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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Curso de Graduação em Direito - Manhã

EXERCÍCIO AVALIATIVO DE TEORIA GERAL DO DIREITO

Professor: Osvaldo Rocha Torres.

1) Faça uma dissertação sobre o desenvolvimento histórico do direito privado:

A sociedade criou o Direito para formular as bases da justiça e segurança


propondo e aplicando uma organização da vida social. Porém, não gera o bem-
estar social sozinho, visto que seus valores não foram criados pelo legislador,
sendo, ao contrário, a expressão da vontade social sendo representadas pelo
legislador. Por ser um reflexo da sociedade, essa irá acompanhar seu
desenvolvimento saciando demandas coletivas, constituindo-se como meio
para tornar possível a convivência e o progresso. Sendo assim, o Direito por
intermédio das normas jurídicas deve estar sempre se refazendo e
acompanhando os avanços históricos, para assim conseguir ser um
instrumento eficaz na garantia do equilíbrio e da harmonia social.
O direito subjetivo, ou seja, a faculdade de ser um mero reflexo do efeito da
norma jurídica se divide em público e privado. A qual será destacada nessa
dissertação a cerca do direito privado, isto é, quando o Direito é exercido a uma
pessoa física ou jurídica, podendo se dividir em patrimoniais, ou seja, bens
materiais como casa e carro ou não patrimoniais que dizem respeito à família e
à personalidade podendo, muitas vezes, ser personalíssimo, assumindo caráter
público, se puder ser exigido pelo Estado. Vale ressaltar a importância de
qualificar um ramo de direito, visto que são regidos por princípios diferentes,
conforme explicitado abaixo:

Ramos do direito privado: Civil, Comercial/Empresarial, Trabalhista,


Internacional privado, Trabalho;

Ramos do direito público: Constitucional, Administrativo, Tributário,


Econômico, Previdenciário, Processual, Internacional público, Penal.

Desenvolvimentos Históricos: o direito por ser um sistema aberto, dinâmico,


que admite milhares de formas de interpretação, conforme exigem as
circunstâncias do caso concreto possui diversas fontes que devem ser
analisadas ao estudar a história do direito privado, abaixo elencadas:

Fontes do Direito:

a) Lei: no sentindo de normas escritas, são as que trazem solução para os


conflitos que surgem no dia-a-dia. Configura-se como fonte principal do
direito, a qual advém do legislador e é dotado de caráter geral, formal e
obrigatório, a qual toda a sociedade regida é submetida e passiva de
sanções ao descumpri-las.

b) Costumes: como fonte do direito, entendem-se pela conduta do


individuo em sociedade, que passa a ser praticada por todos,
reiteramente e por um longo período, tornando-se obrigatória, sob pena
de reprovação social. Ensina Tércio Sampaio Ferraz Junior.

“Em suma, o costume, como fonte das normas


consuetudinárias, possui em sua estrutura, um elemento
substancial - o uso reiterado no tempo - e um elemento
relacional - o processo de institucionalização que explica
a formação da convicção da obrigatoriedade e que se
explicita em procedimento, rituais ou silêncios
presumidamente aprovadores”

(FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao


estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 4.ed. São
Paulo:Atlas,2003,p.245 )

Um exemplo clássico seria a formação de filas, meio de organização social


em que se espera, geralmente para ser atendido em algum lugar, e que não é
regulado por lei, contudo, respeitado pela sociedade, sob pena de
desaprovação e retaliação. Lembrando que, muitas vezes, os costumes são
ensejados na lei para uma melhor compreensão.

c) Jurisprudências: compreendem o universo de decisões da


magistratura, ou seja, dos juízes e tribunais sobre determinado assunto,
ressaltando a sua importância na dinâmica da aplicação da norma
jurídica.

