Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Registro: 2022.0000945943
ACÓRDÃO
VOTO: 014109
APELAÇÃO: 1530347-05.2021.8.26.0228
APELANTES: MILTON DE CAMPOS
IGOR RODRIGUES DA SILVA
HIGOR DA SILVA DE OLIVEIRA
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
COMARCA: SÃO PAULO 3ª VARA CRIMINAL
MMª. Juíza sentenciante: CECÍLIA PINHEIRO DA FONSECA
AMENDOLARA
mínimos, por incursão nos artigos 157, § 2º, inciso II, c. c. o artigo 14, inciso II;
157, § 2º, inciso II, c. c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, denegado o
e 20 (vinte) dias-multa mínimos, por incursão no artigo 16, § 1º, inciso IV, da Lei
atos preparatórios, que não houve corrupção ativa e que a falsa identidade
417/429).
451/458).
É o relatório.
dezembro de 2021, por volta das 12h, na Rua Irmã Umbelina, nº 75, cidade de
por circunstâncias alheias às suas vontades. Milton foi condenado também pelo
Apelação Criminal nº 1530347-05.2021.8.26.0228 -Voto nº 014109 5
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
descoberto que havia mandado de prisão em seu desfavor. Milton e Higor foram
ser efetuada a prisão deles. Por fim, Higor foi condenado também pelo crime de
porte ilegal de arma de fogo com numeração suprimida porque, na mesma data,
na Rua Dr. Edgard Pinto César, bairro Parque Santa Madalena, cidade de São
Paulo/SP, possuía e mantinha sob sua guarda uma pistola Taurus calibre
Pois bem.
sequer foi utilizado como meio de prova e, mesmo que assim não fosse, a prova
utilização de telefone, pelo que eventual constatação de que não foram realizadas
ligações na data dos fatos em nada alteraria o desfecho condenatório, que, aliás,
devidamente fundamentada (CF, art. 93, IX), ante o seu caráter protelatório e
Nesse sentido, para além do disposto nos artigos 563 e 566 do Código de
Justiça:
analise a questão, não há que se cogitar de nulidade nos presentes autos, pelo
6), boletim de ocorrência (fls. 8/14), autos de exibição, apreensão e entrega (fls.
Milton e Igor preferiram o silêncio (fls. 22 e 24). Higor, por seu turno,
policiais disseram se tratar de uma arma. Não falou com ninguém por telefone
(fl. 23).
roubar um veículo. Deu o nome de seu irmão, pois estava foragido (mídia).
veículo quando foi parado por policiais, que alegaram que tinha envolvimento
em uma tentativa de roubo, o que nega. Não viu a suposta vítima. Conhecia
árvore, em que os policiais encontraram uma sacola. Foi levado à delegacia, pois
sabe de que arma estão falando. Não ofereceu nada aos policiais. Não conhecia
em solo policial, que, ao sair de uma loja, ainda fora do seu veículo, viu dois
indivíduos que andavam pela calçada localizada do outro lado da via e que
para o outro aguardar. Ao perceber que o indivíduo que vinha ao seu encontro
acelerou o passo, colocou a mão por dentro da roupa e fez menção de sacar
tendo a viatura ido em seu encalço. Minutos após, ainda na loja, viu o carro dos
seu encontro era alto, magro, pardo, cabelo preto com franja e jogado de lado,
de moletom preta; já o outro indivíduo era magro, um pouco mais baixo que o
mão e foi em sua direção. Voltou à loja e viu que o homem tentou abrir a porta
abordado. Viu dois indivíduos naquele contexto. O homem que foi em sua
direção fez menção de puxar uma arma da cintura, mas não puxou. Nenhum
indivíduo alto, magro e com franja que se aproximou. Não foi orientada por
(mídia).
veículo, tendo seus ocupantes afirmado que iriam roubar tanto o veículo da
Milton tocou e, do outro lado, Higor, que já sabia que eles haviam sido
liberassem, o que foi corroborado por Milton naquele contexto. Tal indivíduo
informou onde a arma estaria e outros policiais foram até lá, vindo a localizar o
e em juízo, asseveraram que foram acionados para prestar apoio a outra equipe,
para localização de uma arma de fogo, que estaria sendo oferecida, juntamente
com R$ 6.000,00, para a liberação dos dois primeiros indivíduos presos. Assim
árvore e encontrou a arma, tendo o réu confirmado que seria para a libertação
de ser “irmão”, preso pela outra equipe. Não tiveram contato com os outros dois
polícia, narrou que foi a delegada quem colheu os depoimentos. Teve ciência de
um local e indicou uma arma, que estava em uma árvore próxima. Não se
valorar.
detalhando que foi surpreendida por dois indivíduos, logo após estacionar seu
menção a puxar uma arma de fogo por debaixo da blusa. Naquele contexto,
notando que um dos indivíduos tentou abrir a porta de seu veículo, sem
de fl. 63, além de tê-los reconhecido pessoalmente como autores do crime (fl.
