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§DIREITO CONSTITUCIONAL

LIVROS
- Jorge Miranda- direito constitucional e teoria da constituição
Editora: livraria almedina

Capítulo I- introdução à teoria da constituição

AULA TEÓRICA
Direito constitucional tem por objeto o estado e a sua teoria geral; os fins e as suas
funções, etc.

20 de fevereiro
Revolução francesa foi um marco para o constitucionalismo;
Revolução francesa baseia se em pressupostos políticos opostos aos de “antigamente”,
que o poder político devia ser centralizado nos cidadãos e não no rei, ou seja, devia se
acabar com o absolutismo. Devia haver, portanto, liberalismo.

Separação de poderes em Portugal significa que tem de haver mecanismos de


fiscalização e controlo

A constituição é um código constitucional.


Todos os países têm uma constituição até nas ditaduras.

21 de fevereiro
Constitucionalismo – é uma ideologia de pendor valorativo.
Enquanto teoria defende a limitação do poder da autoridade, para evitar o excesso de
poder para garantir os direitos dos cidadãos/governados.
Esta teoria não se encontra desprovida de valores.
O constitucionalismo não é aceite em todos os países, podem ter uma constituição,
mas sem constitucionalismo.

Capítulo I- introdução à teoria da constituição

A teoria da constituição: é a filosofia da constituição.


A dimensão de sociedade que encontramos na constituição trata se de um valor
material;
Apesar da constituição se tratar de um ramo público do direito iremos encontrar
assuntos sobre a família e etc., pois é importante esta falar sobre a família porque a
nossa constituição atribui se a todos, e os seus princípios da constituição passa tem de
passar por todos os ramos do direito ou seja, supondo que a constituição é o tronco da
arvore e os ramos são os outros tipos de direito, o tronco passa por todos os ramos,
não existem ramos sem tronco e por isso é que a constituição trata também de
assuntos familiares e etc. esta relação existe para haver reciprocidade de conteúdos e
não haverem regras ao calhas sem nada a ver umas com as outras.
Mas claro que os ramos do direito apesarem de terem de estar dentro das normas da
constituição, estes carecem de autonomia “para terem as suas flores e folhas”.

 Poder constituinte: poder originário, ou seja, deu origem à constituição, sem


este poder não existiria constituição Não foi algo que de repente surgiu do
nada, tem um enquadramento e discussões parlamentares. Ver o site do
parlamento.
 Constitucionalismo global

A ciência da constituição trata se uma ciência jurídica/ jurisprudência aplicada ao


direito. Trata se de jurisprudência na medida em que o tribunal constitucional também
foi importante para a história do constitucionalismo, este tribunal fiscaliza as normas
para proteger e garantir os limites do poder.

A experiência constitucional portuguesa (as várias constituições):


 Suplica da constituição de 1808
 1822
 1826
 1838
 1911
 1933
 1976
Fazer revisão da história para ter presente os movimentos do constitucionalismo e
ver também a ponto de vista internacional.
 Experiência inglesa 1215 e 1689
 Norte americana – 1787 e 1791
 Francesa – 1789

3 de março – ot

Declaração da independência dos estados unidos da américa

Pontos:
1. A separação de poderes;
2. Todos os homens devem ser criados de igual maneira e ser portadores dos
mesmos direitos, entre eles a vida, a liberdade e a procura da felicidade;
3. Os governos são instituídos, com consentimento dos governados, como forma
de garantir que esses direitos são respeitos; tendo o povo também o direito de
se opor ao governo caso este tenha como objetivo a destruição de alguns
poderes do povo; cabe também ao povo instituir um novo governo caso, o
governo tenha sido mandado a baixo e organizar e separar os poderes de
maneira que a segurança e a felicidade sejam garantidas;
4. Esta nova forma de governar, permite que não haja despotismo absoluto;
5. Reunindo se estas condições, chega se à conclusão de que estes estados têm
vivido numa grande infelicidade, onde sofrem de tirania absoluta vinda do rei
da grã- bretanha; provas de tirania vinda do rei:
a. Recusou leis benéficas e necessárias para um bem coletivo;
b. Proibiu a promulgação de leis urgentes, estas só eram permitidas caso o
rei consenti se;
c. Recusou promulgar leis para o benefício do povo e só as promulgaria se
o povo abandonasse alguns dos seus direitos;
d. (...)
e.

TEÓRICA

Constituição rígida: aquela cujo processo de revisão é mais exigente que o procedimento das
demais leis ordinárias, por exemplo a Constituição da República Portuguesa é rígida devido ao
facto de ser necessário dois terços dos deputados, em efetividade de funções, para a revisão
ser aceite.

Constituição flexível: aquelas cujo processo de revisão não difere do procedimento


legiferante das demais leis ordinárias;

Relação que se estabelece entre a constituição e a realidade, a questão é, nenhum de


nos ignora o facto de que o pior que pode acontecer a uma norma jurídica é, esta
existir e não ser aplicada e se ela não é aplicada, de duas uma: ou a norma está mal
feita e tem de ser mudada ou passa se de qualquer coisa de errado porque a ideia de
estado direito é que as normas jurídicas quando estão em vigor existem para ser
cumpridas;

- Fontes formais de direito: modo como se cria, modifica ou estingue uma norma
jurídica;
Mas por detrás de qualquer norma jurídica esta uma fonte de direito formal, ou seja,
um acontecimento da vida em sociedade que exige a sua regulação por exemplo:
existe a norma da proibição do homicídio pois este já aconteceu.
Se há normas jurídicas é porque a realidade da vida em sociedade exige a sua
existência, e as normas jurídicas existem para regular a sociedade.

Algo de mal se passará quando a constituição diz uma coisa e a realidade jurídica e
política decorre de forma não compatível ou até em desrespeito com o texto
constitucional.

