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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

NOP
Nº 70085023786 (Nº CNJ: 0015931-04.2021.8.21.7000)
2021/CRIME

APELAÇÕES CRIME. CRIMES CONTRA O


PATRIMÔNIO. ROUBO MAJORADO PELO
CONCURSO DE AGENTES. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS.
CONDENAÇÕES MANTIDAS.
Comprovadas suficientemente no curso da instrução
processual a autoria e materialidade do delito de roubo
majorado imputado aos apelantes. Consistentes
declarações do ofendido em ambas as fases persecutórias,
somada ao reconhecimento realizado, corroboradas pelas
significativas inconsistências entre as versões sustentadas
pelos réus e pelos relatos dos policiais militares
responsáveis pelo atendimento ao chamado da vítima e
posterior registro de Ocorrência. Subsídios que se
sobrepõem à tese de insuficiência probatória advogada
pelas defesas. Manutenção do decreto condenatório.
CAUSA DE AUMENTO. CONCURSO DE PESSOAS.
RECONHECIMENTO. MANUTENÇÃO.
Praticado o roubo em comunhão de esforços e
conjugação de vontades entre os réus, inafastável a
incidência da causa exasperante prevista no artigo 157,
§2º, inciso II, do Estatuto Repressivo.
DOSIMETRIA. PRIVATIVAS DE LIBERDADE
INALTERADAS. REDUÇÃO DA PENA PECUNIÁRIA
APLICADA AO 3º RÉU PARA 10 (DEZ) DIAS-
MULTA, À MÍNIMA RAZÃO LEGAL. FIXADO O
MONTANTE DE UM SALÁRIO-MÍNIMO À ÉPOCA
DOS FATOS COMO INDENIZAÇÃO AO OFENDIDO.
MANTIDAS AS DEMAIS COMINAÇÕES
SENTENCIAIS.
APELO DEFENSIVO PARCIALMENTE PROVIDO.

APELAÇÃO CRIME OITAVA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70085023786 (Nº CNJ: 0015931- COMARCA DE CERRO LARGO


04.2021.8.21.7000)

ALCINDO RIBEIRO BRUM APELANTE

JAIRO DA SILVA MELLO APELANTE

PAULO PINHEIRO LUBAS APELANTE

MINISTERIO PUBLICO APELADO

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam as Desembargadoras integrantes da Oitava Câmara Criminal do


Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar parcial provimento ao apelo defensivo
a fim de reduzir a pena pecuniária do 3º réu para 10 (dez) dias-multa ao mínimo legal e fixar
o montante de um salário-mínimo à época dos fatos, R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito
reais), como indenização ao ofendido, mantidas as demais cominações sentenciais.
Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), as eminentes


Senhoras DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH E DES.ª ISABEL DE BORBA LUCAS.

Porto Alegre, 26 de abril de 2023.

DES.ª NAELE OCHOA PIAZZETA,


Relatora.

RELATÓRIO
DES.ª NAELE OCHOA PIAZZETA (RELATORA)

O MINISTÉRIO PÚBLICO ofereceu denúncia contra ALCINDO


RIBEIRO BRUM, nascido em 05-05-1976 (fl. 4), com 43 anos de idade na data dos fatos,
dando-o como incurso nas sanções do artigo 157, §2º, inciso II, c/c com o art. 61, I, ambos
do Código Penal, JAIRO DA SILVA MELLO, nascido em 22-11-1978 (fl.5), com 41 anos
de idade na data dos fatos, e PAULO PINHEIRO LUBAS, nascido em 15-05-1982 (fl. 4),
com 37 anos de idade na data dos fatos, dando-os como incursos nas sanções do artigo 157,
§2º, inciso II, do Código Penal, pelos fatos assim narrados na peça acusatória:

Na data de 04 de dezembro de 2019, por volta das 21h30min, em via


pública, na Rua Vinte e Cinco de Julho, Bairro Brasília, no Município de Cerro
Largo/RS, próximo ao numeral 311 e da “Praça do Bairro Brasília”, os

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denunciados ALCINDO RIBEIRO BRUM, JAIRO DA SILVA MELLO e PAULO


