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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE MAPUTO
LICENCIATURA EM DIREITO

Cadeira: Introdução ao Estudo de Direito


Turma: C

Iº Ano – Pós Laboral

Tema: sistemas júridicos

Discentes: Docente:
Denison A. Buene Dr. Ilidio Nhantende

Azelia Pedro Ngovene

Juventino Mandlaze

Mario Igor Bilale

José Jonas Machava

Duarte Israel

Maputo, Setembro de 2023

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Índice
Contéudo

s
I. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3

II. OBJECTIVOS....................................................................................................................4

2.1. Objetivos Geral............................................................................................................4

2.2. Objetivos Específicos...............................................................................................4

III. SISTEMAS JÚRIDICOS................................................................................................5

3.1. Origem dos Sistemas Jurídicos................................................................................5

3.2. Diferença entre os sistemas Romano-germânico e Anglo-saxónico........................5

3.3. Sistema Júridico Common Law...............................................................................7

3.4. Sistemas jurídicos adotados em Moçambique.........................................................9

3.5. Origem do Sistema Marxista – Lenista..................................................................11

IV. CONCLUSÃO...............................................................................................................12

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................13

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I. INTRODUÇÃO

Não existem somente três sistemas, entretanto os mais conhecidos são o sistema
romano-germânico, o common law e o sistema socialista. Antes de falar sobre
estes sistemas, deve-se primeiramente saber o que é um sistema jurídico. Um sistema jurídico
são conjuntos de regras, órgãos, doutrinas, ensinamentos
Cada sistema jurídico tem sua base em um tipo de direito. Por exemplo, o sistema romano-
germânico é baseado no direito romano; o common law é baseado no direito inglês; e o
sistema socialista é baseado nas ideias marxistas deque a sociedade ideal é uma sociedade
que vive harmonicamente e em paz sem o Estado e sem o direito
O sistema romano-germânico e o common law são os sistemas que ocupam a maior parte do
mundo. O sistema socialista foi forte somente até o fim da URSS, que se desfez e tornou-se
capitalista. Atualmente, Cuba é o representante mais forte do socialismo, e por isso sofre
graves problemas econômicos. Além destes três sistemas, que foram os mais disseminados,
há também os direitos muçulmano, hindu, israelita, etc., que são fortemente ligados à
religião, não havendo uma distinção certa do que é direito e do que é religião.

II. OBJECTIVOS

II.1. Objetivos Geral

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O presente trabalho tem como objetivo apresentar o tema Sistemas Jurídicos.

II.2. Objetivos Específicos

 Compreedender como surgem os sistemas júridicos;


 Diferenciar os sistemas Romano-germânico e Anglo-saxónico;
 Compreender o Sistema de Common law;
 Sistemas júridicos adoptados em Moçambique;
 Compreender como surgiu o sitema Marxista-Leninista.

III. SISTEMAS JÚRIDICOS

III.1. Origem dos Sistemas Jurídicos

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O Direito Romano teve origem quando foi fundada Roma, em meados de 754A.C., e
permaneceu até a morte do Imperador Justiniano, em 565 D.C. São,portanto, cerca de treze
séculos de evolução.

É até hoje o mais estudado porque foio mais completo e sistemático e, com o passar do
tempo, se tornou um vasto campode observação do direito. (José Cretella Júnior) Antes da
Lei das XII Tábuas, o direito era aplicado apenas aos cidadãosromanos e era intimamente
ligado à religião, pois possuía características comoformalismo, prática
ritualística, simbolismo e conservadorismo.

A Lei das XII Tábuas data de meados do século V A.C. e foi o primeiro textolegal a ser
publicado. Foi proposto no tribunal da plebe que o direito (as leis) fosseescrito para que não
fosse aplicado sem distinção e “abuso” pelos patrícios.

Os plebeus lutaram por oito anos para que os patrícios aceitassem essa ideia e criassem tais
tábuas, com leis baseadas nas leis gregas de Sólon. Em 476 D.C. as invasões bárbaras
causaram a queda do Império Romano do Ocidente, e o direito romano foi fundido com o
direito comum, costumeiro, que era odireito dos bárbaros, dando origem às leis romano-
bárbaras.

III.2. Diferença entre os sistemas Romano-germânico e Anglo-saxónico

A lei é a fonte mais importante do sistema romano-germânico. Os direitos de tradição romano


germânica são organizados em códigos; é típico deste sistema o caráter escrito do direito. As
normas jurídicas são gerais e, portanto, aplicadas por juízes em casos concretos. Percebe-se
então, imediatamente, a diferença entre este sistema e o sistema common law (anglo-saxão),
cujos julgamentos de casos concretos baseiam-se na jurisprudência, isto é, em decisões
judiciais anteriores.
São cinco as fontes do sistema romano-germânico atualmente: a lei, o costume, a
jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais.

A lei
É a fonte mais importante e não pode ser desrespeitada. Tal acontecimento acarreta uma
punição ou multa a quem a desrespeita. A lei não provém da vontade do governante apenas;
ela é inicialmente proposta e votada por parlamentos, e a vontade da maioria é que determina
se a proposta de lei se tornará ou não uma lei oficial.

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O costume
Apesar de a lei codificada ser mais extensa, o costume assume um papel importante na
formação do direito.
Um costume provém de acontecimentos sociais (diferentemente da lei), que têm como base
os valores morais e éticos da sociedade.
É valido quando acontece repetidas vezes, criando a ideia (hábito) de que em determinada
situação deve-se agir de determinada maneira. As pessoas devem entender os costumes como
oficiais e considerá-los verdadeiras normas jurídicas, para que sintam que têm o dever
obrigatório de respeitá-lo.

A jurisprudência
Os juízes têm a liberdade de interpretar as leis e, desta forma, geram jurisprudência, mas sem
afetar a principal fonte (a lei). A jurisprudência se tornou mais importante devido aos
Tribunais quererem uniformizar suas decisões judiciais, isto é, casos semelhantes podem ter
soluções semelhantes, se houver precedentes.
Entretanto, isso não significa que os juízes são obrigados a seguir decisões judiciais anteriores
para solucionar um caso semelhante; pelo contrário, eles têm a faculdade de seguir ou não a
jurisprudência.

A doutrina
São estudos realizados por diversos juristas, com o objetivo de entender e explicar temas
relacionados ao direito, incluindo a correta interpretação de normas, para que o haja uma
compreensão geral do que é e de como funciona o mundo jurídico.
Para que seja possível que um jurista faça críticas e crie novos conceitos, é necessário que
este possua um vasto conhecimento do campo do direito e não tenha em sua mente preceitos e
pressupostos em relação ao assunto, pois somente assim é possível que crie algo novo.
Esta fonte é de fundamental importância pois influencia indiretamente a criação de novas leis
e julgamentos.
III.3. Sistema Júridico Common Law

Este sistema jurídico foi formado no século XII, na Inglaterra, pelas decisões jurídicas reais.
Porém, este sistema começou a ser “esboçado” no século XI, em 1066, com a invasão do
duque de Normandia, Guilherme, às terras inglesas.

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Origem e desenvolvimento

A Inglaterra fez parte do Império Romano do século I ao V, mas a romanização não foi muito
extensa e não deixou vestígios nas suas instituições jurídicas posteriores. A partir do século
VI, em consequência das invasões anglo-saxônicas, redigiram-se na Inglaterra as leis
bárbaras, textos de direito consuetudinário, isto é, direito costumeiro.
Até o século XII o costume foi a única fonte de direito na Inglaterra. Em 1066, Guilherme,
duque de Normandia, invadiu e conquistou a Inglaterra, importando então o sistema
feudalista para lá, mas manteve quase íntegros os costumes anglo-saxônicos.
Nesta época, os costumes eram diversos e podiam ser divididos em: costumes locais anglo-
saxônicos; costumes das cidades nascentes; e costumes dos mercadores. Estes costumes eram
aplicados em assembleias de homens livres, para resolver possíveis conflitos entre eles.
Entretanto, devido a grande diversidade de costumes locais, às vezes se fazia necessária a
intervenção do rei para a solução destes conflitos, o que acabou por unificar o direito,
tornando-o common Law, isto é, um direito “comum” a todas as localidades. O common Law
se diferenciava do direito costumeiro pois tinha como base a jurisprudência, processos
anteriores, e não o direito comum de cada povo ou tribo, por estes serem muito
particularizados.

Características
É um direito baseado em precedentes judiciais (jurisprudência – judge-made-law) e a lei
escrita exerce muito pouca influência, bem como os costumes locais, em contradição com o
direito romano. Devido à jurisprudência, os juízes de tribunais inferiores devem
obrigatoriamente adotar as decisões judiciais superiores em um caso semelhante.
Os juízes de tribunais superiores devem adotar as decisões judiciais proferidas anteriormente
pelos mesmos tribunais, ou, se não concordarem com as decisões de um tribunal inferior,
podem não levá-las em consideração e criar um novo precedente. Em caso de não haver
precedentes para um caso, o juiz pode criar o seu precedente judicial, baseando nos princípios
do direito.