“Pela palavra "jurisprudência" (stricto sensu) devemos


entender a forma de revelação do direito que se processa
através do exercício da jurisdição, em virtude de uma
sucessão harmônica de decisões dos tribunais”
(REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São
Paulo: Saraiva, 2002. p. 167. )

d) Doutrina: é o entendimento formado por juristas renomados, sendo a


aplicação científica dos entendimentos formados por operadores do
direito reconhecidos por grande conhecimento e experiência no Direito.

“A doutrina é formada pela atividade dos juristas, ou


seja, pelos ensinamentos dos professores, pelos
pareceres dos jurisconsultos, pelas opiniões dos
tratadistas” (DINIZ, Maria Helena. Compêndio de
introdução à ciência do direito. 20.ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. p. 323 )

Primeiras manifestações do Direito Privado:


a) Código de Hamurabi (200 a.C): compreende em um conjunto de leis
criadas na Mesopotâmia por volta do século XVIII pelo rei Hamurabi. Baseava-
se na lei de talião “olho por olho, dente por dente”, a qual foi talhada em uma
rocha de diorito de cor escura e escrita em caracteres cuneiformes. As leis
apresentavam punições para o não cumprimento das regras estabelecidas,
podendo variar de acordo com a ocupação que a pessoa criminosa ocupava na
hierarquia social.
É interessante ressaltar que já não havia a possibilidade de desculpas por
desconhecimento da lei. Prevista, atualmente, no artigo 3º da lei de introdução
às normas do Direito Brasileiro

“Art.3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que


não a conhece.”

A fim de exemplificação, algumas leis do código de Hamurabi:

- Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não


puder provar, então aquele que enganou deverá ser condenado à morte.

- Se uma pessoa roubar a propriedade de um templo ou corte, ele será


condenado à morte e também aquele que receber o produto do roubo deverá
ser igualmente condenado à morte.

- Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o ladrão deverá ser condenado
à morte.

- Se uma pessoa arrombar uma casa deverá ser condenado à morte na parte
da frente do local do arrombamento e ser enterrado.

- Se uma pessoa deixar entrar água, e esta alagar as plantações do vizinho, ele
deverá pagar 10 gur de cereais por cada 10 gan de terra.

- Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não tiver relações com
ela, esta mulher não será considerada esposa deste homem.

- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-
o, este filho quando crescer não poderá ser reclamado por outra pessoa.

b) Código de Manu: é tido por muitos legisladores como a primeira


organização geral da sociedade, debaixo do manto religioso e político, embora
privilegiassem as castas superiores. Julgavam que a coação e o castigo eram
essenciais para evitar o caos produzido na sociedade, advindo da decadência
moral humana. A aplicação do direito dizia a respeito à casta do sujeito e à
condição social. As mulheres como não podiam deixar de ser, encontrava-se
em extrema desvantagem, em uma condição de completa passividade e
submissão de tal código.

c) História Romana: o direito civil foi-nos herdado do Direito de Roma. Os


romanos chamavam de Direito Civil- Ius Civili- todo o direito que regulava a
sociedade romana, ou seja, a sociedade dos cidadãos romanos. Não faziam
distinção entre os ramos atuais do Direito, para eles eram desconhecidos os
termos de Direito Penal, Constitucional, do Trabalho, Comercial, etc.
A história de Roma pode ser dividida em diferentes fases e períodos de
acordo com cada historiador, sendo assim, dividiremos em Realeza (753 a.C a
510 a.C), República (510 a.C a 27 a.C ), Alto Império ( 27 a.C a 284 d.C) e
Baixo Império ( 284 d.C a 565 d.C ).

Realeza:

a) Fundação de Roma: diz à lenda que Réa Sílvia foi raptada por Marte dando
a luz aos seus dois filhos: Rômulo e Remo. Devido a uma profecia de que os
meninos destronariam o rei Amúlio, este mandou afogar os gêmeos às
margens do Tibre. Foram encontrados por uma loba a qual os amamentou
durante algum tempo. Quando cresceram saíram de Alba Longa para fundar
uma nova cidade, porém houve desavenças entre os dois o que resultou na
morte de Remo e Rômulo então tornou-se o primeiro rei.

b) Organização Social da Realeza: as classes sociais eram quatro: o patriciado,


a plebe, a clientela e os escravos.

