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INSTITUTO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Curso de Licenciatura em Contabilidade

O DIREITO E A SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Mariamo Brito Manuel

Quelimane

2023
Índice
Introdução............................................................................................................................................... 3
Conceito de Direito ................................................................................................................................. 4
O direito na Grécia antiga ....................................................................................................................... 4
Direito romano........................................................................................................................................ 5
Direito Germânico................................................................................................................................... 6
Direito Idade média ................................................................................................................................ 6
Conclusão ................................................................................................................................................ 8
Bibliografia .............................................................................................................................................. 9
Introdução

O presente trabalho ira tratar de conceito de direito e evolução do mesmo, partindo do


pressuposto de que não é simples explicar o que seja o direito, em razão de seu conceito ser
amplo, podendo recair por inúmeras definições possíveis.

Por isso, pode-se dizer, a grosso modo, que o direito se trata de uma tecnologia cuja principal
função é regular as relações sociais em suas diversas formas: cível, administrativa, religiosa,
penal, mercantil (tributária, internacional) e penal.

Desse modo, o direito pode ser tanto com base nas culturas e tradições orais (costumeiro),
quanto escrito por um poder formulador de normas escritas (direito escrito).

Esse direito escrito, na era contemporânea, é formulado por um Estado de Direito através de
um poder legislativo.

Há, também, os casos em que o direito é construído através das decisões jurídicas
(precedentes jurídicos), mais recorrente no Common Law, assim como amplamente utilizado
no sistema romano-germânico (vide Súmulas Vinculantes do STF). Além disso, há o direito
formulado pelos jurisconsultos, de tradição romano-germânica, actualmente chamados de
doutrinadores.
Conceito de Direito

Segundo RUGGIERO e MAROI, o Direito é a norma das acções humanas na vida social,
estabelecida por uma organização soberana e imposta coactivamente à observância de todos",

Para MIGUEL REALE, em Lições Preliminares de Direito, afirma que "aos olhos do homem
comum o Direito é a lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a
convivência social graças ao estabelecimento de limites à acção de cada um de seus
membros".

De acordo com a teoria da coercibilidade, "o direito é a ordenação coercível da conduta


humana".

O direito na Grécia antiga

Dracon em 620 a.C. já dividiu os homicídios em involuntário, voluntário e legítima defesa.


Zeluco fixou penas para certas ofensas, uma espécie de predecessor do nosso direito penal.
As leis de Sólon estipulavam multas para o estupre, roubo, difamação e calúnia.

Na área da família encontramos leis a respeito do casamento, sucessão, herança, adopção,


legitimidade de filhos, escravos, cidadania, comportamento feminino em público. As leis
públicas fixavam deveres políticos dos cidadãos, actividades religiosas, economia, finanças,
vendas, alugueis, processo legislativo, construção de navios, dívidas, relações intercidades.

Os gregos já possuíam uma distinção clara entre lei substancial e lei processual. "Enquanto a
primeira é o próprio fim que a administração da justiça busca, a lei processual trata dos meios
e dos instrumentos pelos quais o fim deve ser atingido regulando a conduta e as relações dos
tribunais e dos litigantes com respeito à litigação em si, enquanto a primeira determina a
conduta e as relações com respeito aos assuntos litigados" Pg. 76.

Na Grécia antiga cabia à pessoa lesada ou a seu representante legal tomar a palavra e faz a
citação na audiência, não poderia haver o auxílio de um advogado.

"A lei ateniense era essencialmente retórica. Não havia advogados, juízes, promotores
públicos, apenas dois litigantes dirigindo-se a centenas de jurados" Pg. 79

Esse é um dos motivos pelos quais os gregos não influenciaram o direito contemporâneo.
Porém para Douglas MacDowell o júri popular é uma invenção ateniense.
" O julgamento resumia-se a um exercício de retórica e persuasão. Cabia ao litigante
convencer a maior parte de jurados e para isso valia-se de todos os truques possíveis.

O mais comum, e que passou a ser uma das grandes características dos direito gregos, foi o
uso de logógrafos, escritores profissionais de discursos forenses. Podemos considerá-los
como um dos primeiros advogados da história." Pg. 82.

"Os logógrafos escreviam para seus clientes um discurso que este último deveria recitar como
se fosse sua a autoria". Pg. 83

"A Assembleia era composta por todos os cidadãos acima de 20 anos e de posse de seus
direitos políticos". Pg. 85 " O Conselho, composto de 500 cidadãos (50 para cada tribo), com
idade acima de 30 anos e escolhidos por sorteio a partir de candidatura prévia, era renovado a
cada ano" Pg. 85.