PINHEIRO LUBAS, juntamente com um quarto indivíduo ainda não
identificado, em comunhão de esforços e conjunção de vontades, subtraíram
para si, mediante grave ameaça e violência à pessoa, coisas alheias móveis,
consistentes em 01 (uma) bicicleta, marca Monark, cor preta, e 01 (uma)
carteira na qual havia 01 (um) cartão da conta corrente do Banco Caixa
Econômica Federal, R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais) em espécie, bem
como documentos pessoais (RG, CPF e Título Eleitoral), todos pertencentes à
vítima Joel Nunes do Nascimento, avaliados em R$ 1.400,00 (um mil e
quatrocentos reais), conforme Auto de Avaliação Indireta da fl. 107.
Na oportunidade, os denunciados ALCINDO, JAIRO e PAULO,
juntamente com um indivíduo não identificado até o momento, surpreenderam a
vítima Joel Nunes do Nascimento enquanto trafegava na via pública com sua
bicicleta, ocasião em que o derrubaram, seguraram-no e se apossaram dos
pertences acima descritos.
A ação dos denunciados foi premeditada e realizada com organização e
efetividade, na medida em que ALCINDO deu um empurrão na vítima, fazendo
com que caísse ao solo, logo em seguida sendo “calçado” com um pé nas
costas pelo denunciado PAULO, momento no qual JAIRO pegou a carteira
contendo os documentos e o valor em dinheiro correspondente ao salário da
vítima. Ato contínuo, a vítima foi arrastada pelas pernas por um quarto
indivíduo não identificado pela Autoridade Policial. Logo após, ALCINDO,
JAIRO, PAULO e o indivíduo não identificado evadiram do local do crime a pé,
levando consigo a carteira e a bicicleta da vítima.
A carteira e os bens que nela estavam não foram localizados, ao passo
que a bicicleta foi apreendida por policiais no dia seguinte (05/12/19), na
“Pracinha do Bairro Esplanada”, após o recebimento de uma ligação
anônima, conforme Ocorrência Policial nº 1499/2019 da fl. 87 do IP.
Os denunciados ALCINDO, JAIRO e PAULO foram reconhecidos pela
vítima como sendo, sem sombra de dúvidas, os indivíduos que praticaram o
delito, conforme Termo de Declarações da fl. 83 e Autos de Reconhecimento
por Fotografia acostados às fls. 85 e 86.
O denunciado JAIRO DA SILVA MELLO ostenta maus antecedentes,
consoante Certidão Judicial Criminal acostada às fls. 19-22.
O denunciado ALCINDO RIBEIRO BRUM ostenta maus antecedentes,
consoante Certidão Judicial Criminal acostada às fls. 23-28.

Ainda no curso investigativo, a autoridade policial representou pela prisão


preventiva dos acusados (fls. 02-03), o que foi deferido pela magistrada em 09-12-2019 (fl.
34-36), tendo sido recolhidos em 11-12-2019 (fls. 50-53 e 59-60).
Denúncia recebida em 14-01-2020 (fl. 142).

Citados pessoalmente (fls. 144-145), os réus apresentaram resposta à


acusação através da Defensoria Pública (fl. 146).

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Não havendo hipótese ensejadora de absolvição sumária, nos termos do


artigo 397 do Código de Processo Penal, foi determinado o prosseguimento do feito (fl. 150).
Durante a instrução, foram colhidas as declarações da vítima, inquiridas três
testemunhas de acusação e cinco de defesa, e interrogados os réus (mídias das fls. 175 e
245).

Atualizados os antecedentes criminais (fls. 246-259).


Apresentados memoriais pelo Ministério Público (fls. 261-269) e pela defesa
(fls. 271-276).
Sobreveio sentença (fls. 277-284), publicada em 20/10/2020, que julgou
procedente a pretensão punitiva para condenar ALCINDO como incurso nas sanções do
artigo 157, §2º, inciso II, c/c art. 61, I, ambos do Código Penal, às penas de 06 (seis) anos e
09(nove) meses de reclusão, no regime inicial fechado, e de 13 (treze) dias-multa à menor
razão, JAIRO como incurso nas sanções do artigo 157, §2º, inciso II, do Código Penal, às
penas de 06 (seis) anos de reclusão, no regime inicial semiaberto, e de 12 (doze) dias-multa à
menor razão e PAULO como incurso nas sanções do artigo 157, §2º, inciso II, do Código
Penal, às penas de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, no regime inicial
semiaberto, e de 12 (doze) dias-multa à menor razão. Condenados também ao pagamento das
custas processuais, à razão de 1/3 para cada réu, e ao pagamento de indenização à vítima
fixada em R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais). Foram mantidas as segregações cautelares
uma vez que inalterados os pressupostos, requisitos e fundamentos reconhecidos no curso do
processo.

Intimados da sentença pessoalmente (fl. 289), interpuseram recurso de


apelação (fl. 287). Em suas razões, requereram a absolvição por insuficiência probatória e,
quanto ao réu Jairo, o reconhecimento de sua conduta social como favorável, com a
consequente fixação da pena base ao mínimo legal (fls. 291-296).

