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Instruções para a prova de História do Direito


Prof. Me. José Eduardo Melhen

1º bimestre de 2020

A prova conterá 5 (cinco) testes valendo 2,0 (dois) ponto cada, com peso total
8,0 (1 questão será desconsiderada na correção). Os outros 2,0 (dois) pontos
serão extraídos do trabalho a ser entregue (resumo ou fichamento digitado da
obra Raízes Históricas e Sociológicas do Código Civil Brasileiro, de Orlando
Gomes, ed. Martins Fontes, que deverá ser enviado por e-mail até a data da
prova).
A prova terá 45 minutos de duração e deverá ser feita sem consulta.

Matéria para prova:

Aula 1 – Direito dos povos sem escrita até o Código de Hamurabi


Aula 2 – Grécia
Aula 3 – Roma parte I
Aula 4 – Roma parte II

Questões para revisão:

1) Quais eram as fontes do Direito dos povos sem escrita?


R – Eram os costumes e os precedentes. Os costumes eram transmitidos
diretamente entre as pessoas e passavam de geração em geração por conta da
própria vida em sociedade. Os precedentes eram decorrentes de julgamentos de
situações concretas das relações interpessoais dentro da sociedade. Normalmente
o chefe da tribo (o mais velho, o mais experiente, aquele que conseguia reunir uma
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memória maior e mais intensa dessa sociedade) ficava responsável por solucionar
esses pequenos conflitos que eventualmente ocorriam entre as pessoas desse
grupo. Os precedentes eram utilizados como um mecanismo de manter vivo os
costumes existentes na sociedade.

2) Quais foram as fases do Direito Penal na Antiguidade sob o ponto de vista


da punição imposta ao infrator?
R – O Direito Penal dos povos sem escrita era retributivo, de tal forma que era
chamado de período das “vinganças”, as quais eram extremamente bárbaras e
cruéis; desproporcionais e desumanas. Essas “vinganças” foram divididas
didaticamente em 3 etapas: a) vingança divina, b) vingança privada e c) vingança
pública.

3) Quais foram as principais normas jurídicas criadas a partir do surgimento


da escrita?
R – A primeira grande compilação de leis escritas conhecida atualmente é o Código
de Ur-Nammu, que faz referência ao Rei Nammu, da cidade de Ur (que foi a cidade
natal de Abraão) e que data de cerca de 2.040 aC. Após, tem-se o Código de
Esnuna (cerca de 1.930 a.C.) que se compõe de duas tábuas encontradas no
Iraque. Foram escritas durante o reinado de Dadusha (entre 1800-1779 aC) e trazia
aproximadamente 60 artigos, que mesclavam direito penal e civil, que futuramente
seria a base do Código de Hamurabi. Por fim, o Código de Hamurabi escrito por
Hamurabi, rei da Babilônia, aproximadamente em 1.772 aC, que contém 282 artigos
em 3.600 linhas de texto.

4) O que foi a Lei de Talião?


R – A lei (ou pena) de talião é o ponto principal e fundamental para o Código de
Hamurabi. Consiste em uma retaliação a algum ato praticado, onde a pena para o
delito é equivalente ao dano causado, ou seja, a punição é impor ao criminoso o
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mesmo sofrimento causado pelo crime. “Talião” não é um nome próprio. O termo
vem do latim “talionis”, que significa “como tal”, “idêntico”. Daí temos a pena que se
baseia na justa reciprocidade do crime e da pena, frequentemente simbolizada pela
expressão “olho por olho, dente por dente”.

5) Qual era a principal fonte do Direito na Grécia Antiga?


R – Para os pensadores gregos, a fonte do direito é o nomos, que se traduz
geralmente por lei. É o meio de limitar o poder das autoridades, vez que a liberdade
política consiste em obedecer somente à lei. Como consequência, os gregos fizeram
poucas leis no sentido moderno do termo, visto que nomos significa tanto lei
quanto costume.

6) Qual foi a legislação mais antiga conhecida de Atenas?


R – Foram as leis de Drácon, de 621 aC. Era uma legislação reconhecida pela sua
severidade e imparcialidade. O termo “draconiano” se tornou popular sendo
utilizado para até hoje para qualificar a norma que exacerba o rigor punitivo.

7) Fale sobre a atividade jurídica na Grécia Antiga.


