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Aluno: Levi Siqueira de Lima

Curso: Direito
Turma: 1º Período - Manhã
Data de entrega: 5/06/2020
Disciplina: História do Direito
Professor: Helder Felipe

Evolução dos Direitos Fundamentais

Questão 1: Qual a justificativa para apontarmos o século XVIII como o período da


história em que surgiram os direitos fundamentais, desprezando-se experiências
anteriores como a Magna Carta Inglesa de 1215?

Por duas razões: (1) documentos como a Magna Carta, de 1215, o Petition of Rights, de 1629
e, especialmente, o Bill of Rights, de 1689, eram ou são declarações destinadas a garantir
privilégios e prerrogativas a uma classe - a nobreza, como mostra o exemplo da Magna Carta
- ou, no caso do Bill of Rights de 1689, de um órgão, o Parlamento. Tais declarações não eram
de direito no sentido atual do termo; (2) as declarações de direitos, em seu sentido atual,
pressupõem a vinculação de todos os poderes estatais - incluindo o poder legislativo - a suas
disposições, o que não ocorria na Inglaterra até o advento do Human Rights Act de 1998. Mas
isso não culminou, contudo, na promulgação de uma verdadeira declaração de direitos, o que
ocorreria somente em 1776, nos Estados Unidos da América, e em 1789, na França.

Questão 2: Quando o discurso dos direitos fundamentais chegou ao Brasil?

No final do século XVIII o debate europeu e as ideias Iluministas circulavam amplamente no


Brasil, inspirando movimentos libertários e republicanos como a Inconfidência Mineira
(1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817).

A Lei Orgânica de 1817, apesar de negligenciada pela historiografia constitucional brasileira,


é documento que se reveste de significativa importância, pois foi formulada com as aspirações
liberais da Revolução Francesa, em especial o artigo 16 da declaração dos direitos do Homem
e do Cidadão, que inspiraram, por exemplo, a Lei Orgânica de Pernambuco de 1817, com
ideias de separação de poderes e proteção dos direitos fundamentais. Mas que o que
prevaleceu foi a versão dada pela Coroa Portuguesa que fez questão de sufocar esse
movimento e validar apenas a Constituição Imperial de 1824 como primeira experiência
constitucional digamos oficial.

A Lei Orgânica (Constituição da República de Pernambuco) instituída pelo Governo


Provisório da República de Pernambuco, é vertida em 28 artigos, consagrando uma
organização político-institucional que consagrava distintas esferas de atribuições,
estabelecendo funções executivas, legislativas e jurisdicionais. A Lei Orgânica estabelece que
“Os poderes de execução estão concentrados no Governo Provisório, enquanto não se conhece
a Constituição do Estado, determinada pela Assembleia Constituinte que será convocada
assim que se incorporarem as comarcas que formavam a antiga capitania e ainda não têm
abraçado os princípios da independência” (Art. 1º). Para o exercício da função legislativa a
Lei Orgânica criou um “Conselho permanente composto de seis membros, dentre os patriotas
de mais probidade e luzes em matérias de administração pública, e que não sejam parentes
entre si, até segundo grau canônico” (Art. 2º) A Lei Orgânica se preocupou ainda com a
estruturação primária do Poder Executivo, criando “duas secretarias, uma para o expediente
dos negócios do Interior, Graça, Polícia, Justiça e Cultos. Outra para o expediente dos
negócios da Guerra, Fazenda, Marinha e Negócios Estrangeiros” (Art. 8º). Para a Justiça, a
Lei Orgânica estabelece níveis jurisdicionais distintos, com a previsão de juízes de primeira
instância (Art. 13) e um Colégio Supremo de Justiça, situado na capital do governo e com
competência para decidir em última instância as causas cíveis e criminais (Art. 15). Para os
crimes militares, havia previsão de Comissão Militar, presidida pelo General das Armas. (Art.
20).

Do ponto de vista da enunciação de direitos, o texto da Lei Orgânica trouxe ainda disposições
referentes à liberdade religiosa e à liberdade de imprensa. No que se refere à liberdade
religiosa, a despeito de estabelecer a religião Católica Romana como “religião do Estado”,
entende como “toleradas” todas as demais seitas cristãs de qualquer denominação (Art. 23). A
Lei Orgânica proclama no Art. 25 a liberdade de imprensa, determinando, contudo, limites ao
seu exercício, ficando “o autor de qualquer obra e seu impressor sujeito a responder pelos
ataques feitos à Religião, à Constituição, bons costumes e caráter dos indivíduos na maneira
determinada pelas leis em vigor.”

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