Apresentadas as contrarrazões (fls. 297-309), vieram os autos a esta Corte,


manifestando-se o ilustre Procurador de Justiça, Glênio Amaro Biffignandi, pelo
desprovimento ao recurso defensivo (312-316).
Esta Câmara Criminal adotou o procedimento informatizado utilizado pelo
TJRS, tendo sido atendido o disposto no art. 609 do Código de Processo Penal, bem como o
art. 207, II, do RITJERGS.
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Conclusos para julgamento.

É o relatório.

VOTOS

DES.ª NAELE OCHOA PIAZZETA (RELATORA)


Trata-se de recurso de apelação interposto em favor de ALCINDO RIBEIRO
BRUM, JAIRO DA SILVA MELLO e PAULO PINHEIRO LUBAS contra condenação pela
prática de crime de roubo majorado, o primeiro às penas de 06 (seis) anos e 09(nove) meses
de reclusão, no regime inicial fechado e de 13 (treze) dias-multa à menor razão, o segundo
às penas de 06 (seis) anos de reclusão, no regime inicial semiaberto e de 12 (doze) dias-
multa à menor razão, e o terceiro às penas de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de
reclusão, no regime inicial semiaberto e de 12 (doze) dias-multa à menor razão.

Em suas razões, requerem a absolvição por insuficiência probatória. Modo


subsidiário, o redimensionamento da pena-base atribuía a JAIRO.

Inicio pelo pleito absolutório por insuficiência probatória.


Não colhe.

A materialidade e autoria do delito vieram demonstradas por meio do


registro de ocorrência policial (fls. 04-07), autos de reconhecimento por fotografia (fls. 09-
10), de apreensão (fls. 13-14), de reconhecimento de objeto (fl. 15), de restituição (fl. 16) de
avaliação indireta (fl. 18), bem como pela prova oral colhida em juízo, esta devidamente
sintetizada pela julgadora monocrática, Dra. Iana Carboni Oliveira, ao que transcrevo trecho
da sentença a fim de evitar desnecessária repetição:

A vítima Joel Nunes Nascimento, ao ser ouvida em Juízo, confirmou o


fato narrado na denúncia. Relatou, em suma, que já conhecia os réus e que,
naquela oportunidade, enquanto passava pela pracinha à noite, por volta das
20 horas, ALCINDO lhe deu um empurrão e o derrubou da bicicleta que
tripulava, e PAULO, de alcunha Sarico, colocou os joelhos em suas costas,
tendo JAIRO tirado a carteira que estava em seu bolso, saindo correndo, assim
como os demais. Salientou que o quarto indivíduo o puxou pelas pernas, mas
não conseguiu identificá-lo. Mencionou que foi subtraído o valor de R$
1.200,00 (mil e duzentos reais), correspondente ao trabalho realizado no
Pontão do Ijuí, e todos os seus documentos pessoais. Informou que a Brigada
Militar recuperou a sua bicicleta, que foi abandonada no local do fato.
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Questionado pela defesa, respondeu que reconheceu, com certeza, os réus como
os autores do roubo em comento.
No mesmo sentido foram as declarações prestadas pela vítima na fase
policial (Termo de Declaração de fl. 83 dos autos), in verbis:

“Declara a vítima que na data de ontem, por volta das 22:00, estava
indo para casa empurrando sua bicicleta (preta, com banco preto e amarelo).
Diz que estava passando próximo à pracinha do Bairro Esplanada, quando foi
surpreendido com um empurrão, indo ao solo por cima da bicicleta (que
reconheceu ALCINDO (COMO SENDO O QUE LHE EMPURROU). Nesse
momento mais três homens vieram. Que sentiu joelhos nas suas costas
imobilizando a vítima, reconhecendo nesta oportunidade 'SARICO' identificado
como PAULO PINHEIRO LUBAS. Assim, veio JAIRO, que se aproveitando
pegou do bolso de trás da calça da vítima, sua carteira contendo os
documentos descritos em campo próprio, mais R$ 1.200,00 em dinheiro, a
maioria notas de 50 e de 100 reais. Diz a vítima que chegaram a rasgar o bolso
das suas calças. Oportunidade em que um quarto elemento, que não sabe quem
é, pegou a vítima pelos pés lhe arrastando. Após, de posse da carteira, os
homens também pegaram a bicicleta saindo em disparada do local, indo em
direção a casa do suspeito JAIRO. Informa que foi deixado para trás pelos
meliantes um boné, o referido objeto estava sendo usado por ALCINDO.
Quanto ao quarto elemento não reconhece, sendo um homem alto magro de cor
“marrom”´[...]”.

