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DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucionalismo – movimento de reorganização das sociedades que veio questionar


as organizações teórica das sociedades. Procura implantar uma forma de organização do
poder político.
- Há várias formas de interpretar estes movimentos e há evoluções diferentes – ex:
Revolução Americana VS Revolução Francesa.
- Isto dá origem a diferentes constituições e sistemas políticos.
- Diferentes experiências constitucionais contribuíram para o atual Estado de Direito.

Inglaterra
-Magna Carta inaugura essa experiência constitucional onde se consagra um conjunto de
princípios como o direito a uma justiça, pagamento de impostos referendado pelo
Parlamento, direito de não pagar impostos.
- Sistema inglês vai evoluindo ao longo do tempo por meio de sucessivas reformas.
- Não têm um código constitucional à nossa semelhança. Mas têm leis constitucionais.
- A compilação é um conjunto de documentos que compõem a lei fundamental do país –
ex: Magna Carta ou Bill of Rights.

EUA
- Têm o código constitucional mais antigo do mundo.
- Surge como expressão da supremacia.
- 1776 Declaração dos Direitos do Povo de Virgínia. Isto serve de modelo às demais
colónias. Estes direitos estão próximos dos ordenamentos inglês (igualdade entre
homens), ninguém pode ser preso sem culpa formada, liberdade religiosa. Chamavam a
isto regras de direito natural.
- Têm uma constituição desde 1787, em vigor até hoje.
- Quase todos os Estados atuais têm um código constitucional. O Código é uma forma de
sistemazão das leis fundamentais.

-Ingleses distinguem a constituição pela matéria. Para eles são as normas constitucionais
aquelas que regulam as matérias na origem do direito constitucional, ou seja, modelo de
organização política e direitos dos cidadãos.

Franceses
- Revolução Francesa inaugura o modelo constitucional francês.
- Altera o regime político de um estado já existente. Põe fim ao regime absolutista.
Tomada da Bastilha em 1779 inaugura a revolução.
- Rei convoca os 3 estados e a partir daí forma-se a Assembleia Nacional. As cortes são
convocadas para reformas, mas sem resultado.
- Essa Assembleia aprova direitos do homem e do cidadão, num documento sob a forma
de declaração, que está em vigor até hoje.
- Nos últimos 240 anos houve em França 15 constituições, todas elas começam com um
artigo que declara o vigor dessa declaração.
- A constituição francesa, apesar de ter mudado, cinge-se à alteração do sistema político
mantendo os direitos políticos, sociais e económicos dos cidadãos.
- Declaração tinha a ambição de declarar uma nova era e se estender a todo o planeta.
- Atual constituição francesa é de 1998.
- Experiência francesa influenciou a evolução constitucional portuguesa, desde o século
XIX – 1820.
- Modelo francês está bastante presente nos países do sul da Europa, mantendo algumas
caraterísticas.

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Alemanha
- Nunca tiveram uma Revolução Liberal.
- Foi Bismark, chanceler de Guilherme I que evitou a revolução e instituiu o liberalismo
por meio de legislação.
- Sistema democratiza-se, mantem-se a monarquia e evita-se a revolução.
- Influencia constitucional francesa de 1814 e depois a carta constitucional portuguesa.
- Defende um governo forte, é o principal objetivo desta carta.

Portugal
- Vigoraram desde 1822 cerca de 6 constituições.
- 1º Código Civil é de 1867. Desde lá tivemos 3 códigos.
- Constituição garante a estabilidade do sistema jurídico (em princípio). Sofre mais com
as alterações políticas. Já o código civil vigora com diferentes regimes, apesar de sofrer
alterações.
- Constituições monárquicas com vigências descontinuas, a primeira em 1822, aprovada
pelas cortes extraordinárias e convocadas pela Junta Extraordinária. Consagrava
bastantes direitos, estabelecia o poder centrado no Parlamento.
- Vigorou 6 meses até ao Golpe de Vila Francada.
- 1826 marca o estabelecimento de uma nova constituição ou melhor um Carta
Constitucional. D. Pedro abdica na filha e concede uma Carta Constitucional, com grande
influência da Const. Francesa de 1824.
- A diferença entre Constituição e Carta, é que a primeira é aprovada por Assembleia e a
segunda é outorgada pelo monarca.
- A Carta de 1826 introduz um poder forte chamado de – poder moderador – um quarto
poder que se junta ao executivo, legislativo e judicial. Este poder surge da teoria de
Benjamim Constant. Este afirmava que a separação de poderes poderia levar à
aniquilação dos próprios, sendo por isso necessário um poder que arbitrasse as relações
entre os demais poderes.
- No entanto, na Carta, o Rei mantinha subjugado o poder executivo que lhe estava sujeito.
Rei era chefe do poder executivo e titular do poder moderador.
- Foi a que teve uma vigência mais longa de 1826-1828 – 1834-1836 – 1842-1910.
- Primeira vigência foi interrompida pelo Absolutismo com D. Miguel, até à paz de Évora
Monte.
- Segunda por uma revolução da ala liberal com uma vertente mais parlamentar do
regime, à semelhança de 1822. Chamados Vintistas que se opunham aos Cartistas –
Revolução de Setembro.
- Nova Const. 1838-1842 é o resultado de um compromisso entre vintistas e cartistas,
depois confirmado pela rainha. É uma constituição mais aberta em matéria de direitos
fundamentais, aboliu o poder moderador e estabeleceu duas Câmaras eleitas.
- Cabralismo põe fim a este acordo e repõe a Carta que vigora até 1910 +/- 68 anos.
- Ato Constitucional de 1852 – Diploma apenso ao texto original da constituição (é uma
forma de revisão da Carta). Aprovado em cortes e ratificado pelo Rei. Este foi o mais
importante e introduz 3 alterações. Mudança na eleição, passando os deputados a ser
eleitos pelos cidadãos. Cortes passam a ter comissões de fiscalização e terceiro a abolição
da pena de morte por crimes políticos.
- Há um rotativismo parlamentar entre o partido Regenerador e o partido Progressista. O
primeiro mais conservador e o segundo mais liberal.
- Este acordo de cavalheiros permite a estabilidade constitucional.

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- Legislativo composto por uma Câmara Alta (pares do reino) composta por titulares de
títulos de nobreza, mais uma Câmara Baixa, composta por deputados eleitos pelos
cidadãos. A aprovação das leis tinha que ser feita pelas duas câmaras.
- Ato Constitucional de 1885 – com Fontes Pereira de Melo que em mais um ato procura
abrir o regime. Alargamento do sufrágio, reforma das câmaras dos pares – limitação da
nomeação de pares pelo rei. Consagram-se novos direitos, o de petição e de reunião.
Consagra-se o direito de ingresso na escola primaria, tendo o estado que providenciar as
escolas.
- Ato Constitucional de 1896 – Hintze Ribeiro – mais centralizador.
- Ato Constitucional de 1907 – João Franco – não entra em vigor por causa do regicídio
e da implantação da República

- Revolução de 1910 dá depois origem à constituição de 1911, sendo aquela aprovada em


Assembleia no tempo mais curto da história, ou seja, 6 meses a ser aprovada, e 9 meses
depois da revolução.
- Direitos fundamentais, levando em conta os direitos já consagrados anteriormente
(liberdade de expressão, consciência, etc.) mas traz também novos direitos – igualdade
social, estado laico.
- Reconhece a liberdade de religião e instaura-se a neutralidade do ensino publico quanto
a matéria religiosa.
- Consagra também deveres (inscrição no registo civil e escolaridade obrigatória) –
Deveres fundamentais.
- Organização Política do Poder – extingue o poder moderador; consagra a existência de
um Chefe de Estado, com poderes meramente simbólicos. Tem uma conceção tripartida
dos poderes. Legislativo está no congresso com uma câmara de representação dos
municípios e outra câmara dos deputados eleitos. Executivo – eleito pelo congresso e
poderia ser demitido por meio de moção de censura.
- Dura 15 anos, num período de grande instabilidade política. Entre 1910 e 1926 houve 8
presidentes e 44 governos.
- Presidente eleito pelo congresso.
- 1926 dá-se uma revolução militar que ocupa o poder e proporcionou a aprovação de
uma nova constituição em 1933.

