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LIÇÃO 12 

AS EPÍSTOLAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS

  

TEXTO ÁUREO
 

“A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na
verdade e amor.” (2 Jo 1.3)

VERDADE PRÁTICA
 

As epístolas apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem como para a formação dos
cristãos.

INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
  

As Epístolas correspondem a 21 dos 27 livros do Novo Testamento. As treze


escritas por Paulo são denominadas de “paulinas”. As oito epístolas restantes
são de outros autores e designadas de “gerais”. Nesta lição, agrupamos as
Epístolas por temas e autoria, destacamos alguns de seus aspectos
doutrinários

 Comentário

O termo grego epistole, traduzido para o português como “epístola”, indica uma
comunicação escrita, uma carta ou missiva de natureza formal. As Epístolas da
Bíblia apresentam instruções vitais para a compreensão da doutrina cristã, bem
como para a formação dos cristãos. Elas correspondem 21 dos 27 livros do
Novo Testamento. As treze escritas por Paulo são denominadas de “paulinas”.
As oito epístolas restantes são de outros autores e designadas de “gerais”.

Esses livros são divinamente inspirados e representam quase 80% do cânon


do Novo Testamento. Apenas os quatro Evangelhos, Atos e Apocalipse não
são considerados Epístolas. O conjunto de doutrina dessas Epístolas, revelado
aos seus diversos autores, continua a instruir o povo de Deus, a formar o
caráter do crente salvo em Jesus e a preparar a Igreja para a vinda do Senhor.
Neste capítulo, agrupamos as Epístolas por temas e autoria, e destacamos
alguns de seus aspectos doutrinários.
Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e
infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

No grego, epistoIe, «carta», «despacho», sempre indica alguma espécie de


comunicação escrita. E também indica a palavra portuguesa «epístola», que já
é uma forma de missiva mais formal que uma simples carta. Uma epístola teria
uma maior qualidade literária que uma carta, além de conter uma mensagem
mais importante, que faz contraste com o caráter informal e, algumas vezes,
superficial, de uma simples carta. A raiz verbal dessa palavra grega é epistello;
que significa «enviar a», enviar uma carta», «expedir uma ordem ou comando»,
«anunciar». O vocábulo também pode significar, naturalmente, «escrever uma
carta». Todavia, o termo grego epistole não contém qualquer distinção entre
uma epistola formal e uma carta informal, conforme se dá no português.

Destinações

As epistolas missivas de natureza mais formal, insinuem os tratados religiosos.


As orações públicas, os tratados filosóficos, os tratados políticos, as exortações
morais, etc. A arqueologia, mediante documentos antigos preservados até nós,
oferece-nos abundante confirmação disso quanto a todas essas variedades de
epístolas. E aquilo que chamamos de «cartas» (as missivas menos formais)
também é abundantemente confirmado. Centenas de cartas, de
correspondência pessoal. escritas em papiro, provenientes do período
intertestamentário, do Novo Testamento e posteriormente, chegaram até nós.
Uma epistola é uma obra de arte; uma carta é um pedaço da vida diária. A
primeira é como uma pintura feita com arte. A segunda assemelha-se a uma
fotografia feita apressadamente, sem qualquer cuidado.

O Antigo Testamento contém algumas indicações de cartas. Ver II Sam.


11:14,15; I Reis 21:8,9; 11 Reis 19:14; ler. 29. Cartas, no seu sentido comum,
são mencionadas em Atos 9:2; Rom. 16:1 ss e I Cor. 7:1. Os eruditos têm feito
bem em chamar as cartas do Novo Testamento de epístolas, visto que, em sua
grande maioria é precisamente o que são, mesmo no caso de cartas de
correspondência pessoal. Sem dúvida, um dos fatores de sua preservação foi o
próprio fato de que eram comunicações formais e sérias, e não apenas
informes sobre acontecimentos diários, corriqueiros.

A epístola aos Filipenses é ligeiramente mais informal; porém, foi tão bem
preparada que é uma pequena peça de literatura clássica. Portanto, até mesmo
nesse caso a palavra «epístola» fica melhor do que a palavra «cartas. A
segunda e a terceira epistolas de João, no entanto, aproximam-se um pouco
mais das cartas comuns. Em contraste, a primeira epístola de João é uma
epistola autêntica. As cartas às sete igrejas da Ásia Menor (Apo. 2 e 3) com
frequência tem sido intituladas cartas; porém, o seu caráter formal e a sua
solenidade também as transformam em pequenas mas verdadeiras epistolas.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e


Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 407

EPÍSTOLA (carta ou remessa… comunicação escrita, comunicação escrita ou


impressa endereçada a uma pessoa ou a um número de pessoas). Enquanto
que “epístola” é traduzida quinze vezes e “carta”, somente nove vezes no NT
da KJV, epistolé é traduzida como “carta” invariavelmente na RSV.

Diferenciações. Documentos preservados em forma epistolar “podem mais


precisamente ser classificados como orações públicas, tratados filosóficos,
tratados políticos, ou exortações morais… [e] ter todas as marcas e ter sido
escrita para publicação geral” (Seitz). Robinson observa que “Uma epístola é
um trabalho de arte; uma carta é um pedaço de vida… É como uma fotografia
cuidadosamente retocada; e também é como uma fotografia instantânea que
mostra como você é”. A carta é menos formal, mais pessoal e direta do que
uma epístola. De fato, algumas cartas de Paulo, especialmente Romanos,
carregam certas características epistolares, assim como Hebreus. Poucas
cartas, no sentido técnico, são encontradas nos livros canônicos do AT (veja
2Sm 11.14,15; lRs 21.8,9; 2Rs 19.14; Jr 29; cp. At 9.2; Rm 16.1 ss; ICo 7.1).

Composição e distribuição.

As cartas do NT foram as mais antigas formas de literatura cristã. Elas, como


as dos helenistas, eram escritas em folhas de papiros com uma caneta de cana
e tinta, depois eram enroladas ou dobradas, amarradas, e frequentemente
selada para privacidade e autenticação (2 Rs 21.17; Et 3.12; 8.8; Dn 2.4; Ap
5.9). Tais cartas eram às vezes escritas em blocos encerados com uma agulha
de pau, principalmente devido à economia, pois poderiam ser apagadas. Como
o serviço postal romano oficial (cursus publicus) não era aberto para
correspondência particular, então os cristãos empregavam membros das
igrejas como transportadores (At 15.22; 2Co 8.16-23; F1 2.25; C14.7,8).
Enquanto que as cartas do NT foram escritas sob orientação divina, assim
como no uso da sabedoria humana, em resposta às necessidades específicas
de indivíduos ou igrejas (ICo 7.1), pode ser questionado se os autores estavam
sempre cientes de que estavam escrevendo para todos os tempos e para a
Cristandade (2Tm 3.16).

Classificações. Vinte e um dos vinte e sete livros são cartas, mais duas breves
cartas em atos (15.23-29; 23.26-30), e sete em Apocalipses (2.1-3.22), que
são, de acordo com Seitz, “simplesmente introduções literárias a um livro que é
em si mesmo moldado numa estrutura epistolar”. Juntos eles constituem mais
que um terço do NT. O Cristianismo é singular dentre todos os outros livros
sagrados do mundo, nenhum outro é composto de cartas.

Normalmente, quatro pessoas estavam envolvidas em uma carta do NT; o


escritor, o secretário (amanuense), o mensageiro, e os leitores. Considera-se
que, por tradição, Paulo tenha sido o autor de treze das cartas do NT; Tiago, de
uma; Pedro, de duas; João, de três; Judas, de uma; e uma (Hebreus),
anônima. As cartas de Paulo podem ser classificadas assim: (1) escatológica (1
e 2Ts), (2) soteriológica (Gl, Rm, 1 e 2Co), (3) cristológica (Cl, Ef, Fl), (4)
eclesiológica (1 e 2Tm, Tt), e pessoal (Fm). Tiago é ético; Judas é polêmico; 1
e 2 Pedro são pastorais; 1, 2,3 João são pastorais; e Hebreus é muito
polêmica.

Estrutura e valor. Estruturalmente as cartas do NT parecem-se muito com suas


equivalentes helenistas. A prática geral de Paulo é típica. Ele começa com (1)
sua saudação pessoal, que às vezes inclui amigos cristãos ou companheiros
de trabalho presentes com ele, ou possivelmente seu secretário, que pode
explicar o seu frequente uso da primeira pessoa do plural. Ele geralmente
combina a saudação-bênção greco-hebraica. A sua saudação introdutória
normalmente determina o tom da carta toda. (2) Ele oferece agradecimentos a
Deus por seus leitores cristãos. (3) Orações pelo bem-estar espiritual e, às
vezes, secular de seus leitores geralmente se seguem. (4) Ele trata os
principais interesses de seus leitores, incluindo frequentemente uma discussão
doutrinal de seus problemas que pode ter sido levantada em comunicações
prévias (veja ICo 7.1). (5) Uma seção prática ou ética segue, na qual ele aplica
às necessidades os princípios doutrinários apresentados. (6) Uma bênção,
mensagens pessoais e saudações são às vezes incluídas (Rm 16). (7) Uma
breve autobiografia, em parte para autenticidade, geralmente fecha a carta (Gl
6.11; 2Ts 3.17). Diferenças marcantes entre as formas das cartas do
Helenismo e do NT ocorrem secularmente como opostas à saudação cristã, e
na ausência das datas e lugares de origem nas cartas cristãs. A grande
influência das cartas do NT na literatura cristã subsequente é evidenciada por
escritos do 2- séc. Nem todas as cartas cristãs do 12 séc. sobreviveram ( ICo
5.9; Cl 4.16). Desde o começo estas cartas neo-testamentárias foram
recebidas pela igreja como mensagens divinamente inspiradas junto com as
Escrituras do AT (2Pe 3.15,16).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1.


pag. 422-423.

 
I – COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM

1- Instruções salvíficas.

Nesse grupo, enfatizamos os aspectos da doutrina da salvação. Aos Romanos


destaca-se que “o justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Cristo nos libertou do pecado
mediante seu sacrifício remidor. Dessa forma, pela fé em Cristo, somos
declarados justos (Rm 3.23-25). Aos Gálatas, Paulo assevera que ninguém é
“justificado pelas obras da lei” (G1 2.16), e que somente a fé em Cristo nos
liberta do jugo do pecado (G1 5.1). Em 1 Coríntios ressalta-se a mensagem do
“Cristo crucificado ” (1 Co 1.23), que morreu pelos nossos pecados e
ressuscitou ao terceiro dia (l Co 15.3- 4). Em 2 Coríntios frisa-se o “ ministério
da reconciliação” (2 Co 5.18), em que Cristo levou os nossos pecados e nos
reconciliou com Deus (2 Co 5.19-21).

COMENTÁRIO

Nesse grupo, enfatizamos os aspectos da doutrina da salvação. Em Romanos,


destaca-se o texto: “Porque nele [Cristo] se descobre a justiça de Deus de fé
em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17). Paulo ensina
que, pela fé em Cristo que nos libertou do pecado mediante seu sacrifício
remidor, somos declarados justos diante de Deus (Rm 3.23-25). A sentença “o
justo viverá pela fé” remonta ao profeta Habacuque (Hb 2.4b) e aparece em
Gálatas 3.11 e Hebreus 10.38, o que faz da declaração um preceito antigo que
se cumpre na Nova Aliança. Essa expressão significa que “os cristãos viverão
por causa da fidelidade de Deus, e por causa de sua resposta de fé a Deus:
como resultado, eles terão vida eterna e experimentarão a plenitude de vida”.

Em Gálatas, ressalta-se que “o homem não é justificado pelas obras da lei,


mas pela fé em Jesus Cristo […] porquanto pelas obras da lei nenhuma carne
será justificada” (Gl 2.16). Na construção da última parte desse versículo, Paulo
faz alusão a Salmos 143.2 e explica que a justificação do crente não vem por
observar a Lei. A condição de ser declarado “não culpado” diante de Deus vem
por meio da fé na obra redentora de Cristo. O apóstolo reitera que somente a fé
em Cristo nos liberta do jugo da Lei (Gl 5.1). O ensino ratifica que pela fé em
Cristo “o crente é colocado em um relacionamento direto com todos os
requisitos da Lei, absolvido de todas as penalidades da Lei e
consequentemente liberto da maldição da Lei”.
Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e
infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

As principais ênfases da carta aos Romanos

A carta aos Romanos é uma verdadeira enciclopédia teológica. Não temos a


pretensão de esgotar seus temas nem mesmo de descobrir todas as suas
ênfases. Destacaremos, aqui, apenas alguns dos principais pontos abordados
pelo apóstolo nessa epístola.

Em primeiro lugar, mostrar a unidade da igreja. A igreja de Cristo é formada


por judeus e gentios. Pelo sangue de Cristo a parede da separação foi
derrubada e, agora, os judeus e os gentios constituem a igreja (Ef 2.14-16).
Vale lembrar que grande parte dos cristãos gentios se aproximou do
cristianismo por meio de uma conexão anterior com o judaísmo. William
Hendriksen destaca o fato de que a igreja de Roma consistia de judeus e
gentios. Por essa razão havia o risco de que um grupo fosse tratado com
desdém pelo outro: os judeus pelos gentios (Rm 2.1s.), os gentios pelos judeus
(11.18). Paulo enfatiza, então, que “[…] não há distinção entre judeu e grego,
uma vez que o Senhor é o Senhor de todos” (10.12). Stott entende que a
redefinição do que é povo de Deus – não mais de acordo com a descendência,
a circuncisão ou a cultura, mas segundo a fé em Jesus, é um dos temas
principais de Romanos. Citando Sanders, ele chega mesmo a dizer que o mais
importante de todos os temas de Romanos é o da igualdade entre judeus
e gentios.

Em segundo lugar, evidenciar a universalidade do pecado.

Paulo expõe com argumentos irresistíveis a culpabilidade dos gentios e


também dos judeus. Deus encerrou todos no pecado para usar de misericórdia
para com todos. O pecado atingiu a todos sem exceção. Todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). Stott diz que o apóstolo divide a
raça humana em três grupos distintos: a sociedade gentílica depravada (1.18-
32), os críticos moralistas, sejam judeus ou gentios (2.1-16), e os judeus
instruídos e autoconfiantes (2.17—3.8). E então conclui acusando toda a raça
humana (3.9-20). Em cada caso o seu argumento é o mesmo: que ninguém
vive à altura do conhecimento que tem.

Em terceiro lugar, manifestar a justiça de Deus no evangelho. A justiça de


Deus manifesta-se no evangelho.

Na cruz de Cristo Deus revelou sua ira sobre o pecado e seu amor ao pecador.
A cruz de Cristo foi a justificação de Deus, uma vez que nela Deus satisfez
plenamente sua justiça violada. Se a ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversão dos homens, no evangelho a justiça de Deus se revela
para a salvação de todo o que crê.

Stott afirma corretamente que o “mas agora” de Romanos 3.21 é um dos


maiores adversativos encontrados na Bíblia, pois denota que, em meio à treva
universal do pecado e da culpabilidade humana, brilhou a luz do evangelho.

Em quarto lugar, anunciar a doutrina da justificação pela fé. A justificação


não é alcançada pelas obras da lei, mas pela fé na obra de Cristo. Não é a
obra que fazemos para Deus que nos salva, mas a obra que Deus fez por nós
em Cristo que nos traz a vida eterna. Não é nossa justiça que nos recomenda a
Deus, mas a justiça de Cristo a nós imputada. O Justo justifica o injusto. O
injusto que não tem justiça própria é justificado ao confiar na justiça de Jesus
Cristo, o Justo. Romanos 4 é um brilhante ensaio no qual Paulo prova que o
próprio Abraão, o pai fundador de Israel, foi justificado não por suas obras (4.4-
8), nem por sua circuncisão (4.9-12), nem pela lei (4.13-15), mas pela fé. Em
consequência, Abraão é agora “o pai de todos os que creem”, sejam eles
judeus ou gentios (4.11,16-25). A imparcialidade divina é evidente.

Em quinto lugar, proclamar a nova vida na pessoa de Cristo. Deus nos


salvou do pecado, e não no pecado (Rm 6.1). A salvação implica a libertação
da condenação, do poder e da presença do pecado. Não podemos viver no
pecado, nós que para ele morremos. Fomos crucificados com Cristo e
sepultados com ele na morte pelo batismo, de tal maneira que devemos
considerar-nos mortos para o pecado e carregar nosso certificado de óbito no
bolso.

Em sexto lugar, anunciar a vida vitoriosa no Espírito.

Depois de mostrar o grande conflito interior e a total impossibilidade de


alcançarmos uma vida vitoriosa pela energia da carne (7.1-24), Paulo exulta
num brado de vitória ao anunciar a vida triunfante que temos pelo Espírito (8.1-
18). O Espírito Santo nos vivifica, nos capacita e nos reveste de poder para
vivermos em santidade.

Em sétimo lugar, revelar a soberania de Deus na salvação.

Paulo ensina de forma grandiosa a doutrina da eleição da graça. Não somos


nós que escolhemos a Deus, mas é ele quem nos escolhe. Deus nos escolhe
não por causa de nossos méritos, mas apesar de nossos deméritos (9.1—
11.36).
Em oitavo lugar, mostrar a vital necessidade de relacionamentos
transformados. Depois que Paulo encerra a magistral sessão doutrinária, ele
aplica a doutrina mostrando a necessidade de estabelecermos relacionamentos
corretos com Deus, com nós mesmos, com o próximo, com os inimigos e com
as autoridades (12.1—13.7). Devemos em nossas relações respeitar aqueles
que têm a consciência fraca, não lhes servindo por causa de tropeço (14.1—
15.13).

A carta termina com uma longa lista de saudações, mostrando que a igreja
precisa ser um lugar onde florescem relacionamentos saudáveis, onde
devemos ter coração aberto, mãos abertas, casas abertas e lábios abertos
para abençoar uns aos outros (16.3-24). O fechamento da carta é uma
explosão doxológica na qual o apóstolo exalta a Deus por meio de Cristo.

LOPES. Hernandes Dias. Romanos O Evangelho segundo Paulo. Editora


Hagnos. pag. 28-31.

O Apostolo introduz a gloriosa doutrina da justificação pela fé no contexto do


conflito que teve com o apóstolo Pedro. Pedro se aparta dos crentes gentios
com medo do grupo da circuncisão e já não comia com eles. Essa atitude era
um retrocesso, pois além de ferir a comunhão da igreja, atacava também o
evangelho da graça. Se a causa judaizante tivesse logrado êxito, a salvação
seria uma conquista das obras, e não um presente da graça.

