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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
PROFESSOR: TANIA ALENCAR DE CALDAS
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
Aula Inaugural, apresentação do curso e das normas que o regem: Lei de Diretrizes e
Bases; Diretrizes Curriculares; Regimento da Instituição.
APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR E DO PLANO DIÁRIO
(trabalhos, avaliações, referencial bibliográfico, contrato pedagógico, uso da
biblioteca, celular, metodologia ativa, frequência, comunicação).
INTRODUÇÃO
O termo quiris representava o cidadão que, a partir dessa divisão das pessoas
em famílias, passa a denominar-se CÚRIA, como uma unidade que integrava o populus.
[...] esse íntimo relacionamento entre direito (ius) e religião (fas) foi motivo
determinante não apenas para que a estrutura jurídica das legis actiones
fosse por demais formalista, mas também para
a incerteza entre os romanistas quanto à delimitação dos poderes do rei.
Manus iniectio Típica ação de execução, cabível quando não adimplida uma
obrigação decorrente de sentença ou de confissão
Os ius receptur moribus consiste na formação do ius por meio dos mores; ou seja,
aqueles consolidados pela convivência social, e os jurisconsultos conheciam tais mores
(costumes). O ius moribus receptur era visto como momento histórico. À medida que
mores e leges coexistiam resultava na perda do instituto moribus receptur. À medida que
a sociedade avançava para a era pós-clássica, reconheceu-se a equiparação entre o ius
moribus receptur e a consuetudo.
Havia uma luta entre as duas classes: patrícios e plebeus e, segundo estudiosos
da história do direito, a Lei das XII Tábuas adveio para mitigar os conflitos entre ambas.
Nesse sentido, merecem destaque os trechos a seguir.
Segundo Rostovtzeff (1973, p.78), a origem histórica da Lei das XII Tábuas pode
ser assim explicitada:
Os principais dispositivos da Lei das XII Tábuas são os seguintes (VERAS NETO,
2001, p. 128-129):
Tábua I
Referia-se ao chamamento a juízo, ou seja, não se podia fugir do chamamento
judicial; o autor da demanda exercia as vezes do oficial de justiça, citando o devedor.
Tábua II
A causa era suspensa por motivo de doença e estabelecia prazo para posterior
comparecimento a juízo.
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Tábua III
Processo de Execução por quantia certa, no qual o devedor tinha 30 dias para
pagar, do contrário, seria preso e levado à presença do magistrado e, se ainda
persistisse a dívida, o devedor seria preso por correias ou com ferro de 15 libras aos pés;
e podia o devedor ser morto, esquartejado de acordo com o número de escravos ou
vendido como tal.
Tábua IV
Cuidava do poder paterno e de outras matérias relativas ao direito familiar (in jure
patrio): o filho monstruoso podia ser morto imediatamente, ser enjeitado pelo pai, que
tinha sobre o filho o direito de vida e morte, inclusive de flagelar, aprisionar, obrigar à
realização de trabalhos rústicos, vender e matar o filho. Com o tempo, tal poder foi sendo
amenizado e tais casos deram origem à destituição do pátrio poder.
Tábua V
Sucessão hereditária: As mulheres não podiam gerir seus próprios negócios,
permanecendo sob tutela perpétua (de seu pai ou de seu esposo).
Tábua VI
Propriedade e posse (dominio et possessione) - base do direito civil. Roma era
agrária (oliveira, vinha e trigo). Era proibida a compra de propriedades imóveis por
estrangeiros. A propriedade fundiária desempenhava papel essencial para os romanos,
tanto no cenário econômico, quanto no plano religioso, em razão do culto dos ancestrais
que eram enterrados e cultuados na propriedade da família.
Tábua VII
Direito aos edifícios e às terras - O reino, e depois a República, possuíam terras
públicas e por isto traduziram o livro de agronomia do cartaginês Magon. Não se podia
retirar as pedras das estradas, pois era o local de deslocamento das legiões romanas. O
inciso IX, desta Tábua, permitia cortar os galhos das árvores, se a sombra invadisse o
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quintal da propriedade vizinha. Pelo inciso X, o proprietário tinha direito a colher os frutos
das árvores vizinhas que chegassem ao seu quintal.
