Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA

DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO- SP

TÍCIO, nacionalidade, natural, casado, profissão, portador


do RG_______________, e do CPF__________________, residente na Ru a
___________________, nº_____, Bairro Higienópolis, nesta capital, endereço eletrônico
____________, neste ato representado por sua advogada que esta subscreve, cujo o
instrumento de procuração com poderes especiais segue anexo, com endereço eletrônico
__________________, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo
100, §2º, do Código Penal, e artigos 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal, vem
oferecer a presente:

QUEIXA-CRIME

em face de TIBÚRCIO, brasileiro, natural, estado civil, profissão, natural, portador do


RG ________________, e do CPF ___________________, residente e domiciliado na
Rua _____________________, nº____, na cidade de _______________________, com
endereço eletrônico _____________________, pelos fatos e fundamentos aduzidos
abaixo:

I- DOS FATOS

1
No dia 12 de abril do ano corrente, o Querelante e sua
esposa, resolveram se reunir com um grupo de amigos, para juntos assistirem uma
partida do Campeonato Paulista, entre os times São Paulo e RB Bragantino.

Ocorre que no dia da reunião, Mévio um dos amigos do


Querelante, leva consigo para reunião Tibúrcio (querelado) e Pafúncia, sem comunicar
os anfitriões, pois acreditava que não haveria objeções das partes, porém o casal não
convidado pelos anfitriões são torcedores do time RB Bragantino.

Contudo, Mévio os avisa previamente, que o Querelante é


torcedor fervoroso e apaixonado pelo time do São Paulo, e os alertou que ele não
toleraria nenhum tipo de brincadeira durante o jogo.

Ao final do primeiro tempo, o time São Paulo perdia de


3x0 para o RB Bragantino, o Querelado não consegue conter a sua alegria, e começa a
comemorar, pulando e gritando, neste momento o Querelante, calmamente, pede que ele
se contenha por respeito, pois estavam em sua casa, recebendo toda a hospitalidade e
atenção.

No mesmo momento o Querelado reage de forma


desproporcional, apontando seu dedo e vocifera que nem seu pai o manda se controlar,
quanto mais um mero desconhecido, estando visivelmente exaltado, chuta a mesa de
centro da sala e a quebra, espalhando bebida e comida pelo chão e em vários
convidados.

Deste modo, o Querelante em choque com o


comportamento agressivo do Querelado, e com a destruição de sua mesa que havia
ganhado de presente de casamento, pede para que ele se retire de sua casa, que por sua
vez, o Querelado imbuído de animus injuriandi, xinga o Querelante de “ são-paulino
maricas”, ofendendo sua honra perante seus convidados.

Aduz que os amigos presentes na reunião interviram no


fato, com intuito de evitar uma tragédia maior, apaziguaram situação, retirando o
Querelado e a namorada da casa do Querelante, no mesmo momento Mévio se retirou
do local, pois se sentiu envergonhado diante a conduta do Querelado.

2
Neste diapasão, diante os fatos narrados e cansado desta
situação o Querelante deseja ajuizar a presente ação em face do Querelado.

II- DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DA


QUEIXA-CRIME:

É consabido que o prazo para oferecer a Queixa Crime no


é de 06 (seis) meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do
crime.

No caso em tela, o Querelante tomou ciência da ocorrência


na data do fato, ou seja, 12/04/2021, tendo como hoje o último dia de prazo para ofertar
a Queixa-Crime, não deixando margem para dúvidas que é tempestiva a presente ação.

III- DO DIREITO

1) DAS TIPIFICAÇÕES DAS CONDUTAS PRATICADAS PELO


QUERELADO:

A. DO CRIME DE INJÚRIA

A relação entre as pessoas deve ser pautada pelo respeito e


urbanidade, e para se configurar a injúria subordina-se a conduta do Querelado com
inequívoco ânimo de injuriar o ofendido. A injúria é conceituada por Guilherme de
Souza Nucci como “a vontade específica de magoar e ferir a autoimagem de alguém
(animus injuriandi)”, sendo a conduta tipificada no artigo 140, do Código Penal.
Excelência, vale ressaltar o caso de aumento de pena
previsto no art. 141, inciso III do Código Penal, tendo em vista que os fatos se deram na
presença de várias pessoas.
No tocante ao tema, o entendimento Jurisprudencial é no
sentido de que:

3
“APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME CONTRA A
HONRA – INJURIA QUALIFICADA –
EXPRESSÕES DESABONADORES E OFENSAS
IDÔNEAS A ATINGIR A REPUTAÇÃO
PROFISSIONAL E A HONRA SUBJETIVA DO
OFENDIDO - DOLO ESPECÍFICO COMPROVADO
- DELITO CARACTERIZADO – SENTENÇA
MANTIDA. Recurso conhecido e desprovido.