Karl Loewenstein- constitucionalista alemão, mais conhecido do séc. XX


As diferentes classificações de constituições têm a ver com qual é a relação que se
estabelece entre a constituição e a realidade politica e jurídica, ou seja, tem a ver com
o problema de saber se a uma concordância entre as normas constitucionais e a
realidade politica e jurídica em que sociedade se regista.
A REALIDADE DEVE DECORRER DA MANEIRA QUE A CONSTITUIÇÃO ESTABELCE, CLARO
QUE A CONSTITUIÇÃO PODE ESTAR ERRADA E PARA ISSO DEVE SER MODIFICADA.

Diferentes classificações das constituições:


A classificação das constituições foi inventada por Karl Loewenstein; Loewenstein
distingue as constituições em 3:

1. Constituição normativa: (primeira e a melhor segundo o professor) esta


normativiza a realidade; a realidade ocorre como a constituição determina que
aconteça; esta é a constituição que ocorre nas democracias; é o que ocorre em
Portugal, quer a ordem jurídica portuguesa que a ordem politica, a forma como
é exercido está claramente de acordo com aquilo que a constituição
estabelece. Na constituição domina a realidade.
2. Constituições nominais: as constituições são num todo ou parcialmente um
nome. Em vez de a realidade ocorrer nos ermos em que a constituição
estabelece. As constituições são sobretudo um nome. Toda ela ou parcelas
significativas dela são postas em causa pelos termos e condições em que os
agentes jurídicos e políticos desenvolvem a sua atividade ao arrepio daquilo
que a constituição estabelece; de algum modo, foi aquilo que se passou em
1977, quando Portugal pediu a adesão à união europeia.
3. Constituições semânticas: é um conjunto de palavras sem utilidade; a
constituição em vez de ser um instrumento para limitar o poder do estado e
para incrementar os direitos dos cidadãos, é um instrumento para incrementar
o poder do estado e para oprimir os cidadãos, ou seja, é uma constituição que
se designa assim mas que desmente por completo no seu papel, na sua função,
tudo aquilo que uma constituição deve ser. E por isso esta constituição é uma
realidade que tem um valor puramente semântico, é um vocábulo como outro
qualquer, podia se chamar “leite com chocolate”, apesar de se chamar
constituição, o papel que esta desempenha não é rigorosamente nada aquilo
que deve ser o papel constitucional e por isso que acontece é que em vez de
ser a constituição a regular a realidade, a constituição apenas limita se a
cristalizar na determinada realidade que não tem nada a ver com o papel
limitativo e protetor que deve ser o da constituição. As constituições
semânticas são típicas dos estados totalitários.

PODER CONSTITUINTE
1. O poder constituinte é anterior à constituição e é originário;
2. é o direito que qualquer povo tem de definir as orientações da sua vida
coletiva;
3. poder que um estado tem para definir o que quer para o seu futuro. Mas não é
se quer um jardim ali ou uma praça acolá, mas sim, se quer um estado unitário
ou simples, o governo parlamentar ou presidencial, etc.; O poder constituinte é
o poder mais solene de soberania;
4. “O poder constituinte é para o estado, o big bang para o universo”, ou seja, o
povo tem o direito de chamar o exercício do poder constituinte e voltar a
refazer a constituição tal como o big bang também a qualquer momento pode
refazer se;
Em Portugal também já “tivemos o big bang” com as várias constituições que tivemos
(Suplica da constituição de 1808, 1822, 1826, 1838, 1911, 1933 e 1976)

Características deste poder:


1. Poder inicial: pois é este poder que formula a constituição; não tem nenhum
poder atrás de si, é um poder inato ao conceito de soberania, se há
constituição há poder constituinte;
2. Poder autónomo: relaciona se com o aspeto anterior, é o poder constituinte
que decide quando é que a constituição é elaborada. Por exemplo, a nossa
constituição já foi elaborada 7 vezes e é a própria constituição que diz quando é
que vai ser revista e etc.; recuando ao dia 2 de abril de 1976, foram os 216
deputados da assembleia que decidiram como é que a constituição ia ser
elaborada, aprovada e etc., ou seja, foi o poder constituinte originário que
decidiu as suas próprias circunstâncias sem ser condicionado por um outro
poder;
3. Poder omni potente, ou seja, é um poder que pode tudo, tem todo o poder,
isto significa que não há nenhuma regra que limite o seu poder, este poder
dizer aquilo que quer, apesar de ser discutível porque assim poderia fazer
mesmo tudo o que se quisesse por exemplo, se um legislador quisesse dizer
que os animais tinham mais direito que as pessoas, estaria errado e por isso
poderias discuti lo. O poder constituinte é mais livre que todos mas é um
bocado errado dizer que é omni potente porque apesar de ser autónomo,
inicial e poder decidir tudo, tem que ser proporcional nas coisas que diz.
Uma coisa é obvia, o mais poderoso de todos os poderes é o poder constituinte.

O povo tem soberania, por exemplo num condomínio todos tem a sua fração do
condomínio, ou seja, cada andar é de uma pessoa, mas o resto não é de ninguém e por
isso há uma assembleia de condóminos e todos nós temos uma percentagem de votos.
O poder político reside no povo

Quem detém o poder constituinte?


