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TEXTO ÁUREO

“Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.”


(SI 119.107)
 
VERDADE PRÁTICA
Os livros históricos e poéticos mostram a soberania e a sabedoria
divinas. O relato dessas verdades produz fé e esperança em
nossos corações.
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Deuteronômio 6.20-25; Salmos 119.105-108
 
INTRODUÇÃO
A Bíblia faz uso de gêneros literários para expressar a revelação
divina. Para contar as histórias do povo de Deus, os livros
históricos servem-se da literatura chamada de “narrativa”. Os
livros poéticos e de sabedoria recorrem ao “texto lírico” com o
propósito de despertar sentimentos. Em vista disso, na lição de
hoje, estudaremos as experiências e as instruções relatadas
nesses livros, cuja mensagem fortalece os nossos corações.

COMENTÁRIO

Na Bíblia encontramos diversos gêneros literários e figuras de linguagem em


abundância. Quanto aos gêneros literários podemos mencionar Evangelhos,
Epístolas, Profecia, Parábolas, Apocalipse, Salmos, Narrativas do Antigo
Testamento, Leis, Sabedoria, Poesia, Atos, dentre outros. ‘Gênero’ é um
padrão de linguagem, que tanto pode ser oral quanto escrito, que se repete e
pode ser reconhecido a partir de certas características. É, a rigor, uma
abstração teórica baseada na observação de exemplos concretos específicos.
Em outras palavras, de tanto ver poesia, a pessoa acaba por aprender o que é
poesia. Os antigos conheciam três gêneros literários: poético, épico, dramático.
Um gênero não pode ser reduzido a um conjunto de informações. Dividem-se
assim os diversos gêneros literários encontrados na Bíblia:

a) narrativo-didático

b) narrativo-histórico

c) Legislativo

d) Sapiencial

e) Profético
f) Salmos

g) Apocalíptico.

 
I – AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO
 
1. Os livros históricos. Após a morte de Moisés, Deus chamou
Josué para liderar o povo na conquista da Terra Prometida (Js
1.1,2). As gerações seguintes, para assegurar a herança,
disputaram o espaço com outras nações. Os registros dessa
experiência com Deus, e da posse da terra, são chamados de
“livros históricos”. São um total de 12 volumes, que retratam a
história de Israel desde a entrada em Canaã (cerca de 1400 a.C.)
até o tempo de Esdras e Neemias (cerca de 400 a.C.). Nesse
período, Israel experimentou a providência, a proteção e o juízo
divino. Esses relatos demonstram que Deus controla o curso da
história (Js 21.45).

COMENTÁRIO
Os Livros Históricos da Bíblia são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2
Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Todos esses livros fazem parte
do Antigo Testamento. Os estudiosos também consideram o livro de Atos dos
Apóstolos como o livro histórico do Novo Testamento. Os Livros Históricos do
Antigo Testamento registram a história do povo de Israel desde a conquista da
Terra Prometida sob a liderança de Josué, até a restauração de Jerusalém
após o cativeiro babilônico. Isso significa que a narrativa dos Livros Históricos
compreende um período de centenas de anos. Nesse espaço de tempo, os
Livros Históricos também relatam o início da monarquia em Israel com o reino
unificado, depois o reino dividido, e as quedas do Reino do Norte e do Reino do
Sul diante dos impérios assírio e babilônico respectivamente. Já o livro de Atos
dos Apóstolos no Novo Testamento, conta a história do início da Igreja Cristã.
Ele se concentra no período apostólico, após a ascensão de Jesus ao Céu. Os
livros históricos não são simplesmente registro de fatos históricos, mas são a
Palavra de Deus nos dias de hoje para os cristãos. Deus é Senhor do tempo e
do espaço, e portanto, soberano sobre a História da humanidade, razão com
que grande parte dos escritos sagrados de Israel tenham sido narrativas
históricas. A história é tão importante para o Cânon judaico quanto para o
Cristão. O Cânon cristão agrupa os livros de natureza predominantemente
histórica, livros que narram a história de Israel de um ponto de vista religioso.

