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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE BLUMENAU

Juliana da Silva, brasileira, casada, dentista, inscrita no RG nº 6299415 e no CPF nº


058.987.852-78, domiciliada na Rua das Palmeiras, nº 200, ap 102, na cidade de Blumenau
(SC), CEP 89035-390, por seu advogado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor:

QUEIXA CRIME

contra Maria Aparecida Abulquerque, brasileira, solteira, secretária, inscrita no RG nº 25789


e no CPF nº 025.058.852-45, domiciliada na Rua Nereu Ramos, nº 202, Centro, na cidade de
Blumenau, baseado nos fatos colhidos no inquérito policial que segue juntamente com esta,
pelos seguintes motivos:
DOS FATOS

Estava a querelante voltando para a casa na data de 20 de Janeiro de 2023 para almoçar
com sua família, precisamente, às 11:30 da manhã, quando foi abruptamente abordado pela
querelada, Maria Aparecida Abulquerque, que a interceptou abruptamente para questionar a
querelante sobre o término de namoro entre sua filha, Juliana e o filho da querelante,
Alexandre.
A querelada em sua abordagem foi extremamente agressiva, intimidando a querelante, que
em todo momento se manteve silente.
Após os questionamentos e indagações agressivas da querelada, a querelante apenas se
manifestou dizendo que não tinha nada a dizer sobre o término dos filhos, e que não era
assunto dela, e que Juliana e Alexandre deveriam se entender sozinhos.
Dito isso, a querelante tentou se esquivar da vizinha entrando em casa, a querelada
entretanto, logo após ouvir a resposta calma da querelante, passou a agredi-la verbalmente
injuriando o filho da querelante, injuriando também a própria querelante, ofendendo-lhe a
dignidade e o decoro, dizendo, especificamente que (palavras da querelada):

“ Alexandre é um moleque, guri mimado, acha que pode fazer o que bem quer.
Esse explorador. Todo mundo sabe que ele anda metido com coisas que não deve.
Coitada de ti que tens um filho desses. Mal caráter”.

As palavras acima foram pronunciadas pela querelada, em tonalidades agressivas e


violentas, ouvindo tudo calada, a querelante em estado de choque, foi então retirada do local
pelo seu marido.
O constrangimento da querelante ainda foi intensificado pois haviam outras vizinhas na
rua no momento dos acontecimentos, vizinhas distantes, conhecidas apenas de vista, que
presenciaram toda a cena e as ofensas sofridas por Juliana.
Sendo estes os fatos narrados que suscitaram a presente queixa, pelos motivos de direito
expostos abaixo.

DO DIREITO

No presente caso, e pelos fatos narrados, percebe-se claramente a ofensa sofrida pela
querelante, ofensa causada pela ação direta e dolosa da querelada, atingindo diretamente a
honra da querelante e sua dignidade, posto que por conduta da querelada, a querelante viu-se
constrangida e intimidada pela condutas ofensivas.
O Direito Penal, como ultima ratio, presta-se justamente para proteger e tutelar os bens
jurídicos mais importantes da sociedade e dos indivíduos, e entre os bens tutelados pelo
Direito Penal a honra se encontra protegida e amparada no artigo 140 do Código Penal,
transcrito abaixo:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


No artigo supracitado, evidencia-se a proteção ao bem que a doutrina chama de honra
subjetiva. Que seria o auto-respeito que um indivíduo tem consigo mesmo, dando-lhe um
senso de dignidade.
Ora, a ação da querelada ofendeu profundamente a dignidade da querelante, ofendendo-lhe
como pessoa, e como mãe, além de causá-la um enorme constrangimento público,
ofendendo-lhe o decoro com suas palavras ofensivas e dúvidas do caráter da família
Como descrito por Aníbal Bruno:

“Injúria é a palavra ou gesto ultrajante com que o agente ofende o


sentimento de dignidade da vítima.” (BRUNO, Aníbal. Crimes contra a
pessoa.4.Ed. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976.)

A conduta da querelada além de reprovável, é tipificada, e no presente caso, verifica-se


claramente o intuito, o dolo, a vontade de ofender e injuriar a querelante e sua família. O dolo
subjetivo da querelante se manifesta pelo claro desejo de ofender e injuriar a querelada.
Sendo verificado o dolo subjetivo, e a vontade de ofender manifestada, tipifica a conduta
como injúria conforme jurisprudência anexada a abaixo:

APELAÇÃO CRIMINAL. CALÚNIA E INJÚRIA (CP, ARTS. 138 E 140).


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO QUERELADO.
1. PRESCRIÇÃO. QUANTIDADE DE PENA. MARCOS INTERRUPTIVOS. 2.
CALÚNIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA. CIÊNCIA DA FALSIDADE DA
IMPUTAÇÃO. ACUSAÇÃO DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. ATA NOTARIAL
COM CONTEÚDO DE MENSAGENS DE WHATSAPP. 3. INJÚRIA. DOLO
ESPECÍFICO. CONTEXTO DAS OFENSAS.
3. É manifesto o elemento subjetivo, consistente no dolo de injuriar, se o agente,
após uma discussão com a vítima que culmina no rompimento da relação existente
entre ambos, adjetiva a ofendida de "lixo de mulher e de gente", "mentirosa" e
"traidora".
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação Criminal n. 0305695-95.2019.8.24.0018, do Tribunal de Justiça
de Santa Catarina, rel. Sérgio Rizelo, Segunda Câmara Criminal, j. 28-02-2023).

Sendo inegável a tipificação da conduta, sendo verificado o dolo da querelada, sendo


verificado o dano sofrido pela querelante, especificadas as injúrias, sem prejuízo da presente
queixa, deve ser a querelada devidamente punida com base no artigo 140 do Código Penal.

DOS PEDIDOS

(i) Pelo o que foi exposto, tendo a querelada infringido o artigo 140 do Código Penal, pede-se
a Vossa Excelência:
(ii) O recebimento da presente queixa.
(iii) A citação da querelada e intimação para os demais atos processuais, até o final do
julgamento, momento em que deverá ser condenado, observando-se o dispositivo do artigo
387 do Código de Processo Penal.
(iv) Notificação das testemunhas, cujo rol segue abaixo.

02/03/2023
Blumenau/SC

Lucas Vinicius da Costa Antonio


OAB XXX-XX

Rol de testemunhas:

Bruna Marcela Azambuja

Marta Fraga

Alexandre da Silva

Raul da Silva,

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