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Índice

Introdução..........................................................................................................................2

Objectivos..........................................................................................................................3

Metodologia.......................................................................................................................3

Common Law....................................................................................................................4

Evolução histórica.............................................................................................................4

Organização judiciaria inglesa..........................................................................................9

Profissões jurídicas..........................................................................................................11

Fontes do direito inglês...................................................................................................12

A lei.................................................................................................................................12

A jurisprudência..............................................................................................................13

O costume........................................................................................................................14

A doutrina........................................................................................................................14

Conclusão........................................................................................................................15

Referencias bibliográficas...............................................................................................16

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1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Direito Comparado e tem como tema:
Common Law. Onde no estudo da família de Direitos de Common Law não é possível
fazer uma comparação directa entre os seus ordenamentos jurídicos uma vez que um
deles, o britânico, constitui o antecedente de outro, o dos EUA. Isto é, o ordenamento
jurídico norte-americano foi influenciado pelo britânico através da colonização.

O Connon Law teve a sua origem na Inglaterra por volta do século XIII. O Common
Law em sua primeira concepção pode ser entendido como direito comum, isto e, aquele
originário de sentenças judiciais dos tribunais Westminster, que eram cortes constituídas
pelo Rei e a ele directamente subordinadas. Com características aparentes do sistema
romano germânico, difere-se pelo facto do reconhecimento de jurisprudência,
consagração da regra do precedente (pela qual as decisões dos tribunais superiores
vinculam os tribunais inferiores, que terão de decidir da mesma maneira os casos
análogos futuros), tem como orientação cultural a religião protestante. Vigora na
Inglaterra e em todas ex colónias inglesas. É vulgarmente conhecido por common law.

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2. Objectivos
2.1. Objectivo geral:
 Compreender da forma mais abrangente possível a Família de Common law.

2.2. Objectivos específicos:


 Conhecer a evolução histórica do Direito Inglês;
 Descrever a organização judiciaria assim como as profissões jurídicas do
Common law;
 Mencionar e explicar as fontes do direito da família de Common law;
 Reflectir em torno dos países em que o Common law vigora.

3. Metodologia
Para a elaboração do presente trabalho, o grupo baseou-se na consulta de fontes
bibliográficas (livros e portais da internet) de modo a colher a ideia de vários autores no
que concerne ao tema do trabalho e, por fim, o grupo recorreu a um debate onde foram
compiladas as ideias colhidas e produzido o trabalho aqui presente.

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4. Common Law
O Direito Comum (Common law) foi criado na Inglaterra a partir do século XI, no
contexto de um processo de centralização do poder pelos monarcas, e posteriormente
levado para as colónias britânicas onde se manteve como matriz dos sistemas jurídicos
locais mesmo depois da independência desses territórios. Hoje, engloba a generalidade
dos paises de linga Inglesa – Reino Unido, Irlanda, Estados Unidos da America,
Canada, Australia, Nova Zelandia, etc. (Jerónimo, 2015:93).

5. Evolução histórica
Segundo Carlos Ferreira de Almeida e Jorge Morais Carvalho (2018:76), a evolução do
Direito Inglês encontra-se dividida em quatro períodos.

 Período anglo-saxónico (século V d.C. – 1066)

As ilhas britânicas foram colónia romana até ao princípio do séc. V d.C. O direito
romano, cuja vigência nunca se enraizou profundamente, foi erradicado pelas sucessivas
invasões de anglo, saxões e dinamarqueses e a principal fonte de direito voltou a ser o
costume.

A descentralização do poder político, a escassez de leis escritas e a consequente


predominância do direito consuetudinário impediram que neste período existisse um
direito comum a toda a Inglaterra. O direito era variável e a sua aplicação relativamente
incerta.

 A formação do common law na Inglaterra (1066 – finais do século XV)

As origens do moderno direito inglês remontam à conquista normanda, verificada na


sequência da batalha da batalha de Hastings (1066). O duque Guilherme da Normandia
(rei Guilherme I da Inglaterra), que invocava direitos de sucessão ao trono, prometeu
respeitar as leis anglo saxónicas. Contudo, ele mesmo deu inicio ao processo de
organização feudal fortemente centralizado, que culminou com a proibição em 1290, e
teve por efeito a atribuição à Coroa de toda a propriedade fundiária.

Nos primeiros tempos do domínio normando, a Curia Regis (King’s Council)


concentrava funções que, de modo difuso, correspondiam a poderes legislativos,

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executivos e jurisdicionais. Em relação a estes, a autonomização iniciou-se em
princípios do sec. XII, dando lugar a institucionalização de três tribunais reais:

- O Court of Exchequer (Tribunal do tesouro), cuja competência originária abrangia os


assuntos de natureza fiscal;

- O Court of Common Pleas (Tribunal dos Pleitos Comuns), vocacionado para a


resolução de litígios fundiários;

- O Court of King’s Bench (Tribunal do Banco do Rei), que se ocupava de matéria


criminal.

Esses tribunais começaram por ser instâncias de excepção, com competências


específicas e relacionadas com assuntos de interesse directo para a Coroa. Mas, quando
por volta de 1300, os três tribunais fixaram a sua sede em Westminster, já não eram
tribunais de excessão. A especialização entre eles tinha-se esfumado e a competência de
todos tinha se ampliado.

Vários factores convergiram para esta evolução: o interesse dos povos, que não
dispunham de um sistema alternativo de justiça moderna e eficiente; o interesse da
Coroa na regulação da “paz pública”, o interesse dos próprios tribunais que, sob o
aspecto financeiro, eram auto-suficientes.

No que se refere ao direito que estes tribunais aplicavam, dizia-se que era o comune ley,
isto é, o “direito comum” de Inglaterra.

Na verdade, não havia anteriormente um direito comum da Inglaterra. Os tribunais


reais, invocando ficticiamente o “direito comum”, terão, na realidade, aproveitado
algumas regras consuetudinárias e outras inspiradas pelos direitos romano e canónico.
Mas ter-se-ão principalmente guiado por critérios de razoabilidade e de bom senso.

O precedente, isto é, a tendência para decidir um litígio actual do mesmo modo que um
caso anterior semelhante, estabilizou e deu coerência ao direito aplicado. O common law
é, portanto, desde a origem, direito jurisprudencial e não direito consuetudinário.

O alargamento da competência dos tribunais reais não significava porem que ela fosse
genérica e ainda menos que houvesse a ideia de que a cada direito correspondia uma
acção. O sistema era precisamente o inverso, porque os direitos só eram reconhecidos

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pelos tribunais se, e na medida em que, estivesse previsto um processo para a sua
efetivação.

A acção iniciava-se por uma petição ao Chancellor (conselheiro do rei). Mediante


remuneração, era emitido um writ que consistia numa carta emitida em nome do rei e
dirigida ao sheriff (entidade policial do condado), contendo uma breve descrição da
matéria do litigio e ordenando a comparência do reu perante um juiz.

 O desenvolvimento do common law e a formação da equity (finais do sec.


XV – 1832)

Com o decorrer do tempo e o uso do precedente, o common law foi se consolidando e


adquirindo a natureza de um sistema coerente de normas jurídicas. Mas revelou também
insuficiências, especialmente notadas nos seguintes aspectos:

- O formalismo, que podia comprometer o êxito da acção pela pratica de um simples


erro técnico;

- O âmbito restrito de soluções, bem evidente, por exemplo, em matéria de trust e de


incumprimento de contratos;

- A permeabilidade as influências dos mais poderosos, exercidas em especial sobre o


júri.

No decurso do séc. XIV, ressurgiram as petições dirigidas directamente ao rei para a


resolução de litígios. Ora, como os tribunais continuavam a decidir em nome do
soberano e este de considerava detentor de um poder jurisdicional residual, tais petições
eram encaminhadas para o Chancellor, eclesiástico que disfrutava de grande confiança e
influencia junto do rei.

Apesar de conhecedor do common law, pela sua estreita ligação aos tribunais, o
Chancellor começou por resolver estes casos de acordo com a equidade (equity).

A autonomia do Chancellor como juiz foi se tornando cada vez maior, de tal modo que,
nos finais do sec. XV, estava criado um novo tribunal real (Court of Chancery)
diferente dos restantes tanto pela forma do processo como pela natureza e fonte das
decisões.

