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mental
O trabalho visa demonstrar os casos de inimputabilidade penal por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, nos termo do artigo 26 do Código Penal,
com ênfase na análise descritiva dos elementos que compõe crime, conforme teoria tripartida
do delito.
Por Aparecida Kele de Araujo Moraes
DIREITO PENAL | 18/AGO/2018
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A inimputabilidade é o termo associado ao agente que, ao tempo da infração penal,
não tinha o discernimento necessário para compreender a proibição imposta, bem
como as consequências de sua conduta.
Fator esse que, em tese, exclui a sua responsabilidade sobre os danos ocasionados
por seu comportamento. Inicialmente, cumpre destacar que o Código Penal
Brasileiro (BRASIL, 1940) dispõe em seus artigos 26 a 28 sobre a imputabilidade
penal, elencado os casos em que o agente é isento de pena, sendo considerado,
portanto, como inimputável.
Ainda dispõe o autor (2015, p. 499, 500) que o sistema jurídico penal brasileiro
apresenta hipóteses diversas como respostas jurídicas aos agentes que praticam
condutas ilícitas, elencando quatro hipóteses existentes, sendo elas: a) aplicação de
pena ao agente considerando imputável; b) aplicação de uma pena reduzida ou
ainda aplicação de medida de segurança ao semiimputável; c) a terceira hipótese
trata-se da aplicação de medida de segurança ao inimputável psíquico; d) e por
último, aplicação da medida socioeducativa ao inimputável etário, ou seja, ao
menor infrator.
Teoria do Crime
Art. 1º – Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou
de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Frisa-se que os dois primeiros elementos que compõe o crime, segundo Brandão
(2010, p. 125), trata-se de juízos sobre a ação humana. No entanto, para que o
crime exista, além da tipicidade e da antijuridicidade, também é necessário que se
faça um juízo sobre o agente, juízo esse que corresponde à culpabilidade.
Há ainda a corrente tripartida causalista que define o crime com um fato típico,
antijurídico e culpável, diferenciando-se da tripartida, teoricamente finalista, por
divergirem quanto ao elemento subjetivo do crime, qual seja, o dolo e a culpa. Isto
pois, na corrente tripartida causalista o elemento subjetivo está inserido na
culpabilidade, enquanto na outra ele está inserido no elemento da tipicidade.
Importante destacar que existem várias outras correntes sobre o exame analítico do
crime, no entanto, sem nenhuma expressão relevante. Frisa-se, portanto, que a
corrente tripartida finalista é amplamente majoritária na doutrina brasileira.
Por oportuno, destaca-se que existem várias correntes filosóficas que adotam a
visão bipartida, tripartida ou quadripartida para conceituar o crime, as quais se
destacam: neokantismo, finalismo, teoria social da ação, funcionalismo, teoria
significativa da ação, entre outras.
Para o exame analítico do crime, necessário que se faça uma análise distinta de
cada elemento, destacando-se que na falta de qualquer um deles não existe crime.
A respeito dos elementos que integram o fato típico, dispõe Mirabete e Fabrini
(2007, p.146) que a conduta é o comportamento humano com um fim específico,
enquanto o resultado é considerado, num sentido normativo, com uma lesão ou
perigo de lesão a um bem jurídico, e a relação de causalidade é a ligação entre a
conduta e o resultado (causa e efeito).
Porquanto, não basta, para a ocorrência de um crime, que o fato seja típico, é
necessário também que seja antijurídico, ou seja, contrário à lei penal, e ainda que
exista a violação de bens jurídicos protegidos pelo ordenamento jurídico.
O Código Penal, em seu artigo 23, elenca as causas legais de exclusão da ilicitude,
sendo elas o estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever
legal ou exercício regular de direito.
Desse modo, aqueles que não têm uma estrutura psíquica suficientemente capaz
para entender a ilicitude e as consequências de seus atos são considerados
inimputáveis pela legislação pátria. Para Capez (2017, p. 326), a imputabilidade
apresenta dois aspectos distintos, o intelectivo e o volitivo.
O Código Penal brasileiro elenca tais causa que, por consequência, exclui a
culpabilidade, quais sejam, a doença mental e o desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, a menoridade e a embriaguez fortuita completa, os quais,
para o presente estudo, interessa o primeiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, cumpre registrar que a inimputabilidade por doença mental é tema de
bastante discussão na doutrina e jurisprudência pátria, haja vista que, comprovada
a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, por meio do
incidente processual de insanidade mental, o agente é absolvido impropriamente e,
ante a sua periculosidade que será sempre presumida, este será submetido à medida
de segurança.
Eis que seu método e estrutura não possibilitam a reinserção social do agente,
levando-o a praticar reiteradas vezes condutas criminosas, sob o manto da
excludente de culpabilidade da inimputabilidade por insanidade mental.
REFERÊNCIAS
AVENA, Norberto. Manual de Processo Penal. 3. ed., rev., ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Forense, 2015.
BRANDÃO, Cláudio. Curso de Direito Penal: parte geral. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 5.ed. São Paulo: Saraiva,
2005.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. São Paulo: Saraiva,
2017. 1 v.
DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2000.
NUCCI, Guilherme Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2017.
PONTE, Antônio Carlos da. Inimputabilidade e Processo Penal. 2.ed. São Paulo:
Quartier Latin, 2007.