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TEXTO ÁUREO
“A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na
verdade e amor.” (2 Jo 1.3)
VERDADE PRÁTICA
As epístolas apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem como para a formação dos
cristãos.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
Comentário
O termo grego epistole, traduzido para o português como “epístola”, indica uma
comunicação escrita, uma carta ou missiva de natureza formal. As Epístolas da
Bíblia apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem
como para a formação dos cristãos. Elas correspondem 21 dos 27 livros do
Novo Testamento. As treze escritas por Paulo são denominadas de “paulinas”.
As oito epístolas restantes são de outros autores e designadas de “gerais”.
Destinações
A epístola aos Filipenses é ligeiramente mais informal; porém, foi tão bem
preparada que é uma pequena peça de literatura clássica. Portanto, até mesmo
nesse caso a palavra «epístola» fica melhor do que a palavra «cartas. A
segunda e a terceira epistolas de João, no entanto, aproximam-se um pouco
mais das cartas comuns. Em contraste, a primeira epístola de João é uma
epistola autêntica. As cartas às sete igrejas da Ásia Menor (Apo. 2 e 3) com
frequência tem sido intituladas cartas; porém, o seu caráter formal e a sua
solenidade também as transformam em pequenas mas verdadeiras epistolas.
Composição e distribuição.
Classificações. Vinte e um dos vinte e sete livros são cartas, mais duas breves
cartas em atos (15.23-29; 23.26-30), e sete em Apocalipses (2.1-3.22), que
são, de acordo com Seitz, “simplesmente introduções literárias a um livro que é
em si mesmo moldado numa estrutura epistolar”. Juntos eles constituem mais
que um terço do NT. O Cristianismo é singular dentre todos os outros livros
sagrados do mundo, nenhum outro é composto de cartas.
I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM
1- Instruções salvíficas.
COMENTÁRIO
Na cruz de Cristo Deus revelou sua ira sobre o pecado e seu amor ao pecador.
A cruz de Cristo foi a justificação de Deus, uma vez que nela Deus satisfez
plenamente sua justiça violada. Se a ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversão dos homens, no evangelho a justiça de Deus se revela
para a salvação de todo o que crê.
A carta termina com uma longa lista de saudações, mostrando que a igreja
precisa ser um lugar onde florescem relacionamentos saudáveis, onde
devemos ter coração aberto, mãos abertas, casas abertas e lábios abertos
para abençoar uns aos outros (16.3-24). O fechamento da carta é uma
explosão doxológica na qual o apóstolo exalta a Deus por meio de Cristo.
Paulo aproveita essa situação para introduzir a doutrina da justificação pela fé.
Warren Wiersbe destaca que esta é a primeira vez que o termo justificação
aparece na epístola e, provavelmente, nos textos de Paulo, uma vez que
Gálatas deve ter sido a primeira carta escrita de Paulo. A grande pergunta é:
“Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2). A resposta é clara:
“O justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4). Este conceito é tão vital que três livros do
Novo Testamento o explicam para nós: Romanos (1.17), Gálatas (3.11) e
Hebreus (10.38).
John Stott tem razão ao dizer que ela é central na mensagem da epístola,
fundamental no evangelho pregado por Paulo e realmente essencial no próprio
cristianismo. Ninguém pode jamais entender o cristianismo sem entender a
justificação.
Ele chegou a dizer que, se o artigo da justificação for alguma vez perdido, toda
a verdadeira doutrina ficará perdida.
John Stott diz que a palavra “justificação” é um termo legal que foi tomado
emprestado dos tribunais. E exatamente o oposto de “condenação”. Condenar
é declarar uma pessoa culpada; “justificar” é declará-la sem culpa, inocente ou
justa. Na Bíblia, essa palavra significa o ato imerecido do favor de Deus por
meio do qual ele coloca diante de si o pecador, não apenas perdoando ou
isentando-o da culpa, mas também aceitando-o e tratando-o como justo.
Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que a justificação não é apenas
“perdão”, pois uma pessoa poderia ser perdoada e depois voltar a pecar e
tornar-se culpada novamente. Uma vez que fomos “justificados pela fé”, nunca
mais seremos declarados culpados diante de Deus.