Patrícios: fundadores da cidade e seus descendentes, detentores de poder.


Dedicavam-se a guerra, política e religião;

Plebe: origem incerta, atuavam em áreas pouco nobres e não possuíam


quaisquer direitos políticos;

Clientes: submetiam ao poder de um chefe de família patrício em troca de


proteção;

Escravos: Constituíam grande parte da população, representava a base da


economia.

c) Organização política: o rei era o magistrado único e vitalício, chefe da


Cidade-estado, com poderes de comandante do exército, de declarar guerra e
fazer a paz, de juiz e sacerdote da cidade, além dos poderes de polícia e de
administrador. Apesar de tudo, o poder estava nas mãos dos patres-familias,
sendo o Senado sua representação máxima. Além disso, haviam os comícios
representados do povo romano.

d) Fontes do Direito: o direito nessa fase é extremamente influenciado pela


religião, sendo casuístico, empírico, a posteriori e concreto. Tendo como a sua
principal fonte os costumes.

República:
Na república não há mais a figura do rei, que foi substituída por uma
magistratura eleita. Se dividirem em cônsules, quem detinha o poder, o Senado
e os Comícios populares. Nesse período, o Direito passou por grandes
transformações, visto que se tornou mais científico, genérico, abstrato e
apriorístico.

Fontes do Direito: nesse período surgiu a primeira manifestação de


organização de um esboço de código denominado Lei das XII tábuas,
estruturada na família, propriedade e obrigações. Portanto, o Direito detinha
como fonte as leis escritas, senatusconsultores (possuía uma pseudo-
democracia), editos dos magistrados e a jurisprudência, tendo muita
importância já que é a lei era mal redigida e incompleta.

Alto império:

No alto império existe a presença do imperador, originalmente detentor do


poder das armas e comandante supremo. Além do Conselho dos Notáveis, a
qual era composta por estruturas públicas como os legados de Cesar,
prefeitos, magistrados (conhecidos como pretores) e o senado.

Fontes do Direito:o direito detinha como principais fontes os costumes, as leis


comiciais, os editos dos magistrados, os senatusconsules, as leges datae, os
as Constituições Imperiais e a jurisprudência. No início do Alto Império, foram
criadas duas escolas de juristas: os proculeianos e os sabinianos.

Baixo Império:

Foram abolidas de vez as instituições republicanas, surgindo de fato uma


monarquia absoluta, sem a interferência do Senado. Representou um período
de decadência do Império Romano.

Fatos importantes:

a) Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos, foi


aplicado em todo o território.
b) Constituição Romana (380), de Teodósio I, elevou o catolicismo a religião
oficial.
c) Corpus Iuris Civilis (527 a 565), de Justiniano, tem como principal objetivo
reunificar o império e promulgar as compilações de leis e doutrinas.Dividido em
duas partes, a primeira para os romanos e a segunda aos estrangeiros.

Fontes do Direito: os costumes, as leis escritas e a jurisprudência, as


constituições imperiais que era denominado leges eram fontes do Direito.
Nesta época foram feitas várias compilações particulares de leis, como o
código Gregoriano, teodosiano e o Hermogeniano.

Idade Média:
Após a queda do Império romano do Ocidente ocasionada por invasões
bárbaras, o Direito Romano se distanciou do seu modelo clássico, voltando a
ser consuetinário e provinciano a qual apenas era aplicado aos romanos. Já os
germânicos detinham um Direito primitivo, consuetudinário e não escrito,
sobretudo privado, uma vez que desconheciam qualquer espécie de
administração pública mais elaborada. Neste período, vigiava o princípio da
personalidade do direito, a cada indivíduo se aplicava o direito equivalente a
sua origem.
Na Alta Média, prevaleceu o sistema feudalista descentralizado por meio da
relação de suserania e vassalagem, tendo o seu decréscimo na Baixa Idade
Média com os primeiros vestígios do capitalismo. È inegável, a importância da
Escola dos Glosadores, fundada por Irnércio, na Universidade de Bolonha, a
qual detinha como principal função elucidar os textos das compilações de
Justiniano à luz da razão, da lógica formal. Além da escola dos pós-glosadores
que se esforçaram para adaptar o Direito erudito à realidade e ás necessidades
da época.

