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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS DO


JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DO
GUARÁ – DISTRITO FEDERAL
Jorcileide Soraya, brasileira, 32 anos, casada, manicure no salão “Silvana
Cabeleireiros”, portadora do RG sob o nº..., devidamente inscrita no CPF sob o nº
005111888-09, residente e domiciliada na QSB 1, conjunto 23, casa 102, Guará-DF,
com seus dois filhos e seu marido, com endereço eletrônico josoraya@gmail.com, vem
respeitosa e tempestivamente perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado
devidamente constituído, que esta subscreve, procuração anexa, com os poderes
especiais do artigo 44 do Código de Processo Penal - CPP, bem como com fulcro nos
artigos 30 e 41 e seguintes do Código de Processo Penal em combinação com os artigos
100 §2º e 145, caput, ambos do Código Penal - CP, oferecer,
QUEIXA-CRIME
A honra é vista como o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais de uma
pessoa, que a tornam merecedora de apreço no convívio social e que promovem a sua
autoestima. CALÚNIA - falsa imputação de FATO CRIMINOSO a outrem. Art. 138 –
CP - exige dolo específico e exige três requisitos : imputação de um fato + qualificado
como crime + falsidade da imputação”. honra objetiva. DIFAMAÇÃO - imputação a
alguém de FATO OFENSIVO a sua reputação. Art. 139-CP - honra objetiva. INJÚRIA -
ofensa à dignidade, decoro ou qualidade de outrem. Manifestação de desrespeito e
desprezo. Art.140 – CP - honra subjetiva. Atenção: (Art. 145 do Código Penal), (art.
236, parágrafo único do CP), (art. 345, parágrafo único, do CP) (art. 167 do CP). (69
concurso de crime) ( 29 e 38, 107)

em face de Maricreuza Ozózino, brasileira, 42 anos, solteira, técnica em enfermagem


