Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito Constitucional II
Sempre que se formava uma Constituição mais democrática, em Portugal, ela caia logo.
A Constituição atual justifica-se pela análise das Constituições anteriores.
Constituição de 1822
Elaborada e decretada por assembleia constituinte, assim como a de 1911 e a de 1976.
1838 – Elaborada e aprovada por assembleia constituinte e submetida a sanção real.
1933 – Elaborada pelo Governo e objeto de plebiscito.
1826 – De origem não revolucionária, escrita e outorgada pelo rei.
Preparada entre janeiro de 1821 e setembro de 1822 pelas Cortes Gerais Extraordinárias e
Constituintes. O rei tem de a aceitar e de a jurar, sem nenhuma participação constitutiva na
sua feitura.
• Precedida de preâmbulo, assim como a de 1911 e a de 1976, ou seja, as revolucionárias.
• Variável extensão do articulado
• Assente na organização política, à volta dos poderes do estado e dividem-se em títulos
sem coordenação entre si
• Referências ao povo, território e poder político ou soberania
• Tratamento da forma de estado e da forma de governo
• Enumeração direitos fundamentais e regras sobre o seu exercício, as suas garantias e a
sua suspensão em estado de necessidade
• Regras sobre as relações da igreja e do Estado
• Regras sobre a participação política dos cidadãos, nomeadamente através das eleições
• Regras sobre os órgãos de soberania e outros criados pela constituição
• Regras sobre as autarquias locais e divisão administrativa do território
• Preceitos dobre as Forças Armadas
• Preceitos sobre as finanças públicas
• Regulamentação da revisão constitucional
• Regras sobre a garantia da constitucionalidade
Características:
1. Constituição monárquica hereditária
2. Liberdade de expressão
3. Direito de sufrágio (individual)
4. Direito à educação
5. Direito de acesso a cargos públicos
6. Instituições representativas
7. Pluralidade de órgãos políticos, havendo sempre um chefe de estado (rei ou PR) e uma
assembleia
8. Tribunais entre o poder do estado ou os órgãos de soberania, a par dos órgãos políticos
9. Garantia da existência de concelhos ou municípios e dos seus órgãos representativos,
10. Princípio da igualdade jurídica
11. Existência de religião oficial do estado
elegiam os deputados às cortes constituintes, os quais não podiam ser menores de 25 anos, à
razão de um por cada trinta mil habitantes.
Todo este intrincado processo eleitoral das primeiras eleições portuguesas ficou concluído no
dia de Natal de 1820.
Esta assembleia constituinte, embora com a incumbência primeira de elaborar uma
Constituição, designou desde logo um novo governo, a Regência, substituindo a Junta
Provisional do Governo Supremo do Reino, que tinha dirigido o país desde o triunfo da
revolução. Legislou igualmente de forma soberana sobre os mais variados assuntos de
natureza política, económica e social e impôs ao Rei D. João VI o seu regresso do Brasil –
onde se havia refugiado com a corte após as invasões francesas - para prestar juramento das
Bases da Constituição.
Instituiu-se, assim, o primeiro sistema de governo parlamentar controlado por uma
assembleia que viria a aprovar, em 23 de setembro, a Constituição de 1822.
Na Constituição de 1822 ficaram consagrados os princípios ligados aos ideais liberais da
época: princípios democrático, representativo, da separação de poderes e da igualdade
jurídica e respeito pelos direitos pessoais.
"A Nação Portuguesa é representada em Cortes" assim começa o primeiro artigo do Título
III. "A soberania reside essencialmente na Nação. Não pode, porém, ser exercida senão pelos
seus representantes legalmente eleitos", ou seja, pelos deputados das Cortes, a quem cabe
exclusivamente fazer a Constituição, sem dependência de sanção do Rei.
As Cortes de 1822 eram formadas por uma só câmara, eleita por um período de dois anos, por
sufrágio direto, secreto e sem caráter universal, já que não podiam votar, entre outros, os
menores de 25 anos (com algumas exceções referentes aos militares ou a cidadãos casados
com mais de 20 anos), as mulheres, os "vadios, os regulares e os criados de servir".
Para se ser eleito deputado era necessário poder-se sustentar através de "renda suficiente,
procedida de bens de raiz, comércio, indústria ou emprego".
Os três poderes políticos - legislativo, executivo e judicial - são rigorosamente independentes
e o poder legislativo é atribuído às Cortes em exclusivo, embora sujeito à "sanção Real",
instituto semelhante ao da promulgação das leis.
O Rei, assistido pelos Secretários de Estado, detinha o poder executivo. Dispunha também de
veto suspensivo (devolução ao parlamento de um ato legislativo para reapreciação), podendo
devolver às Cortes determinado diploma uma só vez. Bastava uma nova aprovação do primitivo
texto, pela mesma maioria parlamentar, para haver obrigatoriedade de promulgação, estando
previsto um processo de promulgação tácita para os casos de decurso dos prazos ou de recusa
de assinatura.
Nas suas relações com o poder legislativo o Rei não tinha o poder de dissolver o parlamento.
A iniciativa de lei pertencia em exclusivo aos deputados, através de projetos de lei, podendo,
no entanto, os Secretários de Estado apresentar propostas de lei que, depois de examinadas
por uma comissão das Cortes, poderiam ser convertidas em projetos de lei.
A sessão legislativa durava três meses consecutivos, prorrogáveis por apenas mais um, a
pedido do Rei ou por deliberação de dois terços dos deputados presentes.
Naturalmente que este primado do parlamentarismo não agradava aos partidários do
absolutismo e com a revolta militar conhecida por Vila-Francada, em maio de 1823, começa a
derrocada da primeira experiência liberal em Portugal.
A 2 de Junho de 1823 reúnem-se pela última vez as Cortes do vintismo, aprovando uma
Declaração e protesto "contra qualquer alteração ou modificação que se faça na constituição
do ano de 1822". Dois dias depois, é assinada pelo Rei uma Carta de lei defendendo a
necessidade de reforma da Constituição.
D. João VI chega a convocar os três estados do Reino (clero, nobreza e povo), para se
reunirem em cortes nos moldes do antigo regime.
A Constituição de 1822 teria, na sequência da Revolução do Setembrismo, em 1836, uma curta
e quase simbólica segunda vigência, de 10 de setembro de 1836 a 4 de abril de 1838, data do
juramento da Constituição de 1838.”
Teria mais dois períodos de vigência: de agosto de 1834 (data da saída de D. Miguel do
país) até à Revolução de Setembro de 1836 (que, como vimos, restaurou a Constituição de
1822 até à aprovação da Constituição de 1838) e de janeiro de 1842 até outubro de 1910.