CRISTO
As menções que Paulo faz a Jesus como “Cristo” (christos) também servem
para lembrar seus leitores da humanidade de Jesus, em especial, seu papel
como o Messias judaico. Quando Paulo enumera para os romanos alguns
privilégios característicos de Israel como povo de Deus, ele conclui com a
observação de que “dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a
carne” (Rm 9.5; cf. Ef 2.12). Em uma passagem anterior da epístola (Rm 1.3),
Paulo também faz essa afirmação quando conecta sua proclamação do
evangelho ao cumprimento de promessas referentes à Cristo, feitas pelos
profetas do Antigo Testamento.
COMENTÁRIO
Em Colossenses, Paulo sublinha que a “vossa vida está escondida com Cristo
em Deus” (Cl 3.3). Indica que Cristo é a vida do crente, e que essa nova vida é
de Cristo. O Comentário Bíblico Beacon avalia que “trata-se de uma realidade
para o crente e é realizada numa nova consciência e poder éticos para a
justiça”. Quem recebe essa graça deve despojar-se do velho homem e das
suas más obras, e revestir-se da nova natureza em Cristo (Cl 3.5-10). E, dessa
forma, a igreja está unida com Cristo em Deus, morta para os pecados e para o
mundo, e ressuscitada com Cristo (Cl 2.13-15; 3.1,2). Em suma, Cristo é tudo
em todos, Ele é a suficiência para todo cristão (Cl 3.11).
Efésios
Por isso, em Efésios 1.19-23, Paulo sustenta que como resultado da exaltação
de Cristo, todas as coisas estão submissas a Ele, e Ele é o Cabeça da igreja. O
governo de Jesus na igreja é, principalmente, a expressão de sua autoridade
no presente século. Nesse contexto, fica claro que o termo Cabeça não se
refere à origem de Cristo, mas a sua posição preeminente na igreja. Liderança
retrata autoridade, mas não o mero poder; antes, o termo enfatiza serviço, uma
vez que Jesus se derrama sobre sua igreja. Paulo retorna ao tema da
exaltação no capítulo 4.7-10, onde ele mostra que os dons da igreja refletem a
vitória alcançada por Cristo na exaltação, perspectiva semelhante à de Atos
2.30-36. Assim, a exaltação faz com que Cristo se derrame sobre a igreja
(1.23) e também conceda dons a ela (4.7-10). O Único com autoridade
continua a servir entregando a si mesmo da mesma forma como entregou sua
vida por nós (Mc 10.42-45).
Essa é uma forma mais elaborada de expressar o que Paulo diz sobre o
livramento, em Colossenses 1.12-14, e cidadania, em Filipenses 3.20,21. Na
verdade, o que é verdade para cada crente individual é verdade para todos
eles como comunidade. Eles compartilham juntos seus benefícios (2.5,6). O
que Deus faz por um, faz por todos. Esse é o fundamento da unidade deles em
Cristo (4.1-6).
Filipenses
Colossenses
Unido com seu corpo, a igreja. A igreja é tão identificada com Cristo e unida a
Ele que é chamada de seu “corpo”. Na verdade, Jesus procurou beneficiar
essa nova comunidade com sua própria morte. Para Paulo, sofrer em favor
dessa igreja representa cumprir as “aflições de Cristo” (1.24), pois quando a
igreja sofre (como corpo de Cristo), Cristo sofre (cf. At 9.1-6). Essa
identificação corporativa também pode ser expressa pelo fato de Cristo habitar
na comunidade, o grande mistério de Deus (Cl 1.29). Os membros dessa nova
comunidade não vivem mais para si mesmos, mas vivem para Ele e
representam a Ele (3.1-17).
COMENTÁRIO
William Hendriksen preceitua que não se deve perder de vista o pleno impacto
do verbo “aguardar”. Significa esperar feliz, com paciência e confiança. Não é
apenas crer que Jesus vai voltar. É estar preparado para a Sua volta. Quando
aguardamos um visitante, já deixamos tudo pronto para a sua chegada.
Preparamos o quarto de hóspedes, a agenda de atividades, nosso horário
disponível e outras obrigações, tudo de maneira a deixar a pessoa que nos
visita inteiramente à vontade. Assim também, aguardar o Filho de Deus que
virá dos céus implica um coração e uma vida santificada.’’ Concordo com
Warren Wiersbe quando diz que não esperamos “sinais”, mas sim o Salvador.
O pensamento chave aqui parece o de esperar por alguém cuja vinda foi
anunciada, talvez com a idéia adicional de paciência e confiança. O tempo
presente aponta para a espera contínua. “ A iminente volta do Senhor Jesus é
a esperança do cristão. Essa verdade está fartamente documentada no Novo
Testamento (Lc 12.36; Rm 8.23; ICo 11.26; 2Co 5.2; G1 5.5; Fp 4.5; Tt 2.13;
Hb 9.28; Tg 5.7-9; IPe 4.7; IJo 3.3; Ap 3.11; 22.7,12,20).
