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Marx, Karl: Engels, F. A ideologia Alemã: 1º edição.

São Paulo: Martins Fontes,


2001.

Por Pedro Henrique Lourenço Guimarães

Na “Ideologia Alemã, temos os jovens Marx e Engels em um processo de ruptura com


a tradição filosófica hegeliana.

Para Marx e Engels o idealismo Hegeliano, era uma metástase infiltrada em cada
canto da sociedade alemã. Sendo o pensamento em voga por excelência no meio
acadêmico, ele tinha uma influência avassaladora na forma de se conceber a
sociedade. Vamos nortear a análise a partir de duas questões: Por qual motivo a
filosofia alemã é considerada uma ideologia, o que é ideologia para os autores?

Comecemos por definir Ideologia no sentido marxiano: Ideologia é um conjunto de


concepções e ideias, estruturadas pelas elites, para alienar toda a sociedade,
perpetuando e propiciando a dominação de classe.

Bem sabemos que Hegel é um aliado indiscutível do estado prussiano, não há


dúvidas de que sua filosofia serve precisamente aos instrumentos de poder e controle.
A filosofia alemã encabeçada por Hegel tinha um escopo próprio que servia como
sustentação para burguesia. Importante salientar as defesas de Friedrich da
necessidade de um estado forte, da necessidade da conservação social das
estruturas vigentes, da necessidade da obediência do cidadão aos ditames estatais
e sobretudo a despolitização do estado.

O estado não político mascara os interesses de classe, sendo os da burguesia e da


elite estatal os predominantes sobre os demais. Justamente por isso os proletários,
no intuito da ideologia, precisam assimilar uma compreensão de estado distante da
realidade. O proletariado não se enxerga como vetor principal da sustentação do
estado e da sociedade, ele está alienado.

A ideologia hegeliana procura solapar as diferenças, idealizando, e criar uma unidade


social entorno da ideia de estado vital. Estado forte e centralizador. Hegel irá
compreender que a sociedade só poderá funcionar de forma plena a partir da
concepção de um estado sólido. O Estado é o ente propiciador da boa organização
social, daí surge-se o progresso humano. Marx irá contrapor isso dizendo o contrário,

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é a massa que sustenta o estado e tem o direito de mudar ele de acordo com suas
necessidades.

A grande questão criticada por Marx é a idealização da realidade, para se opor a isso
ele irá afirmar o materialismo, a transformação da natureza em produto pelo homem
e as relações que daí derivam, como a única ótica possível para se analisar a história
das sociedades humanas. Só no materialismo podemos compreender as lógicas de
exploração e dominação de classes. Idealismo, nada mais, é a proposição de que a
sociedade é uma só e que seus interesses convergem, não podendo haver litígios
entres as partes e também em relação ao estado.

Claro que essa discussão não se dá somente no âmbito político, passando pelo
existencial também. Mas em última instância a filosofia idealista hegeliana servia ao
propósito de alienar o povo de sua real condição. Justamente por isso ela é uma
ideologia no sentido marxista do conceito.

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