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Estudo dirigido – Teoria do Crime

1) O que é crime?
Quando pegamos o Código Penal para estudarmos o conceito de crime,
podemos observar que o legislador não chega a apresentar a definição,
algo que os doutrinadores frequentemente criticam. Dessa forma, crime
pode ser conceituado de formas diversas. De acordo com a Lei de
Introdução N° 3.914, em seu art.1°, crime é toda infração penal que comina
pena específica de detenção, reclusão e multa, podendo ser aplicadas
alternada ou cumulativamente. Infere-se do legislador, portanto, um critério
de identificação do crime e discernimento para distinguir crime e
contravenção. Crime implica em penas mais severas, diferentemente da
contravenção com penas de prisão simples e multa, cumulativa ou
alternadamente. Por isso, o conceito de crime acaba tornando-se
eminentemente doutrinário, sendo três deles bastante difundidos. Dois
deles são imprecisos e inutilizáveis a certos casos (Conceito Material e
Formal), enquanto um é preciso e utilizável a todos os casos (Conceito
Analítico). Pelo Conceito Formal, crime é toda conduta humana praticada
proibida por lei, ou seja, um afrontamento a lei penal. Um conceito
impreciso por não levar em conta as excludentes de ilicitude. No Conceito
Material, crime é todo fato humano capaz de lesar e comprometer a
existência da sociedade, ou sua conservação. Um conceito raso por não
lembrar dos princípios essenciais ao Direito Penal, como legalidade e
intervenção mínima. Conceito Analítico que se bifurca em várias outros
subconceitos analíticos, porém nesse presente momento limitar-nos-emos a
trabalhar com o conceito analítico majoritário, no qual analisa o crime e
suas características, estratificando e dissecando suas raízes teóricas em
elementos fundamentais para melhor descrevê-lo. Assim, o crime é a fusão
de fato típico (conduta humana omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa,
resultado formal ou material, nexo de causalidade e tipicidade), antijurídico
ou ilícito e culpabilidade. O fato típico resulta em fatos humanos, ação ou
omissão, que são “observados” pelo Direito Penal, já que provocam alguma
lesão a um bem jurídico tutelado com relevância e que não foi abrangido de
forma eficaz nos outros ramos do Direito (vale ressaltar, aqui, o Princípio da
Intervenção Mínima). Na ilicitude ou antijuridicidade (consequência jurídica
da tipicidade), deve-se observar se há excludente de ilicitude, já que no
momento que analisamos a violação de acordo com o ordenamento jurídico,
há ilicitude quando a conduta não é permitida. Dentre as excludentes de
ilicitude, temos: legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. Por fim, vale
destacar que o crime é um fenômeno indivisível e unitário, essa separação
em elementos é meramente didática, além de que, como dito, o conceito
analítico apresentado até então é apenas uma das várias outras doutrinas
analíticas. A título de exemplo, há um conceito analítico de crime que retira
a culpabilidade por acreditar que esta é somente um pressuposto de pena.
Outros deixam a culpabilidade e acrescentam a punibilidade no conceito
analítico. Enfim, essa escolha de conceito termina sempre tendo um caráter
pessoal e subjetivo na opção.
2) No que resulta o conceito analítico do crime?
Uma infração penal grave com pena de detenção, reclusão e multa,
cumulativa ou alternadamente.
3) Disserte acerca de fato típico e os seus subelementos.