 
2. As histórias dos Juízes. Depois de Josué, os juízes
governaram Israel até ao profeta Samuel (At 13.20). São cerca de
400 anos de história com a atuação de doze líderes (Jz 3.11-
16.30). Nessa época não havia rei em Israel (Jz 18.1); e cada um
andava como queria (Jz 21.25). Por essa razão, a nação entrou
em declínio espiritual e fez “o que parecia mal aos olhos do
Senhor” (Jz 3.7). Como resultado, os israelitas foram subjugados
pelas nações vizinhas (Jz 3.8,12; 6.1; 10.7). Apesar disso,
mediante o arrependimento do povo, Deus levantava libertadores
para resgatar Israel da opressão (Jz 3.9,15; 6.7; 10.10). Essas
histórias apontam para a fidelidade e a misericórdia divina (2 Tm
2.13).

COMENTÁRIO

De acordo com a tradição judaica foi atribuída ao profeta Samuel a autoria de


Juízes. O livro de Juízes revela o estado degenerado em que Israel se
encontrou após a conquista da terra prometida. Sendo também vítima de
transigência religiosa. O Livro de Juízes é o segundo livro dos Primeiros
Profetas no cânon judaico, e em nosso cânon o segundo livro histórico. A
palavra hebraica traduzida por Juízes significa os que julgam ou governam
(líderes), libertadores, ou salvadores. O livro de Juízes recebeu esse nome por
nele estarem registrados o trabalho de pessoas levantadas por Deus para
salvar as tribos de Israel dos seus inimigos (2.16). Essas pessoas além de
Julgar o povo, executavam julgamento de Deus sobre os inimigos de Israel,
eram líderes e libertadores. Exerciam funções judiciais e orientavam os
exércitos de Israel contra o inimigo. Portanto, eles ditavam as normas à nação
e sustentavam a causa de Jeová. Historicamente o livro de Juízes relata a
história de Israel na terra prometida, sob o governo de treze juízes, desde a
morte de Josué até os dias de Eli e Samuel. Teologicamente mostra o declínio
espiritual e moral das tribos de Israel ao conquistarem a terra prometida. Nessa
época a vida moral de Israel estava em declínio, e Javé apesar de ser
considerado o Deus do povo, muitas vezes foi cultuado como um dos deuses
de baal. Não se sabe ao certo de quem é a autoria dos Juízes, alguns indícios
indicam que o livro de Juízes foi escrito depois da remoção da arca, de Siló,
nos tempos de Eli e de Samuel, no tempo da monarquia quando Jerusalém
ainda estava em poder dos jebuseus, e concluído depois do início do reinado
de Saul (c. 1050 a.C.). O Talmude judaico, atribui a autoria de Juízes a
Samuel, pois o livro ressalta a realidade histórica da profecia de Moisés
referente a opressão que viria da parte de Deus sobre Israel como maldição
caso eles abandonassem o concerto (Dt 28.25, 33, 48).

 
3. As histórias dos Reis. Por volta do ano 1050 a.C., Deus
constituiu Saul como rei em Israel (1 Sm 8.5; 9.17). Porém, Saul
fracassou (1 Sm 16.1). Então, Davi foi escolhido e recebeu a
promessa de um reino que não teria fim (2 Sm 7.16). Salomão lhe
sucedeu, e após a sua morte, o reino se dividiu: Israel no Norte; e
Judá no Sul. Ambos os reinos, rebelaram-se contra Deus, e foram
para o exílio. Em 722 a.C., Israel foi conquistado pelos Assírios.
Em 586 a.C., Judá caiu diante da Babilônia. Contudo, em 539
a.C., cumprindo sua promessa, Deus restaurou o trono de Davi. E,
do reino de Judá, a esperança messiânica se cumpriu em Jesus
(Lc 1-3 2 ,33). Essas narrativas mostram que os planos do Senhor
não podem ser frustrados (Jó 42.2).