Além disso, a vítima Joel, em sede policial, novamente reconheceu, por


fotografias, os réus ALCINDO e JAIRO como autores do roubo, na forma dos
Autos de Reconhecimento por Fotografia acostados às fls. 85/86. Naquela
oportunidade, não foi possível o reconhecimento do réu PAULO, tendo em
vista que não havia fotografia disponível do réu nos bancos de dados
disponíveis à Polícia Civil, consoante se depreende dos documentos das fls.
102/103.
A testemunha Paulo Alberto Pereira de Freitas, Policial Militar, na fase
judicial, declarou que, na data do fato, encontrava-se em serviço,
acompanhado do Sargento Mallmann, deslocando-se pela Rua São Francisco,
no Bairro Esplanada, quando a Sala de Operações comunicou, via rádio, que a
vítima Joel estava na praça, no Bairro Esplanada, e queria realizar contato
com a guarnição de serviço. Referiu que foram até o local indicado e
visualizaram Joel com a calça e a camisa cheias de barro, relatando que
JAIRO, ALCINDO e PAULO – Sarico –, tinham o derrubado da bicicleta e a
tomado dele, assim como levado o valor de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta
reais). Salientou que se recordou, então, que momentos antes havia passado
pelos acusados na rua São Francisco, oportunidade em que disse ao colega que
no retorno os revistaria. Aduziu que saíram à procura dos réus pelo bairro,
mas não os encontraram, e que a vítima afirmou que gostaria de registrar
ocorrência policial na Delegacia de Polícia Civil. Ressaltou que a vítima
estava com as vestes embarradas e muito nervosa. Disse que Joel ressaltou,
com certeza, que os autores do roubo eram JAIRO, ALCINDO e PAULO.
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Informou que em torno de uma hora antes do fato havia passado pelos réus.
Disse que ALCINDO usava boné, sendo que depois a vítima mostrou o objeto,
pois caiu ao solo no momento do roubo e ficou no local do crime. Afirmou que,
em outras oportunidades, já tinha visto ALCINDO usando o mesmo boné.
O Policial Militar Adair José Mallmann, em juízo, confirmou que antes
do fato ele e o colega Paulo passaram de viatura pelos réus, que estavam sujos,
o que chamou a atenção. Disse que já conhecia os réus pelo envolvimento em
crimes de furto. Esclareceu que ficou em apoio ao colega Paulo, mas ouviu
quando a vítima falou que os autores do roubo eram os réus. Chegaram a
efetuar buscas, contudo, não localizaram os acusados.
O Policial Civil Rodrigo Rodrigues Garcia narrou que chegou ao
conhecimento da Delegacia de Polícia, por intermédio da vítima, que quatro
indivíduos, em comunhão de esforços e vontades, teriam investido fisicamente
contra Joel, derrubando-o ao solo e subtraindo, além de documentos, a quantia
de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais), que seria proveniente de seu salário.
Referiu que iniciaram as diligências e procederam à oitiva do Policial Militar
Freitas, o qual relatou que, por volta de meia hora antes do atendimento da
ocorrência de roubo, tinha visto os réus nas imediações, próximo à Coopermil.
Mencionou que o citado policial também disse que ALCINDO usava um boné, o
qual a vítima, inclusive, coletou no local do fato e levou até a Delegacia de
Polícia. Informou que não foi possível a identificação do quarto indivíduo, que
teria arrastado a vítima por alguns metros antes da fuga de todos os suspeitos
do local. Diante da narrativa coerente da vítima e dos demais elementos, o
Delegado de Polícia representou pela prisão preventiva dos acusados, que foi
deferida pelo Juízo. Todos os acusados foram ouvidos e negaram os fatos.
Destacou que foi roubada a bicicleta da vítima, único meio que ela tinha para
se locomover. Referiu que, após, a bicicleta foi encontrada pela Brigada
Militar e devidamente restituída. Ressaltou que, quando a vítima efetuou o
registro de ocorrência, já nominou os acusados, razão pela qual o
reconhecimento por fotografia corroborou o ato. Contou que o registro policial
foi efetuado no dia posterior, sendo que a vítima narrou o fato, apontou os
objetos subtraídos e os autores, bem como descreveu, de forma pormenorizada,
a conduta de cada indivíduo. Confirmou que JAIRO, em seu depoimento na
Delegacia de Polícia, declarou que na data dos fatos estava em casa quando
chegaram ao local ALCINDO, “Nenê”, e Alex de Lima, mostrando-lhe pedras
de crack e dinheiro, bem como falando que possuíam uma bicicleta para
vender. Disse que todos os réus possuem histórico de crimes contra o
patrimônio. Esclareceu que JAIRO é mais conhecido da polícia porque é
usuário de drogas e realiza furtos para sustentar o vício. Acrescentou que
ALCINDO e PAULO investiram fisicamente contra a vítima e JAIRO pegou o
dinheiro do bolso dela. Ressaltou, ao final, que não tem conhecimento de
nenhuma desavença existente entre a vítima e os réus.
Elói Pinheiro, em Juízo, disse que não se recorda se os réus estavam em
sua residência na data e horário do fato. Além disso, abonou a conduta de
PAULO. Da mesma forma, Jorge André Pires Lubas, em Juízo, ouvido na
condição de informante, relatou que PAULO trabalhou com ele até por volta
das 19 horas no dia do fato. Abonou, outrossim, a conduta do réu PAULO.
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Maria Madalena Garcia de Souza, ouvida na condição de informante,