Gnaeus Flavius é considerado o primeiro jurista de Roma que publicou por volta
do ano 300 a. C., as fórmulas para ativação do direito (actio legis). Destaque-se que tais
fórmulas eram de domínio dos sacerdotes. Atribui-se a Flavius a divulgação da agenda
dos julgamentos, assim, os cidadãos podiam comparecer e as informações não ficariam
somente nas mãos dos sacerdotes.
Depois dos atos de Gnaeus Flavius, o saber jurídico outrora monopólio do Colégio
de Pontífices fora fortemente golpeado quando os plebeus puderam ter acesso ao
Colégio, e assim, abriu-se o caminho para a jurisprudência laica e livre.
Tripertita
Nesta obra de Sextus Aelius Petus Catus, que foi Cônsul no ano 198 a.C. e censor
no ano 194 a. C.), se inicia a literatura jurídica romana. A obra recebe este nome por
reunir os seguintes conteúdo: XII Tábuas, Legis Actiones e Interpretatio.
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ROMA
Para iniciarmos o tópico 2 do planejamento da disciplina História do Direito, vamos
delimitar a linha do tempo da história de Roma, com destaque aos seus aspectos
geográficos (Figura 1) e de povoamento (Figura 2).
Assembleia Centuriata
o Patrícios
o Eleição dos magistrados
o Decisões sobre guerra e paz
o Elaboração de leis
Evolução
O Período Clássico (do século II a.C. até o século III d.C.) apresentou o auge do
Direito Romano.
Houve a centralização do Poder do Estado em pretores e jurisconsultos, assim,
esses dois personagens puderam modificar as regras existentes.
Sobre o in iure:
- iniciava-se pela editio formula – comunicação prévia do requerido realizada pelo
autor de forma oral ou escrita. Assim, caso esta comunicação não fosse realizada,
o pretor indeferia a ação.
Sobre o iudex:
- Responsável pelo início do procedimento; o iudex era escolhido. A condenação
do requerido, se contemplado o dolo, implicaria em condenação duplicada da quantia
devida. Portanto, era o iudex quem proferia decisão condenatória (condemnatio) ou
absolutória (absolutio).
A introdução do direito pretório teve por objetivo auxiliar e corrigir o ius civile,
sendo também denominado de honorário por conta da honra da magistratura dos
pretores.
A Escola Sabiniana reunia Ateius Capito e seus seguidores Massurius Sabinus, Cassius
Longinus, Caelius Sabinus, Javolenus Priscus, Salvius Julianus e Gaius.
Escola procuriana (ou proculeana) – reunia Antistius Labeo e seus seguidores Nerva
Pater, Proculus, Nerva Filius, Longinus, Pegasus,
Celsus Pater e Celsus Filius e Neratius Priscus.
Os Irmãos Graco (133-121 a.C), Tibério e Caio eram tribunos da plebe; neste
período, ocorreram tentativas de reforma agrária para marginalização dos plebeus;
também foi um período no qual os patrícios se opuseram à reforma agrária e, nesse
contexto, Tibério foi assassinado e Caio se suicidou.
O período de 107-79 a.C. ficou conhecido como Ditaduras, tendo por governantes
Mário, que atuou na profissionalização do exército, ampliando o poder dos cavaleiros e
diminuindo o poder do Senado. Os patrícios apoiaram Sila que depôs Mário e, na
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Rescritos: pareceres emitidos pelo príncipe consultado; não tinham alcance geral
e sim específico. Os rescritos se dividiam em: subscrições e epístolas:
Sua intenção era de, por meio de seu Codex, consolidar o direito romano de modo
a impedir modificações posteriores que pudessem deformar seu conteúdo;
Respostas Decênviros,
Éditos dos Respostas dos Autoridade
Fonte direta dos comícios e
pretores juristas do imperador
pontífices plebiscitos
Toda a
Fonte Deliberação Costumes Conselhos
Tradição tradição do ius
remota política mercantis dos juristas
civile
Vontade da
Ritualismo Formalismo Conceitos
Estilo Concreto autoridade
religioso laico abstratos
política
Fundado no
ius civile e
Oracular Pontual Processual Científico reinterpretad
o pela
ciência
Características Resposta
Consensua- Comandos
Indiciário Indiciário abstrata ao
lista abstratos
caso concreto
Informal e
Formalista Formalista Formalista Político
flexível
Casuísmo e
Casuísta Generalista Casuísta Generalista
abstração
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Superado Limitadas