A ira de Deus não é orgulho ferido nem uma explosão de fiiria caprichosa. Não
é uma emoção descontrolada de uma pessoa zangada. Ao contrário, a ira de
Deus é uma justa reação diante da maldade. A ira de Deus sempre é dirigida
contra o mal e não é arbitrária e sem princípios.
Minha oração é que as marcas dessa igreja que nasceu num parto de dor, mas
cresceu vigorosamente e fez ecoar a mensagem do evangelho em todo o
mundo, possam ainda hoje inspirar novas igrejas a se voltarem para Deus e a
fazerem a obra de Deus com alegria, na dependência e no poder do Espírito
Santo.
COMENTÁRIO
Motivos e Propósitos
SINÓPSE I
AUXÍLIO DE BIBLIOLÓGICO
“Epístolas
1- As Epístolas de Pedro.
COMENTÁRIO
Uma das questões que mais atormentam o ser humano é: “Por que os justos
sofrem?” Embora se esforcem, os homens não conseguem uma resposta
satisfatória. Nessa mesma linha de pensamento, somos levados a perguntar
também: “Pòr que deu tudo errado, se procurei fazer a coisa certa?”
Jó tentou certa vez encontrar uma resposta (veja Jó 1.9,11; 2.4,5; 13.15,16;
19.25-27). Mas ao invés de lhe dar uma resposta clara, Deus limitou-se a
mostrar-lhe os mistérios da natureza (Jó 38-41). Apesar de não entender tais
coisas, o patriarca teve de aceitar integralmente a soberania divina. Afinal, o
Senhor tem o domínio, não só das coisas naturais, como também das
espirituais.
No final, o profeta teve de aprender que o justo deve viver pela sua fé. Através
da própria experiência, chegou à conclusão: ainda que fossem destruídos
todos os bens materiais, ele haveria de regozijar-se no Deus de sua salvação.
Enquanto tivesse o Senhor por sua força, possuiria o bastante. Deus ainda o
faria correr alegremente como a corça, e andar altaneiramente (Hc 2.4; 3.17-
19).
I – Um Princípio Geral
Não podemos nos amedrontar com o que os inimigos de Cristo poderiam fazer
conosco. Devemos antes santificar o Senhor Deus em nossos corações (1 Pe
3.15). No original grego, isto quer dizer: “Dê a Ele seu próprio lugar como
Senhor e Mestre de seu ser”. Portanto, ao invés de ser dominado pelo medo,
você será dirigido por Cristo. Você estará sempre preparado a responder aos
que perdem a razão da esperança que há em sua alma (1 Pe 3.15).
Haja vista o que ocorreu com Pedro e João ao serem trazidos diante do
Sinédrio. Aqui, os líderes judaicos ficaram surpresos com a liberdade que os
apóstolos falavam sobre a fé em Jesus (At 4.5-13). O mesmo aconteceu com
Paulo ao depor diante do Rei Agripa. Este chegou a maravilhar-se ao descobrir
que Paulo não tentara defender-se. O apóstolo limitou-se a prestar da
esperança que nele habitava (At 26.1-29).
Esta é a razão pela qual Jesus recomendou aos discípulos que, ao serem
levados aos magistrados e poderosos, nada temessem, “porque o Espírito
Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer” (veja Lc
12.11,12). Se tivessem de pensar acerca de sua defesa, certamente se
embaraçariam. Mas se estivessem sempre preparados para testificar acerca de
sua esperança, o Espírito Santo os instruiria em todas as coisas. O resultado
seria um poderoso testemunho acerca de nossa grande salvação que
receberemos quando Jesus voltar.
Neste contexto, Pedro não pode estar enfatizando o que temos de dizer nos
tribunais ou diante dos juízes. Seu ensino parece aplicar-se mais àquelas
abordagens que sofremos em casa, na rua, no trabalho, no super-mercado ou
onde quer que tenhamos contato com incrédulos.
Estar preparado não significa munir-se daquela ousadia que pode ser
confundida com orgulho ou arrogância.
Não devemos ficar surpresos se falsos mestres encontram-se entre nós. Pois
os maiores inimigos de nossa fé não se acham entre os ateus e comunistas.