portadora do RG sob o nº..., devidamente inscrita no CPF sob o nº ..., residente e
domiciliada na QSB 1, conjunto 23, casa 104, Guará-DF, com endereço eletrônico
Mari.ozózino@hotmail.com, pelas razões de fato e direito, visto a prática da (s) conduta
(s) delituosa (s) abaixo alinhavada (s) :
DA TEMPESTIVIDADE
Preliminarmente, cabe mencionar que a presente ação penal de iniciativa
privada é tempestiva, vez que o prazo para o oferecimento de Queixa-Crime é de 06
(seis) meses, contados a partir do dia em que o Querelante veio a saber quem é o (a)
autor (a) do crime (consoante art. 103 do CP e art. 38 do CPP), sob pena de decadência
do direito e consequentemente extinção de punibilidade do querelado (conforme art.
107, IV do CP), que se deu no dia 19 de maio de 2021, e oportunamente, em 15 de
junho do corrente ano, a Querelante procurou defesa técnica para o oferecimento da
presente Ação Privativa. Portanto, é tempestiva a presente Ação Penal Privada.
I – DOS FATOS
II – DO DIREITO
Inicialmente, vale dizer que, a dignidade e a honra são direitos fundamentais
tutelados pela Constituição Federal em seu Art. 5º, X, estatui que:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação
Diante dos fatos narrados, percebe-se que a Querelada, mediante livre e
consciente vontade de difamar e injuriar, sendo legitimamente imputável e gozando de
boa saúde mental, imputou condutas desonrosas à Querelante, que teve a sua honra
diretamente denegrida, bem como a sua reputação, dignidade e/ou decoro, uma vez que
a sua família e toda a vizinhança, ante o exposto, tomou conhecimentos de tais fatos.
Desta feita, incorreu-se a Querelada em prática criminosa, e nesse sentido não
cabe alegar o desconhecimento da Lei, como forma de afastar sua conduta delituosa.
Assim dispõe o art. 21, caput, 1ª parte, do CP que: O desconhecimento da lei é
inescusável.
Assim, com tal ação de imputar à Querelante, fatos ofensivos à sua honra e
reputação, bem como ofender sua dignidade e/ou decoro, a Querelada incorreu nas
infrações penais descritas nos Artigos 139 e 140, com a causa de aumento do Art. 141,
III, todos do Código Penal:
Calúnia: “É, eu tou sabendo do roubo que ele fez na prefeitura da cidade Tal...”Ao
lançar essa frase o Querelado imputou ao Querelante a pretensa perpetração do crime de
roubo, com previsão no Estatuto Repressivo (CP, art. 157). Seguramente as assertivas
projetam-se à imputação de fato delituoso penal falso, calhando, assim, no crime de
calúnia. Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como
crime: Corroborando essa perspectiva, impende revelar o que leciona Cleber Rogério
Masson. Esse conceitua o crime de calúnia, ad litteram: Caluniar consiste na atividade
de atribuir falsamente a alguém a prática de um fato definido como crime. O legislador
foi repetitivo, pois ambos os verbos -- ´caluniar´ e ´imputar´ -- equivalem a atribuir.
Vislumbra-se, pois, que a calúnia nada mais é do que uma difamação qualificada, ou
seja, uma espécie de difamação. Atinge a honra objetiva da pessoa, atribuindo-lhe o
agente um fato desairoso, no caso particular, um fato falso definido como crime...
Difamação: “Ele não vai fazer as enroladas que vem fazendo por aí nas outras
prefeituras...” “Rapaz, se o Fulano de Tal fosse homem falava comigo cara-a-cara, não
por telefone (“talvez referindo-se a um possível telefonema do Sr. Fulano ao mesmo”).”
Ladro outro, aquele ofendeu a honra do Querelante, posto que lançou as frases acima
evidenciadas.Ao invés disso, esse é homem de bem, honesto, respeitado na cidade onde
ocorreu o episódio. Não responde a nenhum processo criminal e, mais, exerce cargo
profissional de destaque. Diante disso, é inescusável que o Querelado incorreu no crime
de difamação. Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Válidas novamente as colocações de Cleber Rogério Masson, quando, no tocante ao
crime de difamação, leciona que: “Constitui-se a difamação em crime que ofende a
honra objetiva e, da mesma forma que a calúnia, depende da imputação de algum fato a
alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta que tenha a capacidade de
macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na coletividade,
pouco importando se verdadeiro ou falso.
Injúria:“Esse Fulano de Tal [´o proprietário da empresa B Ltda., ora Querelante´] é um
cachorro...” De mais a mais, também ocorrera o crime de injúria. O Querelado,
injustamente, fizera manifestações verbais contra a honra daquele. Ofendeu-o ao chamá-
lo de “cachorro”. Há, destarte, incriminação negativa. Sem dúvida ultrajou a dignidade e
o decoro do Querelante. Há previsão legal neste tocante (crime de injúria):Art. 140 –
Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade e o decoro: Corroborando essa perspectiva,
impende revelar o que leciona Luiz Regis Prado: A nota característica da injúria é a
exteriorização do desprezo e desrespeito, ou seja, consiste em um juízo de valor
negativo, apto a ofender o sentimento e dignidade da vítima. Pode fazer referências às
condições pessoais do ofendido (v. g., corpo, bagagem cultural, moral) ou à sua
qualificação social ou capacidade profissional. Distingue-se a injúria da calúnia e da
difamação por não significar a imputação de fato determinado – criminoso ou
desonroso, mas sim a atribuição de vícios ou defeitos morais, intelectuais ou físicos...
Ademais, o Direito Penal, pela teoria tripartida entende que o conceito
analítico de crime é o fato típico, ilícito e culpável, sendo a culpabilidade, um elemento
constitutivo de crime, visto que sem a culpabilidade não há crime.
Cabe dizer, que a conduta desferida pela Querelada causou imenso
constrangimento e humilhação à Querelante perante a sua família e perante toda a sua
vizinhança, pois houve o intento positivo e deliberado de ofender a dignidade e a honra
alheia (dolo específico), restando presentes o animus diffamandi vel injuriandi nos atos
praticados.