Constituição de 1933
- Vigorou 41 anos até 1974, tendo a vigência maior da nossa história.
- Militares do Golpe de 1926 chamam ao governo pessoas para governar onde se incluía
o prof. Oliveira Salazar. Chega como Ministro das Finanças, mas depois o âmbito das
suas funções é alargado.
- Projeto da nova constituição chefiado por Salazar, onde também participou Marcelo
Caetano – chamado Conselho Político Nacional.
- Constituição foi aprovada por consulta popular – referendo – tendo antes disso sido
publicada nos jornais. Era um voto obrigatório, só existia um espaço para votar sim.
Podia-se votar sim ou abster-se, sendo que esta constava a favor dos sim.
- Rompe com a tradição portuguesa no que toca à organização do poder do Estado. Até
aqui as constituições estavam escritas evitando a intervenção do estado no contexto
social, estabelecendo a organização do poder político.
- Constituição de 1919 Alemã inaugura essa intervenção do Estado na sociedade.
Consagram-se direitos como à Educação ou à Saúde.
- Constituição de 1933 consagra organização política, mas também social e legitimava o
estado a tomar medidas como seja: o estabelecimento dos preços ou o salário mínimo.

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- Corporativismo é também uma expressão desta organização social por parte do estado.
- Previa direitos como o de liberdade de expressão, liberdade de reunião, mas só poderiam
ser consoante autorização legislativa. Foi ao abrigo dessa lei que foi criada a censura.
Havia liberdade de imprensa, mas nos termos da lei.
- Condicionamentos na vida das pessoas suportados pela constituição.
- Organização Política - consagravam-se 4 órgãos de soberania. Chefe de Estado e não
Presidente da República; Assembleia Nacional auxiliada por uma Câmara Corporativa;
Governo; Tribunais.
- Assembleia e Câmara formam um bicameralismo mitigado. A segunda dava pareceres
sobre as leis em apreciação da A.N. mas não tinha peso vinculativo.
- Governo era chefiado pelo Presidente do Conselho.
- Chefe de Estado seria a sede do poder. Devia ser eleito pela Nação, por mandato de 7
anos, respondendo apenas perante a nação. Poderia dissolver a A.N.; nomeava e demitia
o Presidente do Conselho; mas as decisões do chefe de estado careciam de referenda
ministerial.
- Presidente do Conselho vai dominar as instituições e aprovar o candidato a Chefe de
Estado, o que permitiu que o Prof. Salazar se mantivesse no poder consecutivamente.
Professor Lucas Cardoso afirma na sua sebenta que este regime pode ser classificado
como um sistema de governo representativo simples de chanceler.

- Constituição de 33 teve 7 revisões.


1945 revisão quanto à competência legislativa permitindo que o governo legisle, com
autorização da A.N. ou em caso de necessidade e urgência (no entendimento do próprio
governo).
- A.N. funcionava por 3 meses de 9 de janeiro a 9 de abril, assim o governo legislava ao
abrigo da competência de urgência.
1959 - Considerada a mais importante, vem alterar a eleição do Chefe de Estado. Era
eleito pela Nação e eram sempre candidatos propostos pela União Nacional. Nesse ano
surge uma crise com o General Umberto Delgado. O Chefe de Estado passa a ser eleito
por um colégio eleitoral composto pela A.N. e pela Câmara Corporativa que reuniam em
sessão conjunta.
1971 – Aumenta direitos e garantias das pessoas perante os órgãos políticos.

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A Revolução de 25 Abril de 1974 faz cessar a vigência da Constituição de 1933. Cria-se


uma Junta de Salvação Nacional, composta por militares, aprovando Leis Constitucionais
Revolucionarias. Aprovam a criação de uma Assembleia Constituinte para realizar uma
nova constituição.
Militares impuseram condições para a realização de eleições no Pacto MFA-Partidos,
depois do 11 de março de 1975.
Condições: levar em conta a corrente socialista; militares ficariam em funções até ao fim
do processo revolucionário – Conselho da Revolução
25 de Novembro de 1975 – põe fim a esta tendência esquerdista. Surge o Grupo dos 9 e
dá-se uma revisão do Pacto MFA-Partidos. Fixação de período transitório em 4 anos em
que o Conselho da Revolução deixa de poder travar a redação da Constituição. Eleição
direta do Presidente da República.

Constituição de 1974
Constituição aprovada a 2 de abril de 1976 entrando em vigor a 25 de abril de 1976.
-Sofre 7 revisões. 3 grandes e 4 pequenas

1982 – Grande revisão no fim do período transitório estabelecido.


- Foram apresentados 4 projetos de revisão constitucional.
- A Parte mais alterada nesta revisão foi a parte III da constituição, respeitante à
organização do poder político.
- Partidos entendem-se e extinguem o Conselho da Revolução, que era órgão de
soberania. Tinha competências várias, nomeadamente em questões de defesa, era também
conselho consultivo do Presidente da República. Fazia ainda a fiscalização da
constitucionalidade das leis, assessorado pelo conselho constitucional.
- As suas competências passam para outros órgãos: Tribunal Constitucional – questões
constitucionais. Cria-se este tribunal que passa a ser um órgão de soberania; Questões de
defesa passam para a Assembleia da República e Governo; Conselho ao P.R. passa para
o Conselho de Estado, com funções apenas consultivas.
- P.R. passa a ter capacidade de dissolver a A.R. sempre que entender (com sujeição
apenas aos limites temporais e circunstanciais), quando antes necessitava de ter a
anuência do Conselho da Revolução; e Governo deixa, aparentemente, de necessitar de
ter a confiança política do P.R. para governar.
- Daqui surge o debate entre os constitucionalistas, se continuamos perante um sistema
semipresidencial (posição defendida por Jorge Miranda, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge
Bacelar Gouveia) ou se passamos a um regime de tipo parlamentar (posição de André
Gonçalves Pereira).

1989 – Grande Revisão


- Inicia-se com a iniciativa partidária do CDS, mas conclui-se com um acordo de revisão
constitucional entre PS e PSD.
- Revê a Parte II da Constituição, anteriores princípios perseguem a ideia de tornar
Portugal uma sociedade socialista. É preciso alterar esses princípios, que tornavam as
normas da CEE incompatíveis com aquelas, tendo Portugal entrado em 1986.
- Assim de acordo com o pacto celebrado entre PS e PSD, foram:
- Abolido o princípio da irreversibilidade das nacionalizações.
- Consagrada a obrigatoriedade de aprovação de uma lei-quadro de privatizações.
- Redefinidos os setores de propriedade dos meios de produção.

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- Conceito de planeamento de economia foi transformado de acordo com o


princípio da economia de mercado, deixando a Constituição de mencionar a força jurídica
dos planos, ficando estes articulados com o programa de governo
- criou-se o Conselho Económico Social
- substitui-se o título referente à reforma agrária, por outro de maior abrangência,
agora denominado de política agrícola, comercial e industrial.
- A Parte III sofre também algumas alterações, nomeadamente: a criação da Alta
Autoridade para a Comunicação Social; o referendo a nível nacional; a alteração do
número de deputados para um intervalo de 230 mínimo e 250 máximo; a criação de um
novo tipo de leis – as leis orgânicas; e o acolhimento de novos instrumentos e formas não
jurisdicionais de composição de conflitos.

