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Do Crime
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Direito Penal
Do Crime
INFRAÇÃO PENAL
CONCEITO E ESPÉCIES:
É possível definir infração penal como toda conduta previamente tipificada na legislação como sendo
ilícita. Ou seja, é a conduta, em regra praticada pela pessoa humana, que ofende um bem jurídico
penalmente tutelado, para a qual a lei estabeleça uma pena, seja reclusão, detenção, prisão simples ou
multa. Como afirma a doutrina, a infração penal é um gênero cujas espécies são: CRIME e
CONTRAVENÇÃO.
CRIME - trata-se de infração de maior potencial ofensivo, punida com pena de reclusão ou
detenção, podendo, também, cominada a pena de multa, seja cumulativa ou alternativamente.
O conceito legal de crime se encontra no art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal, nos seguintes
termos:
Art. 1° Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa (...)
ATENÇÃO! Considerando que o art. 28 da Lei no 11.343/06 (Lei de Drogas) não prevê pena de reclusão
ou detenção, houve descriminalização da conduta? NÃO! Segundo o STF, apesar de não prever pena de
prisão (reclusão ou detenção), o tipo penal do art. 28 da Lei de Drogas ainda é crime, havendo, apenas, a
despenalização.
CONTRAVENÇÃO - infração de menor potencial ofensivo, sendo punida com prisão simples ou
multa.
O conceito legal de contravenção encontra-se no art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal, nos
seguintes termos:
Art. 1° (...) contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
As contravenções são tratadas no Decreto-Lei no 3.688/41, também conhecida como Lei das
Contravenções.
SUJEITOS DO CRIME:
ATIVO – é aquele que ofende o bem jurídico protegido pelo Direito Penal, ou seja, é o agente que
comete a infração penal.
ATENÇÃO! Lembre-se que o STJ dispensa a teoria da dupla imputação. Dessa forma, é plenamente
possível que a pessoa jurídica seja denunciada e, inclusive, condenada sem que seja necessária a
condenação da pessoa física.
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PASSIVO – é o titular do bem jurídico ofendido, ou seja, é aquele que foi lesado pela infração penal
cometida pelo sujeito ativo.
CRIME – CONCEITO:
Inicialmente, é importante destacar que o conceito de crime não é único e pode ser definido de diversas
formas a depender do enfoque adotado. Nesse sentido, a doutrina apresenta 03 critérios bastante
comuns:
MATERIAL – é toda ação humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico de terceiro que, por
sua relevância, merece a proteção penal (busca identificar se a conduta é apta ou não a produzir
uma lesão a bem jurídico tutelado);
FORMAL – leva em conta o conceito legal de crime.
ANALÍTICO – estrutura o crime, ou seja, aborda os elementos do crime (para o critério analítico,
é possível conceituar o crime como sendo um fato típico, ilícito e culpável – TEORIA TRIPARTITE).
ATENÇÃO! O critério analítico é o mais exigido nos concursos públicos, sendo, portanto, nosso foco de
estudo das próximas aulas.
É importante destacar que, no critério analítico, só é possível falar em crime caso estejam presentes todos
os elementos (tipicidade, ilicitude e culpabilidade).
Em suma, para a existência do crime, é necessária a presença de todos os elementos, de forma que cada
um, na ordem apresentada, seja pressuposto do antecessor.
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EXERCÍCIOS
a) Sob o aspecto material, crime seria toda conduta que colide frontalmente com a lei penal editada
pelo Estado.
b) Segundo sua conceituação analítica, crime é o fato típico, ilícito e culpável.
c) Sob o aspecto formal, conceitua-se crime como aquela conduta que viola os bens jurídicos mais
importantes tutelados pelo Estado.
d) O conceito de crime está formal e expressamente positivado no Código Penal, em atenção ao
princípio da legalidade.
e) Segundo sua conceituação analítica, crime é o fato típico, ilícito, culpável e punível.
2. Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio ambiente, crime de discriminação e
preconceito e crime contra o consumidor, julgue o próximo item.
Pessoa jurídica que praticar crime contra o meio ambiente por decisão do seu órgão colegiado e no
interesse da entidade poderá ser responsabilizada penalmente, embora não fique necessariamente
sujeita às mesmas sanções aplicadas às pessoas físicas (CERTO\ERRADO).
FATO TÍPICO
É todo fato jurídico decorrente da conduta de um indivíduo que atenta contra um bem jurídico e, por tal
razão, o legislador resolveu reprimir por meio da criação de um tipo penal.
O tipo penal é a descrição, em lei, de uma conduta proibida e que enseja a cominação de uma pena.
Da mesma forma que o crime é formado por seus elementos (fato típico, ilicitude e culpabilidade), cada
um deles serão compostos por outros elementos. Em relação ao fato típico, os elementos são:
CONDUTA
RESULTADO
NEXO CAUSAL
TIPICIDADE
ATENÇÃO! A conduta produz o resultado, ligados entre si pela relação de causalidade, e, para ter
relevância penal deve operar-se o juízo de tipicidade.
CONDUTA
Sem adentrar nas teorias que, hoje, só tem relevância história, o Direito Penal brasileiro adota a chamada
TEORIA DA FINALIDADE OU FINALISTA para caracterizar a conduta (elemento do fato típico).
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Tendo em vista que a conduta penalmente relevante é aquela imbuída de consciência e de voluntariedade,
caso tais características não estejam presentes no caso concreto, ocorrerá sua exclusão. Dentre as causas
de exclusão da conduta, destacam-se:
COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL - força física irresistível, ou seja, ocorre quando o corpo do coato
(coagido) é utilizado como mera massa mecânica nas mãos do coator.
ATOS\MOVIMENTOS REFLEXOS - reação motora consequente de uma excitação dos sentidos,
sem expressão de vontade.
SONAMBULISMO\HIPNOSE – pessoa está em completo estado de inconsciência, destituído de
vontade.
EXERCÍCIOS
1. Considerando que um cidadão penalmente imputável tenha praticado um crime sob coação irresistível
de terceiro, julgue o item subsequente, à luz do entendimento doutrinário quanto ao fato típico e seus
elementos, à culpabilidade e suas respectivas causas excludentes.
Caso se trate de coação física absoluta, estará excluída a responsabilidade do cidadão coagido, assim como
o correspondente fato típico (CERTO\ERRADO).
CRIME DOLOSO
O crime doloso consiste na vontade livre e consciente de realizar os elementos do tipo incriminador. É a
regra no Código Penal Brasileiro: os crime são punidos a título de DOLO.
