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- Jorge Miranda- direito constitucional e teoria da constituição
Editora: livraria almedina
AULA TEÓRICA
Direito constitucional tem por objeto o estado e a sua teoria geral; os fins e as suas
funções, etc.
20 de fevereiro
Revolução francesa foi um marco para o constitucionalismo;
Revolução francesa baseia se em pressupostos políticos opostos aos de “antigamente”,
que o poder político devia ser centralizado nos cidadãos e não no rei, ou seja, devia se
acabar com o absolutismo. Devia haver, portanto, liberalismo.
21 de fevereiro
Constitucionalismo – é uma ideologia de pendor valorativo.
Enquanto teoria defende a limitação do poder da autoridade, para evitar o excesso de
poder para garantir os direitos dos cidadãos/governados.
Esta teoria não se encontra desprovida de valores.
O constitucionalismo não é aceite em todos os países, podem ter uma constituição,
mas sem constitucionalismo.
3 de março – ot
Pontos:
1. A separação de poderes;
2. Todos os homens devem ser criados de igual maneira e ser portadores dos
mesmos direitos, entre eles a vida, a liberdade e a procura da felicidade;
3. Os governos são instituídos, com consentimento dos governados, como forma
de garantir que esses direitos são respeitos; tendo o povo também o direito de
se opor ao governo caso este tenha como objetivo a destruição de alguns
poderes do povo; cabe também ao povo instituir um novo governo caso, o
governo tenha sido mandado a baixo e organizar e separar os poderes de
maneira que a segurança e a felicidade sejam garantidas;
4. Esta nova forma de governar, permite que não haja despotismo absoluto;
5. Reunindo se estas condições, chega se à conclusão de que estes estados têm
vivido numa grande infelicidade, onde sofrem de tirania absoluta vinda do rei
da grã- bretanha; provas de tirania vinda do rei:
a. Recusou leis benéficas e necessárias para um bem coletivo;
b. Proibiu a promulgação de leis urgentes, estas só eram permitidas caso o
rei consenti se;
c. Recusou promulgar leis para o benefício do povo e só as promulgaria se
o povo abandonasse alguns dos seus direitos;
d. (...)
e.
TEÓRICA
Constituição rígida: aquela cujo processo de revisão é mais exigente que o procedimento das
demais leis ordinárias, por exemplo a Constituição da República Portuguesa é rígida devido ao
facto de ser necessário dois terços dos deputados, em efetividade de funções, para a revisão
ser aceite.
- Fontes formais de direito: modo como se cria, modifica ou estingue uma norma
jurídica;
Mas por detrás de qualquer norma jurídica esta uma fonte de direito formal, ou seja,
um acontecimento da vida em sociedade que exige a sua regulação por exemplo:
existe a norma da proibição do homicídio pois este já aconteceu.
Se há normas jurídicas é porque a realidade da vida em sociedade exige a sua
existência, e as normas jurídicas existem para regular a sociedade.
Algo de mal se passará quando a constituição diz uma coisa e a realidade jurídica e
política decorre de forma não compatível ou até em desrespeito com o texto
constitucional.
PODER CONSTITUINTE
1. O poder constituinte é anterior à constituição e é originário;
2. é o direito que qualquer povo tem de definir as orientações da sua vida
coletiva;
3. poder que um estado tem para definir o que quer para o seu futuro. Mas não é
se quer um jardim ali ou uma praça acolá, mas sim, se quer um estado unitário
ou simples, o governo parlamentar ou presidencial, etc.; O poder constituinte é
o poder mais solene de soberania;
4. “O poder constituinte é para o estado, o big bang para o universo”, ou seja, o
povo tem o direito de chamar o exercício do poder constituinte e voltar a
refazer a constituição tal como o big bang também a qualquer momento pode
refazer se;
Em Portugal também já “tivemos o big bang” com as várias constituições que tivemos
(Suplica da constituição de 1808, 1822, 1826, 1838, 1911, 1933 e 1976)
O povo tem soberania, por exemplo num condomínio todos tem a sua fração do
condomínio, ou seja, cada andar é de uma pessoa, mas o resto não é de ninguém e por
isso há uma assembleia de condóminos e todos nós temos uma percentagem de votos.
O poder político reside no povo
5 de março
- Poderes constituídos são posteriores à constituição; estes poderes não são iniciais
porque não dependem de si próprios
- Poder constituinte originário: estabelece tudo, por exemplo estabelece quando é que
o poder constituinte derivado pode atuar;
- Poder constituinte derivado: está normalmente orientado por resgras constantes da
própria constituição;
NOTAS DA AULA:
VER ARTIGO 286º nº1
ARTIGO 65º Nº6
10 de março
17 de março
26 de março
Distinção ente normas exequíveis e não exequíveis por si mesmas reside apenas em
saber se a norma constitucional precisa, ou não de ser desenvolvida pelo legislador,
pela assembleia da república.
Se não precisa de ser desenvolvida é exequível por si mesma, se precisa é não
exequível por si mesma. Só podemos falar de ambas estas normas quando falamos em
normas preceptivas, pois às normas programáticas não pode ser aplicada esta
distinção.
1. Normas exequíveis por si mesmas – não precisam de qualquer intervenção
posterior do legislador; os objetivos que estas visam atingir podem ser
atingidos apenas com essa norma, sem que o legislador tenha que fazer o que
quer que seja para criar condições jurídicas para a plena eficácia dessa norma;
norma autossuficiente, se esgota em si mesma, ou seja, ela por si está em
condições de produzir todos os efeitos que quer. Não precisa de lei que a
complemente. – ex. º art.º 24 (proíbe a pena de morte ou a inviolabilidade da
vida humana em qualquer circunstância)- não precisam do legislador para
nada;
2. Normas não exequíveis por si mesmas – norma que fica dependente/suspensa
(sujeita a uma condição) para produzir os seus efeitos, de uma posterior
intervenção do legislador, neste caso da assembleia da república. Precisa de
uma lei da assembleia da república que a complemente. – ex. º art.º 52, n. º3
(aqui o que o legislador constituinte quis clarificar aqui foi todos têm
individualmente ou coletivamente o direito à ação popular, mas esse direito só
pode ser exercido nas condições em que a lei estabelecer, ou seja, é necessária
uma intervenção posterior do legislador). Art.º 77, n.º 1 (os professores e os
alunos devem participar na forma de como as escolas são geridas, estar
presentes no concelho diretivo, mas isso vai se fazer nos termos que o
legislador vier a concretizar). Art.º 167 (aqui o legislador quis deixar claro que
achou importante que todos os cidadãos possam apresentar à assembleia da
republica propostas para que ela legisle ou propostas para realizar um
referendo, mas não é o legislador constituinte que vai determinar em que
termos e que as propostas são apresentadas e de seguida apreciadas, quantas
pessoas têm que as apresentar, etc. O legislador apenas deixou o princípio de
que os cidadãos devem poder apresentar, mas o resto vai ser decidido “nos
termos e condições estabelecidos na lei”. a norma quase que fica “congelada”
nos seus efeitos, a norma constitucional não se basta a si mesma, ela não é
autossuficiente por si própria, ela não produz todos os efeitos a que se destina
sem intervenção do legislador- precisam do legislador para tudo;
Isto coloca um problema que é o seguinte: se uma norma é exequível por si mesmo
ponto final paragrafo, eu posso invocar um direito que a constituição atribui e assunto
resolvido. Mas admitindo que eu quero apresentar uma proposta de referendo e não
há lei, de facto o que acontece e que eu estou impedido de exercer esse direito e
estou impedido porque há uma omissão do legislador. O legislador não cumpriu a
ordem constitucional porque a constituição diz ao legislador “legisla para regulares o
exercício deste direito” e o legislador não faz nada. Como é que se resolve isto?