Durante o último período de vigência da Carta Constitucional, de janeiro de 1842 (data
do golpe de estado de Costa Cabral) até à implantação da República, em 5 de outubro de 1910,
o texto constitucional sofreu alterações através dos Atos Adicionais de 1852, 1885, 1895-
1896 e 1907, os quais implicaram importantes mudanças no modelo parlamentar.
O Ato Adicional de 1852, aprovado na sequência do triunfo do movimento Regenerador
que afastou Costa Cabral do governo, estabelece a eleição direta dos Deputados por todos os
cidadãos com um mínimo de cem mil réis de renda, baixando assim o censo na capacidade
eleitoral ativa. Para se ser eleito Deputado mantém-se a exigência de quatrocentos mil réis
de renda líquida. Aos possuidores de títulos literários, a determinar pela lei eleitoral, além de
se baixar para 21 anos a idade mínima para votar e ser eleito, era dispensada a prova do
censo.
Leis ordinárias, entretanto, publicadas, vieram alargar, sucessivamente, o âmbito da
capacidade eleitoral, designadamente a Lei de 8 de maio de 1878 que considera como
possuidores da renda mínima para votar, todos os chefes de família e os alfabetizados.
Com o Ato Adicional de 1885 - um dos poucos textos constitucionais aprovados sem que
tivessem ocorrido previamente movimentos revolucionários ou de rutura política - a
legislatura passou novamente para três anos com o intuito de se "amiudar a consulta ao país,
dando assim mais autoridade e prestígio à câmara dos deputados". Limitou-se a 100 o número
de pares vitalícios nomeados pelo Rei e estabeleceram-se pares eletivos e temporários em
número de 50, mantendo-se os pares por direito próprio. Este Ato Adicional regulamentou
também o direito do Rei de dissolver a Câmara dos Deputados e a parte eletiva da Câmara dos
Pares, limitando este poder apenas aos "casos em que o exigir o bem do Estado".
O Ato Adicional de 1895-1896 compõe-se de dois textos legislativos: o Decreto de 25
de setembro de 1895 que, aprovado pelo governo com as Cortes dissolvidas, alterou a Carta
sem respeitar as normas nela prevista para a sua revisão e a Carta de Lei de 3 de abril de
1896 que incorporou, em parte, as alterações daquele Decreto.
Foram suprimidos os pares eletivos, passando a Câmara dos Pares a ser composta por
um número máximo de 90 membros vitalícios nomeados pelo Rei, para além dos pares por
direito próprio ou por direito hereditário.
A Carta de Lei não foi, no entanto, tão longe nos poderes do Rei como o Decreto de
1895, o qual lhe dava, enquanto poder moderador, a possibilidade de promulgar Decretos com
força legislativa, caso não houvesse acordo entre as duas Câmaras na elaboração de medida
legislativa. A solução para estas situações era a possibilidade de qualquer das Câmaras poder
pedir a convocação de uma reunião conjunta, em Cortes Gerais, para votar sem qualquer
discussão.
O último Ato Adicional, decretado em dezembro de 1907, voltou a alterar a composição
da Câmara dos Pares, suprimindo o número fixo de pares nomeados pelo Rei (não há número
fixo).
Constituição de 1838
Poder legislativo
Artigo 36 – Sistema bicamaral – Câmara dos Senadores – eletiva e temporária (não pode ser
controlada pelo rei – (artigo 58) e Câmara dos Deputados (esta já ele controlava).
Poder Executivo:
Rei perde o poder moderador, voltamos a ter a divisão tripartida do poder.
Em 1842 a Constituição cai e ressurge a Carta Constitucional de 1826, com uma nuance
– o governo autonomiza-se do rei e detém o poder executivo, começando a sair o Rei da
equação. Mantinha, ainda assim, a competência de nomear os ministros, não conseguia era
delinear a linha política, que se transferia para Governo.
O governo que chegou a 1910 consumia os poderes executivo e legislativo.
Constituição de 1911
A 1.ª República inicia-se com a proclamação da República a 5 de outubro de 1910 e acaba com
o Golpe de 28 de maio de 1926 que dissolve o Parlamento e governa em ditadura militar.
Após a Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, tornou-se necessário elaborar uma
Constituição que estabelecesse os fundamentos do novo regime político.
A Assembleia Nacional Constituinte foi eleita num sufrágio em que só houve eleições em cerca
de metade dos círculos eleitorais. Não havendo mais candidatos do que lugares a preencher
em determinada circunscrição eleitoral, aqueles eram proclamados "eleitos" sem votação.
O sufrágio universal foi afastado, tendo votado apenas os cidadãos alfabetizados e os chefes
de família maiores de 21 anos.
Tratou-se de um sufrágio onde, pela primeira vez, se utilizou o método da representação pro-
porcional de Hondt na conversão dos votos em mandatos, embora apenas nas cidades de Lis-
boa e Porto.
O mandato desta duas Câmaras terminou com a eleição, em 1915, do Congresso da Re-
pública nos moldes previstos na Constituição.
• Princípio representativo
Apesar de não positivada de forma expressa, a opção por um regime representativo re-
sulta clara do primeiro texto constitucional republicano. A consagração do referendo local e
administrativo não desmente esta opção fundamental na medida em que não interfere com a
ação política.
• 8 – Se uma lei tirar a liberdade a uma ordem religiosa (expropriações), essa lei
não seria inconstitucional, porque a Constituição autorizou.
• 13, 14
A Constituição de 1911 afastou o sufrágio censitário, não tendo, no entanto, consagrado o su-
frágio universal, nem dado a capacidade eleitoral às mulheres, aos analfabetos e, em parte,
aos militares. Só em 1918, com o decreto nº 3997, durante a ditadura de Sidónio Pais, se alar-
gou o sufrágio a todos os cidadãos do sexo masculino maiores de 21 anos. Contudo, este alar-
gamento só duraria um ano, com a reposição do antigo regime de incapacidades regulamentado
por lei especial, para a qual remetia o articulado constitucional.
O Congresso da República tinha uma estrutura bicameral, sendo formado pela Câmara dos De-
putados e pelo Senado para as quais não se podia ser eleito com menos de 25 e 35 anos respe-
tivamente.