Idade Moderna:

Iniciou-se com a queda de Constantinopla com os turcos islâmicos, tiveram


início as grandes navegações e os descobrimentos, o mercantilismo e o Estado
Nacional absolutista se fortaleceu. Abriu a Escola Humanista nascendo dentro
do contexto Renascimento, utilizavam o método histórico, sociológico e
lingüístico para a interpretação dos textos romanos. Ressalta a importância da
base romana para a formulação das regras de conduta.
O direito tornou-se mais patrimonializado, individualista e racional.

Idade contemporânea:

A idade Contemporânea iniciou com a Revolução Francesa e com o


movimento iluminista que culminou na Escola de Direito Natural e nas grandes
codificações. Houve um “iluminismo Jurídico”, a qual foi destruída as velhas
tradições jurídicas e o triunfo do Direito Natural e a crença nos códigos. Porém.
Esse período de jusnaturalismo foi breve, terminando no início do século XIX
com a Escola Histórica e pelo Positivismo.
Os códigos deveriam ser perfeitos, completos e sem lacunas. Vários reis,
dentre eles Napoleão, proibiram comentários e interpretações doutrinárias a
seus códigos. Os juízes deveriam aplicá-los literalmente, tentando assim por
fim a arbitrariedade. Como exemplo, tem o Código Civil Francês e o Austríaco.
Savigny, um dos fundadores da Escola Histórica, era evidentemente contrário
à codificação, visto que o Direito é algo vivo, produto do momento histórico, por
isso não pode ser congelado pelos códigos que não se adaptam facilmente as
mudanças.

Evoluções históricas do Direito no Brasil:


As fontes do Direito Civil brasileiro na época colonial foram as Ordenações
dos reinos de Portugal, Dom Afonso, Dom Manuel e Dom Felipe, além do
Direito Comum (Canônico e Romano)
No Brasil Império, continuaram em vigência as leis de Portugal, tendo início
uma legislação brasileira que, aos poucos, foi substituindo a portuguesa. Vale
ressaltar que as ordenações foram revogadas em Portugal em 1850, todavia o
Brasil por não ter leis próprias utilizou por 66 anos uma lei estrangeira,
revogada em 1916 com o primeiro código civil brasileiro.
-1822: independência do Brasil e a posterior criação de cursos jurídicos, como
a Universidade de São Paulo e a de Olinda.
-1857: Teixeira Freitas foi encarregado de elaborar uma projeção de Código
Civil a qual se dividia em parte geral e especial a qual acabou sendo
engavetado em 1872.
-1881: Felício de Santos apresentou ao governo seus apontamentos para o
que deveria ser um projeto de Código Civil. Em 1882, apresentou o código em
si que acabou sendo também engavetado.
-1890: Coelho Rodrigues foi incumbido da elaboração, a qual após o término foi
rejeitado.
-1899: Ministro Campos Sales nomeou Clóvis Beviláqua para elaborar o código
civil de 1916 inspirados no Austríaco e Francês, a qual foi revisada por Ruy
Barbosa, entrando em vigor no ano de 1917, após o período de vacatio legis.
- 1965: Caio Miranda da Silva Pereira e Orozimbo Nonato apresentaram o
Anteprojeto, tampouco eles prosperaram.
-1967: Nomeado o Filósofo do Direito Miguel Reale, após 17 anos foi aprovada
pela Câmera e pelo Senado. Publicado o novo código civil em 2002.