Superada Autônoma,
pela Cristalizado pela
pela mas com
tradição no Édito autonomia
legislação capacidade de
jurispruden Perpétuo da ciência
imperial criação restrita
-cial jurídica
Toda a Trabalho
Deliberação Costumes tradição técnico da
Fonte remota Tradição
política mercantis do ius burocracia
civile imperial
Vontade da
Ritualismo Formalismo Conceitos
Estilo Concreto autoridade
religioso laico abstratos
política
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CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
Construídas
com base na
Oracular Pontual Processual Científico tradição
sistematizada
do ius civile
Resposta
Consensua- abstrata Comandos
Indiciário Indiciário
lista ao caso abstratos
Características concreto
Informal e
Formalista Formalista Formalista Político
flexível
Casuísmo
Casuísta Generalista Casuísta e Generalista
abstração
Superado
Superada
pela Codificado Codificado no
pela Codificado
tradição no Código e nas
legislação no Digesto
jurispruden- Digesto Novelas
imperial
cial
Fonte: História do direito romano (2021)
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A Idade Média se estendeu do século V d.C. até o século XV; portanto, desde a
queda do Império Romano, em 476. Tem-se a Alta Idade Média (século V ao século IX)
e a Baixa Idade Média (século IX ao século XV). A sociedade medieval apresentava a
seguinte divisão:
homens livres – com poder das armas ou da Igreja;
servos – não eram livres e não eram escravos.
Portanto, a Idade Média apresentava: homens que guerreavam, homens que
oravam e homens que trabalhavam.
Os direitos da Idade Média era composto pelos seguintes elementos:
As influências do que restou do Império romano;
Os povos germânicos que invadiram a Europa romana;
A Igreja Católica que sobreviveu à queda do Império e se fortaleceu no período
medieval.
Sistema Feudal
Reino Visigodo – reino que mais durou, pois somente no século VIII foi invadido
pelos árabes. Se baseavam na Personalidade das Leis e, em 506, o rei Alarico II
mandou redigir a Lex Romana Visigothorum , cujo objetivo era restaurar o direito romano
imperial, mas que manteve a Personalidade das Leis. No ano 654, o rei Recesvindo,
suprimiu a Personalidade e promulgou um código em 12 livros e com inspiração no
Direito Romano, o Liber Judiciorum.
Reino dos Burgúndios – ano 474 a 516 – trata-se do centro da Europa (parte da
atual França) – regras de direito civil e de direito processual foram compiladas pelo rei
Godenbaldo, na Lex Romana Burgundiorum.
Reino dos Francos – habitaram até o século V às margens do rio Reno. O modelo
administrativo foi utilizado como base do feudalismo. A legislação produziu mais de 200
textos entre 744 e 884. As leis recebiam as seguintes denominações: Edicta, Decreta ou
Constitutiones, ou capitulares (artigos). Havia tribunais ordinários funcionando em
cada condado, compostos por homens livres e presidido por um conde; o conde
recebia a assistência dos legem dicere (dizer o direito).
4.2 O Direito Canônico – recebe este nome, em razão da palavra cânon, do grego
regra. A importância da Igreja se fazia presente, eis que esse direito era escrito.
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Ius divinum – conjunto de regras que podem ser extraídas da Bíblia, dos escritos
dos doutores da Igreja e da doutrina patrística;
Legislação canônica – decisões dos Concílios e escritos dos papas;
Os costumes – desde que fossem seguidos a pelo menos 30 anos, não ofender a
razão, seguir direito divino;
Princípios advindos do Direito Romano.
direito romano superou o Direito Germânico. A utilização do direito Romano como base
para outros direitos é denominada Fenômeno da Recepção.
Os advogados não eram bem vistos na Idade Média e, sobre eles escreveu São
Bernardo ao Papa Eugênio III (1939, p. 269):
Na Baixa Idade Média, ocorre a formação do ius commune (direito comum) tem
como principal característica a unidade. O saber jurídico inspirado no Império Romano
ampliou-se nos currículos e influenciou a legislação nas chancelarias reais, no caminho
de uma teoria jurídica universal que resultou da interpretação teórica dos glosadores
acerca do Corpus Iuris.