Dentro do elemento do crime, fato típico, temos alguns subelementos que
são essenciais para a configuração do crime, como: conduta, nexo causal,
resultado e tipicidade. A não observância de algum deles decorre no nullum
crimen sine conducta. A conduta em concordância com qualquer teoria
(neokantista, funcionalista, causalista...) é simbolizada pelo movimento
humano voluntário (dominável pela vontade), ou seja, é necessário um
sujeito ativo (Pessoa Física) a partir de um comportamento voluntário e de
uma exteriorização da vontade (cogitação não é configurada). Essas
características da conduta podem ser manifestadas por meio de dolo ou de
culpa. Além disso, a conduta tem que estar atrelada a um resultado material
(com vestígios, a título de exemplo) ou formal (a prova consiste através de
uma testemunha, a título de exemplo). Temos algumas causas de exclusão
de conduta, dentre elas: Caso Fortuito (causa desconhecida, exemplo:
cambo elétrico que se rompe aleatoriamente) ou de Força Maior (fato da
natureza, exemplo: raio), quando os efeitos de determinada ação ou
omissão são inevitáveis; involuntariedade: movimentos reflexos bem como
estado de inconsciência completa e; coação física irresistível uma vez que
não existe a vontade do agente. O resultado é a consequência da conduta
humana, ele pode ser dividido em resultado naturalístico (quando há
alteração no mundo exterior, alguns crimes dispensam este resultado) e
resultado normativo (presente em qualquer delito). A tipicidade refere-se a
necessidade de ter descrito o comportamento praticado em um determinado
tipo legal, logo, como previsto no art.18 do CP, não pode ser punida
conduta culposa, salvo quando houver explícita disposição em alguma lei. O
resultado é refletido pela conduta humana e é justamente a ligação entre
esses dois elementos que provém o nexo de causalidade.
4) Disserte acerca da conduta comissiva e omissiva.
As condutas comissivas consistem em atos praticados através de uma ação
simples ou ação alternativa que visam uma configuração de um resultado
tipificado como ilícito. A maior parte dos crimes previstos no Código Penal
brasileiro são os considerados crimes comissivos. As condutas omissivas
são caracterizadas pela inação (por não fazer nada diante de um fato/ de
uma situação), ou seja, quando o agente não realiza determinada conduta
mesmo com a obrigação jurídica. Dentro dos crimes omissivos, temos dois
tipos: omissão própria (não existe o dever jurídico de agir, mas o legislador
exige uma conduta por norma, logo o agente não vai responder pelo mais
grave, a exemplo do crime de omissão de socorro como previsto no art.
135° do Código Penal) e omissão imprópria (Há um dever jurídico de agir,
esse tipo de omissão é deduzida, o legislador não explica esse tipo de caso.
Por exemplo, um bombeiro que deixa de tentar apagar um incêndio sem
justa causa).

5) Diferencie como se caracteriza o crime doloso e culposo.


O crime doloso ou culposo refere-se ao elemento subjetivo do agente
infrator. Os crimes dolosos, previsto no artigo 18, I, do CP, são
caracterizados por terem a lesão ao bem jurídico tutelado ou a exposição
desse bem a um determinado perigo como fim desse sujeito, podendo ser
doloso direto (ação voluntária que o agente quer e deseja que o ato
criminoso aconteça) ou doloso indireto (assume o risco do resultado). Os
crimes culposos são identificados quando a finalidade é a prática de um ato,
o qual o resultado previsível deste consista numa capacidade de lesionar o
bem jurídico, temos os exemplos de: imprudência (por excesso,
precipitação), negligência (morosidade, ausência de preocupação) e
imperícia (falta de habilidade). Portanto, esses dois tipos são apresentados
a partir da análise da voluntariedade.
6) O que é dolo, quais são seus tipos e diferenças?
Dolo é a vontade consciente que um sujeito tem em executar ou aceitar
executar alguma conduta que está prevista e reprovada pelo Código Penal,
ou seja, configura um tipo penal incriminador (vale ressaltar, aqui, o
Princípio da Legalidade). Dentre as espécies de dolo, temos: dolo natural ou
neutro (conduta composta por dolo), dolo normativo ou híbrido (além da
conduta composta por dolo, tem-se a culpabilidade), dolo direto ou
intencional (o agente prevê o resultado e vai em atrás dele), dolo indireto ou
indeterminado (a conduta do agente não busca uma resultado determinado)
7) Diferencie dolo eventual e culpa consciente
No dolo eventual, o agente chega a prever a possível pluralidade de
resultados de sua conduta, mas mesmo assim a comete, isto quer dizer que
ele assume o risco de causar outro resultado mais grave, demonstrando
uma indiferença para qualquer resultado mesmo querendo o menos grave.