Equity

No decorrer dos séculos XIV e XV, o common Law se tornou mais técnico e incapaz de
resolver novos litígios causados pelo desenvolvimento econômico e social, tendo que atar-se
somente aos writs já existentes.

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Os juízes dos tribunais, embora fossem nomeados pelo rei, haviam adquirido certa
independência destes, e o fato de não desejarem recorrer diretamente ao rei e ao chanceler fez
com que surgisse uma nova jurisdição e processo:
 O chanceler decidia em equidade sem levar em consideração as regras e nem as bases
do common Law. Era inspirado pelo direito canônico e o chanceler julgava segundo
critérios do próprio direito romano.

Fontes do common Law


São três as fontes do sistema common Law: a jurisprudência, o costume e a lei (em ordem de
importância).

A jurisprudência
O common Law segue o princípio do stare decisis, isto é, o princípio de seguir regras
estabelecidas por precedentes judiciários; é um direito jurisprudencial e, portanto, a
jurisprudência é a principal fonte do direito.
A jurisprudência segue uma hierarquia como fonte do direito: as decisões tomadas pela
Câmera dos Lordes devem obrigatoriamente ser seguidas como precedentes para os tribunais;
as decisões adotadas pelo Court of Appel obrigam como precedentes para as jurisdições
inferiores; e as decisões tomadas pelo High Court of Justice obrigam também as jurisdições
inferiores.

O costume
O costume vem do período anglo-saxônico e deu origem ao sistema de common law. A
jurisprudência tomou o lugar dos costumes, mas, ainda hoje, os costumes anglo-saxônicos
exercem certa influência no direito inglês.

A lei
A lei tem um papel secundário na formação do direito inglês. A Inglaterra não tem uma
constituição escrita; as leis servem mais para acomodar situações novas, que surgiram após a
Segunda Guerra Mundial, e para disciplinar o crescimento urbano, a manutenção da
previdência social, o sistema de educação e o de saúde.
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III.4. Sistemas jurídicos adotados em Moçambique

Desde a sua independência de Portugal em 1975, Moçambique teve três constituições (1975,
1990 e 2004). A Constituição de 1975 estabelecia um regime monopartidário que confirmava
o papel destacado do Executivo – com efeito, o partido no poder, FRELIMO (Frente da
Libertação de Moçambique) – sobre todos os aspectos da vida pública, incluindo o judiciário.
Esta Constituição manteve-se em vigor durante o período de guerra civil entre a FRELIMO e
a RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique).

A Constituição de 1990 foi elaborada no contexto das negociações de paz que culminaram
com a assinatura do Acordo Geral de Paz, entre a FRELIMO e a RENAMO, em 1992.7 O
objectivo era elaborar uma nova Constituição que possibilitasse firmar a paz e realizar
eleições democráticas.

A Constituição de 1990 marcou uma ruptura radical com o passado, consagrando a transição
de uma economia centralizada para o capitalismo, de um sistema monopartidário para a
democracia multipartidária, e colocando o cidadão como figura central relativamente ao
Estado. Abriu-se, portanto, espaço a reformas legislativas em todos os aspetos da organização
e políticas estatais.

A Constituição de 1990 alargou a Carta de Garantias e Direitos Fundamentais de forma a


incluir novos direitos e liberdades individuais que haviam sido negados pelo Estado
monopartidário. Muito embora a Constituição de 1975 incluísse um capítulo sobre direitos
dos cidadãos, era dada ênfase aos direitos colectivos e não aos individuais.

A Constituição de 1990 continha disposições muito mais abrangentes no que respeita à Carta
de Garantias e Direitos Fundamentais, fazendo com que Moçambique se colocasse a par dos
padrões internacionais em direitos humanos.

A Constituição de 1990 incluiu expressamente o direito à igualdade perante a lei (art. 66), o
que não era explícito na Constituição de 1975.

Outras novas disposições incluíam o direito à vida, com a abolição da pena de morte (art. 70);
a liberdade de expressão e o direito à informação, sem qualquer limitação via censura (art.
74); a liberdade de movimento (art. 83); e o direito a formar e participar em partidos políticos

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(art. 77). O direito a contestar a violação de direitos (art. 81) foi também incluído, com
particular referência ao direito a apresentar petições e reclamações (art. 80) e o direito de
recorrer a tribunais em caso de violação de tais direitos (art. 82).