Estes atacam nos de fora para dentro, mas os que se dizem cristãos, e não o
são, o fazem de dentro para fora. Buscam introduzir secretamente, na casa de
Deus, heresias e opiniões que têm como alvo a perdição eterna. Não era o que
se dava com as várias seitas e cultos surgidos nos primeiros séculos do
Cristianismo? Hoje, além das seitas, estamos às voltas com os chamados
modernistas, ou liberais, cujo criticismo destrutivo da Bíblia vem induzindo a
muitos a negar o Senhor e Mestre que nos resgatou mediante o Calvário. Mas,
ao negarem-no, trazem sobre si mesmos súbita destruição – a perdição eterna
no lago de fogo.
Pedro logo percebeu (2 Pe 2.2) que os falsos mestres teriam vasta influência.
Muitos seguiriam seus caminhos perniciosos – conduta ultrajante e baixos
padrões morais. Com os seus ensinamentos, zombam da verdade.
Os falsos mestres e profetas não se preocupam com o que pode acontecer aos
seus seguidores. São movidos (2 Pe 2.3) não por Deus, nem pelo Espírito
Santo, mas pela cobiça – ignoram os direitos alheios. Com palavras falsas,
forjadas em suas próprias mentes, fazem comércio de seus seguidores. São
profissionais que geram lucrativos negócios a partir de seus ensinamentos
nocivos. Tudo o que fazem é para o próprio ganho. Sua sentença, porém, já
está lavrada. Sua condenação não descansará; certamente virá.
Levemos em conta que Deus (2 Pe 2.4) não poupou nem mesmo os anjos que
pecaram, mas lançou-os no inferno, e os pôs em cadeias – poço de trevas –
onde aguardam o Julgamento Final. Alguns estudiosos, indevidamente,
buscam relacionar tais anjos com os filhos de Deus mencionados em Gênesis
6. Só que os filhos de Deus, aqui mencionados, nada têm a ver com os anjos;
eram os descendentes de Sete que se haviam desviado da verdade. Voltando
ao assunto, deixamos claro que, se Deus tem um julgamento à espera dos
anjos caídos, não há de ignorar os falsos mestres e profetas.
Estejamos certos de uma coisa: Deus sabe como nos resgatar da opressão do
mal, da imundície e das pressões que nos fazem “os homens perversos e
impostores que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm
3.13).
O propósito da carta
Se o foco da primeira carta foi preparar a igreja para enfrentar o sofrimento que
se espalhava, o propósito desta epístola é alertar a igreja acerca dos falsos
profetas. Assim como Paulo escreveu duas cartas tanto aos crentes de
Tessalônica como aos crentes de Corinto, Pedro também escreveu duas
epístolas para os crentes judeus e gentios da Ásia Menor. Nessa segunda
carta, ele advertiu os crentes sobre os perigos dos falsos mestres que se
infiltraram nas comunidades cristãs. Michael Green diz que há uma
concordância geral entre os comentaristas de que a heresia em mira é uma
forma primitiva de gnosticismo.
2- As Epístolas de João.
COMENTÁRIO
O Evangelho de João foi escrito para que as pessoas cressem que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, pudessem ter vida em seu nome
(Jo 20.31). A Primeira Carta foi escrita com o propósito de dar garantia aos que
creram em Cristo acerca da certeza da salvação (ljo 5.13). A Segunda Carta foi
escrita para alertar a igreja sobre o perigo dos falsos mestres e a Terceira
Carta para alertar a igreja sobre o perigo dos falsos líderes.
O contexto das três cartas mostra uma igreja assediada pelos falsos mestres.
Muitos desses falsos mestres saíram de dentro da própria igreja (l Jo 2.19) e se
corromperam teológica e moralmente. O apóstolo Paulo havia alertado para
essa possibilidade (At 20.29,30). A heresia é nociva. Ela engana e mata. Não
podemos ser complacentes com o erro. Não podemos tolerar a mentira. Não
podemos apoiar a causa dos falsos mestres.
Hoje, ainda, há muitos falsos profetas, muitos falsos mestres e muito engano
religioso. A igreja evangélica brasileira tem sido condescendente com muitos
ensinos forâneos à Palavra de Deus. Novidades estranhas às Escrituras têm
encontrado guarida nos redutos evangélicos. Precisamos nos acautelar.
Precisamos nos firmar na verdade para vivermos de modo digno de Deus.