1992 – Pequena Revisão


-Revisão que permite que Portugal se vinculasse ao Ato Único Europeu –
aprofundamento da União Europeia.
- Alteração dos estatutos do Banco de Portugal e preparação para a adesão à moeda única.
- Alteração dos prazos para a revisão constitucional ordinária.

1997 – Grande Revisão


- Revisão de aperfeiçoamento constitucional.
- Abrange todas as partes, introduzindo novos direitos fundamentais, juntando-se direitos
gerais de personalidade e limites à manipulação genética e aperfeiçoamento para o
exercício desses direitos.
- Alterações na Parte II de acordo com a globalização.
- Alterações na Parte III, alargando-se o voto na eleição presidencial à emigração;
consagrando a iniciativa legislativa e referendária popular, bem como, os núcleos de
matérias a poderem ser votadas por referendo; reforço das competências da Assembleia
da República nos assuntos da União Europeia, reforço dos poderes da Assembleia
Regional, e abre-se espaço a referendo nas Ilhas; suspensão da força jurídica dos planos
económicos; flexibilização do sistema de governo municipal; desconstitucionalização do
serviço militar obrigatório.

2001 – Pequena Revisão


- Revisão que retifica o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, com perda de soberania.
Mas consagram-se outras alterações, como a consagração do português como língua
oficial; alargamentos dos direitos políticos dos cidadãos dos estados de língua portuguesa;
permissão sindical policial.

2004 – Pequena Revisão


- Regulação da relação entre o Direito Português e o Direito da União Europeia
- Revisão quanto a aspetos relativos à limitação dos mandatos dos titulares de cargos
públicos. Alargamento das competências das regiões autonómicas. Substituição da alta
autoridade da concorrência social para uma entidade reguladora.

2005 – Pequena Revisão


- Micro-revisão relativa ao artigo 295º CRP sobre a não necessidade de convocar
referendo para ratificar matérias relativas à União Europeia.

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Constituição de 1976 é o resultado das tradições anteriores refletindo a junção de todas


elas, consagrando:
• Direitos da Pessoa Humana
• Estado
• Constituição
-Estes são os pilares do constitucionalismo

- Primeira vocação são as pessoas e por isso consagram direitos. Direitos subjetivos,
ligados diretamente à dignidade humana.
Direitos Fundamentais – são aqueles que estão diretamente ligados à dignidade humana
(direito à vida, direito à integridade física). Há outros direitos subjetivos, mas não
fundamentais.
- Estudos de Direito estão mais focados no Estado – formas de organização diferentes, ao
longo dos séculos.
-Estado é uma forma de centralização dentro da sociedade – poder do rei em relação aos
poderes feudais. Também se formou pela libertação da tutela do Papa e do Imperador.
- Estado define-se como comunidade composta por um povo, que se apropria de um
território e impõem por autoridade própria os mecanismos necessários à vida em
sociedade. – Definição de Freitas do Amaral.

Três elementos fundamentais do Estado:


Povo – Nação – comunidade histórica e cultural:
• Língua
• Modo de relacionamento comum
• Mesmos costumes
Povo é um conjunto de pessoas ligadas ao Estado por um vínculo chamado cidadania,
que confere direitos e deveres às pessoas. É Rousseau que define bem este conceito no
seu Contrato Social. Para Jorge Miranda o Povo aparece como sujeito de poder, mas ao
mesmo tempo como o conjunto de cidadãos daquela comunidade.
- Participação política é o que define os cidadãos, como seja, o direito de votar e o direito
de ser eleito. Mas são os cidadãos os principais destinatários da ordem jurídica do estado,
“os sujeitos e os súbditos do poder”.
- Já a população é o conjunto de residentes num determinado território, nacionais ou
estrangeiros.
- Cidadania adquire-se no momento do nascimento – chamada aquisição originaria. Outra
forma é a aquisição derivada em que a pessoa se pode tornar cidadão.
- Direito de afiliação – é o cidadão que é filho de outro cidadão de um Estado – ius
sanguinis
- Direito do Território – consagrado com a descolonização, consagra cidadão quem tiver
nascido no território – ius soli.
- Hoje consagram-se os dois direitos mais o menos de forma articulada. No entanto, no
direito português há uma prevalência do jus sanguine, não há qualquer discriminação com
base no sexo, e uma conservação da cidadania por cidadãos que detenham outra. A lei de
2006 traz algumas alterações, dando uma relevância crescente ao jus soli, com o intuito
de integrar melhor os filhos dos imigrantes, por exemplo.
Território (artg. 5º CRP)
-Território composto por terra, mas também pela costa (águas territoriais) até 12 milhas
da linha de costa. Espaço aéreo também integra o território nacional (espaço até ao limite
da atmosfera).
- É o espaço geográfico da prática da soberania.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Poder Político
-Titular do poder é o povo e permite a organização da vida em sociedade.
- É Bodin que forma o conceito de Soberania. Define-a como um poder que não conhece
igual na ordem interna, que tem os outros poderes subordinados e tem relação de
igualdade com outros poderes soberanos na ordem externa.
- Poder de organização significa, manter a ordem, fazer uma constituição, fazer leis,
regular a utilização dos recursos naturais.

-Estado existe e persegue determinados fins:


• Garantir a justiça e a segurança
• Proporcionar bem-estar às pessoas (existência digna)

Funções do Estado (artg. 9º CRP)


-Organiza a vida da comunidade, através da aprovação de uma constituição – função
constituinte.
-Tem uma função legislativa, política, administrativa e jurisdicional a que se chamam
funções constituídas.
• Função Legislativa – produção de normas gerais e abstratas, nas mais variadas
áreas. Exerce-se através dos órgãos de soberania.
• Função Política – define o interesse publico sem que se imponha a criação de
direitos.
• Função Administrativa – satisfação das necessidades coletivas, ex: abastecimento
de água.
• Função Jurisdicional – manutenção da paz social, dirimir os conflitos.

- A função legislativa e a política são – Primarias ou Independentes – definem o


interesse publico e os seus titulares agem por critério próprio, apenas com respeito pela
constituição.
- A função Administrativa e a Jurisdicional – Secundárias e Dependentes – realizam o
interesse publico e os seus titulares agem de acordo com critério pré-determinado pelo
legislador.

- Cada função tem um poder correspondente:


Função Legislativa – Poder Legislativo
Função Política – Poder Político
Função Administrativa – Poder Administrativo
Função Jurisdicional – Poder Judicial

Lei da Nacionalidade
Artg. 1º e) – reconhece o ius sanguine, basta um dos progenitores ser português para ter
nacionalidade, a única imposição é o registo civil.
f) – consagra-se também o ius soli, a residência dos progenitores por mais de 2 anos e não
estarem ao serviço dos respetivos estados.
- Lei portuguesa é mais favorável ao ius sanguine. O que é tradicionalmente o que se faz
nos estados europeus.
- Cada Estado define os critérios da sua lei da nacionalidade

Aquisição Derivada – Lei Portuguesa chama só Aquisição.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artg.2º define que progenitores que adquirem nacionalidade a transmitem


automaticamente aos filhos.
Artg.3º define a nacionalidade por casamento ou união de facto, com um prazo de 3 anos
mínimo de duração da ligação.
Artg.5º - também se adquire por via da adoção, em que pais portugueses passam ao filho
adotado.
Artg.6º - naturalização – pedido feito ao estado para que atribua a nacionalidade a um
não português, verificando-se um conjunto de condições cumulativas.
• Maiores ou emancipados
• Residir em Portugal há pelo menos 5 anos
• Não ter cadastro
• Falar minimamente português
• Não estar ligada a práticas terroristas
-Requerimento feito ao ministro da justiça (Artg.7º)
Artg.8º - perdem a nacionalidade, os nacionais de outro estado que não queiram ser
portugueses. Estado não tira a nacionalidade a ninguém, a cidadania é um dos direitos
fundamentais da constituição – Artg.26º CRP

O que é a constituição?
- Tem um sentido documental que se refere ao documento, mas também material, que se
refere à matéria contida nesse documento.
- Consagra sobretudo os Direitos Fundamentais da Pessoa Humana e a Organização do
Poder Político.
- Dentro de um ordenamento jurídico, a Constituição inclui as normas dos direitos
fundamentais e as de organização do poder político.
- Constitucionalismo tardio, ou seja, alargamento das funções do Estado, movimento
constitucional alemão, que vem a ser integrado na constituição.