Temos muitos exemplos de casos concretos de crimes de dolo eventual no
trânsito. Já na culpa consciente, o a gente também chega a prever o
resultado, ou seja, tem perspicácia e noção da possibilidade de um
resultado da usa conduta, porém não deseja que este ocorra, acreditando
que possa evitá-lo, por meio da fé nas suas habilidades.
8) O que é nexo de causalidade?
Nexo de Causalidade, ou Relação de Causalidade, é substrato do fato típico
e trata do elo essencial entre conduta de agente e resultado criminoso,
conforme o caput do art. 13 do CP. Contemplando como resultado tanto o
naturalístico, causa mudanças no mundo material, como o jurídico, efeitos
imateriais de lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico tutelado.
9) O que difere a culpa consciente da inconsciente?
Culpa consciente é quando o agente tem perspicácia e noção da
possibilidade de um resultado da usa conduta, porém confia em suas
habilidades para impedi-lo. Na culpa inconsciente, pode se dizer que é uma
culpa por excelência, em que o agente nem mesmo previu a possibilidade
de haver um resultado criminal que era objetivamente calculável.
10)O que é um crime preterdoloso?
Nos casos de crime preterdoloso configura-se um comportamento doloso e
um resultado (mais grave) involuntário e culposo, ou sejam o agente planeja
cometer um tipo penal incriminador, mas o que foi planejado extrapolou o
esperado. Sendo assim, tornam-se figuras criminosas híbridas, posto que
existe um concurso de culpa e do no equivalente fato. Como exemplo,
temos a lesão corporal seguida de morte.
11)Disserte sobre a antijuricidade
A ilicitude ou antijuridicidade (consequência jurídica da tipicidade) é a
contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. Ou seja,
ação contrária ao direito. A Antijuricidade pode ter natureza penal, civil ou
administrativa, diferença que ocorre por o ramo do Direito Penal tutelar bens
jurídicos mais importantes e necessários a sociedade, criando sanções
mais graves. Portanto, deve-se observar se há excludente de ilicitude, já
que no momento que analisamos a violação de acordo com o ordenamento
jurídico, há ilicitude quando a conduta não é permitida. Dentre as
excludentes de ilicitude, temos: legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito.
12)O que difere a tipicidade da antijuricidade?
Refletindo sobre a teoria da indiciariedade, a mais aceita pelos
doutrinadores, a tipicidade, um “método” de classificação jurídica de
determinado fato como típico, em outras palavras, diz respeito a conduta
prescrita como proibida ou permitida no código legal, logo tem relação com
princípios penais de legalidade, reserva legal e anterioridade, além de ser
um subelemento do fato típico. Já a antijuricidade é um substrato do crime,
separado do fato típico, que refere-se a uma conduta do agente que é a
contrária ao ordenamento jurídico.
13)Quais são as excludentes de antijuricidade?
Dentre as excludentes de ilicitude, temos: legítima defesa, estado de
necessidade, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de
direito.
14)O que é legítima defesa?
Legítima Defesa é uma excludente de ilicitude confeccionada para casos de
ausência do Estado para resolução de conflito jurídico como um ser não-
onipresente. Trata-se de uma restrita permissão de defesa. Para valer sua
utilização é necessário preencher certos requisitos: perigo atual ou iminente
(que faz não ser possível amparo do Estado), agressão injusta (Agressão é
um ato humano que está lesando ou ameaçando de lesar um bem jurídico.