Dos cristãos se pode afirmar, como resultado da unção que recebemos, que
todos conhecemos (“todos tendes conhecimento, 2:20), absolutamente. Não
significa, é claro, que conhecemos todas as coisas, como erroneamente
sugerem a AV e a ÀRC, pois algumas coisas Deus ainda não revelou (ex., 3:2).
Todavia, sabemos “a verdade” (2:21; cf. 2 Jo 1 e 4:6) que inclui a verdade
acerca do mundo e sua condição (5:19; cf. 2:18; 3:15), e acerca de nós
mesmos, do nosso dever e do nosso destino (2:10,11,29; 3:2; 5:18). Assim de
tudo, sabemos a verdade acerca de Deus e de Cristo. “Também sabemos que
o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o
verdadeiro” (5:20). Assim, conhecemos a Deus (2:13,14; 4:6,7) e a Cristo (3:6;
cf. 3:1). Sabemos, sobretudo, que a causa da vinda de Cristo foi o amor (3:16;
4:16) e seu propósito, “tirar os nossos pecados” (3:5, AV, ARC).
Como, porém, sabemos estas coisas, especialmente quem é Jesus Cristo e por
que veio? A clara resposta de João é dada em três estágios. Primeiro, há o
evento histórico, Cristo sendo “enviado” (4:9,10,14), a Sua vinda (5:20), a Sua
manifestação ou aparecimento (ephanerothé em 1:2; 3:5,8; 4:9). A Sua vinda
foi em carne (4:2; 2 Jo 7) e “por meio de água e sangue” (5:6). Isto é, foi real e
O envolveu nas definidas experiências históricas de nascimento, batismo e
morte. Depois, há o testemunho apostólico. O evento não passou sem ser
notado. Aquele que veio em carne foi visto, ouvido e tocado, de sorte que os
que viram podiam testificar a partir da sua experiência pessoal de primeira mão
(1:1-3; 4:14). Terceiro, há a “unção” do Espírito Santo, por quem somos
ensinados e, portanto, temos conhecimento (2:20,27; cf. 3:24; 4:13). Esse
testemunho do Espírito é no interior do crente (5:10) e corrobora o testemunho
da “água e o sangue” (5:6,8,9).
A base da nossa certeza quanto a Cristo não mudou. O fato de que lemos as
epístolas de João no século vinte e não no primeiro não faz diferença. A
religião cristã ainda está ligada ao evento histórico de Cristo e ao testemunho
que os apóstolos deram dele. Nesta “doutrina de Cristo” temos que permanecer
(2 Jo 9). Ir além dela levar-nos-á inevitavelmente ao erro e, daí, à ruína. O
dever dos ministros cristãos hoje é seguir o apóstolo João, não os falsos
mestres. Não devemos levar os nossos ouvintes da igreja a novéis doutrinas,
mas recordar-lhes o que ouviram “desde o princípio” (2:7,24; 3:11; 2 Jo 5).
Ademais, aos que creem no Jesus histórico com base no testemunho único das
testemunhas oculares apostólicas, agora preservado no Novo Testamento e
exposto pela igreja, é assegurado o testemunho contemporâneo e confirmativo
do Espírito no íntimo deles.
Robert Law intitulou os seus estudos da primeira epístola, The Tests of Life (As
Provas da Vida), 1885 porque nela são dadas o que ele denomina “as três
provas cardinais” com as quais podemos julgar se possuímos ou não a vida
eterna. A primeira é teológica, se cremos que Jesus é “o Filho de Deus” (3:23;
5:6,10,13), o “Cristo vindo em carne” (4:2; 2 Jo 7). Nenhum sistema de ensino
que nega, ou a preexistência divina e eterna de Jesus, ou a encarnação
histórica do Cristo, pode ser aceito como cristão. “Ninguém que nega o Filho
tem o Pai” (2:23, RSV). A segunda prova é moral, se estamos praticando a
justiça e guardando os mandamentos de Deus. O pecado é demonstrado ser
totalmente incompatível com a natureza de Deus como luz (1:5), com a missão
do Filho de tirar os pecados (3:5) e com o novo nascimento do crente (3:9).
Agora, como então, qualquer pretensão de experiência mística sem conduta
moral deve ser rejeitada (1:6). A terceira prova é social, se nos amamos uns
aos outros. Desde que Deus é amor e todo amor vem de Deus, é claro que
uma pessoa sem amor não O conhece (4:7,8).
