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Questões
3.6 Uma vez decodificadas a estrutura literária do discurso, análise o uso
que seus protagonistas faziam da teologia, enquanto “canal” comunicativo
de dissenso religioso e político. Para tanto, desenvolva dos aspectos
assinalados:
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imposta dos senhorios pelo excesso de serviço, injustiça pela fala de pagamento
apropriado, não cumprimento de metas decretadas e ofensas cometidas pela
justiça tardia no exercício das leis, tais aspectos poderiam ser contornados pela
via da presença do espirito amistoso e concretiza em observância as sagradas
escrituras como fundamento para encontrar resolução das questões judiciais; o
exemplo do cristocentrismo, o artigo III e IV pontua que cristo libertou e tornou
todos os indivíduos iguais pelo seu sacrifício universal, ou seja, em cristo o
homem é um ser livre, a pratica da fraternidade e cristandade a princípio, são
elementos balizadores para a costura de acordos e tratativas em referência as
questões atinentes aos espectros jurídicos quanto ao direito do uso, posse e
limites da terra. Portanto, o cristocentrismo é o sustentáculo dos artigos
produzidos que aportam novo escopo de seguimento religioso e mudança de se
fazer uma política assistencialista e igualitária.
b) O texto é todo marcado por paralelismos, tais como: dos senhores de terras
versos os camponeses; os homens comuns revoltados versos nobreza laica e
eclesiástica, etc., e por uma lógica binária (nós contra eles): os autores dos 12
artigos, as três legiões de camponês por um lado, e do outro lado a nobreza
germânica da Suábia, que no de correr do século XV incentivou um processo de
refeudalização, o que provocou uma crise entre os senhores, os camponeses e
os livres proprietários de terra e, paralelamente a refeudalização, a nobreza laica
e eclesiástica que se beneficiavam do direito romano, sobretudo do código
Justiniano, que era um instrumento para legitimar o direito consuetudinário e
introduzir um critério legal novo em que o príncipe não estava vinculado as leis,
sendo ele o próprio legislador. Sendo assim, ele estabelecia leis que definia as
normas na base das quais o estado deveria ser governado e, como o estado e a
nobreza estavam lado a lado, essas leis propiciavam aos senhores das terras
todos os seus benefícios, enquanto o homem comum não tinha a quem recorrer.
A vida dessa população se degradava profundamente, alimentado tensões e
sérios conflitos sociais. Por esse motivo, os autores dos 12 artigos forjam a
própria identidade em oposição a dos adversários usando as escrituras, porque
esta foi a forma que eles encontraram de poder “combater o bom combate” frente
a iniciativa da nobreza privilegiada.
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O direito consuetudinário é o direito que surge dos costumes de uma certa
sociedade, que não passa por um processo formal de criação de leis, nesse
direito as leis não precisam necessariamente estar num papel ou serem
sancionadas ou promulgadas, são os costumes que transforma-se em leis.
Enquanto o direito consuetudinário foi respeitado, as tensões entre os senhores
e os homens comuns com base nas práticas costumeiras eram resolvidas e
respeitadas nas comunidades especificas, mas quando ela passou a ser usada
como um critério legal novo, ultrapassou as limitações e passaram a ocorrer
levantes em várias regiões, o que contribuiu para a formação de ligas
camponesas, essas ligas criavam programas anti-senhoriais, para que os
homens comuns pudessem pautar suas reivindicações. Mas nas tradições em
que eles pautavam suas reivindicações não eram mais suficientes para resolver
os conflitos sociais. Já que as antigas consuetudes não estavam mais os
atendendo eles precisavam de um novo direito, e foi aí que surgiu o apelo ao
direito divino, cuja fonte era a bíblia, e o apoio que precisavam veio dos
pregadores reformados que usavam as leis divinas em uma linguagem
compreensível e familiar, pela leitura em voz alta e coletiva das sagradas
escrituras e com comentários que legitimava para a insurreição.
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política com os clérigos romanos, afinam um discurso de reivindicações em
conformidade com o evangelho.
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3.7. Justifique a afirmação de Peter Blickle a respeito do manifesto: Os
Doze Artigos são, ao mesmo tempo, a expressão de um conjunto de
queixas, um programa de reformas e um manifesto político. BLINCKLE, P.
Die Revolution von 1525, 2001, p.272).
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E os homens comuns reivindicando que essa nomeação seja feita a partir de um
processo eletivo comunal é um passo importante, mais autonomia de gestão era
conferida em suas mãos. Como bem colocou a professora Silvia: “A perspectiva
da reforma, permite rever as relações entre os homens também e permite
questionar às relações de imposição da hierarquia eclesiástica.”
Esses manifestos antes de tudo são uma afirmação política, nos assuntos
relativos à comunidade, os grupos camponeses e todos os submetidos a uma
autoridade senhorial, se afirmam dizendo “nós existimos, temos necessidades,
demandas próprias, fazemos parte do processo produtivo e estamos aqui”.
Temos que lembrar que os doze artigos, antes de tudo, são uma apropriação
das ideias luteranas e essas ideias serão utilizadas em muitos grupos sociais e
das mais variadas formas para expressar pautas políticas. Lembra-nos a
professora Silva Patuzzi na aula do dia 27/10/2020: “As ideias luteranas serão
utilizadas para veicular o dissenso, tanto no campo político como no campo
religioso”.
Essa reivindicação dos camponeses é para além de somente religiosa, se torna
uma demanda por reconhecimento de cunho político. As autoridades senhoriais
não poderiam continuar ignorando esse segmento da sociedade.
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BIBLIOGRAFIA
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