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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO DIREITO:

História do Direito na Idade Média: Tribunal da Santa Inquisição e julgamento de


Joana D´arc

1° Período Noturno de Direito

HISTÓRIA DO DIREITO NA IDADE MÉDIA:

INTRODUÇÃO:
A Idade Média, também conhecida como período medieval, abrange um período
histórico que vai do século V ao século XV d.C. Durante esse período, a Europa passou por
transformações significativas em vários aspectos, incluindo política, economia, religião,
filosofia e, claro, direito.
Neste texto, abordaremos o direito na Idade Média, como ele se desenvolveu e evoluiu
ao longo do tempo e as principais características do sistema jurídico medieval.
Durante a Idade Média, o direito era regido principalmente pelo direito canônico (ou
eclesiástico) e pelo direito feudal. O direito canônico era o conjunto de leis e normas que
regulavam a Igreja Católica, enquanto o direito feudal era o conjunto de normas que regiam as
relações entre senhores feudais e seus vassalos.
Além desses dois sistemas, havia também o direito romano, que continuou a ser
estudado e utilizado em alguns lugares da Europa, principalmente no sul e no leste. No
entanto, o direito romano não era mais considerado a fonte principal do direito, como havia
sido na época do Império Romano.

DESENVOLVIMENTO:
O direito canônico era uma das principais fontes do direito na Idade Média. Ele
regulava não apenas questões religiosas, mas também questões civis, como casamento,
propriedade e sucessão. O direito canônico era baseado na Bíblia, nas leis dos Concílios da
Igreja e nos escritos dos Pais da Igreja.
O Papa era considerado a autoridade máxima em questões de direito canônico, e as
decisões dos Concílios da Igreja e das cortes eclesiásticas eram respeitadas e seguidas em toda
a Europa. O direito canônico também foi responsável por introduzir a noção de justiça e
direitos naturais, que seriam desenvolvidos posteriormente na modernidade.
O direito feudal era um sistema de leis e normas que regulavam as relações entre
senhores feudais e seus vassalos. O sistema feudal era baseado na ideia de que os senhores
feudais detinham a terra em nome do rei, e que os vassalos recebiam o direito de usar a terra
em troca de lealdade e serviço militar.
O direito feudal regulava questões como herança, sucessão e obrigações entre senhores
e vassalos. O sistema feudal era altamente hierárquico e rígido, e os direitos e deveres de cada
indivíduo eram determinados pela posição social que ocupavam na hierarquia feudal.
As cortes feudais eram tribunais que julgavam casos envolvendo questões de direito
feudal. Essas cortes eram compostas por nobres locais, que decidiam as questões de acordo
com as leis e normas do sistema feudal. As decisões das cortes feudais eram baseadas em
precedentes e tradições, e não em leis escritas.
A Idade Média é um período da história que se estende do século V até o século XV.
Durante esse período, o direito era visto como um conjunto de normas e costumes que
regulavam as relações sociais. O direito medieval era baseado na religião cristã, no direito
romano e na tradição germânica. Nesta resenha, vamos discutir o direito na Idade Média e
como ele evoluiu ao longo do tempo.
No início da Idade Média, o direito era baseado em costumes locais e tribais. Não
havia um sistema jurídico unificado para toda a Europa. Cada região tinha suas próprias leis e
normas. No entanto, com a expansão do cristianismo e a influência do Império Romano, o
direito romano começou a ser adotado em toda a Europa.
Durante o século XII, o direito romano se tornou uma importante fonte de direito em
toda a Europa. Os estudiosos começaram a estudar as obras de juristas romanos, como
Justiniano, e a aplicar as leis romanas em casos jurídicos. O direito romano foi incorporado ao
direito canônico, que era o conjunto de leis da Igreja Católica.
O direito canônico era a base da jurisprudência medieval. O Papa era o supremo
legislador da Igreja e as decisões dos tribunais eclesiásticos eram vinculantes. O direito
canônico era aplicado em casos envolvendo casamento, divórcio, herança e outras questões
relacionadas à Igreja. O direito canônico também tinha uma influência significativa no direito
civil.
A partir do século XIII, os estudiosos começaram a desenvolver um novo sistema
jurídico baseado na lei comum. A lei comum era uma coleção de costumes, leis locais e
decisões judiciais que eram aplicadas em todo o país. A lei comum surgiu na Inglaterra e foi
influenciada pela tradição germânica.
A lei comum foi desenvolvida pelos juízes, que criaram precedentes a partir de
decisões judiciais. Os juízes também se baseavam nas leis romanas e nas leis canônicas para
tomar decisões. A lei comum tornou-se uma importante fonte de direito na Inglaterra e foi
posteriormente adotada em outros países, incluindo os Estados Unidos.
Outro desenvolvimento importante no direito medieval foi o surgimento das
universidades. As universidades surgiram no século XII como instituições independentes que