A Constituição de 1990 também incluiu um capítulo sobre direitos e deveres económicos e


sociais. Representando uma mudança formal das anteriores políticas económicas socialistas
da FRELIMO, ela previu o direito à propriedade privada (art. 86), o direito à herança (art. 87)
e o direito a trabalhar numa profissão de livre escolha (art. 88), contra uma contribuição justa
(art. 89). O direito à educação (art. 92) e o direito a cuidados médicos e de saúde foram
também reconhecidos.

Legislação Nacional

É grande a necessidade de uma reforma legal abrangente em Moçambique, por forma a


assegurar que a legislação existente cumpra com as disposições da Constituição e do direito
internacional. Disposições constitucionais como as relativas à Carta dos Direitos, Deveres e
Liberdades Fundamentais e à ratificação de tratados e acordos internacionais serão ineficazes
se não forem complementadas com legislação e regulamentação nacional relativas a direitos
humanos.

Estrutura atual dos tribunais

O sistema moçambicano inclui três categorias diferentes de tribunais: judiciais,


administrativos e o Conselho Constitucional. Os tribunais judiciais (a principal estrutura
judiciária) compreendem o Tribunal Supremo juntamente com os tribunais provinciais e
distritais; o Tribunal Administrativo é, no momento, uma jurisdição especializada que opera
apenas em Maputo, sem representação ao nível regional ou local; e o Conselho
Constitucional (que apesar do seu título é também um tribunal) é uma jurisdição
especializada para matérias constitucionais e eleitorais. Para além destes tribunais, que
aplicam a lei formal, existem ainda tribunais comunitários e autoridades tradicionais e
religiosas (mecanismos tradicionais de resolução de conflitos).

III.5. Origem do Sistema Marxista – Lenista

A base filosófica do sistema socialista é o marxismo-leninismo. Karl Marx e Engels


conceberam sua teoria no século XIX, e foi adaptada por Lenin no início do século XX,

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época em que a I Guerra Mundial tornou possível a tomada do poder pelo proletariado na
Rússia.

A doutrina marxista
A doutrina marxista é baseada no materialismo histórico e distingue dois elementos em toda a
sociedade: a infraestrutura e a superestrutura. A infraestrutura são as forças de produção, isto
é, compreende o meio físico, os recursos naturais, a produção econômica, etc. A
superestrutura compreende as artes, a moral, a religião, o Estado, ou seja, toda a ideologia de
uma sociedade; desta forma, reflete as relações de produção.
Segundo a concepção marxista do direito, este seria necessariamente injusto e deveria
desaparecer de uma sociedade ideal e sem classes, pois o direito permite a classe dominante
manter a posse dos bens e explorar a classe dominada. A única forma de parar a exploração
de uma classe social por outra era abolindo as classes sociais, através do fim da propriedade
privada e da disposição coletiva de todos os meios de produção.

A doutrina marxista-leninista
Karl Marx e seus seguidores haviam previsto um período transitório de transformação
revolucionária, entretanto não aprofundaram estudos sobre este período. Além disso,
acreditavam que a revolução aconteceria em um país industrial e que logo se tornaria
universal. Por isso, no início do século XX, Lenin e outros dirigentes russos precisaram
adaptar a teoria marxista a outra realidade, pois a Rússia ainda era um país quase que
totalmente agrário repleto de deficiências e cercado por países capitalistas.
Segundo a doutrina marxista-leninista, para passar do capitalismo ao comunismo a classe
social explorada deveria movimentar-se contra a classe de posses, ou seja, deveria haver uma
luta de classes.

IV. CONCLUSÃO

Por meio deste trabalho, pode-se concluir que os sistemas jurídicos não se formaram um dia,
simplesmente, porque se achou necessário. Pelo contrário, todos têm uma história de origem e
desenvolvimento e levaram anos para chegarem ao nível de desenvolvimento em que estão
agora.
Pode-se observar também que, embora os países colonizadores tenham exportado as bases
dos sistemas de vários outros países colonizados, nem todos permaneceram iguais às suas

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origens. Os Estados Unidos, por exemplo, seguem um sistema common law que em muito
difere do que é aplicado na Inglaterra.
Ou seja, os sistemas jurídicos se desenvolveram de acordo com as características e
necessidades de sua sociedade e não são imutáveis, pois ainda hoje diversas mudanças são
feitas para que o direito se adapte às novas regras e costumes sociais de cada geração.

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRETELLA JÚNIOR, José. O Direito Romano Moderno, 12ª edição.

GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito, 4ª edição

LUIZ, Antonio Filardi. Noções de Direito Romano. São Paulo: 1982.

MARIANI, Carlos Roberto. Os sistemas jurídicos. Revista UNIPAR. Disponível em


<http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/1650/1428> Acesso em 14 mai. 2013.

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