Juízes Ordinários – não eram bachareis de Direito, mas eram eleitos pela
Câmara Municipal (os chamados homens bons);
Juízes de Fora – bachareis em direito que eram nomeados pelo rei e que
podiam substituir os juízes ordinários;
Figura 1. Astrolábio
IDADE MODERNA
A chamada França de Luís XIV era como a França do século XVII ficou conhecida. Luís
XIV governou de 1661 a 1715 e foi um exemplo de centralização de poder.
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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
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CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
A organização social de Luiz XIV baseava-se em distinção social que era observada
no lugar em que as pessoas sentavam na igreja; aliás, os tecidos refletiam tal distinção:
seda para os nobres, casimira para os burgueses, sarja, algodão e linho para os
artesãos.
Não havia pena de prisão – mas era possível prender imediatamente quem
praticasse infração mesmo sem gravidade; para que fossem julgados.
Por ordem régia (ordem do rei) também se prendia e, só havia soltura se houvesse
ordem régia.
Havia regras não escritas. O trabalho era dividido: homens caçavam, guerreavam e
preparavam a terra para o plantio; mulheres cuidavam da agricultura, da preparação dos
alimentos, artesanato. O casamento era realizado de forma avuncular (tio materno com
a sobrinha) e, fora desse formato, o noivo deveria prestar serviço aos pais, tios e
irmãos da noiva. As relações eram reguladas pelo parentesco.
Portugal não possuía condições financeiras e nem de pessoal para a gestão do vasto
território brasileiro; assim, como solução adotou as Capitanias Hereditárias (espécie
de privatização da colonização).
Ouvidor- julgava os processos cíveis e criminais, nos quais fossem partes interessadas:
procuradores, tabeliães, abades; as causas de competência dos juízes de fora, as
apelações dos juízes ordinários;
Juiz Ordinário ou da Terra – julgar processos cíveis e criminais; e nos locais onde não
houvesse juiz de órfão; julgavam as apelações e agravos das decisões dos almotacéis;
Almotacéis – eram dois para cada município; resolviam questões sobre servidões
urbanas e nunciações a obras novas;
Juiz de Fora – substituia o juiz ordinário nas causas cíveis, cujos valores fossem
inferiores a mil réis, nos bens móveis e na localidade de até 200 casas.
Pouco se conhece de sua legislação, mas as leis penais incluiam a pena de morte,
assim executada:
- enforcamento;
- pela espada;
- pela fogueira;
- entrega aos índios;
- esquartejamento em vida.
Código Mineiro
Súditos do rei podiam extrair o ouro livremente (reservando a quinta parte para
a Real Fazenda);
Autorizou a criação das Casas de Fundição
Demarcava as chamadas “terras minerais”
Regimento de 1702
Alterou os Códigos anteriores;
Criou um governo especial para as zonas auríferas:
A INTENDÊNCIA DAS MINAS
A vinculação da Intendência se dava somente à Lisboa;
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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
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CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
ATRIBUIÇÕES DA INTENDÊNCIA:
o Policiar a mineração;
o Fiscalizar e dirigir as explorações;
o Atuar como Tribunal de primeira e última instância nas questões de suas
atribuições;
o O Superintendente realizava atividades jurídicas.
IDADE CONTEMPORÂNEA
A proposta iluminista de Montesquieu era a de que por meio dos três poderes, fosse
alterado o modelo do Antigo Regime Absolutista Monárquico. Montesquieu baseava-se
na ideia de contrato social (de Rousseau). Acerca do contratualismo e da teoria de
Rousseau:
[...] o ‘contrato social’ é uma ideia, que não se põe como
pressuposto lógico de filósofo, mas como arma de reformador
político.
Advogado que integrava os Iluministas; nasceu em 1738. Vale ressaltar que pensar
sobre o Estado de Direito só é possível graças aos Iluministas, graças a Beccaria. A
relevância deste italiano está presente no direito penal moderno e também nos
direitos individuais.
A obra Dos Delitos e das Penas, escrita por Beccaria aos 25 anos de idade é de suma
importância para as bases do direito penal moderno. Beccaria buscava soluções para as
injustiças do sistema penal daquela época, que ainda era o mesmo desde a Idade Média,
com masmorras.