COMENTÁRIO
Tiago foi destinada aos judeus cristãos que tinham deixado a Palestina (Tg
1.1). O autor é meio-irmão de Jesus (Mc 6.3). Seus leitores estavam
enfrentando pressão a respeito de seus valores e crenças (Tg 1.2-4). Em vista
disso, entre outros conselhos, Tiago adverte que “a ira do homem não opera a
justiça de Deus” (Tg 1.20); esclarece que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.26);
acentua que a fé deve ser mostrada em ações (Tg 2.14); enfatiza a importância
de controlar a língua (Tg 3.2), e estimula os crentes a orar e ajudar uns aos
outros (Tg 5.16-20). Para tanto, o texto adverte o cristão a ser praticante da
Palavra, e não somente ouvinte (Tg 1.22).
Judas foi endereçada aos cristãos judeus espalhados pelo mundo (Jd 1b). O
autor é também meio-irmão de Jesus (Jd 1a). Judas exorta o salvo a “batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Isso por causa dos hereges
infiltrados na igreja (Jd 4). Eles diziam que a liberdade em Cristo os isentava
das regras morais; eram insubmissos aos líderes; e desprezavam o mundo
espiritual (Jd 8). Em suma, ensinavam concupiscências e licenciosidade (Jd
18,19). Em vista disso, o crente é instruído a se firmar na fé, orar e a preservar
a esperança da vida eterna (Jd 20,21).
Hebreus
Tiago
A FÉ NA EPÍSTOLA DE TIAGO
Tiago, com ironia, compara essa fé com a dos demônios, cuja fé reconhece
uma proposição doutrinai perfeitamente verdadeira (“um só Deus”), mas é
acompanhada apenas da ação de estremecer em face da condenação certa
deles (v. 19).
O veredicto de Tiago para esse tipo de fé é que não traz benefícios e é inútil
(w. 14,16,20). Essa fé é morta (w. 17,26). Mais relevante para o sentido da
discussão de Tiago é a forma como inicia a passagem no versículo 14: “Se
alguém disser que tem fé”. Essa é a fé professada, a que a pessoa afirma ter.
Essa descrição estabelece o tom para a sua discussão, e Tiago evita de forma
específica afirmar se, na verdade, a pessoa tem fé ou não. Isso é apenas uma
reivindicação de fé que precisa ser validada pelas atitudes sugeridas na
passagem. A fé é vivida em obras de amor e de obediência ou não?
AS OBRAS EM RELAÇÃO À FÉ
O que Tiago quer dizer quando fala de obras que acompanham a fé (2.14-26),
e qual é a relação delas com a fé? O texto imediato ilustra a natureza das
obras como atos de compaixão pelos que estão em necessidade (w. 15,16). A
passagem de Tiago 1.27 já mencionou as obras de misericórdia e de bondade
como uma das evidências da verdadeira religião, e o capítulo 2.8-13 menciona
a lei do amor ao próximo como o comportamento adequado que acompanha a
fé em Cristo (em vez do favoritismo, Tg 2.1.9). Todavia, as obras de amor e de
bondade, relevantes como são, não são todas as obras que Tiago tem em
mente.
Judas
Da mesma forma, Judas exorta seus leitores “a batalhar pela fé que uma vez
foi dada \paradidõmí\ aos santos” (v. 3). “Fé”, nessa expressão, tem um sentido
objetivo: “O que é crido”, “o corpo de fé ou crença” que é passado adiante no
ensino apostólico.80 Todavia, Bauckham sugere que “crença”, referindo-se ao
evangelho ou “à mensagem central da salvação cristã por intermédio de
Cristo”, tem um escopo mais estreito, em vez de o corpo mais abrangente da
ortodoxia, ou a crença cristã normativa.81 Todavia, no Novo Testamento,
dificilmente se pode circunscrever “a mensagem da salvação por intermédio de
Jesus Cristo” em um escopo limitado. Além disso, à luz do uso deparadidõmi
nesses contextos, é muito difícil que seja correto limitar “fé” ao evangelho
concebido de forma restrita; o que os apóstolos passaram adiante foi uma
visão ampla da doutrina e ética cristãs.