(TJPR - 4ª Turma Recursal - 0001929-


81.2014.8.16.0123 - Palmas, Rel.: Juiz Marco Vinicius
Schiebel - J 14/10/2020) (TJ-PR - AP:
00019298120148160123 PR 0001929-81.2014.8.16.0123
(Acordão), Relator: Juiz Marco Vinicius Schiebel, Data
do julgamento 14/10/2020, 4ª Turma Recursal, Data de
Publicação 15/10/2020” (g.n)

Neste diapasão, o crime de injúria foi consumado quando


o Querelado xingou o Querelante de “são-paulino maricas”, ofendendo sua honra
perante seus convidados, não restam dúvidas que o Querelado incorreu no crime de
injúria, tipificado no artigo 140, do Código Penal Brasileiro, devendo sofrer as sanções
penais cabíveis pela prática do crime.

B. DO CRIME DE DANO

O crime de dano prescinde de dolo específico para a sua


caracterização, exigindo a figura típica o dolo de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
alheia, pouco importando a razão que levou o agente a tal conduta.
De acordo os fatos narrados, o Querelado no seu momento
de ira, chutou a mesa pertencente ao Querelante, tornando-a imprestável, essa conduta
denominada de Dano, sendo tipificada no artigo 163, do Código Penal Brasileiro.
Vale ressaltar que a mesa que o Querelado destruiu, era
um presente de casamento, e esse objeto tinha um significado especial para o
Querelante, denominado de valor feição, tornando-o único.

4
No tocante ao tema, o entendimento Jurisprudencial é no
sentido de que:
“APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME DE DANO -
AUTORIA E MATERIALIDA COMPROVADAS -
CONDENAÇÃO MANTIDA. O crime de dano
prescinde de dolo específico para a sua caracterização,
exigindo a figura típica o dolo de destruir, inutilizar ou
deteriorar coisa alheia, pouco importando a razão que
levou o agente a tal conduta.
(TJ-MG - APR: 10313130199687001 MG, Relator:
Fernando Caldeira Brant, Data de Julgamento:
08/05/2019, Data de Publicação: 15/05/2019) (g.n)”

Deste modo, o crime de dano foi consumado no momento


que o Querelado chutou a mesa, e tendo como resultado a deterioração da coisa, sendo
ela única, pois era um presente de casamento, tendo assim um valor feição ao objeto,
diante a narrativa, não restam dúvidas que o Querelado incorreu no crime de dano
tipificado no artigo 163, do Código Penal Brasileiro, devendo sofrer as sanções penais
cabíveis pela prática do crime.

2) DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES

É notório afirmar que seja aplicado ao Querelado o


conteúdo do artigo 69 do Código Penal, pois ocorreram duas condutas, que resultaram
em dois crimes não idênticos, sendo estes o crime de injúria majorado e o crime de dano
Neste caso, as penas deverão ser somadas de acordo com o
sistema da cumulatividade. No Brasil é observado na análise da primeira parte do art. 69
do Código Penal.
No presente caso, deve ser aplicada a regra do concurso
material de crimes, somando-se as penas dos delitos praticados pelo querelado.
Portanto, conclui-se, de imediato, que as condutas do querelado configuram atos ilícitos
criminosos, ensejando a presente ação penal privada, o que restará comprovado na
instrução processual.

5
III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência o seguinte:

a) Requer seja designada audiência de conciliação, na


forma do art. 520 do Código de Processo Penal, seguindo a ritualística da Lei 9.099/95,
sendo infrutífera, requer que seja recebida e processada a presente Queixa Crime,
citando o querelado para vir responder à presente ação penal;

b) Requer a procedência do pedido, com a consequente


condenação da querelada nas penas dos artigos, Art.140 c/c o Art. 141, III e Art. 163
todos do Código Penal, nos moldes do Art.69 do mesmo diploma legal.

c) A intimação do Ilustre Representante do Ministério


Público para se manifestar no feito, nos termos do artigo 45 do Código de Processo
Penal;

d)Requer, que seja fixado valor mínimo para a reparação


dos danos causados, tendo em vista do valor feição da coisa, na forma do artigo 387,
inciso IV do Código de processo Penal;

e) Requer que sejam intimadas as testemunhas abaixo


arroladas;

f) Requer a condenação do querelado ao pagamento das


custas e demais despesas processuais;

Nestes Termos

Pede Deferimento

São Paulo, 12 de outubro de 2021.

Advogada

6
III - ROL DE TESTEMUNHAS

1) Mévio
2) Calpúrnia
3) Pafúncia

Você também pode gostar