ofereciam educação em direito, teologia e outras áreas. Os estudantes de direito aprendiam o
direito romano, o direito canônico e a lei comum. As universidades se tornaram importantes
centros de ensino e pesquisa em direito.
Além das universidades, as guildas também exerciam uma influência significativa no
direito medieval. As guildas eram associações de comerciantes, artesãos e trabalhadores que
estabeleciam regras e normas para suas atividades. As guildas também criavam tribunais para
resolver disputas entre seus membros. As decisões dos tribunais das guildas eram
frequentemente baseadas na lei comum e nas leis locais.
Durante a Idade Média, as leis variavam de acordo com a região e o período
específico, uma vez que esse período abrange cerca de dez séculos, do século V ao século
XV. No entanto, há algumas características gerais do sistema legal durante essa época.
Direito Romano: Durante o início da Idade Média, o Direito Romano continuou a
exercer alguma influência nas sociedades europeias, especialmente no campo do Direito
Eclesiástico (direito da Igreja) e do Direito Civil (direito das pessoas e propriedades).
Direito Canônico: O Direito Canônico, ou direito da Igreja Católica, desempenhou um
papel importante na vida legal durante a Idade Média. O Papa e os bispos exerciam autoridade
sobre questões religiosas e legais. Era baseado nas leis e regulamentos estabelecidos pela
Igreja e cobria uma ampla gama de assuntos, como casamento, herança, contratos e
moralidade. Os tribunais eclesiásticos julgavam casos envolvendo questões religiosas e
assuntos dentro da jurisdição da Igreja.
Direito Consuetudinário (costumes e Tradições Locais): Nas áreas rurais, o costume e
a tradição desempenhavam um papel significativo na governança e na resolução de disputas.
Os costumes locais, muitas vezes enraizados na tradição oral, regiam as relações sociais, a
propriedade e as obrigações. Os tribunais locais, conhecidos como tribunais senhoriais ou
manoriais, aplicavam esses costumes e evoluíam ao longo do tempo de acordo com as práticas
e normas sociais da comunidade.
Leis Feudais: Durante a época feudal, o sistema legal era baseado nas relações de
suserania e vassalagem. Os senhores feudais tinham autoridade sobre suas terras e os
habitantes sob seu domínio estavam sujeitos às suas leis e jurisdição. O sistema feudal era
baseado em obrigações e relações hierárquicas entre senhores e vassalos. As leis feudais
regulavam as relações sociais, os direitos de propriedade, os deveres e obrigações dos
diferentes estratos da sociedade feudal. Essas leis eram estabelecidas pelos senhores feudais e
aplicadas em suas terras.
Julgamento por Combate e Ordeal: Em certos casos, o sistema legal medieval recorria
a métodos como o julgamento por combate ou o julgamento por ordália para determinar a
culpa ou inocência. No julgamento por combate, os litigantes lutavam em um duelo para
decidir o resultado do caso. No julgamento por ordália, o acusado passava por uma prova
física, como segurar um objeto quente ou ser submetido a um teste de água, acreditando-se
que a intervenção divina determinaria a justiça.
Cartas e Privilegiados: Durante a Idade Média, reis e autoridades concediam cartas e
privilégios para certos indivíduos ou grupos, concedendo-lhes direitos e privilégios especiais.
Essas cartas podiam incluir isenções de impostos, autonomia legal ou proteção especial.
É importante destacar que as leis penais e práticas variavam muito ao longo do período
medieval e entre as diferentes regiões da Europa. Além disso, as noções contemporâneas de
justiça e direitos humanos não eram amplamente aplicadas na Idade Média, e muitas das
práticas legais da época seriam consideradas cruéis e injustas pelos padrões atuais.
Pena de Morte: A pena de morte era amplamente aplicada na Idade Média e era
utilizada para uma ampla gama de crimes, incluindo assassinato, traição, bruxaria e heresia.
As formas de execução variavam e incluíam enforcamento, decapitação, queima na fogueira e
empalação.
Tortura: A tortura era uma prática comum durante a Idade Média e frequentemente
utilizada como meio de obtenção de confissões. Métodos de tortura incluíam o uso de
instrumentos como o "tortura do cavalete", "tortura da garrucha" e "tortura da roda". Essas
práticas cruéis eram justificadas como uma forma de obtenção da verdade.
Vingança Privada: Em muitas sociedades feudais, a vingança privada era uma forma
comum de fazer justiça. Quando um crime era cometido, a família ou os aliados da vítima
tinham o direito de buscar vingança contra o infrator. Isso muitas vezes resultava em um ciclo
de violência e conflito.
O Juramento Compurgatório: Em alguns sistemas legais, o juramento compurgatório
era utilizado como uma forma de prova. A pessoa acusada deveria encontrar um número
específico de pessoas (compurgadores) que atestassem sua honestidade e afirmassem que ela
era digna de crédito. A crença era de que a palavra desses compurgadores era suficiente para
provar a inocência do acusado.
É certo de que a Igreja manteve uma grande relação de poder no período da Idade
