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WALDIR RODRIGUES LOPES

ADVOCACIA & CONSULTORIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE BELÉM, CAPITAL DO ESTADO DO PARÁ.

Proc. nº 0014986-89.2019.8.14.0401

JONAS NONATO BOTELHO RAMOS, já qualificado nos autos da referida Ação


Penal que lhe move o Ministério Público, em trâmite por este R. Juízo, por meio de seu
advogado WALDIR RODRIGUES LOPES, in fine assinado, vem muito respeitosamente a
presença de Vossa Excelência com fundamento nos artigos 403, § 3º do Código de Processo
Penal, oferecer seus MEMORIAIS, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

1 – BREVE RESUMO DOS FATOS

Fora o acusado denunciado e encontra-se processado por este ínclito juízo em


virtude da ocorrência dos fatos que, segundo entendimento do Ministério Público, submetem-se
à norma penal incriminadora inserta nos arts. 157, § 2, II e § 2-A, I C/C artigo 69, caput, ambos
do Código Penal Brasileiro.

“(...) Segundo consta, na data, horário e local descritos na denúncia,


o denunciado teria em concurso material de crimes, mediante grave
ameaça, exercida por arma de fogo, subtraído, um aparelho celular
Samsung Prime da vítima Rafael Aires da Silva, na Travessa Timbó
entre Duque de Caxias e Visconde de Inhaúma, por volta das 22h30,
ato contínuo, subtraíram também, um celular Samsung Galaxy J7 e
uma quantia em dinheiro da vítima Diego Costa Mendes, por volta
das 22h50, na Avenida Alcindo Cacela, em frente a uma pizzaria
delivery(...)”

O denunciado exerceu o direito de permanecer em silencio em seu depoimento


na fase inquisitorial.

Endereço: Rua 25 de Junho 39, Guamá, CEP 66075-513, Belém, Pará.


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No bojo da representação em tela, o Douto representante do MP ofereceu


Denúncia recebida por estou R. juízo.

É a breve síntese fática.

Destarte, data vênia, entendimento diverso guarda a defesa, razão por que
entende ser o caso de absolvição do réu, com fundamento no artigo 386, VII, aplicando-se o
princípio in dubio pro reo.

2 - DA VERDADE DOS FATOS.

Em primeiro lugar, do interrogatório do acusado extrai-se sua veemente negativa


quanto à prática criminosa, eis que alegou em sua defesa preliminar que na noite do suposto
crime ao qual é acusado, estava em frente a sua residência ainda eram por volta de 23h20,
quando chegou seu amigo de longa data, Leandro Matheus, (có-réu) e mais outro conhecido
como Léo, e o convidaram para dar uma volta com mais duas colegas, fato este aceito pelo
mesmo, que após encontrarem as duas colegas em determinada rua do bairro do Guamá,
foram abordados por uma viatura da Polícia Militar, que revistaram o automóvel a encontraram
um celular escondido em um fundo falso do automóvel próximo do porta-luvas, fato este de
conhecimento somente do proprietário do veículo, não encontrando armas de qualquer
espécie.

Foi conduzido a delegacia e o ora acusado, exerceu o direito de ficar calado,


somente negando sua participação em qualquer ato criminoso.

Durante a instrução criminal, não foram colhidas provas suficientes para se


atestar de maneira satisfatória a autoria delitiva do crime em tela, uma vez que, uma das
vítimas compareceu a primeira audiência e solicitou o direito de ficar em silêncio, e a outra
suposta vítima sequer compareceu aos quatro chamados da justiça para corroborar a denúncia
do Ministério Público.

No mais, nenhum dos policiais arrolados como testemunhas sequer


reconheceram o denunciado JONAS NONATO, como participante de tal ação criminosa.

Após análise do processo, restam evidentes os motivos que justificam a prolação


de sentença absolutória em favor do acusado.
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3 – DO DIREITO.

Cumpre esclarecer primeiramente que o denunciado repudia veemente a


acusação, e nega qualquer envolvimento no crime ora em tela, enfatizando ser o réu inocente.

Importante frisar a este digno Magistrado que o acusado, sempre foi pessoa
trabalhadora, não é, e nunca foi bandido, conforme erroneamente lhe esta sendo imputado,
também não é marginal de nefanda escolas de crimes.