A agressão é injusta, quando ela não pode ser amparada pelo ordenamento
jurídico, é uma agressão ilegítima. Logo, a legítima defesa exige uma
agressão reputada como injusta, já que nem toda agressão é de fato
injusta, o Estado, por exemplo, pode fazer uso de agressão justa para
defesa da coletividade), uso dos meios necessários moderadamente
(objetos a disposição para rechaçar agressão injusta, observando o
princípio da razoabilidade e proporcionalidade com o “moderadamente”) ,
defesa de direito próprio ou alheio( envolve dois casos de legitima defesa,
próprio ou de terceiros). Vale ressaltar, aqui, que não podemos configurar
legítima defesa em casos de atos contra agressões passadas, a fim de
vinganças, ou futuras.
15)Como se caracteriza o estado de necessidade?
O estado de necessidade, uma espécie de excludente da antijuridicidade
como é apontado no art. 23 do CP, é configurado quando existe uma
situação real de perigo atual para dois bens jurídicos e como o Direito Penal
não consegue resguardar os dois (sopesamento de bens) nesse específico
caso concreto, qualquer ato tomado, diante de uma situação causada não
por vontade deste respectivo agente, para garantir direito próprio ou alheio
não é caracterizado como um crime e esse agente não é responsabilizado,
posto que é fornecida uma possibilidade de proteção do bem jurídico que
possa a vir ser lesionado inevitavelmente. Vale analisar nesta excludente o
princípio da razoabilidade em que por haver uma colisão de bens jurídicos
tutelados faz se necessário uma ponderação dos bens sacrificados e
preservados. Contudo, como previsto no Art. 24 do CP que define essa
excludente, em seu parágrafo primeiro o estado de necessidade não pode
ser atribuído em situações em que o agente tinha o dever legal de
confrontar o perigo (situações possíveis de serem enfrentadas), os
bombeiros, a título de exemplo.
16) Como se configura o estrito cumprimento e exercício regular do direito?
Conforme o art.23, III, do CP, o agente público que acaba violando algum
bem jurídico para realizar o seu estrito cumprimento do dever legal não
pode ser responsabilizado por algum crime, já que se configura um caso de
excludente de ilicitude. O exercício regular do direito consiste em condutas
como exercícios de direito que são justificadas pela existência/veracidade
de uma lei que defina tal conduta, são situações de cumprimento de direitos
subjetivos, como prática de esporte violento, vale pontuar que são
considerados nesses casos: conhecimento, proporcionalidade e
indispensabilidade.
17) Discorra sobre culpabilidade
A culpabilidade está fortemente atrelada a um determinado juízo de
reprovação que incide, e consequentemente, provoca uma possível
aplicação de sanção penal sobre específicas condutas ilícitas de agentes
que configuram tipos incriminadores. Um juízo de censura, já que
geralmente a ação de certos agentes é mais censurável que de outras.
Dessa forma, como exposto na corrente tripartite, a culpabilidade é parte
essencial para a constituição de um crime, além da tipicidade e da ilicitude,
e deixa de ser apenas um pressuposto de pena, como afirma a corrente
bipartite. Vale ressaltar, aqui, a justificativa desta última corrente com base
no Código Penal de 1984, quando o legislador quer se referir às
excludentes de ilicitude, ele utiliza a frase “não há crime”, e quando ele quer
se referir à culpabilidade, ele apresenta a frase “isento de pena”. Assim
sendo, com a teoria tripartite como mais aceita, é importante o uso da frase
“não há crime” em todos os casos de culpabilidade também. Assim como na
Antijuridade, há as excludentes de culpabilidade que são: Inimputabilidade
(o agente é isento de pena e ligação cm crime por ser portador de doença
mental, ter desenvolvimento mental retardado, desenvolvimento mental
incompleto e embriaguez completa - perde a sanidade – culposa de caso
fortuito ou força maior com inteira incapacidade na ação ou omissão) ,
Inexigibilidade da conduta adversa ( Agir com coação moral irresistível, pois
se for física deixa de ser fato típico e , consequentemente, um crime, e
obediência hierárquica – a ordem para ser obedecida deve ser legal e vinda
de superior hierárquico, caso a ordem seja ilegal e quem obedece sabe que
é ilegal , é punível ) e Desconhecimento da Ilicitude ( Caso de erro de
proibição, ou erro sobre ilicitude do fato, em que há um estranhamento do
conhecimento da ilicitude praticada)
18) Disserte sobre descriminantes putativas
As descriminantes putativas representam casos em que as excludentes da
antijuridicidade (legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular do direito) são fantasiadas,
ou seja, são do imaginário/subjetivo do agente. É um erro penal que pode
gerar isenção de pena a depender da distinção de erro escusável para erro
inescusável, um erro evitável e outro inevitável. Para englobar a isenção, o
erro deve ser inescusável. Se for um erro escusável, haverá apenas
mitigação da pena.
