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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Antes de tratar da história do Direito Processual Penal, faz-se necessário fazer uma
breve explanação acerca da história da pena, visto que o processo penal é o caminho necessário
para se alcançar a pena.
A vingança não encontrava limites e com isso, muitas, vezes, delitos leves eram
reprimidos severa e desproporcionalmente. Outras vezes, em razão do poderio e da influência
do infrator, a consequência era a impunidade.
A ideia de vingança foi dando lugar às penas públicas na medida em que foi sendo
reconhecida a autoridade de um chefe a quem era deferido o poder de castigar em nome dos
súditos.
Assim, ao se tratar naquela época de um delito privado o estado era o árbitro para
solucionar o eventual litígio, que através das provas colhidas e apresentadas pelas próprias
partes chegava-se a uma decisão. A função do Estado era apenas de árbitro, onde se prestigiava
a conciliação entre as partes e a penalidade era aplicada apenas em último caso.
Ao longo do tempo a acusatio, cedeu lugar a outra forma de sistema que ficava a
cargo do senado e depois do imperador.
Este tipo de sistema pode-se visualizar sob a ótica de ser a base primordial que
consagrou o sistema inquisitivo.
Nos Delitos Privados, os crimes eram punidos com a Vingança Privada e, mais tarde,
pela Composição. A chamada vingança privada encontrou limites na Lei de Talião, (olho por olho
e dente por dente), impondo limites à reação do ofendido, evoluindo posteriormente para a
composição dos danos como forma de reparação do dano e de despenalização, vez que em
alguns crimes a vítima não objetiva a prisão do infrator, mas desejava ser apenas ressarcida dos
danos causados.
VOCÊ SABIA?
A ordália ou “juízo de Deus” nada mais era do que punições corporais
impostas aos acusados pelos juízes (água fervente, ferro em brasa, fogo, água
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
A prática das ordálias caiu em desuso com a chegada da época conhecida como
Baixa Idade Média, por volta do ano 1100. Gradativamente as regiões que tinham este costume
deixaram de lado as ordálias, substituindo por outros métodos de julgamento um pouco mais
racionais e menos desumanos.
Passados um século após a chegada do processo penal acusatório, este foi deixado
de lado pela jurisdição eclesiástica, dando lugar ao processo inquisitivo, como bem remonta tal
situação o autor Fernando da Costa Tourinho Filho:
Do século XIII em diante, desprezou-se o sistema acusatório,
estabelecendo-se o ‘inquisitivo’. Muito embora Inocêncio III houvesse
consagrado o princípio de que Tribus modis processi possit: per
accusationem, per denuntiationem et per inquisitionem, o certo é que
somente as denúncias anônimas e a inquisição se generalizavam,
culminando o processo inquisitivo, per inquisitionem, por tornar-se
comum.
de ação penal pública, também abolido foi a publicidade do processo, no qual o magistrado
procedia ex officio em segredo, também secretamente eram procedidos os depoimentos das
testemunhas, bem como o interrogatório do acusado, este era realizado mediante torturas. A
tortura só cessava quando o imputado expresse a vontade de confessar. Se confessa durante os
tormentos e, para que a confissão seja válida, deve ser confirmada no dia seguinte.
Observa-se que até a Idade Média, a pena privativa de liberdade só tinha o caráter
de custódia, pois as penas propriamente ditas eram, na maioria das vezes, bárbaras.
- A última, a do julgamento.
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
As fases que tratam esse tipo de sistema inquisitivo eram presididas e instruídas
por um magistrado, no qual este podia também exercer o papel de acusador, acerca de tal
procedimento, o interrogatório do acusado era realizado secretamente e sempre precedido de
juramento.
A votação se sucedia por maioria absoluta, no qual se o grande júri entendia que a
acusação se dava por procedente, era o acusado levado ao Juiz presidente do pequeno Júri, para
que este, perguntasse ao réu se o mesmo era culpado ou inocente.
- A da Polícia Judiciária;
- A da instrução e
- A do julgamento
Com a vinda da Família Real em 1808, as leis passaram a ser editadas no Brasil e se
comutavam as penas. A igreja foi uma poderosa instituição e seu representante, Papa Inocêncio
II, elaborou formas para o início do procedimento criminal. Em 1822 ocorreu a independência
do Brasil, a partir de então, houve a possibilidade do país formar ordenamento penal e
processual penal próprio.
A legislação processual penal foi unificada com a Carta de 1934 e com o advento da
Carta Constitucional de 1937, providenciou- se a promulgação do atual Código de Processo
Penal. A carta outorgada no Brasil aboliu torturas e outras penas cruéis.
Lei 1.408/1951 – prorroga o vencimento de prazos judiciais; Lei 4.898/1965 – regula o processo de
responsabilidade nos casos de abuso de poder; Lei 5.256/1967 – dispõe sobre a prisão especial; Lei
7.210/84 – Institui a Lei de Execução Penal; Lei 7.960/1989 – Dispõe sobre prisão temporária; Lei
9.099//1995 – Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências
Em regra:
Estado detentor
do jus puniendi,
por meio de um
terceiro
imparcial (juiz)
DEVIDO
PROCESSO
Estado como
detentor do Investigado ou
direito de ação, acusado, como
detentor do direito
atuando por de ver preservada
meio do sua liberdade e
Ministério integridade moral.
Público
Professora Ana Paula Correia de Souza
Direito Processual Penal I
Existe uma relação imprescindível entre o delito, o processo e a pena, de modo que
são complementares. A pena é um efeito jurídico do delito e do processo, consequentemente.
No entanto, o processo não pode ser considerado como um efeito jurídico da pena, visto que o
processo surge da necessidade de impor uma pena ao delito por meio de normas
preestabelecidas.
PROCESSO
DELITO PENA
Completo e efetivo*
Diante do fato do Direito processual Penal advir do Direito Público, onde predomina
o interesse público sobre o interesse particular, verifica-se que o mesmo se relaciona com outros
ramos do Direito: