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O capítulo 3, que tem como título: Gramsci e o Estado, nele Martin Carnoy explora a

respeito da teoria política do Estado em Gramsci, se debruçando sobre as diferenciações


que Gramsci trouxe com seu enfoque na teoria marxista.

GRAMSCI E O ESTADO
Marx não desenvolveu uma teoria compreensível de política abrangente comparável à sua
análise da economia política.

A maior contribuição de Antonio Gramsci ao marxismo é que ele sistematizou, a partir


do que está implícito em Marx, uma ciência marxista da ação política.

SITUAÇÃO HISTÓRICA
A ênfase que Gramsci atribuiu à política surgiu da situação histórica na qual ele viveu e
participou como um líder intelectual envolvido com um movimento proletário de massa
(o de Turim) durante a Primeira Guerra Mundial e nos anos imediatamente posteriores.

A Itália, no final da guerra, foi o palco de um importante luta entre os partidos políticos
de esquerda e direita, uma luta que rapidamente transformou-se na vitória do fascismo
em 1922 e na supressão dos direitos políticos. Como uma figura central do partido
socialista italiano e em seguida do Partido Comunista (PCI).

Gramsci viu o fracasso de um movimento revolucionário das massas trabalhadoras e o


início de um fascismo reacionário apoiado por grande parte da classe trabalhadora.

A partir dessa experiência ele desenvolveu um enfoque marxista alternativo do Estado.


Nessa concepção segundo ele, a classe dominante não somente justifica e mantém seu
domínio, mas procura conquistar o consentimento ativo daqueles que exerce sua
dominação.

O CONCEITO DE SOCIEDADE CIVIL


Gramsci, adotou a noção sobre a "hegemonia" burguesa na sociedade civil, tal como
expressou Marx e Engels em A Ideologia Alemã. Só que Gramsci fez dela um tema central
de sua própria versão do funcionamento do sistema capitalista.
Nos termos de Gramsci, hegemonia significava o predomínio ideológico dos valores e
normas burguesas sobre as classes subalternas.

Foi em sua concepção da sociedade civil e sua elevação da hegemonia burguesa que
Gramsci deu um lugar de destaque na ciência política indo além de Marx.

Ele enfatizou de forma mais explicativa os teóricos precedentes o papel da superestrutura


na perpetuação das classes e na prevenção do desenvolvimento da consciência de classe.

Ele emprestou ao Estado um papel mais extenso (ampliado) na perpetuação das classes.

Gramsci conferiu à massa dos trabalhadores muito mais crédito do que Lênin ao
considerar que eles próprios eram capazes de desenvolver a consciência de classe.

Ele considerou que na sociedade ocidental os obstáculos para a tomada de ciência de


classe eram muito mais formidáveis do que Lenin imaginava: porque não eram somente
as instituições "privadas" da sociedade, como a religião, as responsáveis por manter a
classe trabalhadora longe da autoconsciência, mas era o próprio Estado que estava
encarregado da reprodução das relações de produção.

O Estado era muito mais do que o aparelho repressivo da burguesia; o Estado incluía a
hegemonia da burguesia na superestrutura.

A sociedade civil, em Gramsci, não pertence ao momento estrutural, mas ao


superestrutural.

Para Marx e Gramsci, a sociedade civil é o fator chave na compreensão do


desenvolvimento capitalista, mas somente em Marx a sociedade civil é estrutura (relações
na produção). Já para Gramsci é ao contrário, ela é superestrutura, que representa o fator
ativo e positivo no desenvolvimento histórico; é o complexo das relações ideológicas e
culturais, a vida espiritual e intelectual.

A HEGEMONIA E O ESTADO
No ponto de vista histórico, sob as condições de relativa liberdade política após a Primeira
Guerra Mundial, os partidos das classes trabalhadoras comprometidos explicitamente
com a defesa e liberação das classes subalternas saíram-se de maneira geral, muito pior
do que os seus rivais conservadores, cuja proposta era preservar e promover os avanços
do capitalismo.

A hegemonia significa o predomínio ideológico das classes dominantes sobre a classe


subalterna na sociedade civil.

