Você está na página 1de 4

ADVOCACIA & CONSULTORIA JURÍDICA

Rejane da Costa Torres Rocha


OAB/M G 156.069
Rua João Cabacinha, nº 517 – Centro - Almenara/MG, CEP: 39900-000 – Tel: 33.98838.4966 - 3721.6657

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE ALMENARA/MG.

ADVOGADA DATIVA

Processo nº 17.0019305-86
Autor: Ministério Público.
Denunciado: TIAGO GOMES DE CASTRO
 

 TIAGO GOMES DE CASTRO, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, através


de sua procuradora ao final subscritos, vem respeitosamente à presença de V. Exa., apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

 Pelas razões de fato e de Direito a seguir expostas.

FATOS
 Segundo denúncia do Ministério Público, o denunciado encontra-se incurso nas sanções do
crime prescrito no art. 34, da LCP e no artigo 330 do CP por duas vezes, posto que na data de
23/12/2016, por volta de 15H30min, na Rua Argemiro Aguilar, altura do n. 1445 – Bairro
Pedro Gomes, nesta cidade e comarca, o denunciado dirigia em via pública uma motocicleta
Honda Fan, cor preta – placa PYP-6989, pondo em perigo a segurança alheia, ff. 02.

DO MÉRITO

O denunciado declarou em mídia virtual fl. 95: Que não confirma os


fatos narrados na denuncia. Que estava numa lanhouse fazendo um trabalho, que de lá ate
o local onde parou deve dar uns 300 ou 400 metros. Que saiu da lanhouse, passou em
frente sua casa e buzinou para o vizinho e deparou com a policia virando a rua. Que ficou
atrás da viatura e parou no cabeleireiro, conversou com uns colegas e foi a hora que a
policia chegou e mandou colocar as mãos na parede. Que questionou o porque, e ele
repetia para colocar as mãos na parede, aí o enforcou e o atirou no chão e colocou a arma
na sua cabeça.....
ADVOCACIA & CONSULTORIA JURÍDICA
Rejane da Costa Torres Rocha
OAB/M G 156.069
Rua João Cabacinha, nº 517 – Centro - Almenara/MG, CEP: 39900-000 – Tel: 33.98838.4966 - 3721.6657

...” que não é verdade que mandaram ele parar. Que tem cinco anos
de carteira e nao tem nenhuma infração. Que nega ter empinado a motocicleta, que nunca
fez isso....”

Note-se que nas alegações finais de fls. 96/98, o ilustre RMP pede a
procedência da representação, aplicando ao representado a pena prevista no artigo 309 do
CTB por duas vezes, e, seja decretada a perda dos direitos políticos do mesmo.

São noções basilares de Direito Penal que, na falta do elemento


subjetivo, não há crime e neste caso, não precisa nem se questionar, pois em nenhum
momento, o acusado gerou perigo de dano, logo o fato é atípico.

Ademais, o depoimento policial, por si só, não vale como prova


suficiente para a condenação em processo criminal. Com esta conclusão, a 4ª Vara Criminal
de Vitória (ES)- Processo: 0006620-40.2012.8.08.0024 (024.12.006620-4), absolveu um
jovem acusado de tráfico de drogas, expediu o alvará de soltura e determinou a devolução do
dinheiro encontrado em seu bolso. De acordo com a sentença, de fato, há uma probabilidade
de os fatos descritos pela acusação terem ocorrido. Entretanto, no processo criminal deve
haver provas. Não podem existir dúvidas. “Não ausência de certeza quanto à acusação,
vigora o princípio do in dubio pro reo”, concluiu a juíza.

O que realmente aconteceu, não se pode afirmar com certeza, pois,


não existiam testemunhas oculares do fato. Justo seria a aplicação do In dúbio pro reo, tendo
em vista, a incerteza das provas colhidas nos autos, vez que o acusado jamais dirigiu
perigosamente, ou fazendo manobra brusca e imprimindo velocidade maior.

Vejamso os julgados a respeito:

TJ-RS - Recurso Crime RC 71004440186 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 25/10/2013

Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. DIREÇÃO PERIGOSA. ART. 34 DA LCP .
INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA.
Ausente comprovação de que a conduta do acusado tenha colocado em risco a
segurança alheia, imperativa a absolvição. Depoimento do único policial ouvido em
juízo que apenas menciona ter o réu trafegado em velocidade excessiva, não
apontando o risco decorrente de tal conduta. RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime
Nº 71004440186, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Madgeli
Frantz Machado, Julgado em 21/10/2013)
ADVOCACIA & CONSULTORIA JURÍDICA
Rejane da Costa Torres Rocha
OAB/M G 156.069
Rua João Cabacinha, nº 517 – Centro - Almenara/MG, CEP: 39900-000 – Tel: 33.98838.4966 - 3721.6657

TJ-RS - Recurso Crime RC 71004624557 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 31/01/2014