Nós temos a ideia de que inconstitucionalidade é fazer alguma coisa que a constituição
proíbe.
Há vários tipos de inconstitucionalidade:
1. inconstitucionalidade por ação (fazer algo que a constituição proíbe) – fazer
alguma coisa que a constituição proíbe, por exemplo, a assembleia da republica
faz uma lei inconstitucional e isso significa que a constituição proíbe que se
viole a norma x, e a AR aprovou uma lei que viola essa norma. Chama se a isto
inconstitucionalidade por ação, que é a mais comum– artigo 277º, n.º 1;
2. inconstitucionalidade por omissão (não fazer algo que a constituição impõe que
eu faça) – art.º 283.
O nosso legislador constituinte consciente de que ele próprio tinha criado várias
normas não exequíveis por si mesmas, impõe uma solução que permite ao tribunal
constitucional verificar se o legislador ordinário está ou não passivamente a atuar,
isto é, se esta cumprindo a obrigação constitucional legislando, ou se pelo
contrário não legislou violando essa obrigação constitucional.
A instabilidade vivida no país era cada vez maior, pois o país continua sem rei, D. Pedro
IV estava a milhares de km de distância e a influencia inglesa era ainda muito sentida
em Portugal. Perante esta situação o próprio rei nomeia o irmão como governador de
Portugal (D. Miguel) com poderes plenos como se fosse o monarca (ou seja. D. Miguel
governava em nome de D. Pedro IV) pois D. Maria da Glória era ainda uma criança.
D. Miguel estava exilado em Viena de Áustria e volta para Portugal, no início de 1828,
para cumprir o que tinha acordado com o seu irmão, e surpreendentemente, fá-lo de
boa fé. Mas logo que chega a Portugal, é de tal maneira aclamado pelo povo que
estava órfão que muda rapidamente (em 1 mês e pouco) as suas intenções, quebrando
o acordo que tinha com o seu irmão. Dissolve as câmaras, o parlamento e põem fim a
carta constitucional de 1826. É aclamado rei de Portugal, como D. Miguel I, em meados
de 1828 acabando assim a primeira vigência da carta constitucional de 1826 até 1828.
A partir de 1828, regressamos pela segunda vez ao absolutismo, que vai ser mais
duradouro que o primeiro, este que foi de 1823-26 e este segundo vai ser de 1826-34.
De 1826 a 1834 dá se também a guerra civil, entre liberais e absolutistas, que traduz a
contestação dos liberais à chamada ao poder como um monarca, de D. Miguel I.
Na primeira fase do reinado de D. Miguel I, as situações favorecem muito os
absolutistas e o rei que era D. Miguel I, pois D. Pedro IV estava no Brasil e a grande
parte da nobreza portuguesa que se podia opor, os liberais, fugiu.
A partir de 1831, as coisas mudam fundamentalmente, pois D. Pedro IV abdica da
coroa do Brasil e foge, pois, foi de tal forma contestado sobre a forma abusiva como
governava o país sendo imperador que não teve outra solução. D. Pedro IV foge para
os Açores e assume a regência de Portugal em nome da filha, passando assim os
liberais a ter um chefe, e não só, tinham um chefe que era o monarca.
Assim, a sorte da guerra civil começa a mudar a partir de meados de 1832, quando D.
Pedro IV reorganiza nos Açores as tropas liberais e alguns meses depois, em meados
de 1832, consegue tomar o Porto.
A guerra civil acaba em maio de 1834 com a assinatura da convenção Évora Monte,
onde os absolutistas, D. Miguel assume a derrota e parte para o exílio, juntamente
com a nobreza que o seguia dando se a reentrada em vigor da carta constitucional com
a vitória dos liberais liderados por D. Pedro IV, que irá vigorar até 1836.
D. Pedro IV morre em Setembro de 1836, deixando a sua filha ainda nova com uma
posição muito pouco sedimentada originando novamente uma fase de grande agitação
política. Passamos agora a ter um conflito dentro dos liberais entre os cartistas e os
vintistas onde se discute, já não o facto de se deveríamos ter um estado constitucional
e uma constituição mas sim se devíamos ter uma constituição mais radical e mais
democrática, que favorecesse o povo e o parlamento (vintistas) ou se devíamos ter
uma constituição mais conservadora e favorecedora do monarca e da nobreza
(cartistas) defendendo assim a carta constitucional de 1826.
Num primeiro momento, os cartistas estão favorecidos pois a carta constitucional
revigorou a partir de 1834.
Num segundo momento, em setembro de 1836, dá se uma revolução popular (todas
as outras revoluções foram militares enquanto levadas a cabo por militares enquanto
esta foi levada a cabo pelo povo, que se revolta contra o estado de coisas a que tudo
tinha chegado) que vai dar origem a uma nova realidade política em Portugal, o
setembrismo. Esta revolta liderada pelo duque de Palmela com a vitória dos
setembristas, derruba o Governo e dá origem a consequências constitucionais porque
leva ao fim da segunda vigência da carta constitucional, que era tido como responsável
pelo estado a que o país tinha chegado, sendo reposta a constituição de 1822, pela 2.ª
vez. Esta revolução traduziu se numa vitória dos vintistas contra os cartistas.