Constituição formal – corresponde à forma e força jurídica. Todas as leis têm que estar
conforme as normas que estão na constituição (artg. 3º, nº3 da CRP).
Debate sobre a consagração de todas as normas da constituição – clausula aberta - uns
dizem que estão todas lá, outros olham para o artg. 16º, nº2 da CRP, em que se prevê a
articulação com os direitos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Faz parte da forma formal, sendo que na opinião do Professor tem um valor reforçado
pois em caso de dúvida os direitos da constituição são os da Declaração que vigoram.

- Originalmente as constituições diziam-se estatutárias, pois consagravam os estatutos do


poder.
- Surgem depois as constituições programáticas, onde se define um programa, associado
normalmente a ideologias marxistas.
- Mais tarde há uma fusão tendo a constituição atual presença de normas estatutárias, mas
também programáticas, ex: artg.78º, nº2, e) CRP.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição Portuguesa:

Está dividida em 4 partes:

1ª – artg.12º ao 79º - Direitos e Deveres Fundamentais

2ª – artg.80º ao 107º - Organização Económica = Intervenção do Estado no âmbito


económico social e cultural.

3ª – artg.108º ao 276º - Organização do Poder Político

4ª – artg.277º ao 289º - Garantia e Revisão da Constituição

- Os 11 primeiros artigos – Princípios Fundamentais – estão na abertura da constituição


e não estão adstritos a nenhuma parte porque são comuns a todas elas.
- Não há uma correspondência – princípio = artigo
- Jorge Miranda chama-lhe a ante-parte da constituição.

Existem princípios:
• Referentes à pessoa Humana
- Dignidade Humana – artg.1º CRP
- Liberdade – artg.1º CRP
- Solidariedade – artg.1º CRP
- Estado realiza a dignidade humana quando transforma os sujeitos em razão da sua ação.
Quando serve os cidadãos.
- Liberdade é a capacidade de cada um se autodeterminar, decidir de sua própria vontade
e interesse (consistindo em fazer tudo o que a lei permite).
- Solidariedade é a interdependência de interesses em sociedade.

• Referentes à titularidade e exercício do poder político


- Titularidade do Poder – artg.3ºCRP – Soberania Popular
- Exercício do Poder – artg.10º CRP – Democracia; República; Estado de Direito
- Organização do Poder
- Relações Internacionais do Estado

- Montesquieu entendia que a soberania estava na Nação. Por outro lado, Rosseau
considerava a Nação uma ficção e entendia que a soberania era popular.

Exercício do Poder:
- Poder Democrático – relação de conduta entre quem elege e quem é eleito. Pode ser
exercido em Democracia Direta ou em Democracia Representativa. - artigo 10º da CRP
- Democracia Representativa prevê a Democracia Participativa, onde os cidadãos, por
meio do referendo, tomam uma decisão no caso de uma questão importante para a Nação.
- Princípio Republicano – impõe que ninguém possa apropriar-se da coisa publica,
recusando a apropriação do cargo do Chefe de Estado, ou outro cargo, mesmo com
consentimento dos cidadãos.
- Povo exerce o poder através dos seus representantes de acordo com o estipulado na
Constituição (artg.3º nº1 e artg.10º da CRP).

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DIREITO CONSTITUCIONAL

- Princípio do Estado de Direito – define a forma do exercício do poder, pelos


representantes escolhidos pelo Povo. Estabelece que esse exercício do poder é feito de
acordo com o previsto na constituição e na lei. “sujeição do poder a princípios e regras
jurídicas.” (Canotilho).
- Pode ser Estado de Direito Formal, que entende que o respeito pela lei é suficiente
para existir Estado de Direito (ex: casos autoritários).
- Pode também ser Estado de Direito Material, se o exercício do poder corresponde à
ideia de Justiça existente numa sociedade. Apontam-se requisitos: a constituição ter e
reconhecer direitos da pessoa humana; separação de poderes; hierarquia das leis –
juridicidade; e a validade das fontes inferiores depender das normas de valor superior.

Organização do Poder do Estado e relação com outros poderes:


- Estado é soberano, não há outro poder igual a ele.
- Princípio do Estado Unitário (artg.6º CRP) – quer dizer que há apenas um poder
soberano. Por oposição temos os Estados Compostos ou Complexos. Unitário exprime-
se na existência de uma constituição. No Composto há vários povos cada um com a sua
soberania, persiste em Federações de Estados. Cada estado tem uma constituição que se
submete à constituição da união.
- Reconhece outros poderes, nomeadamente as regiões autónomas e as autarquias locais.
- Reconhece a autonomia político-administrativa das regiões autónomas (artg.6º nº2CRP)
e a autonomia administrativa das autarquias (artg.6º, nº1CRP).
- Portanto, apesar de historicamente a formação de um estado unitário, não reconhecer
qualquer tipo de autonomia, a Constituição portuguesa vai no sentido contrário. Afirma
essa unidade do estado, mas reconhece autonomia às regiões insulares, mas também às
suas autarquias, se bem que em graus diferentes (Canotilho). No primeiro caso é
autonomia política e administrativa, no segundo é apenas administrativa.
- Princípio da Subsidiariedade – aquilo que só se aplica na falta do que é imediato.
Surge da ideia de que o poder deve ser exercido o mais próximo dos cidadãos, desde que
haja eficácia. Destina-se sobretudo ao legislador. Deve ter em conta quando estabelece a
competência dos vários níveis de decisão.
- Gomes Canotilho, formula-o da seguinte forma: “as comunidades ou esquemas
organizatório-políticos superiores só deverão assumir as funções que as comunidades
mais pequenas não podem cumprir da mesma forma ou de forma mais eficiente”(pp.362-
363).

Relações Internacionais do Estado:


- Princípio da Integração Europeia (artg.7º, nº6 CRP) tem que respeitar os princípios
fundamentais do estado de direito democrático, renuncia a alguns poderes soberanos a
favor da integração europeia.
- Cooperação privilegiada com os países de Língua Oficial Portuguesa (artg.7, nº4).
- Cooperação internacional no âmbito da justiça criminal (artg.7º, nº7 CRP).

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Parte I – Direitos e Deveres Fundamentais


- Corresponde a um dos núcleos históricos do direito constitucional.
- Os que são reconhecidos pela constituição tem uma força jurídica superior aos outros
direitos. Em Sentido Formal. No Critério Material são direitos os que asseguram a nossa
dignidade humana. Legislador constituinte consagrou um critério material, não definindo
esses direitos, mas o artigo 16º, nº1 define um critério material.

Direitos e Deveres
Fundamentais

Direitos, Direitos
Liberdades e Económicos,
Garantias Sociais e Culturais

Participação
Pessoais Trabalhador
Política

- Direitos Liberdades e Garantias – correspondem à consagração da autodeterminação


pessoal de decidir da própria vida, bem como, as capacidades políticas de cada cidadão.
Já os direitos laborais decorrem da necessidade de estipular condições de trabalho,
decorrentes das consequências da revolução industrial (sobretudo o debate surge da
Rerum Novarum de Leão XIII e depois passa ao socialismo catedrático alemão).
- São normas preceptivas.
- São adquiridos constitucionalmente – são soluções que a nossa civilização dá por
adquiridos.
- Decorrem do Princípio da Liberdade e podem ser invocados a partir da constituição e
devem ser seguidos de acordo com a lei.