" Os estrategos foram instituídos em número de dez, sendo eleitos pela Assembleia.

Tinham como actividades principais o comando do exército, distribuição do imposto de


guerra, dirigir a polícia de Atenas e a defesa nacional... Embora, pela sua origem, suas
actividades estivessem mais associadas com a guerra, fora, aos poucos ampliando suas
funções e acabaram substituindo os arcontes como verdadeiros chefes do poder executivo"
Pg. 86. Os magistrados eram sorteados dentre os candidatos eleitos, renovados anualmente e
não podiam ser reeleitos, impedindo a continuidade política.

Resumidamente:

O Conselho - Examina, prepara as leis, controla.

A Assembleia - Delibera, decide, elege e julga.

Os Estrategos - Administram a guerra, distribuem os impostos, dirigem a polícia.

Os Magistrados - Instruem os processos, ocupam-se dos cultos, exercem as funções


municipais.

Direito romano

A ideia de modo produção, desenvolvida por Karl Marx, nos faz constatar que no Império
Romano o modo de produção era escravista e o desenvolvimento económico era baseado nas
grandes propriedades cujos donos eram os membros da aristocracia patrícia, que dominavam
o restante da população romana, composta por pobres, livres plebeus, clientes e escravos. A
sociedade romana, por ser demasiadamente desigual e conter muitos conflitos de classe, criou
instituições políticas e jurídicas diferentes das outras conhecidas; portanto, o direito romano
pode ser considerado: Um universo jurídico construído por formas peculiares de controlo
social, mantidas pela força coactiva e pela persuasão de um universo cultural construído por
uma religião, uma moral e filosofia típicas daquela civilização da Antiguidade Clássica.
(p.115)

Uma das características desse direito romano era a legalidade de algumas práticas que mais
tarde foram consideradas ilegais, como a contracepção, o aborto e o abandono de filhos
legítimos, que era causado pela miséria de uns e a política matrimonial de outros. O direito
civil beneficiava os mais fortes, ou seja, a classe dominante é que poderia utilizar mais a seu
favor o direito material (civil) de Roma. Não existia a coacção pública, que era capaz de
impor a sanção penal de forma organizada e centralizada, alem disso as citações eram feitas
pelas próprias partes. O casamento romano era disciplinado pelo direito privado, que era
informal e oral.

Direito Germânico

O direito germânico era baseado nos costumes e tradições, direito consuetudinário,


ocorria a prática do Ordálio, espécie de prova que constatava sua inocência, andar sobre
brasas e não queimar os pés, os deuses o consideravam inocentes.

Eram politeístas, os sacerdotes possuíam poderes de punição dos criminosos e a manutenção


da ordem nas assembleias, praticavam presságios, liam-se as runas, observava-se os animais
como forma de bons acontecimentos durante as guerras faziam-se previsões dos
acontecimentos. O culto estava ligado as forças da natureza.

Direito Idade média

Na Idade Média europeia foi essencialmente exercido o direito romano, já implantado na


zona dominada pelo Império, sendo apenas a língua, o latim, alterada gradualmente para a
língua vernácula.

Surgiram contudo inúmeras dificuldades, uma vez que a legislação não estava totalmente
codificada. No século XII surgiu o Decretum de Graciano, incidindo unicamente no direito
canónico, enquanto o direito civil não respeitante a crimes graves estava a cargo dos reis,
variando por conseguinte segundo os monarcas. Os criminosos perigosos eram julgados por
tribunais autónomos, havendo uma grande variedade destes. De facto, existiam tribunais não
só para deliberar sobre os piores delitos como também para apelação de qualquer pessoa,
variando contudo as sentenças conforme a região, uma vez que a legislação não se encontrava
uniformizada.

Os advogados, integrados na classe média, tinham as funções de defesa dos seus clientes e
registo de disposições testamentárias. A partir do século XII o direito passou a ser estudado
nas universidades, instituições recentemente criadas que não estavam dependentes das
escolas dos mosteiros e que, por conseguinte, conferiram importância às disciplinas
leccionadas individualmente.

