EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO ...

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA

CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE ...

Querelante SÔNIA MARIA, 32 anos, brasileira, casada, estudante de fisioterapia, inscrita no CPF
sob o nº 005.111.888-09, residente e domiciliada na QSB 1, conjunto 23, casa 102, Guará-DF, por
intermédio de seu advogado que esta subscreve, conforme instrumento de mandato em anexo em
conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem perante Vossa Excelência, com
fulcro nos arts. 30 e 41 e ss. do Código de Processo Penal em combinação com os artigos 100 §2º e
145, caput, ambos do Código Penal, oferecer:

QUEIXA-CRIME
Em desfavor de Querelando SIMÉRIA CALDEIRÃO, 42 anos, brasileira, técnica em enfermagem,
residente e domiciliada na Quadra 08, casa 07, Ceilândia – DF, endereço de e-mail …, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DA TEMPESTIVIDADE
A presente queixa-crime é tempestiva, conforme demonstram os seguintes fatos:
A ofensa ocorreu em 28 de abril de 2022, data em que a querelante foi difamada e injuriada pela
querelada.
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de seis meses, conforme dispõe o artigo 38 do Código
de Processo Penal.
Considerando a data da ofensa, a presente queixa-crime está sendo oferecida dentro do prazo legal,
sendo, portanto, tempestiva.
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente queixa-crime como
tempestiva, determinando-se a citação da querelada para apresentar resposta no prazo legal.

I - DOS FATOS
No dia 28 de abril de 2022, durante uma discussão em sala de aula, a querelada proferiu ofensas e
difamações contra a querelante, afirmando que esta só estava matriculada no curso de fisioterapia
por manter relações íntimas com o diretor da faculdade. Tais afirmações foram feitas na presença de
aproximadamente 35 pessoas.
Além disso, três dias depois, na presença de mais de 50 pessoas, a querelada voltou a ofender a
querelante, desta vez afirmando que ela jamais conseguiria ser aprovada no vestibular, utilizando-se
de palavras injuriosas e depreciativas.

II - DO DIREITO
As condutas descritas acima configuram os crimes de difamação e injúria, previstos nos artigos 139
e 140 do Código Penal, respectivamente.

III – DOS PEDIDOS:

a) O recebimento da presente queixa-crime, determinando-se a citação da querelada para apresentar
resposta no prazo legal;
b) A condenação da querelada pelos crimes de difamação e injúria, nos termos dos artigos 139 e 140
do Código Penal, respectivamente;
c) A intimação da querelante, nos termos do artigo 51 do Código de Processo Penal, para os fins do
disposto no artigo 543, § 2º, do mesmo diploma legal;
d) A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial o depoimento pessoal da
querelada, oitiva de testemunhas e juntada de documentos;
e) A condenação da querelada ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado OAB/UF _____ (procuração anexa - doc. 01)

Este prazo é decadencial e de natureza penal, ou seja, conta-se o dia do início e exclui-se o dia do
fim, diferente do que ocorre na contagem de prazo processual. 06 meses contados da data em que se
tem conhecimento da autoria do crime

O próprio tipo penal ou o capítulo em que tal crime estiver inserido irá trazer a ressalva de que o
crime em análise se procede mediante queixa

Seo prazo cair em dia não útil, ou seja, final de semana ou feriado, deve-se ANTECIPAR o prazo e
final

CALÚNIA (atentam contra a honra objetiva)

- falsa imputação de FATO CRIMINOSO, verdadeiro ou falso, a outrem.
A calúnia exige dolo específico e exige três requisitos:
- imputação de um fato;
- qualificado como crime;
- falsidade da imputação.

Se consuma a partir do momento em que terceiros tomam conhecimento do fato.

DIFAMAÇÃO (atentam contra a honra objetiva)

Imputação a alguém de FATO OFENSIVO concreto a sua reputação.
- Atribuir a alguém fato determinado ofensivo à sua reputação.

Se consuma a partir do momento em que terceiros tomam conhecimento do fato.

INJÚRIA
Ofensa à dignidade, decoro ou qualidade de outrem. Manifestação dedesrespeito e desprezo.
- Atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda sua dignidade ou decoro.

Se consuma no instante em que o próprio ofendido tem conhecimento do fato.

DO DIREITO
Fato Típico:

Conduta: A conduta de Siméria Caldeirão consistiu em proferir ofensas e difamações contra Sônia
Maria.
Resultado: Não houve um resultado material, pois as ofensas foram verbais.
Nexo de Causalidade: A conduta de Siméria foi a causa das ofensas proferidas contra Sônia.
Tipicidade: As condutas de difamar e injuriar estão descritas nos artigos 139 e 140 do Código Penal,
respectivamente, configurando, portanto, a tipicidade.
Ilícito:
Antijuridicidade: As condutas de difamação e injúria são consideradas antijurídicas por violarem o
direito à honra e à dignidade da pessoa.
Culpabilidade: Siméria tinha plena capacidade de entender o caráter ilícito de suas condutas, agindo
com dolo ao proferir as ofensas.
Culpabilidade:

Imputabilidade: Siméria é imputável, pois possui capacidade psíquica para entender o caráter ilícito
de suas condutas.
Potencial Consciência da Ilicitude: Siméria tinha plena consciência da ilicitude de suas condutas,
visto que as ofensas proferidas contra Sônia são socialmente reprováveis.
Exigibilidade de Conduta Diversa: Era exigível que Siméria se abstivesse de proferir as ofensas,
agindo de forma respeitosa e ética.
Com base nos elementos acima, o caso de Sônia Maria pode ser enquadrado na Teoria Tripartida do
Crime:

Fato Típico: A conduta de Siméria é típica, pois se enquadra nos tipos penais de difamação e injúria.
Ilícito: As condutas de Siméria são ilícitas, por violarem o direito à honra e à dignidade de Sônia.
Culpabilidade: Siméria agiu com dolo ao proferir as ofensas, sendo plenamente culpável pelos seus
atos.
Assim, o iter criminis (caminho do crime) no caso de Sônia Maria envolveu a realização da
conduta, seguida da constatação da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, configurando, assim, um
crime contra a honra.