Código Civil de 2002: inaugurou o paradigma de Estado, o Estado


Democrático de direito, fundado nos valores e princípios constitucionais. Surgiu
o Código do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e as leis
sobre união estável. A jurisprudência e a doutrina deram início a tarefa de
releitura constitucional do código civil.

2) Faça uma análise artigo por artigo da LIDB:

Art. 1º – Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país


quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

Verifica-se que o dispositivo estabelece o período de Vacatio legis da norma


brasileira, que corresponde entre o período que medeia à data de publicação e
afetiva entrada em vigor da lei, seria o tempo destinado a adaptação da
sociedade. Importante ressaltar que existe lei sem nenhum tempo de vacância
produzindo seus efeitos imediatamente após oficialmente publicada. Quando
não for estabelecido prazo especial, entende-se o prazo de 45 dias.

§ 1º – Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira,


quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente
publicada.
-Leia-se 90 dias e não três meses.

§ 2º – Revogado

§ 3º – Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu


texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos
anteriores começará da nova publicação.

Estabelece a possibilidade de modificação do texto legal dentro do prazo de


Vacatio Legis, a qual o prazo começara a ser contado a partir da data da nova
publicação.

§ 4º – As correções a texto de lei em vigor consideram-se lei nova.

Art. 2º – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.

Neste artigo fica explícito que somente a lei posterior revoga a lei anterior,
percebendo o princípio da continuidade da lei. Nota-se que antes da regra geral
deste princípio se estabelece a exceção, as leis temporárias.
a) Lei temporária: Possui tempo final e inicial para estar em vigor expresso na
lei, como no caso da Copa do Mundo e da Intervenção Militar na cidade do Rio
de Janeiro.
b) Lei excepcional: Possui um tempo inicial e se difere por um temo final, ou
seja, não há data certa para terminar. Também auto revoga no momento que
cessa aquilo que lhe deu causa. Como por exemplo, uma lei perante uma
calamidade pública.

O artigo cita também o termo revogar. Revogação é o ato de cessar a


eficácia e a vigência da lei. Podendo ocorrer de duas maneiras:

a) Ab-rogação: espécie de revogação total, revoga a lei de maneira geral em


todos os seus artigos e parágrafos.
b) Derrogação: espécie de revogação parcial, somente algum artigo ou
parágrafo.

Podendo ser:
a) Tácita: ocorre quando o legislador não diz de forma nítida, deixando
implícita, subentendida;
b) Expressa: Quando o legislador diz de forma clara a revogação que ele
deseja fazer.

§ 1º – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,


quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2º – A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par


das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
Os dois parágrafos supracitados referem-se às formas pelas quais a lei
posterior revogará a anterior, como também, não considerar modificada e nem
mesmo revogada hipótese da lei complementar.

§ 3º – Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por


ter a lei revogadora perdida vigência.

Este dispositivo dispõe sobre a lei revogada não voltar a viger pelo fato da sua
lei revogadora ter perdido a vigência. Existe exceção ao chamado efeito
repristinatório, visto que a lei nova possui caráter duplo ao revogar a lei anterior
e ao mesmo tempo restabelece a primeira lei, a qual já havia sido revogada.

Art.3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Identificamos no artigo acima o princípio da obrigatoriedade da lei.

Art.4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito

No presente dispositivo são apontadas as diretrizes legais para o momento em


que o magistrado se deparar com a lacuna na lei. Assim deverá se utilizar dos
mecanismos pertencentes ao direito de integração, ou seja, analogia, costumes
e princípios gerais. É importante que a ordem supracitada no artigo seja
respeitada.

Art. 5º – Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e as exigências do bem comum.

Nesse presente artigo fica claro o príncipe da equidade, ou seja, o direito de


justiça no caso concreto.

Art. 6º – A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato


jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada

§ 1º – Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei


vigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º – Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou


alguém por ele, possa exercer como aqueles cujo começo do exercício
tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida,

§ 3º – Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já


não caiba recurso.

A matéria abordada pelo legislador refere-se ao chamado direito intertemporal.


Em regra, toda lei que entra em vigor possui efeitos imediatos e gerais,
portanto possui como característica a irretroatividade, para assim poder
garantir a segurança jurídica e a estabilidade da vida social.

Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras


sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.

O princípio domiciliar é o que mais atende è o que mais atende a conveniência


nacional. A Lex dominialii propõem que o juiz deverá qualificar o domicílio de
acordo com o lugar no qual a pessoa estabeleceu seu domicílio com ânimo
definitivo, qualificando-o segundo o direito nacional e não de conformidade com
o direito estrangeiro, estabelecendo a ligação entre a pessoa e o país onde
está domiciliado, aplicando-se as normas de direito cabíveis.

§ 1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira


quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.

Lex Loci celebrationis impõe que o casamento seja celebrado de acordo com a
solenidade importa pela lei do local onde o mesmo realizou, não importando se
a forma ordenada pela lei pessoal dos nubentes seja diversa.

§2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades


diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes

O cônsul estrangeiro é competente para realizar casamento quando a lei


nacional o atribuir tal competência e somente quando os nubentes forem co-
nacionais e ele mesmo (o cônsul) tenha a mesma nacionalidade. 

§ 3º. Tendo os nubentes domicílios diversos, regerá os casos de


invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.

No caso de os nubentes terem domicílio internacional, a lei do primeiro


domicílio conjugal estabelecido após o casamento é que prevalecerá para os
requisitos intrínsecos do ato nupcial e para as causas de sua nulidade,
absoluta ou relativas, inclusive no que diz respeito aos vícios de
consentimento.

§ 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em


que tiverem os nubentes domicílios, e, se este for diverso, a do primeiro
domicílio conjugal

§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante


expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do
decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada
esta adoção ao competente registro.

§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges


forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da
data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separarão judicial
por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato,
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças
estrangeiras no País. O Supremo Tribunal Federal, na forma de seu
regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado,
decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças
estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir
todos os efeitos legais.

O divórcio de cônjuges estrangeiros domiciliados no Brasil é reconhecido em


nosso país, mas tratando-se de divórcio realizado no estrangeiro, quando um
ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será aqui admitido após um ano
(art. 226, § 6º, da CF/88) da data da sentença, salvo se houver sido antecedida
de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação terá efeito
imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das
sentenças estrangeiras no país. Uma vez homologado o divórcio obtido no
estrangeiro, é permitido novo casamento no Brasil, exigindo-se para isso a
prova da sentença do divórcio na habilitação matrimonial, que é a certidão da
sentença de divórcio proferida no estrangeiro, devidamente homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça.

§ 7º. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-


se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou
curador aos incapazes sob sua guarda.

Aplicar-se-á a lei do domicílio familiar, que se estende aos cônjuges e aos


filhos menores não emancipados.

Maria Helena Diniz salienta que “Preciso será esclarecer


que não mais se considera a pessoa do marido em si,
mas o domicílio da família, ou seja, de ambos os
consortes, ou melhor, o do País onde o casal fixou
domicílio logo após as núpcias, com intenção de
constituir família e o seu centro negocial”, respeitando
assim o princípio da igualdade jurídica dos cônjuges,
representando um sistema familiar em que as decisões
devem ser tomadas de comum acordo entre marido e
mulher (arts. 1.567 e 1.569 do CC)

§ 8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no


lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.

Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,


aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.

O artigo 8º da LICC define a qualificação dos bens como territorial, já que a


eles se aplicam as leis do país onde estiverem situados. A lei territorial é a que
se aplica somente no território nacional, atendendo a interesses internos
relativos à nação de origem, obrigando unicamente dentro do território, ou seja,
o órgão judicante somente poderá aplicar no território nacional aquela norma.
§ 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário,
quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte
para outros lugares.