2 de abril
A situação da 1.ª República vai se progressivamente agravando do ponto de vista da
instabilidade política, e também da instabilidade económica que levou o país a ter que
recorrer a empréstimos externos. Este quadro leva ao pensamento que era necessário
mudar tudo isto, criando assim uma predisposição para a adoção de um regime
ditatorial, temporário até que tudo voltasse à normalidade democrática. Isso acaba
por conduzir, a 28 de maio de 1926, a uma revolta militar que começa em Braga, mas
que acaba por se transformar numa verdadeira revolução que poem fim à 1.ª
República e, consequentemente, à constituição de 1911.
Este período histórico que se inicia a 28 de maio de 1926 só acaba a 25 de abril de
1974, novamente com uma revolução. Esta época que durou 48 anos está dividia em 2
fases: uma primeira fase que vai de 1926 a 1933e uma segunda fase que vai de 1933 a
1974.
A primeira fase é a chamada ditadura militar, porque tendo posto fim à constituição de
1911 e tendo sido dissolvido o parlamento, o país passou a ser governado pelo PDR
(Marechal Carmona) e pelo Governo (chefiado pelo primeiro-ministro, antes
presidente do concelho de ministros, sempre um militar), liderado por militares.
Portanto sem parlamento e sem constituição, ou seja, sem limites à sua governação, os
militares governavam como queriam, aprovado as leis que lhes parecessem mais
adequadas. É neste contexto histórico, que surge o Professor Oliveira Salazar, este que
tinha vindo a marcar posição na vida portuguesa pela sua contestação à 1.ª República
e à forma de como o país estava a ser governado, criticando em particular a
circunstância de esta não saber governar o país e de estar a agravar o país para uma
situação económica muito complicada. Essa fama acaba por levar ao convite que lhe é
formulado para este aceitar ser membro do governo, com a pasta das finanças. Há um
governo nomeado em 1928, chefiado por um militar, com Salazar como ministro das
finanças, confiando as posições e as ideias que este defendia. Este equilibrou as contas
e pôs o país a dar lucro, coisa que ninguém até então tinha conseguido fazer.
Esta progressiva afirmação do professor Salazar vai levar a que, em 1932, este venha a
ser chamado a funções de primeiro-ministro, cargo que exercer ininterruptamente até
1968. Salazar ao ser jurista, fazia lhe confusão um país não ter uma constituição e por
isso acelera os trabalhos, que já estavam a decorrer, mas lentamente, para a projeto
de uma constituição. Mas esse projeto colocava um problema, as constituições ou são
aprovadas diretamente pelo povo em referendo ou são aprovadas pelo parlamento
numa lógica de democracia representativa (como acontece na generalidade dos
países, inclusive em Portugal), pois inexistindo um parlamento sobrava apenas a
situação da sujeição do projeto de um texto constitucional ao voto popular. E é essa
opção que é tomada em 1933, o texto da proposta de constituição vai ser submetido a
um plebiscito (parecido a referendo). Nesse plebiscito realizado em maio de 1933, os
portugueses foram chamados a votar obrigatoriamente (colégio eleitoral era muito
pequeno = um milhão e meio de pessoas porque a grande maioria não tinha direito de
voto, a começar pelas mulheres). Fica decidido, na lei que aprova a realização do
plebiscito, que quem não vota, o seu voto é tomado como um voto tácito, ou seja,
conta como um voto favorável (lógica = quem cala, consente). Em abril a constituição
de 1933 foi assim aprovada, pela esmagadora maioria do eleitorado, pois grande parte
dos portugueses não foi votar.
Esta constituição é uma constituição estranha pois é a única, na história portuguesa,
que é diretamente aprovada pelo povo e, é simultaneamente
a única constituição que não estabelece em Portugal um regime liberal e democrático,
mas sim um regime ditatorial. Do ponto de vista do Governo a constituição estabelecia
uma regra pouco comum, pois Salazar ao ser totalmente antagónico à democracia, não
queria aceitar a lógica normal da mesma, em que há um Parlamento eleito e um
Governo que responde perante o Parlamento. Monta assim um sistema que consiste
em, numa primeira fase, o PDR é eleito pelo povo (vai ser eleito até às eleições de
1958) e este irá, nos termos constitucionais, nomear o primeiro-ministro, ou seja, o
Governo que responderá apenas perante o PDR.
Na teoria o PDR tinha, desta forma, um papel predominante na governação do país
sendo o primeiro-ministro subordinado a ele, mas, na prática não era isso que sucedia,
pois, quem dominou o sistema português até 1968 foi Salazar, primeiro-ministro na
altura.
Entre 1926 e 1974 houve 3 PDR´s – Marechal Carmona (que morreu durante o
exercício de funções, o Marechal Craveiro Lopes e o Almirante Américo Thomaz
(presidente à data do 25 de abril) – quando Marechal Carmona morre, o partido único
da altura (União Nacional), dominado por Salazar convida Craveiro Lopes para PDR,
que este aceita e é eleito. Acontece que ao logo do seu mandato Craveiro Lopes vai se
progressivamente afastando de Salazar chegando até a ensaiar a possibilidade de
golpes militares para afastar Salazar de funções. Então, em 1958, ao concluir o seu 1.º
mandato Salazar descontente com a sua forma de exercer afasta o das suas funções.
Esta situação demonstra que o poder está exclusivamente nas mãos do Professor
Oliveira Salazar. Durante a vigência da constituição de 1933 não houve no parlamento
um único deputado da oposição, pois todos os deputados eleitos para o parlamento
foram sempre eleitos nas listas do partido único do regime, União Nacional (mais tarde
com a substituição do Professor Marcello Caetano, Ação Nacional Popular).
Não é de estranhar que tenha surgido uma ditadura militar em Portugal na década de
30, pois foi precisamente nessa altura que surgiram as ditaduras na Europa porque o
mundo vivia (a Europa e os EUA em particular) momentos muito complicados a partir
da crise financeira de 1929. Esta crise devastadora começou nos EUA. Estes momentos
são os ideais para a demagogia e o populismo, pois as pessoas desesperadas acreditam
no que lhes prometem chegando a sacrificar a sua liberdade para obter o prometido. O
Estado Novo resiste, juntamente com a Espanha (Franquismo), até ao fim das
ditaduras, mas é confrontado a partir da década de 70 com uma enorme dificuldade =
início da guerra colonial que começa na Guiné-Bissau, em Angola e em Moçambique.
Isto significa que em primeiro lugar, um pais pequeno e pobre (o mais pobre da
Europa) vai ser chamado a um investimento enorme para manter uma guerra em três
frentes de combate ao mesmo tempo (e agora com os movimentos de libertação das
colónias com apoio militar, por exemplo, dos países comunistas), em segundo lugar, na
década de 50 as grandes e pequenas potências europeias começam a dar
progressivamente a independência às suas colónias. Esta mudança dos grandes países
e resistência portuguesa leva a um progressivo isolamento de Portugal, sobretudo ao
nível das Nações Unidas em que se começa a notar cada vez de uma forma mais
acentuada o isolamento internacional do país que a certa altura perde o apoio dos EUA
(durante a administração Kennedy). Acresce que o prolongamento da situação no
Ultramar começa a criar descontentamento dentro das forças armadas, e é esse
percurso que acaba por conduzir uns anos depois ao 25 de abril. Pelo meio, dá se ainda
um acontecimento de grandeza evidente, quando Salazar fica incapacitado devido a
um acidente vascular cerebral, trazendo ao sistema um enorme abalo, porque o
sistema era Salazar. O seu substituo vai ser o Professor Marcello Caetano, que
defendia uma progressiva abertura do regime, e é isso que se vai passar na primeira
fase do exercício das suas funções a que se deu o nome de Primavera Marcelista.
Marcello abriu um pouco o regime, havendo maior liberdade de expressão, libertou
presos políticos, autorizou o retorno de exilados políticos, amainou a intervenção da
PIDE (nesta altura, PVDE), e até incluiu, nas eleições de 1969 nas listas do partido
único, pessoas que não eram do regime – ex. º Francisco Sá Carneiro. Transmitindo
assim a ideia que estava aberto a fazer uma mudança do regime por dentro. Essa
primavera durou muito pouco tempo e a situação do país agrava se rapidamente.
A 25 de abril de 1974 dá se assim uma rutura, uma revolução militar que rapidamente
tem uma enorme adesão popular. Acaba assim a vigência da constituição de 1933, o
regime foi deposto, os seus responsáveis políticos foram presos/exilados e é preciso
construir um novo regime político. O MFA tem um programa político que assenta
projeto dos 3 D´s = Descolonizar, Democratizar e Desenvolver. A resposta aos três
grandes problemas que o país enfrentava.
Descolonizar – dar a independência às colónias, por fima guerra colonial e por fim ao
isolamento internacional a que Portugal estava sujeito;
Democratizar – por fim ao regime ditatorial e criar uma nova situação política em que
houvesse o livre exercício de manifestação, de reunião, liberdade de expressão, a
criação de partidos políticos e a realização de eleições livres;
Desenvolver – Portugal era o mais pobre e atrasado da Europa que levou a uma
massiva emigração, na década de 60, sobretudo para a Europa; desenvolver o país
acabando com a miséria, com o analfabetismo que afetava a maioria da população.
Tudo isto exige decisões políticas, e a primeira decisão foi dotar o país de uma nova
constituição. E é nesse plano que o MFA compromete se, no prazo de 1 ano, a realizar
eleições para a assembleia constituinte. Assembleia constituinte cuja função vai ser,
exclusivamente, de aprovar o novo texto constitucional. Eleições realizam se a 25 de
abril de 1975, com 90% do país a votar. A elaboração da constituição vai decorrer
desde este momento ate dia 2 de abril de 1976 quando é aprovado o novo texto
constitucional na assembleia constituinte determina a entrada em vigor no dia 23 de
abril do mesmo ano.
Esta constituição, no plano político, ao contrário do que estava planeado, os militares
não vão abdicar da sua presença na vida política. Havendo assim 5 órgãos de soberania
– Conselho da Revolução. Este órgão tinha poder executivo – governava as forças
armadas; poder legislativo – aprovava decretos de lei; jurisdicional - as vezes fazia de
tribunal constitucional. A existência de este concelho fazia com que Portugal não
pudesse entrar nas comunidades europeias porque para entrar tinha de ser um país
plenamente democrática. Esta constituição de 76 tem também uma agenda económica
mais parecida com um país do Leste (socialista) do que de um país que quer ter uma
democracia plena. Isto tudo resulta da grande agitação vivida e também de um
consenso que tem no meio o PS, que ganha as eleições em 75, que faz acordos à
esquerda e à direita. À direita com o PSD e o CDS define os termos da nossa
democracia política, os termos do nosso sistema de governo. E à esquerda com o
partido comunista acorda a parte relativa aos aspetos económicos. Isso explica a
constituição contraditória que diz, que queremos ter uma democracia plena, mas que,
ao mesmo tempo, temos militares no poder e o Estado a controlar os grandes setores
deixando muito pouco, no plano económico, para os privados. Não podendo desta
forma durar muito tempo. E esse tempo chega ao fim, quando o PS pede a adesão à
comunidade europeia, na qual só poderíamos entrar se normalizássemos tanto a nossa
vida política, extinguindo o Conselho da Revolução, como económica permitindo que a
economia portuguesa se desenvolvesse nos termos normais de uma economia aberta,
concorrencial e capitalista. Era uma constituição parcialmente nominal.
21 de abril
o que a nossa CRP determina é que lei e decreto de lei tem o mesmo valor, no ponto
de vista hierárquico estão nas mesmo posição. Podem se revogar mutuamente,
sabemos isto pq a afirmação e feita pela própria CRP (art.112º/3- as leis e decretos de
lei tem o mesmo valor). ESTAS LEIS ENCONTRAM SE NO MSM PATAR. Este princípio
não se aplica a todas as situações, é um princípio geral.
artigo 112º da CRP nº2 depois de afirmar o princípio da equiparação depois diz ALTO
LÁ: ISTO É SÓ UM PRINCIPIO GERAL PQ SO É VALIDO NO DOMINIO DA COMPETENCIA
CONCORRENCIAL.
Afinal lei e decreto de lei têm o mesmo valor?- 112º Nº2 da CRP- estabelece com
clareza, que se o decreto de lei existe pela autorização da lei, quer dizer que este está
subordinado à lei;
artigo 112º da CRP nº2 depois de afirmar o princípio da equiparação depois diz ALTO
LÁ: ISTO É SÓ UM PRINCÍPIO GERAL PQ SO É VALIDO NO DOMINIO DA COMPETENCIA
CONCORRENCIAL.
Lei de valor reforçado- leis que se impõem as outras leis- as leis ordinárias- artigo 112º
nº3- este artigo estabelece 4 categorias de leis que estão acima das leis ordinárias:
1. leis orgânicas;
2. leis que carecem de aprovação por maioria de 2/3;
3. leis que constituem pressuposto normativo necessário de outras leis;
4. leis que devam ser respeitadas por outras leis
o que as distingue é precisamente aquilo que esta dito na sua designação, há leis de
valor reforçado devido ao processo de aprovação mais exigente que as leis ordinárias.
Lei orgânica- não e uma expressão muito feliz, e podia se chamar quase lei chupa
chupa; esta lei deveria regular o que tem a ver com órgãos , mas em Portugal não tem
a ver com isso, a constituição chamou lhe orgânica, copiando a expressão de outras
ordens jurídicas e na sua esmagadora maioria são leis que dizem respeito a
determinadas matérias que a crp regulamenta, na matéria x são leis orgânicas,
basicamente são leis relevantes.
23 de abril
112º/3
Leis de valor reforçado (continuação)
LEIS ORGÂNICAS
só podem ser aprovadas pela AR;
são matérias da reserva absoluta da AR;(todas as matérias de lei orgânica
exigem reserva absoluta, mas nem todas as matérias de reserva absoluta
exigem que seja lei orgânica)
as leis orgânicas são leis de valor reforçado também pelo procedimento: têm
de ser aprovadas por maioria dos deputados em efetividade de funções;
estas leis têm um regime mais exigente em caso de veto do presidente da
república.
Portanto outra característica das leis orgânicas tem que ver com o seu regime
de fiscalização preventiva da constitucionalidade
1. leis orgânicas- leis que são constituídas por um conjunto de critérios, que a
CRP estipula. Estão reguladas em vários sítios, mas há uma norma
constitucional em específico que a estipula que é o artigo 166º/2- é este
artigo que diz desde logo onde é que podem existir leis orgânicas. As leis
orgânicas são sempre leis da assembleia da república, mas pela
circunstância de ser a Assembleia da república a regular esta lei, não
significa que seja o legislador a decidir quando é que pode ou não aprovar
as leis orgânicas, as leis orgânicas resultam da constituição, mas não
resultam da vontade do legislador. Se a CRP disser que a matéria x exige a
lei orgânica é só esta matéria e não outras.
Se a CRP diz que uma determinada matéria requer uma lei orgânica, ela só
pode requerer uma lei orgânica, portanto a assembleia da republica não
pode dizer “ok também sob esta matéria tem que haver leis orgânicas mas
eu vou só tratar aqui de um detalhe e portanto como é um detalhe não vale
a pena uma lei orgânica sobre esta questão- não e assim”.
Diz o artigo 166º/2 da CRP, remete nos para um artigo, dizendo que sempre
que eu tratar de uma matéria referente as alíneas a), b), c), d), e), f), h), j),
primeira parte da alínea l), alínea q) e t) do artigo 164º eu tenho de aprovar
uma lei orgânica, a isto acresce os termos do 166º/2 o facto de exigir
também uma lei orgânica criação de régios administrativas, as tais q não
existem porque o artigo 166º/2 depois de elencar um conjunto de alíneas
do artigo 164º fala ainda do artigo 255º. Ficamos desde logo a saber que as
leis orgânicas, para alem de serem leis que só podem ser aprovadas pela
assembleia da republica, são leis que incidem sempre sobre matéria da
reserva absoluta da Assembleia da republica porque somos remetidos para
o artigo 164º. Mas se olharmos para o artigo 164º e 166º concluímos que
em matéria de reserva absoluta há situações em que é preciso lei orgânica,
mas há outras em que não é exigida a lei orgânica, como é o exemplo da
alínea g) do artigo 164º;
2. as leis orgânicas são leis de valor reforçado também pelo procedimento,
tem uma maioria de aprovação mais exigente do que as leis ordinárias
(artigo 116º/3), portanto estas leis não se situam no princípio da maioria
absoluta ou relativa situa se, portanto, no patamar da maioria absoluta-
artigo 168º/5. Exemplo para compreender este artigo: imaginando que no
momento da votação estão presentes 150 deputados, 100 votaram a favor
e 50 votaram contra, a maioria absoluta de 150 é 76, ora aqui há maioria
absoluta, mas há maioria absoluta dos deputados que votaram, a CRP exige
maioria de 2/3 todos os deputados, independentemente da altura dos que
estavam presentes na altura da votação, o que significa portanto, que uma
lei orgânica carece de aprovação por maioria de 116 deputados, toda e
qualquer lei orgânica exige sempre para ser aprovada maioria absoluta dos
230 deputados que é 116 deputados.
O processo legislativo da assembleia da república é composto (artigo
168º/2) por 3 votações: votação na generalidade, votação na especialidade
e uma votação final global- ARTIGO 168º/5 IMPOE MAIORIA ABSOLUTA SO
NA VOTAÇÃO FINAL GLOBAL.
O presidente da república tem a capacidade de vetar uma lei, caso discorde
com ela. Quando isto acontece. Lei volta para a assembleia da republica, e
uma das hipóteses que esta tem é “comprar uma guerra com o presidente
da republica”- a assembleia quer a lei e por isso a aprovou a, o presidente
não a quer, por isso vetou a, a assembleia pode fazer um braço de ferro
com o presidente e querer forçar o presidente da republica a promulga a lei
que vetou e a AR pode fazer isto aprovando a lei outravez com uma
determinada maioria, maioria que será mais exigente que a maioria inicial,
ou seja , se uma lei inicialmente só exigia maioria simples, no caso do veto
do presidente, na reprovação da confirmação da lei, requer maioria
absoluta (maioria de 2/3)- artigo 136º/2. A maioria de 2/3 é exigida para a
confirmação de decretos que revistam a forma de lei orgânica (leis
ordinárias é maioria absoluta 116 votos e nas leis orgânicas é superior à
maioria absoluta, maioria de 2/3 dos deputados em efetividade de funções,
é necessário que estes 2/3 sejam pelo menos 117). Conclusão- estas leis
têm um regime mais exigente em caso de veto do presidente da república.
3. Fiscalização preventiva da constitucionalidade- o presidente da república,
uma das hipóteses que tem a seu dispor quando recebe um diploma para
promulgar é pedir ao tribunal constitucional se alguma das dúvidas de
constitucionalidade que ele tem se encontram fundamento ou não. O
presidente tem capacidade de veto, mas não tem capacidade para dizer se
uma lei é inconstitucional ou não e por isso se tem dúvidas pergunta ao
tribunal constitucional pois é a este que cabe decidir essas matérias
O único órgão a nível nacional que pode pedir a fiscalização preventiva
(fiscalização que é solicitada quando o presidente da república recebe o
diploma proveniente da assembleia da república), é o presidente da
república- artigo 278º/1. Esta regra só admite uma exceção que é no caso
das leis orgânicas- artigo 278º/4.
Portanto outra característica das leis orgânicas tem que ver com o seu
regime de fiscalização preventiva da constitucionalidade, enquanto que as
leis ordinárias só podem o seu objeto de fiscalização a pedido do presidente
da república, no caso das leis orgânicas, para alem do presidente da
república, poderá ainda pedir a fiscalização preventiva, o primeiro ministro
ou 1/5 dos 230 deputados da assembleia da república.
Resumindo:
Há quatro grandes características que distinguem as leis orgânicas:
1. a matéria sobre a qual elas incidem- artigo 166º/2 que remete para
várias alíneas do artigo 164º e para o artigo 255º;
2. segundo aspeto: maioria de aprovação necessariamente maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções, ou seja, 116
deputados de acordo com o 168º/5, mas apenas na última das votações
a que as leis estão sujeitas na assembleia da república, isto é, votação
final global;
3. terceira característica: exigência de uma maioria de confirmação maior
em caso de veto por parte do presidente da república, maioria de
confirmação de 2/3 de acordo com o artigo 136º/3;
4. quarta característica: única categoria de leis em que a fiscalização
preventiva ao tribunal constitucional pode ser requerida para alem do
presidente da república pelo primeiro ministro e por 1/5 dos 230
deputados – artigo 278º/4.
28 de abril
Segundas categorias de leis de valor reforçado pelo procedimento
São leis de reforçado, aquelas que sem as quais outas leis não podem existir.
Por exemplo as leis de autorização legislativa são o pressuposto normativo necessário
dos decretos de lei autorizados, não pode haver um decreto de lei autorizado se não
houver um decreto de lei autorizado.
Isto estabelece uma relação entre A e B, A é pressuposto normativo necessário de B se
a existência de B estiver associada à existência de A: eu não existo sem os meus pais,
mas os meus pais existem sem mim; não pode haver um decreto de lei autorizado sem
ter uma lei de autorização porque a CRP é clara.
NOVA MATÉRIA
30 de abril
167º/1- este artigo diz que a iniciativa de lei compete aos deputados, aos grupos
parlamentares e ao governo e ainda nos termos estabelecidos na lei , os grupos de
cidadãos eleitores- ficamos a saber com este artigo que há 5 entidades diferentes que
podem apresentar processos legislativos, 2 pertencem à Assembleia da república (são
os deputados individualmente considerados e os grupos de deputados (isto é os
deputados que pertencem aos mesmo partido))e as outras 3 são externas (o governo,
as assembleias legislativas das regiões autónomas e os grupos de cidadãos eleitores).
O elenco destas entidades pode causar alguma perplexidade e justifica um conjunto de
explicações:
1. QUESTÃO: Porque é que o governo pode legislar e fazer decretos de lei?
porque é que as regiões autónomas através das assembleias legislativas
podem legislar, podem fazer decretos legislativos regionais e ao mesmo
tempo lhes dá o direito de poderem desencadear um decreto legislativo na
assembleia da república? Porque é que elas podem fazer isto?
Porque como sabemos, há muitas questões em que só a assembleia da
república pode legislar. POR EXEMPLO: Se o governo precisar fazer alguma
mudança respetiva às forças armadas tem que pedir à assembleia da
república que aprove, pois este assunto é matéria de reserva absoluta da
assembleia da república- artigo 164º al.d)- por isso a única maneira, é fazer
uma iniciativa legislativa competente; e o mesmo se aplica às regiões
autónomas, pois há muitas matérias em que as regiões autónomas não
podem legislar e por isso se entenderem que é necessário aprovar uma lei a
única maneira de o fazer é solicitar à Assembleia da república que o faça
através de uma apresentação da iniciativa legislativa da assembleia da
republica.
2. FASE: (única que não vem prevista na CRP) Fase de apreciação (GC) ou
Fase Instrutória (JM) – fase de estudo e ponderação. Uma iniciativa
legislativa, ou a vontade que se tem de aprovar uma lei, tem consequências
do mais diverso nível, por isso é preciso ponderar muito bem esta iniciativa
para se poder ver todos os aspetos, todas as implicações que aprovar esta
lei vai ter e se valem a pena, mas esta fase não é uma fase eliminatória, é
mesmo apenas uma fase de estudo e deliberação;
Mas porque tanta discussão? Porque tem de ser porque legislar não é uma
coisa simples e pode ter consequências muito graves.
E o que é a na generalidade e na especialidade?
Discussão na generalidade- versa sobre (artigo 147º/1 da RAR) os
princípios e o sistema de cada projeto ou proposta de lei, ou seja,
quando se discute o que está em cima da mesa é dizer mos se
estamos ou não com as orientações fundamentais do diploma que a
iniciativa estabelece. Não vamos entrar na análise detalhada dos
artigos e alíneas, aqui o que interessa saber em termos gerais, se as
ideias que estão aqui subjacentes merecem a nossa concordância ou
não. Por exemplo: se discutirmos sobre uma floresta, quando eu
discuto o que vou discutir é sobre as características gerais da
floresta, a aparência global que ela tem, não vou olhar para cada
uma das diferentes arvores. Na generalidade é uma questão
meramente política; esta discussão na generalidade ocorre
obrigatoriamente no plenário da assembleia da república, sempre e
nem é possível ser de outra maneira
Discussão na especialidade- (artigo 152º/1 RAR) versa sobre cada
artigo, cada número e cada alínea da iniciativa. Nesta fase já se olha
para “cada árvore, cada galho e cada ramo”. Na especialidade é
uma questão também politica, mas também técnica, pois tem que
redigir os artigos de forma a que eles sejam mais adequados
possível e permitam alcançar tanto quanto isso é garantivel à
partida os resultados a que se destinam; esta discussão, por ser mais
complexa e técnica é feita nas comissões parlamentares, as vezes
pode ser exigida pela constituição que seja feita no plenário-artigo
168º/4-, mas na esmagadora maioria dos casos é feita nas
comissões parlamentares- artigo 168º/3
Aqui o RAR não podia ser mais diferente, pois no 147º/1 diz que a discussão
na generalidade versa sobre os princípios e o sistema de cada iniciativa, já o
152ª/1 versa sobre cada artigo.
Estando assim explicado o porque destas duas se complementarem.
Quando há discussões e votações na generalidade, em muito dos casos,
o tempo máximo que cada partido tem para intervir são 3 minutos, o
que significa que um debate na assembleia da republica não chega a ter
25 minutos, mesmo nos casos muito importantes, cada grupo
parlamentar quando há 3 minutos para todos mas quando há mais
tempo, depende da representatividade do partido , há um partido que
pode ter 9, outro tem 6 e outro tem 2 minutos e mesmo nestes casos,
falamos de menos de uma hora, para discutir na generalidade.8
5 de maio
continuação da aula anterior
4. FASE: A iniciativa legislativa após ser aprovada, passa a ser chamada de
decreto da assembleia da república, mas este decreto não é um ato
definitivo, é apenas a decisão da assembleia que depois será submetido ao
presidente. E o presidente após receber o decreto da assembleia da
república, tem três opções a fazer: vetar, aprovar ou requer uma
fiscalização preventiva. A partir do momento em que está nas mãos do
presidente da república, no palácio de belém, este processo sai pela
primeira vez da assembleia da república, pois até esta fase passou se
sempre na assembleia. Podendo assim dizer que o presidente da república
irá receber uma função de controlo. E este seu controlo, pode assumir dois
planos diferentes: controlo jurídico (prende se com a circunstância de o
presidente da republica ter duvidas quanto à compatibilidade com a
constituição do diploma e pedir ao tribunal constitucional que lhe tire essas
duvidas e chama se jurídico por isso, porque este não está a dizer se acha
bem ou mal o diploma, mas sim apenas a manifestar a suas duvidas-
fiscalização preventiva da constituição) ou o controlo politico que para está
fase é o que nos temos de centrar.
O controlo político traduz se na possibilidade de o controlo político praticar
dois atos- artigo 136º- promulgação e veto, o presidente da republica,
quando recebe um decreto da assembleia da república, fará uma leitura
politica, e a leitura politica levará a duas consequências, ou ele entende que
não há nada que impede a entrada deste diploma ou então entende pelo o
contrário que as consequências deste diploma são negativas. Se a leitura
for a primeira, então promulga o diploma;
Se pelo contrário, a sua leitura for a segunda, ele vetará o diploma; (por
esta razão diz se veto político, porque o que está em causa é uma leitura
política). Quando é votada, significa a sua inexistência jurídica.
7 de maio
continuação da aula anterior
12 de maio
último capítulo da nossa matéria- FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE
INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE
1. Inconstitucionalidade consequente- em termos muito simples, isto significa
que, admitindo que, existe um ato A e que ao abrigo do ato A, foi praticado um
ato B, a inconstitucionalidade do ato A tem como consequência a
inconstitucionalidade do ato B; admitindo, a existência de uma lei e ao abrigo
dessa lei foi aprovado um regulamento, se a lei é considerada inconstitucional,
o regulamento é consequentemente inconstitucional.
14 de maio
Problema da fiscalização da constitucionalidade
Um dos grandes temas que se discute em direito constitucional tem a ver com o
problema de saber devem atribuir se a competência para fiscalizar a
constitucionalidade, a um só órgão ou se pelo o contrário o modelo deve ser um
modelo atribuído a uma multiplicidade de órgãos a competência para fiscalizar.
E por haver estas duas teses, nós falamos em dois modelos de fiscalização:
1. Modelo de fiscalização concentrada- quando a competência para a fiscalização
constitucional está atribuída a apenas uma identidade. Chama se concentrada
por esta razão, porque o poder de decidir sobre se as normas são
inconstitucionais está todo ele concentrado numa única entidade; só um órgão
a poder deliberar
2. Modelo de fiscalização difusa- quando o poder de decidir a matéria de
inconstitucionalidade está distribuído por uma multiplicidade de entidades.
Chama se difusa porque o poder está difuso numa multiplicidade de entidade;
A fiscalização política é concentrada, quando se acha que deve ser um órgão político a
decidir não se vai multiplicar a competência.
A fiscalização jurisdicional é difusa porque pode ser decidido que “qualquer tribunal
pode fiscalizar sobre esta matéria”;
É provadamente assim, que se olharmos para a CRP, veremos que ela tem uma parte
final, a parte 4 da CRP que começa no artigo 277º e se chama mesmo garantia e
revisão da constituição e, tem um conjunto de artigos entre o artigo 277º e o 283º
dedicados à fiscalização da constitucionalidade.
Esta é matéria é regulada diretamente pela constituição e depois é também regulada,
digamos mais detalhadamente na lei do tribunal constitucional que por sua vez é
regulado pela lei do tribunal constitucional- lei 28/82.
A primeira questão que importa analisar, tem a ver com as características genéricas da
fiscalização da constitucionalidade em Portugal:
1. o âmbito do sistema- o âmbito do sistema tem a ver com o problema de saber
o que é que é controlado em Portugal. Em Portugal, nós temos um sistema que
é simultaneamente fiscalização da constitucionalidade e fiscalização da
legalidade.
quando falamos de fiscalização de constitucionalidade, falamos do controlo da
compatibilidade com a constituição e quando falamos de fiscalização da
legalidade, em direito constitucional, estamos a falar dna desconformidade
entre leis ordinárias e leis de valor reforçado, ou seja, em ambos os casos
estamos perante uma desconformidade, a diferença é que quando falamos da
fiscalização da constitucionalidade estamos a apreciar a compatibilidade ou não
com a constituição e quando falamos em fiscalização da legalidade, estamos
evidentemente a falar do controlo da compatibilidade de normas por violação
de uma lei de valor reforçado.