TEORIAS:
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ELEMENTOS:
CONSCIÊNCIA
(elemento cognitivo – o agente quer a produção do resultado de forma direta ou admite a sua
ocorrência)
+
VONTADE
(elemento volitivo – efetivo conhecimento de que determinado comportamento vai gerar determinado
resultado)
ESPÉCIES:
DIRETO
A vontade do agente é voltada a determinado resultado.
1° grau - vontade do agente direcionada a 2 ° grau - vontade do agente é direcionada a
determinado resultado perseguido, determinado resultado, em que a utilização
englobando os meios necessários para dos meios para alcançá-lo inclui,
tanto (ex.: o agente deseja matar um obrigatoriamente, efeitos colaterais de
desafeto; para tanto, dirige sua conduta ao verificação praticamente certa (dolo de
resultado e efetua vários disparos, consequências necessárias – o resultado
matando-o). colateral é certo, necessário e inevitável) –
não possui previsão em lei.
INDIRETO
É aquele em que o agente não tem a vontade dirigida a um resultado determinado.
OUTRAS ESPÉCIES:
BONUS e MALUS: diz respeito ao motivo do crime, que pode aumentar a pena (ex. motivo torpe),
ou diminuí-la (ex. relevante valor social ou moral).
PROPÓSITO: emana da reflexão do agente, ainda que por breve espaço de tempo – crimes
premeditados.
ÍMPETO: quando o autor pratica o crime motivado por paixão violenta ou excessiva perturbação
de ânimo – crimes passionais.
GENÉRICO: a vontade do agente se limita à prática da conduta típica, sem nenhuma finalidade
específica.
ESPECÍFICO: refere-se a vontade acrescida de uma finalidade especial.
DANO: quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurídico.
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PERIGO: o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de lesão um bem jurídico penalmente
tutelado.
EXERCÍCIOS:
a) se verifica com a consciência sobre os resultados necessários para atingir determinado fim e a
vontade de seguir adiante.
b) impede a desclassificação do delito para a forma tentada.
c) é puramente cognitivo no direito penal brasileiro.
d) está presente quando o agente tem consciência do risco criado por seu comportamento, considera
seriamente sua realização e se conforma com o resultado lesivo.
CRIME CULPOSO
É o que se verifica quando o agente, deixando de observar um deve objetivo de cuidado, por imprudência,
negligência ou imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado naturalístico, não
previsto e não querido, mas objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia,
com a devida atenção, ter evitado.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
ATENÇÃO! O § único do art. 18 traz a excepcionalidade do crime culposo: “Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.
ELEMENTOS:
CONDUTA VOLUNTÁRIA – é a vontade do agente à prática de uma conduta perigosa, por ele aceita
e desejada.
RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO – o agente não quis o resultado, mas este foi
causado pela violação do dever objetivo de cuidado (todo crime culposo integra o grupo dos
crimes materiais, ou seja, não se admite crime culposo de mera conduta).
VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO – é o comportamento imposto pelo ordenamento
jurídico a todas as pessoas, visando o regular e pacífico convívio social.
- IMPRUDÊNCIA: atuação sem observação das cautelas necessárias, “faz o que não deveria ter sido feito”;
- NEGLIGÊNCIA: omissão em relação à conduta que se devia praticar, “não faz aquilo que deveria ter sido
feito”;
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- IMPERÍCIA: sempre ocorre no âmbito de uma função na qual o agente, em que pese esteja autorizado a
desempenhá-la, não possui conhecimentos práticos ou teóricos para fazê-los a contento.
ESPÉCIES:
CAUSAS DE EXCLUSÃO:
EXERCÍCIOS:
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2. Majoritariamente a doutrina salienta que são duas as espécies de culpa: inconsciente e consciente.
Sobre o tema, é correto afirmar que na culpa:
a) inconsciente, o agente considera possível a realização do resultado típico, porém confia que isso
não sucederá;
b) inconsciente, faz parte da representação do agente a violação do dever de cuidado e do resultado
lesivo;
c) consciente, faz parte da representação do agente apenas a violação do dever de cuidado;
d) consciente, a censura penal deve ser menor quando considerada a mesma violação do risco
proibido;
e) consciente, o agente sabe do risco de seu comportamento, mas acredita que não acontecerá o
resultado.
CRIME PRETERDOLOSO
É uma espécie de crime qualificado pelo resultado, no qual há a prática de uma conduta dolosa visando
determinado resultado e ocorre uma resultado culposo mais grave do que o esperado.
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
CRIME OMISSIVO
É quando o agente não faz o que a lei manda, violando uma norma fundamental.
PRÓPRIA: o próprio tipo penal transforma a omissão em crime (ex.: crime de omissão de socorro
– art. 135, CP).
IMPRÓPRIA: a cláusula geral do art. 13, §2°, CP, ao descrever a omissão penalmente relevante,
transforma uma ação em crime omissivo (ex.: crime de homicídio cometido por omissão da mãe
– art. 121 c/c art. 13, §2°, CP).
A omissão é um indiferente penal, o omitente não responde pelo resultado, pois não o provocou. Se aceita
a responsabilização do omitente pela produção do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma
norma, o dever jurídico de agir (fonte formal de garantidor – a lei vai dizer quem é o garantidor). Então,
conclui-se que o Código Penal adotou a teoria normativa ao impor o dever jurídico de agir e transformar
a omissão em um crime omissivo impróprio.
Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
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ATENÇÃO! Os crimes omissivos próprios ou puros não alojam em seu bojo um resultado naturalístico, a
omissão é descrita pelo próprio tipo penal (ex. omissão de socorro do art. 135) – ou seja, são crimes de
mera conduta, razão pela qual são unissubsistentes e não admitem tentativa – em regra são crimes
dolosos, mas a lei prevê algumas hipóteses culposas (ex. art. 13, Lei 10826/03).
EXERCÍCIOS
2. O Código Penal estabelece que a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. Sobre a relevância da omissão, o dever de agir incumbe a quem
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) III e IV.
e) II, III e IV.
TEORIA DO ERRO
O erro é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal, isto é, o agente
não sabe o que faz. O Código Penal não distingue erro e ignorância.
Primeiramente, é necessário saber diferenciar o erro de tipo essencial (que exclui o dolo e,
consequentemente o crime) do erro de tipo acidental (a figura típica permanece íntegra).
É o erro que recai sobre as ELEMENTARES do tipo: o sujeito não age com dolo quanto a uma elementar e
não sabe que pratica um crime.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.