Média e mediante a essa relação de poder a mesma era capaz de impor certos comportamentos
e ações para os seus fiéis, principalmente quando falamos da mulher.
A mulher tinha como uma de suas obrigações gerar filhos e cuidar das obrigações do
lar, se a mesma seguisse essas medidas postas pela a sociedade da época ela poderia ser
considerada uma ótima mãe e esposa.
Também é válido falarmos da desigualdade que existia entre o homem e a mulher
naquela época, obviamente o homem detinha maior poder sobre a mulher e era visto como
uma figura superior a ela, tratando também das vontades femininas, a mulher por sua vez não
poderia expor suas vontades nem mesmo se tratando de seu corpo.
Durante a Idade Média, as mulheres enfrentavam uma série de restrições legais e
sociais que refletiam a visão patriarcal e hierárquica da época. Embora seja importante
ressaltar que as leis e práticas variavam entre as regiões e ao longo dos séculos, aqui estão
algumas características gerais das leis que afetavam as mulheres.
Status legal inferior: As mulheres eram consideradas legalmente inferiores aos homens
na sociedade medieval. Elas eram frequentemente tratadas como propriedade dos pais,
maridos ou outros homens da família. Seus direitos legais, especialmente em relação à
propriedade e herança, eram limitados.
Casamento e propriedade: O casamento era considerado um contrato legal em que a
mulher se tornava propriedade do marido. Ela perdia qualquer controle legal sobre sua
propriedade e bens, que passavam para o marido. O dote, uma contribuição financeira da
família da noiva para o casamento, era uma prática comum, mas nem sempre garantia
proteção legal para a mulher.
Direitos de sucessão: Nas questões de herança, as mulheres geralmente tinham menos
direitos que os homens. As leis de primogenitura favoreciam a sucessão de propriedades para
o filho mais velho, excluindo as mulheres da herança. Em alguns casos, as mulheres podiam
herdar propriedades, mas frequentemente eram colocadas em desvantagem em comparação
com os homens.
Restrições à participação política e jurídica: As mulheres eram excluídas da
participação política e do sistema judicial. Elas não podiam votar, ocupar cargos públicos ou
participar de decisões legais. As questões legais envolvendo mulheres geralmente eram
tratadas por tribunais eclesiásticos, onde os clérigos aplicavam as leis canônicas.
Perseguição por bruxaria: Durante o período da caça às bruxas, que atingiu seu auge
nos séculos XVI e XVII, as mulheres eram frequentemente alvo de perseguição e acusadas de
bruxaria. As acusações de bruxaria eram frequentemente usadas como uma maneira de
controlar e silenciar as mulheres que desafiavam as normas sociais.
O direito penal na Idade Média era bem diferente do que conhecemos hoje em dia.
Naquela época, as leis eram baseadas em códigos e tradições locais, e não havia uma
legislação uniforme que fosse aplicada em todo o território. Além disso, a justiça era
administrada principalmente pelos senhores feudais e pelos tribunais da igreja.
As punições eram geralmente severas e muitas vezes cruéis. A pena de morte era
aplicada com frequência, e os métodos de execução incluíam enforcamento, decapitação,
empalamento, esquartejamento, queima na fogueira, entre outros. A tortura também era
comum, usada para obter confissões ou para punir os acusados.
As leis eram muito rígidas em relação a certos crimes, como heresia, blasfêmia,
traição, adultério e furto. Por exemplo, a heresia, ou seja, o questionamento da doutrina da
igreja, era punida com a morte na fogueira. Já o furto era punido com a amputação das mãos
ou dos dedos.
Os julgamentos eram muitas vezes realizados de forma sumária, sem garantias de
defesa ou processo justo. A suspeita de culpa era frequentemente suficiente para condenar
alguém, e as evidências eram muitas vezes obtidas por meio da tortura.
É importante ressaltar que o direito penal medieval também tinha suas limitações e
inconsistências. A aplicação das leis era muitas vezes arbitrária e dependia da interpretação
dos juízes e dos costumes locais. Além disso, havia muitos casos em que a justiça era
negociada entre as partes envolvidas, através do pagamento de multas ou de indenizações.
Segundo Carvalho Filho (2002) as punições no período medieval eram: a amputação
dos braços, a degola, a forca, o suplício na fogueira, queimaduras a ferro em brasa, a roda e a
guilhotina eram as formas de punição que causavam dor extrema e que proporcionavam
espetáculos à população.
Algumas das leis mais conhecidas da Idade Média incluem:
O Código de Justiniano, uma compilação de leis romanas que influenciou
significativamente o direito medieval.
As Leis Bárbaras, um conjunto de leis tribais germânicas que foram codificadas e
influenciaram o desenvolvimento do direito feudal.
As Leis Sálicas, um conjunto de leis salianas (tribo germânica) que foram usadas para
governar a França durante a Idade Média.
As Leis Canônicas, ou leis da Igreja, que regulavam a vida religiosa e civil dos
cristãos.
As Leis Marítimas, que estabeleciam regras para o comércio marítimo.