• Ao Senado cabia, entre outras coisas, a aprovação das propostas de nomeação dos go-
vernadores e comissários da República para as províncias do ultramar (art. 25º). O
Congresso reunia quatro meses por ano (art. 11º), embora a sessão pudesse ser prorro-
gada por vontade expressa das duas câmaras (em sessão conjunta). Para além das com-
petências legislativas, as câmaras dispunham ainda de outras funções. Entre elas, des-
tacam-se as funções eleitorais (eleição do Presidente da República secreto e por 2/3
das duas câmaras— art. 38º) e o controlo político do Ministério (arts 51º e ss).
Sistema Parlamentar de Assembleia/ atípico por o Presidente não ter poder de dissolução,
nem de veto, e o Congresso ter poder de destituição.
Só mais tarde, com a revisão constitucional de 1919, foi atribuído ao Presidente da República
o poder de dissolução, condicionando-o à prévia audiência do Conselho Parlamentar.
A legislatura, na Câmara dos Deputados, dura três anos e, no Senado, seis anos, devendo ha-
ver renovação de metade dos membros do Senado cada vez que se verificassem eleições ge-
rais para a Câmara dos Deputados
A sessão legislativa tinha a duração de quatro meses, prorrogáveis por deliberação do Con-
gresso.
Fiscalização da Constitucionalidade: artigo 63 – se ninguém disser nada o juiz não pode fa-
zer nada, tem de aplicar a lei que é inconstitucional
Sistema atual é misto; consagra elementos difusos e concentrados. Hoje, artigo 204 da
CRP.
Artigo 26 – parágrafo 24: sancionar regulamentos do governo, coisa que nunca existiu na
nossa história.
Conjuntura Histórica
uma nova constituição. Passou-se a governar legislando através de decretos com força
de lei até abril de 1933 – período em que finda a Ditadura Militar.
Após Carmona ser eleito, António de Oliveira Salazar, professor de Coimbra com uma
educação de base clerical e que havia rejeitado o cargo para o qual o voltavam a
convidar, era investido de excecionais poderes ao tomar posse como ministro das
Finanças: tudo o que respeitasse a dinheiros públicos, a despesas ou receitas,
orçamentos dos ministérios, departamentos e organismos do Estado estavam dependentes
de si. Salazar representava uma secção de direita, integrando o Partido Católico,
representando um conservadorismo reservado e não militante, provido de uma amplitude
intelectual de que outras correntes careciam1– ora, este vulto era o quadro de
referência a que se aspirava, viabilizando a firmeza de um Estado. Porém, existia ainda
quem continuasse a ponderar que aquele seria um regime de transição (a ditadura
militar) para uma república reformulada e expurgada dos seus vícios. Todavia, o ministro
das Finanças passaria também a ser ministro interino das Colónias, o que deixava bem
«claro que seria um regime de rutura» com a I República. Autointitulando-se
antiparlamentar, antidemocrático, anti partidário e anti-liberal15, o Estado Novo surgia
(1933-1974) sucedendo à ditadura militar imposta em 1926.
Em 1931 criava-se o Conselho Político Nacional para formulação do plano constitucional
que viria a ser apresentado a 28 de maio de 1932 através da imprensa, encetando-se
um debate público: os liberais falam numa «Ditadura Constitucionalizada» e de uma
«Ditadura do Executivo» em que as liberdades eram então subjugadas por uma
organização corporativista da sociedade. Em 1933, Vicente de Freitas (apoiante do 28
de maio) oficializava a oposição liberal entregando um autêntico contraprojeto
constitucional - críticas que pesariam na redação final do novo texto constitucional.
Neste contexto crítico a nível nacional em que a oposição ao novo regime era suprimida e
internacional em que o legado deixado pela Grande Guerra era perigoso, o Estado Novo
português pretendia-se como uma alternativa ao capitalismo liberal ocidental e ao
socialismo. Revogando o direito às suas colónias no Ato Colonial, conciliava «a opinião
nacionalista portuguesa em torno de Salazar (…)20». «O Estado e a nação tinham, pois
de se reconciliar, de uma forma nunca antes conseguida desde (…) 1820/21» numa
Constituição delineada face às necessidades de um regime que tinha diante de si uma
Nação carenciada de um Estado, o qual havia sabido conquistar o apoio do Exército.
«Sob uma crise social aguda, os homens optaram pelo caminho mais fácil: transigiram na
liberdade em nome da ordem».
Constituição de 1933
referenda quase todos os seus atos e perante o qual politicamente todos os Ministros
respondem.
No é um puro sistema de Chanceler porque os Ministros intervêm na função legislativa
(aprovando ou assinando os decretos-leis) e na função política (referendando atos do PR)
«A história constitucional portuguesa, assim como a da maioria dos países latinos, é feita de
ruturas», sendo que a Constituição de 1933 não seria exceção: a sua origem remonta ao golpe
de Estado de 28 de maio de 1926, como vimos, sendo que vem a encontrar o seu fim noutro
golpe de Estado, a revolução de 25 de Abril de 1974.
É característico o corporativismo como forma de organização social, política e económica
seria a essência desta Constituição, à «qual se ajustam elementos finalísticos por influência
do integralismo lusitano, da doutrina da Igreja, do socialismo catedrático e ainda da
Constituição de Weimar». Claramente, a Constituição de 1933 receberia influências fascistas
– todavia, o salazarismo seria um mundo à parte destes.
Para uma melhor interpretação desta Constituição aprovada em plebiscito (forma de
legitimação autoritária, condicionando a vontade popular), (sendo o voto obrigatório e
contando as abstenções como votos concordantes) a 19 março de 1933, temos de recorrer aos
fundamentos ideológicos do Estado Novo. Um regime que rejeitava as tendências políticas
dominantes no país desde 1820 e que fazia uma leitura do passado e do futuro de carácter
nacionalista, todavia «a mobilização constante da população como os Estados fascistas o
faziam era uma aberração para Salazar». Pretendia-se refletir na nova Constituição os corpos
sociais ativos: a família, a paróquia, o município e a corporação económica – demonstrando
como «a máquina política do século XIX não podia funcionar no século XX».
Direitos Fundamentais
O termo “direitos fundamentais” remete para algo inerente à própria noção de pessoa,
pois são direitos básicos de cada pessoa. São direitos essenciais do cidadão, os quais
dependem das circunstâncias de cada época e lugar. A expressão “direitos fundamentais” foi
introduzida na Constituição de Weimar.
Na Constituição de 1933 podemos seguir, no art.º 8.º, uma lista de direitos que se
referem essencialmente a direitos de liberdade e garantias, influenciados pelas anteriores
Constituições, mas também, e talvez com maior importância, pela já referida Constituição
Republicana de Weimar.