A filosofia da classe dominante atravessa todo um tecido de vulgarizações complexas


para aparecer como 'senso comum'; isto é, a filosofia das massas, que aceitam a moral, os
costumes e o comportamento institucionalizado da sociedade em que vivem.

Gramsci inverte a teoria marxista tradicional em dois aspectos: primeiro, Gramsci


enfatiza a supremacia das superestruturas ideológicas sobre a estrutura econômica;
segundo, enfatiza a supremacia da sociedade civil (consenso) sobre a sociedade política
(força).

Para Gramsci é a superestrutura que representa o fator ativo e positivo no


desenvolvimento histórico. Porque é o complexo de relações ideológicas e culturais, da
vida espiritual e intelectual, e a expressão política dessas relações, o que o tornam o centro
de análise, em vez da estrutura econômica

No conceito de hegemonia. Ele mostrou que nem a força nem a lógica da produção
capitalista podia explicar o consentimento de que goza essa produção entre as classes
subordinadas. Ao contrário, a explicação para esse consentimento reside no poder da
consciência e da ideologia.

O Estado com direção burguesa cria uma estratégia para obter o consentimento ativo das
massas através de sua auto-organização, começando pela sociedade civil e em todos os
aparelhos hegemônicos - da fábrica à escola e à família.

Dois significados do conceito de hegemonia


O primeiro- É um processo na sociedade civil pelo qual uma parte da classe dominante
exerce o controle, através de sua liderança moral e intelectual, sobre outras frações aliadas
da classe dominante. Assim ela não impõe sua própria ideologia ao grupo aliado; mas
antes "representa um processo politicamente transformativo e pedagógico, pelo qual a
classe (fração) dominante articula um princípio hegemônico, que combina elementos
comuns, extraídos das visões de mundo e dos interesses dos grupos aliados.

O segundo- É a relação entre as classes dominantes e as dominadas. nesse caso a


hegemonia compreende as tentativas bem sucedidas da classe dominante em usar sua
liderança política, moral e intelectual para impor sua visão de mundo como inteiramente
abrangente e universal, e para moldar os interesses e as necessidades dos grupos
subordinados. -relação de consentimento.

A hegemonia de Gramsci se expressa na sociedade como o conjunto de instituições,


ideologias, práticas e agentes.

Gramsci não parece ter estabelecido uma única e absolutamente satisfatória teoria do
Estado, porém ele claramente o viu de maneira diferente de Marx ou Lenin. Para Gramsci
o Estado, como superestrutura, torna-se uma variável essencial, em vez de secundária, na
compreensão da sociedade capitalista.

Ele incorporou também o aparelho de hegemonia no Estado, bem como a sociedade civil,
ampliando-o além do conceito marxista-leninista do Estado como um instrumento
coercitivo da burguesia.

O autor retrata que existem várias definições de hegemonia, e do lugar que nela
ocupa o Estado nos Cadernos do Cárcere.

Na primeira- É a oposição entre o Estado e a sociedade civil. nela a hegemonia toma a


(direção) que diz respeito à sociedade civil, e a coerção toma a noção de (dominação) ao
Estado.

Ele vai dizer que a classe dominante conquista o consentimento para sua dominação social
através da hegemonia na sociedade como um todo, porém exerce a dominação através do
controle dos aparelhos coercitivos do Estado.

Na segunda definição- o Estado inclui a sociedade civil (no sentido de que se deve
considerar o Estado = a sociedade política + a sociedade civil, em outras palavras, a
hegemonia armada de coerção). Nesse caso, a hegemonia não é um polo de consentimento
em contraste com outro polo de coerção, mas é a síntese de consentimento e repressão.

O Estado torna-se um aparelho de hegemonia, abrangendo a sociedade civil, e apenas


distingue-se dela pelos aparelhos coercitivos, que pertencem apenas ao Estado.

Na terceira definição- o Estado e a sociedade civil são idênticos; assim, o consentimento


e a coerção tornam-se coextensivos ao Estado, e a hegemonia é inseparável dos próprios
aparelhos do Estado. Não há mais uma distribuição da hegemonia entre sociedade civil e
sociedade política.

Assim, ele vai dizer na própria criação e crescimento da contra-hegemonia, os aparelhos


hegemônicos do Estado são enfrentados ou levados à crise.

As vitórias eleitorais da esquerda constituem uma contra-hegemonia nos aparelhos do


Estado, colocando assim contra-pesos importantes à hegemonia da classe dominante na
sociedade civil.

O Estado continua a impor suas leis burguesas como se houvesse apenas uma classe e
uma sociedade. no caso de hegemonia bem sucedida, uma classe tenta desenvolver a
sociedade toda (função nacional). Assim, sua 'atração' pelas classes aliadas (e também
pelos seus inimigos) não é passiva, mas ativa. Reforma trabalhista

A burguesia utiliza todos estes elementos e sua expansão ilusória para incorporar a classe
operária, como classe operária sem consciência de sua posição de classe no
desenvolvimento global da burguesia. Nisso, ao tomar parte do poder e do controle
burgueses, os trabalhadores permanecem uma classe explorada.

É na abordagem da hegemonia e da ideologia que Gramsci explica o desenvolvimento


(ou falta de desenvolvimento) da consciência da classe trabalhadora.
Gramsci eleva o pensamento (consciência) do homem a um lugar ineditamente
proeminente no seio da "filosofia de práxis" (como ele chama o marxismo).

Para Gramsci, o controle da consciência é uma área de luta política da mesma forma, ou
até mais, que o controle das forças de produção.

O conceito de revolução passiva

Gramsci usa o termo "revolução passiva" para indicar a constante reorganização do poder
do Estado, e sua relação com as classes dominadas para preservar a hegemonia da classe
dominante e excluir as massas de exercerem influência sobre as instituições econômicas
e políticas.

A presença das massas na política é a precondição para a sua autonomia, mas também
resulta num Estado ampliado que pode responder à ameaça do movimento de massa.

Ele retrata que, defrontado com massas potencialmente ativas, o Estado institui a
revolução passiva como uma técnica que a. burguesia tenta adotar quando sua hegemonia
está de alguma maneira enfraquecida.
O aspecto “passivo” consiste em "impedir o desenvolvimento de um adversário
revolucionário, 'decapitando' seu potencial revolucionário.

Gramsci desenvolveu esse conceito para explicar como a burguesia sobrevive apesar de
crises políticas e econômicas.

A burguesia - através do Estado - tenta uma estratégia de revolução passiva sempre que
sua hegemonia é ameaçada ou sempre que sua superestrutura política (força mais
hegemonia) não consegue lidar com a necessidade de expandir as forças de produção.

Para Gramsci, a lição da revolução passiva foi tornar explícita a diferença entre a política
reformista e revolucionária, sendo o reformismo uma versão da revolução passiva.

Assim ele vai dizer que a necessidade de se contrapor à revolução passiva se baseia na
assimetria fundamental entre a revolução feita pela classe operária e a revolução da
burguesia.

O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO RADICAL

Como as classes subordinadas superam a hegemonia das classes dominantes? Ele vai
evidenciar que esse foi o interesse de Gramsci em analisar o desenvolvimento do
capitalismo nos países ocidentais, visando compreender o fracasso da atividade
"revolucionária" italiana de 1919-1920, e buscando uma estratégia mais relevante em face
da hegemonia capitalista.

Há três planos na resposta que Gramsci dá a estas questões: (1) o conceito de “crise de
hegemonia”, que é derivado em parte da análise de Marx no Dezoito Brumário; (2) o
conceito de "guerra da posição" em contraposição à "guerra de movimento"; e (3) “o
papel dos intelectuais”.

A Crise de Hegemonia- ele retrata que quando há essa crise, o meio tradicional de
combater o conflito é usar o Estado para manter a hegemonia da classe dominante. E
aqueles elementos da burocracia, Igreja, altas finanças e outras instituições – que são
independentes da opinião pública – ampliam seu poder e autonomia.

E Como ocorrem essas crises? Na resposta ele diz que: Elas são o resultado de atos
impopulares das classes dirigentes (através do Estado) ou do intensificado ativismo
político de massas anteriormente passivas.