Essa fé foi entregue aos santos “de uma vez por todas” (Jd 3; NYI) no sentido
de que ela foca a particularidade histórica da encarnação, ensinamento, morte
e ressurreição de Jesus Cristo e a verdade que Deus revelou a respeito de si
mesmo por meio dos apóstolos (cf. Rm 6.10; Hb 9.26-28; 1 Pe 3.18). Nenhum
outro fundamento pode ser posto além dEle (1 Co 3.11), nem se espera
nenhuma outra revelação após aquela transmitida pelos apóstolos (cf. 2 Tm
2.2; 3.14; a verdadeira sucessão apostólica está seguindo o que os apóstolos
ensinaram e passando-o para outros). Judas chama à propagação e defesa
ativas dessa fé (semelhante a Fp 1.27). Em Judas 3, o verbo “batalhar” indica
uma luta em que todo esforço é empregado pela verdade cristã e contra os que
se opõem a ela.
SINÓPSE II
1- A doutrina da justificação.
COMENTÁRIO
JUSTIFICAÇÃO
Esta característica única é que Deus faz com que a nova relação declarada por
Ele se torne realidade. Esta operação é expressamente declarada nas
Escrituras, e é o ato pelo qual muitos são constituídos como justos (Rm 5.19), a
concessão do dom gratuito da justiça (Rm 5.17), tornando-nos a justiça de
Deus em Cristo (2 Co 5.21). E por esta ação que a sentença de condenação
(q.v.) sob a qual repousamos como pecadores é mudada para uma ação de
justificação; não há, portanto, nenhuma condenação para aqueles que estão
em Cristo Jesus (Rm 8.1). Este ato constitutivo é corretamente mencionado
como a imputação da justiça de Cristo a nós.
Assim, fica patente que a sentença de condenação não tem nenhuma afinidade
com o que é interiormente operado em nós, seja pela regeneração (q.v.) ou
pela santificação (q.v.), A imputação é o crédito, em nossa conta, de uma
justiça que nâo é a nossa própria, mas que é, na realidade, baseada na
obediência de Cristo (Fp 3.9; Rm 5.17,19). Ela é, portanto, distinta do perdão
dos pecados, embora o perdão esteja necessariamente incluído nela (At 13.38-
39).
Como a justificação é concedida pela graça, ela é recebida pela fé (Rm 1.17;
5.1). A fé é coerente com todas as outras características.
Isto é verdade não apenas pelo fato da fé ser um dom de Deus, mas porque o
caráter distinto da fé consiste em receber a Cristo e permanecer nele para a
salvação. E a qualidade generosa e autoconfiante da fé que a torna o
instrumento adequado de tudo o mais que envolve a justificação. É pela fé que
somos justificados e somente pela fé, embora nunca por uma fé que esteja
sozinha, A justificação é a questão religiosa básica.
Não vem agora a simples pergunta: Como o homem pode ser justo para com
Deus? E ainda a pergunta mais forte: Como o homem, na condição de
pecador, pode tornar-se justo para com Deus? A resposta é; Através da
justificação pela graça, por meio da fé.
JUSTIFICAÇÃO, JUSTIFICADO O ato de Deus que leva os pecadores a terem
um novo relacionamento de aliança com ele por meio do perdão dos pecados.
Ela é um ato divino por meio do qual Deus declara as pessoas justas – ou seja,
desfrutando de um relacionamento correto e verdadeiro com ele.
Deus cumpre a sua aliança, embora o povo da sua aliança a viole diariamente.
A justificação (ou justiça) pela fé deve sempre ser reafirmada, pois dentro de
cada pessoa há o desejo mais que inevitável e natural de estabelecer a justiça
pessoal, ser capaz de ficar diante de Deus com base no caráter e na piedade
pessoais.
2- A doutrina da santificação.
COMENTÁRIO
Nossa Declaração de Fé ensina que “já salvo e justificado, o novo crente entra
de imediato no processo de santificação, pois assim o requer a sua nova
natureza em Cristo (Rm 6.22; 1 Ts 4.3)”. Porém, essa transformação vai sendo
aperfeiçoada durante a jornada do cristão (2 Co 3.18; Fp 1.6). Nesse aspecto,
a santificação “é uma continuação do que foi começado na regeneração,
quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro
dele”. Desse modo, o salvo precisa ser santificado pelo Espírito Santo (1 Pe
1.2). O fruto do Espírito nos é concedido para andarmos no mundo
conservando a nossa santidade (Gl 5.16-17, 22).
Visões Variadas
Perfeccionismo. Aqueles que defendem esta visão ensinam que o cristão pode
tomar-se perfeitamente santificado, ou chegar à perfeição nesta vida. Para que
esta convicção seja sustentada, é necessário minimizar, de alguma forma, as
exigências tenazes da lei, como, por exemplo, exigir a obediência somente até
o limite de nossa habilidade humana (Finney); a obediência ao novo
mandamento ou lei de Cristo; o mero exercício do amor em tudo o que fizermos
(Paul Tillich).
