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PRIMEIRO REINADO (1822-

1831)
Prof. Victor Creti Bruzadelli
Consolidação da independência
 Conflitos com as tropas
portuguesas no Brasil (1822-23):
 Embates no sul, Bahia, Maranhão,
Pará e Cisplatina;
 Tropas lusitanas derrotadas pelo
oficial Pedro Labatut;
 Esquadra lusitana derrota pelo
Lorde Cochrane;
 Maria Quitéria de Jesus, a heroína Retrato póstumo de Maria
da independência. Quitéria de Jesus, de
Domenico Failutti (c. 1920)
Consolidação da independência
 Reconhecimento internacional
da Independência:
 Inglaterra: reconhecimento
informal e busca de vantagens
comerciais;
 EUA (1824): questões
ideológicas;
 Portugal (1825): indenizado em
2 milhões de libras;
 Após o reconhecimento
português, vários países também
reconheceram a Independência
do Brasil.
Consolidação da independência
 Manutenção da unidade
política:
 Fabricação da nação:
símbolos (bandeira, hino
etc.);
 Governo monárquico;
 Luta contra a autonomia
provincial e
centralização na capital; Bandeira do Império do Brasil, ideia de
José Bonifácio executada Jean Baptiste
 Poucas alterações Debret (1822)
socioeconômicas.
Organizando o Estado
“Como Imperador  Elaboração de uma estrutura política;
Constitucional disse ao  Assembleia Constituinte (1823):
povo no dia primeiro de
dezembro, em que fui  “Constituição da Mandioca”: voto censitário
coroado e sagrado, que (renda anual equivalente a 150 alqueires
minha espada defenderia a de mandioca;
pátria, a nação e a
constituição, se fosse digna  Liberalismo moderado: monarquia
do Brasil e de mim. Ratifico constitucional e defesa de direitos
hoje, mui solenemente individuais;
perante vós essa promessa,
e espero que me ajudeis a  Fechamento da Constituinte por D. Pedro I:
desempenhá-la, fazendo  Conflitos entre o “Partido Brasileiro” e o
uma constituição sábia e “Partido Português”;
justa, adequada e
executável”  Conflitos com o legislativo (dissolução, poder
de veto etc.);
(Discurso de D. Pedro I na
abertura da constituinte)  Apoiado pelos militares e prisão de
deputados.
Organizando o Estado
 Constituição de 1824: “Depois da independências,
as fórmulas amplas e universalizantes
 Outorgada, por D. Pedro e do liberalismo retórico foram
definidas nos seus termos concretos,
seu Conselho de Estado; ficando evidentes seus limites. A
partir de então, ficaria claro para
 Monarquia hereditária; quem e por quem tinha sido o país
feito independente. Para as elites que
 Presença de nobres não tiveram a iniciativa e o controle do
hereditários; movimentos, liberalismo significava
apenas liquidação dos laços coloniais
 Criação do Conselho de [...]. Por isso a escravidão seria
Estado: cargo vitalício, mantida, assim como a economia de
indicado pelo imperador, exportação. Por isso o movimento de
independência seria menos
formado por homens com antimonárquico que anticolonial”
mais de 40 anos. (COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à
república: momentos decisivos)
Organizando o Estado
 Constituição de 1824:
 Voto:

 Censitário: organizada de acordo com a renda;