19) O que é a imputabilidade penal?
A imputabilidade se refere à possibilidade de imputar, como o próprio nome
já diz, a alguém a responsabilidade de determinada conduta ilícita (infração
penal), representando assim um dos elementos da culpabilidade. Desse
forma, torna-se essencial a existência de faculdade e liberdade do agente,
caso inexistente (inimputabilidade), a conduta é inculpável. Portanto, os
elementos importantes para caracterizar uma imputabilidade são volitivo (o
sujeito consegue controlar a sua vontade) e telectivo (o sujeito tem
consciência/entendimento da ilicitude da sua possível conduta). Dentro do
Código Penal existem alguns casos que configuram as hipóteses de
inimputabilidade, como por exemplo: distúrbios mentais, menoridade e
embriaguez. São levados em contas nestes exemplos os caráteres
biológico (desenvolvimento mental do agente, condição mental ou de
idade), psicológico (a capacidade de consciência do fato ilícito no tempo da
conduta) e biopsicológico (a fusão dos outros dois critérios). Em relação a
inimputabilidade por idade, as regras gerais atuais, como previstas nas
legislações, caracterizam indivíduos menores de dezoito anos como
inimputáveis, levando em consideração o caráter biológico. Já em relação à
inimputabilidade por embriaguez, temos: embriaguez não acidental
subclassificada em embriaguez voluntária (o a gente consome substâncias
alcoólicas com a intenção mesmo de ficar embriagado) ou culposa (o
agente fica embriagado por imprudência ou negligência, elas podem ser
completas ou incompletas, mas ainda assim são imputáveis; embriaguez
acidental, dentro dela, podemos observar a do caso fortuito (o agente não
sabe dos efeitos da substância que está sendo ingerida) e a de força maior
(o agente encontra-se obrigado a ingerir determinada substância), nesses
casos de embriaguez, quando completas, tornam-se inimputáveis e, quando
incompletas, tornam-se justificativa para a diminuição de pena; embriaguez
patológica é quando o agente já expressa uma doença como anomalia
psíquica, podendo conceber inimputabilidade ou diminuição de pena e;
embriaguez preordenada que representa a situação em que o indivíduo
ingere bebidas alcoólicas ou substâncias análogas para cometer
determinado crime, dessa forma, não trará inimputabilidade nem redução de
pena. À vista disso, a inferência a respeito da inimputabilidade se dá a partir
de uma perícia médica que visa analisar o grau da capacidade de
entendimento no momento da ação ou omissão do agente.
20) Discorra sobre a potencial consciência sobre a ilicitude do fato.