No âmbito do direito urbano verificou-se nos séculos XII e XIII a criação de cidades novas
com aplicação da legislação de outros núcleos urbanos existentes, fossem estes de grande
importância ou não, tornando-se as segundas dependentes das primeiras. Havendo diversos
modelos de leis já nestas centúrias, umas mais completas que outras, cada senhor aplicava nas
suas terras aquele que lhe parecesse melhor. Entre os códigos legislativos sistematizados e
instituídos nesta altura destacam-se o de Lübeck (Alemanha), de Teruel e de Cuenca
(Espanha). A par do Direito Romano e com tanta influência no campo eclesiástico (como o
Romano no civil) foi o Direito Canónico, tendo este último ainda a particularidade de exercer
também um grande peso na justiça secular. Nas regiões nórdicas onde o Cristianismo foi
implantado tardiamente vigorou durante a Idade Média um código de costumes de origem e
característica germânicas, onde a culpa ou inocência era aferida pela derrota ou vencimento
de duelos entre adversários ou seus representantes ou provas denominadas "ordálias", em que
o acusado se submetia à imersão de partes ou a totalidade do corpo em água a ferver, ao
lançamento em águas profundas com uma pedra amarrada ao pescoço ou a queimaduras com
ferro em brasa (entre outras práticas) e se sobrevivesse ou sarasse as feridas em determinado
período de tempo era inocentado
Conclusão

Direito, portanto, é tudo o que defende cada uma das correntes da Filosofia do Direito antes
referidas, mas, certamente se lhe aplicam outras infindáveis definições, tantas quantas forem
as perspectivas a partir das quais se lhe examine. Por isso, não se pode rechaçar - ou apoiar -
completamente nenhuma posição. Em tais circunstâncias, até mesmo a atitude céptica deve
ser encarada como um modo de "conceituar “o Direito.

Diante de tais circunstâncias, parece bem pertinente citar agora, à guisa de conclusão, um
tipo diferente de resposta - certamente apenas mais uma entre tantas, porém, bem mais
"universal" - à pergunta "quid ius(?)", proposta por Dworkin(21). Este jusfilósofo é inglês e,
obviamente, examina sobretudo o sistema jurídico desse povo, porém, sua resposta à
pergunta sobre o que é o Direito aplica-se, perfeitamente, também a povos que adoptem
quaisquer sistemas jurídicos. Eis a resposta: "O direito não é esgotado por nenhum catálogo
de regras ou princípios, cada qual com seu próprio domínio sobre uma diferente esfera de
comportamentos. Tampouco por alguma lista de autoridades com seus poderes sobre parte de
nossas vidas. O império do direito é definido pela atitude, não pelo território, o poder ou o
processo. Estudamos essa atitude principalmente em ribunais de apelação, onde ela está
disposta para a inspecção, mas deve ser omnipresente em nossas vidas comuns se for para
servir-nos bem, inclusive nos tribunais. É uma atitude interpretativa e auto-reflexiva, dirigida
à política no mais amplo sentido. É uma atitude contestadora que torna todo cidadão
responsável por imaginar quais são os compromissos públicos de sua sociedade com os
princípios, e o que tais compromissos exigem em cada nova circunstância. O carácter
contestador do direito é confirmado, assim como é reconhecido o papel criativo das decisões
privadas, pela retrospectiva da natureza judiciosa das decisões tomadas pelos tribunais, e
também pelo pressuposto regulador de que, ainda que os juízes devam sempre ter a última
palavra, sua palavra não será a melhor por essa razão. A atitude do direito é construtiva: sua
finalidade, no espírito interpretativo, é colocar o princípio acima da prática para mostrar o
melhor caminho para um futuro melhor, mantendo a boa-fé com relação ao passado. É, por
último, uma atitude fraterna, uma expressão de como somos unidos pela comunidade apesar
de divididos por nossos projectos, interesses e convicções. Isto é, de qualquer forma, o que o
direito representa para nós: para as pessoas que queremos ser e para a comunidade que
pretendemos ter."
Bibliografia

 Bartolomeu L. Varela, (2011), Manual de Introdução ao Direito, 2ª edição, revista,


Praia: Uni-CV.
 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo, (2000), Resumo de Direito Civil. 22ª ed.
Malheiros..
 GOMES, Orlando, (1995), Introdução ao Direito Civil. 11ª ed. Rio de Janeiro.
Forense.
 REALE, Miguel, (1995), Lições Preliminares de Direito. 22ª ed. São Paulo. Saraiva.
 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: Parte Geral. 25ª ed. São Paulo. Saraiva, v. 1.
 SILVA, José Afonso, (1996), Curso de Direito Constitucional Positivo. 11ª ed.
Malheiros.

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