Inclui-se nesta constituição o termo “liberdades ‟, em acrescento aos direitos e garantias
“referidos em anteriores Constituições. A inclusão deste novo termo no art.º 8.º tem relação
direta com a liberdade de crenças e práticas religiosas, de expressão de pensamento, de
ensino e a de reunião e associação nele mencionada. Ao nível do regime, manteve-se também a
cláusula aberta dos direitos fundamentais, iniciada pela Constituição de 1911. Segundo o
professor, Marnoco e Sousa estes direitos remetem para direitos públicos individuais que se
dividem em políticos e não-políticos.
Os direitos básicos contidos no art.º 8.º, podem ser resumidos em direito à vida e à
integridade pessoal, ao bom nome e reputação, à integridade moral, de liberdade de crenças e
Poderes de Estado
O Presidente da República é eleito pela nação e pode ter maior ou menor intervenção
nos órgãos públicos, mas essa intervenção é por vezes exercida por intermédio do Presidente
do Conselho, Chefe do Governo ou alguém da sua confiança para a orientação da política
interna e externa.
O tomo de posse realiza-se no dia em que termina o mandato anterior.
O Presidente eleito tomará posse dentro dos trinta dias seguintes ao da sua
proclamação. O Presidente da República tem como competência nomear o Presidente do
Conselho e demiti-lo (artigo 81.º) por livre decisão da sua vontade e sem necessidade de
referendo (artigo 82.º) A ligação entre o Governo e o Chefe do estado estabelece-se através
do Presidente do Conselho, o qual deve entregar-lhe todas as informações necessárias e dele
receber as indicações convenientes.
O Presidente da República pode sempre mandar reunir o Concelho de Ministros para
recolher diretamente as informações necessárias. Compete ainda ao Presidente da República
indultar/atenuar e comutar penas (art.º 81.º) o que permite de certo modo corrigir as
sentenças proferidas em matéria criminal pelos tribunais. A comutação consiste em mudar
uma pena mais grave para menos grave.
Para assistir e aconselhar o chefe do estado no exercício das suas atribuições, criou-se
o Conselho de Estado, este é constituído por cinco membros natos e dez conselheiros
A Assembleia Nacional é composta por noventa deputados, eleitos por sufrágio direto
para um mandato de quatro anos. As competências da Assembleia Nacional assumiam-se
bastante vastas, mais no foro legislativo do que da fiscalização política, embora com uma
funcionalização limitada a sessões com duração anual de três meses inadiáveis. Compete à
Assembleia Nacional fazer leis, interpretá-las, suspendê-las, revogá-las e ter conhecimento
das contas de cada ano económico, as quais serão apresentadas como relatório no Tribunal de
Contas.
É da competência da Assembleia Nacional autorizar o Governo a cobrar as receitas e a pagar
as despesas públicas.
Não fazendo parte do órgão de soberania, não configura uma situação bicameralista, a
Câmara Corporativa apenas possui competências consultivas. É composto pelas autarquias
locais que detêm funções sociais, administrativos, culturais e morais. As vagas na Câmara
Corporativa são preenchidas pela forma como forem designados os subsídios (artigo102.º).
Compete à Câmara Corporativa relatar e dar parecer por escrito sobre todas as propostas ou
projetos de lei que forem presentes à Assembleia Nacional antes de ser, nesta, iniciada a
discussão (art.º103º).
Revisões:
Ato Colonial:
O ato colonial vem proclamar para o país uma função histórica essencial de possuir,
civilizar e colonizar territórios ultramarinos (art.º 2.º). Os outros estados não podem adquirir
nenhuma porção dele, salvo para estabelecimento da representação consular. Este processo
define assim o quadro jurídico-institucional de uma política para os territórios sob o domínio
português. O ato colonial e a carta orgânica do império colonial português reforçaram os
princípios legais estabelecidos em 1926, estes documentos foram pensados como sendo uma
espécie de constituição para os territórios além-mar e tinham como característica principal o
ultranacionalismo. Foi através desses diplomas que os territórios ultramarinos passaram a ser
considerados integrantes dos “impérios coloniais”, cuja administração deveria estar
centralizada pelo governo de Lisboa. De acordo com o ato colonial, a metrópole e as colónias
formariam uma “comunidade e solidariedade natural” nas suas relações económicas.
Apesar do artigo 26º do Ato Colonial, assegurar que as colónias possuíam
descentralização administrativa e autonomia financeira, na prática a autonomia financeira foi
extinta e o orçamento geral passou a depender da aprovação do Ministro das Colónias,
segundo o princípio do equilíbrio de contas. O Estado garante a produção e defesa dos
indígenas das colónias, conforme os princípios de humanidade e soberania. As autoridades
coloniais impedirão e castigarão conforme a lei todos os abusos contra a pessoa e bens dos
indígenas. Estas medidas tinham por intuito silenciar assim as reivindicações internacionais
sobre os abusos do trabalho nativo.
A constituição de 1933 veio, assim, a instaurar em Portugal uma Ditadura Militar que
ficou conhecida como Estado Novo, ou seja, um regime político autoritário em que está
assente a ideia de ordem baseada no tradicionalismo, no antiparlamentarismo, cuja base
seriam os municípios regionais.
Conclusão
Ministros «e, apesar de haver muitas garantias de direitos civis e políticos, todas elas
estavam sujeitas a uma série de restrições» exploradas pelo poder executivo. A cada
cedência que se permitia existia sempre uma condição que a subvertia, e, portanto, seria um
texto em constante mutação.
A Constituição de 1933 seria um documento incontornável na perspetiva daquilo que
viria a forjar a orgânica do Estado Novo, um regime que se ergue com o intuito de um Estado
forte, acompanhando o cenário da época da emergência dos autoritarismos. Um regime que
prevalece num período onde as soluções eram escassas, e que só é desmantelado não após a
morte da principal figura, mas sim, quatro anos depois. O que por si só demonstra a quase
exclusiva força política que um regime autoritário tinha. O Estado Novo foi uma solução que
rapidamente passou a problema, um problema com quarenta anos de idade e que teve um fim
que nada teve de inesperado.
Em aula:
Artigo 122º – controlo da fiscalidade dos diplomas, por todos os tribunais- redação
própria do atual 204º. Há uma limitação: inconstitucionalidade orgânica – aquela por violação
de normas de competência – um órgão exerce uma competência que não é sua. Se o governo
legislasse quando não podia os tribunais não podiam ver isso.
Artigo 116º - não se podem criar tribunais especiais (quando há um crime cometido pela
oposição o governo quer punição e cria um tribunal especial para essa mesma finalidade) salvo
contra a segurança do Estado (a ditadura).