Tais interpretações das exigências de Deus falham em satisfazer a própria
aplicação do sexto e do sétimo mandamento que o Senhor Jesus Cristo fez em
Mateus 5.17-48, onde, em sua exegese, o próprio Senhor determina que estas
duas leis são a base de uma perfeição na qual somos exortados a nos
tornarmos perfeitos como o nosso Pai Celestial (v. 48). Os metodistas, e outras
igrejas cristãs da tradição Arminiana ou Wesleiana em geral, ensinam, de
alguma forma, o perfeccionismo.
Por esta razão, embora o apóstolo Paulo tenha censurado o cristianismo dos
coríntios, classificando-o como carnal (1 Co 5.1; 6.1-8), ele ainda diz que eles
são santificados em Jesus Cristo e chamados de santos (1 Co 1.2; 6.11; cf. At
20.32; Hb 10.10; 1 Pe 1.2; Jd 1). O livro aos Hebreus funciona como uma ponte
entre este aspecto e a santificação experimental que vem a seguir (Hb 2.17;
9.13ss.; 12.14). Uma vez que o conhecimento da santificação posicionai
depende de uma compreensão mental da verdade bíblica, ele possui uma
natureza instantânea, “de uma vez por todas”, como ocorre na percepção de
todos os outros conhecimentos, os quais alguns confundem com a própria
perfeição.
Final. Quando o crente partir para estar com Cristo, ou no momento em que o
Senhor vier arrebatar sua Igreja – o que ocorrer primeiro — a natureza caíaa
será completamente removida e cada crente receberá o corpo da ressurreição,
será glorificado, e se tornará semelhante ao Salvador (Rm 8.29,30; 1 Jo 3,1-3;
Jd 24).
Meios de Santificação
Uma vez que Ele concedeu as Escrituras através de sua inspiração, Ele nunca
trabalha contra, mas sim através delas. O meio interno ê a presença e a
direção do Espírito Santo em nossos corações. E Ele quem mantem a lei de
Deus, assim como foi revelada por Ele mesmo, em nós e através de nós.
“Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
Deus, enviando seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8,3,4).
SANTIFICAÇÃO
Termo que significa “ser feito santo, ou purificado”. E usado largamente para se
referir à experiência cristã, embora a maioria dos teólogos prefira usar a
expressão em sentido estrito para distingui-las de termos relacionados como
“regeneração”, “justificação” e “glorificação.
Uma pesquisa completa sobre o que a Bíblia tem a dizer sobre santificação não
é possível aqui, uma vez que praticamente toda as Escrituras abordam esse
assunto de um modo ou de outro. Um tema central nesse ensino, entretanto,
deve ser enfatizado:
“Sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 11.45; IPe 1.16; cf. Mt 5.48). De
acordo com o Breve catecismo de Westminster (1647), pela santificação
“somos renovados em todo o homem à imagem de Deus” (Pergunta 34; v. Cl
3.10).
Nada pode ser mais crucial para nossa visão de santificação do que essa
verdade. O padrão de santidade é a completa conformidade à imagem de
Cristo (Rm 8.29); qualquer coisa menor do que isso é um barateamento do
padrão das Escrituras e, desse modo, a diluição da doutrina.
A definição acima, entretanto, sugere que Cristo é mais do que um padrão: ele
mesmo provê sua santidade para aqueles unidos a ele – ele é a nossa
santificação (lCo 1.30).
Santificação progressiva
De algum modo, os ensinos de John Wesley (1703-91) podem ser vistos como
uma reação natural às formulações usuais dos calvinistas e luteranos.
COMENTÁRIO
A Escritura Sagrada diz: “se é certo que com Ele padecemos, para que
também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Acerca desse texto, o
Glorificação
Tomar glorioso ou honroso, louvar, exaltar. Ver Joio 12:28; 13:31; 32; Atos
2:13. No caso de Jesus Cristo, isso teve lugar, especialmente, por ocasião de
sua ressurreição e ascendo.
Característica Geral
SINOPSE III
CONCLUSÃO
Vocabulário
Docetismo: Doutrina herética propagada entre os séculos II e III d.C., que nega
a existência do corpo físico de Jesus. Para os propagadores dessa heresia,
Jesus seria apenas espírito.
REVISANDO O CONTEÚDO