1. Reside no povo;

5 de março
- Poderes constituídos são posteriores à constituição; estes poderes não são iniciais
porque não dependem de si próprios

- Poder constituinte originário: estabelece tudo, por exemplo estabelece quando é que
o poder constituinte derivado pode atuar;
- Poder constituinte derivado: está normalmente orientado por resgras constantes da
própria constituição;

5 categorias de limites possíveis a revisão constitucional:


1. Limites orgânicos- isto é, limites que definem quais são os órgãos que tem
competência para rever a constituição, quem é que pode e tem competência
para rever e aprovar a constituição; o que importa é que estamos a responder
fundamentalmente a duas perguntas quem é que pode desenvolver o processo
da revisão da constituição e quem e que os pode aprovar; só os deputados têm
direito à revisão da constituição (nos termos do artigo 161º al. a) e 284º a
289º); mas o povo também poderia se manifestar através de um referendo,
apesar da constituição proíbe que isto aconteça pois este poder de rever a
constituição é exclusivo (art.º 115 nº4 al. a));
2. Limites formais– quais são os limites estabelecidos no processo de revisão
constitucional; de que modo é q a constituição determina a revisão
3. Limites temporais: por regra a lei não é retroativa para as pessoas saberem por
onde se seguir, o direito tem de ser estável, sendo este raciocínio valido, aplica
se também a constituição. É a existência ou a não existência da imutação da
constituição;
4. Limites circunstanciais- determinados acontecimentos (circunstâncias) cuja
ocorrência pode reproduzir a instabilidade da constituição. Há momentos que a
constituição não deve ser mudada. ESTABILIDADE, TRANQUILIDADE E
SEGURNAÇA JURIDICA deve ser o objetivo da constituição e só deve ser
alterada se não resultar nenhum destes objetivos.
5. Limites materiais- visam dizer que se houver uma revisão da constituição,
proíbem a revisão de certos pontos.

NOTAS DA AULA:
VER ARTIGO 286º nº1
ARTIGO 65º Nº6

10 de março

O que esta em causa nos limites matérias é o problema de saber se a soberania é


“congelável”;
Limites matérias implícitos têm sempre de haver, há questões que pela sua própria
natureza não são objeto de modificação por exemplo, imaginado que numa
constituição diz se que “o pais esta a venda”, isto não é legitimo, não pode acontecer,
ou seja, não é objeto de modificação, como também não posso retirar a personalidade
jurídica às pessoas, e mesmo que não estejam na constituição é obvio que isto não
pode acontecer. Não esta na explicito na constituição que não se pode retirar a
personalidade jurídica as pessoas e a isto chama se limites matérias implícitos.

Teses sobre os limites


1º tese: relevância absoluta dos limites – significa que é perfeitamente legitimo ao
poder constituinte originário estabelecer limites, como estes limites têm de ser
respeitados, em nenhuma circunstância estes limites não podem ser respeitados; o
que eu esta tese em dizer e que na pratica a dois tipos de poderes constituintes que é
o originário que tem o direito de fazer o que eu entender e o derivado q não partilha
das características fundamentais do originário; o derivado não é um verdadeiro poder
constituinte; no fundo devemos concluir que o poder constituinte originário e o
derivado não tem o mesmo ADN; (esta tese dá relevância máxima aos limites)
2º tese: da irrelevância dos limites- como o nome indica os limites existirem ao não e
mesma coisa, não e legítimo que o poder constituinte originário possa estabelecer
limites; o poder constituinte derivado tem de ter as mesmas funções que o poder
constituinte originário; (esta tese não quer saber dos limites para nada)
3º tese: (entre 40º e 44º) eficácia relativa dos limites (conhecida pela tese da dupla
revisão) - esta diz que nos olhamos para uma norma como o art 288, e sendo que é
uma norma constitucional, temos que a respeitar mas o art 288 e uma norma
constitucional como as outras tem de ser respeitada como as outras e por isso não
deixa de ser objeto de revisão como as outras e portanto o que pode acontecer o
seguinte: tenho o art 288 esta protegido e enquanto este art 288 disser que a forma do
governo não pode ser alterada eu não a posso alterar, mas se eu retirar a alínea que
diz isso eu já o posso fazer porque despereceu a proteção; Daí a expressão eficácia
relativa dos limites; Os limites podem ser eficazes enquanto existirem. Por exemplo,
isto é a mesma coisa se eu roubar um cofre porque eu primeiro tenho de arrombar a
porta do cofre e aqui e a mesma coisa se eu quero alterar o artigo tenho de alterar
uma alínea para “abrir um cofre”;
Nesta tese pode acontecer de duas maneiras:
1. Dupla revisão simultânea- Jorge Miranda defende que, tudo se pode fazer na
mesma revisão constitucional, altero a norma e altero tudo o que estava
protegido; esta parece não fazer muito sentido pois fazer tudo na mesma
revisão é o mesmo de dizer que os limites não servem para nada;
2. Dupla revisão Sucessiva- segundo o professor esta é a que faz mais sentido,
para haver modificação é preciso numa primeira revisão alterar a norma
relacionada com os limites, ou seja, alterar o art 288 e numa posterior revisão
mexer naquilo que antigamente estava proibido, ou seja, tenho de fazer duas
revisões; é evidente que esta faz sentido porque é a única que garante a
utilidade dos limites;