Juízes com poderes absolutos e uma legislação pouco clara eram a combinação de um
processo que tinha um só objetivo: fazer com que o réu confessasse. Este era o
cenário que Beccaria pretendia mudar.
- lei e penas em geral: Beccaria entendia leis e penas como fruto da necessidade do
convívio social; a finalidade das penas era a proteção da sociedade; as penas deviam
ser proporcionais aos delitos, ou seja, era o que Beccaria entendia como proporção
entre os delitos e as penas.
Beccaria já afirmava que as penas dos delitos só poderiam ser fixadas por lei emanada
do legislador; ou seja, já era o prenúncio do que hoje se conhece como Princípio da
Legalidade ou Princípio da Anterioridade da Lei (Princípio presente na Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXIX e no artigo 1º, do Código Penal; eis que
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.)
- penas cruéis e pena de morte: Segundo Beccaria, as penas cruéis não garantiam
alcançar os objetivos de leis e penas. Para ele, a crueldade leva a duas consequências:
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PROFESSOR: TANIA ALENCAR DE CALDAS
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
Quanto à pena de morte, Beccaria era claríssimo: “Se, no entanto, eu demonstrar que
a morte não é nem útil nem necessária, terei vencido a causa da humanidade”
(BECCARIA, 1998, p. 95)
No século XVIII e durante toda a Idade Moderna e Média, prevalecia o princípio In Dubio
Pro Societate, ou seja, se houvesse qualquer possibilidade do réu ser culpado,
deveria ser condenado para proteção da sociedade.
Mas, a prevenção dos delitos não é alcançada somente com muitas leis, assim,
Beccaria aconselhava (1998, p. 131):
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A prevenção, ainda segundo Beccaria (1998, P. 135), também se encontrava nas mãos
dos magistrados:
Para muitos, a independência dos Estados Unidos foi uma espécie de Revolução;
destacando-se que a formação do Estado norte americano decorreu das 13 Colônias –
(este era o nome dado pela Inglaterra à colônia na América).
A Declaração de Independência
- Senadores: eleitos por 6 anos, sendo que a cada dois anos, um terço das vagas
são abertas às eleições; idade 30 anos e ser cidadão há 9 anos;
Common Law – mantida a tradição e esse direito podia ser declarado por via judicial
ou promulgado legislativamente.
Equity – corpo do direito positivo, com conteúdo próprio: patrimônio, hipotecas, cessão
de direitos.
A Revolução Francesa
A Assembleia Constituinte e a
Art. 5º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas [...]
As Constituições Revolucionárias
Na França, houve mais de uma Constituição. A Constituição de 1791 pode ser tida
como a primeira da Revolução (Monarquia Constitucional):
Art. 1º Todos os cidadãos são admissíveis aos cargos e empregos sem outra
distinção senão aquela decorrente das suas virtudes e das suas aptidões.
Art. 3º Não existe na França autoridade superior à da lei. O rei reina por ela e não
pode exigir obediência senão em nome da lei.
O Poder Executivo era composto por 3 cônsules, nomeados pelo Senado, com
mandatos de 10 anos.
- quanto à família: o poder patriarcal foi reforçado e o pai podia até deter o filho
por um mês e, se o filho tivesse mais de 16 anos, podia ser detido por 6 meses; o
divórcio era admitido.
O Código Criminal de 1830 apresentava divisão entre partes geral e especial; 313
artigos:
A pena de morte tinha previsão no art. 38: “Art. 38. A pena de morte será dada na
forca.” E apenas a gestante não era condenada à morte antes de transcorridos os 40
dias depois do parto.
A pena de multa e a ideia do dia-multa foram introduzidos no Código.
Delitos cometidos no exercício do emprego público eram apenados com a perda do
emprego.
Quando D. Pedro I abdicou do trono, seu sucessor tinha 5 anos de idade e o Império foi
governado por uma Regência:
Como o Código Criminal não previa os procedimentos, foi o Código de Processo Criminal
o responsável por dar atribuição aos municípios para exercerem as atribuições
judiciárias e policiais.
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CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
Os cursos jurídicos têm seu marco inicial no Brasil, com as Escolas de Olinda e de São
Paulo, quando os currículos dos cursos eram aprovados pelo Decreto de 1825, para
reunir:
Art. 63. Cada Estado reger-se-á pela Constituição e pelas leis que adotar,
respeitados os princípios constitucionais da União.