Paulo aproveita essa situação para introduzir a doutrina da justificação pela fé.

Warren Wiersbe destaca que esta é a primeira vez que o termo justificação
aparece na epístola e, provavelmente, nos textos de Paulo, uma vez que
Gálatas deve ter sido a primeira carta escrita de Paulo. A grande pergunta é:
“Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2). A resposta é clara:
“O justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4). Este conceito é tão vital que três livros do
Novo Testamento o explicam para nós: Romanos (1.17), Gálatas (3.11) e
Hebreus (10.38).

Romanos explica o significado de “o justo”; Gálatas explica “viverá”; e Hebreus


explica “pela fé”.

A justificação pela fé é a doutrina central do cristianismo.

A Reforma Protestante a restabeleceu. Sempre que a igreja caminhou na


verdade, essa doutrina foi sustentada.
Sempre que entrou em declínio, foi esquecida. Com ela a igreja mantém-se em
pé ou cai.

John Stott tem razão ao dizer que ela é central na mensagem da epístola,
fundamental no evangelho pregado por Paulo e realmente essencial no próprio
cristianismo. Ninguém pode jamais entender o cristianismo sem entender a
justificação.

Martinho Lutero referiu-se à doutrina da justificação como o principal, o mais


importante, e o mais especial artigo da doutrina cristã.

Ele chegou a dizer que, se o artigo da justificação for alguma vez perdido, toda
a verdadeira doutrina ficará perdida.

A justificação é uma doutrina essencial da fé cristã (2.15,16)

A justificação é uma doutrina evangélica revelada por Deus, e não descoberta


pelo homem. Tanto judeus como gentios são salvos da mesma maneira: não
pelas obras da lei, mas pela graça de Deus. Ambos foram justificados pela fé, e
não pelas obras. Se a justificação pelas obras fosse o caminho da salvação, o
homem receberia a glória por essa salvação. Mas a justificação por meio da fé
posiciona Deus no centro do palco da redenção e destina a ele toda a glória
pela nossa salvação.

John Stott diz que a palavra “justificação” é um termo legal que foi tomado
emprestado dos tribunais. E exatamente o oposto de “condenação”. Condenar
é declarar uma pessoa culpada; “justificar” é declará-la sem culpa, inocente ou
justa. Na Bíblia, essa palavra significa o ato imerecido do favor de Deus por
meio do qual ele coloca diante de si o pecador, não apenas perdoando ou
isentando-o da culpa, mas também aceitando-o e tratando-o como justo.

Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que a justificação não é apenas
“perdão”, pois uma pessoa poderia ser perdoada e depois voltar a pecar e
tornar-se culpada  novamente. Uma vez que fomos “justificados pela fé”, nunca
mais seremos declarados culpados diante de Deus.

A justificação também é diferente de “indulto”, pois, um criminoso indultado


ainda tem uma ficha na qual constam seus crimes. Quando um pecador é
justificado pela fé, seus pecados passados não são mais lembrados nem
usados contra ele, e Deus não registra mais suas transgressões (SI 32.1,2; Rm
4.1-8).

Destacamos aqui alguns pontos na elucidação dessa gloriosa doutrina.


[..] a justificação é um ato, e não um processo (2.16). A justificação é um ato
exclusivo de Deus, e não uma obra humana. E um ato irrepetível, completo e
eficaz, e não um processo. A justificação não possui graus, uma vez que o
menor crente está tão justificado quanto o maior santo. Todos aqueles que
creem no Senhor Jesus estão justificados de igual modo, ou seja, nenhum
cristão é mais justificado do que outro. Se fôssemos justificados pelas obras,
isso implicaria um processo gradual.

A justificação é a maior necessidade do homem (2.15,16)

A maior necessidade do homem não é a saúde, o prazer, a riqueza ou o poder,


mas a salvação. A maior tragédia do homem não é a pobreza, a doença e a
morte, mas estar separado de Deus e sob sua ira. O pecado é a maior tragédia
do homem. O pecado é pior do que a fome, do que a pobreza, do que a doença
e do que a própria morte. Todos esses males juntos não podem separar o
homem de Deus, mas o pecado o separa agora de Deus e depois o afasta para
sempre da presença do Altíssimo.

Por que a justificação é a maior necessidade do homem?

Em primeiro lugar, porque o homem é pecador e não pode salvar a si


mesmo (2.15). Como pode o homem pecador ter comunhão com o Deus
santo? Como pode aquele que está arruinado e falido moral e espiritualmente
ter sua dívida quitada diante de Deus? Como pode o transgressor ser
justificado diante do reto e justo juiz?

Em segundo lugar, porque o homem é impuro e não pode purificar a si


mesmo (2.15). O pecado é uma mácula que contamina. O homem está sujo e
não pode lavar a si mesmo. Todo o seu ser está contaminado e poluído pelo
pecado e ele não pode purificar a si mesmo. Sua justiça não passa de trapos
de imundícia aos olhos de Deus.

Em terceiro lugar, porque o homem é filho da ira e não pode alcançar o


favor de Deus por si mesmo (2.15). O pecado é maligníssimo aos olhos de
Deus. Por isso, o pecador morto em seus delitos e pecados, escravo do
mundo, da carne e do diabo, é filho da ira e está debaixo da ira de Deus. Como
tal, não pode alcançar por si mesmo o favor de Deus.

Em quarto lugar, porque o homem é imperfeito e não pode cumprir a


perfeita lei de Deus (2.15). No céu só podem entrar pessoas perfeitas. O
pecado não entra no céu. Nada contaminado entra no céu. O homem é
transgressor da lei.
Ele peca por palavras, obras, omissão e pensamento. A lei exige do homem
perfeição, mas ele é imperfeito e por isso não pode ser justificado por suas
obras.

LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora


Hagnos. pag. 113-120.

CRISTO

As menções que Paulo faz a Jesus como “Cristo” (christos) também servem
para lembrar seus leitores da humanidade de Jesus, em especial, seu papel
como o Messias judaico. Quando Paulo enumera para os romanos alguns
privilégios característicos de Israel como povo de Deus, ele conclui com a
observação de que “dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a
carne” (Rm 9.5; cf. Ef 2.12). Em uma passagem anterior da epístola (Rm 1.3),
Paulo também faz essa afirmação quando conecta sua proclamação do
evangelho ao cumprimento de promessas referentes à Cristo, feitas pelos
profetas do Antigo Testamento.

Ele menciona Jesus como aquEle “que nasceu da descendência de Davi


segundo a carne” (1.3). O cumprimento das afirmações proféticas sobre Cristo
é importante para Paulo, pois ele encontra nelas a certeza para a salvação de
Israel. Conforme ele escreve, mais adiante nessa epístola, citando Isaías
59.20: “De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm
11.26). Paulo aguarda o dia em que Israel receberá Jesus como Cristo.

Embora Paulo considerasse importante que os gentios cristãos entendessem a


dívida que eles tinham para com Israel, o povo de quem Cristo veio (cf. Rm
11.18), a humanidade de Cristo também serve como um exemplo para a vida e
a prática cristãs. Ao se preocupar com a tendência dos coríntios concernente
ao comportamento egocêntrico deles, Paulo enfatiza a vida de sacrifício de
Cristo, culminando com sua morte na cruz. O “Cristo crucificado” (1 Co 1.23)
sintetiza a mensagem de Paulo: “Nada me propus saber entre vós, senão a
Jesus Cristo e este crucificado” (2.2). De forma similar, ele lembra os romanos
que “nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não
agradar a nós mesmos […] Porque também Cristo não agradou a si mesmo”
(Rm 15.1,3a).

O cumprimento profético ligado à vida de Cristo e o sacrifício de si mesmo


como exemplo para a vida estão unidos no chamado de Paulo à unidade na
igreja: “Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos
recebeu” (15.7a). Judeus e gentios vivenciam os benefícios do ministério de
Cristo.
“Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade
de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; e para que os
gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia” (w. 8,9a), verdade
demonstrada pelos textos do Antigo Testamento citados na seqüência da
epístola. (15.9b-12; cf. G1 3.28; Ef 2.11-22).

Embora Paulo conecte esses temas do serviço e do cumprimento a suas


referências a Cristo, ele também usa o título como um nome prático, a fim de
que ele, com frequência, seja permutável ou combinado livremente com as
outras designações discutidas antes. Todavia, uma designação remanescente
permanece à parte. Essa designação, embora limitada em sua aplicação e
frequência, é relevante para a compreensão da cristologia de Paulo. Essa
designação é a alusão a Cristo como o “último Adão” (1 Co 15.45).

Roy B. Zuck. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008


pag. 282-283.

2- Instruções a respeito de Cristo.

Nesse enfoque, o destaque são os aspectos da doutrina de Cristo. Aos Efésios,


o tema é “Cristo, como cabeça – e a Igreja, o seu corpo” (Ef 1.22,23). Nesse
sentido, a Igreja foi eleita em Cristo (Ef 1.4) e redimida em Cristo (Ef 1.7) para a
glória de Cristo (Ef 1.12). Aos Filipenses, a mensagem enfatiza que “o viver é
Cristo” (Fp 1.21). Ele é o segredo da verdadeira alegria e o modelo de vida
para o salvo (Fp 1.4; 2.2-16). Aos Colossenses, Paulo sublinha que a “vossa
vida está escondida com Cristo” (Cl 3.3). A igreja está unida em Cristo, morta e
ressuscitada com Cristo (Cl 2.2,10,20; 3.1). Em suma, Cristo é a suficiência
para todo o cristão.

COMENTÁRIO

Nesse enfoque, o destaque são os aspectos da doutrina de Cristo.

Em Efésios, observam-se dois polos: Cristo e a Igreja — ambos representados


pela imagem simétrica de “Cristo, a cabeça” (Ef 1.22; 4.15; 5.23) e “Igreja, o
corpo” (Ef 1.23; 4.12; 5.30). Paulo ensina que é exclusivamente em conexão
com Cristo que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais. Nesse
sentido, a Igreja foi eleita em Cristo (Ef 1.4), redimida em Cristo (Ef 1.7) e para
a glória de Cristo (Ef 1.12). Em Cristo passamos da morte para a vida (Ef 2.1)
e, em Cristo, fomos libertos das concupiscências (Ef 4.22). Assim, a nova vida
do crente é caracterizada pela salvação “em Cristo”.

Em Filipenses, a mensagem enfatiza que para o cristão “o viver é Cristo” (Fp


1.21). Matthew Henry descreve que “a glória de Cristo deve ser a finalidade da
nossa vida, a graça de Cristo, o princípio dela, e a Palavra de Cristo, a regra
dela. A vida cristã é derivada de Cristo e dirigida a Ele. Ele é o princípio, a
regra e o fim dela”. Em vista disso, Cristo é o modelo de vida para o salvo.
Assim sendo, o crente deve regozijar-se em Cristo diante de todas as
circunstâncias (Fp 1.18; 2.2; 3.1; 4.4-13); por amor a Cristo, fugir de contendas
e manter a comunhão com os irmãos (Fp 2,1-4); e andar nos mesmos passos
de humildade de Cristo Jesus (Fp 2.5-11).

Em Colossenses, Paulo sublinha que a “vossa vida está escondida com Cristo
em Deus” (Cl 3.3). Indica que Cristo é a vida do crente, e que essa nova vida é
de Cristo. O Comentário Bíblico Beacon avalia que “trata-se de uma realidade
para o crente e é realizada numa nova consciência e poder éticos para a
justiça”. Quem recebe essa graça deve despojar-se do velho homem e das
suas más obras, e revestir-se da nova natureza em Cristo (Cl 3.5-10). E, dessa
forma, a igreja está unida com Cristo em Deus, morta para os pecados e para o
mundo, e ressuscitada com Cristo (Cl 2.13-15; 3.1,2). Em suma, Cristo é tudo
em todos, Ele é a suficiência para todo cristão (Cl 3.11).

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Efésios

A presente autoridade de Jesus. Os eventos descritos em Efésios 1.20-22


deixam evidente que Paulo ressalta a autoridade atual de Jesus. Ele menciona
a ressurreição de Jesus, o fato de Ele estar sentado à destra de Deus (SI
110.1), e escreve que Jesus é o Cabeça da igreja. Esses três eventos já
ocorreram, é natural, portanto, esperar que Paulo também queira dizer que a
submissão de todas as coisas deve ser entendida como algo que Deus já
realizou por intermédio de Cristo (Ef 1.22). Se Paulo quisesse dizer que essa
submissão se refere a algo futuro, teria mencionando-as por último e mudaria o
tempo verbal aoristo (passado), que usa em toda a lista, pelo tempo futuro. O
ponto de Paulo é que o que Deus começou e pôs em andamento por
intermédio de Jesus Cristo, Ele também fará acontecer. Paulo expressa essa
ideia de “triunfo-submissão” como algo que já ocorreu (e também em Cl
2.14,15), além de aguardar sua realização na íntegra no futuro (1 Co 15.24-28).
Na doutrina de Paulo, esse elemento “já” em relação ao governo de Jesus não
é a mesma doutrina do “reino mais que concretizado” que ele condena na
epístola aos Coríntios (1 Co 4.8). Essa última doutrina é fruto do conceito
errôneo dos coríntios de que o Reino não é um governo em andamento, mas
um governo totalmente realizado que não precisa nem mesmo da esperança
da ressurreição, conforme a admoestação de 1 Coríntios 15 deixa claro. Paulo
ensina que Cristo já está triunfante e também fala de uma futura realização
mais extraordinária desse governo. No entanto, a batalha contra o pecado
ainda precisa ser travada nesta vida (Ef 6.10-18), embora os crentes se
entreguem a ela sabendo que o poder daquEle que está ao lado deles é maior
do que o das forças que se opõem a eles e que Ele já triunfou sobre elas.

Por isso, em Efésios 1.19-23, Paulo sustenta que como resultado da exaltação
de Cristo, todas as coisas estão submissas a Ele, e Ele é o Cabeça da igreja. O
governo de Jesus na igreja é, principalmente, a expressão de sua autoridade
no presente século. Nesse contexto, fica claro que o termo Cabeça não se
refere à origem de Cristo, mas a sua posição preeminente na igreja. Liderança
retrata autoridade, mas não o mero poder; antes, o termo enfatiza serviço, uma
vez que Jesus se derrama sobre sua igreja. Paulo retorna ao tema da
exaltação no capítulo 4.7-10, onde ele mostra que os dons da igreja refletem a
vitória alcançada por Cristo na exaltação, perspectiva semelhante à de Atos
2.30-36. Assim, a exaltação faz com que Cristo se derrame sobre a igreja
(1.23) e também conceda dons a ela (4.7-10). O Único com autoridade
continua a servir entregando a si mesmo da mesma forma como entregou sua
vida por nós (Mc 10.42-45).

O poder de Deus já exercido para a salvação e transformação. A maioria das


pessoas interrompe a oração em Efésios 1.23, mas isso não é sábio, já que
Efésios capítulo 2.1 se inicia com “e” (kaí), estendendo, assim, o modelo da
oração. No capítulo 2.1-10, Paulo fornece uma segunda descrição do exercício
de poder de Cristo para os crentes e para a formação deles como comunidade
(observe o prefixo syn em nos versículos 5 e 6). Todo crente já vivenciou o
exercício decisivo e definidor do poder de Deus. A salvação é o livramento da
vida guiada por Satanás, pelo mundo e pela carne. Deus estende grande poder
vivificador quando ressuscita a pessoa da morte resultante do pecado e a
assenta junto a Cristo (2.4-7). Embora a linguagem seja muitíssimo abstrata, o
ponto é que o crente é graciosamente ressuscitado (isto é, nasce de novo) e,
agora, tem uma posição permanentemente ligada a Cristo. Deus concede
novidade de vida e cidadania celestial para quem crê. O crente não está mais
associado às forças terrenas nem preso a elas. Na batalha cósmica entre Deus
e as forças que se opõem a Ele, o crente mudou de lado e agora tem acesso
ao Rei.

Essa é uma forma mais elaborada de expressar o que Paulo diz sobre o
livramento, em Colossenses 1.12-14, e cidadania, em Filipenses 3.20,21. Na
verdade, o que é verdade para cada crente individual é verdade para todos
eles como comunidade. Eles compartilham juntos seus benefícios (2.5,6). O
que Deus faz por um, faz por todos. Esse é o fundamento da unidade deles em
Cristo (4.1-6).

Filipenses

O ponto de referência para a vida e a morte. Em uma das declarações mais


definidoras de todas suas epístolas, Paulo deixa claro o motivo de poder
descansar no cuidado de Deus enquanto está na prisão. A afirmação do
apóstolo de que “viver é Cristo, e o morrer é ganho” (1.21) fortalece sua
declaração anterior de que deseja que Cristo seja engrandecido em seu corpo,
quer pela vida quer pela morte (1.20). A identidade e motivação pessoais de
Paulo são definidas por Jesus e pela comunhão que tem com Ele. Viver
representa servir a Cristo, enquanto morrer é estar com Ele. Hawthorne afirmou
muito bem a força do versículo 21. “A vida é sintetizada em Cristo. A vida é
totalmente preenchida e ocupada por Ele, no sentido de que tudo que Paulo faz
— confiar, amar, esperar, obedecer, pregar, seguir… e assim por diante — é
inspirado por Cristo e é feito por Ele. Cristo, e apenas Cristo, dá inspiração,
orientação, sentido e propósito à existência”.13 Paulo expressa reiteradamente
esse desejo de glorificar a Cristo e deixá-lo definir a vida (1 Co 11.31; G12.20;
Cl 3.17). A esperança de Paulo para o futuro, centrada como é em Jesus,
guarda-o de dar muita importância a suas circunstâncias atuais. Essa
esperança capacita-o a repensar suas circunstâncias não pela supressão de
suas emoções, evidenciadas ao longo dessa epístola, mas ao relacioná-las, em
sua vida, à soberania de Deus e à centralidade de Jesus.

Colossenses

Quando Paulo considera essa atividade redentora na esfera pessoal, em vez


da cósmica, observa que os pecadores, inimigos de Deus que vivem afastados
dEle, são reconciliados com Ele por meio da morte de Jesus para que os que
persistem na fé possam ser separados como especiais diante de Deus (1.21-
23).

Jesus, além de ser o Mediador, também é quem os capacita. Quando a pessoa


está nEle, ela tem o fundamento necessário para vivenciar a plenitude da
bênção de Deus.