“A crise consiste em que o velho está morrendo e o novo não pode nascer”

Gramsci não acreditava que esta crise de hegemonia fosse o resultado da crise
econômica. Em vez disso, as crises econômicas poderiam criar as condições para a crise
da hegemonia pelo fato de colocarem a burguesia (através do Estado) na posição de
cometer sérios equívocos na maneira de lidar com as respostas aos problemas econômicos
e ao executar reformas (revolução passiva).
Nesse caso, a burguesia reagiria de várias maneiras a esses problemas, tentando ao mesmo
tempo manter o controle através do aparelho de hegemonia.
Carnoy retrata que, diiferente de Marx que diz que a crise econômica por si só já conduz
para uma revolução, Gramsci retrata que elas podem simplesmente criar um terreno mais
propício para a disseminação de certas maneiras de pensar e resolver questões para uma
contra-hegemonia.

Com isso, na noção de Gramsci a desintegração do capitalismo também depende da


hegemonia, desta vez de sua crise. E com a crise de hegemonia no primeiro plano de sua
análise da transformação radical, o Estado passa ao primeiro plano da estratégia
revolucionária.
Para Marx o empobrecimento econômico através de uma intensificada exploração do
trabalho é o fator chave para a capacidade de um partido revolucionário elevar a
consciência da classe trabalhadora até o ponto de conduzir essa classe a um confronto
com o poder do Estado. Para Gramsci o empobrecimento cada vez maior é apenas um
elemento dentro das possibilidades de elevar essa consciência.

A Guerra de Posição- Esse raciocínio levou a Gramsci a desenvolver uma estratégia


alternativa, a "guerra de posição", ao que ele chamou de "guerra de movimento", ou o
ataque li frontal" do Estado.

Ele vai dizer que a captura do Estado - a derrubada e o controle do Estado - por si não
significava o controle da sociedade; não significava o estabelecimento de uma hegemonia
proletária alternativa.

Ele considerava pouco provável que o proletariado pudesse obter o controle sobre o
Estado através de um ataque direto, como na Rússia. Uma vez que o Estado era muito
mais do que as forças coercitivas da burguesia, uma vez que era parte da superestrutura
ideológica (hegemônica) da sociedade civil dominada pela burguesia.

Assim, com um proletariado industrial mais extenso nos países capitalistas mais
avançados e, por outro lado, menos militante do que na Rússia e menos desejoso de
derrubar o capitalismo, Gramsci desenvolveu uma estratégia coerente com sua análise
para explicar o paradoxo - uma estratégia que confrontava a hegemonia burguesa. Ele a
denominou "guerra de posição".
A "guerra de posição" se baseia na ideia de sitiar o _aparelho do Estado com uma contra-
hegemonia, criada pela organização de massa da classe trabalhadora.

A base da estratégia de Gramsci, é estabelecer organizações da classe trabalhadora com


os alicerces de uma nova cultura – com as normas e valores de uma nova sociedade
proletária. Nesse sentido, essa hegemonia proletária confrontaria a hegemonia burguesa
numa guerra de posição.

Assim, na concepção de Gramsci o exército proletário deve estar equipado


ideologicamente, deve estar armado de novas maneiras de viver e de pensar, uma nova
moral, novas ideias, para se opor à visão burguesa da existência.

Assim, Gramsci não apenas defendeu a construção da hegemonia proletária como um


meio de sitiar o Estado burguês, mas como a base para o novo Estado proletário.

Gramsci acreditava na consciência como o ingrediente chave no processo de


transformação. Nesse sentido, a guerra de posição faz parte na luta pela consciência da
classe operária, e a relação das forças políticas numa sociedade depende dos vários
"momentos" ou "níveis" de consciência política coletiva.

O primeiro nível de consciência- é a identificação profissional: membros de um grupo


profissional que estão conscientes de sua unidade e homogeneidade e da necessidade de
organizá-lo.

O segundo nível- Se alcança quando há uma consciência da solidariedade de interesses


entre todos os membros de uma, classe social - mas apenas no campo econômico, na
produção. Neste nível de consciência, a classe operária exige igualdade político-jurídica
com os grupos dominantes; ela exige direito de voto, de participar no aparelho do Estado
(legislativo e administrativo) e até mesmo de reformá-lo, mas dentro das estruturas
fundamentais existentes, dentro de normas e valores estabelecidos pelo grupo dominante.