COMENTÁRIO

Os livros de Reis narram a história da monarquia de Israel desde Salomão até


a tomada de Jerusalém por Nabucodonosor e seu poderoso exército babilônico
em 587 a.C. Neste livro a obediência encontra-se em contraste com a
desobediência mostrando assim as suas consequências. Primeiro e Segundo
Reis, iniciam com a história do rei Salomão (970 a.C.) ao exílio babilônico (586
a.C.). Primeiro Reis relata a história de 120 anos que são quarenta anos do
reinado de Salomão e aproximadamente os primeiros oitenta anos após a
divisão do reino. No cânon judaico bem como no Antigo Testamento hebraico,
Primeiro e Segundo Reis formavam um só livro. Esses livros estão entre os
profetas anteriores no cânon judaico e no cânon protestante, entre os livros
históricos. Seu conteúdo é continuação da história registrada nos livros de
Samuel. Não se pode afirmar com segurança, mas a impressão que se tem é
que o livro é obra de um único autor, e que o mesmo foi testemunha da queda
de Jerusalém, todavia a tese mais provável é a que atribui essa autoria ao
profeta Jeremias, o qual deu por finalizada a obra provavelmente antes de 538
a.C. O objetivo de Primeiro e Segundo Reis era prover ao povo hebreu uma
versão bíblica de sua história, para que assim pudessem entender a divisão da
nação em 930 a.C., a queda do Reino do Norte, Israel, em 722 a.C., e a queda
do reino davídico e Jerusalém em 586 a.C. O livro de Segundo Reis cobre um
período de cerca de 300 anos desde o reinado de Acazias (o nono rei de Israel)
853 a.C. até a libertação do rei Joaquim em 560 a.C. Registra os últimos 130
anos da história de Judá, que durou 345 anos, e relata os motivos que levaram
à queda dos reinos de Israel e Judá. Por se tratar originalmente de um único
livro, e por se atribuir a autoria de Primeiro Reis a um único autor,
provavelmente o autor de Primeiro Reis é o mesmo de Segundo Reis. Com o
mesmo conteúdo de Primeiro Reis, Segundo Reis continua o registro da
história escrita nos livros de Samuel. O Título Reis é derivado da tradução
latina de Jerônimo (Vulgata), em referência aos reis que governaram durante
esse período.

 
II – OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO
TESTAMENTO
 
1. Os livros sapienciais e poéticos. Cinco livros do Antigo
Testamento são chamados de “escritos sapienciais” e “poéticos”
porque ensinam a sabedoria por meio da poesia ou da prosa, são
eles: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.
Eclesiastes foi escrito quase todo em prosa e os outros livros
foram redigidos, em sua maioria, em forma de poesia. De modo
geral, a prosa retrata o modo como normalmente falamos. E a
poesia expressa sentimentos e pensamentos mediante versos
que atingem o intelecto e as emoções. Na Bíblia, esse gênero
literário trata da aplicação da verdade divina à experiência
humana, refere-se à sabedoria prática mais do que teórica (Jó
28.28; Sl 19.7; Pv 23.12; Ec 7.12, Ct 8.7).

COMENTÁRIO

São chamados “sapienciais” porque de um modo ou de outro estão envolvidos


com o tema da sabedoria. Este conjunto compreende os livros de Jó, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão; nas Bíblias de versões
católicas também aparecem Eclesiástico e Sabedoria. Os livros Hagiógrafos do
Antigo Testamento são para os judeus o que nós chamamos de Livros Poéticos
e compreendem: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, e Cantares, alguns dos
nossos estudiosos incluem neste grupo as Lamentações de Jeremias. No
cânon hebraico tradicional, contudo, apenas Jó, Salmos, e Provérbios são
chamados de “poesia”. Eclesiastes e Cantares fazem parte do grupo de livros
chamados “os rolos”, lidos anualmente por ocasião das 5 festas sagradas dos
judeus. Estes livros não são chamados poéticos por romancearem seus relatos
ou por tratarem de assuntos imaginários ou irreais, mas este nome se deve à
forma literária em que foram escritos, à elegância do estilo e das expressões
usadas e ao Paralelismo de ideias.

 
2. Eclesiastes, Provérbios e Jó. O tema de Eclesiastes está na
frase “é tudo vaidade” (Ec 1.2), indicando a efemeridade da vida
humana. Por isso, ao final, o autor declara que o sentido da vida é
“ teme a Deus e guarda os seus mandamentos” (Ec 12.13). O
tema de Provérbios afiança que “o temor do Senhor é o princípio
da ciência [sabedoria]” (Pv 1.7), ensinando que observar os
princípios divinos nos faz pessoas sábias. Portanto, ao concluir, o
escritor enfatiza que uma pessoa temente a Deus é digna de ser
honrada (Pv 31.30). O tema de Jó é o sofrimento (Jó 1.21),
mostrando que a dor não é racional e que é preciso sempre
confiar no Senhor.