Tribunal da Santa Inquisição e julgamento de Joana D ́arc


A Inquisição, também chamada de Santo Ofício, foi um tribunal formado pela Igreja
Católica para condenar e punir as pessoas que tinham desvios nas normas de conduta, os
hereges. Naquela época, o catolicismo era o que dominava a Europa, mas a igreja estava
preocupada com o crescimento de outras seitas.
O Tribunal da Santa Inquisição foi criado, em 1233, pelo Papa Gregório IX, e extinto
já sob o nome de Tribunal do Santo Ofício em 31 de março de 1821 por força de lei.
Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição
moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX.
Joana d'Arc (1412-1431) foi uma heroína francesa e santa da Igreja Católica,
conhecida por liderar as tropas francesas durante a Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra.
Ela nasceu em Domrémy, na região da Lorena, França, e cresceu em uma família camponesa.
Aos 13 anos, Joana começou a ter visões de santos que a instruíam a ajudar o rei da
França a retomar o controle do país dos ingleses, que haviam conquistado várias cidades e
territórios franceses. Ela afirmava ter ouvido vozes de São Miguel, Santa Catarina e Santa
Margarida, que lhe diziam para expulsar os ingleses da França e coroar o rei Carlos VII como
o verdadeiro rei da França.
Em 1429, Joana convenceu o comandante do exército francês a permitir que ela
liderasse uma tropa para levantar o cerco da cidade de Orléans, que estava nas mãos dos
ingleses. Com sua liderança e coragem, ela conseguiu uma impressionante vitória sobre os
ingleses, tornando-se uma heroína nacional na França.
Joana também liderou outras batalhas bem-sucedidas, mas acabou sendo capturada
pelos ingleses em 1430 e foi julgada por heresia e bruxaria em um julgamento injusto. Ela foi
condenada à morte na fogueira em 1431, aos 19 anos.
Posteriormente, Joana d'Arc foi exonerada e declarada inocente pelo Papa Calisto III
em 1456. Ela foi canonizada como santa pela Igreja Católica em 1920. Joana d'Arc é
considerada um símbolo de patriotismo e coragem na França e é lembrada como uma das
figuras mais emblemáticas da história francesa.
Joana foi acusada de heresia, por afirmar ter recebido visões e ouvido vozes de santos
que a instruíam a liderar as tropas francesas. Além disso, ela foi acusada de usar roupas
masculinas, o que era considerado um crime contra a moralidade.
O julgamento de Joana foi amplamente considerado injusto, com evidências falsas e
testemunhos forçados sendo usados contra ela. Joana foi mantida em uma cela insalubre e
submetida a diversas formas de abuso físico e emocional durante o julgamento.
Após sua condenação, Joana foi levada para a praça pública em Rouen, onde foi
queimada viva na fogueira. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena para evitar que seus
seguidores coletassem relíquias.
A morte de Joana d'Arc gerou controvérsia e indignação em todo o mundo, e ela foi
posteriormente exonerada e declarada inocente pelo Papa Calisto III em 1456. Hoje, Joana é
considerada uma heroína francesa e é lembrada como uma das figuras mais emblemáticas da
história do país.
CONCLUSÃO:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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