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Deve-se perquirir se o erro foi inescusável ou escusável, utilizando-se como parâmetro o homem médio.
ESCUSÁVEL INESCUSÁVEL
Exclui o dolo e a culpa (impunidade). Exclui o dolo, mas subsiste a culpa (se o
crime for punido a título de culpa).
É o erro que recai sobre CIRCUNSTÂNCIA e DADOS IRRELEVANTES do tipo penal. Não exclui o crime. O
agente responde pelo crime, pois há vontade de praticar o crime – não há isenção ou diminuição de pena.
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EXERCÍCIOS:
1. O erro de tipo essencial que recai sobre elementar impede que o agente saiba que está praticando o
crime e
2. Ao lado das hipóteses de erros essenciais figuram os chamados erros acidentais, que, ao contrário
daqueles, incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime, não afetando a decisão a
respeito da imputação. Uma hipótese de erro acidental é:
a) erro de tipo;
b) erro sobre a pessoa;
c) erro de proibição;
d) descriminantes putativas;
e) erro mandamental.
É a hipótese na qual quem pratica a conduta tem uma falsa percepção da realidade no que diz respeito
aos elementos constitutivos do tipo penal, em decorrência da atuação de terceira pessoa – chamada
agente provocador (o erro é provocado).
O provocador responde pelo crime dolo ou culposo (se previsto em lei). O provocado incide em erro de
tipo.
ERRO DE PROIBIÇÃO:
Chamado de “erro sobre a ilicitude do fato”, pode ser definido como a falsa percepção do agente acerca do
caráter ilícito do fato típico por ele praticado, de acordo com um juízo profano. O sujeito conhece a
existência de lei penal, mas desconhece ou interpreta mal seu conteúdo, ou seja, não compreende
adequadamente o seu caráter ilícito.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
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DIRETO INDIRETO
O agente desconhece o conteúdo de uma lei O agente conhece o caráter ilícito do fato,
penal proibitiva, ou se conhece, interpreta- mas no caso concreto, acredita
o de forma equivocada. erroneamente estar presente uma causa
excludente da ilicitude (se relaciona às
descriminantes putativas por erro de
proibição).
ESCUSÁVEL INESCUSÁVEL
Exclui a culpabilidade (ausência de Diminuição de pena de 1/6 a 1/3 (face da
potencial consciência da ilicitude). menor censurabilidade da conduta).
DESCRIMININANTES PUTATIVAS:
Expressam situações em que o agente acredita erroneamente estar acobertado por uma excludente de
ilicitude. É a causa de exclusão da ilicitude que não existe concretamente, mas apenas na mente do autor
do fato.
PRESSUPOSTOS DE FATO – (agente supõe situação fática que, na realidade, não existe) É o caso
daquele que, ao encontrar seu desafeto, e notando que tal pessoa coloca a mão no bolso, saca seu
revólver e o mata. Mas descobre depois, que a vítima fora acometida por cegueira, e não poderia
ter visto o seu agressor → ausente o requisito “agressão injusta”.
EXISTÊNCIA DE UMA CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE – (agente conhece a situação, mas
acredita que a excludente torna seu ato lícito) O sujeito que, após encontrar sua mulher com o
amante, mata ambos, por crer que está acobertado pela legítima defesa da honra → há erro pela
descriminante - não acolhida pelo CP.
LIMITES DE UMA CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE – (agente conhece a situação e teria, em
tese, direito a agir acobertado por uma excludente, mas age em excesso) Fazendeiro que reputa
adequado matar todo e qualquer posseiro que invada a sua propriedade → excesso, pois a defesa
da propriedade não permite esse tipo de reação desproporcional.
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EXERCÍCIOS
1. Sobre a Teoria do Erro, analise as proposições abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.
I- Em situação de erro determinado por terceiro, somente responderá pelo crime este terceiro.
II- Em situação de erro provocado por terceiro, não se pune o provocador que agiu com negligência.
III- Incorre em erro de proibição quem, fundada e concretamente, julga atuar conforme o direito, por
supor juridicamente permitida sua atuação.
IV- O cidadão holandês que, em sua primeira visita ao Brasil, desembarca com pequena quantidade de
droga ilícita para consumo pessoal, imaginando que tal fosse permitido entre nós, como em seu país de
origem, incide em erro de proibição.
V- Erro de tipo consiste na ausência ou na falsa representação da realidade, razão pela qual o agente
responderá por crime culposo, se culpa existir (erro evitável) e desde que o tipo penal de que se trate
preveja a forma culposa.
2. Depois de haver saído do restaurante onde havia almoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu
que lá havia esquecido sua carteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter
o direito de fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente ao dono do referido
restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Esse fato pode configurar
RESULTADO
É o segundo elemento do fato típico. Diz respeito, a consequência provocada pela conduta do agente.
JURÍDICO\NORMATIVO NATURALÍSTICO\MATERIAL
É a lesão ou a exposição a perigo de lesão É a modificação do mundo exterior
do bem jurídico protegido pela lei penal. provocada pela conduta do agente.
ATENÇÃO! Não há crime sem resultado jurídico, mas há crime sem resultado naturalístico (crimes
formais e de mera conduta, por ex. – a consumação ocorre como o mero resultado jurídico, dispensando
a mudança do mundo exterior para obtenção da tipicidade).
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RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
O nexo causal é o terceiro elemento do fato típico. O estudo da causalidade busca identificar o vínculo
formado entre a conduta praticada por seu autor e o resultado por ele produzido. Alcança somente o
resultado naturalístico, isto é, tem pertinência apenas aos crimes materiais.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido, quando ocorrer e como ocorreu. É a
regra do Código Penal.
Não diferencia causa (toda condição do resultado), condição (fator que autoriza à causa a produção de
seu efeito) ou ocasião (circunstância acidental que estimula favoravelmente a produção da causa). Há
regresso ao infinito – grande crítica.
ATENÇÃO! A resolução da crítica da teoria do infinito é resolvido pelo método da eliminação hipotética
de Thyrén – deve-se fazer uma regressão para descobrir as causas que influíram na produção do
resultado. Isto é, análise de dolo e culpa, pois o causador do resultado não necessariamente deve ser
responsabilizado pelo resultado. Suprime-se mentalmente determinado fato: se o resultado desaparecer
→ era causa; se com a sua eliminação permanecer íntegro o resultado → não se fala em causa.
CONCAUSAS
Via de regra, a causa do crime SEMPRE será a conduta do agente, exceto: concausas (art. 13, §1°, CP), que
são as causas que além da conduta do agente, são capazes de produzir o resultado.