 
COMENTÁRIO

Eclesiastes: - O título de Eclesiastes é uma tradução grega do hebraico


qôhelet, significando “aquele que convoca uma congregação” a fim de pregar
para ela. Por isso, a expressão “pregador” usada por alguns é perfeitamente
adequada (Ec 1.1). O livro afirma “que sua sabedoria vem do ‘único pastor’, e
que ao ultrapassar os limites de tal sabedoria, o pretendente a sábio deve
exercer o máximo de cuidado (Ec 12.11ss)”. Assim como Ester, o nome do livro
não é o nome do seu autor, mas do seu personagem principal.

Provérbios: - na Bíblia hebraica, o título é "Provérbios de Salomão", como


também na versão grega, a Septuaginta. O livro reúne os 513 provérbios mais
importantes dentre os mais de 3.000 expostos por Salomão (lRs 4.32; Ec 12.9),
ao lado de alguns provérbios de outros autores que certamente foram
influenciados por esse rei. A palavra "provérbio" significa "ser como"; assim,
Provérbios é um livro de comparações entre as imagens comuns e concretas
da vida com suas verdades mais profundas. Os provérbios são declarações (ou
ilustrações) morais simples que destacam e ensinam as realidades
fundamentais da vida. Salomão buscava a sabedoria de. Deus (2Cr 1.8-12) e
forneceu "ditos práticos" criados para levar os homens a contemplar 1) o temor
de Deus e 2) a vida segundo a sabedoria divina (1.7; 9.10). A síntese dessa
sabedoria está personificada no Senhor Jesus Cristo (ICo 1.30).

Jó: - Como acontece com outros livros da Bíblia, Jó traz o nome do


personagem principal da narrativa. Esse nome pode ter derivado da palavra
hebraica usada para "perseguição”, significando, assim, "o perseguido", ou de
uma palavra árabe que significava "arrepender-se", designando, dessa
maneira, "o arrependido". O autor relata uma época na vida de Jó em que ele
foi testado e o caráter de Deus, revelado. Escritores do Novo Testamento citam
Jó diretamente por duas vezes (Rm 11.35; ICo 3.19); adicionalmente, Ez
14.14,20 e Tg 5.11 mostram que Jó foi uma pessoa real. O livro não menciona
o nome de seu autor Jó é um candidato improvável porque a mensagem do
livro está baseada na sua ignorância quanto ao que havia acontecido no céu e
qual a relação desses acontecimentos com suas aflições. Uma tradição
talmúdica sugere Moisés como o autor, já que a terra de Uz (1.1) ficava
próxima de Midiã, onde Moisés viveu por 40 anos, e poderia ter obtido um
registro da história nesse lugar. Salomão também é uma boa possibilidade
tanto pela semelhança do conteúdo com partes do livro de Eclesiastes, como
pelo fato de que Salomão escreveu os outros livros de sabedoria (com exceção
do de Salmos, do qual foi o autor apenas dos SI 72 e 127). Apesar de ter vivido
bem depois de Jó, é possível que Salomão tenha escrito sobre acontecimentos
que tiveram lugar muito antes de sua época, da mesma maneira que Moisés foi
inspirado a escrever sobre Adão e Eva. Eliú, isaías, Ezequias, Jeremias e
Esdras também têm sido sugeridos como possíveis autores, mas sem apoio.

 
3. Salmos e Cantares de Salomão. Salmos em hebraico significa
“louvor” e sinaliza que a mensagem principal do livro é louvor,
oração e adoração. Também é um livro de instruções, porque nos
mostra como servir ao Senhor. E ainda fala profeticamente acerca
do Messias. Nesses aspectos, considera-se como verso-chave o
Salmos 29.2: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai
o Senhor na beleza da sua santidade”. O livro de Cantares ilustra
o compromisso, a intimidade e o amor que deve existir no
casamento. Refere-se ao plano original de Deus acerca do
relacionamento conjugal. O versículo-chave sintetiza o ideal da
fidelidade entre marido e a sua mulher: “Eu sou do meu amado, e
o meu amado é meu” (Ct 6.3).