NOVO CAPÍTULO- PRINCIPIOS E NORMAS CONSTITUICIONAIS


A constituição é um conjunto de normas jurídicas, mas com consequências diretas
explicitas no seu texto;
 O direito é um todo coerente;
 Existe para alem das normas, algo de específico, algo permanente que permite
explicar o porque da norma jurídica, o porque das suas normas jurídicas;
 Por de trás de todas as normas jurídicas à um conjunto de características, de
princípios inspiradores que definem o que é que essa ordem é;
 Se a constituição e a mais importante também aqui tem de hacer valores
constitucionais q marcam os seus princípios;
 Há casos que nos inferimos certos princípios, mas em nenhum momento a
nossa CRP fala no princípio da proporcionalidade, mas nos chegamos a
conclusão de que a constituição consagra os princípios y, x e z;
 Se olharmos para a constituição esta atribui um valor especial aos princípios;
 Art 277º (circunstâncias da violação da CRP) - inconstitucionalidade pode
decorrer de: uma violação direta da constituição;
Princípios constitucionais (mais importantes) (nem todos os princípios podem ser
colocados no mesmo patamar, porque há princípios a ver com os humanos e outros
apenas a ver com o estado):
1. Princípio do estado de direito democrático- é aquele que merece uma
referência particular, segundo o professor; significa a composição de duas
coisas, por um lado o estado de direito e o princípio da democracia; estado
direito é um estado que respeita as normas jurídicas; artigo 2º da CRP; é um
principio muito complexo e divide se em dois: estado de direito e estado
democrático; quando falamos em coisas como a independência dos tribunais
estamos a afalar do estado de direito; quando falamos de estado de direito
estamos a falar dum estado que respeita as regras e que funciona de acordo
com a lei, respeita o DIREITO, o que é completamente diferente de um estado
de legalidade; a forma como o conteúdo do estado direito varia muito da
abordagem doutrinaria mas há 5 princípios que são importantes:
 principio da legalidade da administração- significa que quem exerce a
administração publica tem que o fazer no estrito respeito pela lei este
principio significa desde logo a sua subordinação à lei mas também
significa a sua prevalência de lei e reserva de lei- isto significa que
reserva de lei que há certas matérias eu estão fora da atividade da
administração, que só podem ser objeto de lei, por exemplo se
olharmos para a CRP para o artigo 64 e 65, estas matérias só podem ser
objeto de lei e de reserva da assembleia da republica, porque sobre
estas matérias a CRP impõe que só pode ser objeto do legislador;
prevalência de lei- significa que a lei prevalece sobre os atos da
administração, PRINCIPIO DO ESTADO DO DIREITO
 Principio da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos-
admitindo que o legislador na sequencia de compromisso que assumiu
fez uma legislação e se compromete durante x anos a não mexer nessa
legislação, e se alguma vez se mudasse o governo não se podia deitar
“ao lixo” os compromissos que assumiu só porque se mudou o
legislador ou se mudou de governo ou etc.; os cidadãos têm o direito a
confiar no que se passa; o estado é uma pessoa de bem e por isso tem
que assegurar que se pode confiar e por isso é que há a não
retroatividade da lei: a lei não pode estar sempre a mudar, se um
legislador lhe desse na cabeça estar sempre a mudar as leis não haveria
segurança nos cidadãos, e isso seria desconstruir as bases fundamentais
em que o estado se assenta; o exemplo do caso julgado, eu tenho de ter
a certeza que se o meu caso de há 10 anos esta encerrado.
 Principio da proibição do excesso ou principio da proporcionalidade: se
houver o estado de emergência, é admissível que a liberdade das
pessoas seja limitada, e isto é uma limitação que a CRP consagra, temos
o direito à liberdade de deslocação (art.44º/1 da CRP) mas se tiver que
haver estado de emergência poderá ser limitado este direito, portanto
isto significa que certos direitos dos cidadãos podem ser limitados mas
em justa medida, proporcionalmente. O estado pode expropriar o meu
terreno, se o interesse publico for maiores se me pagarem o montante
certo, a medida tomada tem de ser adequada ao objetivo que se quer
adquirir no artigo 18º/2 a lei só pode restringir direitos fundamentais
dos cidadãos se mantiver dentro do necessário outros direitos
coletivamente protegidos e se ela ultrapassar esses limites então esta a
violar o principio da proporcionalidade da CRP. Basicamente não
podemos exceder certos limites, eu só posso sacrificar alguma coisa se
essa coisa tiver valor igual ou superior, eu não posso matar uma formiga
com uma bomba, basta usar um dedo;
 Principio da proteção jurídica e das garantias processuais- proteção
jurídica significa que não basta que hajam normas que não permitam x
e y, mas têm de ser aplicadas, por exemplo do que basta termos um
direito se não condições efetivas para o fazer, os tribunais não basta
existirem e não podermos ir aos tribunais sempre que precisarmos; art
20º- diz que a todos e assegurado o acesso ao direito para defesa dos
seus direitos e serem protegidos; a justiça por exemplo não pode ser
negada por termos económicos, isto significa que todos temos direito a
ser acompanhados por um advogado; garantias processuais significa
que a realização da justiça e fundamental num estado de direito, a
realização da justiça permite certas medidas mas não permite que se
retire o direito dos cidadãos , por exemplo o artigo 28º da CRP, ninguém
pode estar detido por mais de 48 horas, e eu tenho a garantia
processual de que não vou estar 49 horas detido; quando falamos no
principio do estado direito, como já dissemos é muito complexo,
também podemos falar no princípio da constitucionalidade, que tudo
tem de estar de acordo com a constituição
 PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRATICO: tem como o nome indica a ver
com a democracia, e é consagrada pela constituição; num estado
democrático há 4 dimensões que tem de ser asseguradas:
a) Ideia da soberania popular
b) Ideia da representação política- povo exerce o poder por
representantes por si designados
c) Ideia do sufrágio- liberdade de escolher os nossos próprios
representantes
d) Mecanismos de referendo
e) Democracia participativa