No terceiro nível- O indivíduo se torna consciente de que seus próprios interesses


corporativos transcendem os limites corporativos de uma classe econômica e se estendem
a todos os grupos subordinados, que compartilham a cultura da subordinação e podem
unir-se para formar uma contra-ideologia que os liberte da posição subordinada.

Nessa perspectiva Carnoy destaca que Gramsci, como Lenin, via o partido político como
o instrumento de elevação de consciência e de educação junto à classe trabalhadora e de
desenvolvimento das instituições de hegemonia proletária.

Gramsci também vê o partido político revolucionário como tendo suas próprias condições
“hegemônicas” para permanência (um partido que não pode ser destruído por meios
normais). Qualquer partido político tem três elementos fundamentais –
(1) o elemento massa, composto de homens “comuns, médios, cuja participação toma
mais a forma de disciplina e lealdade do que qualquer espírito criativo ou habilidade
organizacional”; (2) o principal elemento de coesão, que "centraliza nacionalmente e
torna eficaz e poderoso um complexo de forças que, se deixadas a elas mesmas, seriam
responsáveis por muito pouco ou nada"; e (3) um elemento intermediário, que "articula
o primeiro elemento com o segundo e mantém contato entre eles, mas também
moralmente e intelectualmente.

O Papel dos Intelectuais- nessa perspectiva Gramsci fundamentou-se na crítica de Lenin


a Karl Kautsky, que tendia a ver o relacionamento entre trabalhadores e intelectuais dentro
do movimento socialista como uma relação entre os liderados e os líderes, com uma
divisão hierárquica baseada na superior capacidade dos intelectuais para a liderança
teórica e ideológica, no qual os colocavam acima da massa de trabalhadores não-
intelectuais.

Ele vai dizer que Lenin acreditava em um partido de vanguarda, que levantaria a
consciência da massa de trabalhadores, que seria composto de antigos operários e antigos
intelectuais burgueses, fundidos numa unidade coesa.

Nesse sentido, Lenin via os trabalhadores como incapazes de gerar teorias e liderança
política consciente sem a direção dos líderes intelectuais de vanguarda.

Gramsci acreditava que cada classe produz tais intelectuais "organicamente" - isto é,
intelectuais de sua própria classe, que atuam para construir a hegemonia daquela classe.
Ele vai retratar que as classes dominantes também buscam nas classes subordinadas
intelectuais para dar homogeneidade e auto-consciência ao grupo dominante.

Ele vai destacar também que estes intelectuais "orgânicos" são diferenciados "menos por
sua profissão, que pode ser qualquer trabalho característico de sua classe.

Gramsci acreditava num partido e numa estratégia baseada na ideia de que "todos os
homens são 'filósofos' "

CONCLUSAO

A teoria do Estado em Gramsci, emerge da noção marxista de uma superestrutura


enraizada nas classes e um sistema político-jurídico enraizado no conflito entre as classes
sociais.

Gramsci explica, como o capitalismo nas sociedades industriais mais avançadas do


Ocidente, era capaz de reter seu controle e aceitação junto a uma parcela tão significativa
da classe trabalhadora.

Gramsci viu que a classe dominante não necessitava depender apenas do poder coercitivo
do Estado ou mesmo de seu poder econômico para exercer o seu domínio, mas sim, de
sua hegemonia, expressando-se na sociedade civil e no Estado, nesse sentido, os
dominados podiam ser persuadidos a aceitar o sistema de crenças da classe
dominante e compartilhar os seus valores sociais, culturais e morais.

Ao contrário de Lenin, Gramsci acreditava nas qualidades intelectuais das massas e em


sua capacidade para criar, elas mesmas, a hegemonia de sua classe, ao invés de verem
isso feito em nome delas por um partido de vanguarda, de elite ou por uma elite
burocrática responsável pelas teorias e táticas revolucionárias.

O desenvolvimento da consciência da classe trabalhadora, elemento crucial na teoria


marxista, é para Gramsci o momento principal para explicar tanto o domínio do
capitalismo quanto a sua derrocada.

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