No entendimento do Promotor de Justiça oficiante nestes autos, foi praticado o


crime de roubo, mas não há prova suficiente tendo em vista que o Delegado de Polícia sequer
realizou o reconhecimento pessoal do acusado, afim de cabal elucidação dos fatos.

É de relevante importância destacar também, que o Ministério Público tenta


embasar sua denúncia baseado no depoimento de co-réu Leandro Matheus, que se
fazendo de vítima, acusa os demais de terem praticado o crime descrito pelo parquet, no
entanto, a mera e simples delação de um co-réu, não basta para se firmar a culpabilidade
de outro co-acusado, necessitando que seja corroborado com outros elementos de
informação processual produzidos no curso da instrução judicial contraditória, sob pena
de ser violado o artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.

Nobre julgador, levando em consideração as provas colhidas na instrução


processual, estas não foram suficientes para confirmar a autoria delitiva por parte do
denunciado no crime inicialmente imputado contra este, uma vez que não houve nem o
comparecimento das vítimas, muito menos reconhecimento por parte das testemunhas.

Neste ínterim, faz-se necessário para a declaração da existência da


responsabilidade criminal e futura imposição de sanção penal a uma determinada pessoa, que
se verifique no caso concreto a certeza de que fora cometido um ilícito penal e que seja esta a
autora, o que de fato não ocorre no processo em baila.

Resta pacífico que a sentença condenatória somente poderá vir fundada em


provas que conduzem a concreta certeza, não sendo o bastante nem mesmo a alta
probabilidade, onde esta servirá tão somente como fundamento absolutório, pois reflete-se

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unicamente um juízo de incerteza que não representa nada mais que a dúvida quanto à
realidade.

Assim, ante a negativa de autoria por parte do réu em juízo e a fragilidade das
provas necessárias para lhe incriminar, deve prevalecer, em face de ausência de outros
elementos de convicção, o princípio do "in dubio pro reo". Assim é o entendimento de nossos
Tribunais senão vejamos:

PROVA - Existência de indícios de autoria - Condenação -


Impossibilidade: - Indícios de autoria são insuficientes a embasar édito de
condenação, mister que se produza prova inconcussa, não bastando
sequer alta probabilidade, sendo certo que estando o ânimo do Julgador
visitado por dúvida razoável, outra decisão, que não a absolutória, não há
que ser emanada, posto que o Processo Penal lida com um dos bens
maiores do indivíduo: a liberdade. " (Apelação n° (.275.247/2 – São Paulo
- 5a Câmara - Rei. Desembargador MAPJANO SIQUEIRA - 12/12/2001 -
M. V. TACrim - Ementário n° 30, JUNHO/2002, pág. 24).

"Prova-Insuficiência-Meros indícios que não bastam para a condenação


criminal - Autoria que deve ser concludente e estreme de dúvida-
Absolvição decretada. Em matéria de condenação criminal, não bastam
meros indícios. A prova da autoria deve ser concludente e estreme de
dúvida, pois só a certeza autoriza a condenação no juízo criminal. Não
havendo provas suficientes a absolvição do réu deve prevalecer" (TJMT -
2o C. - Rec. em AP - j . 12.5.93 - Rei. Inácio Dias Lessa - RT 708/339).

"Indício, suspeitas, ainda que veementes, não são suficientes para


alicerçar um juízo condenatório. A prova judiciária somente é bastante à
incriminação do acusado quando formadora de uma cadeia concorrente
de indícios graves e sérios, unidos por um liame de causa e efeito,
excludentes de qualquer hipótese favorável ao acusado. Para a
condenação é mister que o conjunto probatório não sofra o embate da
dúvida(TAMG - 1o C. - AP - j . 27.2.96 - Rei. Audebert Delage - RT
732/701)

O conjunto probatório nebuloso, impreciso e confuso não autoriza decreto


condenatório" (TACrimSP, Julgados, 12/338). "Sem uma prova plena e
eficaz, da culpabilidade do réu, não é possível reconhecer a sua
responsabilidade penal" (TACrimSP, Julgados, 4/31). "Prova - Dúvida -
Absolvição.