 Indireto:
massa, em eleições primárias, votava num corpo eleitoral
que escolhia os deputados;
 Primárias: homens livres (inclusive libertos), maiores de 18 anos e renda
anual de 100 mil-réis;
 Corpo eleitoral: exclusão de libertos, maiores de 25 anos e renda
anual de 200 mil-réis;
 Deputados: católico e renda anual de 400 mil-réis;
 Cidadãos passivos: exclusão de escravizados, indígenas,
mulheres, menores de 25 anos e pobres.
Organizando o Estado
“sem a abolição total do  Constituição de 1824:
infame tráfico da escravatura
africana, e sem a emancipação  Religiosidade:
sucessiva dos atuais cativos, nunca o
Brasil firmará a sua independência  Catolicismo como religião oficial;
nacional, e segurará e defenderá a
sua liberal Constituição; nunca  Regime do Padroado;
aperfeiçoará as raças existentes, e
nunca formará, como imperiosamente  Permissão de cultos privados de
o deve, um exército brioso, e uma outras formas de fé;
marinha florescente. Sem liberdade
individual não pode haver civilização  Escravidão:
nem sólida riqueza; não pode haver
moralidade, e justiça; e sem estas  Manutenção da estrutura
filhas do céu, não há nem pode haver escravista;
brio, força, e poder entre as nações”
(BONIFÁCIO, José. Projeto de lei sobre a  Escravizado não considerado
escravidão em 1823) cidadão.
Organizando o Estado
 Constituição de 1824:
 “Parlamentarismo às avessas” e os 4 poderes:
 Executivo:
 No âmbito regional, exercido pelos Presidentes de províncias indicados pelo
imperador;
 Legislativo:
 Senado (vitalício, com eleição de lista tríplice e escolha do imperador) e
Câmara dos deputados (mandato de 4 anos);
 Judiciário:
 Exercido por juízes indicados;
 Moderador:
 Poder exclusivo do imperador de intervir nos demais.
Organizando o Estado
“O poder Moderador
Moderador [...] é a chave mestra da
opressão brasileira e o garrote
mais forte da liberdade dos
Conselho de povos. Por ele o imperador pode
Estado dissolver a câmara de deputados,
(indicação) que é a representante do povo,
ficando sempre no gozo dos seus
Legislativo Executivo Judiciário direitos o senado, que é o
representante dos protegidos do
imperador. Esta monstruosa
Senado Presidentes Supremo desigualdades das duas câmaras
(eleito) das Tribunal de [...] dá ao imperador o poder de
Províncias Justiça mudar a seu bel-prazer os
Câmara dos (indicação) deputados que ele entender que
Deputados se opõem a seus interesses
(eleito) Conselhos pessoais”
Gerais das (Manifesto de frei Caneca quando do
Províncias juramento da Constituição de 1824)
Organizando o Estado
Confederação do Equador (1824)
“- Ei-lo que vem descendo  Movimento separatista, de
a escada, degrau a caráter popular e urbano;
degrau. Como vem calmo.
 Líderes: Manuel de Carvalho
- Crê no mundo, e quis Paes, Frei Caneca e Cipriano
consertá-lo. Barata;
- E ainda crê, já
condenado?  Iniciada no Recife, se espalhando
- Sabe que não o pelo NE;
consertará.  Propostas:
- Mas que virão para  Tomada de poder na província;
imitá-lo”
(MELO NETO, João Cabral. O  Criação de uma república
auto do frade) federativa.
Confederação do Equador (1824)
 Fatores:
 Contrária ao autoritarismo de D.
Pedro I e sua constituição;
 Anti-lusitanismo, apesar da presença
de estrangeiros;
 Descaso pelo Nordeste;
 Crise econômica generalizada no
Nordeste;
 Substituição do governador de
Pernambuco;
 Revolta sufocada pelo Império e
líderes fuzilados. Execução de Frei Caneca,
de Murilo La Greca (1924)
Guerra da Cisplatina (1825-28)
 Início: rebelião local propõe uma separação do Império
e incorporação à Argentina;
 Início dos conflitos;
 Mediação inglesa: fim dos conflitos e surgimento do
Uruguai;
 Consequências:
 Desastre financeiro para Brasil e Argentina;
 Enfraquecimento da figura do imperador;
 Acesso fluvial ao rio da Prata.
Abdicação de D. Pedro I (1931)
 Morte de D. João VI (1826);
 Abdicação de D. Pedro I ao trono português em nome
de sua filha Maria da Glória, com então 7 anos;
 Golpe de D. Miguel (1828);
 Motivações da abdicação:
 Gastos com a Guerra da Cisplatina (1825-28);
 Crise econômica, inflação e quebra do Banco do Brasil
(1829);
 Falta de apoio dos militares.
Abdicação de D. Pedro I (1931)
“Meu querido filho e
 Motivações da abdicação: imperador... Deixar filhos, pátria e
amigos, não pode haver maior
 Crescimento do movimento sacrifício; mas levar a honra ilibada,
liberal entre os brasileiros; não pode haver maior glória. Lembre-
se sempre de seu pai, ame a sua e a
minha pátria, siga os conselhos que
 Revolução de 1830, na lhe derem aqueles que cuidarem de
França; sua educação, e conte que o mundo o
há de admirar... Eu me retiro para a
Europa: assim é necessário para que o
 Assassinato do jornalista Brasil sossegue, e que Deus permita, e
liberal Líbero Badaró; possa para o futuro chegar àquele
grau de prosperidade de que é capaz.
Adeus, meu amado filho, receba a
 Noite das garrafadas bênção de seu pai que se retira
(1831): Disputa violenta saudoso e sem mais esperanças de o
ver”
entre o “Partido Brasileiro” (Carta de despedida de D. Pedro I)
e o “Partido português”.
Abdicação de D. Pedro I (1931)
 Retorno de D. Pedro I
para Portugal;
 José Bonifácio como
tutor de D. Pedro de
Alcântara;
 Início do período
regencial (1831-40);
 Conflito militar entre os
Caricatura a respeito do conflito entre irmãos, resultando na
os dois irmãos pelo trono português, de coroação de D. Pedro IV
Honoré Daumier (1833) (1834).

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