declarou que, na noite do fato, por volta das 20 horas, foi até a residência de
PAULO, que é seu vizinho, e jantou com o réu no local. Disse que quando foi
embora, por volta das 23 horas, PAULO estava dormindo.
Ressalto que o depoimento da informante deve ser avaliado de forma
cautelosa, tendo em vista que Maria Madalena é vizinha de Paulo e seu
depoimento vai de encontro com a palavra segura e coerente da vítima,
corroborada pelas demais provas colhidas ao longo da instrução criminal.
Cheila Araújo de Deus de Oliveira, testemunha defensiva, contou que,
no dia do fato, JAIRO, que era seu vizinho de frente, esteve em sua residência,
tendo dado comida a ele, sendo que depois o réu foi embora, dizendo que
pretendia dormir. Não soube precisar o horário exato em que JAIRO esteve em
sua residência, aduzindo que foi “cedo da noite” – entre as 19 e 20 horas –,
nem o período pelo qual permaneceu no local – cerca de 40 minutos.
A testemunha Olívio Renato Almeida, arrolada pela defesa, afirmou que,
no dia do fato, visualizou JAIRO e ALCINDO, sendo que Jairo foi até a sua
residência para pedir comida. Mencionou que ALCINDO estava na frente da
casa de JAIRO. Não soube precisar o horário exato em que JAIRO esteve em
sua residência, referindo que foi por volta das 19 e 20 horas, e que o réu pegou
a comida e foi para casa dormir, ficando poucos minutos no local.
Ressalta-se, conforme mencionado pela acusação, que os depoimentos de
Cheila e Olívio não são precisos quanto ao horário em que JAIRO foi até a
residência dos vizinhos, e são colidentes quanto ao período em que o réu
permaneceu no local, não servindo para afastar a responsabilidade criminal do
acusado.
O réu PAULO PINHEIRO LUBAS, em seu interrogatório em Juízo,
alegou que, no dia do fato, chegou do trabalho por volta das 18h30min e 19
horas, tomou banho e foi dormir, entre as 20 e 21 horas. Referiu que, quando
chegou em sua residência, sua vizinha, cujo nome não se recorda, já estava
tomando chimarrão com sua mãe, tendo jantado no local e ido embora.
O acusado JAIRO DA SILVA MELLO sustentou que, antes das 19
horas, foi até um bar comprar cigarros e encontrou Joel, que até então era seu
amigo e estava bêbado, aos gritos e com uma bicicleta velha. Mencionou que
não falou com Joel, mas o ouviu dizer que “ia fazer folia com a mulherada”.
Contou que depois foi para casa, falou com familiares e vizinhos, e foi dormir
em seguida, sendo que ficou sabendo sobre o roubo no outro dia. Afirmou que
ALCINDO não esteve em sua residência na noite do fato, mas apenas cedo da
tarde e no dia da prisão de ambos. Lido parte do seu interrogatório em sede
policial (fl. 116), disse que não foi no dia do fato que ALCINDO, “Nenê” e
Alex de Lima estiveram em sua residência, mas um ou dois dias antes, não se
lembrando da venda da bicicleta mencionada.
ALCINDO RIBEIRO BRUM, em seu interrogatório judicial, afirmou
que no horário do fato se encontrava na residência de Elói Pinheiro, sendo que
depois passou na casa do amigo Jurandir e foi embora dormir. Declarou que
no dia do fato delitivo não esteve com nenhum dos corréus, tendo apenas
passado por JAIRO. Confirmou que no dia da prisão estava dormindo na casa

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de JAIRO e que costumava dormir no local. Informou que nunca teve


desentendimento com a vítima Joel.