17 de março

Direto constitucional é um direto como os outros, partilhando assim das mesmas


características de qualquer ramo do direito ou do direito no seu conjunto. Tem
assim um conjunto de normas próprias suas com características que às vezes são
um pouco distintas das outras e tem também princípios fundamentais.
Qualquer área da ordem jurídica assenta num conjunto de pilares fundamentais à
volta dos quais se constrói depois um conjunto de regras que são coerentes, isto é,
que decorrem desses princípios fundamentais.
Direito Constitucional evidentemente não foge a essa regra tendo também
princípios fundamentais, ou seja, este não se esgota em normas; tem um conjunto
de princípios fundamentais que estruturam aquilo que é o direito – ex. º princípio
da igualdade (tem uma força expansiva, ou seja, as normas que o legislador depois
aprova têm de respeitar esse principio da igualdade. Estes princípios não podem
ser violados nem postos em causa);
Os princípios definem as orientações gerais e depois as normas de cada ramo
direito, neste caso o direito constitucional, têm que ser coerentes com essas
opções fundamentais como também dar consistência em cada escolha que
façamos a esses princípios fundamentais.
Art.º 277, n.º1 CRP – (revela a importância prática que os princípios têm) –
estabelece que são inconstitucionais as normas que violem os preceitos da
constituição ou os princípios nela consagrados, ou seja, a inconstitucionalidade
pode vir diretamente da violação de um artigo (por exemplo: declaração do estado
de emergência – esta é feita com base em determinadas regras constitucionais, as
regras do art.º 19, portanto a declaração é declarada inconstitucional se violar o
art.º 19. Ou dos princípios constitucionais, ou seja, a declaração tem que respeitar
o princípio da proporcionalidade (as medidas que forem adotadas pelo Governo
vão ter que respeitar este princípio da proibição do excesso = não se pode
restringir os direitos dos cidadãos para lá de um certo limite justificado em função
do objetivo que queremos atingir), inserida no art.º 19, que não esta
expressamente previsto, mas que decorre de um conjunto de normas
constitucionais.
Há situações em que a lei não regula as matérias todas e, portanto, que uma
determinada situação pode não estar devidamente resolvida na lei. Nestes casos,
quando não há uma norma que resolva diretamente o problema que é colocado, o
código civil determina que o juiz deve tentar ir pela aplicação extensiva, pela
aplicação analógica. Quando nem essas opções derem uma resposta, o código civil
determina que o juiz criará a norma que o legislador teria criado se tivesse
ponderado a existência dessa situação. Para a criação desta nova norma, o juiz irá
recorrer à inspiração aos princípios gerias do direito, neste caso se tivermos no
direito administrativo à inspiração que obtêm dos princípios de direito
administrativo que lhe permitem dizer que se o legislador tivesse ponderado a
existência desta situação teria criado esta norma que o juiz agora criou e é esta
norma que eu vou fazer aplicar neste caso concreto.
Os princípios que a nossa constituição consagra são múltiplos (ex. º princípio da
separação de poderes, o princípio da constitucionalidade, o princípio da igualdade,
o princípio republicano, etc.) mas vale a pena sublinhar que sendo todos princípios
de direito constitucional e tendo princípios fundamentais do direito constitucional
e tendo que ser respeitados por essa circunstância nem todos os princípios se
destinam a proteger matérias de idêntica relevância – exemplo: há princípios
fundamentais de direito que têm que ver com a proteção de direitos fundamentais
dos cidadãos, de valores essenciais que a constituição consagra, por exemplo a
inviolabilidade da vida humana que a nossa constituição exprime ou a liberdade
religiosa são valores fundamentais dum estado de direito, são valores
fundamentais da nossa existência comum. Mas depois há vários princípios de
direito constitucional que têm que ver não com o estatuto de cada um de nós mas
com a forma de como a sociedade e o estado se organizam (sobretudo o estado) –
por exemplo: o princípio democrático, o principio da separação de poderes, o
principio da representação política, são todos princípios fundamentais, isto é, o
nosso sistema político tem que funcionar de acordo com o respeito por estas
orientações mas ainda que sejam princípios fundamentais e como tal têm que ser
respeitados têm que ser, do ponto dos conceitos, diferenciados dos outros não do
seu valor mas do seu conceito, têm que ser diferenciados daqueles que dizem
respeito aquilo que é o nosso estatuto pessoal, quer enquanto seres humanos quer
enquanto membros de uma determinada sociedade política organizada.
Nesse contexto, há um princípio complexo que pela sua importância se destaca de
todos os outros que é o:
 Princípio do estado do direito democrático – art.º 2 CRP – Neste artigo, são
apresentadas as bases onde assenta a república portuguesa como estado
de direito democrático – soberania popular, na organização política
democrática, no respeito e na garantia de efetivação de direitos liberdades
e garantias dos cidadãos, na separação de poderes, etc. – todos estes
conceitos são evidentemente complementares, porque não há estado
direito sem democracia e vice-versa, mas são coisas que no plano dos
conceitos se situam em planos distintos. Pois quando nos falamos na
soberania popular ou na organização política democrática estamo-nos a
referir à tal dimensão da forma como o estado se organiza e funciona como
a democracia é o elemento essencial da nossa organização política. Mas por
outro lado, quando falamos no respeito e na garantia de efetivação das
liberdades e garantias dos cidadãos já estamos a falar na outra dimensão,
isto é, na dimensão do estado de direito, num estado que se baseia no
respeito dos direitos dos cidadãos e mais do que isso, na criação de
condições para que os direitos fundamentais dos cidadãos possam na
prática ser efetivados. Ou seja, quando falamos neste princípio estamos a
falar na conjugação de dois outros princípios:
 O Princípio do Estado de Direito – (O estado em que o direito é respeitado –
o estado de legalidade em que a lei é respeitada. Na ditadura em Portugal
não eramos um estado de direito, pois a lei e a constituição admitiam (havia
a PIDE, que estava prevista na lei, com uma legislação própria). Então este
princípio do estado de direito, é muito mais do que o respeito pela lei, é o
respeito por um conjunto de princípios e valores fundamentais dentro dos
quais se destacam todos aqueles que têm que ver com os direitos
fundamentais dos cidadãos. É um estado que atua e que age de acordo com
o direito, respeitando princípios e valores fundamentais, criando condições
para que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam respeitados e
efetivamente cumpridos. Este princípio divide se posteriormente em
subprincípios que o concretizam (muitos vezes não estão previstos na
constituição mas que a doutrina, sobretudo os tribunais, e em particular o
tribunal constitucional têm concluído que decorrem do texto constitucional,