Unido com seu corpo, a igreja. A igreja é tão identificada com Cristo e unida a
Ele que é chamada de seu “corpo”. Na verdade, Jesus procurou beneficiar
essa nova comunidade com sua própria morte. Para Paulo, sofrer em favor
dessa igreja representa cumprir as “aflições de Cristo” (1.24), pois quando a
igreja sofre (como corpo de Cristo), Cristo sofre (cf. At 9.1-6). Essa
identificação corporativa também pode ser expressa pelo fato de Cristo habitar
na comunidade, o grande mistério de Deus (Cl 1.29). Os membros dessa nova
comunidade não vivem mais para si mesmos, mas vivem para Ele e
representam a Ele (3.1-17).

A fonte e o centro do crescimento. Estar em Cristo quer dizer que a pessoa


pode buscar a maturidade que vem dEle (1.28). Quando os crentes fazem isso,
a igreja vivência amor e união extraordinários. Essas verdades a respeito de
Cristo representam que a fé pode ser organizada (2.2-4). Todavia, quando
alguém afasta o foco de Cristo, surgem problemas (2.8). Por isso, Paulo chama
os cristãos para que caminhem “segundo Cristo” (2.8). Ele é aquEle que eles
receberam como Senhor e devem continuar a caminhar com Ele como Senhor,
já que Ele é a fonte da capacitação, sabedoria e conhecimento deles (2.2-6). E
por isso também que os crentes são descritos como “circuncisão de Cristo”,
pois foram separados por Ele (2.11). Ao longo da passagem 2.9-15, Paulo
afirma várias vezes que os que estão em Cristo e com Cristo crescem, e
também diz que o crescimento acontece por intermédio dEle. Cristo é vida,
enquanto o que os outros ensinam práticas não passam de sombras (2.17).

Morrer e ressuscitar com Cristo. A existência do crente está tão identificada


com Jesus, que Paulo escreve sobre morrer com Cristo “quanto aos
rudimentos do mundo” e ressuscitar com Ele (2.20—3.11). Essa linguagem
repete a imagem de 2.9-15. Ela reflete a mudança de identidade e submissão
para que os padrões, métodos e forças criadas do mundo não mais definam a
vida. Em vez disso, Deus, que os libertou em Cristo, guia e define a vida.
Assim, aquele que tem a mente voltada para o céu não deve fugir nem retrair-
se, mas refletir as características divinas da nova vida que Deus disponibilizou
para os crentes (3.1-17).

O novo homem. Jesus formou nova humanidade, ou o “novo homem”, na qual


pessoas de várias nações habitam e são renovadas segundo a imagem de
Deus (3.10,11). O novo homem é o Messias incorporado. O contraste novo
homem/velho homem descreve a vida da pessoa em termos de dois períodos
em dois mundos distintos. Primeiro, há o “velho homem”, ou seja, a antiga
comunidade em que o crente morava antes da vinda de Cristo e a qual, no
momento da conversão, foi retirada como se fosse roupa velha (3.9). Os
crentes, ao deixar o velho mundo para trás, são exortados a deixar as antigas
práticas para trás.
Segundo, há vida quando se vive em Cristo, a vida da nova comunidade na
qual as antigas distinções sociais e raciais foram eliminadas e transformadas
em unidade e na qual acontece a transformação à imagem de Deus (3.10,11).

Resumo. Assim, Cristo é o Mediador e a Fonte da vida, aquEle que capacita os


cristãos. Responder a essa realidade quer dizer que a paz de Deus pode reinar
no coração (3.15), a Palavra de Cristo pode habitar abundantemente na vida
(3.16), e tudo que é feito ocorre com o reconhecimento de que a pessoa é dEle
(3.17). A autoridade dEle governa os relacionamentos do crente; todas eles;
em casa com o cônjuge, com os filhos ou pais, como escravos ou como
senhores (3.18,20,24). Compartilhar os graciosos benefícios do governo do
Senhor, representa honrar o governo dEle com a vida que adotamos. A
cristologia é o cerne teológico de Colossenses que leva à formação de uma
nova comunidade, cujo compromisso de amor, de conhecimento, de sabedoria
e de união deve permitir que os seguidores de Cristo ajam contra a falsa
doutrina (2.4). Mas exatamente de qual problema Paulo tratou por meio dessa
cristologia?

Roy B. Zuck. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 344-345;


356-357; 335-336.

3- Instruções sobre as últimas coisas.

Esses ensinos enfatizam os aspectos da vinda de Jesus. Em 1


Tessalonicenses, Paulo ensina que no retorno de Cristo “nós, os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados” (1 Ts 4.17), sendo necessário, para esperar o
Senhor, conservar irrepreensível o espírito, a alma e o corpo (l Ts 5.23). Em 2
Tessalonicenses, o apóstolo esclarece que, após o arrebatamento da Igreja, o “
Dia do Senhor” se iniciará com a manifestação do Anticristo (2 Ts 2.2,3,8).
Enquanto o salvo aguarda a volta de Cristo, deve orar para que o Evangelho
tenha livre curso, e vigiar para não viver desordenadamente (2 Ts 3.1,11,12).
As duas epístolas alertam a respeito da necessidade de preparar-se para a
vinda do Senhor.

 
COMENTÁRIO

Essas orientações enfatizam os aspectos da segunda vinda de Jesus. Em 1


Tessalonicenses, Paulo ensina que, no retorno de Cristo, “os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados” (1 Ts 4.17).

Quanto à vinda de Cristo, nossa Declaração de Fé professa que é um evento a


ser realizado em duas fases: A primeira é o arrebatamento da Igreja antes da
Grande Tribulação (1Ts 1.10; 4.17; 5.9); a segunda fase é a sua vinda em
glória depois da Grande Tribulação e visível aos olhos humanos (Ap 1.7).
Nessa vinda gloriosa, Jesus retornará com os santos arrebatados da terra: “na
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1 Ts 3.13).

O arrebatamento é um termo que designa o rapto da Igreja da face da terra


para o encontro com o Senhor nos ares. Nesse evento, os mortos em Cristo e
os santos do Antigo Testamento ressuscitarão primeiro (1 Ts 4.16), seguindo-
se a transformação dos salvos vivos e o simultâneo encontro de ambos os
grupos com o Senhor nos ares (1 Ts 4.17). Acontecerá em fração de segundos,
e nosso corpo será transformado num corpo glorioso, que estará revestido de
incorruptibilidade e imortalidade (Fp 3.21; 1 Co 15.51,53). Será um evento
repentino e secreto (Mt 24.36,44,50; 25.13). A condição para fazer parte desse
glorioso evento é estar em Cristo.

Enquanto aguarda o arrebatamento, o crente deve conservar irrepreensível o


espírito, a alma e o corpo (1 Ts 5.23).

Em 2 Tessalonicenses, Paulo corrige o falso ensino de que Cristo já tinha vindo


(2 Ts 2.1,2). Esclarece que somente após o arrebatamento da Igreja é que o
“Dia do SENHOR” terá início com a manifestação do Anticristo (2 Ts 2.3,8). A
expressão “Dia do SENHOR” também é designação para a Grande Tribulação
(Is 13.6-9; 1 Ts 5.2,3), ocasião em que a ira de Deus será derramada sobre os
moradores da terra.8 Após a Grande Tribulação se dará a segunda fase da
Segunda Vinda de Cristo, que será visível e corporal com a sua Igreja
glorificada (Lc 21.27). Enquanto o salvo aguarda, deve orar para que o
evangelho tenha livre curso, e vigiar para não viver desordenadamente (2 Ts
3.1,11,12).

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

 
 

Uma expectativa gloriosa (1.10)

O autor Warren Wiersbe, ao fazer uma síntese da ação de Deus na vida da


igreja de Tessalônica, escreveu: A operosidade de sua fé evidenciava-os como
um povo eleito, pois deixaram seus ídolos, voltaram-se para Deus e creram em
Jesus Cristo. A abnegação de seu amor tornava-os um povo exemplar e
entusiasmado, que colocava em prática a Palavra de Deus e compartilhava o
evangelho. A firmeza de sua esperança fazia deles um povo esperançoso, que
aguardava a volta do Senhor.

Antes de Paulo chegar aos tessalonicenses com o evangelho, eles eram


pessoas sem esperança “[…] e sem Deus no mundo” (Ef 2.12). Porém, agora,
recebem uma viva esperança.

Três verdades são destacadas pelo apóstolo Paulo:

A expectativa da segunda vinda de Cristo (1.10a).

William Hendriksen preceitua que não se deve perder de vista o pleno impacto
do verbo “aguardar”. Significa esperar feliz, com paciência e confiança. Não é
apenas crer que Jesus vai voltar. É estar preparado para a Sua volta. Quando
aguardamos um visitante, já deixamos tudo pronto para a sua chegada.
Preparamos o quarto de hóspedes, a agenda de atividades, nosso horário
disponível e outras obrigações, tudo de maneira a deixar a pessoa que nos
visita inteiramente à vontade. Assim também, aguardar o Filho de Deus que
virá dos céus implica um coração e uma vida santificada.’’ Concordo com
Warren Wiersbe quando diz que não esperamos “sinais”, mas sim o Salvador.

A doutrina mais enfatizada nesta carta de Paulo aos tessalonicenses é a


segunda vinda de Cristo. Eles aguardavam a volta iminente do Senhor Jesus.
Eles se alimentavam dessa bendita esperança. Seus olhos estavam nos céus,
de onde o Senhor virá. Concordo com William Barclay quando ele afirma: “O
cristão é chamado a servir no mundo e a esperar a glória”.

A palavra utilizada por Paulo para descrever o verbo “aguardar” é anamenein,


que significa esperar, aguardar.

O pensamento chave aqui parece o de esperar por alguém cuja vinda foi
anunciada, talvez com a idéia adicional de paciência e confiança. O tempo
presente aponta para a espera contínua. “ A iminente volta do Senhor Jesus é
a esperança do cristão. Essa verdade está fartamente documentada no Novo
Testamento (Lc 12.36; Rm 8.23; ICo 11.26; 2Co 5.2; G1 5.5; Fp 4.5; Tt 2.13;
Hb 9.28; Tg 5.7-9; IPe 4.7; IJo 3.3; Ap 3.11; 22.7,12,20).

A base para a expectativa da segunda vinda de Cristo(1.10b).

A igreja de Tessalônica esperava a segunda vinda de Cristo, porque tinha a


convicção de que Deus O havia ressuscitado dentre os mortos. A esperança da
segunda vinda seria totalmente vazia e desprovida de sentido sem o fato da
ressurreição. Cristo morreu, ressuscitou, venceu a morte, retornou ao céu e por
isso, vai voltar. Se Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, segue-se que Ele
agora está onde Deus está, a saber: nos céus, e o Deus que O ressuscitou
pode trazê-Lo de volta à terra para o Seu povo, e o fará.

O livramento que a igreja terá quando da segunda vinda de Cristo (1.10c).

Para aqueles que estiverem despreparados, a segunda vinda de Cristo será


um dia de trevas e não de luz, de desespero e não de esperança, de juízo e
não de salvação. Para a igreja, que se converteu, que abraçou o evangelho,
que se tornou modelo e irradiou sua bendita influência não existe mais
condenação. A igreja é liberta da ira vindoura quando crê. Não há mais temor
quanto ao futuro. Não há mais condenação para os que estão em Cristo (Rm
8.1). A morte de Cristo foi o meio usado por Deus para livrar os homens da ira
(4.9,10).

A ira de Deus não é orgulho ferido nem uma explosão de fiiria caprichosa. Não
é uma emoção descontrolada de uma pessoa zangada. Ao contrário, a ira de
Deus é uma justa reação diante da maldade. A ira de Deus sempre é dirigida
contra o mal e não é arbitrária e sem princípios.

Minha oração é que as marcas dessa igreja que nasceu num parto de dor, mas
cresceu vigorosamente e fez ecoar a mensagem do evangelho em todo o
mundo, possam ainda hoje inspirar novas igrejas a se voltarem para Deus e a
fazerem a obra de Deus com alegria, na dependência e no poder do Espírito
Santo.

LOPES. Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Como se preparar para a


segunda vinda de Cristo. Editora Hagnos. pag. 42-44

 
 

4- Instruções pastorais e pessoais.

As Epístolas particulares abrangem instruções de natureza prática. Dentre


outros temas, em 1 Timóteo, Paulo orienta o combate às heresias por meio da
“sã doutrina” (1 Tm 1.3,9,10). Em vista disso, o líder deve ser apto para ensinar
(1 Tm 3.2; 4.13,16). Em 2 Timóteo ratifica-se que o obreiro deve manejar “bem
a palavra da verdade” (2 Tm 2.15) a fim de produzir arrependimento nos que
resistem (2 Tm 2.25). Em Tito, o pastor deve contrapor os falsos ensinos (Tt
1.5,10,11), e para tanto é exortado a falar “o que convém à sã doutrina” (Tt
2.1). Em Filemom, a mensagem enfatiza o perdão. O transgressor arrependido
deve ser recebido “mais do que servo, como irmão amado” (Fm 1.16).

COMENTÁRIO

As Epístolas particulares abrangem instruções de natureza prática.

Duas delas foram dirigidas a Timóteo, um jovem pastor em Éfeso, natural de


Listra, filho de pai gentio e de mãe cristã judia (At 16.1). Após sua conversão,
tornou-se um auxiliar de confiança na obra missionária. Paulo se refere a ele
como “irmão” e “cooperador” (1 Ts 3.2); “filho amado” e “fiel no Senhor” (1 Co
4.17); “verdadeiro filho na fé” (1 Tm 1.2). As orientações são pessoais, mas
servem para aplicação na vida espiritual e gestão da Igreja.

Dentre outros temas, em 1 Timóteo, Paulo orienta o combate às heresias por


meio da “sã doutrina” (1 Tm 1.3,9,10). Timóteo deveria coibir o ensino de “outra
doutrina” que minava a fé da Igreja, esmerando-se em ensinar a ortodoxia
cristã (doutrina correta). Para tanto, precisava combater as inovações, tais
como, “fábulas ou a genealogias intermináveis” (1 Tm 1.4). Refere-se a
doutrinas espúrias permeadas de mitos, ficções, lendas e revelações falsas em
contraste com a verdade do Evangelho.9 Em vista disso, depreende-se que o
líder deve ser apto para ensinar (1 Tm 3.2; 4.13,16).

Em 2 Timóteo, destaca-se que o obreiro deve ser aprovado diante de Deus e


manejar “bem a Palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Paulo orienta o líder a
esforçar-se para receber a aprovação divina, e não dos homens. O apóstolo
aconselha tanto Timóteo como a Igreja a não participarem de falatórios vazios
e profanos como faziam os hereges (2 Tm 2.14,16). Para isso, deveria estudar
com zelo as Escrituras para não ser um obreiro despreparado, a fim de instruir
aos que resistiam a sã doutrina (2 Tm 2.25).
As outras duas missivas pessoais de Paulo foram endereças a Tito e a
Filemom. Tito era um grego convertido (Gl 2.3), que se tornou cooperador de
confiança de Paulo, com as mesmas virtudes de Timóteo (Tt 1.4; 2 Co 2.13;
8.23; 12.18). Ele foi comissionado pelo apóstolo para pastorear em Creta (Tt
1.5). Na Epístola a Tito, enfatiza-se que o pastor deve contrapor os falsos
ensinos (Tt 1.5,10,11) e, para tanto, é exortado a falar “o que convém à sã
doutrina” (Tt 2.1). Nessa tarefa, cabe ao ministro reafirmar a autoridade da
Palavra de Deus e manter-se fiel às doutrinas bíblicas.

Em Filemom, a mensagem enfatiza o perdão. O destinatário principal é


Filemom e a Igreja em sua casa (Fm 1,2). Esse detalhe indica que a casa de
Filemom era o lugar de cultos dos crentes de Colossos (Cl 4.8,9). O assunto
gira em torno de Onésimo, um escravo fugitivo que Paulo converteu ao
evangelho na prisão (Fm 10). Paulo aconselha Filemom a acolher Onésimo
com brandura e apreço, e ainda se dispõe a pagar todo o prejuízo causado (Fm
17,18). O apóstolo ensina que o transgressor arrependido deve ser recebido
não como servo, mas como irmão amado (Fm 16).

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Motivos e Propósitos

Há três impulsos primários que podem ser observados nas «epístolas


pastorais», a saber: a. a necessidade de combater as heresias; b. a
necessidade de encorajar a nomeação de homens espiritual e moralmente
qualificados para o ministério, o que exigiu várias instruções sobre as
qualificações desses homens; c. a necessidade de instrução no caminho da
piedade, que envolve a vida prática e moral. Nesse ponto, as epístolas
pastorais ocupam terreno comum com todas as demais epistolas paulinas.
Abaixo oferecemos considerações sobre cada um desses três pontos
colimados.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e


Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 418.

 
SINÓPSE I

As epístolas paulinas nos instruem a respeito de Cristo, sobre as últimas coisas


e trazem instruções pastorais e pessoais.

AUXÍLIO DE BIBLIOLÓGICO

“Epístolas

No uso geral, o termo epístola refere-se à correspondência escrita, seja


particular ou pública. […] No Novo Testamento, o termo grego espistole ocorre
24 vezes e é a designação de 21 dos escritos do Novo Testamento […] Em
geral, as epístolas do Novo Testamento seguem a forma padrão das cartas
antigas, com o poder ser visto pelo estudo da extensa correspondência em
papiros que foi preservada . A ordem epistolar usual e de bem estar dos
leitores, corpo da carta e saudações finais. Alguns, seguindo a sugestão de A.
Deissmann, têm feito uma distinção entre cartas e epístolas.

As cartas seriam pessoais, com trechos não-literários sem a intenção de uso


permanente, ao passo que as epístolas seriam impessoais, com trechos
literários, escritas para um público mais geral e com a intenção de
permanência. Outros tem corretamente insistido que esta distinção é
demasiadamente sofisticada e simplificada. A maioria das epístolas do Novo
Testamento combina elementos tanto de cartas como de epístolas, conforme
distinguido por DeissmanN. A correspondência do Novo Testamento foi, em
sua maior parte, escrita em resposta a cartas ou palavras pessoais com
relação a problemas ou necessidades que exigiram um tratamento por parte de
alguém que tivesse autoridade apostólica” (Dicionário Bíblico Wyclifee. Rio
de Janeiro: CPAD, 2006, pp.652,53).

II – COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM

1- As Epístolas de Pedro.

1 Pedro aborda o sofrimento cristão (1 Pe 1.6). Ela ensina que as provações


fortalecem a fé (1 Pe 1.7), que é preciso santificar-se (1 Pe 1.15), suportar os
agravos (1 Pe 2.19) e alegrar-se nas aflições (1 Pe 4.13). Assegura que o
próprio Deus é quem aperfeiçoa, confirma, fortifica e estabelece o crente fiel (1
Pe 5.10). Em 2 Pedro, a mensagem faz alerta aos ensinos dos falsos mestres,
tais como: negar a divindade e a segunda vinda de Cristo (2 Pe 2.1; 3.4). Pedro
contesta tais heresias, ratifica que Jesus é o Filho de Deus (2 Pe 1.16,17) e
anima a Igreja a manter-se imaculada até a volta do Senhor (2 Pe 3.14).
 