ABSOLUTAS RELATIVAS
São aquelas que não se originam da Originam-se da própria conduta efetuada
conduta do agente, isto é, são pelo agente, daí serem relativas, pois não
absolutamente desvinculadas da sua ação existiriam sem a atuação criminosa, pois se
ou omissão ilícita. E, por serem conjugam com a conduta do agente – a
independentes, produzem por si sós o causa que gera o resultado se origina, ainda
resultado naturalístico, pois sempre
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EXERCÍCIOS
1. Nos exatos termos o art. 13, “caput” do CP, o resultado, de que depende a existência do crime, somente
é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa
2. Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com relação à aplicação da lei penal, à
teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro.
TIPICIDADE
A tipicidade é quarto elemento do fato típico. É entendida como o juízo de subsunção (quando o fato se
enquadra a norma) entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo descrito pelo tipo
penal – formal; ou, é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado em razão da prática
da conduta legalmente descrita - material.
Além da tipicidade formal, para a configuração da tipicidade é necessária uma análise materialmente
valorativas das circunstâncias, no sentido de se concluir sobre a ocorrência de alguma lesão grave,
contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. Deste modo, conforme o PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA – as condutas que ofendam minimamente os bens jurídico-penais tutelados não podem
ser consideradas crimes, pois não são capazes de lesionar de maneira eficaz o sentimento social de paz
aplicando este princípio, afasta a tipicidade material. O cabimento do referido princípio deve ser
analisado no caso concreto. Não obstante, o STF fixou 4 requisitos objetivos para nortear sua aplicação:
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Direito Penal
Do Crime
ATENÇÃO! Não confunda a aplicação do princípio da insignificância com a infração bagatelar imprópria
- aquela na qual se verifica que, apesar da conduta nascer típica (formal e materialmente típica), fatores
outros, ocorridos após a prática do delito, levam a conclusão de que a pena é desnecessária no caso
concreto (não afasta a tipicidade do fato).
EXERCÍCIOS
a) a adequação de um ato praticado pelo agente com as características que o enquadram à norma
descrita na lei penal como crime.
b) um juízo de valor negativo ou desvalor, indicando que a ação humana foi contrária às exigências
do Direito.
c) a voluntária omissão de diligência em calcular as consequências possíveis e previsíveis do próprio
fato.
d) um juízo de reprovação pessoal que recai sobre o autor do crime, que opta em praticar atos ou
omissões de forma contrária ao Direito.
e) uma ação delitiva de maneira consciente e voluntária.
2. Durante uma tragédia causada pela natureza, Júlio, que caminhava pela rua, é arrastado pela força do
vento e acaba se chocando com uma terceira pessoa, que, em razão do choque, cai de cabeça ao chão e
vem a falecer. Sobre a consequência jurídica do ocorrido, é correto afirmar que:
a) a tipicidade do fato restou afastada por ausência de tipicidade formal, apesar de haver conduta
por parte de Júlio;
b) a tipicidade do fato restou afastada, tendo em vista que não houve conduta penal por parte de
Júlio;
c) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de pena em razão da ausência de conduta;
d) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, não é culpável, devendo esse ser absolvido;
e) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilícita, devendo esse ser absolvido.
ITER CRIMINIS
É o itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção até aquele em que ocorre a
consumação. É um instituto exclusivo dos crimes dolosos.
FASES:
INTERNA
EXTERNA
PREPARAÇÃO – Corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal. Em regra, não
são puníveis, mas em casos excepcionais, é possível a punição de atos preparatórios nas
hipóteses em que a lei optou por incriminá-los de forma autônoma (crimes-obstáculo).
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Direito Penal
Do Crime
EXECUÇÃO – Se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da realização do núcleo do tipo
penal (há incidência do Direito Penal, configurando no mínimo um crime tentado).
CONSUMAÇÃO – O autor concretiza todas as elementares descritas pelo preceito primário de uma
lei penal incriminadora (crime completo ou perfeito), conforme preceitua o I, art. 14, CP: “Diz-se
o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”;
EXAURIMENTO – É o delito em que, posteriormente à consumação, subsistem efeitos lesivos
derivados da conduta do autor. Não influi na tipicidade, mas pode influir na dosimetria da pena.
EXERCÍCIOS
a) a consumação do crime formal requer o resultado naturalístico, pois dele depende a efetiva
violação do bem jurídico.
b) a cogitação é impunível, salvo em casos de milícia privada armada, grupo ou esquadrão.
c) o ato preparatório, por constituir uma antecipação da tutela penal, não admite tipificação própria
no Código Penal.
d) o exaurimento, por se dar após a consumação da pena, pode interferir na aplicação da pena, pois
é capaz de modificar o desvalor da ação.
TENTATIVA
(...)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.
A tentativa (crime imperfeito, manco ou incompleto), diz respeito ao início de execução de um crime que
somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O crime tentado NÃO goza de
autonomia. Pois não existe a tentativa por si só, de forma isolada → sua aplicação reclama a realização de
um tipo incriminador, previsto na parte especial ou pela legislação penal especial.
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Direito Penal
Do Crime
Resultado possível
TEORIAS
SUBJETIVA (voluntarística, monista) - O sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o
desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado → de forma excepcional adotada pelo
Código Penal.
ATENÇÃO! Crimes de ATENTADO - situações em que o crime consumado e crime tentado comportam
igual punição (adoção excepcional da teoria subjetiva).
OBJETIVA (realística, dualista) – A tentativa recebe punição inferior à do crime consumado, pois
o bem jurídico não foi atingido integralmente → adotada como regra no Código Penal.
A tentativa constitui causa obrigatória de diminuição da pena, incidindo na 3° fase de aplicação da pena
privativa de liberdade. Para se estabelecer o quantum, o critério decisivo é a maior ou menor proximidade
da consumação, é dizer, a distância percorrida do iter criminis.
ESPÉCIES
OBJETO
SUJEITO
PERFEITA\ACABADA – (crime falho) O agente esgota todos os meios executórios que estavam à
sua disposição e mesmo assim não sobrevém a consumação.
IMPERFEITA\INACABADA – (tentativa propriamente dita) O agente inicia a execução sem,
contudo, utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance.