A potencial consciência da ilicitude, uma espécie dos elementos que
configuram a culpabilidade, simboliza a possibilidade que o agente
imputável tem de assimilar e entender a reprovabilidade/ilicitude presente
na sua conduta. O erro de proibição, como previsto no art.21 do CP, pode
ser considerado uma das causas excludentes dessa potencial. Além disso,
existem erros escusáveis (quando o agente pratica uma conduta, ação ou
omissão, sem ter a consciência da ilicitude desta e não é possível impor
que tenha consciência) e erros inescusáveis (quando o agente pratica uma
conduta, ação ou omissão, sem ter a consciência da ilicitude desta também,
mas é possível ter a consciência). Assim sendo, a culpabilidade não é
atribuída em casos de erros escusáveis e somente a pena é diminuída (de
um sexto a um terço) em casos de erros inescusáveis.
21) Conceitue a exigibilidade de conduta diversa.
A exigibilidade de conduta diversa representa um dos elementos da
culpabilidade, pois além de ter que ser imputável, ter
oportunidade/possibilidade de identificar o fato como ilícito, o agente
também tem que ter a possibilidade de agir conforme o ordenamento
jurídico diante de determinadas circunstâncias. Deste modo, em
concordância ao art. 22 do CP, o agente que sob circunstâncias sem
liberdade não pode ser castigado com as penas, casos de excludentes da
exigibilidade para o agente coagido, ou seja, apenas o agente da coação é
responsabilizado penalmente. Situações que configuram este cenário são:
coação irresistível, caracterizada pela coação moral e pela irresistibilidade
da coação e; obediência hierárquica, descrita por uma ordem visivelmente
ilegal de um superior hierárquico em alguma instituição emanada a um
agente hierarquicamente inferior ou um excesso de observância da ordem.
22) Disserte sobre o concurso de pessoas e os seus respectivos requisitos
Na classificação dos crimes, existem duas espécies referentes à quantidade
de pessoas/sujeitos: monossubjetivos ou concurso eventual, praticados por
uma ou mais pessoas, e plurissubjetivos ou concurso necessário,
praticados por mais de uma pessoa. Torna-se perceptível que para o
enquadramento nos casos de concurso de pessoas, devemos analisar
crimes monossubjetivos. Deste modo, o concurso de pessoas se revela em
um evento/ crime monossubjetivo que engloba vários agentes que buscam
a concretização do mesmo, como previsto no art.26 do CP. Logo, fala-se
em concurso de pessoa quando duas ou mais concorrem para o crime, seja
autor ou participe, acusadas de mesmo crime (Teoria Monista ou Unitária,
que é regra geral, há um único crime indivisível e único, mudando a
cominação legal de acordo com a culpabilidade de cada agente. Porém,
pode haver exceções para teoria Monista, distinguindo os crimes de cada
agente, como corrupção passiva e ativa, ou aborto provocado por terceiro).
A contribuição destes agente pode ser diferenciada, isto quer dizer, em
diferentes fases do inter criminis e em diferentes graus de atuação. À luz
dessas informações, podemos chegar nos requisitos para esculpir um
concurso de pessoas: pluralidade de condutas e de agentes que refletem
determinada significância ao crime; relevância causal das condutas/ nexo
causal, ou seja, cada conduta tem que ser relevante para a cadeia causal;
liame subjetivo entre os agentes, ou melhor dizendo, vínculo psicológico
entre os sujeitos a partir de uma intenção ou uma vontade para realizarem
tal delito e; identidade de infração penal para contribuição.
23) Disserte sobre as exceções da teoria monista
A teoria monista/unitária/igualitária, como o próprio nome já diz, aborda que
o fato criminoso/o crime é atribuído a todos os agentes envolvidos, ou seja,
todos são responsabilizados pelo mesmo resultado, contudo, as penas
podem ser diferentes a depender das contribuições de cada um. As
exceções para a teoria monista são: corrupção passiva (art.317 do CP),
corrupção ativa (art.333 do CP) e aborto provocado por terceiro (art.125 do
CP).
24) Disserte sobre autoria colateral
Autoria colateral pode ser certa ou incerta. A certa há um Liame Subjetivo,
justificando o crime com concurso de pessoas. A incerta ambos atuam na
mesmo crime, mas sem limiar subjetivo. Um comete crime consumado e um
crime tentado, ou os dois crime tentado devido ao " in dúbio pro réu", em
que a dúvida beneficia o réu.