Se é verdade que em Portugal, o sistema foi sobretudo pensado e no inicio foi
em particular pensado na logica da fiscalização da constitucionalidade,
portanto verificar se há alguma desconformidade ou não entre a norma e a
constituição, a verdade é que ele também é em certas dimensões um sistema
de fiscalização da legalidade e não é preciso ir muito longe, basta olhar para a
constituição e para o titulo de alguns artigos, por exemplo o artigo 280º da CRP
tem por titulo a fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade; o
artigo 281º tem por titulo fiscalização abstrata da constitucionalidade e da
legalidade e, portanto, há certas situações em que o sistema português de
fiscalização abrange não apenas a analise da desconformidade com a
constituição portanto a fiscalização da constitucionalidade mas também a
desconformidade entre leis de valor reforçado e portanto fiscalização de
legalidade mas isto não significa que o sistema seja sempre dessa natureza, isto
é, que ele tenha sempre esta dupla dimensão, não por acaso que quando
olhamos para o artigo 278º que ele tenha por titulo fiscalização preventiva d
constitucionalidade, não é fiscalização preventiva da constitucionalidade e da
legalidade; quando olhamos pra o artigo 283º ele tem por designação
inconstitucionalidade por omissão não por designação inconstitucionalidade e
ilegalidade por omissão e, portanto, ficamos a saber que o sistema de controlo
em Portugal, a cargo desde logo o tribunal constitucional mas não
exclusivamente dele é sempre de fiscalização da constitucionalidade, serve
sempre para verificar incompatibilidade entre uma norma e a constituição, mas
em algumas das suas dimensões mais propriamente na fiscalização sucessiva,
seja ela abstrata ou concreta, o sistema é de fiscalização da
inconstitucionalidade mas também da legalidade; por exemplo, o artigo 280º/1
diz o seguinte “cabe de recurso para o tribunal constitucional as decisões dos
tribunais que recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento da sua
inconstitucionalidade” , mas o nº2, deste mesmo artigo, diz por exemplo que
cabe de recurso para o tribunal constitucional as decisões dos tribunais que
recusem a aplicação de norma constante de ato legislativo com fundamento na
sua ilegalidade por violação de lei de valor reforçado ou de decisões de
tribunais que recusem a aplicação de norma constante de diploma regional
com fundamento na sua ilegalidade por violação do estatuto da região
autónoma”; ou por exemplo o artigo 281º/1 al. a), diz que o tribunal
constitucional aprecia e declara, com força obrigatória e geral a
inconstitucionalidade de quaisquer normas” mas na al. b), c) e d) diz que “o
tribunal constitucional aprecia e declara com força obrigatória e geral a
ilegalidade de normas constantes de atos legislativos com fundamento em
violação de leis com valor reforçado, a ilegalidade de leis, a ilegalidade de
normas constantes de diploma regional, com fundamento em violação do
estatuto da região autónoma ou ilegalidade das normas constantes de diploma
emanado só órgãos de soberania com fundamento em violação dos direitos de
uma região consagrados no seu estatuto”, ou seja, se a fiscalização preventiva e
a fiscalização da inconstitucionalidade por omissão são apenas meios de
fiscalização da inconstitucionalidade, só se verifica se a norma é ou não
compatível com a constituição quando se trata da fiscalização sucessiva, seja
ela abstrata ou concreta, pode ser apreciada apenas a desconformidade com a
constituição, mas também a desconformidade com leis de valor reforçado.
Conclusão- o sistema português de fiscalização, sendo pensado para avaliar se
uma norma é ou não inconstitucional- fiscalização da inconstitucionalidade-
também é em certas dimensões, neste caso na fiscalização sucessiva, apenas,
simultaneamente uma fiscalização da constitucionalidade e da legalidade, não
apenas verificar se á uma desconformidade com a constituição, mas também
verificar se á, violação certas leis de valor reforçado.
26 de maio
fiscalização abstrata sucessiva
Se a norma vigorou X anos, não se vai apagar os efeitos que a norma produziu, por
exemplo, não se vai desenterrar e apagar os efeitos que a norma produziu há 100 anos
e por isso, a constituição tem várias soluções para modelar os efeitos devastadores, às
vezes, se calhar é preferível deixar em vigor uma norma inconstitucional do que deixar
apagar todos os efeitos que ela produziu as consequências negativas seriam de tal
ordem que se calhar é melhor deixar as coisas quietas como elas estão.
Clausulas de salvaguarda que a constituição tem:
1. A primeira cláusula vem afirmada logo no início do artigo 282º/2, que diz
“ficam ressalvados os casos julgados” e, portanto, a lógica é se há uma decisão
de um tribunal que já não admite recurso ordinário, que transitou em julgado e
que aplicou normas inconstitucionais, a regra geral é de que essa decisão não é
afetada. E, portanto, que os efeitos que já se produziam e que estão
consolidados na ordem jurídica porque a decisão judicial já não tem recurso,
não são afetados, ou seja, entre o fundamentalismo de apagar tudo e a
preocupação de não causar uma incerteza absoluta ou uma incerteza grande
na ordem jurídica, a constituição valorando os dois aspetos disse “não, a regra
geral é que os efeitos são para apagar, mas se há decisões judiciais
consolidadas que já não admitem recurso e que aplicaram essa norma o
assunto fica resolvido, eu não vou reabrir o processo para tomar uma nova
decisão com base na circunstancia da norma que eu apliquei ser
inconstitucional e, portanto, as decisões permanecem e os efeitos da norma
inconstitucional não são postos em causa- esta é uma regra geral, porque é
uma exceção para questões iguais ou similares previstas no 282º/3”
NOTAS:
*nojo em direito= período de luto;
*estabilidade constitucional deve ter no mínimo 5 anos artigo 284º/1 mas se ocorrer
um evento que se tem mesmo de rever a constituição pode se rever antes dos 5 anos,
como foi com o tratado de Maastricht em que ainda faltava uns anos para a revisão
constitucional mas que como para a moeda única ser aprovada era obrigatório haver
unanimidade dos países que também a queriam, houve uma revisão da constituição;
*a qualquer momento pode haver uma revisão de constituição se passarem os 5 anos
da anterior; qualquer deputado pode avançar com uma revisão constitucional;
* normas constitucionais- normas mais importantes de todas;
* RAR- regimento da assembleia da república
* se não há promulgação, não há lei – artigo 137º
*maioria simples ou relativa- basicamente para a lei (ordinária) ser aprovada só tem
que ter mais votos a favor do que contra, não há nenhuma maioria imposta
* no caso da relação entre o presidente e o governo, acontece uma coisa que não
ocorre, normalmente, entre o presidente e a assembleia da república. Muitas vezes o
presidente não veta diplomas do governo porque de uma forma discreta se
estabelecem contactos entre o gabinete do presidente e o governo, no sentido de ser
modificado o diploma para ir ao encontro da vontade do presidente, ou seja,
basicamente antes de enviarem o diploma ao presidente, falam antes e o presidente
diz os pontos negativos do diploma para na altura de enviarem o diploma e do
presidente o ver já não haver aspetos que o presidente discorde;
* decisão do tribunal constitucional= pronuncia; o tribunal pronuncia se;
* no caso da fiscalização abstrata sucessiva a decisão do tribunal constitucional é
chamada de declaração, o tribunal constitucional de duas uma, ou declara a
inconstitucionalidade ou não declara a inconstitucionalidade;
DÁ SE NOMES DIFERENTES PORQUE OS EFEITOS SÃO DIFERENTES PORQUE NO CASO
DA FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA ESTAMOS PERANTES DE NORMAS QUE AINDA NÃO
EXISTEM E NO CASO DA FISCALIZAÇÃO ABSTRATA SUCESSIVA ESTAMOS
CONFRONTADOS COM NORMAS QUE JÁ ESTÃO NA ORDEM JURÍDICA E QUE MUITAS
VEZES JÁ ESTÃO EM VIGOR.
*o tribunal nunca diz “esta norma é constitucional”, diz “esta norma é
inconstitucional ou não é inconstitucional”.
* expurgar- é uma intervenção cirúrgica, ou seja, a ar limita se a retirar as normas
inconstitucionais.