BEM JURÍDICO
INADIMISSIBILIDADE DA TENTATIVA:
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Direito Penal
Do Crime
EXERCÍCIOS
1. Iter criminis corresponde ao percurso do crime, compreendido entre o momento da cogitação pelo
agente até os efeitos após sua consumação. Há relevância no estudo do iter criminis porque, conforme o
caso, podem incidir institutos como desistência voluntária, princípio da consunção e tentativa. Considera-
se punível o crime tentado no caso de:
2. Considere a seguinte hipótese: Caio, com intuito de obter vantagem econômica indevida, faz-se passar
por Júlio, filho de Aurélia e, nesse papel, realiza ligação telefônica para ela, pedindo depósito de
determinada quantia de dinheiro em conta de terceiro – seu cúmplice. Aurélia, inicialmente, se convence
e promete fazer o depósito, mas, depois de desligar o telefone, resolve procurar seu filho, descobre o
engodo e não deposita o dinheiro. Nesse caso, houve:
a) tentativa imperfeita.
b) tentativa perfeita.
c) tentativa vermelha.
d) tentativa cruenta.
e) crime impossível.
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são formas de tentativa abandonada, assim rotuladas
porque a consumação do crime não ocorre por razão da vontade do agente. É um estímulo ao agente para
evitar a produção do resultado de um crime cuja execução já se iniciou, em relação ao qual lhe é
perfeitamente possível alcançar a consumação → “ponte de ouro”.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.
Na primeira parte (desiste de prosseguir na execução) está a desistência voluntária. Na segunda parte
(impede que o resultado se produza) está o arrependimento eficaz.
ATENÇÃO! Afasta-se a tipicidade do crime inicialmente desejado pelo agente, subsistindo apenas a
tipicidade dos atos já praticados.
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Direito Penal
Do Crime
O agente não responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas somente pelos atos já
praticados;
REQUISITOS:
VOLUNTARIEDADE – Os atos devem ser livres de coação física ou moral, pouco importando se
são espontâneos ou não (a iniciativa pode emanar de terceira pessoa ou mesmo da vítima).
EFICÁCIA – É necessário que a atuação do agente, seja capaz de evitar a produção do resultado.
Se, embora, o agente tenha buscado impedir sua ocorrência, ainda assim o resultado se verificou,
subsiste a sua responsabilidade pelo crime consumado.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
O agente interrompe o processo executório do crime, abandonando a prática dos demais atos necessários
e que estavam à sua disposição para a consumação. É similar a tentativa, mas a diferença reside no
momento da interrupção do iter criminis.
ATENÇÃO! Fórmula clássica de Frank: Desistência Voluntária: posso prosseguir, mas não quero;
Tentativa: quero prosseguir, mas não posso;
ARREPENDIMENTO EFICAZ
ATENÇÃO! O arrependimento eficaz apresenta um ponto em comum com a tentativa, pois o agente esgota
todos os meios de execução que se encontravam à sua disposição.
ATENÇÃO! Estes institutos são incompatíveis com os crimes culposos (salvo, culpa imprópria), formais
e de mera conduta.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços.
É a “ponte de prata”. O crime está consumado e o agente não pode ser beneficiado com a exclusão da
tipicidade, mas poderá ter a pena reduzida.
Este instituto é inaplicável nos delitos em que não há dano a ser reparado ou coisa a ser restituída, ou
seja, é cabível somente nos delitos patrimoniais ou em delitos que apresentem efeitos de índole
patrimonial.
FUNDAMENTOS
PROTEÇÃO DA VÍTIMA, que deve ser amparada em relação aos demais danos sofridos.
FOMENTO DO ARREPENDIMENTO POR PARTE DO AGENTE, que se mostra mais preocupado com
as consequências de seu ato, reduzindo as chances de reincidência.
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Direito Penal
Do Crime
REQUISITOS
Crime praticado SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA: a violência contra a coisa não
exclui o benefício, e em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior.
Reparação do dano ou restituição da coisa VOLUNTÁRIA (sem coação física ou moral – pode ser
dar em razão de orientação de terceiros), PESSOAL (salvo na hipótese de comprovada
impossibilidade) e INTEGRAL;
Limite temporal: até o RECEBIMENTO da denúncia ou queixa.
Quanto mais rápida e mais verdadeira, maior será a diminuição da pena (2/3); quanto mais lenta, desde
que até o recebimento da denúncia ou queixa e menos sincera, menor a diminuição (1/3).
ATENÇÃO! A recusa do ofendido, seja qual for o motivo que leva a vítima a agir dessa forma, o agente não
pode ser privado da diminuição da pena se preencher os requisitos legalmente previstos para a concessão
do benefício.
EXERCÍCIOS
a) responderá pelo resultado pretendido inicialmente, nos crimes de mera conduta, o agente que,
após iniciar os atos de execução, impedir que o resultado se produza;
b) terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 o agente que, por ato voluntário, reparar o dano causado em
crime praticado sem violência à pessoa, após a sentença recorrível;
c) responderá apenas pelos atos até então praticados o agente que, voluntariamente, desistir de
prosseguir na execução do crime;
d) responderá pela tentativa o agente quando, em razão da ineficácia absoluta do meio, for
impossível consumar-se o crime;
e) terá a pena reduzida de 2/3 o agente que reparar o dano no crime de peculato culposo após a
sentença irrecorrível.
Caracteriza o arrependimento eficaz aquele no qual o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui
a coisa até o recebimento da denúncia (CERTO\ERRADO).
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Direito Penal
Do Crime
CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime.
De acordo com expressa previsão legal, não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime (crime oco, quase crime ou
tentativa inidônea). É uma causa de exclusão da tipicidade, pois o fato praticado pelo agente não se
enquadra em nenhum tipo penal.
Há diversas teorias que fundamentam o instituto em estudo, mas cumpre nos destacar que, o Código
Penal adota a teoria objetiva temperada - a responsabilização de alguém pela prática de uma conduta
depende de elementos objetivos e subjetivos – quando a conduta não tem potencialidade para lesar o
bem jurídico, ela é idônea, de modo que os meios empregados e o objeto do crime devem ser
absolutamente inidôneos a produzir o resultado idealizado pelo agente.
INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO – O meio de execução, por sua natureza ou essência, é incapaz
de produzir o resultado.
IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO – O objeto material é absolutamente impróprio quando
inexistente antes do início da prática da conduta ou ainda quando, nas circunstâncias em que se
encontra, torna impossível a sua consumação.
ATENÇÃO! Estes requisitos devem ser analisados DEPOIS da prática da conduta com a qual se deseja
consumar o crime → não pode ser estabelecida em abstrato, previamente, mas sim no caso concreto, após
a realização da conduta.