Artigo 122 – inconstitucionalidade orgânica e formal não podia ser controlada pelos
juízes, só pela AR
Inconstitucionalidade formal – violação de regras procedimentais ou de forma (quando
uma lei afeta os trabalhadores os sindicatos têm de ser ouvidos. Quando não é ouvido a lei
pode cair.
Inconstitucionalidade orgânica – violação de normas de competência, das competências
dos órgãos.
Inconstitucionalidade material- violação de normas substantivas da constituição
(violação de direitos fundamentais, violação de princípios fundamenais como a dignidade da
pessoa humana, igualdade…)
Outra forma de controlo dos juízes (artigo 218º - juízes inamovíveis, como forma e os
pressionar). Supremo Tribunal nomeado pelo Ministro da Justiça, e o primeiro controla os
outros.
Tribunal especial – juiz nomeado pelo Governo para julgar casos que atentassem contra a
segurança do estado. A sentença já estava pré-determinada. E assim o governo controlava
todo o poder judicial.
Se a lei deixasse os diretos fundamentais intactos era inconstitucional.
Em relação ao PR
Eleição presidencial direta – artigo 77 – mandato longo para não estar dependente de
ninguém.
Controlava a AR, tal como acontece hoje – artigo 81/6 – poder de dissolução e
adiamento (hoje já não) – artigo 81/5.
Artigo 81/1 e artigo 106. Poder absoluto do PR para escolher o seu Governo.
• Presida as reuniões do Conselho de Ministros, e não o presidente do mesmo.
Salazar instituiu uma competência, do Governo sobre o PR, referenda ministerial, a fim de
garantir a centralidade do governo.
Constituição de 1976
I. A REVOLUÇÃO DE 1974 E A CONSTITUIÇÃO
O processo que havia de conduzir à Constituição de 1976 partiu da ideia de direito invocada
pela revolução de 25 de Abril de 1974.
Com efeito, das proclamações difundidas no próprio dia 25 de Abril de 1974 e do programado
movimento revolucionário, o "Movimento das Forças Armadas" logo constou o anúncio público
da convocação, no prazo de doze meses, de uma Assembleia Nacional Constituinte, a eleger
por sufrágio universal, direto e secreto, e se estabeleceu que uma vez eleitos pela Nação a
Assembleia Legislativa e o novo presidente da República "a ação das Forças Armadas seria
restringida à sua missão específica de defesa da soberania nacional".
De harmonia com a ortodoxia constitucional democrática, o Movimento das Forças Armadas
propunha–se a devolver o poder ao povo num prazo relativamente curto; e nisto se distinguia
de quase todas as revoluções militares do nosso tempo. Deveria ser o povo, através da eleição
dos deputados à Assembleia Constituinte, a determinar o sistema político e económico–social
em que desejaria viver – porque "a vontade do povo é o fundamento da autoridade dos pode-
res públicos e deve exprimir–se através de eleições honestas a realizar periodicamente por
sufrágio universal e igual, com voto secreto..." (artigo 21, no. 3, da Declaração Universal dos
Direitos do Homem, também invocada logo na noite a seguir à revolução).
Mas o processo que se desenrolaria até à Constituição —e que duraria dois anos— viria a ser
marcado por uma turbulência sem precedentes na história portuguesa, derivada de condicio-
nalismos de vária ordem (descompressão política e social imediatamente após a queda dum re-
gime autoritário de 48 anos, descolonização dos territórios africanos feita em 15 meses após
ter sido retarda da 15 anos, luta pelo poder logo desencadeada) e traduzida, a partir de certa
altura, num conflito de legitimidades e de projetos de revolução.
Contudo, nos direitos económicos, sociais e culturais torna–se palpável alguma parecença com
Constituições de influência marxista.
A nacionalização de empresas nos sectores básicos da economia, sem ser inédita em Consti-
tuições próprias do Estado social de direito, está revestida de uma acentuação anticapitalista
aí desconhecida.
A institucionalização dos partidos tem paralelo nas Constituições italiana, alemã e francesa,
entre outras.
A conceção do presidente da República e das relações entre governo e parlamento vem dos
países de parlamentarismo racionalizado e de semipresidencialismo.
A subsistência do Conselho da Revolução aparenta–se ao papel das Forças Armadas na Turquia
nos primeiros anos de vigência da Constituição de 1961.
A Comissão Constitucional tem algo de similar aos tribunais constitucionais e ao Conselho
Constitucional francês. O provedor de justiça equivale ao ombudsman nórdico. As autonomias
regionais estão na esteira da Constituição italiana. As organizações populares de base corres-
pondem grosso modo às organizações sociais de Leste e às instituições sociais de base da Re-
volução peruana de 1968. A fiscalização da inconstitucionalidade por omissão terá certa afini-
dade como artigo 377 da Constituição jugoslava.
Não pouco abundantes, muito naturalmente, se bem que menos fortes no plano das opções de
fundo, são os traços das Constituições portuguesas anteriores que perduram. A Constituição
de 1976 restaura a legalidade democrática, reafirma a democracia política (liberal, plura-
lista), reabre o Parlamento, mas não repõe a ordem liberal individualista; o seu intervencio-
nismo social e económico, mesmo se de rumo oposto, só pode cotejar–se como da Constituição
de 1933; e não faltam os institutos que ou vindos de longe ou vindos de 1933 são recebidos ou
consagrados.
Mas a Constituição de 1976 ostenta algumas marcas de originalidade (ou de relativa originali-
dade):
— Não só no dualismo de liberdades e garantias e de direitos económicos, sociais e culturais,
mas também no enlace entre eles, operado, designadamente, pelo artigo 17.
— Na constitucionalização de novos direitos e da vinculação das entidades privadas pelos di-
reitos, liberdades e garantias.
— Na receção formal da Declaração Universal dos direitos do Homem enquanto critério de
interpretação e integração das normas sobre direitos fundamentais.
— Não só na proclamação do direito ao ambiente, mas também na atribuição ao cidadão amea-
çado ou lesado da faculdade de pedir a cessação das causas de violação e a respetiva indemni-
zação.
— No desenvolvimento emprestado à matéria da comunicação social e na constitucionalização
dos direitos dos jornalistas.
— Na proibição do lock–out.
— No apelo à participação dos cidadãos, associações e grupos diversos nos procedimentos le-
gislativos e administrativos; ou seja, à democracia participativa.
— No tratamento sistemático prestado às eleições, aos partidos, aos grupos parlamentares e
ao direito de oposição.
— Na redobrada preocupação comos mecanismos de controlo recíproco dos órgãos de poder e
na constitucionalização do ombudsman (o provedor de Justiça).