Em função da instabilidade de localização ou mesmo da mudança transitória de


tais bens, afasta-se aqui a aplicação da lex rei sitae, aplicada aos bens
localizados permanentemente, e aplica-se a lex domicilii de seu proprietário, ou
seja, o direito de Estado no qual o mesmo tem domicílio, visando a atender
interesses econômicos, políticos e práticos.

§ 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja
posse se encontre a coisa apenhada.

Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em


que se constituírem

3) Faça uma dissertação sobre a crise do direito e a constitucionalização:

A crise que perpassa o direito deve ser entendida no sentindo de


movimento, superação de paradigmas através da interpretação da lei escrita e
do processo da hermenêutica. Visto que o Direito é vivo, dinâmico e esta a todo
o momento tentando se adaptar a sociedade e as novas convenções. Podendo
ser analisada em diversos âmbitos, que serão elencados.

Crise das instituições do Direito Civil:

Os três pilares tradicionais são a família, autonomia da vontade e a


propriedade, as quais foram tradicionalmente aprisionadas em quatro grandes
ramos que seria o Direito das Obrigações, o Direito das Coisas, Direito da
Família e o Direito de Sucessões, nessa ordem se encontra disposto nas
grandes codificações. Porém, esses pilares entraram em crise, principalmente
diante do paradigma do Estado Democrático de Direito, a qual veio acarretar
graves conseqüências para a interpretação do Direito privado.

Direito da Família:

Com a revolução Industrial conduziu a mulher para o mercado de trabalho,


retirou o homem do campo, proletariza as cidades, reduz o espaço de
coabitação familiar, muda o perfil padrão da família paternalista. A mulher se
torna cada vez mais independente e busca os seus direitos políticos, sociais e
a plena cidadania. Acelerado pela dita Revolução Sexual, nos anos 60 e 70,
conseguiu muitos resultados quanto à equidade dos gêneros. Em 1970, o
Direito de Família passa a admitir o divórcio e dez anos mais tarde a
concepção pluralista da família, acarretando em uma crise que pendura até nos
dias atuais. Deve ser ressaltada, atualmente, a luta dos LGBT por amplos
direitos no que tange ao reconhecimento da união civil.

Direito das Obrigações e o Direito das coisas:


O patrimônio e a propriedade deixaram de ser o centro gravitacional do Direito
das Obrigações e das Coisas e em seu lugar ocupa o ser humano enquanto
pessoa, com direito à dignidade, à promoção espiritual, social e econômica.
Fala-se, portanto, em função social do contrato e da propriedade. A coisificação
do sujeito de direito, subproduto da visão do agente econômico, não se
sustenta mais no Estado Democrático de Direito.

No Brasil, vive-se os alvores do Estado Democrático de Direito, surgindo a


necessidade de conscientização de novo paradigma. Os valores e princípios
constitucionais estão assumindo a sua relevância e o Código Civil não se
configura mais como o centro do ordenamento jurídico. Sendo o ser humano o
único pilar que sustenta toda a estrutura.

Crise da sistematização:

A ideia dominante no Brasil até a década de 1970/1980 era o positivismo


jurídico, a qual acreditava ser possível uma legislação a tal ponto exaustiva e
completa que enclausurasse o Direito, colocando-a a salvo de qualquer
arroubo criativo que não tivesse origem no próprio poder legislativo. Porém,
não há possibilidade fática de um código abranger todo o sistema. Por esse
motivo, o sistema jurídico entra em crise.
Com a descodificação, entendida como um processo de abertura e quebra
do monopólio dos códigos, rompendo assim a sua harmonia interna pela
interpretação da doutrina e dos tribunais começaram a surgir os
microssistemas como o da família, o do consumidor e o do inquilinato que
mesmo girando em torno do Código Civil possui autonomia. Além disso, emana
a chamada constitucionalização do Direito Civil, a qual a partir dos valores e
princípios constitucionais deve ser interpretada toda a norma jurídica, inclusive
os códigos.