CUIDADO COM A SÚMULA! Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto (Súmula 567 do STF).
EXERCÍCIOS
2. No que concerne aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente.
A adoção de sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico, por si só, não torna impossível
a configuração do crime de furto (CERTO\ERRADO).
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Direito Penal
Do Crime
ILICITUDE – ANTIJURIDICIDADE
Segundo elemento que compõe a estrutura analítica do crime. É a contrariedade entre o fato típico
praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de lesionar ou expor a perigos de lesão bens
jurídicos penalmente tutelados (é posterior e dependente da tipicidade).
Para saber se o fato típico também é ilícito, deve-se investigar se há alguma norma no ordenamento
jurídico que permite aquele comportamento. Tal norma não precisa ser de direito penal, podendo fazer
parte de outro ramo do direito.
O Código Penal adotou a teoria da ratio cognoscendi (indiciariedade), em que seguindo o modelo finalista,
se há fato típico, presume-se, relativamente, que ele é ilícito. O fato típico é o indício da ilicitude que deve
ser afastada mediante prova em contrário.
CAUSAS DE EXCLUSÃO
Um fato típico pode ser lícito, desde que o seu autor demonstre ter agido acobertado por uma causa de
exclusão da ilicitude.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
| Extrapenais → art. 1210, CC; art. 37, I, Lei dos crimes ambientais e etc.
O reconhecimento de uma causa de exclusão de ilicitude depende dos requisitos legalmente previstos,
relacionados ao aspecto exterior ao fato e aos requisitos subjetivos (conhecimento da situação
justificante pelo agente). As fontes das causas de justificação são: a lei (estrito cumprimento do dever
legal e exercício regular do direito), a necessidade (estado de necessidade e legítima defesa) e a falta de
interesse (consentimento do ofendido).
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Causa supralegal de exclusão da ilicitude, é a anuência do titular do bem jurídico ao fato típico praticado
por alguém. O consentimento funciona como uma causa de justificação quando o direito concede
prioridade ao valor da liberdade de atuação da vontade frente ao desvalor da conduta e do resultado
causado pelo delito que atinge bem jurídico disponível. Aplica-se aos delitos em que o único titular do
bem ou interesse juridicamente protegido é a pessoa que aquiesce e que pode livremente dispor.
ESTADO DE NECESSIDADE
Depende de uma colisão entre bens jurídicos pertencentes a pessoas diversas, que soluciona com a
autorização conferida pelo ordenamento jurídico para o sacrifício de um deles para preservação do outro.
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Direito Penal
Do Crime
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.
REQUISITOS:
Perigo ATUAL – a exposição do bem jurídico a uma situação de dano deve estar ocorrendo no
momento em que o fato é praticado.
Perigo NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE – sua origem pode advir de um
fato da natureza, de seres irracionais ou de uma atividade humana.
AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO – qualquer bem jurídico pode ser protegido pela lei,
desde que seja legítimo; e, para a proteção de bem de 3°, a lei não reclama a existência de uma
relação de parentesco ou intimidade.
AUSÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO – aquele que tem o dever de submissão
a situação de perigo, não está autorizado a sacrificar bem de 3°, ainda que para salvar outro bem
jurídico.
INEVITABILIDADE – se o caso afastar o perigo por qualquer outro meio, a ser aferido de acordo
com o juízo do homem médio e diverso da prática do fato típico, por ele deve optar o agente.
PROPORCIONALIDADE – relação de importância entre o bem jurídico sacrificado e o bem jurídico
preservado no caso concreto.
ESPÉCIES:
DEFENSIVO x AGRESSIVO
Essa classificação leva em consideração a relação que existe entre a pessoa possuidora do bem jurídico
sacrificado e a situação de perigo atual. O estado de necessidade defensivo ocorre quando a pessoa que
causou a situação de perigo atual é a que tem o bem jurídico sacrificado. Por outro lado, o estado de
necessidade agressivo é aquele em que o bem jurídico sacrificado é de um indivíduo que não possui
qualquer relação com a situação de perigo.
JUSTIFICANTE x EXCULPANTE
O estado de necessidade justificante ocorre quando o bem jurídico sacrificado tem valor igual ou inferior
ao bem jurídico protegido. Nesse caso, será uma hipótese de exclusão da ilicitude.
Por outro lado, o estado de necessidade exculpante ocorre quando o bem jurídico sacrificado tem valor
superior ao bem jurídico protegido. Nessa segunda classificação, ter-se-ia uma hipótese de exclusão da
culpabilidade.
RECÍPROCO
É possível que, num caso concreto, duas ou mais pessoas ajam, simultaneamente, em estado de
necessidade, umas contra as outras.
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Direito Penal
Do Crime
TEORIAS:
UNITÁRIA – o bem sacrificado seja de igual valor ou de valor inferior ao bem jurídico preservado
(exclusão da ilicitude); todavia, se o interesse for superior ao preservado, sendo razoável exigir-
se o sacrifício do direito ameaçado, subsiste o crime, autorizando diminuição da pena (1 a 2/3).
Adotada pelo Código Penal.
DIFERENCIADORA – diferencia o estado de necessidade justificante (excludente de ilicitude) do
estado de necessidade exculpante (excludente de culpabilidade). Adotada pelo Código Penal
Militar.
ATENÇÃO! A jurisprudência tem reconhecido o estado de necessidade no furto famélico (praticado com
o intuito de saciar a fome imediata em situação de extrema e comprovada urgência).
EXERCÍCIOS
II. As fontes das causas de justificação são a lei, a necessidade e a falta de interesse.
a) I e III.
b) I e IV
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
2. A prática do fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, é
considerado:
3. Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.
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Direito Penal
Do Crime
LEGÍTIMA DEFESA
É a possibilidade outorgada pelo Estado (quando impossível sua intervenção tempestiva) ao indivíduo
de se defender de uma injusta agressão sofrida, desde que aja sem excessos.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida
refém durante a prática de crimes.
ATENÇÃO! É importante destacar, meu aluno, que é possível a existência simultânea de mais de uma
excludente na mesma situação fática.
REQUISITOS:
AGRESSÃO
ATENÇÃO!
MEIOS NECESSÁRIOS – são aqueles que o agente tem à sua disposição para repelir a agressão
injusta, no momento em que é praticada.
USO MODERADO DOS MEIOS – o juiz compara o comportamento do agredido com aquele que, em
situação semelhante, seria adotado por um ser humano (homem médio) → a ponderação, aferida
no caso concreto leva em conta diversas circunstâncias.