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As decisões segundo a equidade vão evoluindo para decisões fundamentadas em regras
jurídicas extraídas de decisões anteriores. A equity deixa de ser verdadeira equidade
para constituir um sistema de regras formadas a partir do precedente, observadas como
precedente e conhecidas através da publicação das sentenças.

O conteúdo das soluções é inovador em relação as que estavam consagradas nos


tribunais de common law. As inovações mais importantes e características foram as
seguintes:

- Admissibilidade da execução específica como meio de cumprimento coercivo do


contrato;

- Reconhecimento, no trust, do direito do beneficiary instituído a seu favor pelo settlor


ao transmitir a propriedade para o trustee.

O sistema jurídico inglês passa assim a ser dualista, pela coexistência de regras de
common law e regras da equity, geradas e aplicadas por tribunais reais diferentes, sem
meio definido de compatibilização.

O conflito era, portanto, inevitável e veio a atingir o clímax em 1616, precisamente


como consequência das soluções divergentes em matéria de trust. A intervenção do rei
Jaime I determinou o reconhecimento das regras aplicadas pelo Tribunal da
Chancelaria, a partir de então, a equity foi aceite pacificamente como sistema
complementar do common law.

 O período moderno (a partir de 1832)

Importante reforma judiciaria é iniciada em 1832 através de sucessivos acts of


parliament, os mais importantes dos quais são os judicature acts de 1873-75.

As alterações de maior relevo incidiram sobre os seguintes pontos:

 Os tribunais reais foram reorganizados, constituindo-se um único


Supreme Court of Judicature, formado pelo Court of Appeal, tribunal
de recurso então criado, e pelo High Court of Justice, subdividido do
seguinte modo:
Queen’s Bench Division
Common Pleas Division

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Exchequer Division
Chancery Division
Probate, Divorce and Admiralty Division

A quarta primeira divisão era sucessora dos tribunais reais anteriormente referidos; a
quinta foi resultado da fusão dos tribunais eclesiástico e marítimo.

 Institucionalizou-se o Appellate Commitee da camara dos Lordes;


este evento, conjuntamente com a criação do Court of Appeal,
permitiu estabelecer um sistema claro de recursos.
 Foi eliminada a distinção entre tribunais de common law e tribunais
de equity. O encaminhamento para as divisões do High Court of
Justice em conformidade com a sua especialização não impedia a
aplicação, alternativa ou cumulativa, no mesmo processo de soluções
de common law e de equity.
 Procedeu-se a reforma do sistema de writs através da adopção de um
só writ of summons (equivalente à citação) e da abolição das forms of
action. A reforma processual não impediu, todavia a sua efectiva
subsistência na conformação dos institutos jurídicos.

Outra assinalável evolução no período moderno consiste na crescente relevância da


legislação, já que anteriormente a jurisprudência era fonte de direito quase exclusiva.

A tradicional resistência em utilizar a lei como meio de produção jurídica sofreu – por
influencia do Bentham - alguma quebra já nos finais do séc. XIX.

Foram as necessidades da política do welfare state que, após o termo da segunda guerra
mundial, impuseram a via legislativa como instrumento insubstituível para a reforma de
certas instituições sociais.

A atenção concedida à legislação e o reconhecimento do interesse em promover um


certo modelo de codificação explicam a criação, em 1965, da Law Comission, cuja
competência consiste precisamente na preparação de projectos de reforma legislativa,
que na maior parte, tem sido efectivamente aprovados.

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Também a adesão do Reino Unido a Comunidade Europeia, em 1973, tem contribuído
para o aumento dos textos legais, visto que só por esta via é possível proceder a
transposição das diretivas da União Europeia.

O Constitucional Reform Act 2005 representou uma mudança profunda na conceção da


quase milenar organização judiciaria inglesa, embora com implicações praticas
relativamente reduzidas.

A principal alteração consiste na afirmação da independência do poder judicial face ao


poder legislativo, com a criação do Supreme Court of the United Kingdom, que veio
substituir o Appellate Commitee da Camara dos Lordes como tribunal de ultima
instancia.

O Supreme Court é totalmente separado da House of Lords, quer em termos funcionais


quer logísticos.

6. Organização judiciaria inglesa

De acordo com Jerónimo (2015:105), recentemente, na sequencia do Constitucional


Reform Act 2005 e do Courts and Enforcement Act 2007, a organização judiciária foi
alargada pela incorporação de dois níveis de tribunais administrativos (tribunals), tendo
a destacar os tribunais inferiores e tribunais superiores.
Os tribunais inferiores são os tribunais de condado (county courts), competentes para
decidir litígios de natureza civil de menor valor, e os magistrates’ courts, que têm
competência para julgar pequenos delitos, cobrar dívidas e decidir algumas questões de
Direito da Família (como a regulação do poder paternal e a prestação de alimentos). As
decisões proferidas por estes tribunais não fixam precedente vinculativo. Podem,
quando muito, ter valor de precedente persuasivo para outros tribunais do mesmo nível
hierárquico.

Os tribunais superiores não são apenas tribunais de recurso, porque alguns deles
decidem ora em recurso ora em 1ª instância. As suas decisões têm em comum o efeito
de gerar precedente vinculativo. São, por ordem crescente, o High Court of Justice e o
Crown Court (na base da hierarquia dos tribunais superiores), o Tribunal de Recurso

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(Court of Appeal) e o Supremo Tribunal do Reino Unido (Supreme Court of the United
Kingdom).
 O High Court of Justice actualmente é integrado por três secções tendo a
destacar a secção da chancelaria (Chancery Division), que decide em matéria de
trust e Direito das sociedades; a secção de Direito da Família (Family Division);
e a secção “do banco da Rainha”, que decide principalmente em matéria de
responsabilidade civil contratual e extra-contratual (Queen’s Bench Division).
O High Court of Justice é hoje um tribunal cível, tendo a designação King/Queen’s
Bench perdurado apenas por força da tradição, este não tem competência em matéria
penal mas pode decidir os litígios em 1.ª instância ou em recurso de decisões dos
tribunais inferiores, dependendo do valor da causa. Quando decida em 1.ª instância, o
precedente fixado pelas suas decisões só vincula os tribunais inferiores (county courts e
magistrates’ courts). Quando decida em recurso, o precedente fixado pelas suas
decisões vincula os tribunais inferiores, mas também o próprio High Court.
 O Crown Court tem competência em matéria penal, decide em 1.ª instância ou
em recurso das decisões dos magistrates’ courts, consoante a gravidade dos
crimes levados a julgamento. Apesar deste decidir em 1.ª instância ou em
recurso, as suas decisões só muito raramente fixam precedente vinculativo para
os tribunais inferiores e para o próprio Crown Court.
 O Tribunal de Recurso (Court of Appeal) está organizado em duas secções com
competências distintas: a Civil Division (para matéria civil) que aprecia recursos
contra decisões dos tribunais de condado e do High Court of Justice, sendo que
as decisões proferidas pela secção cível fixam precedente vinculativo para os
tribunais inferiores ao Court of Appeal e para o próprio Court of Appeal; e a
Criminal Division (para matéria penal) aprecia recursos contra decisões
condenatórias proferidas pelo Crown Court, e as decisões proferidas pela secção
crime apenas fixam precedente vinculativo para os tribunais inferiores ao Court
of Appeal.
 O Supremo Tribunal do Reino Unido (Supreme Court of the United Kingdom)
foi instituído em 2009, na sequência da reforma operada pelo Constitutional
Reform Act 2005, tendo vindo substituir o Appellate Committee da House of
Lords, que até então funciona como instância judicial máxima do Reino Unido.
O Supremo é a última instância de recurso para as decisões proferidas em

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matéria cível pelos tribunais superiores de todo o Reino Unido (incluindo os
tribunais escoceses) e a última instância de recurso para as decisões proferidas
em matéria penal pelos tribunais superiores de Inglaterra, País de Gales e Irlanda
do Norte. As decisões proferidas pelo Supremo fixam precedente vinculativo
para todos os demais tribunais, mas não vinculam o próprio Supremo.

Explicada a relevância atribuída ao nível hierárquico dos tribunais no quadro da


doutrina do precedente vinculativo, importa acrescentar que:
a) basta uma decisão para fixar um precedente vinculativo, não sendo necessária uma
prática judicial reiterada (o common law não é costume jurisprudencial);
b) não há qualquer limite temporal para a vigência de um precedente.
c) só constituem precedente vinculativo os critérios decisórios das decisões publicadas,
visto que o precedente vinculativo fixado pelas decisões judiciais é matéria de
interpretação.
Assim, o Court of Appeal pode anular precedentes fixados por decisões do High Court
of Justice e o Supremo Tribunal pode anular precedentes fixados pelo High Court of
Justice e pelo Court of Appeal.