25) Disserte sobre circunstâncias incomunicáveis
Circunstância Incomunicáveis é a regra da incomunicabilidade, em que
entre Sujeito Ativo e Circunstâncias, esta pode ser de caráter periférico,
acessório e irrisório, gerando apenas mudança na gradação da pena, ou
pode ser elementar, que é uma circunstância essencial para haver o crime
por excelência. Caso seja circunstância acessória, ela é incomunicável, se
for Elementar é exigido sua comunicação para haver o crime em si. Além
disso, a circunstância ainda pode ser objetiva (material, real) ou subjetiva
(pessoal, ou inteligível).
26) Diferencie erro de proibição, do tipo e de execução.
O erro de tipo, como previsto no art.20 do CP, representa a situação em
que o agente tem conhecimento equivocado ou ignora a realidade, ou seja,
a conduta praticada pelo agente configura um tipo penal, mas não houve a
exata representação da realidade, recaindo, assim, sobre as circunstâncias
ou as elementares (caso seja inevitável, exclui o dolo e a culpa e caso seja
evitável. Dessa forma, esse erro exclui o dolo, mas não exclui a culpa, caso
prevista em disposição legal. O erro de proibição, como previsto no art. 21
do CP, consiste no desconhecimento, por parte do agente, de que o ato
praticado é ilícito, não recaindo sobre os elementares. Existem dois tipos de
erro de proibição: direto, quando ocorre um equívoco no conteúdo de uma
determinada norma ou porque releva o tipo incriminador ou porque não
conhece integralmente o conteúdo ou porque não compreende a incidência
e; indireto, quando o agente tem conhecimento que a determinada conduta
é típica, porém acredita numa norma permissiva. Já o erro de execução
(aberratio ictus), em concordância ao art.73 do CP, corresponde a uma falta
de habilidade do agente da conduta no momento da execução que acaba
por não atingir o seu verdadeiro objetivo. Diferentemente do erro sobre a
pessoa, conforme o art. 10, § 3º, que descreve um agente que visa atingir
uma conduta ilícita referente a uma pessoa específica e acaba atingindo
outra pessoa.

OBS:

 Coação moral é grave ameaça!!!


 Imprudência: o agente atua sem os cuidados requeridos (ação). Ex:
conduzir o carro em alta velocidade no tempo chuvoso.
 Negligência: ausência de precaução (omissão). Ex: conduzir veículo
com pneus gastos.
 Imperícia: falta de aptidão técnica do agente para determinado exercício.
Ex: condutor profissional que troca o pedal do freio pelo da embreagem,
gerando o atropelamento).
 O crime de culpa. Quando o sujeito por imperícia, negligência ou
imprudência danifica coisa alheia, a sua ação não pode ser dita como
um crime, posto que há uma ausência de tipicidade.
 Racha- antigamente era considerado pela maioria do STJ como dolo
eventual até quando o Código Brasileiro de Trânsito criou uma nova
disposição legal.
 Motorista embriagado- antigamente, era considerado caso de dolo
eventual, depois de analisar que em alguns casos o agente não tinha
vontade de causar os resultados, os tribunais superiores consideram
como crime culposo (culpa consciente), salvo circunstâncias que provem
o contrário.
 As justificações (apropriação justificada e aborto justificado, por
exemplo) nos casos de excludentes da antijuridicidade.
 O consentimento do ofendido pode ser considerado como uma causa
supralegal excludente da antijuridicidade de forma que foi pacificamente
reconhecida (Existe ainda uma divergência doutrinária).
 O furto famélico pode ser considerado como estado de necessidade,
desde que atenda alguns requisitos abordados pela jurisprudência. (A)
que o fato seja praticado para mitigar a fome; (B) que seja o único e
derradeiro recurso do agente (inevitabilidade do comportamento lesivo);
(C) que haja a subtração de coisa capaz de diretamente contornar a
emergência; (D) a insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente com
o trabalho ou a impossibilidade de trabalhar.