EXERCÍCIOS
1. A respeito das hipóteses de exclusão de ilicitude, constantes do Código Penal, é correto dizer que:
a) no estado de necessidade, ainda que seja razoável exigir o sacrifício do direito que se visou
salvaguardar, o agente restará isento de pena.
b) a legítima defesa é justificável para repelir injusta agressão a direito próprio ou a direito alheio.
c) o estado de necessidade é justificável apenas para salvaguarda de direito próprio, não englobando
direito alheio.
d) quando o agente age em estado de necessidade, legítima defesa ou em estrito cumprimento do
dever legal, incorre em crime, mas restará isento de pena, desde que não caracterizado o excesso,
doloso ou culposo.
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Direito Penal
Do Crime
e) a legítima defesa específica aos agentes de segurança pública, prevista no parágrafo único do art.
25, do Código Penal, aplica-se apenas quando em causa vítima de crime de extorsão mediante
sequestro.
2. Com relação à ilicitude e às suas causas de justificação, julgue o item que se segue.
Diferentemente do estado de necessidade em que o necessitado pode dirigir a sua conduta contra terceiro
alheio ao fato, na legítima defesa o agredido deve dirigir o seu comportamento defensivo contra o
agressor (CERTO\ERRADO).
ESPÉCIES
RECÍPROCA
A legítima defesa recíproca é aquela que ocorre quando os dois lados agem acobertados pela legítima
defesa. O Direito Penal NÃO admite essa tese, pois, a legítima defesa tem como pressuposto a injusta
agressão, dessa forma, não há como ambos os lados alegarem a excludente de ilicitude.
SUCESSIVA
A legítima defesa sucessiva ocorre quando a vítima de uma injusta agressão excede em sua legítima
defesa. Tendo em vista que a legítima defesa não autoriza o excesso, nessa situação, o Direito Penal
permite, portanto, que um dos polos se defenda desse excesso.
PUTATIVA
A legítima defesa putativa ocorre quando o agente, acreditando estar sofrendo uma injusta agressão,
pratica condutas que visam sua “defesa”. É importante ressaltar que o indivíduo que é surpreendido pela
legítima defesa putativa de terceiro contra si, pode agir em legítima defesa real, já que aquela não deixa
de ser uma injusta agressão.
ATENÇÃO! A legítima defesa não admite o excesso, assim, o agente deve cuidar que seu uso seja
moderado, sob pena de responder, inclusive, criminalmente. Como dito anteriormente, o excesso deve
ser analisado no caso concreto, levando em consideração todas as circunstâncias do contexto fático. A
doutrina apresenta uma classificação do excesso:
É importante ressaltar que o Código Penal não trouxe um conceito legal dessa modalidade de exclusão
da ilicitude. Mas a doutrina entende o estrito cumprimento do dever legal ocorre quando se pratica um
ato para atender uma norma jurídica. É a prática de um fato típico, em razão de cumprir o agente uma
obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não.
ATENÇÃO! O estrito cumprimento deve ser estritamente dentro da lei, ou seja, deve obedecer à risca os
limites a que está subordinado.
Em regra, o estrito cumprimento do dever legal está associado à atuação dos agentes públicos,
principalmente, na área policial e de fiscalização. Nesse sentido, para não inviabilizar o desempenho das
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Direito Penal
Do Crime
atividades inerentes ao cargo público, o Direito Penal criou uma hipótese de exclusão de ilicitude que
autorizasse o agente público a praticar condutas típicas, porém, não ilícitas.
ATENÇÃO! Em uma questão de concurso público, sempre que você se deparar com o tema “excludente
de ilicitude” e o contexto envolver a atuação de um agente público, será hipótese de estrito cumprimento
do dever legal. A exceção fica por conta do contexto fático em que ocorre uma morte, nesse caso, o agente
público irá alegar a legítima defesa.
O exercício regular de direito é a excludente de ilicitude que ocorre quando um particular faz uso de uma
faculdade que lhe é conferida pelo ordenamento jurídico. Quem está autorizado a praticar um ato,
reputado pela ordem jurídica como o exercício de um direito, age licitamente → o exercício, deve estar
previsto em lei (ex.: particular que prende alguém em flagrante delito).
EXERCÍCIOS
2. Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item subsequente.
Segundo o Código Penal, o agente que tenha cometido excesso quando da análise das excludentes de
ilicitudes será punido apenas se o tiver cometido dolosamente (CERTO\ERRADO).
Segundo a classificação doutrinária dominante, os ofendículos, desde que instalados com moderação,
caracterizam situação de exclusão de antijuridicidade (CERTO\ERRADO).
CULPABILIDADE
É o juízo de censura, o juízo de reprovabilidade que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade
do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
O juízo de culpabilidade recai sobre o autor para analisar se ele deve ou não suportar uma pena em razão
do fato cometido. Ao contrário dos dois primeiros elementos do crime, na culpabilidade considera-se o
perfil subjetivo do agente, abandonando-se o parâmetro do “homem médio”.
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Direito Penal
Do Crime
O estudo da culpabilidade é fundamentada pela teoria normativa limitada, que possui como elementos a
imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. Os três elementos
são normativos. Os elementos psicológicos foram transferidos para o fato típico, alojando-se no interior
da conduta. O dolo passa a ser natural e a consciência da ilicitude passa a ser potencial, ou seja, bastava
que o agente, na situação real, tivesse a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do fato praticado, com
base em um juízo comum.
ATENÇÃO! Esses elementos estão ordenados hierarquicamente, de tal modo que o 2° pressupõe o 1° e o
3°, os dois anteriores.
CULPABILIDADE DIRIMENTES
- Menoridade penal
- Doença mental
Imputabilidade - Desenvolvimento mental retardado e
incompleto
- Embriaguez acidental completa
EXERCÍCIOS
1. A culpabilidade
a) como circunstância judicial na aplicação da pena deve ser avaliada sempre positivamente sob
pena de configuração de dupla punição pelo mesmo fato.
b) fundada na teoria psicológica abarca a imputação objetiva do funcionalismo teleológico.
c) é excluída com o reconhecimento da prescrição da pretensão executória em razão das
consequências garantistas do instituto.
d) fundada na teria extremada compreende as discriminantes putativas como erro de tipo.
e) como juízo de reprovação exige que se tenha a possibilidade de saber que a ação praticada é
proibida.
