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1) O que é crime?
Quando pegamos o Código Penal para estudarmos o conceito de crime,
podemos observar que o legislador não chega a apresentar a definição,
algo que os doutrinadores frequentemente criticam. Dessa forma, crime
pode ser conceituado de formas diversas. De acordo com a Lei de
Introdução N° 3.914, em seu art.1°, crime é toda infração penal que comina
pena específica de detenção, reclusão e multa, podendo ser aplicadas
alternada ou cumulativamente. Infere-se do legislador, portanto, um critério
de identificação do crime e discernimento para distinguir crime e
contravenção. Crime implica em penas mais severas, diferentemente da
contravenção com penas de prisão simples e multa, cumulativa ou
alternadamente. Por isso, o conceito de crime acaba tornando-se
eminentemente doutrinário, sendo três deles bastante difundidos. Dois
deles são imprecisos e inutilizáveis a certos casos (Conceito Material e
Formal), enquanto um é preciso e utilizável a todos os casos (Conceito
Analítico). Pelo Conceito Formal, crime é toda conduta humana praticada
proibida por lei, ou seja, um afrontamento a lei penal. Um conceito
impreciso por não levar em conta as excludentes de ilicitude. No Conceito
Material, crime é todo fato humano capaz de lesar e comprometer a
existência da sociedade, ou sua conservação. Um conceito raso por não
lembrar dos princípios essenciais ao Direito Penal, como legalidade e
intervenção mínima. Conceito Analítico que se bifurca em várias outros
subconceitos analíticos, porém nesse presente momento limitar-nos-emos a
trabalhar com o conceito analítico majoritário, no qual analisa o crime e
suas características, estratificando e dissecando suas raízes teóricas em
elementos fundamentais para melhor descrevê-lo. Assim, o crime é a fusão
de fato típico (conduta humana omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa,
resultado formal ou material, nexo de causalidade e tipicidade), antijurídico
ou ilícito e culpabilidade. O fato típico resulta em fatos humanos, ação ou
omissão, que são “observados” pelo Direito Penal, já que provocam alguma
lesão a um bem jurídico tutelado com relevância e que não foi abrangido de
forma eficaz nos outros ramos do Direito (vale ressaltar, aqui, o Princípio da
Intervenção Mínima). Na ilicitude ou antijuridicidade (consequência jurídica
da tipicidade), deve-se observar se há excludente de ilicitude, já que no
momento que analisamos a violação de acordo com o ordenamento jurídico,
há ilicitude quando a conduta não é permitida. Dentre as excludentes de
ilicitude, temos: legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. Por fim, vale
destacar que o crime é um fenômeno indivisível e unitário, essa separação
em elementos é meramente didática, além de que, como dito, o conceito
analítico apresentado até então é apenas uma das várias outras doutrinas
analíticas. A título de exemplo, há um conceito analítico de crime que retira
a culpabilidade por acreditar que esta é somente um pressuposto de pena.
Outros deixam a culpabilidade e acrescentam a punibilidade no conceito
analítico. Enfim, essa escolha de conceito termina sempre tendo um caráter
pessoal e subjetivo na opção.
2) No que resulta o conceito analítico do crime?
Uma infração penal grave com pena de detenção, reclusão e multa,
cumulativa ou alternadamente.
3) Disserte acerca de fato típico e os seus subelementos.
Dentro do elemento do crime, fato típico, temos alguns subelementos que
são essenciais para a configuração do crime, como: conduta, nexo causal,
resultado e tipicidade. A não observância de algum deles decorre no nullum
crimen sine conducta. A conduta em concordância com qualquer teoria
(neokantista, funcionalista, causalista...) é simbolizada pelo movimento
humano voluntário (dominável pela vontade), ou seja, é necessário um
sujeito ativo (Pessoa Física) a partir de um comportamento voluntário e de
uma exteriorização da vontade (cogitação não é configurada). Essas
características da conduta podem ser manifestadas por meio de dolo ou de
culpa. Além disso, a conduta tem que estar atrelada a um resultado material
(com vestígios, a título de exemplo) ou formal (a prova consiste através de
uma testemunha, a título de exemplo). Temos algumas causas de exclusão
de conduta, dentre elas: Caso Fortuito (causa desconhecida, exemplo:
cambo elétrico que se rompe aleatoriamente) ou de Força Maior (fato da
natureza, exemplo: raio), quando os efeitos de determinada ação ou
omissão são inevitáveis; involuntariedade: movimentos reflexos bem como
estado de inconsciência completa e; coação física irresistível uma vez que
não existe a vontade do agente. O resultado é a consequência da conduta
humana, ele pode ser dividido em resultado naturalístico (quando há
alteração no mundo exterior, alguns crimes dispensam este resultado) e
resultado normativo (presente em qualquer delito). A tipicidade refere-se a
necessidade de ter descrito o comportamento praticado em um determinado
tipo legal, logo, como previsto no art.18 do CP, não pode ser punida
conduta culposa, salvo quando houver explícita disposição em alguma lei. O
resultado é refletido pela conduta humana e é justamente a ligação entre
esses dois elementos que provém o nexo de causalidade.
4) Disserte acerca da conduta comissiva e omissiva.
As condutas comissivas consistem em atos praticados através de uma ação
simples ou ação alternativa que visam uma configuração de um resultado
tipificado como ilícito. A maior parte dos crimes previstos no Código Penal
brasileiro são os considerados crimes comissivos. As condutas omissivas
são caracterizadas pela inação (por não fazer nada diante de um fato/ de
uma situação), ou seja, quando o agente não realiza determinada conduta
mesmo com a obrigação jurídica. Dentro dos crimes omissivos, temos dois
tipos: omissão própria (não existe o dever jurídico de agir, mas o legislador
exige uma conduta por norma, logo o agente não vai responder pelo mais
grave, a exemplo do crime de omissão de socorro como previsto no art.
135° do Código Penal) e omissão imprópria (Há um dever jurídico de agir,
esse tipo de omissão é deduzida, o legislador não explica esse tipo de caso.
Por exemplo, um bombeiro que deixa de tentar apagar um incêndio sem
justa causa).
OBS: