Você está na página 1de 9

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade De Gestão Dos Recursos Naturais E Mineralogia

Nome do Estudante: EMA DA LUZ ANÍBAL

Segunda avaliação Individual da cadeira de Historia de Direito do curso de Direito, por


orientação do Docente JACQUES KAZADI

MAIO/2020
Introdução

É fundamental a pesquisa histórica para se compreender o difusão do sistema da


common law que se estendeu mundo afora entre as colônias ou os países sob sua
influência colonizadora. Dá-se o nome de common law ao sistema jurídico que foi
elaborado em Inglaterra a partir do século XII pelas decisões das jurisdições reais.
Manteve-se e desenvolveu-se até aos nossos dias, e além disso impôs-se na maior parte
dos países de língua inglesa, designadamente nos Estados Unidos, Canadá, Austrália,
etc.. A expressão common law é utilizada desde o século XIII para designar o direito
comum da Inglaterra, por oposição aos costumes locais, próprios de cada região;
chamaram-lhe, aliás, durante vários séculos comume ley (lei comum), porque os
juristas ingleses continuaram a servir-se do francês, olaw French, até ao século XVIII.
1
Conceito

O common law (direito comum) é um sistema jurídico utilizado em países de língua


inglesa. Possui como principal característica ser baseado em precedentes criados a partir
de casos jurídicos – e não em códigos. Por isso, o papel dos juízes e dos advogados é
importante para o desenvolvimento desse sistema e é usada para se referir a um sistema
jurídico em que decisões judiciais que surgem a partir de outras decisões já dadas em
Tribunais.

O common law ou “direito comum” muito se diferencia do sistema romano


germânico, pois é originário de regras não escritas, que foram criadas
inicialmente por juízes ingleses e lapidadas ao longo do tempo. É um
sistema baseado no direito costumeiro e na continuidade, razão pela qual é
fruto de uma grande evolução sem interrupções. (WAMBIER, 2009, p. 54)

Origem do common law e Influencias no mundo

O common law é um sistema bastante antigo que foi criado e inicialmente utilizado na
Inglaterra, em um período entre os séculos XII e XII. Naquela época, as decisões eram
baseadas fundamentalmente na apreciação de hábitos tradicionais e de costumes sociais.

Alguns estudiosos do direito relacionam seu surgimento com o episódio histórico da


Conquista Normanda, quando o Reino Unido foi ocupado pelo exército da Normandia
(extinto Ducado da Normandia, que existiu entre os anos de 911 e 1204).

Henrique II, que foi Duque da Normandia, criou este sistema jurídico baseado em
hábitos e costumes. O sistema deveria ser comum a toda região - por isso acabou
nomeado como common law.

As principais características do sistema Common Law são:

 Decisões baseadas em julgados anteriores;


 Jurisprudências possuem maior peso no julgamento de um caso do que a lei
propriamente dita;
 Direito não escrito ou parcialmente escrito;

1
https://www.aurum.com.br/blog/common-law
GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Tradução de A. M. Hespanha e L. M. Macaísta
Malheiros. 3. ed. Coimbra: Calouste Gulbenkian, 2001. p. 210
 Aplicação baseada em princípios. https://www.aurum.com.br/blog/common-law

2
Difusão do common law no mundo

Convencidos da excelência do seu sistema jurídico, os Ingleses impuseram-no,


mais ou menos, em todos os países que dominaram ou colonizaram, aliás com
resultados diversos. Nas Ilhas Britânicas, o common law impôs-se no País de Gales e na
Irlanda (mesmo ainda atualmente no Eire, a República da Irlanda), mas não foi
admitido na Escócia que conservou um direito romanista, embora sofrendo uma
pressão cada vez mais forte do direito da Inglaterra no decurso do último século.

Os Estados Unidos da América são países de common law. A Inglaterra só


tinha no entanto colonizado uma parte da costa atlântica, quando as 13 colónias
inglesas se tornam, em 1776, os 13 primeiros Estados federados, estes conservam o
common law como base do seu sistema jurídico; e impõem-no aos outros Estados
à medida que se vão incorporando na federação. E isto apesar da longa
influência do direito espanhol em algumas regiões ( Florida, Califórnia, Texas), do
direito francês noutras (região do Mississipi); só o Estado da Luisiana conservou
um sistema mais ou menos romanista de direito. Separados da Inglaterra desde há
dois séculos, os Estados Unidos conheceram uma evolução diferente do seu sistema
jurídico nos séculos XIX e XX, sobretudo devido a um grande respeito pelas suas
constituições escritas e as suas leis. Cada Estado tem uma constituição escrita, tal como
a federação (Constituição de 1787, com 26 aditamentos desde essa data); cada Estado
e a federação têm uma legislação abundante e numerosos Estados codificaram os
grandes ramos do seu direito.

O direito americano rompeu com as formas obsoletas do common law; conheceu


uma evolução mais rápida que a Inglaterra para a liberdade e a igualdade. Mas
permanece relativamente diversificado, possuindo cada um dos 50 Estados o seu
direito próprio. Não têm faltado os esforços de unificação. A jurisprudência do
Supreme Court dos Estados Unidos é essencial neste domínio. Uma exposição
sistemática e tão clara quanto possível do direito em vigor nos diversos ramos do
que chama mos direito privado (contratos, propriedades, garantias, etc.), foi
2
GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Tradução de A. M. Hespanha e L. M.
realizada por uma instituição não estatal, o American Law Institute que publicou de
1932 a 1944 o seu Restatement of American Law; embora não fosse obrigatório, a sua
força persuasiva junto dos juizes foi considerável e contribuiu para uma grande
unificação do direito. Por fim, de 1955 a 1970, foi redigido um Uniform
Commercial Code (J.C.C.) com base no 3Código de Comércio de Nova Iorque e
influenciado pelo direito alemão. Foi adotado pelos diferentes Estados, unificando
assim este importante ramo do direito.

O Canadá conheceu uma história do direito semelhante à dos Estados Unidos.


Apenas a província do Quebe que conservou um direi to romanista, inspirado
pêlos costumes de Paris dos séculos XVI e XVII; as outras províncias são regiões de
common law. A Austrália, a Nova Zelândia, a Jamaica e as outras ilhas da América
Central que foram colonizadas pêlos Ingleses são países de common law, ainda
estreitamente ligados ao sistema inglês.

A África do Sul conservou o direito romano-holandês anterior a 1800, mas um


século e meio de dependência da Inglaterra adicionou- lhe uma grande parte de
common law.
As colônias britânicas da África Central que obtiveram a sua independência por
volta de 1960 conservaram o common law como base do seu sistema jurídico,
introduzindo-lhe modif icações mais ou menos substanciais conforme o país
(Nigéria, Quênia, Uganda, Tanzania, Zambia, etc.) O mesmo acnrence com a India, a
Birmania, a Malásia. Israel adotou o common law como direito supletivo.

O sistema da common law expandiu-se mundo afora em razão da importância da


Inglaterra na época das grandes navegações e do descobrimento, tendo espalhado
colônias ou domínios em variados territórios. Os Estados Unidos da América, sem
dúvidas, foram o seu maior expoente, certamente em razão do seu crescimento histórico
e do poder econômico no último século. A partir da sua Constituição, que obriga a cada
estado da federação a conferir plena confiança e crédito aos atos públicos, registros e
processos judiciais de todos os outros estados, ocorreu um importante fenômeno para o
fortalecimento do Poder Judiciário, que através da revisão judicial tem o direito e o

3
DEUTSCH, Karl. Política e governo. Tradução de Maria José da Costa Félix Matoso Miranda Mendes.
Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1979, p. 268.)
dever de decidir se qualquer lei ou ato administrativo é válido segundo a Constituição.
Em nenhum outro país é reconhecido ao Supremo Tribunal tanto poder, o que foi
revelado pelo famoso caso Marbury vs. Madison quando se afirmou ao Judiciário poder
rever os atos executivos e legislativos. Os Tribunais norte-americanos são importantes
fatores de controle e equilíbrio por julgarem atos do legislativo e do executivo à luz da
Constituição. Representam fator de segurança das relações jurídicas, em razão do seu
conservadorismo, não obstante também possam ser importantes instrumentos de
mudança, como quando anulam leis sem apoio constitucional. Destaca Karl Deutsch
que “os tribunais funcionam como um importante canal de comunicação, tanto das
memórias e tradições do passado, como das necessidades perceptíveis do presente e do
futuro”

CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/common-law, acesso em

DAVID, René, Os grandes sistemas do direito contemporâneo. 4ª Edição,


(Tradução de Hermínio A. Carvalho). São Paulo : Martins Fontes, 2002, p.
583.

DEUTSCH, Karl. Política e governo.( Tradução de Maria José da Costa


Félix Matoso Miranda Mendes). Brasília : Editora Universidade de
Brasília, 1979, p. 268.)

GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. 3.ed.( Tradução de A.


M. Hespanha e L. M. Macaísta Malheiros). Coimbra: Calouste Gulbenkian,
2001. p. 210.

GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. 4ª edição, edição da Fundação


Calouste Gulbenkian.

Você também pode gostar