COMENTÁRIO

Salmos: - No texto hebraico, a coleção completa dos Salmos chama-se


"Louvores". Mais tarde, os rabinos passaram a chamá-la de "O livro dos
louvores". A Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento, chamou-a de
"Salmos". O verbo grego do qual o substantivo "salmos" deriva indica,
basicamente, "tocar ou tanger em cordas", o que sugere uma associação com
acompanhamento musical. O título em português deriva do te fino grego e seu
contexto. Os Salmos constituíam o antigo "hinário" de Israel inspirado por Deus
(2Tm 3.16), que definia o espírito apropriado e o conteúdo da adoração. Há
116 salmos que contêm inscrições ou "títulos". O texto hebraico inclui esses
títulos nos próprios versículos. Quando os títulos são observados
individualmente e estudados como um fenômeno geral, encontramos
importantes indicações de que foram acrescentados aos seus respectivos
salmos logo após a sua composição, e que esses títulos contêm informações
confiáveis. Esses títulos transmitem vários tipos de informação como autoria,
dedicatória, contexto histórico, indicação litúrgica para um líder de adoração,
instruções litúrgicas, mais outras informações técnicas de significado incerto
por serem muito antigas. Uma preposição hebraica bem pequena aparece
anexada na maioria dos títulos dos Salmos. Ela pode transmitir diferentes
relacionamentos, como, por exemplo, "de", "ao”, "para", "em referência a",
"sobre". Às vezes, ela aparece mais de uma vez, até mesmo em títulos curtos,
normalmente comunicando "de” ou "por" Fuiano... "para" a informação de
Beltrano... Todavia, na maioria das vezes, essa pequena preposição indica a
autoria de um salmo, seja "de" Davi, o perfeito salmista de Israel, ou "por"
Moisés, Salomão, Asafe ou os filhos de Corá. Da perspectiva divina, o saltério
aponta para Deus como seu autor. Considerando a autoria a partir do lado
humano, pode-se identificar uma lista de mais de sete compositores. O rei Davi
escreveu pelo menos 73 dos 150 salmos. Aos filhos de Corá são atribuídos dez
(SI 42; 44—49; 84—85; 87); e Asafe contribuiu com 12 (SI 50; 73—83). Entre
os outros autores estão Salomão (SI 72; 127), Moisés (SI 90), Hemã (Sl 88) e
Etã (SI 89). Os 50 salmos restantes permanecem anônimos em sua autoria,
ainda que se considere que Esdras seja o autor de alguns. O período dos
salmos se estende de Moisés, c. 1410 a.C. (SI 90) ao período pós-exílio do
final do século 6º ou começo do século 5º (SI 126), que abrange c. 900 anos da
história judaica.

Cântico dos Cânticos de Salomão: - A versão grega (Septuaginta) e a versão


latina (Vulgata) seguem o hebraico (texto massorético) com a tradução literal
das duas primeiras palavras em 1.1 — "Cântico dos cânticos". Algumas
versões na nossa língua traduziram como "Cantares de Salomão", fornecendo,
desse modo, o sentido completo de 1.1. O superlativo, "Cântico dos cânticos",
indica que esse cântico é o melhor dentre as 1.005 obras musicais de Salomão
(lRs 4.32). A palavra traduzida por cântico normalmente se refere à música que
honra ao Senhor (cf. ICr 6.31-32; Sl 33.3; 40.3; 144.9). Salomão, que governou
o reino unido por 40 anos (971-931 a.C.), é citado pelo nome sete vezes nesse
livro (1.1,5; 3.7,9,11; 8.11-12). Diante de suas habilidades de escritor, do seu
talento musical (lRs 4.32), e do significado de autoria, e não de dedicatória, de
1.1, essa parte da Escritura pode ter sido escrita em qualquer momento
durante o seu reinado. Uma vez que as cidades do norte e do sul são citadas
nas descrições e viagens de Salomão, tanto o período retratado como a época
em que o livro foi escrito apontam para o reino antes de sua divisão, o que
ocorreu após o término do seu reinado. Como essa parte das Escrituras
contém um cântico escrito por um único autor, é melhor considerá-la como um
acréscimo à literatura poética e de sabedoria em vez de uma série de poemas
de amor sem um tema ou autor comum.