que a forma como o texto constitucional esta escrito permite retirar
conclusões de vários artigos e partir delas para a construção de um
conjunto de princípios essenciais:
 Princípio da legalidade da administração: é uma consequência logica da
natureza subordinada da função administrativa. A administração pública
tem um papel fundamental na satisfação das necessidades dos cidadãos,
mas o grau de liberdade do exercício da função administrativa é
significativamente condicionado porque tratando se de uma função
dependente ela está em condicionada em primeiro lugar, como todas
estão, pela constituição e em segundo lugar pelo um prévio exercício das
funções independentes com destaque natural para a função legislativa. A
expressão princípio da legalidade da administração dá nos desde logo uma
noção clara do que é
que estamos a falar, a administração tem que ser legal, ou seja, tem que
atuar de acordo com a lei. Na constituição o artigo 266.º, n.º 2 diz que os
órgãos e agentes administrativos estão submetidos à constituição e à lei,
que na sua atuação a administração pública está subordinada à lei e tem
que atuar de acordo com a mesma. Mas este princípio tem mais exigências,
que vão mais além. A doutrina diz que este princípio da legalidade da
administração tem duas consequências: a prevalência de lei (os atos
legislativos prevalecem sobre as intervenções da administração, pois a
administração tem na sua atuação que se limitar ao que esta estabelecido
na lei então isso significa que a lei tem valor superior aos atos da
administração. E, portanto, os atos da administração que forem violadores
da lei são necessariamente ilegais) e a reserva de lei (a administração
pública, para alem de só poder agir dentro do quadro que a lei lhe
estabelece só o pode fazer nas matérias que não tenham de ser objeto de
lei. Há situações -algumas delas previstas na constituição – certas matérias,
certos tipos de intervenções de criação de normas jurídicas que só podem
vir do legislador, por isso é que se chama reserva de lei, significa que em
certas situações a resolução de um problema está reservada à lei, só
podendo assim o legislador intervir nessas situações determinando através
da lei aquilo que entenda que deve ser determinado. Manifestação direta
na nossa constituição dessa situação, por exemplo a propósito das
competências legislativas da assembleia da república – art.º 164 e 165 – a
própria epigrafe de ambos os artigos diz reserva de lei.
 Princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos:
O Estado é uma entidade jurídica que precisamente por estar obrigado a
realizar o interesse público e defender os direitos dos cidadãos deve ser
confiável, deve agir de boa fé e que os cidadãos têm todo o direito de
confiar na atuação do Estado. Esta ideia da segurança jurídica e da proteção
da confiança que no fundo são duas dimensões da mesma realidade. A
segurança jurídica digamos que é uma dimensão objetiva e a proteção da
confiança é uma dimensão subjetiva que tem que ver com a segurança que
cada um de nós tem face à atuação do Estado, mas é este princípio que
proíbe, por exemplo, a retroatividade da lei. Como regra geral, as leis em
particular não podem ser retroativas, podem se lo em certas circunstâncias,
mas se dai resultar um benefício para o cidadão, porque aí não há um
problema de confiança jurídica. Se por exemplo uma pessoa cometeu um
crime, que era punido com 5 anos de prisão, mas no momento em que vai
ser julgada o legislador, entretanto considerou que o crime era menor e
passou a considerar que a pena máxima aplicável e de 3 anos e não de 5. A
moldura penal aplicável ao crime e a moldura penal do momento do
julgamento, não a moldura penal da prática do crime porque aí há um
beneficio para o cidadão. A retroatividade põe em causa a boa-fé do estado
e a proteção da confiança dos cidadãos em situações como (hipótese
absurda): hoje alguém pratica uma ação perfeitamente legitima face à lei e
daqui a um mês face a dificuldade que o país atravessa o legislador entende
fazer uma lei punindo com pena de prisão um comportamento que hoje
não era punível. Esta situação não pode ser aceitável pois eu não posso
hoje estar dependente daquilo que o legislador venha a fazer daqui a 1
mês, mas tenho e que me reger pelas regras que hoje estão em vigor e
tenho que ter a garantia que o Estado não atua de forma a por em causa a
minha posição jurídica no momento em que eu atuei. Se o Estado não fizer
isto, poem em causa a segurança jurídica e põem em causa a confiança que
os cidadãos têm que ter no Estado. Não há nada na constituição que
expressamente refira o principio da proteção jurídica ou da proteção da
confiança, mas há, no entanto, um conjunto de normas que tem permitido
ao tribunal constitucional dizer que o Estado pode fazer tudo o que a lei lhe
permite mas sem ir para alem de um certo limite porque esse limite poem
em causa não apesar a boa-fé do comportamento do estado mas também a
confiança que os cidadãos têm que ter na sua atividade. Uma outra
consequência do princípio da segurança jurídica é a ideia da intangibilidade
do caso julgado, um caso julgado é uma situação que foi apreciada por um
tribunal e da qual já não cabe recurso, pois definitivamente o direito foi
aplicado. Nós, cidadãos, temos que ter a certeza de que se tivermos um
conflito que os tribunais resolveram, esse mesmo conflito percorreu todo o
percurso que tinha a percorrer e foi resolvido, e a partir do momento em
que se deu a resolução é sagrado. Porque se não fosse assim, se o Estado
pudesse porque lhe dá jeito reabrir todos os processos não faria sentido
nenhum. Mesmo que o tribunal constitucional consagre uma norma
inconstitucional usada em vários casos mesmo que a norma seja anulada os
casos julgados por ela são intocáveis.
 Princípio da proibição do excesso (ou da proporcionalidade): “os fins não
justificam todos os meios”, ou seja, eu posso ter fins cuja realização é
fundamental para a defesa do interesse publico mas essa realização não
pode por em causa direitos fundamentais dos cidadãos ou se os puser em
causa não pode fazê-lo para além de um determinado limite, não pode
tomar medidas que não sejam proporcionais. Por exemplo, o estado de
emergência imposto devido ao COVID-19 pode impor restrições aos
direitos, liberdades e garantias dos cidadãos porque a situação o exige,
porque são medidas proporcionais à realização do objetivo que se visa
atingir. Este princípio tem manifestações constitucionais: art.º 18, n.º 2 CRP
– em casos que assim se justifique a lei pode permitir a restrição dos
direitos fundamentais dos cidadãos limitando se ao necessário para
salvaguardar outros direitos ou outros interesses. Por exemplo, a lei
permite que por exemplo alguém queria construir uma auto estrada e que
nos estudos que foram feitos se diz que o melhor traçado da auto estrada
passa pelo terreno de que alguém é proprietário. A lei permite que nesses
casos o direito de propriedade privada possa ser afetado, que retirem na
medida do estritamente necessário a propriedade para construir a
autoestrada. Mas se a auto estrada passar apenas num canto da