- Direitos Económicos Sociais e Culturais – asseguram às pessoas uma existência digna.


Liberdade não é suficiente, decorrem do princípio da solidariedade, e preveem a criação
de condições materiais para que essa dignidade humana fique assegurada.
- São normas programáticas.
- São normas que se referem na constituição e se referem ao planeamento da sociedade.
- Não constituem direitos diretos na nossa esfera jurídica (esfera jurídica: conjunto de
direitos e deveres que cada um é titular).
- Decorrem do princípio da solidariedade e devem ser seguidos de acordo com a lei.

Os primeiro são exercidos contra o Estado; Os segundos são exercidos com a colaboração
do Estado.

- Artg.16º, nº1 reconhece outros direitos para além dos consagrados na CRP.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

- São normas diretamente aplicáveis (artg.18º CRP) – Força Jurídica.

Assim:
Direitos Pessoais – protegem bens relacionados com o corpo e o espírito
Direitos de Participação Política – ligados à participação na vida da Nação em sociedade
(votar, ser eleito, etc).
Direitos dos Trabalhadores – protegem e consagram direitos laborais. Têm impacto na
dignidade da pessoa.

Regras de Direitos Fundamentais na Constituição


- Princípio da Universalidade – artg.12º CRP – define que todos os cidadãos têm direitos
fundamentais iguais com exceção do artigo 122º, relativo à eleição do Presidente da
República.
Nº1 do artg.12º define o direito das pessoas singulares, já o nº2 define os direitos das
pessoas coletivas competentes à sua natureza, ou seja, que não estejam diretamente
relacionados com a condição humana, ex: integridade física.

- Portugueses no estrangeiro – artg.14º


- Estado protege os cidadãos, mas o exercício dos direitos está sujeito aos deveres que
não sejam incompatíveis com a ausência do país. Ex: obrigatoriedade de frequentar o
ensino, não se impõe.

- Cidadãos com deficiência gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres de acordo com
a sua incapacidade – artg.71º CRP.
- Há também condicionamento de direitos e deveres quanto à Infância (artg.69º),
Juventude (artg.70º) e Terceira Idade (artg.72º).

- Estrangeiros em Portugal – artg.15º


- Equiparam-se os estrangeiros aos cidadãos no que toca a direitos e deveres, com exceção
de alguns direitos de participação política e desempenho de algumas funções.
- Podem ser expulsos – artg.15º, nº2.
- Prevê-se dois tipos de cidadãos com regimes diferentes: os da União Europeia e os da
CPLP, em comparação com os demais cidadãos do mundo.

- Princípio da Igualdade – artg.13º


- Diz respeito ao exercício dos direitos.
- Medida de tratamento das autoridades publicas. É a forma como o Estado deve tratar as
pessoas.
- É fundamental distinguir do princípio da universalidade.

- Universalidade e igualdade são comuns a todos, mas há outros aplicados apenas a


direitos em concreto.

Atig.18º CRP estatui que os direitos aplicados aos direitos liberdades e garantias não
precisam de suporte legislativo para se aplicarem (como acontecia na constituição de
1933).
- Podem ser invocados sem lei e contra a lei. Valem apenas por estarem consagrados na
constituição.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Parte II – Organização do Poder Político

Artg.108º - define a quem pertence o poder político – ao povo – e que esse é exercido nos
termos da constituição, reforçando o artig.2º
Art.110º - Define os órgãos de soberania:
• Presidente da República
• Assembleia da República
• Governo
• Tribunais (cada um é um órgão de soberania)
Artg.110º, nº2 – define que a formação, composição, competência e funcionamento
desses órgãos são previstos pela constituição.
-Isto acentua a diferença entre funções constituintes e funções constituídas

Artg.111º, nº1 – órgãos devem respeitar a separação e a interdependência estabelecidos


na constituição

- É desta forma que se estabelece o modelo de organização política.

Artg.111º, nº2 – não pode haver delegação dos poderes noutros órgãos. Salvo exceções
previstas pela constituição e pela Lei.

Aspetos Gerais dos Órgãos


- Previsão das competências decorre da separação de poderes, que se traduz não só no
respeito das competências de cada órgão, mas também numa separação das pessoas que
são titulares desses cargos.
- Lei de incompatibilidades (Lei 68/83) que define a impossibilidade de acumulação de
cargos. A própria constituição consagra essa ideia – artg.º154º - neste caso em concreto
é um limite à possibilidade de ser deputado e membro do governo ao mesmo tempo.
- Separação de poderes não é só a nível central – horizontal – mas também vertical, onde
cabem as Regiões Autónomas e as Autarquias.

Quanto à composição
- É importante distinguir quanto à composição dos órgãos. Distinção entre órgãos
singulares e órgãos colegiais. Primeiros só têm um titular, colegiais têm vários. Colegiais
têm regras de funcionamento interno, os singulares não.
- Artg.116º - define as regras de funcionamento dos órgãos colegiais
- nº1 – publicidade das reuniões dos órgãos colegiais eleitos, dos que são considerados
Assembleias.
- nº2 – deliberações são adotadas com a presença de um número legal dos seus membros
– Quórum. Aplica-se à A.R., ao Governo, ao Tribunal Constitucional e às Assembleias
Municipais.
- nº3 – nos órgãos colegiais as decisões são aprovadas à pluralidade de votos, salvo
exceções previstas na constituição ou na lei. Só se aplica na falta de uma definição
especifica, sendo uma norma supletiva.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Presidente da República
- Artg.120º - define o cargo e o que faz. Diz genericamente que representa a República,
garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das
instituições.
- Artg.121º - P.R. eleito por sufrágio universal e direto
- Artg.122º - define que são elegíveis, portugueses de origem com mais de 35 anos.
- Artg.126º - define o sistema eleitoral, que significa o processo de conversão de votos
em mandatos.

-Para isso existem dois grandes sistemas eleitorais. O maioritário e o proporcional.


- No maioritário há um candidato que ganha e os outros perdem – só um ganha. No
proporcional há uma correspondência proporcional entre o nº de votos e o de mandatos.
- O sistema português prefere o sistema proporcional (113º, nº5), a única exceção é o da
eleição do P.R. que é eleito por sistema maioritário (126º, nº1) porque se trata de um
órgão singular.
- Dentro dos sistemas maioritários temos ainda a maioria absoluta e a relativa, sendo que
no caso do P.R. é por maioria absoluta. Caso não haja, há lugar a 2ª volta entre os dois
candidatos mais votados (126º, nº2).
- Limite de dois mandatos consecutivos (123º, nº1) obedecendo ao princípio republicano.
- Candidatura apresentada pelo próprio e suportada pelas assinaturas de cidadãos que
formam a proposta (124º).
- Artg.128º - mandato com duração de 5 anos e só cessa com a posse do novo presidente.
A posse é perante a A.R. que serve de testemunha da posse do P.R. (127º, nº1).
- Competências (133º e ss.)
- Previstas na Constituição
- Competências Próprias; quanto a outros órgãos; e em matérias de relações
internacionais.
- É auxiliado nas suas funções por dois órgãos de Estado. O Conselho de Estado,
definido pelo artg.141º, como órgão político de consulta do P.R. O artg.142º define a sua
composição.
- Consulta é a todo o tempo, mas há por vezes casos em que o P.R. tem que ouvir, como
é o caso da dissolução da A.R. e das Assembleias Autónomas Regionais. Fazer a Guerra
e a Paz, etc. – artg. 145º.
- Conselho Superior de Defesa Nacional é um segundo órgão de consulta do P.R.
previsto no artg. 274º. A sua competência é definida pela Lei, sendo apenas imposto que
parte dos seus membros sejam eleitos pela A.R.

Assembleia da República

- É uma Assembleia representativa de todos os portugueses – artg.147º


- Artg.148º - define um mínimo e um máximo de deputados, sendo um mínimo de 180 e
um máximo de 230. Constituição não define o número de deputados, mas sim o intervalo,
cabendo ao legislador, na lei eleitoral definir esse número (Lei eleitoral artg.13º).
- Artg.149º - eleitos os deputados por círculos eleitorais geograficamente definidos na lei
eleitoral. 22 círculos eleitorais, 1 por cada distrito, mais 2 por cada região autónoma e
mais 2, um pela Europa e outro para o resto do mundo (Lei eleitoral artg.12º). Respeita
um conceito de ciência política que determina o respeito por uma administração pré-
existente para evitar a manipulação dos círculos.
- O número de deputados em cada círculo eleitoral é proporcional ao número de cidadãos
eleitores nele inscritos. Comissão nacional de eleições faz o mapa dessa distribuição. Já

15
DIREITO CONSTITUCIONAL

o cálculo de deputados por partidos, trata-se do sistema eleitoral, respeitando-se o sistema


de representação proporcional e o método da média mais alta de Hondt. É a forma de
transformar os votos em mandatos (149º, nº1).
- Artg.152º proíbe as clausulas barreira, conceito que vem do direito alemão, onde os
partidos independentemente dos votos, estes só são válidos se tiverem um mínimo de 5%
de votação nacional. Isto em Portugal é proibido.
- Artg.49º define quem tem direito a eleger e o Artg.150º quem é elegível, dizendo-se que
podem ser eleitos todos os cidadãos portugueses eleitores, salvo exceções da lei eleitoral
ou de alguns casos.
- Há várias incompatibilidades:
- Titulares do cargo de P.R. e tribunais
- Membros da comissão nacional de eleições
- Relativas a determinado círculo
- Artg.151º define que só os partidos podem apresentar candidaturas.
- Deputados representam todo o país e não o círculo eleitoral onde são eleitos (152º, nº2).
- Artg.153º - mandato dos deputados inicia-se com a 1ª reunião da A.R. depois das
eleições e cessa com a 1ª reunião da A.R. seguinte.
- Não se fala em posse, dizendo-se que os deputados reúnem por direito próprio (173º).
Faz-se uma comissão de verificação de mandatos.
- Artg.154º - incompatibilidades com função de deputado
- Ser membro do Governo
- Determinadas pela Lei
- Casos e condições em que deputados carecem da autorização da A.R. para serem
jurados, árbitros, peritos ou testemunhas.
- Artg.156º - define poderes dos deputados a título individual, definidas pelo próprio
artigo.
- Artg.157º - Imunidades dos deputados – existe esta proteção, desde o início do estado
moderno, quando os parlamentos começaram a reclamar poderes face ao monarca. Essa
era a única forma de proteger os deputados, a imunidade durante o exercício de mandato.
É uma garantia do poder legislativo, face ao poder executivo e judicial.

Função Legislativa (161º e ss.)


- A.R. no seu conjunto é um órgão de soberania, titular de poderes políticos e legislativos
- É tradicional nos parlamentos europeus que esta função esteja aqui.
- Faz leis sobre tudo, menos no que compete ao Governo (161º).
- Há matérias que são reservadas à A.R., consagradas nos artigos 164º e 165º.
- Artg.164º reserva absoluta
- Artg.165º reserva relativa

- Artg.161º - define as competências políticas


- Artg.162º - define competências de fiscalização
- Artg.163º - define competências quanto a outros órgãos

- A.R. é um órgão colegial aplicando-se as regras do artg.116º


- A.R. é um órgão complexo, ou seja, órgão que tem órgãos internos: Presidente da A.R.,
Mesa da A.R., Comissão Permanente, Comissões Especializadas, Conferência de Líderes,
Grupos Parlamentares.

Órgãos = Centro de Decisão


Internos – não são de soberania, apenas preparam o trabalho da A.R.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Órgãos independentes ou sub-órgãos da A.R.


- Colaboram com a A.R. no exercício das suas funções
- Provedor de Justiça – tem por função receber queixas dos cidadãos e encaminhá-las
aos órgãos competentes, sendo escolhido pela A.R. É independente, mas está na orbita
do Parlamento e colabora com ele (artg.23º). Colaboração com o parlamento no controlo
da administração pública, nos termos do 162º a).
- Conselho das Finanças Públicas – escolhido pelo Governo, mas colabora com a A.R.
no controlo orçamental, sobretudo quanto à execução. Faz a avaliação das soluções de
orçamento, dando um parecer sobre o documento, enquanto este está a debate na A.R.
Também deve dar um parecer sobre a execução do orçamento ao longo do tempo. Tem
sobretudo uma função consultiva.

Governo
- Órgão de soberania para a condução da política geral do país ou região (182º)

Composição:
- Primeiro-ministro, ministros, secretários e subsecretários de Estado (183º)
- Pode haver vice-primeiro-ministro, normalmente acontece em governos de coligação
(183º, nº3).
- Governo determina a sua própria organização interna (183º, nº3).

- Artg.187º - primeiro-ministro nomeado pelo P.R. Demais membros do governo, são


todos nomeados pelo P.R. sob sugestão do primeiro-ministro.
- nº1 – determina a necessidade do P.R. ouvir os partidos e a escolha deve ter em conta
os resultados eleitorais.
- Depois da nomeação o governo só se mantém em funções se a A.R. não rejeitar o seu
programa de governo (192º).
- A nomeação do primeiro-ministro deve ser feita de acordo com a perspetiva de governar.
- Governo é um órgão colegial e está obrigado a observar as regas do Quórum e das
maiorias, mas não o da publicidade (116º).
- Governo é um órgão complexo, tem vários sub-órgãos e pode reunir em Conselho de
Ministros, de acordo com o artigo 200º, estando aí designadas as suas competências.
- Cada ministro é também um órgão de estado, estando as competências dos membros do
governo estabelecidas no artig.201º

- Competências do Governo – colegialmente


- Competências Políticas – artg.197º
-Competências Legislativas – artg.198º (em matérias não reservadas à A.R.,
mencionados no artig.164º e 165º)
- Competências Legislativa Reservada – artg.198º, nº2

- Comparativamente a outros estados europeus, o governo português e também o francês


têm competências legislativas, sendo que o português tem uma competência muito
alargada.

Tribunais
- Cada tribunal é um órgão de soberania.
- Artg.221º define o Tribunal Constitucional como o órgão com competência para
matérias jurídico-constitucionais.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

- É composto por 13 juízes, sendo 10 designados pela A.R. e os demais 3 cooptados entre
eles – artg.222º, nº1.
- Votação para a escolha dos juízes, na A.R. são por maioria de 2/3.
- Artg.222º, nº2 diz que quem pode ser escolhido tem que ser jurista e há uma quota
mínima de juízes de carreira. (esta ideia vem da criação em 1982 de que mantendo uma
quota de juízes evitar-se-ia a partidarização do tribunal)

Sistema de Governo
- Modo de relacionamento entre os órgãos de governo.
- Há dois grandes tipos, o Presidencial e o Parlamentar. No primeiro o presidente é chefe
de estado e do executivo. Aqui o presidente não pode dissolver o Parlamento, nem o
contrário também acontece. Ambos dependem do voto popular.
- No sistema Parlamentar o poder está no Parlamento e o chefe de estado não detém o
poder executivo.
Sistema Parlamentar elege um parlamento, tem um chefe de estado e o poder executivo
está no governo. Este é escolhido pelo chefe de estado tendo em conta as eleições
parlamentares. Chefe de estado tem normalmente poderes simbólicos, mas não em todos
os casos.
- O parlamento pode derrubar o governo por meio de moção de censura, e caso isto ocorra,
o primeiro-ministro pode pedir ao chefe de estado a dissolução do parlamento. Há um
conflito e só o povo o pode resolver, portanto dissolve-se o parlamento e há eleições.