COMENTÁRIO

A 1ª Epístola de Pedro foi escrita aos irmãos dispersos no “Ponto, Galácia,


Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pe 1.1). Refere-se aos judeus convertidos a
Cristo, mas principalmente aos gentios cristãos que habitavam em uma dessas
cinco províncias romanas. Eles eram minoria em uma sociedade pagã, idólatra,
injusta, pervertida e imoral. Estavam sofrendo pressões e perseguições por
causa da sua fé em Cristo e de seu modo de viver e agir contrário a cultura
predominante. Nesse contexto, ressalta-se que em 1 Pedro a abordagem
enfatiza o sofrimento cristão (1 Pe 1.6).

O apóstolo ensina que as provações fortalecem a fé. Afirma que a fé é testada


no fogo das adversidades (1 Pe 1.7). Exorta os cristãos a não ceder às
concupiscências, mas manter uma vida de santidade (1 Pe 1.15). Orienta os
crentes a suportar os agravos para a glória de Deus (1 Pe 2.19) e alegrar-se
por serem participantes das aflições de Cristo (1 Pe 4.13). Assegura que o
próprio Deus é quem aperfeiçoa, confirma, fortifica e estabelece o crente fiel (1
Pe 5.10).

Essas verdades devem nos dar a confiança, paciência e esperança para


perseverar, mesmo quando formos perseguidos.

A 2ª Epístola de Pedro foi destinada aos leitores da primeira missiva (2 Pe 3.1)


e provavelmente a um grupo maior de cristãos. A ocasião da escrita revela um
quadro bem desolador para os servos de Cristo. Nero, o imperador de Roma
(54 d.C.-68 d.C.), promovia crescente perseguição à Igreja. Como já visto na
primeira Epístola, Pedro advertiu e encorajou os crentes a manter a fidelidade e
a esperança em meio ao sofrimento. Nessa segunda Carta, antes de morrer,
Pedro escreve suas últimas orientações aos irmãos. Em 2 Pedro, a mensagem
faz alerta aos ensinos dos falsos mestres (2 Pe 1.12-14).

O apóstolo exorta acerca das heresias que perturbavam a fé da Igreja, tais


como a negação da divindade de Jesus e a negação da Segunda Vinda de
Cristo (2 Pe 2.1; 3.4). Pedro vaticina que muitos seriam enganados (2 Pe 2.2),
e que os hereges por avareza fariam da igreja um negócio para ganhar dinheiro
(2 Pe 2.3). Para combater esses males, Pedro ratifica que Jesus é o Filho de
Deus (2 Pe 1.16,17) e anima a Igreja a manter-se fiel e imaculada até a volta
do Senhor (2 Pe 3.9-14). Assim, os escritos de Pedro estimulam as virtudes do
discernimento, santidade e perseverança.

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Alegria na Dor 1 Pedro 3.13-4.19

Uma das questões que mais atormentam o ser humano é: “Por que os justos
sofrem?” Embora se esforcem, os homens não conseguem uma resposta
satisfatória. Nessa mesma linha de pensamento, somos levados a perguntar
também: “Pòr que deu tudo errado, se procurei fazer a coisa certa?”

Jó tentou certa vez encontrar uma resposta (veja Jó 1.9,11; 2.4,5; 13.15,16;
19.25-27). Mas ao invés de lhe dar uma resposta clara, Deus limitou-se a
mostrar-lhe os mistérios da natureza (Jó 38-41). Apesar de não entender tais
coisas, o patriarca teve de aceitar integralmente a soberania divina. Afinal, o
Senhor tem o domínio, não só das coisas naturais, como também das
espirituais.

Habacuque também não pôde compreender como o Deus santo utilizava-se


dos perversos caldeus para punir os israelitas, que eram mais justos que
aqueles (Hc 1.13).

No final, o profeta teve de aprender que o justo deve viver pela sua fé. Através
da própria experiência, chegou à conclusão: ainda que fossem destruídos
todos os bens materiais, ele haveria de regozijar-se no Deus de sua salvação.
Enquanto tivesse o Senhor por sua força, possuiria o bastante. Deus ainda o
faria correr alegremente como a corça, e andar altaneiramente (Hc 2.4; 3.17-
19).

I – Um Princípio Geral

Antes que Pedro trate mais profundamente o assunto, ele se refere a um


princípio geral: “E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?”
(1 Pe 3.13).

Noutras palavras, o cristão não precisa desenvolver um complexo de


perseguição. Não precisa estar à espera de que as pessoas o maltratem, e
dele tirem vantagem. Assim vivem aliás, certos grupos minoritários.
Após estabelecer esse princípio geral, Pedro passa a tratar do sofrimento em
relação ao nosso testemunho (1 Pe 3.14-16). Fala também a respeito dos
sofrimentos de Cristo (1 Pe 3.17-4.2), e do juízo de Deus (1 Pe 4.3-9).

II – A Dor em Relação a Nosso Testemunho

Realmente, o sofrimento ocasionado em virtude de uma vida piedosa é uma


raridade à maioria de nós. Não era diferente nos dias de Pedro. Mesmo
durante o segundo e o terceiro séculos da história da igreja, havia momentos
de calma em que a Igreja crescia sem quaisquer perturbações. Inclusive havia
autoridades romanas que nem sempre seguiam à risca as ordens do imperador
no sentido de se perseguir os servos de Cristo. O mesmo acontece hoje nos
países islâmicos e totalitários.

Se sofremos por causa do Senhor, diz Pedro, devemos considerar-nos felizes,


por ser tal coisa um grande privilégio. Não foi o que afirmou Jesus no Sermão
da Montanha?

Os perseguidos em virtude de sua justiça são bem aventurados; deles é o


Reino dos Céus. Se nos caluniarem por causa de seu nome, acrescenta Jesus,
devemos rejubilar-nos, “pois assim perseguiram os profetas que vieram antes
de vós” (Mt 5.10-12).

Não podemos nos amedrontar com o que os inimigos de Cristo poderiam fazer
conosco. Devemos antes santificar o Senhor Deus em nossos corações (1 Pe
3.15). No original grego, isto quer dizer: “Dê a Ele seu próprio lugar como
Senhor e Mestre de seu ser”. Portanto, ao invés de ser dominado pelo medo,
você será dirigido por Cristo. Você estará sempre preparado a responder aos
que perdem a razão da esperança que há em sua alma (1 Pe 3.15).

III – A Defesa de Nossa Esperança

Esta resposta, ou defesa, pode ser usada nos tribunais.

Haja vista o que ocorreu com Pedro e João ao serem trazidos diante do
Sinédrio. Aqui, os líderes judaicos ficaram surpresos com a liberdade que os
apóstolos falavam sobre a fé em Jesus (At 4.5-13). O mesmo aconteceu com
Paulo ao depor diante do Rei Agripa. Este chegou a maravilhar-se ao descobrir
que Paulo não tentara defender-se. O apóstolo limitou-se a prestar da
esperança que nele habitava (At 26.1-29).

Esta é a razão pela qual Jesus recomendou aos discípulos que, ao serem
levados aos magistrados e poderosos, nada temessem, “porque o Espírito
Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as cousas que deveis dizer” (veja Lc
12.11,12). Se tivessem de pensar acerca de sua defesa, certamente se
embaraçariam. Mas se estivessem sempre preparados para testificar acerca de
sua esperança, o Espírito Santo os instruiria em todas as coisas. O resultado
seria um poderoso testemunho acerca de nossa grande salvação que
receberemos quando Jesus voltar.

Neste contexto, Pedro não pode estar enfatizando o que temos de dizer nos
tribunais ou diante dos juízes. Seu ensino parece aplicar-se mais àquelas
abordagens que sofremos em casa, na rua, no trabalho, no super-mercado ou
onde quer que tenhamos contato com incrédulos.

Estar preparado não significa munir-se daquela ousadia que pode ser
confundida com orgulho ou arrogância.

Longe disso! A demonstração de nossa esperança há de ser apresentada com


mansidão e temor.

Estar preparado é achar-se também munido de uma boa consciência (1 Pe


3.16). A consciência má gera medo e covardia em nossos corações quando
temos de testemunhar de Cristo. A culpa afasta-nos do Senhor e da ajuda do
Espírito Santo, tornando-nos o testemunho ineficaz. A boa consciência, porém,
lavada de toda iniquidade através de uma confissão aberta ao Senhor (1 Jo
1.9), ajudamos a prestar um testemunho eficaz apesar das circunstâncias
adversas.

O cristão não pode estar cometendo constantemente os mesmos pecados e


faltas, para em seguida confessá-los. A boa consciência é mantida através de
uma vida realmente vivida em Cristo. Ela nos ajudará quando tivermos de
enfrentar os que falam mal de nós. Pedro parece ter em mente o que ele já
disse nos capítulos 2.23 e 3.9 a respeito de não se pagar o mal com o mal. A
boa consciência sempre há de sair vencedora. No final, os que nos acusam
falsamente, serão expostos à vergonha, e atirados na mais profunda confusão.

I – Deus Sabe o que Farão os Falsos Mestres

Os santos profetas de Israel tiveram de contender com os falsos profetas que


surgiam no meio do povo (Mq 2.11; Jr 14.13-15; 5.31; 23.9-22; 29.9). Eles
gritavam: “Assim diz o Senhor”, talvez mais alto que os mensageiros de Jeová.
Incitavam o farisaísmo e o mundanismo.
Negavam a mensagem divina. Mas os fatos provavam estarem eles
completamente errados. Haja vista o que se deu em relação à Jerusalém.
Diziam os falsos profetas que a cidade jamais seria destruída. No entanto, veio
Nabucodonosor, e deitou-a por terra, demonstrando que a mensagem divina,
na boca de Jeremias e de quantos haviam predito tal desgraça, era realmente
a verdade.

Não devemos ficar surpresos se falsos mestres encontram-se entre nós. Pois
os maiores inimigos de nossa fé não se acham entre os ateus e comunistas.
Estes atacam nos de fora para dentro, mas os que se dizem cristãos, e não o
são, o fazem de dentro para fora. Buscam introduzir secretamente, na casa de
Deus, heresias e opiniões que têm como alvo a perdição eterna. Não era o que
se dava com as várias seitas e cultos surgidos nos primeiros séculos do
Cristianismo? Hoje, além das seitas, estamos às voltas com os chamados
modernistas, ou liberais, cujo criticismo destrutivo da Bíblia vem induzindo a
muitos a negar o Senhor e Mestre que nos resgatou mediante o Calvário. Mas,
ao negarem-no, trazem sobre si mesmos súbita destruição – a perdição eterna
no lago de fogo.

Embora julguem-se a salvo, não hão de escapar no dia do Juízo Final.

Pedro logo percebeu (2 Pe 2.2) que os falsos mestres teriam vasta influência.
Muitos seguiriam seus caminhos perniciosos – conduta ultrajante e baixos
padrões morais. Com os seus ensinamentos, zombam da verdade.

Em sua linguagem abusiva e blasfema, desonram o nome de Deus.

Os falsos mestres e profetas não se preocupam com o que pode acontecer aos
seus seguidores. São movidos (2 Pe 2.3) não por Deus, nem pelo Espírito
Santo, mas pela cobiça – ignoram os direitos alheios. Com palavras falsas,
forjadas em suas próprias mentes, fazem comércio de seus seguidores. São
profissionais que geram lucrativos negócios a partir de seus ensinamentos
nocivos. Tudo o que fazem é para o próprio ganho. Sua sentença, porém, já
está lavrada. Sua condenação não descansará; certamente virá.

II – Deus Sabe Como Resgatar o Justo e Julgar o Pecador

Os falsos mestres negam a ideia do inferno e da punição eterna. Mas o Juízo


Final não é nenhum pesadelo ou sonho, mas algo que Deus preparou para
julgar a humanidade.
Três ilustrações são usadas aqui (2 Pe 2.5-8), não apenas para mostrar que o
julgamento dos falsos mestres e profetas certamente virá, como também para
trazer conforto e certeza aos que por eles são atacados.

O Senhor livra da provação os piedosos, e reserva sob custódia o injusto até


que o dia do julgamento traga sua punição (2 Pe 2.9).

Levemos em conta que Deus (2 Pe 2.4) não poupou nem mesmo os anjos que
pecaram, mas lançou-os no inferno, e os pôs em cadeias – poço de trevas –
onde aguardam o Julgamento Final. Alguns estudiosos, indevidamente,
buscam relacionar tais anjos com os filhos de Deus mencionados em Gênesis
6. Só que os filhos de Deus, aqui mencionados, nada têm a ver com os anjos;
eram os descendentes de Sete que se haviam desviado da verdade. Voltando
ao assunto, deixamos claro que, se Deus tem um julgamento à espera dos
anjos caídos, não há de ignorar os falsos mestres e profetas.

Deus também não isentou o mundo antigo da punição (2 Pe 2.5), embora o


haja criado e declarado que tudo era bom (Gn 1.31). Antes enviou o dilúvio
para punir os injustos (ver Gn 6.6,7). Noé, porém, o proclamador da justiça
divina, foi preservado pelo Justo Senhor. Deus soube como salvá-lo e protegê-
lo.

O mesmo se deu em Sodoma e Gomorra (2 Pe 2.6).

Ambas as cidades foram condenadas à ruína, demonstrando a certeza do juízo


divino sobre todos os que vivem de forma injusta e irreverente. Mas Ló (2 Pe 2-
2.7) era justo. Achava-se atormentado em consequência da conversa imunda e
do viver ultrajante, indecente e lascivo daquela gente. Jamais se acostumara
àquele estilo de vida. Sua alma piedosa era torturada constantemente por tudo
aquilo (2 Pe 2.8). Todavia, Deus o resgatou, pondo o a salvo da destruição que
logo se abateria sobre Sodoma, Gomorra e outras cidades vizinhas.

Estejamos certos de uma coisa: Deus sabe como nos resgatar da opressão do
mal, da imundície e das pressões que nos fazem “os homens perversos e
impostores que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm
3.13).

III – Falsos Mestres e Seus Métodos

Sim, os falsos mestres e profetas serão julgados. Pedro, agora, passa a


descrevê-los (2 Pe 2.10). Vivem os tais segundo a carne e em imundas
paixões; menosprezam as autoridades, sejam estas divinas ou humanas. Em
sua presunção, não temem falar do mal e blasfemar das gloriosas forças
angelicais. Como sua vida não tem freios, sentem-se livres para escarnecer da
santidade divina, dos anjos e das demais coisas espirituais que jamais
lograram entender.

Quão diferente é a atitude dos anjos (2 Pe 2.11).

Embora maiores em força, não ousam fazer acusações afrontosas contra os


tais diante de Deus. Miguel, por exemplo, mesmo sendo o arcanjo, não proferiu
juízo infamatório ao contender com o diabo (Jd 9). Em lugar de maldizer o
tentador, uma só palavra é encontrada em seus lábios: “O Senhor te
repreende” (Zc 3.2).

A falta de entendimento (como o grego de 2 Pe 2.12 indica) é gerada por uma


ignorância obstinada. Os falsos mestres e profetas não tinham conhecimento
pessoal das coisas espirituais, por haverem rejeitado a eficácia do sangue de
Cristo. Embora se declarem líderes espirituais, sua real preocupação é com as
coisas materiais; seu único desejo é satisfazer os apetites da carne. Dizem-se
intelectuais, mas agem como animais irracionais; são bestas brutas sujeitas à
captura e à destruição. Eis o seu lema: “Comamos e bebamos, que amanhã
morreremos” (1 Co 15.32). Em sua corrupção, destruir-se-ão a si mesmos,
recebendo a recompensa de sua iniquidade, “porque o salário do pecado é a
morte” (Rm 6.23).

HORTON. Staleym. M. Serie Comentário Bíblico I e II Pedro. A razão da


nossa fé. Editora CPAD. pag. 47-50; 91-95.

O propósito da carta

Se o foco da primeira carta foi preparar a igreja para enfrentar o sofrimento que
se espalhava, o propósito desta epístola é alertar a igreja acerca dos falsos
profetas. Assim como Paulo escreveu duas cartas tanto aos crentes de
Tessalônica como aos crentes de Corinto, Pedro também escreveu duas
epístolas para os crentes judeus e gentios da Ásia Menor. Nessa segunda
carta, ele advertiu os crentes sobre os perigos dos falsos mestres que se
infiltraram nas comunidades cristãs. Michael Green diz que há uma
concordância geral entre os comentaristas de que a heresia em mira é uma
forma primitiva de gnosticismo.

Myer Pearlman reforça esse pensamento quando destaca que a Primeira


Epístola de Pedro trata do perigo fora da igreja: as perseguições. A Segunda
Carta trata do perigo dentro da igreja: a falsa doutrina. A primeira foi escrita
para animar; a segunda, para advertir. Na primeira, vemos Pedro cumprindo a
missão de fortalecer os irmãos (Lc 22.32); na segunda, cumprindo a missão de
pastorear as ovelhas, protegendo-as dos perigos ocultos e insidiosos, para que
andem nos caminhos da justiça (Jo 21.15-17). O tema da segunda carta pode
ser resumido da seguinte maneira: o conhecimento completo de Cristo é uma
fortaleza contra a falsa doutrina e contra a vida imoral.

LOPES. Hernandes Dias. 2 Pedro e Judas. Quando os falsos profetas


atacam a Igreja. Editora Hagnos. pag. 18-19.

2- As Epístolas de João.

1 João adverte sobre o falso ensino que negava a encarnação de Jesus (1 Jo


1.1; 4.2,3) e as demais heresias gnósticas (1Jo 5.13-21). Explica que o salvo
deve viver em comunhão com os irmãos (1 Jo 1.6,7); afastar-se da prática do
pecado (1 Jo 2.1; 3.7); amar uns aos outros (l Jo 4.11); e vencer o mundo por
meio da fé (1 Jo 5.4). Em 2 João, as heresias do docetismo e gnosticismo são
novamente refutadas (2 Jo 1.7,8). A Igreja é exortada a perseverar na doutrina
de Cristo (2 Jo 1.9) e a usar de sabedoria ao receber pessoas em casa (2 Jo
1.10,11). Em 3 João destaca-se a fidelidade de Gaio e Demétrio (3 Jo 1.5-8,12)
e a reprovação do mau testemunho de Diótrefes (3 Jo 1.9,10). Por fim, João
adverte ao cristão: “ não sigas o mal, mas o bem ” (3 Jo 1.11).