— Na coexistência de semipresidencialismo a nível de Estado, sistema de governo parlamen-
tar a nível de regiões autónomas e sistema diretorial a nível de municípios.
— No sistema de fiscalização da constitucionalidade, com as quatro vias referidas, e no ca-
rácter misto de fiscalização concreta, com competência de decisão de todos os tribunais e
recurso, possível ou necessário, para a Comissão Constitucional, primeiro, e depois para o Tri-
bunal Constitucional.
— Na extensão da norma definidora de limites materiais de revisão constitucional.
Os constituintes pretenderam ainda construir uma organização económica muito original, con-
jugando o princípio da apropriação coletiva dos principais meios de produção, um socialismo
autogestionário e a iniciativa privada. A realidade do país, as revisões constitucionais e a inte-
gração comunitária viriam mostrar que só poderia subsistir-se entendida como economia mista
ou pluralista, algo diferente, mas não oposta ao modelo de Estado social europeu.
h) A inserção da iniciativa económica privada, até 1982, na parte II, relativa à organização
económica e, a partir de 1982, no título de direitos económicos, sociais e culturais; e o apoio
dado à iniciativa cooperativa.
i) O aparecimento como direitos fundamentais de direitos dos trabalhadores e das suas orga-
nizações.
V. O SISTEMA DE GOVERNO
O sistema de governo de 1976 foi moldado com a preocupação maior de evitar os vícios inver-
sos do parlamentarismo de assembleia da Constituição de 1911 e da concentração de poder da
Constituição de 1933, e tendo como pano de fundo a situação institucional pós-revolucionária.
O ponto mais delicado dizia respeito ao lugar do presidente da República, às suas competên-
cias e ao seu modo de eleição. Ele não devia ser um presidente meramente representativo,
nem um Chefe de Estado equivalente ao do regime autoritário, nem tão pouco (o que contrari-
aria a tradição constitucional portuguesa) um presidente chefe do Poder Executivo. Mas
tanto poderia ser um presidente arbitral, embora com capacidade de intervenção efetiva, no
âmbito de um parlamentarismo racionalizado, como um presidente mais forte, regulador do
sistema político, de tipo semipresidencial.
Optou–se pela segunda alternativa, desde logo, pela necessidade de compensar ou equilibrar o
Conselho da Revolução, que iria subsistir durante alguns anos. E ainda por mais duas razões:
pela dificuldade de instauração de um governo parlamentar após 50 anos sem Parlamento de-
mocrático e pela prefiguração de um modelo misto pela lei constitucional provisória de 1974
(com presidente da República, governo e um Conselho de Estado, que fazia as vezes de assem-
bleia).
Acrescia o modo de eleição, que não podia deixar de ser a eleição por sufrágio direto e uni-
versal e por maioria absoluta. A sua reivindicação fazia parte desde 1958–1959 do património
das reivindicações democráticas em Portugal. Só ela daria ao presidente da República sufici-
ente legitimidade para presidir ao Conselho da Revolução e, se fosse caso disso, para se lhe
impor. Ela serviria de contraponto de unidade em face da eventual dispersão parlamentar re-
sultante do princípio da representação proporcional – decorrente este, por seu turno, de uma
exigência de garantia do pluralismo e de integração numa sociedade tão dividida como se
apresentava a portuguesa.
Sobre tudo isto formara–se um consenso difuso na Assembleia Constituinte, nos principais
partidos e na opinião pública nos últimos meses de 1975 e nos primeiros de 1976. E estas ori-
entações viriam a ser consagradas no texto constitucional.
Os aspetos fundamentais a considerar eram estes:
a) Órgãos políticos de soberania – presidente da República, Conselho da Revolução, Assem-
bleia da República, Governo e Tribunais.
b) Atribuição ao presidente da República, também presidente do Conselho da Revolução, so-
bretudo de poderes relativos à constituição e ao funcionamento de outros órgãos do Estado e
das regiões autónomas, do poder de promulgação e veto e do poder de declaração do estado
de sítio ou do estado de emergência sob consulta do Conselho de Revolução.
atos do Estado; têm garantias constitucionais adequadas para os defender; além disso, e so-
bretudo, dispõem de órgãos de governo próprio – uma assembleia regional eleita por sufrágio
universal e um governo perante ela responsável, em moldes de sistema parlamentar.
E esta é a primeira vez na história portuguesa que o Estado, o poder central confere faculda-
des substancialmente políticas a órgãos locais com titulares representativos das respetivas
populações.
d) Reformulação parcial do sistema de atos legislativos, com criação de uma categoria de leis
reforçadas pelo procedimento, as leis orgânicas.
e) Introdução do referendo político a nível nacional, embora em moldes muito prudentes.
f) Modificação de três das alíneas do artigo 290 (agira 288) sobre limites materiais da revi-
são constitucional.
A assinatura em 7 de fevereiro de 1992, em Maastricht, de um tratado institutivo de uma
"União Europeia" conduziria a uma terceira revisão da Constituição de 1976, tendo em conta a
desconformidade de algumas das suas cláusulas com normas constitucionais.
Viria a ser uma revisão paralela à efetuada em outros países comunitários (com relevo para a
França e para a Alemanha) e, diferentemente das anteriores, só afetando muito poucos arti-
gos (conquanto não pouco importantes). Sem ela não seria possível ratificar o tratado.
No artigo 7o. da Constituição (sobre relações internacionais), aditou–se um no. 6, dizendo:
"Portugal pode, em condições de reciprocidade, com respeito pelo princípio da subsidiariedade
e tendo em vista a realização do princípio da coesão económica e social, convencionar o exer-
cício em comum dos poderes necessários à construção da união europeia".
Consagrou–se a possibilidade de atribuição, em condições de reciprocidade, de capacidade
eleitoral a cidadãos de países membros da União Europeia residentes em Portugal na eleição
de Deputados por Portugal ao Parlamento Europeu.
Alterou–se o preceito sobre o Banco de Portugal para permitir a adoção da eventual moeda
única europeia.
Passou a prever–se a competência do Parlamento para "acompanhar e apreciar" a participação
de Portugal no processo de união europeia, à qual corresponde a obrigação do Governo de lhe
prestar, em tempo útil, as informações necessárias para esse efeito.
Por outro lado, passou a distinguir–se entre revisão constitucional ordinária e revisão consti-
tucional extraordinária – aquela efetuada ao fim de cinco ou mais anos após a última revisão
ordinária e esta podendo realizar–se a todo o tempo por as sunção de poderes de revisão por
quatro quintos dos Deputados em efetividade de funções.16
Uma quarta e novamente longa revisão constitucional realizar–se–ia em 1996 e 1997, explicada
em nome da necessidade de revitalização do sistema político.