R – Não havia advogados, juízes, promotores públicos, apenas dois litigantes
dirigindo-se a centenas de jurados. A atividade advocatícia era vista com maus
olhos, como se fosse uma cumplicidade para o engodo. O ideal era que todo
cidadão se sentisse in dignado com qualquer ilícito, mesmo sem ser a vítima
(ofensa à coletividade). Para conhecermos o advogado semelhante ao nosso
contemporâneo será preciso esperar o direito canônico do século XIII. Entretanto:
existiam pessoas que, veladamente, redigiam discursos para as partes que atuavam
no processo. Eram os denominados logógrafos.
8) O que eram os ordálios ou juízos de Deus?
R – Ordálio ou ordália, também conhecido como juízo de Deus (judicium Dei), é
um tipo de prova judiciária usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado
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por meio da participação de elementos da natureza e cujo resultado é


interpretado como um juízo divino. A busca pela verdade se dava mediante o
emprego de expedientes cruéis e até mortais, como a prova de fogo, a prova das
bebidas amargas, a prova das serpentes, a prova da água fria etc.
Prova de fogo – o acusado era obrigado a tocar com a língua um ferro quente ou
carregar uma barra de ferro em brasa ou, ainda, caminhar descalço sobre ferros
quentes. Se não se queimasse, era inocente.
Prova das bebidas amargas – consistia em obrigar a mulher acusada de adultério
a ingerir bebidas fortes e amargas: se mantivesse a naturalidade, seria considerada
inocente; mas culpada, se contraísse o rosto e apresentasse os olhos inchados de
sangue.
Prova das serpentes – o acusado era lançado no meio delas e considerado culpado
se fosse picado pelos répteis.
Prova da água fria – atirava-se o acusado num reservatório de água: se afundasse,
seria considerado culpado; se flutuasse, como inocente.

9) O que era o duelo judiciário?


R – O duelo judiciário era um meio de prova utilizado para resolver as questões
duvidosas ou qualquer outra situação que deveria ser provada a alguém, onde o
vencedor do duelo era considerado inocente e à parte perdedora sobrava a pena
pelo crime.

10) Quais foram os períodos da história interna do Direito Romano?


R – a) Direito antigo ou pré-clássico – das origens de Roma à Lex Aebutia, de
data incerta, compreendida aproximadamente entre 149 ou 126 aC.; foi marcado
pelo monopólio dos pontífices na elaboração de pareceres jurídicos; b) Direito
clássico – de 149 ou 126 aC até o término do reinado de Diocleciano em 305 dC.;
foi marcado pela flexibilização das regras do Ius Civile e ampla atuação dos Pretores
para quebrar o formalismo e agilizar, assim, a distribuição da Justiça; c) Direito
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pós-clássico – de 305 dC até a morte de Justiniano, em 565 dC.; foi marcado pela
decadência intelectual e aplicação indistinta (vulgarização) das regras jurídicas; e,
d) Direito Justinianeu, de 527 a 565 dC, – o direito vigente na época em que reinou
Justiniano; foi marcado pela elaboração do Corpus Iuris Civilis.

11) O que foi o Corpus Iuris Civilis?


R – Foi uma obra legislativa efetuada a mando do Imperador Justiniano, que
determinou fossem colecionadas oficialmente as regras de direito em vigor na
época. Compõe-se das seguintes obras: Codex, Digesto, Institutas e Novelas. Tal
codificação foi responsável pela preservação do Direito Romano para a posteridade.

12) Quais eram as fontes do Direito Romano?


R – Eram o costume, as leis, os plebiscitos, o senatusconsulto, as constituições
imperiais, o edito dos magistrados e a jurisprudência.

13) O que era o ius civile?


R – Era a base jurídica do período pré-clássico do Direito Romano. Era o direito
aplicável somente aos cidadãos romanos e baseado nos costumes antigos e na Lei
das XII Tábuas (apresentada em 12 tábuas de bronze no Fórum Romano em 499
aC).

14) O que era o ius extraordinarium?


R – Eram as regras elaboradas pelo Imperador Romano e por seus funcionários. Ex.
Constituições Imperiais.

14) O que era o ius honorarium?


R – As decisões do pretor romano constituem o chamado ius honorarium (honos =
honra). Essas normas pretorianas não podiam derrogar o direito antigo, mas
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existiam paralelamente a ele, completando, suprindo e corrigindo as regras do ius


civile. É um direito eminentemente jurisprudencial.

15) O que era o ius gentium?


R – Era o direito aplicável aos estrangeiros (peregrinos) e aos cidadãos romanos.
Foi criado no período clássco em virtude da evolução comercial em Roma.