Para a configuração dos referidos crimes, exige-se, além do dolo genérico, o
elemento subjetivo especial do tipo, consubstanciado no propósito de ofender a honra da
vítima. É evidente o dolo específico da querelada, na clara intenção de ofender,
achincalhar, e humilhar a Querelante, e macular a sua imagem perante sua família e toda
vizinhança.
2 – Da Competência
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo Querelante tendem a atribuir ao
Querelado a concorrência para o crime de difamação (CP, art. 139) e crime de
injúria(CP, art. 140). As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem,
respectivamente, a 01(um) ano e (06) meses. Se as penas fossem somadas, o Querelado
poderia ser condenado em até 01(um) ano e 06(seis) meses de detenção. Isso, por si só,
por conta do concurso de crimes (CP, art. 69), já excluiria do rol das chamadas
“infrações de menor potencial ofensivo”, acarretando, assim, na competência dos
Juizados Especiais. LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS(Lei
9.099/95). Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. CRIME DE DANO QUALIFICADO CUJA PENA ULTRAPASSA
O DETERMINADO NO ARTIGO 61 DA LEI Nº 9099/95. DECLÍNIO DE
COMPETÊNCIA PARA VARA CRIMINAL.
1 .DO CONCURSO MATERIAL
No caso em tela, A QUERELADA mediante pluralidade de conduta, praticou
uma pluralidade de crimes: a) calúnia e b) injúria.
É notório que os dois crimes, ora analisados, não são da mesma espécie.
Assim, ocorrerá a incidência do concurso material prevista no art. 69 do CP, que
estabelece que os delitos praticados devem ser somados:
Desta maneira, resta evidente a prática das condutas de difamação a injúria em
desfavor da Querelante.
2 . DA DAUSA DE AUMENTO DA PENA
Vale ressaltar que a Querelada, praticou crimes contra a honra, reputação,
dignidade e/ou decoro, espalhando a notícia perante a vizinhança, o que facilitou a
divulgação das ofensas. Não obstante, ofendeu a honra objetiva e subjetiva da
Querelante, razão pela qual deve incidir na causa de aumento de pena prevista no art.
141, inciso III, do Código Penal:.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.
Em assim sendo, a Querelada cometeu os crimes ora apresentados, a
condenação é medida que se impõe, devendo ser responsabilizada criminalmente.
3 . DA RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO DANO
Feitas a devidas distinções que caracterizam cada tipo penal, trataremos agora da
reparação cível.Cabe a vítima, conforme seus critérios pessoais, optar pelo que melhor
lhe convier, assim, além da responsabilização criminal ao autor de crimes contra a
honra, é possível também obter uma REPARAÇÃO CIVIL pelos danos causados pela
calúnia, injúria ou difamação. Isso porque o art. 953, do Código Civil (CC) permite que
as vítimas destes crimes buscar, através do judiciário, que o autor da conduta criminosa
as indenize pelos danos sofridos, vejamos:Art. 953. A indenização por injúria,
difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Os danos neste caso podem ser tanto os de aspecto moral, ou que causem abalos
psicológicos, quanto os emocionais; como aqueles que ultrapassem a esfera pessoal do
indivíduo, que afetem a reputação da pessoa, a imagem desta com relação a terceiros, ou
ainda que traga perda financeira ou patrimonial a pessoa em razão do fato, como, a
titulo de exemplo, aquele que perde um emprego ou a oportunidade de um negócio por
ser acusado falsamente do crime de estupro, ou tem a sua residência depredada pela
falsa acusação de pedofilia, ou nos casos de injúria, seja chamado de ladrão e não
consiga emprego em razão disso. Mesmo quando o dano material não possa ser
efetivamente comprovado pela vítima, pela dificuldade de se produzir a prova, o
parágrafo único autoriza que juiz fixe o valor da indenização, de acordo com a análise
individual de cada caso concreto.
III – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, nos termos fáticos e legais, o querelante, pugna para
que:
a) Seja designado audiência preliminar para tentativa de composição, com a devida
intimação da Querelada;
b) Infrutífera qualquer composição, seja recebida a presente Queixa-crime com a
citação da Querelada para oferecer defesa e sua intimação pra Audiência de
Instrução e Julgamento a ser designada por este Juízo;
c) Seja o Querelado condenado nas penas dos crimes de Difamação e Injúria,
conforme Artigos 139 e 140 do Código Penal, c/c o Artigo 141, inciso III, na
forma do artigo 69, todos do mesmo diploma legal;
d) Seja a Querelada condenada nas custas e honorários de sucumbência;
e) Seja ainda, condenado a Querelante a pagar a Querelante o valor de R$...., pelos
danos causados por sua conduta, conforme Art. 387, IV, do CPP;
f) Seja notificado o Ministério Público para acompanhar o feito.
Por fim, a produção de todas as provas admissíveis em direito, em especial a
tomada das declarações da querelada, bem como a oitiva das testemunhas abaixo
arroladas, o que desde já, pugna para serem intimadas a comparecer em Juízo.
Dá à causa o valor de R$ ...

Nestes termos, pede deferimento.

Local, (antes do prazo decadencial, ficar atento!).

Advogado
OAB

ROL DE TESTEMUNHAS:
1) , qualificado à fl. ;
2) , qualificado à fl. ;
3) , qualificado à fl;
1. CICLANO DE TAL, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portador do CIRG
n.º xxxxxxxxxx SESP/__, inscrito no CPF/MF sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e
domiciliado na [endereço completo];
2. TROLANO DE TAL, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portador do CIRG
n.º xxxxxxxxxx SESP/__, inscrito no CPF/MF sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e
domiciliado na [endereço completo];
3. VILANO DE TAL, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portador do CIRG n.º
xxxxxxxxxx SESP/__, inscrito no CPF/MF sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e
domiciliado na [endereço completo].

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