COMENTÁRIO

A 1ª Epístola de João adverte sobre o falso ensino que negava a encarnação


de Jesus (1 Jo 1.1; 4.2,3) e as demais heresias gnósticas (1 Jo 5.13-21). Os
hereges ensinavam que Cristo só tinha a aparência de ser humano. Essa
heresia é chamada de “docetismo” (do grego dokeo, “parecer”). O gnosticismo
ligava a salvação a uma experiência de revelação esotérica (do grego gnosis,
“conhecimento”). João esclarece que ele próprio era testemunha da
encarnação (1 Jo 1. 1-4). Explica que o salvo deve viver em comunhão com os
irmãos (1 Jo 1.6,7); afastar-se da prática do pecado (1 Jo 2.1; 3.7); amar uns
aos outros (1 Jo 4.11); vencer o mundo por meio da fé (1 Jo 5.4); e permanecer
no que é verdadeiro: Jesus Cristo (1 Jo 5.20).

Em 2 João, o apóstolo reitera a prática do amor como mandamento divino (2 Jo


1.5,6) e novamente refuta as heresias do docetismo e gnosticismo. João
assegura que todo aquele que não confessa que Cristo veio em carne é
enganador e anticristo (2 Jo 1.7). Portanto, a Igreja é exortada a não se deixar
enganar, nunca ir além daquilo que está escrito, mas perseverar na doutrina de
Cristo (2 Jo 1.9). A Epístola orienta os cristãos a não receber pessoas com
falsos ensinos em casa (2 Jo 1.10). Nesse quesito, João declara que aquele
que escuta um herege tem parte nas suas más obras (2 Jo 1.11).

Em 3 João, destaca-se em posições opostas a fidelidade e a infidelidade. A


Epístola condena a soberba e a rivalidade mesquinha que coloca cristãos uns
contra os outros. O apóstolo aprova o comportamento de Gaio e Demétrio,
cujas virtudes são: “andar na verdade”, “proceder fielmente”, “exercitar o amor”
e “dar verdadeiro testemunho” (3 Jo 1.4-8,12). De outro lado, Diótrefes é
reprovado por “desejar a primazia”, “desprezar os líderes”, “ser maledicente” e
“causar escândalos” (3 Jo 1.9,10). Nessa missiva, somos exortados a seguir o
bom exemplo dos servos que são fiéis a Deus, a sua obra e a seus líderes.

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e


urgente para a igreja contemporânea. Os problemas que motivaram o idoso
apóstolo a escrevê-las ainda atingem a igreja hoje. Os tempos mudaram, mas
o homem é o mesmo. Os problemas podem ter aspectos diferentes, mas em
essência são os mesmos.

O Evangelho de João foi escrito para que as pessoas cressem que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, pudessem ter vida em seu nome
(Jo 20.31). A Primeira Carta foi escrita com o propósito de dar garantia aos que
creram em Cristo acerca da certeza da salvação (ljo 5.13). A Segunda Carta foi
escrita para alertar a igreja sobre o perigo dos falsos mestres e a Terceira
Carta para alertar a igreja sobre o perigo dos falsos líderes.

Nessas cartas, o apóstolo João apresenta três provas irrefutáveis que


identificam um indivíduo verdadeiramente salvo:

A primeira prova é a prova doutrinária, ou seja, a fé em Cristo. Aquele que


nega que Jesus veio em carne e nega que Jesus é o Cristo não procede de
Deus. Esse é o enganador e o anticristo. Ninguém pode se considerar cristão
negando a encarnação de Cristo. Ninguém pode ser salvo negando a doutrina
da natureza divino-humana de Cristo. Jesus Cristo não é meio Deus e meio
homem. Ele é Deus-Homem.
O apóstolo João deixa claro que o ensino gnóstico acerca de Jesus estava
absolutamente equivocado. Os gnósticos faziam distinção entre o Jesus
histórico e o Cristo divino. Para eles, o Cristo veio sobre Jesus no batismo e
saiu dele antes da crucificação. O ensino gnóstico era uma perversão da
verdade, uma heresia que a igreja deveria rechaçar.

A segunda prova que evidencia um verdadeiro cristão é a prova social, ou seja,


o amor. Quem não ama não é nascido de Deus. Quem não ama permanece
nas trevas. Quem não ama permanece na morte. Quem não ama jamais viu a
Deus, porque Deus é amor. Não podemos separar a nossa relação com Deus
da nossa relação com os irmãos. Quem não ama a seu irmão, a quem vê, não
pode amar a Deus a quem não vê. Também, o amor cristão não consiste
apenas de palavras, mas, sobretudo, de ação. A prova do amor é o serviço.
Demonstramos nosso amor não com palavras, mas com ações concretas de
ajuda aos necessitados. O amor é a apologética final, a evidência insofismável
de que somos discípulos de Cristo.

A terceira prova que evidencia um verdadeiro cristão é a prova moral, ou seja,


a obediência. Aqueles que creem em Cristo e amam a Cristo devem andar
assim como ele andou. O credo precisa estar sintonizado com a vida. O que
cremos precisa desembocar naquilo que fazemos. Não pode existir um abismo
entre a teologia e a ética, entre a fé e as obras, entre o que falamos e o que
fazemos.

O contexto das três cartas mostra uma igreja assediada pelos falsos mestres.
Muitos desses falsos mestres saíram de dentro da própria igreja (l Jo 2.19) e se
corromperam teológica e moralmente. O apóstolo Paulo havia alertado para
essa possibilidade (At 20.29,30). A heresia é nociva. Ela engana e mata. Não
podemos ser complacentes com o erro. Não podemos tolerar a mentira. Não
podemos apoiar a causa dos falsos mestres.

Hoje, ainda, há muitos falsos profetas, muitos falsos mestres e muito engano
religioso. A igreja evangélica brasileira tem sido condescendente com muitos
ensinos forâneos à Palavra de Deus. Novidades estranhas às Escrituras têm
encontrado guarida nos redutos evangélicos. Precisamos nos acautelar.
Precisamos nos firmar na verdade para vivermos de modo digno de Deus.

A verdade é inegociável. Os absolutos de Deus não podem ser relativizados.


Precisamos convocar a igreja evangélica brasileira a voltar-se para as
Escrituras. Precisamos de uma nova Reforma. Precisamos de um
reavivamento nos púlpitos e nos bancos!
LOPES. Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO Como ter garantia da
salvação. Editora Hagnos. pag. 7-9.

 O meado do século vinte é uma época de insegurança fundamental. Tudo


muda; nada é estável. Constantemente nascem novas nações. Novos modelos
sociais e políticos se desenvolvem continuamente. A própria sobrevivência da
civilização é duvidosa, face à ameaça de uma guerra nuclear. Estas
inseguranças externas se refletem no mundo da mente e do espírito. Mesmo a
igreja, que recebeu “um reino inabalável” e está encarregada de proclamar
Aquele que “ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hb 12:28; 13:8),
atualmente profere a sua mensagem molemente, hesitante e sem convicção.
Há generalizada desconfiança do dogmatismo e preferência pelo agnosticismo
ou pelo livre pensamento. Muitos cristãos andam cheios de incerteza e
confusão.

Contra esse fundo, ler as epístolas de João é entrar num mundo


completamente diverso, mundo cujas marcas são segurança, conhecimento e
intrepidez. O tema predominante destas epístolas é a certeza cristã. Seus
verbos característicos são ginoskein, “conhecer” (15 vezes), e eidenai, “saber”
(25 vezes), enquanto que o substantivo característico é parrPsia, “atitude
confiante” ou “ousadia no falar”. A certeza do cristão é dupla-objetiva (de que a
religião cristã é verdadeira) e subjetiva (de que ele próprio é nascido de Deus e
possui a vida eterna). Ambas são expostas por João, que toma como certo que
essa dupla segurança é correta e saudável em todos os cristãos. Seu ensino
sobre essas certezas, sua natureza e as bases sobre as quais se edificam,
precisa urgentemente ser ouvido e lev.ado em consideração hoje.

Certeza quanto a Cristo.

Dos cristãos se pode afirmar, como resultado da unção que recebemos, que
todos conhecemos (“todos tendes conhecimento, 2:20), absolutamente. Não
significa, é claro, que conhecemos todas as coisas, como erroneamente
sugerem a AV e a ÀRC, pois algumas coisas Deus ainda não revelou (ex., 3:2).
Todavia, sabemos “a verdade” (2:21; cf. 2 Jo 1 e 4:6) que inclui a verdade
acerca do mundo e sua condição (5:19; cf. 2:18; 3:15), e acerca de nós
mesmos, do nosso dever e do nosso destino (2:10,11,29; 3:2; 5:18). Assim de
tudo, sabemos a verdade acerca de Deus e de Cristo. “Também sabemos que
o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o
verdadeiro” (5:20). Assim, conhecemos a Deus (2:13,14; 4:6,7) e a Cristo (3:6;
cf. 3:1). Sabemos, sobretudo, que a causa da vinda de Cristo foi o amor (3:16;
4:16) e seu propósito, “tirar os nossos pecados” (3:5, AV, ARC).
Como, porém, sabemos estas coisas, especialmente quem é Jesus Cristo e por
que veio? A clara resposta de João é dada em três estágios. Primeiro, há o
evento histórico, Cristo sendo “enviado” (4:9,10,14), a Sua vinda (5:20), a Sua
manifestação ou aparecimento (ephanerothé em 1:2; 3:5,8; 4:9). A Sua vinda
foi em carne (4:2; 2 Jo 7) e “por meio de água e sangue” (5:6). Isto é, foi real e
O envolveu nas definidas experiências históricas de nascimento, batismo e
morte. Depois, há o testemunho apostólico. O evento não passou sem ser
notado. Aquele que veio em carne foi visto, ouvido e tocado, de sorte que os
que viram podiam testificar a partir da sua experiência pessoal de primeira mão
(1:1-3; 4:14). Terceiro, há a “unção” do Espírito Santo, por quem somos
ensinados e, portanto, temos conhecimento (2:20,27; cf. 3:24; 4:13). Esse
testemunho do Espírito é no interior do crente (5:10) e corrobora o testemunho
da “água e o sangue” (5:6,8,9).

A base da nossa certeza quanto a Cristo não mudou. O fato de que lemos as
epístolas de João no século vinte e não no primeiro não faz diferença. A
religião cristã ainda está ligada ao evento histórico de Cristo e ao testemunho
que os apóstolos deram dele. Nesta “doutrina de Cristo” temos que permanecer
(2 Jo 9). Ir além dela levar-nos-á inevitavelmente ao erro e, daí, à ruína. O
dever dos ministros cristãos hoje é seguir o apóstolo João, não os falsos
mestres. Não devemos levar os nossos ouvintes da igreja a novéis doutrinas,
mas recordar-lhes o que ouviram “desde o princípio” (2:7,24; 3:11; 2 Jo 5).
Ademais, aos que creem no Jesus histórico com base no testemunho único das
testemunhas oculares apostólicas, agora preservado no Novo Testamento e
exposto pela igreja, é assegurado o testemunho contemporâneo e confirmativo
do Espírito no íntimo deles.

Certeza quanto à vida eterna.

Contudo, a espécie de conhecimento cristão tratado caracteristicamentes


nestas epístolas é mais subjetiva que objetiva. Tem que ver, não tanto com a
verdade acerca de Deus e de Cristo, como acerca da nossa posição cristã, que
João descreve com quatro expressões favoritas. Primeiro, sabemos “que o
temos conhecido” (2:3; cf. 5:20). Segundo, sabemos “que estamos nele” e “que
permanecemos nele, e ele em nós” (2:5; 4:13; cf. 3:14). Terceiro, sabemos
“que somos de Deus” (5:19; cf. 3:19, “da verdade”). Quarto, sabemos “que já
passamos da morte para a vida” e que, portanto, temos a vida eterna (3:14;
5:13). Então, ser cristão, na linguagem de João, é ter nascido de Deus,
conhecer a Deus e estar nele, desfrutando aquela íntima e pessoal comunhão
com Ele, que é a vida eterna (5:10; cf. Jo 17:3). Deste nascimento celestial e
deste relacionamento vivificante não temos dúvida. Na verdade, João declara
que o seu propósito ao escrever a primeira epístola é que aqueles que creem
possam também saber (5:13).
O argumento de João tem dois gumes. Se procura trazer os crentes ao
conhecimento de que eles têm a vida eterna, igualmente se empenha em
mostrar que os não crentes não a têm. Seu propósito é destruir a falsa
segurança dos impostores, como também confirmar a reta segurança dos
genuínos. De ponta a ponta das epístolas, ele está consciente destes dois
grupos, “vós” e “eles” (exs., 2:18-20; 4:4,5). Os mesmos grupos existem hoje.
Uns são presunçosos e se jactam daquilo que bem pode ser que não possuam;
outros são frequentadores convencionais de igrejas, sem certeza da salvação,
e até dizem que é presunção dizer alguém que a possui. Mas existe uma
verdadeira segurança cristã, que não é arrogante nem presunçosa, mas, sim,
ao contrário, como estas epístolas mostram, é a vontade claramente revelada
de Deus para o Seu povo (5:13). Assim João concita os seus leitores a se
examinaram, e fornece provas com as quais eles (e nós) podemos fazê-lo.

Robert Law intitulou os seus estudos da primeira epístola, The Tests of Life (As
Provas da Vida), 1885 porque nela são dadas o que ele denomina “as três
provas cardinais” com as quais podemos julgar se possuímos ou não a vida
eterna. A primeira é teológica, se cremos que Jesus é “o Filho de Deus” (3:23;
5:6,10,13), o “Cristo vindo em carne” (4:2; 2 Jo 7). Nenhum sistema de ensino
que nega, ou a preexistência divina e eterna de Jesus, ou a encarnação
histórica do Cristo, pode ser aceito como cristão. “Ninguém que nega o Filho
tem o Pai” (2:23, RSV). A segunda prova é moral, se estamos praticando a
justiça e guardando os mandamentos de Deus. O pecado é demonstrado ser
totalmente incompatível com a natureza de Deus como luz (1:5), com a missão
do Filho de tirar os pecados (3:5) e com o novo nascimento do crente (3:9).
Agora, como então, qualquer pretensão de experiência mística sem conduta
moral deve ser rejeitada (1:6). A terceira prova é social, se nos amamos uns
aos outros. Desde que Deus é amor e todo amor vem de Deus, é claro que
uma pessoa sem amor não O conhece (4:7,8).

É importante ver que as três provas de João não são selecionadas


arbitrariamente. Ao contrário, possuem uma coerência interna que ele descerra
particularmente na segunda metade do capítulo em relação ao Evangelho.
Este, em resumo, é que “o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo”
(4:14), afirmação que envolve a Pessoa divino- humana do Filho que foi
enviado, o amor do Pai que O enviou, e a justiça daqueles que recebem a Sua
salvação. As três provas dependem umas das outras também porque a fé, o
amor e a santidade são, todos eles, obras do Espírito Santo. Somente se Deus
nos dá o Seu Espírito é que podemos crer, amar e obedecer (3:24; 4:13).
Assim, todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, e ama, e pratica a justiça,
com isso dá prova de que “é nascido de Deus”. Expressão idêntica a esta
ocorre no texto grego de 2:29; 4:7 e 5:1. “Os tempos verbais mostram
suficientemente”, escreve Law, referindo-se à mudança do presente para o
perfeito, “que em cada caso a geração divina é o antecedente necessário para
a atividade humana.” Ademais, se a fé, a santidade e o amor revelam um
nascimento operado por Deus, também constituem os sinais da permanência
recíproca de Deus em Seu povo e deste em Deus (3:24; 4:12,13,16 e 4:15).

Falhar nestas provas é desmascarar-se. Podemos continuar apresentando-nos


como cristãos, que conhecem a Deus e têm vida, mas João insiste em que a
nossa profissão verbal é negada pelos fatos (exs., 1:6,8,10. 2:4,6,9; 4:20). Na
verdade, “aquele que diz” que conhece e ama a Deus, quando desobedece os
Seus mandamentos e odeia a seu irmão, como aquele que nega que Jesus é o
Cristo, é “mentiroso” (2:4; 4:20; cf. 2:22). Por outro lado, “sabemos … por isto”
que conhecemos a Deus, estamos nele e temos vida, se guardamos os Seus
mandamentos, amamos os irmãos e cremos em Jesus Cristo (2:3,4;
3:14,18,19,24).

Uma vigorosa certeza acerca de Cristo e da vida eterna, baseada nos


fundamentos que João dá, ainda pode levar o povo cristão àquela ousadia de
acesso a Deus e de testemunho aos homens, tão dolorosamente necessária
quão tristemente ausente da igreja hoje.

John R. W. Stott. AS EPÍSTOLAS DE JOÃO Introdução e comentário.


Editora Cultura Cristã. pag. 44-48.

 3- As outras Gerais.

 Aos Hebreus, a ênfase repousa na supremacia de Cristo (Hb 1.1). Ele é o


Sumo-Sacerdote que por seu próprio sangue executou uma eterna redenção
(Hb 9.11,12). Desse modo, o crente é estimulado a olhar para Cristo, o “autor e
consumador da fé” (Hb 12.2). Em Tiago, o autor esclarece que “a fé sem obras
é morta” (Tg 2.26). Acentua que a fé deve ser mostrada em ações (Tg 2.14).
Por isso, o texto adverte o cristão a ser praticante da Palavra, e não somente
ouvinte (Tg 1.22). Em Judas, o salvo é exortado a “batalhar pela fé” (Jd 1.3).
Isso por causa dos hereges infiltrados na Igreja (Jd 1.4). Assim, o crente é
instruído a orar e a preservar a esperança da vida eterna (Jd 1.20,21).

 
COMENTÁRIO

A Epístola aos Hebreus foi provavelmente escrita aos judeus cristãos


helenistas que são instados a manter firme a fé em Cristo (Hb 3.6,14; 4.14;
10.23). A ênfase da mensagem repousa na supremacia de Cristo: Ele é
superior aos Pais e aos Profetas (Hb 1.1); superior aos anjos (Hb 1.4); superior
a Moisés (Hb 3.3); e superior ao sacerdócio levítico (Hb 4.14). Ele é Mediador
de uma melhor aliança (Hb 8.6); Ele é o Sumo Sacerdote de um maior e mais
perfeito tabernáculo (Hb 9.11) e por seu próprio sangue executou uma eterna
redenção (Hb 9.11,12). Desse modo, o crente é estimulado a olhar para Cristo,
o “autor e consumador da fé” (Hb 12.2).