Em síntese, traduzir–se–ia em:
a) Desenvolvimento da matéria dos direitos fundamentais e das correspondentes incumbên-
cias do Estado.
b) Relativa acentuação do papel da iniciativa privada dentro da organização económica.
c) Desconstitucionalização de vários aspetos do sistema político (cidadãos eleitores do presi-
dente da República, composição e sistema eleitoral da Assembleia da República, órgãos execu-
tivos locais, regiões administrativas).
d) Reforço de mecanismos de participação dos cidadãos (participação no planeamento urbanís-
tico, referendos nacionais, regionais e locais, iniciativa popular, possibilidade de círculos uni-
nominais, candidaturas independentes às eleições locais).
e) Desenvolvimento dos poderes das regiões autónomas (no plano legislativo, tributário, admi-
nistrativo e europeu), bem como das autarquias locais.
f) Aumento dos poderes formais da Assembleia da República e aumento do número de maté-
rias que exigem maioria qualificada de aprovação.
g) Reforço do Tribunal Constitucional (com novas competências relativas aos partidos e às as-
sembleias políticas e maiores garantias de independência dos juízes).
A semelhança do que acontecera em 1992, também em 2001 foi desencadeado um processo de
revisão constitucional por causa de um tratado: o tratado constitutivo do Tribunal Penal In-
ternacional assinado em Roma em 1998 (Quinta).
A Constituição foi revista para permitir a ratificação desse tratado, visto que, algumas das
suas cláusulas eram ou poderiam ser consideradas, discrepantes de diversas normas constitu-
cionais. E, por isso, se adotou uma fórmula genérica (no novo artigo 7o., no. 7) semelhante à
adotada já noutros países. "Portugal pode, tendo em vista a realização de uma justiça interna-
cional que promova o respeito pelos direitos da pessoa humana e dos povos, aceitar a jurisdi-
ção do Tribunal Penal Internacional, nas condições de complementaridade e demais termos
estabelecidos no Estatuto de Roma".
Mas a revisão de 2001 tocou também (agora diferentemente do que sucedera em 1992) em
matérias respeitantes à União Europeia, à língua portuguesa, e às garantias de inviolabilidade
do domicílio e ao direito à greve de agentes de forças de segurança.
Na perspetiva da chamada "Constituição europeia" e ainda antes não só da assinatura do res-
petivo tratado, mas também da conferência intergovernamental em que ele seria aprovado (!),
o Parlamento efetuaria uma sexta revisão constitucional.
O ponto–chave foi o aditamento de um no. 4 ao artigo 8o. do seguinte teor: "As disposições
dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas instituições, no
exercício das respetivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos termos definidos
pelo direito da União, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito demo-
crático".
Além disso, houve alterações a respeito da entidade reguladora da comunicação social, um
grande alargamento dos poderes legislativos regionais, e a formalização da regra da limitação
do número de mandatos admitido aos titulares de cargos políticos executivos.
Por último, ainda por causa da integração europeia, em 2005 efetuar–se–ia uma sétima revisão
constitucional.
Em geral, o referendo em Portugal – por razões históricas, de receio de manipulações plebis-
citários – não versa diretamente sobre as leis e os tratados; num primeiro momento, o povo
decide se deve ou não ser aprovada esta ou aquela lei ou este ou aquele tratado; e depois, o
órgão competente, vinculado pelo resultado, aprova ou não aprova. Mas no caso dos referen-
dos relativos à União Europeia passou agora a estabelecer–se (em disposição transitória do
texto constitucional) que a decisão referendária tem efeitos diretos, sem necessidade dessa
mediação.
b) Nenhum partido só por si conseguiu fazer eleger um presidente, o que, para além do apoio
de outro ou outros partidos, tem realçado a participação individual de cidadãos e permitido ao
presidente, uma vez eleito, agir livre de compromissos partidários.
c) Tem havido extrema variabilidade e sucessíveis mutações nos apoios partidários.
d) As maiorias presidenciais nunca coincidiram com a situação parlamentar – ou por serem
mais largas que as bases parlamentares dos Governos (entre 1976 e 1979 e entre 1991 e
2002), ou, por se verificar oposição ou conflito entre o presidente e as bases parlamentares
do Governo (entre 1979 e 1985) ou, simplesmente, por se verificar distinção das maiorias (en-
tre 1986 e 1991 e após 2002).
e) Em suma, tem–se conseguido realizar a intenção dos constituintes de não simultaneidade
não só cronológica, mas também política entre a eleição presidencial e a parlamentar.
Em aula:
Três “D´s”
Artigo 82º - lei determina as questões na nacionalização e socialização. Se forem ricos então
ficam sem os bens, não havendo lugar a indemnização.
Artigo 91º - planificação da economia pelo Estado. Há iniciativa privada, mas tem de se
subordinar ao funcionamento do plano.
Artigo 97º
Artigo 308º - nem todo o povo pode participar na democracia. Alguns tinham indignidade
cívica – restrição ao princípio democrático.
Artigo 309º - retroatividade. Condenava as penas das pessoas que tinham tido funções na
PIDE. Era condenado por efeito da lei. O tribunal só tinha de observar o nome, nada dizia.
Não era uma condenação por sentença, mas sim por lei. A isto chama-se Lei Sentença.
No sistema político temos duas legitimidades, sendo que o PR fazia a ponte entre os
dois.
Artigo 124º - eleição do PR.
Artigo 129º – maior legitimidade do PR devido à maioria absoluta. É o que permite afetar o
governo, vetar (artigo 139º) sendo suspensivo… impondo-se.
Artigo 136º – poder de dissolução da AR. Hoje dissolve-a, quando quiser, dentro de limites
temporais.
Artigo 136º alínea f) – escolha do primeiro ministro – o limite era a avaliação política do PR.
Hoje não pode ignorar o resultado das eleições.
Artigo 193º- dupla responsabilidade política – Governo responsável pelo PR e pela AR
Artigo 195º – quando o governa vai à AR já é governo, ainda que de gestão, o PR elege-o, e só
depois vai prestar contas à Assembleia.
Artigo 195º nº4 - A rejeição do programa do Governo exige maioria absoluta dos Deputados
em efetividade de funções.
Há muitos casos em que o programa do governo não é votado. Entra em funções normal
não havendo voto nenhum. Não precisa do parlamento a seu favor, só não o pode ter contra si.