Este retrospecto probatório revela acertada a decisão singular proferida pela


magistrada da 1ª Vara Judicial da Comarca de Cerro Largo, ao julgar procedente a pretensão
punitiva estatal e condenar ALCINDO RIBEIRO BRUM, JAIRO DA SILVA MELLO e
PAULO PINHEIRO LUBAS como incursos nas sanções do artigo 157, §2º, inciso II, do
Código Penal, presente ainda a agravante da reincidência quanto ao primeiro.
Os elementos colhidos dão conta de que, conforme descrito na denúncia, em
04-12-2019, por volta das 21h30min, os apelantes, em comunhão de esforços e conjugação
de vontades, mediante emprego de violência, subtraíram coisas alheias móveis em prejuízo
do ofendido Joel Nunes do Nascimento, não se sustentando o pedido absolutório por
insuficiência probatória, principalmente frente às declarações da vítima em ambas as fases
persecutórias, as quais foram claras e assertivas quanto à autoria, tendo sido os três
reconhecidos por esta.

Depreende-se do relato do ofendido que estava caminhando em via pública,


por volta das 21h30min, empurrando sua bicicleta, quando foi derrubado ao chão por
ALCINDO. Ato contínuo, PAULO o segurou, “calçando-o” com o joelho contra suas costas
para que JAIRO subtraísse sua carteira do bolso da calça, que continha seus documentos e
R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) em espécie, que havia recebido pelo seu trabalho. Ainda,
um quarto indivíduo, que não logrou reconhecer, arrastou-o pelas pernas. Após tomarem a
bicicleta de Joel, os quatro evadiram-se do local.
Logo após o fato, Joel acionou a Brigada Militar e narrou o ocorrido,
nomeando os três réus como autores, uma vez que já os conhecia, além de comparsa
desconhecido. No dia seguinte realizou registro de Boletim de Ocorrência perante a Polícia
Civil, reiterando o fato e a indicação de ALCINDO, JAIRO e PAULO. Realizou
reconhecimento fotográfico quanto aos dois primeiros (fls. 85-86), apenas não o fazendo em
relação ao terceiro em razão de não haver, no sistema policial, registro em imagem para tal.
Quanto ao quarto indivíduo, analisou fotografias apresentadas pela Polícia, mas não o
identificou. No dia seguinte, sua bicicleta foi localizada pela autoridade policial, abandonada
em via pública, sendo a ele restituída.

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Detalhado o modus operandi adotado pelos inculpados durante a empreitada


criminosa, levada à cabo com uso de violência, e não derruída a conclusão de que, quando
ouvido, transmitiu a verdade acerca do ocorrido, inexistindo prova de imputação graciosa,
sua narrativa merece especial credibilidade à elucidação do crime e à formação do
convencimento motivado, vigorando a presunção de que o ser humano percebe e narra tão
somente a verdade, presunção esta que, fundada na experiência geral, figura como base de
toda a vida em sociedade e da lógica da credibilidade genérica dos elementos de prova
testemunhal1, orientação que encontra amparo na jurisprudência desta Corte:

[...] Palavra da vítima que assume especial relevo


probatório, naturalmente sobressaindo sobre a do réu,
porque não se acredita que imputasse um crime a outrem,
somente com o fito de prejudicá-lo, indemonstrada qualquer
razão para falsa inculpação. [...]. (Embargos Infringentes e
de Nulidade, Nº 50032708120208210002, Quarto Grupo de
Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Fabianne Breton Baisch, Julgado em: 29-04-2022)

No mesmo sentido é o relato do Policial Militar Paulo Alberto Pereira de


Freitas. Refere ter visto os réus transitando juntos em via pública na noite dos fatos. Ao
atender ao chamado do ofendido, encontrou-o com as vestes sujas de barro e bastante
nervoso, ao que identificou seguramente três autores do roubo. A guarnição procurou-os no
entorno, não tendo êxito. Referiu que no local do fato havia um boné e o reconheceu como
pertencente a ALCINDO.
Adair José Mallmann, Policial Militar, estava em apoio a seu colega e
reiterou as informações por este apresentadas. Pontuou que o ofendido prontamente indicou
os nomes dos autores e que estes seriam pessoas conhecidas pela prática de delitos na região.

O Policial Civil Rodrigo Rodrigues Garcia frisou que a vítima indicou os


acusados com certeza ao realizar o registro do Boletim de Ocorrência no dia seguinte ao fato.
Narrou que realizaram diligências a fim de identificar o quarto indivíduo, o que não foi
possível. Por fim, afirmou que JAIRO é pessoa conhecida daquele local, sendo dependente
químico que comete delitos a fim de manter seu vício.

1
MALATESTA, Nicola F. D. A Lógica das Provas em Matéria Criminal. 2ª Edição. Campinas:
Bookseler, p. 319.
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Elói Pinheiro disse não se recordar se os réus estiveram em sua residência


na data em questão. Abonou a conduta de ALCINDO.
O informante Jorge André Pires Lubas abonou a conduta de PAULO,
informando que na data do fato estavam trabalhando juntos até por volta das 19h e que em
seguida deu carona ao acusado, deixando-o em sua casa.