propriedade aí não é permitido que me tirem a propriedade toda. Mas em
ambas a circunstância a lei só permite que isso se faça mediante uma
compensação adequada (que corresponda ao valor da propriedade), ou
seja, o direito do proprietário foi limitado, foi restringido, foi sacrificado,
mas com limites e por isso o proprietário foi compensado pelo sacrifício
prestado.
Este princípio é um princípio fundamental na preservação dos nossos direitos porque
nos temos a certeza, de acordo com a constituição não vale tudo.
 Princípio da proteção jurídica e das garantias processuais: Proteção jurídica
significa que todos temos direito a ver a nossa situação jurídica protegida
pelo direito e garantias processuais significa que no âmbito no processo nós
temos que ter direitos.
 Princípio da proteção jurídica – a constituição garante que há mecanismos
que o estado providencia para que qualquer cidadão seja qual for a sua
circunstância fazer efetivar o seu direito subjetivo, ir a tribunal resolver o
seu problema independentemente da sua situação económica–art.º 20.º, n.
º1. Sem a existência de um mecanismo processual, sem a garantia de que o
Estado tem instrumentos a funcionar que me permitam exercer os meus
direitos no caso em que isso seja necessário então aí seria o próprio
conteúdo do Direito posto em causa. Portanto o acesso ao direito é
fundamental, acesso quer dizer a possibilidade de aceder a um tribunal
independentemente de ser rico ou pobre (daí as custas judiciais não terem
de ser pagas por quem não tem dinheiro para as pagar), o direito a ser
acompanhado em qualquer diligência por um advogado mesmo que não
tenha dinheiro para o pagar e aí o Estado nomeia um.
 Princípio das garantias processuais – significa que estar num processo não
significa estar na selva e que todos quando estamos envolvidos num
processo, sobretudo nos processos criminais, temos direitos que não
podem em circunstância alguma ser postos em causa, porque não vale tudo
– manifestação constitucional : uma pessoa não pode ser detida por mais
de 48h sem ser conduzida a um juiz – art.º 28, n.º 1; art.º 32 – garantias do
processo criminal. Têm que haver garantias processuais, ou seja, a garantia
devidamente assegurada pela constituição que no âmbito de um processo
há exigências que não permitem fragilizar excessivamente a posição do
arguido, e que este pode exercer um conjunto de direitos no processo de
forma a assegurar-nos que no processo são analisadas todas as coisas que
têm que ser analisadas.
 O princípio democrático - (subprincípio do princípio do estado de direito
democrático) - um Estado que está organizado politicamente de acordo
com as regras da democracia e que afere certos critérios – fiscalização do
modo como os nossos representantes atuam; a escolha livre dos nossos
representantes eleitos por eleição universal, igual e periódica;
(principalmente >) a garantia que os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos são na prática efetivados.
Pontos que a nossa constituição indica que é fundamental para caracterizar
Portugal como uma democracia:
1. princípio da soberania popular – o poder político e a soberania residem
no povo (art.º 3, n.º 1; art.º 10, n. º1 CRP).
2. O princípio da democracia representativa (art.º10, n.º1) – regime onde
o povo e titular do poder político, mas não o exerce diretamente, em
vez disso escolhe através do voto representantes e entrega a esses a
tarefa de administrar os assuntos públicos de acordo com as
competências que lhe são atribuídas. Existe outro modelo de
democracia, para além da democracia representativa existe também a
democracia direta (existia em Atenas, na antiguidade clássica – é um
regime segundo o qual os cidadãos, e apenas eles se reúnem uma vez
por ano para tomar as decisões necessárias e nomeia um individuo para
garantir que as medidas tomadas são postas em prática e assim
sucessivamente, todos os anos (É pouco eficaz na prática , pois hoje em
dia o Estado tem que responder a questões demasiado complexas para
este regime);
A lógica da organização política nos dias de hoje em dia nas democracias
assenta nesta ideia da representação política. Têm se vindo a desenvolver a
ideia (já solidificada em alguns estados), neste conjetura democrático, esta
distinção entre representantes e representados não pode limitar se a uma
espécie de ato litúrgico que nos leva a que de tantos em tantos anos
escolhamos quem nos represente e a partir desse momento não há
controlo nenhum sobre a atividade dos representantes e os representados
não podem fazer mais nada – a democracia não pode encerrar se no voto.
Esta questão tem levado assim à consagração dos chamados mecanismos
de democracia direta, sendo um dos mecanismos mais conhecidos, o
referendo – democracia semidirecta. Art.º 115 - permite a realização de
referendos, embora que com algumas limitações, nacionais de matérias de
extrema importância que devem ser decididas pelo povo e não pelos
representantes. A assembleia pode não aprovar esta proposta por parte do
povo independentemente da quantidade de assinaturas. Art.º 232, n.º 2 –
permite a realização de referendos regionais, que se podem realizar nos
Açores ou na Madeira relativamente a assuntos de interesse regional e não
nacional. Art.º 240 – a realização de referendos locais, ou seja, nos
municípios e nas freguesias. Portanto a nossa constituição embora
referindo como regra geral o princípio da democracia representativa, aceita
momentos de democracia direta através do instituto do referendo embora
não se use muito em Portugal (3 referendos em 50 anos). Saber se em
Portugal há ou não regiões administrativas só pode ser objeto de decisão
por referendo, ou seja, referendo obrigatório – art.º 256.
 Democracia Participativa – art.º 9, alínea c) – cidadãos devem ter uma
participação ativa na vida pública, através do exercício da liberdade de
expressão, liberdade de reunião, da utilização das redes sociais, da criação de
associações e da sua atuação, sindicatos, etc. por exemplo o artigo 115º ou
então por Ex. º Art.º 167 – iniciativa de lei e de referendo – esta iniciativa pode
partir da proposta do governo ou dos deputados de grupos parlamentares, mas
também pode ser feita pelos cidadãos que aí dialogam diretamente com os
titulares dos órgãos de soberania. Cidadãos podem também apresentar um
projeto de lei à assembleia da república (art.º 167).
Isto quer dizer que a nossa democracia não se pode limitar aqueles momentos
importantes em que votamos ou participamos em referendos, ai de facto
tomamos decisões fundamentais mas a democracia não é um ritual que se
esgota de não sei quantos a não sei quantos anos, é algo que se jogo todos os
dias. Se os cidadãos não se preocuparem com a sua vida quotidiana e deixarem
tudo nas mãos dos nossos representantes é evidente que os nossos
representantes ocuparam todo o espaço mas há espaço que não é dos
representantes, há um espaço que é nosso, que é o espaço de votar, é um
espaço que diariamente nos devemos comportar como um cidadão de uma
democracia, uma cidadania ativa que intervém nos locais onde pode intervir.