Tiago foi destinada aos judeus cristãos que tinham deixado a Palestina (Tg
1.1). O autor é meio-irmão de Jesus (Mc 6.3). Seus leitores estavam
enfrentando pressão a respeito de seus valores e crenças (Tg 1.2-4). Em vista
disso, entre outros conselhos, Tiago adverte que “a ira do homem não opera a
justiça de Deus” (Tg 1.20); esclarece que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.26);
acentua que a fé deve ser mostrada em ações (Tg 2.14); enfatiza a importância
de controlar a língua (Tg 3.2), e estimula os crentes a orar e ajudar uns aos
outros (Tg 5.16-20). Para tanto, o texto adverte o cristão a ser praticante da
Palavra, e não somente ouvinte (Tg 1.22).

Judas foi endereçada aos cristãos judeus espalhados pelo mundo (Jd 1b). O
autor é também meio-irmão de Jesus (Jd 1a). Judas exorta o salvo a “batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). Isso por causa dos hereges
infiltrados na igreja (Jd 4). Eles diziam que a liberdade em Cristo os isentava
das regras morais; eram insubmissos aos líderes; e desprezavam o mundo
espiritual (Jd 8). Em suma, ensinavam concupiscências e licenciosidade (Jd
18,19). Em vista disso, o crente é instruído a se firmar na fé, orar e a preservar
a esperança da vida eterna (Jd 20,21).

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Hebreus

A necessidade da nova aliança e suas provisões superiores. Conforme já


afirmado, a epístola aos Hebreus, menciona as próprias reflexões do Antigo
Testamento a respeito de seu caráter provisional. Isso aparece
inequivocamente no tratamento que Hebreus dedica à necessidade de uma
nova aliança com promessas melhores para substituir a antiga.

De início, observa-se o caráter provisional da antiga aliança na discussão a


respeito do sacerdócio de Jesus segundo a ordem de Melquisedeque
apresentada em Hebreus 7. O versículo 11 desse capítulo, debate que se o
sacerdócio levítico (associado, em especial, com a lei) fosse adequado, por
que Deus, em Salmos 110.4, falaria de um sacerdote procedente de uma
ordem distinta? O capítulo prossegue a fim de observar que essa mudança de
sacerdócio também acarreta afastamento da lei e da aliança associada com a
antiga ordem. Ainda no capítulo 7 de Hebreus, o versículo 22 deixa clara a
ligação de sacerdócio com “aliança”: “O Senhor jurou [de SI 110.4] […], Jesus
tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior” (NVI). A esse
raciocínio liga-se o contraste entre a “fraqueza e inutilidade” da antiga ordem
com sua transitoriedade (w.18,23) e a melhor esperança, melhor aliança e
provisão eterna inauguradas por Jesus (w. 19-22).

Tiago

A FÉ NA EPÍSTOLA DE TIAGO

Em Tiago, as referências à fé aparecem de forma predominante na passagem


central sobre a fé e as obras, registrada no capítulo 2 (w. 14-26). A fé é
mencionada em duas outras passagens que descrevem a fé cristã expressa
em oração (1.6; 5.15) e em um versículo a respeito do desenvolvimento da
perseverança cristã quando a fé é testada (1.3). A fé também aparece em dois
versículos no início do capítulo 2 (w. 1,5). Esses dois últimos versículos
mencionados são relevantes para a passagem central, pois Tiago indica (v. 1)
que o foco da fé cristã é o “nosso glorioso Senhor Jesus Cristo” (NVI),
referência à posição exaltada de Jesus à qual Ele ascendeu após sua
crucificação e ressurreição. A fé nesse Senhor Jesus Cristo é o conteúdo da fé
cristã, conforme outras passagens do Novo Testamento também afirmam.
Além disso, Tiago insiste que essa fé é incompatível com a discriminação
contra o pobre. Mais adiante (v.5), Tiago indica a iniciativa de Deus de fazer um
povo para si mesmo pela fé: “Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste
mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o
amam?”

Na passagem central (Tg 2.14-26), há quatorze ocorrências dos termos “fé” ou


“crer”. As ocorrências estão divididas entre as descrições da fé que Tiago
aprova e a que considera inadequada. Na linha positiva, Tiago refere-se à fé
demonstrada pelas obras (v. 18), que opera junto com as obras (v. 22a) e é
completada pelas obras (v. 22b). Esse tipo de fé é exemplificado por Abraão,
cuja obediência em oferecer Isaque constitui o cumprimento de Gênesis 15.6,
descrevendo sua fé em Deus (v. 23).

Na linha negativa, Tiago alude, diversas vezes, à fé sem obras (w.


14,17,18,20,26). Essa é a fé “em si mesma” ou que funciona sozinha (w.
17,24).

Tiago, com ironia, compara essa fé com a dos demônios, cuja fé reconhece
uma proposição doutrinai perfeitamente verdadeira (“um só Deus”), mas é
acompanhada apenas da ação de estremecer em face da condenação certa
deles (v. 19).

O veredicto de Tiago para esse tipo de fé é que não traz benefícios e é inútil
(w. 14,16,20). Essa fé é morta (w. 17,26). Mais relevante para o sentido da
discussão de Tiago é a forma como inicia a passagem no versículo 14: “Se
alguém disser que tem fé”. Essa é a fé professada, a que a pessoa afirma ter.
Essa descrição estabelece o tom para a sua discussão, e Tiago evita de forma
específica afirmar se, na verdade, a pessoa tem fé ou não. Isso é apenas uma
reivindicação de fé que precisa ser validada pelas atitudes sugeridas na
passagem. A fé é vivida em obras de amor e de obediência ou não?

Esse é um importante ponto a enfatizar a fim de apreender o ensinamento de


Tiago na passagem. Ele inicia a discussão de forma explícita, focando a
declaração que alguém possa fazer sobre fé. O versículo 14, que funciona
como a determinação do tópico e assinala claramente que a confissão de fé
será discutida.

Claro que isso é a seqüência natural do tema de auto-engano religioso que


Tiago começou a desenvolver em Tiago 1.22,25,26. Alguém que ouve a
Palavra, mas não é influenciado por ela — ou alguém que se considera
religioso (1.25), mas não a vive — engana totalmente a si mesmo e não tem a
religião verdadeira de forma alguma, apesar de sua afirmação. O capítulo 3.13-
16 também apresenta uma dissociação semelhante entre a confissão exterior,
ou até mesmo o de se gloriar disso, e a verdade real.

Assim, em Tiago 2.14-26, deve-se entender as alusões à fé — fé sem obras, fé


em si mesmo ou sozinha, fé que é inútil, sem benefícios e morta — à luz dessa
premissa inicial. Essa não é a verdadeira fé cristã, a despeito do que a pessoa
afirme. De acordo com Tiago, essa afirmação de fé é falsa, essa pessoa está
enganada, e sua religião não tem valor. E o versículo 14 mostra a forma mais
trágica em que ela é sem valor: ela não pode salvar a condenação eterna pelo
pecado.

Conforme o versículo 13 indica, essa pessoa será julgada sem misericórdia.


Deve-se entender a descrição da fé como “morta” (w. 17,26) na mesma
estrutura de falsa confissão introduzida por Tiago no versículo 14. Não é a fé
que outrora estava viva e, agora, está inativa, mas a fé que não tem vida e
nunca teve vida verdadeira, a despeito da afirmação da pessoa. No versículo
26, deve-se interpretar a analogia com o corpo como um tema em
concordância com o tema introduzido pelo próprio Tiago, e não vice-versa.
Confirma-se isso pela forma como “morta” é definida contextualmente em sua
menção inicial no versículo 17. Não há benefício na fé sem obras (w. 14,16),
ela não pode salvar (v. 14), ela é inútil, ou improdutiva (v. 20). Portanto, a fé
morta é aquela que, a despeito da genuinidade da afirmação exterior, não
produz os resultados esperados da fé. De forma semelhante, o corpo sem
espírito pode parecer cheio de vida no exterior, mas, na verdade, está morto e
não apresenta sinais de vida verdadeira.

AS OBRAS EM RELAÇÃO À FÉ

O que Tiago quer dizer quando fala de obras que acompanham a fé (2.14-26),
e qual é a relação delas com a fé? O texto imediato ilustra a natureza das
obras como atos de compaixão pelos que estão em necessidade (w. 15,16). A
passagem de Tiago 1.27 já mencionou as obras de misericórdia e de bondade
como uma das evidências da verdadeira religião, e o capítulo 2.8-13 menciona
a lei do amor ao próximo como o comportamento adequado que acompanha a
fé em Cristo (em vez do favoritismo, Tg 2.1.9). Todavia, as obras de amor e de
bondade, relevantes como são, não são todas as obras que Tiago tem em
mente.

27 Os exemplos de Abraão e Raabe (w 21-25) demonstram que também estão


em vista atos de obediência a Deus e de comprometimento com Ele. A
ilustração também inclui características cristãs fundamentais como domínio
próprio, humildade e assim por diante (cf. 1.26; 3.2,13,17,18).

No entanto, o ponto relevante a observar a respeito dessas obras é que Tiago


as entende como a expressão, ou resultado exterior, da verdadeira fé e da
nova vida em Cristo, não o meio para ganhar essas bênçãos. Elas demonstram
a fé (2.18), são a complementação e realização da fé (w.22,23), e constituem o
viver a Palavra, já enxertada por Deus quando Ele deu nascimento espiritual
para o cristão (1.18-21).
Essa é a distinção essencial entre as obras que Tiago descreve e as de que
Paulo fala em Gálatas e Romanos. Em outras palavras, a distinção é entre
obras pós-conversão e pré-conversão. Tiago insiste que a verdadeira fé
necessariamente produz obras de amor e de obediência. Paulo argumenta que
nenhuma obra serve como fundamento para conseguir a justiça de Deus nem o
favor dEle (G12.16; Rm 3.28; 10.1-8). Não obstante, as duas abordagens são
claramente compatíveis, uma vez que Paulo também chama ao viver santo
como expressão da verdadeira fé (Rm 6.22; G1 5.6; Ef 2.8-10; Fp 1.11), e
Tiago, por sua vez, atribui a salvação à iniciativa graciosa de Deus na vida das
pessoas, não ao mérito destas (1.17,18; 2.5,12,13).

Judas

Da mesma forma, Judas exorta seus leitores “a batalhar pela fé que uma vez
foi dada \paradidõmí\ aos santos” (v. 3). “Fé”, nessa expressão, tem um sentido
objetivo: “O que é crido”, “o corpo de fé ou crença” que é passado adiante no
ensino apostólico.80 Todavia, Bauckham sugere que “crença”, referindo-se ao
evangelho ou “à mensagem central da salvação cristã por intermédio de
Cristo”, tem um escopo mais estreito, em vez de o corpo mais abrangente da
ortodoxia, ou a crença cristã normativa.81 Todavia, no Novo Testamento,
dificilmente se pode circunscrever “a mensagem da salvação por intermédio de
Jesus Cristo” em um escopo limitado. Além disso, à luz do uso deparadidõmi
nesses contextos, é muito difícil que seja correto limitar “fé” ao evangelho
concebido de forma restrita; o que os apóstolos passaram adiante foi uma
visão ampla da doutrina e ética cristãs.

Também outros usos do Novo Testamento do termo “fé”, no sentido objetivo,


são mais bem interpretados com um sentido amplo (At 6.7; G1 1.23; Fp 1.27; 1
Tm 1.19; 3.9; 4.1,6; 5.8; 6.10,11,21; 2 Tm4.7; Tt 1.13). Nesse contexto, na
ausência de qualificadores limitantes, deve-se entender “a fé” como a fé cristã,
o corpo de verdade em que os cristãos creem, o ensinamento passado pelos
apóstolos como normativos para a crença cristã. A palavra tem o mesmo
sentido em Judas 20.

Essa fé foi entregue aos santos “de uma vez por todas” (Jd 3; NYI) no sentido
de que ela foca a particularidade histórica da encarnação, ensinamento, morte
e ressurreição de Jesus Cristo e a verdade que Deus revelou a respeito de si
mesmo por meio dos apóstolos (cf. Rm 6.10; Hb 9.26-28; 1 Pe 3.18). Nenhum
outro fundamento pode ser posto além dEle (1 Co 3.11), nem se espera
nenhuma outra revelação após aquela transmitida pelos apóstolos (cf. 2 Tm
2.2; 3.14; a verdadeira sucessão apostólica está seguindo o que os apóstolos
ensinaram e passando-o para outros). Judas chama à propagação e defesa
ativas dessa fé (semelhante a Fp 1.27). Em Judas 3, o verbo “batalhar” indica
uma luta em que todo esforço é empregado pela verdade cristã e contra os que
se opõem a ela.

Conforme o contexto de Judas demonstra, isso inclui o conteúdo doutrinai do


cristianismo e também suas exigências morais.

Roy B. Zuck. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 442-443;


471-474;.508.

SINÓPSE II

As epístolas gerais advertem o crente a respeito da santificação, dos falsos


ensinos; e enfatizam a supremacia de Cristo e a esperança da vida eterna.

III – AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR

1- A doutrina da justificação.

A doutrina da justificação ensina que o pecador é justificado (absolvido da


punição do pecado) unicamente pela fé na graça divina (Rm 5.1,2). Significa
dizer que as obras humanas não podem salvar (Gl 2.16). Nossa Declaração de
Fé professa crer na restauração do homem por meio do arrependimento e da fé
(Rm 3.23,24.), no Novo Nascimento pela graça de Deus mediante a fé (Ef
2.8,9) e na justificação pela fé no sacrifício de Cristo (Hb 10.12). Essa é uma
doutrina fundamental da fé cristã.

COMENTÁRIO

A doutrina da justificação pela fé ensina, em termos gerais, que o pecador é


justificado (absolvido da punição e da condenação do pecado) unicamente pela
fé na graça divina (Rm 5.1,2). Assevera que a salvação é dom gratuito e
imerecido de Deus aos pecadores e que só pode ser recebida por meio da fé
(Ef 2.8,9). Significa dizer que as obras humanas não podem salvar, mas
apenas a fé em Cristo por meio da recepção da graça de Deus (Gl 2.16).
Lutero afirmava que “a doutrina da justificação não é apenas mais uma
doutrina; é o artigo fundamental da fé, pelo qual a igreja se firmará ou cairá e
do qual depende toda a doutrina”. Desse modo, a doutrina da justificação pela
fé é considerada como a grande verdade que a Reforma Protestante restituiu à
Igreja.

Nossa Declaração de Fé professa crer na restauração do homem por meio do


arrependimento e fé na obra expiatória e redentora de Cristo (Rm 3.23,24), no
novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé (Ef 2.8,9) e na justificação
pela fé no sacrifício de Cristo (Rm 10.13; Hb 5.9; 7.25). Nosso documento
doutrinário explica que a justificação é um ato da graça de Deus, o Supremo
Juiz, pelo qual a justiça de Cristo é imputada a todo aquele que crê em Jesus
declarando-o justo (Rm 3.24,28). O primeiro resultado da justificação é a paz
com Deus (Rm 5.1). Juntamente com a salvação e a justificação, o pecador
arrependido recebe a adoção de filho de Deus (Jo 1.12; Gl 4.4-6). Nesse
entendimento, ratifica-se que essa é uma doutrina fundamental da fé cristã.

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

JUSTIFICAÇÃO

Este é um termo (gr. díkaiosis) que se refere ao julgamento judicial.

Não significa tornar reto ou santo, mas anunciar um veredicto favorável,


declarar ser justo. Este significado é patente tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento (heb. tronco hiphil de sadaq, “declarar justo”; gr, dikaioo, “vindicar,
inocentar, pronunciar e tratar como justo”). O ato de “justificar” é contrastado
com o ato de “condenar” (cf. Dt 25.1; 1 Rs 8.32; Pv 17,15; Rm 8.33); e assim
como condenar é o meio de tornar alguém ímpio, justificar é o meio de tornar
alguém justo, E esta força declarativa do termo que levanta a questão; como
Deus pode justificar o ímpio? Na justificação que Deus faz dos pecadores, há
um único ingrediente que não aparece em nenhum outro caso de justificação.

Esta característica única é que Deus faz com que a nova relação declarada por
Ele se torne realidade. Esta operação é expressamente declarada nas
Escrituras, e é o ato pelo qual muitos são constituídos como justos (Rm 5.19), a
concessão do dom gratuito da justiça (Rm 5.17), tornando-nos a justiça de
Deus em Cristo (2 Co 5.21). E por esta ação que a sentença de condenação
(q.v.) sob a qual repousamos como pecadores é mudada para uma ação de
justificação; não há, portanto, nenhuma condenação para aqueles que estão
em Cristo Jesus (Rm 8.1). Este ato constitutivo é corretamente mencionado
como a imputação da justiça de Cristo a nós.
Assim, fica patente que a sentença de condenação não tem nenhuma afinidade
com o que é interiormente operado em nós, seja pela regeneração (q.v.) ou
pela santificação (q.v.), A imputação é o crédito, em nossa conta, de uma
justiça que nâo é a nossa própria, mas que é, na realidade, baseada na
obediência de Cristo (Fp 3.9; Rm 5.17,19). Ela é, portanto, distinta do perdão
dos pecados, embora o perdão esteja necessariamente incluído nela (At 13.38-
39).

Corno a natureza da justificação é, desse modo, mostrada como declarativa,


constitutiva e imputativa, assim a base reside em nada mais além do que a
obra realizada por Cristo, a fonte da graça gratuita de Deus. Somos justificados
gratuitamente pela graça de Deus “pela redenção que está em Cristo Jesus”
(Rm 3.24). Esta verdade passa à expressão focal na designação “a justiça de
Deus” (Rm 1.17; 3.21,22; 10.3; 2 Co 5.21; Pp 3.9), A obra de Cristo foi a
obediência (Rm 5.19; Fp 2.8; Hb 5.8,9). Deste modo, ela foi a justiça (Mt 3.15;
Rm 5.17,18,21). Foi operada por Ele como o Deus-homem e é, portanto, uma
justiça com uma propriedade divina, uma justiça de Deus contrastada não só
com a injustiça humana, mas com toda a justiça- humana. Somente esta justiça
atende o desespero da nossa situação pecadora e fica à altura de todas as
exigências da santidade de Deus. Eia não só garante a justificação de Deus,
mas ao ser imputada em nossa conta, exige a nossa justificação.

A graça reina “pela justiça para a vida eterna” (Rm 5.21),

Como a justificação é concedida pela graça, ela é recebida pela fé (Rm 1.17;
5.1). A fé é coerente com todas as outras características.