7. Profissões jurídicas

Em vez de dualidade magistrados-advogados, os profissionais forenses ingleses


dividem-se em Barristers e solicitors, cujas funções especificas correspondem, em
conjunto, as exercidas pelos advogados nos sistemas jurídicos continentais. Não há em
Inglaterra carreiras autónomas de magistrados, porque os juízes são geralmente
nomeados de entre os barristers e não existe o ministério público.
Os barristers tem a função central especifica de pleitear (pleading) nos tribunais
superiores, participando nas audiências de julgamento em defesa dos interesses de uma
das partes. De acordo com a tradição, não tem contacto directo com clientes, sendo a
ligação assegurada pelos solicitors. Portanto, os barristers são geralmente especialistas
em certas matérias e, nessa qualidade, consultados sobre assuntos complexos de direito.
Actualmente são 15000 e estão organizados em quatro associações profissionais (inns of
court), todas com sede em Londres.
Os solicitors tem funções mais diversificadas. Tradicionalmente só nos tribunais
inferiores podiam exercer a plenitude das funções de advogado. Nos tribunais

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superiores, preparavam o processo, obtendo elementos junto do cliente para posterior
apresentação ao barrister escolhido para pleitear o caso. A exclusividade dos barristers
para o exercício desta função foi, todavia, perturbada a partir da vigência do courts and
legal services act 1990.
Para além do trabalho em tribunal, os solicitors redigem testamentos e contratos (em
especial, contratos relativos a transferência de propriedade), asseguram a gestão de trust
e prestam aconselhamento jurídico aos clientes.
O seu numero ronda os 120 000 e estão organizados numa única associação
profissional, a law society, também com sede em Londres.

8. Fontes do direito inglês

Segundo Almeida (2018:87) é notável uma distinção de fontes de direito inglês, na qual
traz cá dois tipos de fontes que são as fontes principais e fontes subsidiarias.
No que diz respeito a fontes principais encontramos a lei (statute, statutory law ou
legislation) e a jurisprudência (case law, por vezes também designada por common law,
num sentido restrito em que esta expressão se opõe a statutory law).
O case law (jurisprudência) tem sido e continua a ser considerada como a principal
fonte de direito, no sentido de ser o modo normal de produção e de revelação do direito.
Mas, na linha hierárquica, a lei foi sempre a primeira das fontes de direito, visto que tem
eficácia revogatória em relação ao precedente jurisprudencial, enquanto este pode
apenas interpretar, mas não revogar a lei.

8.1. A lei

Função da lei no sistema jurídico e competência legislativa


A lei era, na visão tradicional inglesa, um meio relativamente anormal de produção do
direito. A competência legislativa pertencia apenas ao parlamento. A intervenção desta
era escassa e dirigia-se principalmente a corrigir e a completar o case law, quando as
suas regras fossem sentidas como inadequadas ou lacunares. Portanto, esta situação
alterou-se nos últimos decénios pelas razões já antes referidas.
Por um lado, o parlamento produz cada vez mais textos legislativos. Por outro lado, o
fenómeno da “governamentalização” da função legislativa também se verifica no reino

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unido, através da pratica crescente de atribuições pelo parlamento ao Governo de
competência delegada para legislar (delegated legislation).
As matérias abrangidas pela legislação são as mais variadas. Algumas pertencem ao
domínio das que, por natureza, estão excluídas do case law (direito da Administração
Publica, direito fiscal, direito social, direito económico), bem como as que
correspondem a transposição de directivas da União Europeia.
Mas o startutory law tem vindo igualmente a invadir o campo das regras jurídicas que
eram tradicionalmente monopólio da criação jurisprudencial. Por exemplo, há
actualmente regras legais sobre alguns contratos, sobre propriedade e até sobre o trust
(embora não contenham a regulação completa dos institutos a que se referem).
A concentração legislativa em códigos não é utilizada no direito inglês. Apesar
da sua denominação, não devem ser como tal qualificados os chamados codifying
Acts.

