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PROCESSO Nº xxxx
O réu foi denunciado pela prática de crime de homicídio doloso simples. Consta dos
autos que no feriado de carnaval viajou com alguns amigos para acampar e após
uma partida de truco, desentendeu-se com Mariano. Os dois começaram a discutir,
sobrevindo empurrões e pontapés.
Após dois dias de internação na UTI, Mariano foi a óbito. O juiz recebeu a denúncia
e determinou a citação do réu para responder à acusação. Guilherme foi
regularmente citado e permaneceu inerte, tendo o magistrado nomeado defensor
dativo. Não foram arroladas testemunhas pela defesa, já que Guilherme, depois de
citado pessoalmente, fugiu para o Paraguai, permanecendo foragido todo o
processo. A acusação, ao oferecer denúncia, arrolou 5 testemunhas (todos amigos,
e que estavam no acampamento), que foram ouvidas na audiência de instrução. A
mãe de Mariano compareceu acompanhada por advogado, que formalizou pedido
de habilitação como assistente da acusação, deferido pelo juiz sem oposição do MP.
Encerrada a prova testemunhal e tendo em vista o fato de que Guilherme estava
foragido, o juiz concedeu prazo de 20 minutos para o MP manifestar-se em debates
e que postulou a prorrogação por mais dez, no que foi atendido. O assistente
habilitado falou na sequência, por dez minutos. O juiz negou pedido da defesa para
conversão dos debates em memoriais já que o motivo invocado pelo advogado não
encontrava amparo legal para ser deferido, e concedeu prazo de 20 minutos
prorrogáveis por outros dez, caso precisasse, a fim de que também se manifestasse
nos debates. O juiz pronunciou Guilherme, que por não ter sido encontrado, não foi
intimado. Na decisão, o juiz destacou além da existência da materialidade, todos os
elementos que já comprovavam a autoria do crime, reportando a gravidade da
conduta do acusado que não hesitou em agredir mortalmente um amigo, que não se
importava com a consequência de seus atos e não estava disposto a assumir suas
responsabilidades quando fugiu. Aduziu a brutalidade de seu comportamento, que
beirava uma ‘atuação animalesca contra sua presa’. Reforçou ainda a prova
produzida quanto ao dolo do agente, enfatizando os maus antecedentes do
acusado. Não houve recurso do MP.
II - DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
A justa causa, que constitui condição da ação penal, é prevista de forma expressa
no Código de Processo Penal e consubstancia-se no lastro probatório mínimo e
firme, indicativo da autoria e da materialidade da infração penal.
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do que se compreende por justa
causa no processo penal, vale dizer, "o fato ou o conjunto de fatos que justificam
determinada situação jurídica, ora para excluir uma responsabilidade, ora para dar-
lhe certo efeito jurídico". Em um primeiro grupo estão os que a identificam: a) como
uma condição autônoma da ação; b) como uma síntese das condições da Ação
Penal; c) como uma das condições da ação (interesse de agir); ou, ainda, d) como
mais de uma condição da ação (interesse de agir e possibilidade jurídica do
pedido). Em um segundo grupo estão os que a classificam como uma condição de
procedibilidade, alheia ao injusto culpável e alusiva à admissibilidade da
persecução penal em relação a determinados comportamentos.
A jurisprudência densifica o conceito de justa causa quando procede a um exame
da acusação, já formalizada, sob dois pontos de vista distintos: um formal, a partir
da existência de elementos típicos (tipicidade objetiva e tipicidade subjetiva) e
outro material, com base na presença de elementos indiciários (autoria e
materialidade).
No caso em apreço, nos interessa a justa causa material, ou seja, prova da
materialidade e indícios suficientes de autoria.
V – DO PEDIDO
Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência:
a) Que seja concedida a sua liberdade provisória pelos fatos já expostos, com
aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, em respeito à
proporcionalidade, razoabilidade e necessidade;
b) Que a presente demanda seja extinta de plano, diante da inépcia da exordial
acusatória e da ausência de justa causa para a ação penal, com fulcro no
art. 395, I e III do CPP;
c) Na eventualidade dos pedidos anteriores não serem acolhidos, o que não se
espera, requer a absolvição sumária do réu, nos termos do art. 415, II do CPP.
Protesta provar o alegado por todos meios de provas, documental, testemunha e
demais meios de prova em direito admitidos.
Termos em que, pede deferimento.