 O caso dos dois náufragos que disputam o colete salva-vidas revela um
caso de estado de necessidade contra estado de necessidade, ou seja,
estado de necessidade recíproco, o qual representa um ato lesivo
legítimo para preservar o bem jurídico, a vida.
 Quando ocorre algum erro de execução numa situação de estado de
necessidade, esse erro não será configurado como infração penal. O
mesmo ocorre em casos de legítima defesa, posto que essa ação é
considerada como se tivesse sido praticada pelo verdadeiro agressor,
caracterizando mesmo assim uma situação de legítima defesa.
 Não existe legítima defesa recíproca porque o interesse do agressor não
foi legítimo, apenas a sucessiva (quando o agressor se encontra numa
situação de meios excessivos utilizados pelo agredido para a sua
respectiva legítima defesa).
 Caso de legítima defesa putativa- quando alguém precisa se defender
de outrem que fantasiou estar sendo atacado.
 Caso dos esportes agressivos (exemplo do boxe) é justificado pelo
exercício regular do direito com a Lei Pelé.
 Caso do muro com corrente elétrica (ofendículos): primeiramente, antes
do assaltante tentar invadir, é exercício regular do direito (dá proteção
aos direitos, vida e patrimônio) e, depois, é legítima defesa.
 Exemplo: suponhamos que JOÃO, ao ser agredido com um soco no
rosto, acredita estar autorizado a revidar com um tiro. JOÂO conhece,
perfeitamente, a situação fática (foi agredido com um soco), mas ignora
a ilicitude da sua reação (desconhece os limites que devem estar
presentes para configurar a legítima defesa). Caso de erro de proibição
indireto ou erro de permissão.
 Erro sobre a pessoa- quando ocorre erro na seleção do alvo do crime,
ex: A quer atingir B, mas B está grávida e não morre, mas afeta o bebê.
DIFERENTE do erro de execução que é o erro de imperícia na conduta.
 Embriaguez voluntária = Embriaguez culposa (diferentes da embriaguez
completa- caso fortuito ou força maior e tem que estar inteiramente
incapaz- e embriaguez dolosa). Embriaguez preordenada, o agente
ingere bebida alcoólica ou consome substância de efeitos análogos com
a finalidade de cometer um crime.
 O sonâmbulo é considerado portador de doença mental? Não, figurando
o sonambulismo como causa de exclusão da própria conduta.
 E o surdo-mudo? A doutrina alerta que a carência de certos sentidos
pode caracterizar deficiência psíquica. Com relação ao surdo-mudo, é a
perícia que deve fixar o grau de seu retardamento sensorial que, aliado
à maior ou menor capacidade de entendimento e autodeterminação do
agente no momento da conduta, pode equipará-lo aos oligofrênicos (art.
26, caput, do CP).
 O inimputável acaba sendo processado, contudo é absolvido. Vale
destacar aqui que essa absolvição é associada à sanção penal da
medida de segurança, configurando uma absolvição imprópria.
 Como estabelece o artigo 28, I, do Código Penal, a emoção e a paixão
não excluem a responsabilidade penal.
 Exemplo erro de proibição direto: holandês, habituado a consumir
maconha no seu país de origem, acredita ser possível utilizar a mesma
droga no Brasil, equivocando-se quanto ao caráter proibido da sua
conduta.
 Exemplo erro de proibição indireto: "A", traído por sua mulher, acredita
estar autorizado a matá-la para defender sua honra ferida.
 A subordinação doméstica (pai e filho) ou eclesiástica (bispo e
sacerdote) não configura a dirimente (podendo caracterizar causa
supralegal de exclusão da culpabilidade, assunto tratado em tópico
próprio).

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