8.2. A jurisprudência
A doutrina do precedente
A atitude de stare decisis, isto é, o principio segundo o qual um caso presente deve ser
julgado como foram julgados casos anteriores semelhantes, esteve na base da formação
do direito inglês. Foi segundo este processo que os tribunais reais construíram as
normas de common law, primeiro, e as da equity, depois. Mas só no século XIX, com a
reorganização dos tribunais superiores, foram criadas as condições para a formulação
clara das regras vigentes sobre o precedente vinculativo.
O carácter vinculativo do precedente depende ainda da natureza do tribunal que proferiu
a sentença onde se insere a ratio decidendi e da relação hierárquica entre esse tribunal e
aquele perante o qual se apresenta o litígio actual.
São vinculativos os precedentes de sentenças proferidas por tribunais superiores; as
sentenças dos tribunais inferiores só podem originar precedentes de carácter meramente
persuasivo.
Os precedentes oriundos de decisões do supreme court vinculam todos os tribunais
ingleses, com excepção do próprio supreme court;
Os precedentes contidos em sentenças do court appeal vinculam os tribunais
hierarquicamente inferiores e, excepto em matéria criminal, o próprio court of appeal;

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Os precedentes extraídos de sentenças do crown court só em situações limitadas e
imperfeitamente definidas são vinculativos para os tribunais inferiores e para o próprio
tribunal.

8.3. O costume
A atribuição ao common law de origem consuetudinária constitui uma ficção. O
costume no direito inglês não tem, nem nunca teve, especial importância, a não ser
porventura no âmbito dos direitos constitucional e comercial. Portanto a falta de
constituição escrita tem sido parcialmente suprida pelas chamadas convenções
constitucionais, que são praticas e usos de acordo com as quais se estabelecem alguns
aspectos do funcionamento e das relações dos órgãos do poder político.
Portanto tem a destacar algumas praticas e usos comerciais a que alguns atribuem a
natureza de costume, estas que compõem o chamado law merchant.
Tem também a destacar o costume local que é traduzido como normas consuetudinárias,
que só é reconhecida como fonte de direito quando seja imemorial, isto é aceite pacifica
e continuamente desde, pelo menos, 1189. Presume-se, porém, que esta circunstância se
verifica quando não haja memoria do inicio da pratica e se não prove que a sua origem é
posterior.

8.4. A doutrina
A doutrina tem uma influência significativamente menor no direito inglês, por conta da
menor tradição universitária e na preponderância dos juízes na comunidade jurídica.
Os livros doutrinários cuja citação é susceptível de ser tomada em consideração como
fonte de direito devem pertencer aos chamados books of authority, entre os quais se
salientam os seguintes:
 De legibus et consuetudinibus Angeliae;
 Institutes, de Coke;
 Commentaries on the laws of England;
 Pollok
 Torts (responsabilidade civil delitual)
Até há muito pouco tempo, a nenhuma obra podia ser reconhecida “autoridade”
enquanto o seu autor fosse vivo.

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9. Conclusão
Concluímos como grupo que o Direito Inglês não teve uma evolução imediata, tanto é
que esta ocorreu em quatro períodos, nomeadamente: o período anglo-saxónico (o
direito era variável e a sua aplicação relativamente incerta devido a descentralização do
poder político, a escassez de leis escritas e a predominância do direito consuetudinário);
período da formação do common law na Inglaterra (destacando-se a conquista
normanda); o período do desenvolvimento do common law e a formação da equity
(destaca-se a aquisição a natureza de um sistema coerente de normas jurídicas); e, por
ultimo, o período moderno (caracterizado principalmente pela reforma judiciaria com
vista a crescente relevância da legislação).

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10. Referências bibliográficas
 ALMEIDA, Carlos Ferreira & CARVALHO, Jorge Morais. Introdução ao
Direito Comparado. 3ª Edição. Coimbra. Editora Almedina, S.A. 2018.
 DAVID, Rene. Os Grandes Sistemas do Direito Contemporâneo. 3ª edição. São
Paulo. Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1996.
 JERONIMO, Patrícia. Lições de Direito Comparado. 1ᵃ edição. Portugal. Braga.
2015.

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