O documento discute as diferenças entre a Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826 em Portugal. A Carta de 1826 representou um retrocesso em relação à Constituição de 1822, reduzindo direitos individuais e recuperando poder para a monarquia e nobreza. Ela foi promulgada por D. Pedro IV para manter a paz evitando conflito entre liberais e absolutistas após a morte de D. João VI.
Descrição original:
Trabalho realizado no ambito da disciplina de história A, 11ºano.
Título original
Lucia Jorge - A Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826
O documento discute as diferenças entre a Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826 em Portugal. A Carta de 1826 representou um retrocesso em relação à Constituição de 1822, reduzindo direitos individuais e recuperando poder para a monarquia e nobreza. Ela foi promulgada por D. Pedro IV para manter a paz evitando conflito entre liberais e absolutistas após a morte de D. João VI.
O documento discute as diferenças entre a Constituição de 1822 e a Carta Constitucional de 1826 em Portugal. A Carta de 1826 representou um retrocesso em relação à Constituição de 1822, reduzindo direitos individuais e recuperando poder para a monarquia e nobreza. Ela foi promulgada por D. Pedro IV para manter a paz evitando conflito entre liberais e absolutistas após a morte de D. João VI.
Após leitura atenta do documento 11 (páginas 82-83) e do documento 23 (página 93) do
Manual, responda às seguintes questões:
1) Identifique três características que distinguem a Constituição de 1822 da Carta Constitucional de 1826. 2) Explique os motivos/intenções que estão na origem das novas características da Carta Constitucional de 1826.
1) A primeira característica que distingue a Constituição de 1822 da Carta
Constitucional de 1826 é quem a promulga. Enquanto que a Constituição de 1822 foi elaborada pelas Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa e depois promulgada pelo rei D. João VI , a Carta Constitucional de 1826 é promulgada pelo rei D.Pedro IV("Dom Pedro, por Graça de Deus Rei de Portugal, dos Algarves (...) Faço saber a todos os meus súbditos que sou servido decretar, dar e mandar jurar imediatamente pelas três Ordens do Estado a Carta Constitucional abaixo transcrita”) Sendo então a Carta Constitucional o contrário das Constituições que são aprovadas pelos representantes do povo seria de esperar uma recuperação do poder real e dos privilégios da nobreza (“Garante a nobreza hereditária e suas regalias”). A separação dos poderes na Constituição de 1822 é mais eficiente uma vez que o poder legislativo reside nas Cortes com dependência da sanção do rei; o poder executivo está no rei e nos secretários de estado, que o exercitam debaixo da autoridade do rei e o poder judicial reside nos juízes (“nem as Cortes nem o rei o poderão executar em caso algum”). Na Carta Constitucional a separação dos poderes é posta em causa quando o poder moderador compete ao rei, podendo este nomear os pares, convocar Cortes, suspender magistrados, conceder amnistias, perdões e vetar, a título definitivo, as resoluções das Cortes (“Art.13.º- O poder legislativo compete às Cortes com a sanção do rei (...) Art.71.º- O poder moderador é a chave de toda a organização política e compete privativamente ao rei, como chefe supremo da Nação, para que incessantemente vele sobre a manutenção da independência equilíbrio e harmonia dos mais poderes políticos.”) Outra característica que distingue a Constituição da Carta Constitucional é a composição das Cortes, na primeira as Cortes são onde a verdadeia soberania residia e são constituídas por uma Câmara única, sendo os seus deputados legalmente eleitos e representantes da Nação (indivíduos do sexo masculino, maiores de 25 anos, que soubessem ler e escrever), (“Art 105.º- A iniciativa direta das leis somente compete aos representantes da Nação juntos em Cortes. Podem, contudo, os secretários de Estado fazer propostas, as quais, depois de examinadas por uma comissão das Cortes, poderão ser convertidas em projetos de lei”). Na Carta Constitucional as Cortes compunham-se por 2 câmaras, sendo a Câmara dos Deputados eleita através do sufrágio indireto, por individuos do sexo masculino, que tivessem pelo menos uma renda líquida anual de cem mil réis (“Art.63.º- As nomeações dos deputados para as Cortes Gerais serão feitas por eleições indiretas, elegendo a massa dos cidadãos ativos, em assembleias paroquiais, os eleitores de província, e estes os representantes da Nação.(...) Art.65.º- São excluídos de votar nas assembleias paroquiais (...) os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis, por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos). Os membros da Câmara do Pares são nomeados a título vitalício e hereditário (alta nobreza; alto clero; o príncipe real e os infantes). Mas a diferença que é, provavelmente, a mais notada é o reconhecimento dos direitos e dos deveres do indivíduo, que na Carta Constitucional, ao contrário da Constituição de 1822 (“ Art.1.º- A Constituição política da Nação Portuguesa tem por objetivo manter a liberdade, segurança e propriedade de todos os Portugueses”), são colocados em segundo plano, no final do diploma (“ Art.145.º- A inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses, que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela constituição do Reino, pela maneira seguinte: Ficam abolidos todos os privilégios que não forem essencial e inteiramente ligados aos cargos por utilidade pública; É garantido o direito de propriedade em toda a sua plenitude (...) Garante a nobreza hereditária e suas regalias”). Podemos dizer então, que a carta constitucional representava um manifesto retrocesso relativamente à Constituição de 1822.
2) D. João VI morre a 10 de Março de 1826 o que resulta num problema de
sucessão, uma vez que o seu filho mais velho, D. Pedro, era imperador do Brasil e o mais novo, D. Miguel encontrava-se exilado em Viena de Áustria depois dos seus feitos em defesa do absolutismo. Acabou por ser a sua filha mais velha, D. Isabel Maria, que ficou encarregue do Governo do país, no entanto esta considera que deve ser D. Pedro a herdar o trono e consequentemente D.Pedro é nomeado monarca, mas não querendo abdicar do seu reinado no Brasil, D.Pedro outorgou um novo diploma constitucional ( Carta Constitucional de 1826) e abdica os seus direito à coroa portuguesa a sua filha mais velha, D. Maria da Glória, de 7 anos, esta teria de celebrar esponsais com seu tio D. Miguel que ao regressar a Portugal juraria o cumprimento da Carta Constitucional e, de imediato, assumiria a regência do reino de Portugal e a função de lugar-tenente de D. Pedro. Portanto a Carta Constitucional é mais moderada e conservadora pois D. Pedro queria manter a paz; evitando a desunião da sociedade portuguesa, e apesar de não ter tido o efeito desejado, a carta representava um compromisso entre os liberais defensores da Constituição de 1822 e os absolutistas (daí a salvaguarda dos poderes da alta nobreza e a alta hierarquia religiosa, que eram os principais apoiantes do miguelismo/absolutismo). Sintetizando, D.Pedro outorga a Carta Constitucional com a intenção de impedir o que ocorreu quando a Constituição de 1822 foi implementada, ao atacar e eliminar os privilégios de cariz económico e espiritual suscitou ódios das grandes ordens que engrossaram as fileiras da contrarrevolução absolutista.