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Capítulo II
História constitucional
4- Perspetiva geral
Periodificação
Existem dois métodos sobre a periodificação da História Constitucional:
- Baseado no tipo de regime:
- Monárquicas (Constituição de 1822; Carta Constitucional de 1826; Constituição de
1838)
- Republicanass (Constituição de 1911; Constituição de 1933; Constituição de 1976)
5- Constituições liberais
Constituição de 1822
Na idade moderna o Estado era absoluto, havia monarquia absoluta.
Sendo que uma constituição demora a fazer-se, formam-se as cortes constituintes, que
escrevem, em 1821 as “Bases da Constituição”, fixando os grandes princípios a que iria estar
sujeita a Constituição de 1822.
Direitos fundamentais:
- igualdade de todos perante a lei
- garantia dos direitos fundamentais (liberdade, segurança e propriedade)
- formam-se os embriões dos direitos sociais (direito à educação e direito à assistência aos
necessitados)
Não havia fiscalização da lei, ou seja, se uma lei violasse o direito à vida ou à
propriedade, não acontecia nada.
Isto faz com que a coroa se oponha à Constituição, surgindo, em 1823, a Vila
Francada, em que D. Miguel lidera a oposição à Constituição, fazendo esta cessar a
vigência.
Há um problema de sucessão à coroa, pois fica a dúvida se pode D. Pedro ascender a rei
depois de ter cometido um crime contra a pátria ao ter reconhecido a independência do
Brasil.
Por um lado temos os liberais, adeptos de D. Pedro, defensores da Constituição de 1822, e
por outro lado temos os apoiantes de D. Miguel.
Os liberais ganharam a guerra civil.
Direitos fundamentais:
- presente a trilogia liberal (propriedade, segurança e liberdade)
- liberdade religiosa (145 nº4)
- pela primeira vez consagrados os seguintes direitos, entre outros: não retroatividade da
lei, liberdade de deslocação e emigração, instrução primária e gratuita, criação de
estabelecimentos de ensino
- judicial: aplica as leis em nome do rei; os atos em que o rei intervém não podem ser objeto
de fiscalização por parte dos tribunais
- moderador: cabia ao rei, enquanto Chefe de Estado
Os ministros do Governo podem ser demitidos ou demitirem-se a eles próprios. Porém, o rei
nunca era responsabilizado (artigo 72º).
Quando D. Miguel é proclamado rei, este derruba a Carta Constitucional, iniciando uma
monarquia absoluta.
Constituição de 1838
D. Miguel derruba a Constituição por não achar que haja poderes suficientes para o rei,
retomando a vigência da Constituição de 1822.
Direitos fundamentais:
- presente a trilogia liberal (liberdade, segurança e propriedade)
- consagradas, pela primeira vez, as liberdades de expressão e de reunião e o direito de
resistência
A principal cedência da rainha é já não controlar a camara dos pares, pois a camara dos
senadores é eletiva.
A monarquia começa a ficar desgastada por haver muito rotativismo, sem se encontrar
soluções.
Constituição de 1911
Entre 1910 e 1911 acontece um interregno.
Direitos fundamentais:
- presente a trilogia liberal (propriedade, segurança e liberdade)
- abolida a pena de morte
- clausula aberta de direitos fundamentais
- habeas corpus (permite a libertação dos indivíduos, quando não há suficiente sustentação
dos factos para que estes estejam presos, evitando, assim, abusos judiciários)
- os direitos fundamentais eram determinados pela lei
- judicial
- executivo: Presidente da República e Ministros
Até 1926 existiram mais de 40 governos, pois havia instabilidade, já que eramos um país
habituado a uma monarquia estável.
Assim, em 1926, os militares derrubam a Constituição, recebendo os portugueses a ditadura
de braços abertos por preferirem esta em vez de um governo instável.
6- Constituição de 1933
Faz-se a Constituição de 1933, que tem como preocupações a família, a intervenção do
Estado e trabalho.
Características:
- o cargo da presidência é ocupado por militares
- o Presidente era eleito diretamente, mas, a partir de 1958, passa a ser indireto
- não existia responsabilidade política do governo
- as eleições eram diretas, mas com apenas um partido
Direitos fundamentais:
- pela primeira vez são consagrados os seguintes direitos, entre outros: direito à vida e à
integridade social; direito ao bom nome e à reputação
- clausula aberta quanto aos direitos individuais dos cidadãos
- quanto aos direitos das Corporações, há proteção da família, associação do trabalho à
empresa, direito à educação e cultura, e a liberdade criação de escolas particulares
Sendo uma Constituição programática (delimita linhas orientadoras dos grandes objetivos
que o Estado procura atingir) obriga a um executivo forte, pois um Estado que só tem de
defender a propriedade, não precisa de estar sempre a legislar.
Contudo, um Estado que é intervencionista precisa de um governo legislador, já que o
parlamento é lento.
Com a revisão de 1945, legislar passa a ser uma competência normal para o Governo. Assim
surge uma competência legislativa concorrencial, já que o parlamento e o governo são
concorrentes entre si, podendo qualquer um legislar.
Entre 1974 e 1976 há um novo interregno. Porém, vigorava a Constituição de 1933 nos
aspetos que não afetassem os pressupostos da revolução.
7- Constituição de 1976
Os principais objetivos, condensados na política dos três D´s, eram:
- democratizar o país
- descolonizar os territórios ultramarinos
- desenvolver a economia
Características:
- afirma o princípio socialista, com a construção de sociedade sem classes e de transição
para o socialismo
- havia um conflito entre a legitimidade revolucionária e a legitimidade democrática
- amplo elenco de direitos fundamentais
- poder político está dividido entre os militares e a sociedade civil
- permanência do Conselho da Revolução
- há uma clausula militar que exige que, para que o
Presidente da República fosse eleito por sufrágio
direto, o primeiro Presidente tinha de ser um militar
- havia uma partilha da soberania entre o Povo (representado pela Assembleia da República)
e o Movimento das Forças Armadas (representado pelo Conselho da Revolução)
Órgãos de Soberania:
- Presidente da República: eleito por sufrágio universal e direto, por maioria absoluta,
tendo, então, legitimidade para dissolver a Assembleia da República e vetar
suspensivamente os diplomas da Assembleia da República; pode nomear o Primeiro-
Ministro, tendo em conta os resultados eleitorais
- Tribunais
Outros
Existem três fases históricas da competência legislativa do governo:
- monarquia e primeira república: costume contra constitutione para a legislação do governo
- 1933 e 1945: reconhece-se a competência legislativa do Governo, mas a título excecional
- 1945: o governo tem uma competência legislativa normal, em concorrência com o
parlamento
Revisão de 1982
Alterações:
- extinção do Conselho da Revolução e criação de novos órgãos
Na versão original da CRP havia um prazo para vetar, mas não um prazo para
promulgar.
Assim, a revisão vem a estabelecer um prazo para a promulgação, não podendo ficar
em silêncio.
Antes de 1982, eram necessárias ser aprovadas duas moções de censura para que a
AR demitisse o Governo. Contudo, a partir de 1932, apenas é necessária uma moção
de censura.