Maria Madalena Garcia de Souza, também na condição informante,


contou que no dia 04-12-2019 estava na casa de PAULO, jantando com ele e sua genitora,
indo ele dormir por volta das 20h. Abonou sua conduta.
Cheila Araújo de Deus de Oliveira referiu que JAIRO esteve em sua casa
no dia do fato entre as 19h e 20h, ocasião em que lhe deu comida, e que após, este foi para
casa. Relatou que o recorrente é bem visto pela comunidade.

Olívio de Almeida narrou que JAIRO, por volta das 19h ou 20h da noite do
fato, acompanhado de ALCINDO, pediu-lhe comida, tendo dito, em seguida, que iria para
casa dormir.
PAULO negou a autoria delitiva ao referir que no dia 04-12-2019 chegou
em sua casa após o trabalho, tomou banho e foi dormir. Estava em sua casa uma vizinha, da
qual não se recorda o nome, tomando chimarrão com sua mãe. Negou ter se encontrado com
os demais réus, da mesma forma em que rechaçou qualquer desavença com o ofendido.
Em seu interrogatório, JAIRO disse não ter praticado o roubo e que era
amigo do ofendido. Na data em questão, encontrou-o bebendo em um bar, ao que parecia
alcoolizado. Em seguida, o réu esteve na residência de seu irmão e outros familiares que
vivem nas proximidades. Retornou a sua casa para assistir a um jogo de futebol. Falou que
não se encontrou com ALCINDO naquela ocasião. Questionado quanto a seu depoimento em
sede policial, em que referiu que ALCINDO, “Nenê” e Alex de Lima teriam estado em sua
casa com pedras de crack, dinheiro e de posse de uma bicicleta à venda, disse que se
encontrou com os referidos em dia anterior, não se recordando quanto ao objeto mencionado.
ALCINDO negou a autoria dos fatos. Estava na casa de Elói Pinheiro na
noite em questão, tendo encontrado com outros amigos e, posteriormente, dirigiu-se a sua
casa. Afirmou não ter desentendimentos com a vítima.

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Da análise da prova se extraem relatos coerentes entre o ofendido e os


policiais, os quais pontuam sobretudo a tranquilidade de Joel no reconhecimento dos três
autores, não sendo possível a identificação apenas do quarto indivíduo. As testemunhas
defensivas e os informantes, por sua vez, não aportam aos autos elementos suficientes quanto
ao paradeiro dos réus no momento do fato. As informações por elas trazidas dizem respeito a
período anterior ao horário indicado pela vítima, estando tais elementos isolados em relação
ao restante do acervo probatório. Da mesma maneira, identificadas incongruências dos
testemunhos em relação aos interrogatórios, uma vez que Olívio narrou ter visto JAIRO
junto de ALCINDO no momento em que o primeiro lhe pediu comida, o que foi negado por
ambos os réus.
Em conclusão, não tendo as defesas se desincumbido do ônus de demonstrar
suas alegações, em inobservância ao artigo 156 do Código de Processo Penal, resta derruída
a inicial presunção de inocência de ALCINDO, JAIRO e PAULO, impondo-se a manutenção
do decreto condenatório.
No que toca à causa de aumento pela prática do crime em concurso de
agentes, cumpre confirmá-la, sendo robusta a prova no sentido de terem os acusados
auxiliado-se mutuamente e dividido tarefas no intuito de mais facilmente consumar a
subtração, evidenciado pleno domínio do evento por todos. ALCINDO empurrou o ofendido
ao solo, sendo imobilizado por PAULO para que JAIRO subtraísse sua carteira. Resultou,
portanto, bem delineada a incidência da majorante prevista no inciso II do §2º do artigo 157
do Estatuto Repressivo.

Resta a dosimetria.

ALCINDO RIBEIRO BRUM


O apenamento de partida foi arbitrado em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses
de reclusão, valorado negativamente os maus antecedentes, o que vai mantido, uma vez que
constam, em sua certidão judicial criminal, duas condenações anteriores ao presente fato,
sendo uma delas (102/2.02.0000127-4) valorada nesta fase.
Na segunda etapa, reconhecida a circunstância agravante pela reincidência
(043/2.08.0000626-2), elevada a provisória em 09 (nove) meses, alcançando 05 (cinco) anos
e 03 (três) meses de reclusão.
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Na última fase, em virtude da incidência da majorante pelo concurso de


pessoas, exasperada a privativa de liberdade em 1/3. Em que pese verifique-se equívoco
material do comando sentencial ao fixar a pena no patamar de 06 (seis) anos e 09 (nove)
meses de reclusão, o quantum final vai assim mantido, diante da ausência de pedido
ministerial para tal correção.