Crise da interpretação:

Ocorre, de fato, uma mudança nos paradigmas hermenêuticos, visto que os


métodos de interpretação mudaram. Se a escola de Exegese e o Positivismo
buscaram interpretar o Direito, sob ótica de um sistema fechado, as teorias de
argumentação passaram, já a partir de Viehweg, adotar a idéia de um sistema
aberto, dialético. O Sistema Jurídico não deve ser visto como algo exaustivo,
mas um processo interpretativo visando, sempre, modular o caso concreto com
os idéias de justiça e da segurança jurídica.

4) Faça uma dissertação sobre a pessoa, personalidade civil, capacidade e


domicílio:

Todo ser humano é pessoa pela simples condição humana, do momento que
nasce com vida (teoria natalista) até o momento da sua morte, utilizando o
critério da respiração. Nunca podendo perder a sua personalidade, por ser uma
característica essencial dos sujeitos de direitos subjetivos (pessoas naturais ou
jurídicas), em virtude do qual se tornam capazes, podendo ser titulares de
direitos e deveres nas relações jurídicas. É diferente com o nascituro, por ser
um feto ainda em gestação, é considerado um sujeito de direitos objetivos
(concepção concepcionalista), que por já existir, pode ter resguardado
eventuais direitos que virá a adquirir ao sair do ventre, como, por exemplo, o
direito hereditário.
A personalidade possui certos atributos como o nome, estado e a capacidade.
Este último é a aptidão inerente a cada pessoa adquirida pela idade para que
possa ser sujeito ativo ou passivo de direitos e obrigações, podendo ser mero
potencial ou poder efetivo atuando na vida civil. Existem várias situações que
mesmo possuindo a capacidade, essa não é exercida como a incapacidade,
doença, interdição, dentre outras. ( prevista no Art.3º e 4º do CC)
Por último, de acordo com o Artigo 70 do Código Civil de 2002, considera-se
como domicílio a sede jurídica das pessoas, onde se estabelece a sua
residência com ânimo definitivo. Além disso, ao analisar o Artigo 75 do mesmo
Código, percebe-se que as pessoas jurídicas também são detentoras de
domicílios. Vale ressaltar a diferença entre Residência, propriedade que a
pessoa possui, e Domicílio, vontade de estar em definitivo.

5) Faça uma dissertação sobre os direitos da personalidade:

Os Direitos de personalidade são intransmissíveis, ireenuciáveis, não


podendo o seu exercício sofrer limitações voluntárias, como assim descreve o
artigo 11 do Código Civil. Sendo assim, o direito a vida, corpo físico,
psicológico, ato médico, nome, pseudônimo, escritos e vida privada pertence
apenas a pessoa que a dispõe, não podendo ser transmitido a outrem. O Brasil
adotou de acordo com o Art 11 ao 21 do Código Civil a teoria monista, a qual
concede tratamento jurídico igual a todos os direitos da personalidade.

6) Faça uma dissertação sobre pessoa jurídica, definição, de direito público e


privado:

Pessoa Jurídica são entidades criadas para a realização de um fim


reconhecida pela ordem como sujeita de direitos e deveres, sendo um ente
jurídico criado pela lei que visa agregar interesse com um objetivo específico.
No Brasil, adota-se a teoria da realidade jurídica do jurista italiano Ferraza, a
qual a pessoa jurídica é tão pessoa quanto às pessoas naturais, do ponto de
vista objetivo. Possuindo personalidade jurídica própria, praticando todos os
atos da vida civil. Podendo comprar, vender, ter patrimônio próprio e ser sujeito
ou passivo de delitos. Para o Direito Público o registro é o ato que dá início,
porém para o Direito Público, como regra, são criadas por lei.
Podem ser classificadas quanto a sua nacionalidade como nacionais ou
estrangeira e quanto às suas subdivisões:

Direito Privado: associações, fundações, sociedades, partidos políticos,


organizações religiosas.

Direito Público: União, municípios, autarquias, associações públicas, tratados


internacionais.

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