 
III – UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO
 
1. Uma mensagem de soberania. A Bíblia descreve o que Deus
fez na vida das pessoas e por meio delas. Por exemplo, Deus
conduziu Josué na travessia do Jordão (Js 3.13). O feito
favoreceu o acesso à Terra Prometida (Js 5.1). Deus levantou
nações para punir a rebeldia de seu povo e ainda proveu o meio
de escape, a fim de evitar a extinção da nação eleita (Rm 9.29).
Ele resgatou da Babilônia o remanescente conforme a promessa
feita a Davi (Ed 9-13). Foi Ele que conservou a nação de Judá e
assim preparou o caminho para a vinda do Messias prometido (At
13.17-23). Assim sendo, nosso coração deve se aquietar, porque
Deus é soberano, Ele age na história e nada acontece fora da sua
vontade (Mt 10.29,30).

COMENTÁRIO

A soberania indica o domínio absoluto de Deus sobre todas as obras criadas: a


terra, os céus, a vastidão do universo, os seres espirituais, os animais, os
homens, e sobre todo o curso da história: “Do SENHOR é a terra e a sua
plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1); “o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4.25). A soberania é demonstrada,
dentre outros atributos, pela sua Onipotência que executa o plano eterno e
opera no controle de tudo e de todos (Rm 9.15-19). O termo soberania, denota
uma situação em que uma pessoa, com base em sua dignidade e autoridade,
exerce o poder supremo, sobre qualquer área, em sua província, que esteja
sob a sua jurisdição. Um “soberano” pois, exerce plena autonomia e
desconhece imunidades rivais.
 
2. Uma mensagem de sabedoria. Deus é a fonte da sabedoria
(Pv 2.6), e o propósito da sabedoria é agradar a Deus (Pv 3.5).
Desse modo, todo o conselho prático está subordinado à
sabedoria divina. Dentre eles, citam os: andar retamente (Pv 2.7);
fugir da luxúria (Pv 2.16); não ser preguiçoso (Pv 6.6); manter boa
reputação (Pv 22.1); tomar cuidado no falar (Ec 5.2); não confiar
no dinheiro (Ec 5.10); viver com alegria (Ec 9.7); remir o tempo
(Ec 12.1); manter a integridade (Jó 1.22); aceitar a repreensão (Jó
5.17); confiar no Senhor (Jó 19.25); e desfrutar do verdadeiro
amor (Ct 8.7). No entanto, essas ações não devem ser
observadas de forma legalista, elas devem ser o resultado do
toque divino no coração humano (Pv 4.23).

COMENTÁRIO

Como já visto nesta obra, a sabedoria é a habilidade de aplicar o conhecimento


para fazer escolhas certas no momento oportuno. Refere-se à prática da
prudência que ultrapassa o mero conhecimento intelectual ou acadêmico. A
Bíblia Sagrada ensina que temer ao Senhor e observar os seus preceitos nos
fazem viver como pessoas sábias (Ef 5.15) e os que rejeitam ao Senhor e sua
Palavra vivem na ignorância (Sl 14.1).18 Nos chamados livros “sapienciais” ou
‘poéticos”, Deus inspirou seus autores para nos agraciar com uma mensagem
de sabedoria a ser executada em nosso viver diário.

CHAMPLIN defende: «…e, sim, como sábios…» Neste ponto é empregada a


palavra que usualmente significava «sábio», isto é, “«sophos», ainda que em
sentido espiritual. Essa palavra indica aqueles que foram espiritualmente
iluminados, para que se tornem sábios, dotados de discernimento. Os atos de
Deus são todos efetuados com base na sabedoria, conforme o trecho de Efé.
1:8, onde também tal termo é comentado. Notemos que viver no pecado é
demonstração de loucura; e que viver na retidão é prova de sabedoria. A
totalidade do N.T. é demonstração das razões pelas quais as coisas são assim.
O texto presente vincula as «trevas» e a «morte» com a «insensatez do
pecado», ao mesmo tempo que a «vida» e a «luz» são ligadas à «sabedoria da
santidade». E nossa consciência também faz essa equiparação. E aquele que
no homem interior testifica sobre essa verdade é o Espírito Santo. Cumpre-nos
observar que este versículo é paralelo de Col. 4:5” CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 623
.

 
3. Uma mensagem de adoração. Os salmos possuem a
peculiaridade de expressar as mais profundas emoções do
coração humano, tais como: medo, angústia e tristeza (SI 116.3);
força, segurança e alegria (SI 118.14). Também refletem o ideal
divino da espiritualidade e adoração. Entre outros retratos da vida
espiritual, destacam-se: o coração que confia (SI 3.3); o coração
contrito (SI 6.1); o coração que glorifica (SI 8.1), o coração
agradecido (Sl 30.1), e o coração arrependido (Sl 51.1). A fim de
manter a verdadeira adoração em todas as circunstâncias da vida,
o salmista descreveu a conduta por ele adotada: “Escondi a tua
palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).