- No caso português temos um sistema semipresidencial. E porquê? Porque o P.R. não


tem funções simbólicas. Tem poder de facto. Pode vetar as leis e decretos-lei, tem
competência de nomeação, tem competência de dissolver a A.R. (133º e ss. + 172º). Tem
que ouvir os partidos e o Conselho de Estado, mas não é vinculativo. Este é um poder do
P. R. que pode ser exercido sempre que quiser.

Regiões Autónomas – Madeira e Açores – artg.225º e ss.


- Há um estado unitário, mas reconhece-se a autonomia de 2 regiões autónomas.
- Têm autonomia política e administrativa.
- Têm uma Assembleia Legislativa Regional autónoma.
- São órgãos de governo próprio das regiões autónomas – artg.231º - a Assembleia
Legislativa e o Governo Regional.
- A Assembleia é eleita por sufrágio universal direto, secreto, de acordo com o princípio
da representação proporcional – artg.231º, nº2.
- Governo é responsável perante a Assembleia Regional e nomeado pelo Representante
da República, tendo em conta o resultado das eleições – 231º, nº3
- Representante da República – artg.230º - cada uma tem um e é nomeado e exonerado
pelo P.R., ouvido o governo.
- Artg.233º define as suas competências, tendo poderes de controlo e fiscalização.
Representa o Estado.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Atividade política e legislativa


- Atos de autoridade que nos vinculam. Estado de Direito não concebe apenas a
organização formal dos órgãos de poder, como pressupõe que eles só decidem dentro das
competências e no âmbito do que a constituição permite.

Atividade Legislativa
- Função que o Estado exerce para prosseguir os seus fins. É a função legislativa, que
consiste em determinar o interesse publico, com normas gerais e abstratas.
- No Estado Liberal, a Lei seria todo o diploma aprovado pelo Parlamento. O Governo
aplicava-a, e os tribunais dirimiam os conflitos de acordo com a lei.
- Atualmente há outra interpretação. Artg.112º - considera atos legislativos, as leis,
decretos-lei e decretos regionais. Está num sentido restrito. Há também no sentido lato,
como qualquer ato legislativo – ex: todos têm direito à objeção de consciência, nos termos
da lei. Aqui entende-se lei como ato legislativo.
- Portugal e França, são os países onde os governos têm competência legislativa muito
ampla, por meio de decretos-lei.
- Por força da globalização, lei perde alguma importância enquanto fonte de direito, mas
também por força do reconhecimento das autonomias regionais.
- Constituição é o fundamento da legitimidade da validade das leis, adotadas por órgãos
com competência definidos pela constituição. É também fundamento de validade do
direito convencional interno – Artg.3º, nº3 – confirma-se a Teoria de Kelsen.
- Constituição também reconhece o direito internacional em acordos assinados pelo
Estado – artg. 8º.
- Quanto à União Europeia, Portugal renuncia à sua soberania – artg.8º, nº4 – apenas com
reserva pelo respeito dos princípios fundamentais do Estado de Direito Democrático.

3 princípios importantes para o Legislativo:


- Princípio da Competência – órgãos só legislam se a competência for
reconhecida pela Constituição – Artg.110º, nº2; 161º, c) (A.R.); 198º, nº1 e 2 (Gov.); 227º
e 228º (Reg. Autónomas).
- Princípio da Tipicidade – Artg.112º, nº1 – definem-se os tipos de atos
legislativos. Nº5 deixa claro que nenhuma lei pode criar outras categorias de atos
legislativos.

- Define-se uma hierarquia entre estes atos legislativos. No topo está a constituição –
artg.112º, nº6 – define que os atos legislativos prevalecem sempre sobre os regulamentos.
- Entre a lei e o decreto-lei há um princípio de paridade – artg-112º, nº2. Entre a lei e o
decreto-legislativo regional vigora o princípio da supletividade, ou seja, na falta de
legislação regional própria, aplica-se nas regiões as normas gerais em vigor – artg.228º,
nº2.
- Se a matéria é reservada aos órgãos de soberania as Assembleias regionais não podem
legislar. Se não estiver previsto no estatuto da A. Regional não pode legislar. Se estiver
dentro da competência da A. Regional, mas não estiver legislado, aplica-se a lei nacional.
- Paridade é regra geral, mas há exceções a este princípio. Artg.112º, nº2 define que as
leis gozam de supremacia a um decreto-lei.
- Artg.112, nº3 – leis de valor reforçado.
- Lei de autorização legislativa – artg.112º, nº2 – cabe dentro do 111º onde se permite a
delegação de funções. Neste caso a A.R. pode autorizar o governo a legislar. Tem que ser
pedido pelo governo, e é preciso uma lei de autorização legislativa. Sempre que essa
autorização existir, o decreto-lei está subordinado à lei de autorização.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

- Lei de Bases e Decretos-Lei de Desenvolvimento. Leis de Base ou Leis Quadro, são


leis que definem um conjunto de princípios gerais, sendo depois completadas por outros
diplomas. Sendo esta uma forma da A.R. limitar a ação do governo.

Categorias de Lei de Valor Reforçado – artg.112º, nº3


- Lei orgânica – não tem necessariamente que ser relacionada com os órgãos – tipos
artg.166º, nº2.
- São leis que carecem de uma maioria absoluta para a sua aprovação (é nesta maioria
que se encontra o caráter reforçado) – artg.168º. Para Jorge Miranda, estas leis apenas
se distinguem das outras por terem um processo de fiscalização preventiva.
- É impedida de ser revogada por qualquer outra. Só pode ser alterada por outra lei
orgânica.

Leis que são o pressuposto normativo de outras leis.


-Casos em que as leis necessitam de aprovação de uma lei prévia (é uma exceção visto
que o pressuposto comum é a constituição).
Assim: uma Lei do Orçamento é subordinada a uma Lei de Enquadramento

- Têm também valor reforçado as leis que fazem cumprir outras leis.

Estrutura das Leis – respeito pelo procedimento legislativo


- Iniciativa
- Apreciação
- Decisão
- Controlo
- Integração de Eficácia

Iniciativa
- Consiste na apresentação de um projeto na A.R. para aprovação de uma lei.
- Quem pode apresentar – artg.167º - A.R., Governo, A. Regionais, Cidadãos – sob vários
requisitos impostos pelo 167º.
- A iniciativa dos deputados, grupos parlamentares e cidadãos é uma iniciativa interna –
projeto de lei, a do governos e respetivas assembleias regionais é uma iniciativa externa
– proposta de lei.
- No caso da A.R, é preciso ter em conta o Regimento. Há dois tipos de procedimento
definidos pelo regimento, o comum e o especial, admitindo-se ainda um processo de
urgência (170ºCRP + Reg.).
No caso dos cidadãos, a lei de iniciativa deles (nº de assinaturas necessárias para
apresentar uma proposta são 35.000 – artg.6º iniciativa dos cidadãos).

Apreciação ou Consulta
- É de seguida apresentado à comissão parlamentar especializada (168º, nº1 CRP +
artig.143º do regimento), (que são atualmente 14) para apreciação. A A.R. é obrigada a
ouvir entidades externas (ex: legislação sobre trabalho, tem que ouvir os sindicatos), mas
apesar disso estas apenas dão um parecer.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Deliberação e votação
- Tem 3 passos – artg.168º, nº2
-Debate na Generalidade – faz-se uma votação na generalidade. Se for aprovado,
desce à especialidade, se for rejeitado morre o projeto.
-Debate na Especialidade – pode ser alterado o conteúdo e depois é feita uma
votação na especialidade.
-Votação Final Global – projeto volta a subir ao plenário e faz-se uma votação
final, aprovando ou não.