Isto é verdade não apenas pelo fato da fé ser um dom de Deus, mas porque o
caráter distinto da fé consiste em receber a Cristo e permanecer nele para a
salvação. E a qualidade generosa e autoconfiante da fé que a torna o
instrumento adequado de tudo o mais que envolve a justificação. É pela fé que
somos justificados e somente pela fé, embora nunca por uma fé que esteja
sozinha, A justificação é a questão religiosa básica.

Não vem agora a simples pergunta: Como o homem pode ser justo para com
Deus? E ainda a pergunta mais forte: Como o homem, na condição de
pecador, pode tornar-se justo para com Deus? A resposta é; Através da
justificação pela graça, por meio da fé.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1123.

 
JUSTIFICAÇÃO, JUSTIFICADO O ato de Deus que leva os pecadores a terem
um novo relacionamento de aliança com ele por meio do perdão dos pecados.
Ela é um ato divino por meio do qual Deus declara as pessoas justas – ou seja,
desfrutando de um relacionamento correto e verdadeiro com ele.

Desde o tempo da Reforma, quando Martinho Lutero restabeleceu a doutrina


da justificação somente pela fé como pedra angular para o entendimento
teológico, esse termo tem sido de importância especial na história da teologia.
Para Lutero, ele representou uma redescoberta dos escritos de Paulo e um
contra-ataque fundamental ao catolicismo medieval, com sua teologia de obras
e indulgências. A doutrina da justificação pela fé somente afirma a
pecaminosidade completa de todas as pessoas, sua total inabilidade em lidar
efetivamente com o próprio pecado e a provisão graciosa por meio da morte de
Jesus Cristo como uma expiação completa pelo pecado, à qual as pessoas
respondem em confiança simples, sem qualquer afirmação especial de mérito
próprio.

O substantivo “justificação” e o verbo “justificar” não são usados com


frequência nas Escrituras. Os termos mais frequentes e mais importantes que
traduzem as mesmas palavras hebraicas e gregas são “justiça” e “declarar (ou
tornar) justo”. Qualquer entendimento de justificação, portanto, envolve
diretamente um entendimento bíblico de justiça.

No grego comum, “justificação” e “justificar” são na maioria das vezes termos


forenses; ou seja, estão reembulacionados à lei e ao ato de inocentar alguém.
Têm a ver com a inocência ou a virtude de uma pessoa. Em sentido mais
abrangente, no entanto, têm a ver com a norma de qualquer relacionamento.

No Novo Testamento Quase toda discussão sobre justificação no NT é


encontrada nas cartas de Paulo, principalmente em Romanos e Gálatas.
Nessas duas cartas, ela é um dos termos fundamentais, com o qual Paulo
busca expor as consequências da obra de Cristo em favor da humanidade
pecadora. A justificação pela fé é primeiramente tratada com o pano de fundo
do legalismo judaico e suas tentativas de fazer da lei a base da salvação. Paulo
considera essa uma mensagem estranha, que requer a mais veemente
condenação (Gl 1.6-9). A palavra e a obra de Cristo, embutidas na mensagem
que Paulo proclamava, eram um lembrete de que a justiça ou a justificação é o
dom de Deus por meio do sangue (sangue da aliança, Hb 13.20) de Jesus
Cristo. Tudo isso está inteiramente separado da lei (Rm 3.21). A lei, na
verdade, não é capaz de levar alguém à justiça, nem foi dada para suscitar
justiça.
O texto de Gálatas 3.15-25 é especialmente instrutivo para a compreensão da
função da lei, que veio 430 anos depois da aliança, por meio da qual Abraão foi
trazido para um relacionamento vivo e pessoal com o Deus santo. Qualquer
que fosse o propósito da lei, ela não foi dada como um meio de justiça. “Se
tivesse sido dada uma lei que pudesse conceder vida, certamente a justiça viria
da lei” (Gl 3.21, NVI). A obra redentora de Cristo para a justificação das
pessoas deve ser vista em termos da aliança, e não da lei. Esse é o argumento
essencial de Paulo em sua parte de Gálatas, a saber, que a justificação, a
partir da época de Abraão, tem sido por meio da fé em Deus, que guarda a
aliança, e nunca veio por meio da lei. “Justiça” é, portanto, um termo relacional
e é confirmada por alguém que, pela fé, passou a ter um relacionamento
correto com Deus. A lei traz juízo; confronta a pessoa com sua incapacidade de
lidar com o pecado (At 13.39; Rm 8.3). Justificação, portanto, tem suas
dimensões forenses (judiciais) com as quais lida e representa salvação para o
problema do pecado e da culpa. O crente é liberto da condenação (Rm 8.1). No
entanto, o entendimento fundamental da justificação deve ser obtido quando lei
e juízo dão lugar a aliança e graça. O apelo a Abraáo, tanto em Romanos
quanto em Gálatas, é para mostrar que a aliança sempre foi a única esperança
da humanidade.

Deus cumpre a sua aliança, embora o povo da sua aliança a viole diariamente.

Na formulação do evangelho feita por Paulo, Deus é ao mesmo tempo aquele


que é justo e que justifica. O pecado demanda juízo e deve ser tratado. O
padrão de Deus de estabelecer um relacionamento pessoal com as pessoas
agora fica manifesto à parte da lei, no ministério e na morte de Cristo, que
Deus envia como agente reparador (Rm 3.21-26). O pecado é tratado
diretamente na morte de alguém sem pecado, que se tornou pecado por nós,
de modo que possamos nele nos tornar justiça de Deus (2Co 5.21). Nessa
morte substitutiva, ele carrega a culpa de toda a humanidade, de modo que, ao
responder em confiança, a humanidade possa conhecer Deus em um
relacionamento verdadeiro.

Para Paulo, então, a justificação em vista da pecaminosidade humana está


enraizada na natureza de Deus somente, que é capaz de tomar a iniciativa da
cura e redenção da humanidade. A justificação é apenas pela graça. Enraizada
na natureza de Deus, ela também é disponibilizada por meio da obra de Cristo
como dom de Deus. Desse modo, temos a frequente repetição da confissão de
que Cristo morreu “por nós” (Rm 5.8; lTs 5.10), ou “por nossos pecados” (lCo
15.3). O significado da apropriação é pela fé e pela fé somente (Rm 3.22; 5.1).

Essa fé é uma confiança simples na suficiência da obra de Cristo, uma


confiança por meio da qual alguém, livre e sinceramente, se identifica com
Cristo, ama e abraça sua Palavra, e se entrega ao sistema de valores expresso
no Reino de Deus. A autoconsciência básica da pessoa justificada é de que
seu relacionamento correto com o Deus vivo não tem nada a ver com mérito ou
realização. Ele é, do começo ao fim, um dom do amor infinito.

Sua impotência é resolvida no poder do evangelho, no qual a obra salvadora é


revelada (1.17).

Nos Evangelhos, a justificação aparece na parábola do fariseu e do publicano,


que foram ao templo para orar. O primeiro chamou a atenção para suas obras
piedosas e sua superioridade moral. O segundo, humilhado por um sentimento
profundo de pecado e indignidade, só podia clamar por misericórdia. Esse
homem, de acordo com Jesus, desceu para sua casa justificado (Lc 18.14).
Embora esse seja o único exemplo da terminologia da justificação pela fé, o
ministério inteiro de Jesus era entre pessoas preocupadas com a própria
piedade e a tarefa de se justificarem diante de Deus, pessoas que se
indispunham contra pecadores e indesejáveis, pessoas que estavam tão
envolvidas com as próprias obras que ficavam ofendidas com a linguagem da
graça e do perdão pleno aos pecadores (7.36-50). Jesus falou da mesma
questão que mais tarde incomodou Paulo. Somente os humildes diante de
Deus serão exaltados (Mt 18.4; 23.12). Somente o pecador ouvia a palavra da
graça (Lc 5.32; 15.7,10; 19.7). Os indignos encontram cura (Mt 8.8).

A justificação (ou justiça) pela fé deve sempre ser reafirmada, pois dentro de
cada pessoa há o desejo mais que inevitável e natural de estabelecer a justiça
pessoal, ser capaz de ficar diante de Deus com base no caráter e na piedade
pessoais.

No entanto, a restauração e o bem-estar da igreja (note que Lutero e Wesley


se voltaram das obras para a fé mediante seu estudo de Romanos) estão
enraizados no entendimento de que o justo vive ela fé (Rm 1.17; Hb 10.38;
11.7).

Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora


geográfica. pag. 109-1041.

2- A doutrina da santificação.

A doutrina da santificação implica uma vida separada do pecado (1 Pe


1.15,16). Nossa Declaração de Fé ensina que, já salvo e justificado, o novo
crente entra de imediato no processo de santificação (Rm 6.22; 1 Ts 4.3).
Porém, essa transformação vai sendo aperfeiçoada durante a jornada do
cristão (2 Co 3.18; Fp 1.6). Desse modo, o crente precisa ser santificado pelo
Espírito (1 Pe 1.2), purificar-se tanto da carne com o do espírito (2 Co 7.1), pois
sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

COMENTÁRIO

  

Etimologicamente (do hebraico kadosh e do grego hagios), o significado da


palavra “Santo” é respectivamente “puro” e “separado para Deus”. Nesse
sentido, a doutrina da santificação implica uma vida separada do pecado e
dedicada a Deus (Rm 12.1,2). É um processo mediante o qual Deus purifica os
que a Ele se achegam e passam a ser orientados pelo Espírito Santo (1 Jo
3.3). A Bíblia Sagrada ensina enfaticamente que Deus é “Santo”: Ele é o “Santo
de Israel” (Is 1.4); “Deus, o Santo” (Is 5.16); o seu nome é “Santo” (Is 40.25;
57.15), dentre outros textos. Portanto, o Deus “Santo” requer que sua criação
ande em santidade (1 Pe 1.15,16), isto é, o atributo comunicável de Deus da
santidade é concedido a todos os que verdadeiramente são regenerados.

Nossa Declaração de Fé ensina que “já salvo e justificado, o novo crente entra
de imediato no processo de santificação, pois assim o requer a sua nova
natureza em Cristo (Rm 6.22; 1 Ts 4.3)”. Porém, essa transformação vai sendo
aperfeiçoada durante a jornada do cristão (2 Co 3.18; Fp 1.6). Nesse aspecto,
a santificação “é uma continuação do que foi começado na regeneração,
quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro
dele”. Desse modo, o salvo precisa ser santificado pelo Espírito Santo (1 Pe
1.2). O fruto do Espírito nos é concedido para andarmos no mundo
conservando a nossa santidade (Gl 5.16-17, 22).

Portanto, o crente deve purificar-se tanto da carne como do espírito (2 Co 7.1),


pois sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

SANTIFICAÇÃO Palavra derivada do lat. sanctus; do verbo heb. qadash, “ser


separado, consagrado”; do substantivo grego hagiasmos, “consagração”,
“purificação”, “santificação”; do verbo hagiazo, “santificar”, “separar das coisas
profanas ou consagrar”, “purificar ou santificar”. O breve catequismo de
Westminster define a santificação como “a obra da livre graça de Deus, pela
qual somos renovamos na totalidade de nosso ser, conforme a imagem de
Deus, e nos tornamos cada vez mais capacitados a morrer para o pecado e
viver para a justiça”. Esta definição, no entanto, apesar de útil ao chamar a
atenção à graça soberana de Deus, assim como à responsabilidade de cada
cristão, tende a confundir a regeneração com a santificação.

As principais ideias relacionadas à santificação são a separação daquilo que é


pecaminoso, por um lado, e, por outro, a consagração àquilo que é justo e que
está de acordo com a vontade de Deus.

A Santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus


atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de
Cristo, e a partir de então vê esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido
sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6,4-10). E uma
mudança que ocorre “de uma vez por todas” na condição legal ou judicial da
pessoa diante de Deus. A santificação, em contraste, é um processo
progressivo que ocorre na vida ao pecador regenerado, momento a momento.
Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido
entre Deus e o homem, entre o homem e os seus companheiros, entre o
homem e si mesmo, e entre o homem e a natureza.

Visões Variadas

Três principais visões precisam ser mencionadas:

Santificação Batismal, Esta é a visão católica romana, que defende que no


batismo é removida não somente a culpa, mas também a depravação do
pecado. Esta afirmação é certamente negada peio próprio ensino católico
romano de que os pecados seguintes devem ser constantemente confessados
no confessionário, perdoados pelo sacerdote e removidos por meio de
penitências.

Perfeccionismo. Aqueles que defendem esta visão ensinam que o cristão pode
tomar-se perfeitamente santificado, ou chegar à perfeição nesta vida. Para que
esta convicção seja sustentada, é necessário minimizar, de alguma forma, as
exigências tenazes da lei, como, por exemplo, exigir a obediência somente até
o limite de nossa habilidade humana (Finney); a obediência ao novo
mandamento ou lei de Cristo; o mero exercício do amor em tudo o que fizermos
(Paul Tillich).
Tais interpretações das exigências de Deus falham em satisfazer a própria
aplicação do sexto e do sétimo mandamento que o Senhor Jesus Cristo fez em
Mateus 5.17-48, onde, em sua exegese, o próprio Senhor determina que estas
duas leis são a base de uma perfeição na qual somos exortados a nos
tornarmos perfeitos como o nosso Pai Celestial (v. 48). Os metodistas, e outras
igrejas cristãs da tradição Arminiana ou Wesleiana em geral, ensinam, de
alguma forma, o perfeccionismo.

Santificação Progressiva. Esta é uma visão de Calvino e de todos os cristãos


que defendem uma teologia Reformada. Esta só pode ser corretamente
entendida quando se percebe que ela destaca que a santificação, conforme
ensinada na Bíblia Sagrada, aparece em três aspectos.

Posicionai. Todos aqueles que são regenerados ou salvos são posicionalmente


vistos como totalmente santificados em Cristo.

Por esta razão, embora o apóstolo Paulo tenha censurado o cristianismo dos
coríntios, classificando-o como carnal (1 Co 5.1; 6.1-8), ele ainda diz que eles
são santificados em Jesus Cristo e chamados de santos (1 Co 1.2; 6.11; cf. At
20.32; Hb 10.10; 1 Pe 1.2; Jd 1). O livro aos Hebreus funciona como uma ponte
entre este aspecto e a santificação experimental que vem a seguir (Hb 2.17;
9.13ss.; 12.14). Uma vez que o conhecimento da santificação posicionai
depende de uma compreensão mental da verdade bíblica, ele possui uma
natureza instantânea, “de uma vez por todas”, como ocorre na percepção de
todos os outros conhecimentos, os quais alguns confundem com a própria
perfeição.

Experimental. No desenvolvimento de uma vida santificada, os cristãos


consideram sua posição em Cristo da maneira como ela é expressa em
algumas passagens como Romanos 6.2-10 e Colossenses 2.9-13 (cf. 2 Ts
2.13; 1 Pe 1.2). O próprio Senhor Jesus Cristo expressa os ensinos básicos da
santificação em Mateus 5.17-48, e Paulo o faz em Romanos 6- 8. O crente
deve ser santo (Êx 19.6; Lv 11.44; 1 Pe 1.15), mas seu crescimento na
santificação repousa na dependência de sua posição, e em sua entrega,
momento a momento, à vontade de Deus e à disposição de andar no caminho
do Senhor. Uma vez que Deus escolheu deixar que o crente ainda tivesse em
si mesmo a natureza caída (Rm 7; Gl 5.17ss.), nenhum de nós poderá alcançar
a perfeição até que esta natureza seja inalmente removida; na melhor hipótese,
o que cada cristão pode fazer é progredir em direção à perfeição.

Final. Quando o crente partir para estar com Cristo, ou no momento em que o
Senhor vier arrebatar sua Igreja – o que ocorrer primeiro — a natureza caíaa
será completamente removida e cada crente receberá o corpo da ressurreição,
será glorificado, e se tornará semelhante ao Salvador (Rm 8.29,30; 1 Jo 3,1-3;
Jd 24).

Meios de Santificação

O meio externo é a Palavra de Deus. O Senhor Jesus Cristo orou: “Santifica-os


na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

Uma vez que Ele concedeu as Escrituras através de sua inspiração, Ele nunca
trabalha contra, mas sim através delas. O meio interno ê a presença e a
direção do Espírito Santo em nossos corações. E Ele quem mantem a lei de
Deus, assim como foi revelada por Ele mesmo, em nós e através de nós.

“Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
Deus, enviando seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8,3,4).

Esta é a chave para o Espírito e a própria vida cheia do Espírito. Como


conclusão, a suprema obra de Deus pelo seu Espírito e pela ação responsiva
do homem, devem ser combinados em uma visão adequada da santificação
(Fp 2,12,13).

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1762-


1763.

SANTIFICAÇÃO

Termo que significa “ser feito santo, ou purificado”. E usado largamente para se
referir à experiência cristã, embora a maioria dos teólogos prefira usar a
expressão em sentido estrito para distingui-las de termos relacionados como
“regeneração”, “justificação” e “glorificação.

Definição Uma definição abrangente de santificação pela Confissão de Fé de


New Hampshire (1833; batista) declara: Cremos que santificação é o processo
pelo qual, de acordo com a vontade de Deus, somos feitos participantes de sua
santidade; que é um trabalho progressivo; que começa com a regeneração; e
que continua no coração dos crentes pela presença e poder do Espírito Santo,
o que sela e que é confortador, no uso contínuo de meios estabelecidos —
especialmente a Palavra de Deus, o autoexame, abnegação, vigilância e
oração (Artigo X).

Essa definição nos ajuda a distinguir santificação de regeneração, em que a


última fala do início da vida cristã. Santificação também difere de glorificação,
que tem seu foco na consumação da obra de Deus no crente. Simplificando,
então, a regeneração se refere ao começo, a santificação ao meio e a
glorificação ao final da salvação.

A diferença entre santificação e justificação, por outro lado, nos convida a


prestar atenção mais detalhada, tanto porque é sutil como porque é
fundamental. Em primeiro lugar, “justificação”, como “regeneração”, se reporta
(embora não exclusivamente) ao começo da experiência cristã, enquanto a
definição acima enfatiza o caráter progressivo da santificação. Em segundo
lugar, a justificação se refere ao ato judicial de Deus segundo o qual os crentes
são absolvidos, de uma vez por todas, de toda a sua culpa e são considerados
legalmente justos, enquanto a santificação, como a regeneração e a
glorificação, chama a atenção para o poder transformador do Espírito Santo
sobre o caráter dos filhos de Deus.