16) Quais são os requisitos da capacidade jurídica de gozo (de direito) no


Direito Romano?
R – a) ser livre (status libertatis); b) ser cidadão romano (status civitatis); e, c) ser
independente do pátrio poder (status familiae, sui iuris paterfamilias).

17) Quais são os requisitos da capacidade de agir (de fato ou de exercício) no


Direito Romano?
R – a) idade; b) sexo; c) sanidade mental.

18) Quais eram as fontes da escravidão no Direito Romano?


R – No Direito Romano os homens podiam ser livres ou escravos. Quem nunca foi
escravo era chamado ingênuo. Eram escravos:
a) os inimigos capturados na guerra;
b) os estrangeiros que pertencessem a um país não reconhecido por Roma, caso
caíssem no poder dos romanos. O mesmo se dava com o cidadão romano que
caísse em mãos do inimigo. Ius postliminii – O cidadão romano que se tornava
prisioneiro de guerra do inimigo, ao voltar à pátria, recuperava automaticamente a
liberdade e todos os direitos que tinha antes de ser capturado.
c) nascimento: era escravo o filho de escrava, independente da classe social do pai;
d) pena, ou por insolvência;
e) o filiusfamilias vendido pelo pai fora do território de Roma.
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19) Quais eram as formas de concessão de liberdade aos escravos no Direito


Romano?
R – A condição de escravo era permanente. O escravo sem dono não se tornava
livre. Continuava escravo, escravo sem dono (res nullius).
A atribuição de liberdade ao escravo fazia-se, ordinariamente, por meio de um ato
voluntário do dono e se chamava manumissão. Havia, contudo, a possibilidade
de o escravo obter a liberdade por disposição legal.

Manumissio Vindicta – era a utilização de um processo judicial simulado no qual


se discutia a questão da liberdade. As partes no processo eram o dono e o defensor
da liberdade. A questão era resolvida pelo juiz a quem o pretor remetia o caso para
a decisão. O dono geralmente pedia a um amigo que intentasse uma vidicatio in
libertatem perante o pretor, como defensor da liberdade. Quando o defensor
declarava sua fórmula, alegando que o escravo era livre, tocava-o ao mesmo tempo
com a vindicta (varinha), sinal de poder. O dono não contestava e o silêncio dele era
tido, processualmente como uma confissão ou admissão da veracidade das
alegações da outra parte e, assim, o pretor declarava o escravo livre.

Manumissio testamento (ou alforria testamentária) – o testador podia determinar


no seu testamento que, com sua morte, o escravo fosse livre.

Manumissio censu – Processava-se mediante a inscrição, com autorização do


dono, do nome do escravo na lista dos cidadãos livres da idade. A lista era elaborada
pelos censores a cada 5 anos.

Além desses modos de alforria, o pretor reconhecia outros, sem solenidades. Tais
eram a alforria perante testemunhas (manumissio inter amicos), por escrito (per
epistulam), fazendo-se sentar o escravo à mesa (per mensam), colocando-se-lhe o
chapéu (per pileum).
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Os nascidos livres e que nunca deixaram de o ser, desde o nascimento, eram


chamados de ingênuos. O escravo libertado se chamava liberto.

“Favor libertatis” – a partir do direito justinianeu o filho de escrava que tivesse


estado em liberdade em qualquer momento da gestação nascia livre. Isso com base
na ficção jurídica de que o nascituro era considerado como já nascido (Inst. 1.4 pr.,
D. 1.5.5.2).

Ficavam livres por força de lei (ex vi legis):


- os escravos velhos e doentes expostos pelo dono;
- o escravo que delatasse o assassino de seu dono;
- o escravo que vivesse em liberdade por mais de 20 anos.

20) O que se entendia por capitis deminutio no Direito Romano?


R – A situação da pessoa, quanto à capacidade jurídica de gozo, era determinada
pelos 3 estados: o de liberdade, o de cidadania e o de família. Mudando-se qualquer
um desses requisitos, mudava-se a situação jurídica da pessoa. Assim, qualquer
alteração em um dos três estados da capacidade de direito (de gozo) se denominava
capitis deminutio.
A capitis deminutio podia ser:
a) máxima - perda da liberdade; pela guerra (feito prisioneiro por inimigos – pelo ius
postliminii sua situação era de pendência), por punição (fur manifestus), por dívidas
(direito pré-clássico);
2) média - perda da cidadania; o cidadão passava à condição de estrangeiro por
exílio voluntário ou por punição do Estado.
3) mínima – alteração no estado familiar (emancipação, adoção ou conventio in
manum).

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