- A data de lei é a data da votação final global.


- É necessário para a Lei ser aprovada, o respeito pelo quórum e ter mais votos a favor do
que contra (com exceção nos casos previstos pela constituição, em que se impõe outro
tipo de maioria).

Promulgação ou Controlo – artg-134º, b) e artg.137º


- A nossa constituição não obriga o P.R. a promulgar, pelo menos à primeira – artg.136º.
- Todas as Leis passam pela aprovação do P.R.
- P.R. tem direito de veto – artg.136º. Montesquieu chama-lhe uma faculté d’empecher,
por oposição à faculté de statuer. Ou seja, não é uma sanção, mas um ato de fiscalização.
- O veto pode ser: veto jurídico, podendo pedir uma fiscalização ao T.C. – artg.134º, g)
+136º, nº5 + 278º - ou pode ser veto político – 136º, nº1.
- Alguns atos do P.R. carecem de referenda ministerial nos termos do artig.140º, nº1

Integração de Eficácia
- Está presente no Artg.119º nos atos que necessitam de publicação no Diário da
República.
-Este processo é necessário para o conhecimento dos cidadãos. Os atos publicados entram
em vigor no dia seguinte à sua publicação. Quando não referido o período é de 5 dias de
vacacio legis.
- P.R. pode vetar atos, bastando para isso que não concorde com eles. A única coisa que
necessita é a fundamentação dos motivos.
- O veto das leis pelo P.R. é meramente suspensivo. A constituição exige uma maioria
superior àquela que aprovou o diploma pela primeira vez, para que o ato seja re-aprovado
– artg.136º, nº2 e 3.
- P.R. pode enviar as leis ao T.C. caso suspeite da inconstitucionalidade – artg.287º.
-Se for declarada a inconstitucionalidade, o P.R. tem o dever de vetar e já não necessita
de fundamentação.

Apreciação Parlamentar dos Decretos-Lei


- É um mecanismo de controlo da A.R.
- Reservas de competência legislativa da A.R. Há vários órgãos que legislam, mas há
reservas – 164º e 165º da CRP – considerou-se que algumas matérias são apenas de
competência da A.R.
- Nas outras matérias há um controlo sobre a atividade legislativa do governo e das
regiões autónomas.
- Artg.169º - os decretos-lei, se não forem aprovados no âmbito da competência exclusiva
do governo, podem ser submetidos à A.R. ou para efeitos de cessação de vigência ou de
alteração. Apenas nas competências concorrentes.

21
DIREITO CONSTITUCIONAL

- Este instrumento vem da monarquia constitucional, onde os governos faziam decretos


com força de lei, sendo depois confirmados pelas cortes, às vezes, até retroativamente –
chamada de ratificação legislativa.
- Na atual constituição mantem-se o sistema dos decretos-lei, já institucionalizado na
Constituição de 1933, consagrando-se o mesmo sistema da reforma da Constituição de
1933, em 1945. Governo pode legislar e A.R. tem poder para confirmar ou não o decreto.
- Este é um controlo político.
- Podem ser apreciados os decretos-lei do governo e os decretos com autorização
legislativa.
- O pedido é feito por iniciativa de 10 deputados, no prazo de 30 dias após a publicação
– artg.169º, nº1 CRP
- Pode ser para cessar a vigência ou fazer alterações
- Artg.169º, nº6 dá prioridade à apreciação dos decretos face às demais leis em apreciação.
- Artg. 169º, nº4 – se a cessação da vigência for aprovada, o diploma deixa de estar em
vigor desde o dia da aprovação e não pode voltar a ser publicado na mesma sessão
legislativa. Entenda-se, sobre aquela matéria.
- Artg.227º, nº4, define que o mesmo sistema de controlo do 169º, permite à A.R. também
fazê-lo relativamente às Regiões Autónomas, relativamente às matérias do 227º, nº1 b) e
c).

Atividade Política do Estado


- Atividade de definição do interesse público, sempre que isso crie regras de direito – ex:
apreciação do programa de governo, moções de censura.
- Referendo Nacional – é um ato de participação política importante – artg.115º CRP.
- É uma forma de Democracia Participativa onde os cidadãos ocasionalmente participam.
- Em ciência política diferencia-se o referendo de plebiscito. O primeiro é uma consulta
popular para os cidadãos participarem, o segundo é uma forma que os governantes têm
para legitimar os seus atos.
- É na revisão de 1982 que se consagra um referendo local sendo apenas o referendo
nacional consagrado na Revisão de 1989. Só em 2004 é que foi aceite o Referendo nas
Regiões Autónomas.
- Artg.115º, nº1 – aprovado pelo P.R. sob proposta da A.R. ou do Governo.
- Artg.115, nº2 – proposta pode ainda ser feita por pedido dos cidadãos à A.R.
- A.R. está apenas obrigada a debater, não a pedir o referendo.
- Artg.115, nº4 - excluem-se algumas matérias do referendo.

- Regimentos – são os diplomas que estabelecem as normas de funcionamento interno


dos órgãos colegiais.
- Aplica-se supletivamente o regimento da A.R. às assembleias que não o tenham.
- Regimento não é uma lei, pois não cabe na tipificação do 116º CRP. Também não é um
regulamento porque no artg.111º CRP define-se que o regulamento precisa de ser
suportado por lei. A natureza do regimento é então um “ato normativo atípico” (definição
de Gomes Canotilho, que o prof. Concorda).
- É fundamentado num poder de auto-organização dos órgãos colegiais.
- Artg.175º a) determina que cabe à A.R. elaborar o seu próprio regimento.

-Resoluções – artg.166º, nº5 – determina que revestem esta forma os atos que não cabem
nos números anteriores, quanto aos atos da A.R. e do Governo.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Acompanhamento Parlamentar da Atividade do Governo


-No âmbito do processo de construção europeia.
- Onde cabe também o controlo dos decretos-lei – artg.169º CRP
-Âmbito europeu coloca-se na revisão de 1989. Na revisão de 1997 no artg.161º, n) que
a A.R. se podia pronunciar sobre matérias no âmbito da EU que estejam no que confere
à sua competência reservada.
- Artg.163º f) no âmbito das competências quanto a outros órgãos, acompanhar a
participação de Portugal na construção europeia.
- Artg.197º i) Governo tem obrigação de apresentar em tempo útil à A.R. informação
referente ao processo de construção europeia.
- Artg.161º, n) pronunciar-se nos termos da lei. Lei sobre acompanhamento e apreciação
(está no moodle).

Fiscalização da Constitucionalidade
-Constituição permite a apreciação das leis depois da entrada em vigor
- P.R. tem o poder de fazer uma fiscalização preventiva. Inspiração na constituição
Francesa, tem fins preventivos, mas não há fiscalização sucessiva.
- Em Portugal pode haver fiscalização sucessiva – artg.134º h), pelo P.R. ou por outros
titulares de cargos públicos – 281º, nº2 – artigo define quem pode pedir essa fiscalização
sucessiva.
- As leis podem ser impugnadas depois de estarem em vigor, perante o T.C.
- Essa inconstitucionalidade pode ter força obrigatória geral, fazendo cessar a vigência
das normas por força da decisão de inconstitucionalidade – artg.282º, nº1
- Essa inconstitucionalidade pode ser: Sucessiva e abstrata. Sucessiva – depois da entrada
em vigor; Abstrata – força obrigatória geral.
- Artg.204º - permite a fiscalização sucessiva por todos os tribunais, mas não tem força
geral. É apenas no caso concreto. Pode ser feito por qualquer tribunal. É o poder e o dever
de não aplicar a norma no caso concreto.

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