduta
típica e aparentemente ilícita.
Apesar de ser estrangeiro, o local onde a consumação e exaurimento dos efeitos do
crime se protelaram no território brasileiro, devendo responder por seus atos, Joseph, no
Brasil.

7) ainda sobre a questão anterior, desenvolva uma síntese do que possa a ser a defesa
do advogado de Joseph, acerca da resposta estatal quanto a sua conduta.

O advogado em questão pode falar que, em detrimento de ser permitido em seu


país, ao visitar o Brasil, desconhecendo das diferenças de ordenamento jurídico dos dois
países em comento, bem como habituado a um comportamento tido como lícito em seu
país, pugna pelo reconhecimento do erro sobre a ilicitude do fato, em que conhece sua
conduta, mas a prática acreditando ser típica, mas lícita (Art. 21, CP).
Isto exposto, o advogado irá pleitear pela aplicação de seu parágrafo único, supondo
que o sujeito não conhecia a ilicitude do fato, e nem tinha meios para reconhecê-la.
Defender-se-á também a escusabilidade do erro, não derivando de negligência, por ser
estrangeiro, um hábito tido como “comum” em seu país de origem não incitaria dúvidas
quanto à licitude em outro local; por isso, poderia ser isento de pena (Art. 20 §1º, CP).

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