COMENTÁRIO

As Escrituras ensinam que somente o Deus único e verdadeiro deve ser


adorado (Êx 20.1-5). A adoração faz parte do culto prestado a Deus tanto
individual como coletivo. Em geral, os elementos da adoração compreendem a
oração, o louvor, os cânticos, o meditar na Palavra de Deus, dentre outros. O
Dicionário Vine esclarece que a palavra hebraica sãhãh ocorre mais de 170
vezes no Antigo Testamento sendo “usada como termo comum para se referir
a ir diante de Deus em adoração (Jr 7.2)”. No Novo Testamento, o verbo grego
proskuneõ é empregado 59 vezes com o significado de adorar (cf. Mt 2.2,8,11;
4.10; Jo 4.21-24; 9.38; 1 Co 14.25; Hb 1.6; Ap 4.10; 5.14; etc.).

Ainda CHAMPLIN: “Guardo no coração as tuas palavras. Qualquer criança que


frequente a escola dominical conhece este versículo e qualquer crente adulto
também o conhece, mas porventura nós o observamos? Este versículo é
largamente usado para falar sobre a sabedoria da memorização da Bíblia e,
embora provavelmente não seja esse o sentido pretendido, é uma boa
aplicação.  Naturalmente, este versículo fala sobre a lei, empregando a terceira
das dez palavras listadas no vs. 1. Guardo. Isto é, “escondo” (conforme diz a
Revised Standard Version), aludindo à metáfora de um tesouro escondido. O
homem que tem o tesouro escondido em seu coração tem menor inclinação a
ceder à tentação. “A palavra de Cristo deve habitar nele ricamente. Caso
contrário, em breve ele pode ser surpreendido por algum pecado teimoso”
(Adam Clarke, in loc.). Habite ricamente em vós a palavra de Cristo, instrui-vos
e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com
salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão em vossos
corações” CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag.
2433
.

 
CONCLUSÃO
A experiência do povo de Deus na conquista e posse da Terra
Prometida aponta para a soberania divina. O texto bíblico em
prosa e poesia revela a sabedoria divina, que deve ser aplicada
em nosso viver diário. Essa mensagem alegra o nosso coração,
serve de bom remédio, e conserva saudável nosso espírito, alma
e corpo (Pv 17.22).

COMENTÁRIO
Nos escritos sapienciais, não só se escuta a voz dos sábios de Israel, mas
também, às vezes, se deseja ouvir a dos sábios de outros povos (Pv 30.1
31.1). E, em certas ocasiões, inclusive a Sabedoria (personificada) fala e
convida a todos a receberem o seu ensinamento, que é tesouro de valor
incomparável (Pv 8.10-11). Como uma diligente dona de casa, a Sabedoria
preparou um banquete do qual deseja que todos participem (cf. Pv 9.1-6). Em
contraposição a ela, e também personificada, a Loucura tenta atrair com
seduções e falsos encantos os ingênuos e os inexperientes (Pv 9.13-18). Numa
etapa posterior da sua história, o povo hebreu identificou a sabedoria com a Lei
(lit. “instrução”) promulgada por Moisés no monte Sinai. Assim, Pv 1.7
estabelece que “o temor do SENHOR é o princípio do saber” (cf. Sl 111.10 Pv
9.10) e Jó 28.28 afirma que “o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se
do mal é o entendimento”, o que contém uma admoestação característica da lei
mosaica e também de toda a Bíblia. Jó havia feito a ligação que os outros não
haviam conseguido. Conquanto as características específicas da sabedoria de
Deus possam não ter sido reveladas a nós, o alfa e o ômega da sabedoria está
em reverenciar a Deus e evitar o pecado (SI 111.10; Pv 1.7; 9.10; Ec 12.13-14),
deixando as perguntas não respondidas para ele, em confiante submissão.
Tudo o que podemos fazer é confiar e obedecer (Ec 12.13), e isso já é
sabedoria suficiente (essa é a sabedoria de Pv 1.7—2.9). Talvez uma pessoa
nunca venha a conhecer os motivos para os sofrimentos da vida.

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