21).
deslinde da questão posta nos autos, razão pela qual merece ser prestigiada. A
fato de a vítima não ter reconhecido Igor e Milton, em juízo, como os autores da
logo após os fatos e a dinâmica narrada pela ofendida, em especial no que tange
abordagem contra ela. Ademais, conforme bem ponderado pela MMª. Juíza a
composta pelos policiais Taile e Luan, foi apreendida a arma de fogo, em poder
não há motivo nos autos para negar crédito ao depoimento dos policiais
ouvidos. Primeiro, porque a valoração do relato dos agentes públicos deve ser
mesmo porque sua condição, por si só, não põe em xeque o valor dessa prova.
como seria de rigor, nos termos do artigo 156 do Estatuto de Ritos Penais.
que pudessem ter interesse em causar gratuito e falso prejuízo aos acusados.
testemunha (CPP, artigo 202) e, no caso dos autos, não há elementos a indicar
competia (CPP, art. 156, caput). Nesse sentido, já decidiu o Colendo Tribunal da
Cidadania:
pelos réus, no sentido de que foram injustamente acusados pelos policiais, não
produzida pela acusação. Até porque sequer se apontou uma razão para os
servidores públicos lançarem uma versão tão elaborada com o único objetivo de
ao notar que seria roubada atos puníveis por força da norma estampada no
condenação destes pelo crime de roubo tentado, não havendo que se falar em
insuficiência probatória.
agentes foi bem comprovada nos autos, por meio das declarações da vítima, que
esclareceu, de forma segura e coesa, que foram dois indivíduos que tentaram
das condutas dos acusados, mas também o liame subjetivo para a prática
Campos Pereira, e que sua verdadeira identidade, assim como sua condição de
resultado naturalístico.
de Milton quanto ao crime de falsa identidade (CP, art. 307, caput) está em
persecução penal (CPP, art. 197), pelo que a manutenção de sua condenação é
medida de rigor.
autos que, durante a abordagem inicial de Igor e Milton, o corréu Higor efetuou
ligação telefônica para Milton e, tendo ciência da abordagem dos dois primeiros,
ofereceu aos agentes públicos André e Leonardo uma arma de fogo e dinheiro, a
fim de que deixassem de praticar ato de ofício, qual seja, a prisão em flagrante
Higor foi preso em flagrante, pelos crimes de corrupção ativa e porte ilegal de
localização da arma de fogo em poder de Higor, foi seguro e coeso, e não há nos
oferecido não constitui elementar do tipo penal em questão, para o qual basta a
apreendida.
corrupção ativa (CP, art. 333, caput) e de Higor, ainda, pelo crime de porte ilegal
de arma de fogo com numeração suprimida (Lei nº 10.826/03, art. 16, § 1º, IV),
probatória.
benefícios prisionais.
tentativa de roubo:
pleiteada pela defesa. Afinal, extrai-se das declarações da vítima que Igor e
para exercer grave ameaça, ao que ela correu, amedrontada, para o interior de
mas não logrou consumar a inversão da posse do bem. Diante do iter criminis
adequada a redução das penas em 2/3 (dois terços), resultando em 1 (um) ano,
mínimos.
Consideradas favoráveis as
tentativa, de 1/3 para 2/3, tal como decidido em relação ao réu Igor,
(quatro) dias-multa.
infrações (CP, art. 69), as penas são somadas, resultando em 4 (quatro) anos, 4
no artigo 307, caput, do Código Penal, apenado com detenção, embora não tenha
tendo em vista o disposto no artigo 33, caput, do Código Penal (que inviabiliza a
crimes, pelos mesmos motivos, com mais razão incabíveis a concessão de sursis
menoridade relativa não tem o condão de reduzir as penas aquém dos pisos,
mínimos.
gravidade concreta dos crimes em questão (CP, art. 33, § 2º e § 3º). Com efeito,
trata-se porte ilegal de arma de fogo com numeração suprimida, oferecida pelo
réus, decretada e mantida na origem, por ser cabível na espécie (CPP, art. 313, I,
para Igor e Higor, e CPP, art. 313, I e II, para Milton) e porque subsistentes os
motivos que legitimaram sua decretação (CPP, art. 312, caput), como bem
destacado pelo MM. Juízo a quo (fl. 342), reforçados agora pelo julgamento deste
Não obstante, nos termos dos pronunciamentos recentes da Corte Cidadã e para
com transferência dos réus Igor e Higor, caso necessário, para estabelecimento
tentado e corrupção ativa. Ainda quanto a esse réu, EX OFFICIO, fixo o regime
Relatora