Artigo 198º - minimização do parlamento.
Artigo 201º - governo tem liberdade de legislar
Artigo 142º - O conselho da revolução era o tribunal constitucional – controlava a fiscalização
da inconstitucionalidade.
Artigo 146º - força obrigatória geral – força para destruir de forma geral e abstrata uma lei.
Constituição atual:
Mais situações de reserva de lei onde só a lei pode intervir: artigo 103º nº2 – só a lei é que
pode criar impostos.
Ideia de proporcionalidade – o necessário indica a mesma. Não podem existir leis individuais.
Têm de revestir carater geral. Não há leis medida (casos concretos). Não há também
retroatividade.
Artigo 17 - análogos.
Artigos 108º-119º: normas gerais. São aquelas que regulam toda a vida constitucional de
Portugal.
Artigo 110º - lista dos órgãos de soberania. Permite distingui-los dos constitucionais. Os
constitucionais não enunciados na soberana não o são porque não manifestam a soberania
portuguesa (Camaras municipais, justas de freguesia, conselho de estado...)
Matéria que diz respeito aos órgãos de soberania fica protegida por uma reserva de
constituição – artigo 110º nº2. (lei orgânica aprovada por maioria no parlamento. Diz que o PR
popular podia ser objeto de proclamação nacional. PR é eleito. Antes de violar a necessidade
de eleições, viola a reserva de constituição. Lei não pode passar a estabelecer casos
excecionais.
Artigo 111º nº2 - proibição de delegação dos poderes noutros órgãos a menos que a
constituição e a lei autorizem (órgãos constitucionais).
Artigo 112º atos legislativos em Portugal: enumera os atos existentes - tipicidade dos atos
legislativos - é também uma reserva de constituição. Os outros são subtipos.
Artigo 112 nº1 o que caracteriza um ato legislativo, em Portugal, é o órgão/competência, a
forma do ato e o procedimento. Estes três elementos dizem respeito aspetos meramente
formal. A constituição portuguesa decidiu que caracteriza os atos legislativos por tipos
formais, ignorando o seu conteúdo. Nada impede que existam as leis medida – atos legislativos
que resolvam problemas concretos. Lei medida só é constitucional quando a lei diz que tem de
ser geral e abstrata. Em geral não ocorre.
Artigo 112º nº2: igual hierarquia entre lei e decreto-lei. Não significa que um decreto lei não
possa estar dependente de uma lei (decreto lei de desenvolvimento sujeito à lei de bases).
Artigo 112º nº3: Leis de valor reforçado – valor que se impõe às outras, que têm de respeitar.
Leis orgânicas (remissão artigo 166º nº2; 168ºnº5 – lei orgânica votada por maioria absoluta)
Artigo 164º - matérias de reserva absoluta do parlamento, as quais algumas são orgânicas.
Leis orgânicas tem valor reforçado – como é importante, não é só o PR que pode desencadear
fiscalização absoluta para o TC, também PM e 1/5 dos deputados – artigo 278º nº4. –
EXCEÇÃO – SÓ NAS LEIS ORGÂNICAS.
Leis de maioria 2/3 - Remissão 168º nº6, também tem valor reforçado.
Artigo 116º nº3 – generalidade como votação simples.
Artigo 112º nº4 - esclarece que a legislação regional não vale nem menos nem mais que a
nacional, atos legislativos valem o mesmo. Tem é um âmbito territorial diferente. O regional é
para a região, contudo há coisas que não podem fazer, coisas que a constituição reserva para
os órgãos nacionais.
Muitas vezes a região não legisla sobre uma matéria e então aplica-se o direito nacional - Há
uma supletividade do direito do estado - 228º nº2 o estatuto é que diz quando a região pode
legislar. O estatuto não pode afetar uma reserva do parlamento. O TC desconfia do que as
regiões fazem (medo da independência), sempre que tem dúvida diz sempre que a região não
pode legislar, vai até ao 112º nº4 - três requisitos para haver legislação regional: interesse
região, estar no estatuto e não ser reservado aos órgãos soberania.
Artigo 112º nº5: reforça a tipicidade dos atos legislativos, a lei não pode criar outros (ex:
governo regional não pode legislar em determinados casos). A lei não pode indiretamente dar
poder legislativo a outros atos (lei diz que a solução é “A”, mas que ato inferior pode
estabelecer outra – ex – universidades obrigadas a oferecer pc – ato legislativo, no entanto
por razões financeiras pode criar normas em sentido criado).
A lei pode não regular a matéria e deixa que o ato inferior a regule. (as universidades podem
oferecer pc aos alunos em condições) – deslegalização – matéria deixa de ser regulada por lei.
Artigo 113º: em geral a constituição diz como cada órgão é eleito, mas as vezes pode não
dizer alguma coisa. Se não houver norma especial, vai-se à geral (órgão que a constituição diz
que não é eleito, vai-se a regra geral)
Artigo 113º/5 – PROPORCIONALIDADE (ter em atenção a casos que apareça o sistema
uninominal, estaríamos perante uma violação da proporcionalidade).
Artigo 116º nº3 – (não conta as abstenções) maioria simples. Maioria de aprovação.
Artigo 116º nº2 – quórum – membros que têm de estar. Maioria de deliberação/quórum.
Artigo 119º - atos a ser publicados. Consequência de ser não ser aplicado quando devia –
ineficácia jurídica.
Dúvidas:8
Existência de inconstitucionalidades parciais
RA – governo não pode legislar nada específico das RA, a menos se o interesse nacional
prevalece sobre o regional.
Ver sempre primado do poder do Estado vs. princípio da autonomia regional. Se a região não
legisla - supletividade do Direito do Estado.
Equiordenação: competência distinta, mas ao mesmo nível (AR não vai estipular sobre o
tratamento dos jardins de lisboa, mas sim a assembleia municipal).
Referenda:
Relativa aos atos do rei (1822) rei não era responsabilizado por ser chefe do estado, então
quem respondia era outrem, o ministro, que então decide.
Pós eficácia de normas constitucionais: quando uma norma de uma constituição anterior pode
vigorar hoje. A norma de uma constituição que já não existe prolonga a sua vida nos diplomas
criados ao seu abrigo.
Um diploma é inorganicamente constitucional tem der ser analisado a luz da constituição que
vigorava nesse momento (requisitos formais e orgânicos, não constitui a material).
ARA – confirmação sempre por maioria absoluta porque não têm leis orgânicas.
Não pode confirmar um veto jurídico porque não é um órgão de soberania vs. defesa do
princípio democrático (optar pela primeira).