Ementa: APELAÇÃO CRIME. DIREÇÃO PERIGOSA NA VIA


PÚBLICA. ART. 34 DA LCP . INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA MANTIDA. Falecendo nos autos prova firme e segura no sentido de
que o réu tenha praticado a manobra dita perigosa de forma intencional, impositiva a
sua absolvição, uma vez que a contravenção em comento não é punível na forma
culposa. RECURSO MINISTERIAL IMPROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004624557,
Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina Pereira Gonzales,
Julgado em 27/01/2014)

TJ-RS - Apelação Crime ACR 70074889999 RS (TJ-RS)


Data de publicação: 05/03/2018
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. DESOBEDIÊNCIA. ART. 330 DO CP .
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. ART. 339 DO CP . ABSOLVIÇÃO. 1. A situação se
amolda ao ilícito administrativo previsto no art. 195 do CTB . Em vista disso, não há
desobediência. Precedentes. 2. A partir das provas disponíveis nos autos, não há
como ter certeza da inexistência dos fatos atribuídos pelo réu à vítima, não se
mostrando possível tal conclusão, apenas em razão do resultado da apuração de
Sindicância Policial Militar. Não é possível vislumbrar, de modo inequívoco, o dolo
do acusado em imputar à vítima crimes de que o sabia inocente. Contexto probatório
que não autoriza a condenação do acusado. Absolvição que se impõe. APELAÇÃO
DA DEFESA PROVIDA (Apelação Crime Nº 70074889999, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em 22/02/2018).

TJ-RS - Apelação Crime ACR 70077209567 RS (TJ-RS)


Data de publicação: 30/08/2018
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. DESOBEDIÊNCIA. ART. 330 DO CP .
DESACATO. ART. 331 DO CP . AUSÊNCIA DE DOLO. DÚVIDA. INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIIA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. 1. Caso concreto em que há dúvida
acerca do dolo do acusado em desobedecer às ordens legais e da própria ocorrência
do crime do art. 330 do CP . 2. Pratica o crime do art. 331 do CP aquele que profere
palavras injuriosas aos policiais militares, em desprestígio à função por eles
desempenhada. No caso, não se retira a conclusão de que tenha havido dolo em
desprestigiar a função pública e a configuração do desacato. Desta forma, na dúvida,
deve ser mantida a absolvição, por falta de provas. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.
(Apelação Crime Nº 70077209567, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em 26/07/2018)

Dizer que, a palavra do policial, vale mais do que a das pessoas


“normais”, não tem nenhum respaldo jurídico, pois, quem possui fé pública é somente o
escrivão de polícia, obviamente se falando da esfera policial. A presunção de veracidade da
palavra de policiais não é absoluta. Por isso, se, a acusação não apresentar provas do
que alega, prevalece a presunção de inocência. Foi o que decidiu o Juiz Carlos Eduardo
Oliveira de Alencar, da 31ª Vara Criminal de São Paulo, ao desclassificar acusação de
tráfico qualificado.
ADVOCACIA & CONSULTORIA JURÍDICA
Rejane da Costa Torres Rocha
OAB/M G 156.069
Rua João Cabacinha, nº 517 – Centro - Almenara/MG, CEP: 39900-000 – Tel: 33.98838.4966 - 3721.6657

Nessa esteira, encontram-se ausente comprovação de que a conduta do


acusado tenha colocado em risco a segurança alheia. O Depoimentos policiaais ouvido em
juízo que apenas menciona ter o réu trafegado em velocidade excessiva, não apontando o
risco decorrente de tal conduta, sequer souberam dizer se a via era bem pavimenta. HAJA
VISTA QUE COMO É PUBLICO E NOTÓRIO A VIA É CHEIA DE BURACOS, PEDRAS
SOLTAS, CALÇAMENTO RUIM E VÁRIAS DEPRECIAÇÕES NA MESMA DEVIDO A
PARTE ARGILOSA DO SOLO.

Ademais, o acusado jamais agiu com dolo em desprestigiar a função


pública e a configuração do desacato, sequer pronunciou palavras injuriosas aos policiais
militares, em desprestígio à função por eles desempenhada, no caso não ocorreu o desacato.

Assim, Excelencia, o acusado requer a aplicação do Princípio do In


dúbio pro reo, por não haver, in casu, provas idôneas de que, o acusado concorrido para os
crimes dos art. 34, da LCP e no artigo 330 do CP por duas vezes.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

1) Absolver o denunciado TIAGO GOMES DE CASTRO dos crimes dos art. 34,
da LCP e no artigo 330 do CP por duas vezes.
2) Os benefícios da justiça gratuita;

3) A fixação dos honorários advocatícios, segundo tabela organizada pelo


Conselho Seccional da OAB, a serem pagos pelo Estado, conforme determina o artigo
22, § 1º, da Lei 8.906-94.

Termos em que, pede deferimento.

Almenara/MG, 25 de setembro de 2018.

Rejane da Costa Torres Rocha


OAB/M G 156.069

Você também pode gostar