Nosso tribunal de Justiça do Estado do Pará compartilha do mesmo


entendimento, senão vejamos:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 157, § 2º, INCISOS I E II, DO


CÓDIGO PENAL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO
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MINISTERIAL. PLEITO CONDENATÓRIO. ALEGADA EXISTÊNCIA DE


PROVAS SUFICIENTES PARA CORROBORAR UM DECRETO
CONDENATÓRIO. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. DEPOIMENTOS DA
VÍTIMA, PRESTADOS NA FASE INQUISITIVA E EM JUÍZO, QUE
DEMONSTRAM CERTA CONTRADIÇÃO, NÃO EXISTINDO A CERTEZA
DE QUE O APELADO FOI REALMENTE O AUTOR DO FATO
DELITUOSO A ELE ATRIBUÍDO. EXISTÊNCIA DE DÚVIDA QUANTO À
AUTORIA DELITIVA. NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN
DUBIO PRO REO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
UNÂNIME.

(2015.04523057-74, 153.982, Rel. RAIMUNDO HOLANDA REIS, Órgão


Julgador 3ª CÂMARA CRIMINAL ISOLADA, Julgado em 2015-11-26,
Publicado em 2015-11-27)

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO QUALIFICADO. SENTENÇA


ABSOLUTÓRIA. INSURGÊNCIA MINISTERIAL. AUTORIA,
MATERIALIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS ? AUSÊNCIA
DE PROVAS CABAIS A JUSTIFICAR A CONDENAÇÃO ? IN DUBIO
PRO REO ? IMPROCEDÊNCIA DO APELO. 1. Sabendo-se que em
sede de condenação criminal é imprescindível a formação do juízo de
certeza sobre a ocorrência do crime e sua respectiva autoria, e não
havendo, in casu, provas robustas, comprobatórias da prática delitiva pelo
apelado, a absolvição deve ser mantida, nada havendo a censurar ou
reparar na sentença absolutória. 2. Nessas circunstâncias, que embora
se considere de grande relevância a palavra firmada pela vítima em
crimes patrimoniais, no caso em comento esta sequer foi arrolada como
testemunha pelo órgão denunciante, somente o fazendo na fase de
diligências, a qual, todavia, não foi ouvida perante o Juízo do feito para
confirmar sua versão na polícia, em que pese ter sido devidamente
intimada. 3. Destarte, não há como julgar procedente a pretensão
punitiva do Estado com base em pífios elementos de prova, cujos
depoimentos dos policiais, ainda que não possam ser sumariamente
desprezados, dada a presunção de legitimidade de que se revestem, não
têm o condão de, isoladamente, embasar uma condenação, a qual exige
prova cabal e induvidosa, sendo melhor, segundo a máxima em Direito,
absolver um culpado do que condenar um inocente. 4. Apelação
conhecida e improvida. Decisão unânime.
(2015.04034230-12, 152.681, Rel. RAIMUNDO HOLANDA REIS, Órgão
Julgador 3ª CÂMARA CRIMINAL ISOLADA, Julgado em 2015-10-22,
Publicado em 2015-10-28)
.

Como visto, não há o que se falar na condenação do ora denunciado pela


suposta prática do crime de roubo, uma vez que são insuficientes as provas necessárias para
lhe incriminar e sustentar uma condenação no mundo jurídico.

4 - DOS PEDIDOS

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Isto posto, é imperativo que o Réu seja absolvido, uma vez que em momento algum
restou comprovada a autoria do crime descrito nos arts. 157, § 2 e § 2-A, I C/C artigo 69,
caput, ambos do Código Penal Brasileiro, imputados pelo represente do Ministério Público em
face da precariedade das provas, aplicando-se, no caso, a regra do "in dubio pro reo".

A vista do exposto aguarda a defesa seja o Réu absolvido por falta de provas
quanto à sua autoria nos delitos que lhe foram imputados, com fulcro no artigo 386, inciso II do
nosso Código de Processo Penal, pugnando-se subsidiariamente e em caso de condenação,
que a pena seja fixada em seu mínimo legal.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

Belém, 18 de maio de 2021.

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WALDIR RODRIGUES LOPES
ADVOGADO - OAB Nº 21.493

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