O regime inicial de cumprimento de pena é o fechado, nos termos do artigo


33, § 2º, alínea ‘a’, e § 3º, do Código Penal.

Inalterada a pecuniária cumulativa, fixada em 13 (treze) dias-multa, à razão


unitária mínima.

Por fim, presentes os requisitos de natureza cautelar, ratifico a manutenção


da segregação preventiva até o trânsito em julgado.

JAIRO DA SILVA MELLO

A basilar foi arbitrada em 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão, em


razão de maus antecedentes (043/2.02.0000271-1), sem retoque.

Quanto ao pleito defensivo de valoração positiva quanto à conduta social,


não merece deferimento. Isso porque, ainda que as testemunhas Cheila e Olívio tenham
abonado sua conduta social, o policial Rodrigo Rodrigues foi assertivo ao afirmar que o
apelante é pessoa conhecida pelos delitos patrimoniais na região, praticados em razão de seu
vício em entorpecentes.
A pena-base torna-se provisória, uma vez que ausentes agravantes e
atenuantes.
Na última fase, em virtude da incidência da majorante pelo concurso de
pessoas, adequadamente exasperada a privativa de liberdade em 1/3, totalizando 06 (seis)
anos de reclusão, quantum em que se estabiliza.

O regime inicial de cumprimento de pena é o semiaberto, nos termos do


artigo 33, § 2º, alínea ‘b’, do Código Penal.

A pecuniária cumulativa vai mantida em 12 (doze) dias-multa, à razão


unitária mínima.

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Presentes os requisitos de natureza cautelar, ratifico a manutenção da


segregação preventiva até o trânsito em julgado.

PAULO PINHEIRO LUBAS


Na primeira etapa, fixada a pena no mínimo legal de 04 (quatro) anos de
reclusão por não haver circunstâncias judiciais desfavoráveis. Na segunda fase, o mesmo
montante torna-se provisório, em razão de inexistirem agravantes ou atenuantes.

No derradeiro momento, em virtude da incidência da majorante de concurso


de pessoas, adequadamente exasperada a privativa de liberdade em 1/3, totalizando 05
(cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão, patamar em que vai fixada.
O regime inicial de cumprimento de pena é o semiaberto, nos termos do
artigo 33, § 2º, alínea ‘b’, do Código Penal.
A pecuniária cumulativa vai reduzida para 10 (dez) dias-multa, à razão
unitária mínima, em razão do critério bifásico utilizado para sua determinação, inexistentes
causas de aumento.

Presentes os requisitos de natureza cautelar, ratifico a manutenção da


segregação preventiva até o trânsito em julgado.

A sentença condenou os acusados ao pagamento das custas processuais na


proporção de 1/3 para cada um, suspendendo sua exigibilidade, em razão da gratuidade
judiciária, sem alteração.
Por fim, fixou indenização mínima ao ofendido em razão do numerário que
lhe foi subtraído. A verba reparatória a título de danos materiais possui aplicação cogente,
nos termos do que determina o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, com
redação dada pela Lei nº 11.719/2008. Tratando-se de efeito decorrente da condenação
penal, existindo, em concreto, pedido expresso na denúncia, imperativa é sua manutenção,
que vai estabelecida em um salário mínimo na data do fato, R$ 998,00 (novecentos e noventa
e oito reais).

Por tais fundamentos, dou parcial provimento ao apelo defensivo a fim de


reduzir a pena pecuniária de PAULO PINHEIRO LUBAS ao mínimo legal de 10 (dez)
dias-multa e fixo montante de um salário-mínimo à época dos fatos, R$ 998,00

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(novecentos e noventa e oito reais), como indenização ao ofendido, mantidas as demais


cominações sentenciais.

DES.ª FABIANNE BRETON BAISCH (REVISORA) - De acordo com o(a) Relator(a).


DES.ª ISABEL DE BORBA LUCAS - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª NAELE OCHOA PIAZZETA - Presidente - Apelação Crime nº 70085023786,


Comarca de Cerro Largo: "“À UNANIMIDADE, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
APELO DEFENSIVO A FIM DE REDUZIR A PENA PECUNIÁRIA DO 3º RÉU PARA
10 (DEZ) DIAS-MULTA AO MÍNIMO LEGAL E FIXARAM O MONTANTE DE UM
SALÁRIO-MÍNIMO À ÉPOCA DOS FATOS, R$ 998,00 (NOVECENTOS E NOVENTA
E OITO REAIS), COMO INDENIZAÇÃO AO OFENDIDO, MANTIDAS AS DEMAIS
COMINAÇÕES SENTENCIAIS.”"

Julgador(a) de 1º Grau: IANA CARBONI OLIVEIRA

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