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Direito Penal
Do Crime
IMPUTABILIDADE PENAL
É a capacidade mental, inerente ao ser humano de, ao tempo da ação ou omissão, entender o caráter ilícito
do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A imputabilidade deve ser aferida no momento da ação ou omissão (teoria da atividade). O Brasil adotou
um critério cronológico, em que, toda pessoa a partir do início do dia em que completa 18 anoS de idade,
presume-se imputável.
CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO
HIPÓTESES DE INIMPUTABILIDADE
MENORIDADE
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial.
CUIDADO COM A SÚMULA! A prova da menoridade deve ser feita por qualquer documento hábil
(Súmula 74\STJ).
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Engloba problemas patológicos e também os de origem toxicológica, a doença pode ser permanente ou
transitória, além disso, não é necessário que emane de enfermidade mental, pois há enfermidades que
atingem o aspecto psicológico do indivíduo.
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Direito Penal
Do Crime
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A perturbação da saúde mental também é uma doença mental, não elimina totalmente, mas reduz, por
parte do agente, a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse
entendimento. O semi-imputável, por necessitar de tratamento especial curativo, pode ter a pena
substituída por medida de segurança → este pratica um fato típico e ilícito, por isso recebe uma sentença
condenatória.
Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A embriaguez é uma intoxicação aguda produzida no corpo humano pelo álcool ou por substância de
efeitos análogos.
Acidental – é a embriaguez decorrente de caso fortuito (o indivíduo não percebe ser atingido pelo
álcool ou substância de efeitos análogos ou desconhece uma condição fisiológica que o torna
submisso às consequências da ingestão de álcool) e força maior (o sujeito é obrigado a beber).
ATENÇÃO! TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (ação livre em sua causa) – Essa teoria explica como é
possível a punição do agente em caso de embriaguez não acidental. Para aferir-se a imputabilidade penal
no caso da embriaguez, despreza-se o tempo em que o crime foi praticado → considera-se como marco
da imputabilidade penal o período anterior à embriaguez, em que o agente espontaneamente decidiu
consumir bebida alcoólica ou substância de efeitos análogos. Desenvolvida para a embriaguez
preordenada, mas estende-se à embriaguez não acidental.
EMOÇÃO E PAIXÃO:
I - a emoção ou a paixão;
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Direito Penal
Do Crime
O Código Penal se vale de um critério legal, ao estatuir taxativamente que a emoção (perturbação
transitória do equilíbrio psíquico) e paixão (emoção mais intensa) não elidem o apontado elemento da
culpabilidade. Se o crime foi cometido sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima, a pena será atenuada.
EXERCÍCIOS
Para que a conduta do autor seja reprovável é necessário que o autor ao menos saiba da ilegalidade de
seus atos, ou que tenha a possibilidade de conhecê-la.
Ninguém pode argumentar que não sabia que tal conduta era proibida para que não seja punido. Essa
premissa, no entanto, não é absoluta, e pode variar a depender das circunstâncias sociais e pessoais do
agente delitivo. É possível que o indivíduo pratique uma conduta típica e ilícita sem saber que o que está
fazendo é errado (erro de proibição), e que a depender das circunstâncias, tal erro poderá ensejar a
exclusão de sua culpabilidade. Vejamos, o que diz o Código Penal:
CP- Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Novamente, veja que o desconhecimento da lei é inescusável – como cidadãos, todos temos o dever de
conhecer as leis que regem o nosso ordenamento jurídico. Entretanto, como já afirmamos anteriormente,
é importante observar que é simplesmente impossível que todos os cidadãos tenham o conhecimento de
todas as leis. Dessa forma, a doutrina rege que o que se cobra do cidadão é o chamado conhecimento do
profano. Conhecimento do profano é aquele que pode ser obtido por um homem leigo que faz parte de
nossa sociedade. Portanto, o conhecimento social que permite diferenciar entre o certo e o errado.
É um juízo sobre as opções que o agente possuía no momento que praticou o fato típico e ilícito. Basta
fazer a seguinte pergunta: Podia o agente ter agido de outra forma? Ao responder esse questionamento,
estaremos avaliando a reprovabilidade da conduta sob um prisma diferente, considerando as
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Direito Penal
Do Crime
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Na coação moral irresistível, temos um coator (aquele que ameaça) e um coagido. O coator faz uma grave
ameaça ao coagido ou a um terceiro, de modo que este se sinta obrigado a fazer ou deixar de fazer algo,
senão sofrerá as consequências. Desde que essa coação seja irresistível, o coagido não responderá pelos
atos delituosos que praticar.
ATENÇÃO! Se for dirigida a pessoa estranha, pode até ser excluída a culpabilidade, em face de causa
supralegal fundada na inexigibilidade de conduta diversa.
Trata-se de manifestação da autoria mediata (não há vínculo subjetivo entre as partes), pois o coautor
valeu-se de uma pessoa sem culpabilidade para realizar a infração penal.
Se, avaliando a situação, nota-se que era possível ao coagido resistir à coação moral por ele sofrida, este
responderá pelo crime que praticou, porém de forma atenuada.
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
É uma previsão específica para o direito público, de modo que não se aplica a relações de direito privado,
como a que existe entre o proprietário de uma empresa e seus empregados, em que será possível
considerar que não havia a exigibilidade de conduta diversa ocorre quando o autor do crime agiu em
obediência à uma ordem de um superior hierárquico.
1) Ordem não manifestamente ilegal – a ordem deve aparentar ser legal, se for manifestamente
ilegal, o subordinado não é obrigado a cumpri-la.
2) Ordem originária de superior hierárquico – o superior hierárquico que emite a ordem deve ser
competente.
3) Presença de pelo menos 3 pessoas – mandante da ordem → executor → vítima do crime.
4) Cumprimento estrito da ordem – o executor não pode ultrapassar, por conta própria, os limites
da ordem que lhe foi endereçada.
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Direito Penal
Do Crime
Inexiste, nesta dirimente, concurso de pessoas entre o mandante e o executor da ordem não
manifestamente ilegal, por falta de unidade de elementos subjetivos relativamente à produção do
resultado.
Se a ordem for manifestamente ilegal, mandante e executor respondem pela infração penal, pois se
caracteriza o concurso de agentes (superior – agravante | subalterno – atenuante).
EXERCÍCIOS
1. Com relação a aspectos gerais do direito penal brasileiro, julgue o item a seguir.
Incidindo o agente em erro sobre a proibição de sua conduta pelo ordenamento jurídico, sem consciência
da ilicitude, seu comportamento estará isento de pena, em razão de uma excludente de punibilidade
(CERTO\ERRADO).
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