Essa diferença tinha um papel importante no tempo da Reforma. A Igreja


Católica Romana, na opinião dos reformadores, confundiu essas duas
doutrinas ao insistir que justificação “não é apenas remissão de pecados, mas
também a santificação e a renovação do homem interior” (Decreto do Concílio
de Trento, Sexta Sessão, 1547, cap. VII). Em contraste, os reformadores
enfatizaram que as duas doutrinas, embora inseparáveis, devem ser
diferençadas. Calvino argumentou que, para ter certeza, esses dois elementos
do ato salvador de Deus não podem ser divididos, assim como Cristo também
não pode ser dividido: “Portanto, todo aquele a quem Deus receber em graça,
ao mesmo tempo lhe confere o espírito de adoção, por cujo poder ele o refaz à
sua imagem. Mas se o brilho do sol não pode ser separado do seu calor,
podemos dizer, portanto, que a Terra é aquecida pela luz, ou iluminada por seu
calor?” (Instituías da religião cristã, 3.11.6).

Em resumo, justificação então é, de uma vez por todas, um ato declarativo de


Deus como Juiz, onde a santificação é uma mudança progressiva no caráter da
pessoa justificada.

Um elemento a mais na Confissão de New Hampshire exige comentário, quer


dizer, a declaração de que “somos participantes de sua santidade”.

Uma pesquisa completa sobre o que a Bíblia tem a dizer sobre santificação não
é possível aqui, uma vez que praticamente toda as Escrituras abordam esse
assunto de um modo ou de outro. Um tema central nesse ensino, entretanto,
deve ser enfatizado:

“Sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 11.45; IPe 1.16; cf. Mt 5.48). De
acordo com o Breve catecismo de Westminster (1647), pela santificação
“somos renovados em todo o homem à imagem de Deus” (Pergunta 34; v. Cl
3.10).

Nada pode ser mais crucial para nossa visão de santificação do que essa
verdade. O padrão de santidade é a completa conformidade à imagem de
Cristo (Rm 8.29); qualquer coisa menor do que isso é um barateamento do
padrão das Escrituras e, desse modo, a diluição da doutrina.

A definição acima, entretanto, sugere que Cristo é mais do que um padrão: ele
mesmo provê sua santidade para aqueles unidos a ele – ele é a nossa
santificação (lCo 1.30).

A santificação inicial A natureza progressiva de nossa santificação é explícita


em muitas passagens, particularmente na declaração de Paulo de que os
cristãos são transformados “com glória cada vez maior” até a imagem do
Senhor (2Co 3.18; v. Rm 12.1,2; Fp 3.14; Hb 6.1; 2Pe 3.18).

Além disso, as inúmeras ordens encontradas nas Escrituras implicam que o


cristão experimenta o crescimento.

Ao mesmo tempo, entretanto, um grande número de expressões nas Escrituras


revela que a santificação é dada ao crente concomitante com a regeneração.
Por exemplo, Paulo frequentemente se refere aos cristãos como “santos”, isto
é, aqueles que são santos (Rm 1.7; Ef 1.1 etc.); essa linguagem sugere que
santificação já é de posse dos crentes. De fato, Paulo diz especificamente que
os cristãos coríntios foram “santificados” (lCo 1.2), e ele até combina a
santificação com purificação (= regeneração?) e justificação como se todos os
três elementos tivessem acontecido ao mesmo tempo (6.11). E difícil alguém
pensar em uma imagem mais poderosa que a morte, sugerindo que seja uma
dissolução permanente e irrevogável da relação do crente com o pecado.

E desnecessário dizer, certamente, que essas passagens não ensinam a


perfeição absoluta para cada cristão a respeito da conversão. Tal interpretação
forçaria um conflito com um claro ensino das Escrituras como um todo. Ainda
mais, é interessante notar que os “santos” coríntios caracterizaram-se por uma
terrível imaturidade (lCo 3.1-3; 6.8; 11.17-22).
Então, como interpretar essas passagens? Alguns escritores sugerem que
Paulo está falando de uma santificação “potencial” — isto é, embora nossa
relação com o pecado não tenha sido cortada, Deus nos deu o que precisamos
para substituir isso. Há um elemento de verdade nessa informação, mas
dificilmente isso faz justiça por si só à força da linguagem de Paulo. Talvez uma
explicação mais simples seja dizer que é uma santificação “posicionai”. De
acordo com essa visão, Paulo está falando em termos legais quando se refere
ao nosso status diante de Deus. Certamente podemos reconhecer o elemento
judicial na discussão de Paulo (Rm 6.7 usa a palavra “justificado”), mas, se isso
é tudo que é dito, então muito mais satisfatória é a visão de que o ensino
contém tanto o elemento judicial quanto uma referência experiencial e real.

Santificação progressiva

Pesquisa histórica Embora todos os grupos cristãos reconheçam a


necessidade de ser transformado pela renovação da mente (Rm 12.2),
diferenças consideráveis podem ser encontradas entre eles com relação a
essas questões. Os reformadores, de um modo geral, tinham uma visão um
tanto “pessimista” da santificação pessoal. Essa perspectiva está claramente
explicitada na Confissão de fé de Westminster (1647), que declara que a
santificação “é imperfeita nesta vida; e ali ainda permanecem resquícios de
corrupção em toda parte, onde se trava uma guerra contínua e irreconciliável
no coração do crente” (XIII.ii). Embora a confissão enfatize o poder triunfante
do Espírito, alguns cristãos creem que seu impulso básico obscurece a
necessidade e a possibilidade de uma vitória espiritual.

De algum modo, os ensinos de John Wesley (1703-91) podem ser vistos como
uma reação natural às formulações usuais dos calvinistas e luteranos.

Fortemente influenciado pelo movimento petista de sua época, Wesley deu


muita atenção ao lado experiencial do cristianismo e, embora sem muita
consistência, finalmente formulou a doutrina de que a santificação é possível
nesta vida. Durante o século 19, o interesse na possibilidade da perfeição
(embora não percebido em um sentido absoluto) espalhou-se por muitos
círculos cristãos. De acordo com alguns, a perfeição resultou da erradicação do
pecado; já para outros, a vitória espiritual foi ganha pela neutralização do
pecado que ainda permanece no coração do cristão. A última abordagem se
tornou característica do Movimento da Vida Vitoriosa.
Esses vários grupos “perfeccionistas” estavam sujeitos a uma crítica incisiva
pelo teólogo de Princeton, Benjamin B. Warfield (1851-1921). O debate
continua, embora não tão vigoroso, desde então.

A agência para a santificação Muito da controvérsia enfoca o papel do ser


humano na santificação.

Enquanto todos os cristãos concordam que a santidade seria impossível sem a


ajuda de Deus, é difícil definir precisamente quanto essa verdade afeta a
própria atividade. Na tradição católica romana, tanta ênfase tem sido colocada
no poder purificador do batismo e no caráter meritório das boas obras que
alguém pode questionar se o significado da graça divina não é ignorado.

No outro extremo estão alguns expoentes do Movimento da Vida Vitoriosa, cuja


ênfase no “deixe ir e deixe Deus” (um slogan que tem algum valor, se usado
adequadamente) às vezes sugere que os crentes permanecem completamente
passivos na santificação.

Nenhuma passagem das Escrituras é mais relevante sobre essa questão do


que Filipenses 2.12,13, onde Paulo usa sua autoridade para rebater os que
acham que podem trabalhar para a própria salvação, com a afirmação de que é
Deus quem provê a força espiritual necessária para essa tarefa. Pode ser
tentador enfatizar a primeira parte da declaração de modo a ignorar o
significado fundamental da segunda, ou ainda mais tornar-se tão aprisionado
pela ênfase de Paulo sobre a graça divina que o peso da responsabilidade
pessoal é negligenciado. Entretanto, o apóstolo parece ter, deliberada e
cuidadosamente, mantido o equilíbrio entre essas duas verdades.

A santificação exige disciplina, concentração e esforço, como fica claro em


muitas exortações das Escrituras, especialmente aquelas onde a vida cristã é
descrita com imagens como as de corrida e de luta (ICo 9.24-27; Ef 6.10-17).
Mas os cristãos devem sempre resistir às tentações de assumir que de fato
podem se santificar, que o poder espiritual vem de seu interior e que podem,
portanto, contar com sua força pessoal. Essa é uma tensão difícil, embora não
seja mais intrigante do que o paradoxo da oração (“Por que orar quando Deus,
que conhece nossas necessidades e é onisciente e soberano, fará sempre o
que é melhor de qualquer modo?”). Ainda assim, talvez o “segredo” real da
santidade consista precisamente em aprender a manter o equilíbrio. Confiar
completamente em Deus como verdadeiro agente na santificação, enquanto
fielmente descarta a responsabilidade pessoal do indivíduo.

Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora


geográfica. pag. 1658-1660.
 3- A doutrina da glorificação.

 A doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação (Rm 8.17,30).


Nesse processo, o pecador é salvo pela graça, justificado pela fé, santificado
pelo Espírito, e prossegue até “à medida da estatura de Cristo” (Ef 4.13). Quer
dizer que ao final do processo da salvação a glória perdida no Éden, pelo
primeiro Adão, será restaurada (1 Co 15-45). Trata-se de uma promessa da
futura transformação de nosso corpo mortal em corpo glorioso (Fp 3.21), que
se dará por ocasião da vinda do Senhor (1 Co 15.52-54).

COMENTÁRIO

A Escritura Sagrada diz: “se é certo que com Ele padecemos, para que
também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Acerca desse texto, o

Comentário Aplicação Pessoal sublinha que “só iremos gozar da nossa


herança futura, se o nosso relacionamento com Cristo for suficientemente
autêntico para podermos enfrentar o sofrimento em seu nome, por amor ao
Senhor”. Indica que o cristão justificado pela fé e santificado pelo Espírito Santo
ao sofrer perseguição por amor a Cristo, e suportar injustiças por causa de
seus valores, está experimentando o sofrimento de Cristo para poder
compartilhar de sua glória na eternidade. Paulo ratifica essa verdade ao
declarar que aos que Deus “chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

Desse modo, a doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação.


Nesse processo, o pecador é salvo pela graça, justificado pela fé, santificado
pelo Espírito e prossegue até que todos cheguemos “a homem perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13, ACF). Em nossa trajetória
cristã, continuamos sendo aperfeiçoados, mas nunca chegaremos à perfeição
até chegarmos ao céu. Quer dizer que, somente ao final do processo da
salvação, a glória perdida no Éden pelo primeiro Adão será finalmente
restaurada (1 Co 15.45). Trata-se de uma promessa da futura transformação
de nosso corpo mortal em corpo glorioso (Fp 3.21), que se dará por ocasião da
vinda do Senhor (1 Co 15.52-54; 2 Co 3.18). Esse novo corpo será eterno,
imortal, imperecível.

Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e


infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
 

Glorificação do crente Em 2Coríntios 3.18 a transformação espiritual é descrita


como uma mudança de glória em glória. A glorificação é o último evento na
mudança de glória em glória no processo da salvação, conforme Paulo o
descreve (Rm 8.28-30). O verbo usado no versículo 30 está no tempo passado,
o que, para alguns, significa a certeza e a finalidade da glorificação.

A glorificação é a finalização, a consumação, a perfeição, a plena realização da


salvação. A glorificação é a perfeição da santificação à medida que pertence ao
caráter íntimo do ser. Nenhuma passagem trata desse tema tão extensamente
quanto Efésios 5.27. Nessa passagem, Paulo escreveu sobre apresentar a
igreja a Cristo, porém o que ele diz acerca da igreja é verdade para todos os
cristãos. Jesus apresentará a igreja a si mesmo “gloriosa, sem mancha nem
ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável”. Ou, na linguagem de
2Timóteo 2.10, “por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também
eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” (NVI).

Assim como o ser interior experimenta a glorificação, do mesmo modo o corpo


do crente. Paulo chama a ressurreição do corpo de redenção do corpo (Rm
8.23). Em Filipenses 3.21, Paulo fala da transformação dos corpos de
humilhação (i.e., humilhados pelo pecado e pela mortalidade) em corpos de
glória, idênticos ao de Cristo. O poder que fará isso é o poder de Deus pelo
qual ele sujeita todas as coisas ao seu domínio.

O mais extenso tratamento dado à glorificação do corpo se encontra em


ICoríntios 15, com alguns detalhes adicionais em 2Coríntios 5. O tema de
Paulo em ICoríntios 15 é o de que assim como os cristãos nasceram do barro
mortal de Adão, eles carregarão consigo a imagem do Filho de Deus imortal.
Paulo contrasta os dois corpos. O corpo presente é perecível; o corpo
ressurreto será imperecível.

Este corpo é de desonra; o corpo ressurreto será de glória. Este corpo é de


fraqueza; o corpo ressurreto será de poder. Este corpo é o da ordem física
presente; o corpo ressurreto será da ordem futura, espiritual, eterna.

A salvação envolve justificação, regeneração e santificação nesta vida. Na vida


vindoura, ela significa a glorificação do ser interior e a ressurreição do corpo
em glória. Mas essa pessoa glorificada deve viver em um ambiente glorificado.
Por conseguinte, as Escrituras devem logicamente concluir o curso da salvação
com um novo céu glorioso, uma nova terra e uma nova Jerusalém.
Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora
geográfica. pag. 750-751.

Glorificação

A palavra glorificação» é usada nos seguintes casos:

Tomar glorioso ou honroso, louvar, exaltar. Ver Joio 12:28; 13:31; 32; Atos
2:13. No caso de Jesus Cristo, isso teve lugar, especialmente, por ocasião de
sua ressurreição e ascendo.

Conduz;” os crentes ao estado celestial da glória, onde compartilharia do


estado glorioso de Jesus Cristo, participando de sua imagem e natureza, isto,”
da pr6pria natureza divina (Rom. 8:29: Colo 2: 10; II Ped. 1:4). Isso significa
que receberemos a própria plenitude de Deus (Efé. 3:19).Exibir o louvor (ver I
Cor. 6:20). Os céus declaram a glória de Deus, no dizer de Salmos 19:1.

Os homens glorificam a Deus em suas vidas, quando obedecem aos seus


preceitos e buscamos desenvolvimento espiritual (I Cor. 10:31; Joio 17:5; Heb,
6:1ss). Este artigo destaca mais o segundo ponto, acima, ou seja, o aspecto
escatológico do assunto, a glorificação do crente.

Característica Geral

As grande doutrina bíblicas que envolvem a salvação do homem assemelham-


se aos elos de uma corrente. Temos assim a eleição, a chamada, o
arrependimento, a fé (estas últimas delas” coisas formam a conversão), a
regeneração, a justificação, a união com Cristo, a santificação, a
preservação(cujo lado humano é a ‘perseverança) e a glorificação.

Como vemos, a glorificação,’ é o’ último elo, dessa cadeia. Porém, cada um


desses elos aponta para algum estágio e/ou qualidade do processo ,da
salvação. A glorificação espera-nos ainda no futuro, pois é o aspecto celeste da
salvação do homem, aquilo que o Senhor realizará, emú1timo lugar, em favor
das almas humanas remidas. Porém, caímos em erro quando pensamos na
glorificação como um ato único, isolado, Antes, trata-se de um processo eterno.

A verdade é que Paulo não estabelece claras distinções entre as doutrinas de


justificação, santificação e aspectos da glorificação. Em Rom. 8:30, santificação
é omitida e Paulo pula” da justificação para a glorificação, – como se esta fosse
o próximo passo no progresso da experiência crista.
Porém, a verdade é que a justificação subentende a santificação, sendo
mesmo a sua semente e raiz.

Podemos observar, em Rom, 5:18, a expressão justificação que dá vida», o


que indica que a justificação é a base e a fonte da vida, e essa vida é a «vida
eterna»: e a vida eterna a glorificação, já que, nas Escrituras, «vida eternas,
não significa meramente existência sem princípio ou sem fim, mas antes, uma
«modalidade de vida», Quando as Escrituras falam da «vida eterna», pois,
indicam a vida de Deus, da qual os crentes se tornaram participantes mediante
a regeneração efetuada pelo Espírito Santo. A justificação, portanto, é a fonte,
contendo em forma de semente esse tipo de vida, aqui chamado de
glorificação.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e


Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 915.

SINOPSE III

A mensagem das epístolas permanece atual: ressalta a justificação,


santificação e glorificação do crente.

AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“O que é o Processo de Comunicação.

As partes do processo de comunicação são as seguintes:

1– Aquele que envia-codifica (o emissor-codificador) a mensagem (o


professor). Essa pessoa tem três deveres. Em primeiro lugar, deve escolher as
palavras. Em segundo lugar, deve dar sentido às palavras. Em terceiro lugar,
deve usar as palavras adequadamente.

2– Aquele que recebe-decodifica (o receptor-decodificador) a mensagem


(aluno). Essa pessoa também tem três deveres. Em primeiro lugar, deve
reconhecer as palavras. Em segundo lugar, deve interpretar as palavras. Em
terceiro lugar, deve relacionar o significado das palavras ao que já conhece.

3– A mensagem. Essa é a lição que o professor deseja ensinar.

4– O canal. Esse é o método que o professor usa para transmitir a lição. A


mensagem está na mente do professor, que é a pessoa que envia-codifica. O
professor dá às palavras o significado que deseja transmitir ao seu aluno. A
mensagem é colocada em um canal para ser transmitida ao aluno. Um canal é
a maneira como o professor transmite a mensagem. O aluno (receptor-
decodificador) deve receber a mensagem e decodificá-la. Quando ouvir as
palavras do professor, deverá saber o seu significado. Este é o processo da
interpretação. O aluno deve aplicá-las à sua vida” (TOWNS, Elmer
L. Enciclopédia da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.163).

CONCLUSÃO

As Epístolas são livros divinamente inspirados e representam quase 80% do


cânon do Novo Testamento. O conjunto de doutrina destas epístolas, revelado
aos seus diversos autores, continua a instruir o povo de Deus, a formar o
caráter do crente salvo em Jesus, e a preparar a Igreja para a vinda do Senhor.

Vocabulário

Docetismo: Doutrina herética propagada entre os séculos II e III d.C., que nega
a existência do corpo físico de Jesus. Para os propagadores dessa heresia,
Jesus seria apenas espírito.

REVISANDO O CONTEÚDO

1- Cite as epístolas que dão instruções a respeito da salvação.

As epístolas que enfatizam os aspectos da doutrina da salvação são:


Romanos, Gálatas, 1 e 2 Coríntios.

2- Cite as epístolas que instruem a respeito dos últimos dias.

As epístolas que enfatizam os últimos acontecimentos são: 1 e 2


Tessalonicenses.
 

3- O que 1 Pedro aborda?

A epístola de 1 Pedro aborda o sofrimento cristão.

4- Qual é a ênfase da Carta aos Hebreus?

A Carta aos Hebreus enfatiza a supremacia de Cristo.

5- Explique a doutrina da glorificação.

A doutrina da glorificação é a última etapa de nossa salvação.

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