O Poder Judiciário: composto pelo Poder Judiciário Federal e pelos poderes judiciários
estaduais. O Supremo Tribunal Federal tinha jurisdição ordinária e recursal. As questões
submetidas ao Supremo tinham o acompanhamento da população, que aplaudia e até
vaiava as sessões.
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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
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Art. 1º Ninguém poderá ser punido por facto que não tenha sido anteriormente
qualificado crime, e nem com penas que não estejam previamente estabelecidas
[...]
O Código Civil de 1916 – os Códigos civis elaborados após o Código Civil Napoleônico
tratavam dos direitos e deveres dos cidadãos. O projeto ficou parado e, foi com Clóvis
Bevilácqua, em 1916, que o Código ficou pronto. Foi sancionado em 01/01/1916 e, um
ano depois, o Brasil tinha seu primeiro Código Civil, ou seja, quase um século depois de
sua Independência.
A Revolução de 1930
Foi criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, com objetivo principal disciplinar e
selecionar os advogados:
Art. 17. Fica criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e
seleção da classe dos advogados, que se regerá pelos estatutos que forem
votados pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, com a elaboração dos
Institutos dos Estados, e aprovados pelo Governo.
a) A Corte Suprema;
b) Os juízes e tribunais federais;
c) Os juízes e tribunais militares;
d) Os juízes e tribunais eleitorais.
Garantias Individuais
[...]
13) Dar-se-á habeas corpus sempre que alguem sofrer, ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade, por ilegalidade ou abuso de poder
[...]
A Constituição de 1937
O Poder Judiciário: O Supremo Tribunal Federal volta a ter esse nome, mas suas
atribuições sofrem a conjuntura de ditadura.
Após a deposição de Vargas pelos militares, em 2/12/1945, foi realizada a eleição para
presidente, e o campo para uma nova Constituição em 1946.
A Ordem dos Advogados do Brasil indicou uma lista de juristas para um anteprojeto.
O Poder Legislativo voltou a ser composto pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado (que havia sido extinto pela Constituição de 1937).
Art. 125. A lei organizará o Ministério Público da União junto à Justiça comum, à
Militar, à Eleitoral e à do Trabalho.
O ano de 1978 foi o último ano do Presidente General Ernesto Geisel e, nesse período,
forças populares e democráticas se mobilizaram. O país voltou ter esperança mudanças
para uma nova Constituição.
São muitos elementos distribuídos em seus parágrafos e incisos poderiam ter sido
definidos em legislação comum.
A Constituição de 1988, também denominada de Constituição Cidadã assegurou os
Direitos Individuais .
O artigo 5º é é um desses princípios.
O Poder Judiciário voltou a ter independência.
O Poder Legislativo retomou sua independência.
Garantias Trabalhistas estão contempladas na Constituição Cidadã.
Descrição/
Tema/Evento Período Visualização Contexto histórico
Processo
ACÓRDÃO
Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/sobreStfConhecaStfJulgamentoHistorico/anexo/Habea
s_Corpus_2244.pdf Acesso em maio de 2021.
FACULDADE SANTA LÚCIA PÁGINA 61 DE 63
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
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Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/sobreStfConhecaStfJulgamentoHistorico/anexo/Habea
s_Corpus_2244.pdf Acesso em maio de 2021.
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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
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CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1
REFERÊNCIAS
DIAS, Handel Martins. O processo formulário. Justiça & História. São Paulo, v. 11, p.
17-52, 2011.
FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 6. ed. rev. atualizada e ampliada de acordo
com o Código Civil de 2002. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
HOBBES apud MACEDO, Silvio de. História do pensamento jurídico. 2. ed. Porto
alegre: Sergio Antonio Fabris, 1997.
MELLO FILHO, José Celso de. Notas sobre o Supremo Tribunal (Império e República).
4.ed. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2014. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoInstitucionalCuriosidade/anexo/N
otas_sobre_o_Supremo_Tribunal_2014_eletronica.pdf Acesso em maio de 2021.
TUCCI, José Rogério Cruz; AZEVEDO, Luiz Carlos de. Lições de história do processo
civil romano. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
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DISCIPLINA: HISTÓRIA DO DIREITO
Material de apoio
PROFESSOR: TANIA ALENCAR DE CALDAS
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2022/1