A constituição tem princípios e tem normas, muitas até.


Normas constitucionais –estas normas não são todas iguais. Nem todas estas normas
se estruturam da mesma maneira e nem todas produzem os mesmos efeitos.
Estas normas têm de ser respeitadas. O que violar uma norma constitucional seja qual
for a sua natureza e a sua estrutura é inconstitucional.
Temos de reconhecer diferenças significativas entre as normas, por exemplo, há uma
norma na constituição que diz – 24º/2- “em caso algum haverá pena de morte”, esta
norma não causa nenhuma duvida quanto aos seus efeitos. Nós lemos a norma e
sabemos que em Portugal não pode haver pena de morte, não pode haver nenhuma
lei que preveja a pena de morte. Ou outro exemplo, o artigo 28º/1 diz que “uma
pessoa não pode estar mais de 48 horas detidas sem ser presente a um juiz”, não pode
haver nenhuma lei que diga o contrário a isto.
Mas há outras normas constitucionais que têm uma lógica diferente, por exemplo, a
norma “remax”, como o professor gosta de lhe chamar, o artigo 65º/1 diz que “todos
têm o direito para si e para a sua família o direito de uma dimensão adequada em
condições de higiene e conforto e que preservem a intimidade pessoal e a privacidade
familiar”, isto é a mesma coisa, guardadas as devidas proporções de ter um artigo no
jornal a dizer “vende-se t3, boas áreas, exposição solar, situado em zonas com fáceis
acessos”, ora, nós sabemos que há muita gente que não tem casa, então como é que
isso é compatível com esta norma? Estranho. Por exemplo, há uma norma na
constituição – artigo 58º/1- que diz que todos têm o direito ao trabalho, mas se todos
têm direito ao trabalho então como é que há desemprego? Supostamente não pode
haver e seria uma violação da constituição. Se assim fosse, teríamos um problema,
porque não é possível garantir em cada momento emprego a toda a gente nem é
possível em cada momento garantir uma habitação condigna a todas as pessoas, o que
significa que o ponto de vista da sua estrutura jurídica dos efeitos que produzem este
tipo de normas comparadas com aquele tipo de normas referidas à pouco, hão de ser
diferentes, não deixam de ser normas constitucionais. O estado por exemplo, não
pode fazer leis a por em causa este principio que todos têm direito ao trabalho, não
pode porque isso seria violar uma norma constitucional. Mas isto, não dá direito a
cada um de nós achar que podemos chegar à praça de Londres, ao ministério do
trabalho e da segurança social e dizer “olhe arranje me lá emprego porque diz aqui um
artigo que eu tenho direito ao trabalho e se os senhores não me derem emprego estão
a por em causa a constituição. Não é isso. E não é isto porque nós temos de olhar para
as normas constitucionais e classifica las de acordo com a sua estrutura e de acordo
com os efeitos que produzem e nessa perspetiva nos podemos fazer desde logo fazer
uma distinção entre:
1. Normas precetivas- são normas que estabelecem preceitos, ou seja, são
normas cuja eficácia não fica dependente de nenhuma condição concreta, os
efeitos que elas se predestinam a produzir não ficam dependentes de saber se
o pais está rico ou se está pobre, se estamos em pandemia ou não, não
depende. Estabelecem preceitos e estes têm de ser cumpridos. Têm
consequências, por exemplo, a norma do artigo 28º/1 da CRP, é uma norma
precetiva pois estabelece um preceito, não há dúvidas a esse respeito.
2. Normas programáticas- são como o próprio nome indica um programa, isto é,
são normas que definem um objetivo ativo para atingir e estabelecem o
caminho para o atingir, por exemplo, o artigo 58º/1 diz que todos têm o direito
ao trabalho e o nº2 diz que para assegurar o direito ao trabalho incumbe ao
estado fazer o seguinte (...); o artigo 65º/1 diz que todos têm o direito à
habitação condigna etc., e o nº2 diz que para assegurar o direito à habitação,
incumbe ao estado (...); ou seja, as normas programáticas são normas que
definem um objetivo e que são dirigidas ao estado. Definem um objetivo a
atingir e estabelecem que o estado em de atuar no sentido de garantir que esse
objetivo é atingido e por isso é que são chamadas de normas programáticas,
porque são normas cuja aplicação estabelece um objetivo e por isso mesmo o
seu atingimento está dependente das condições concretas em que a sociedade
se encontra.
Não há duvida que a crise pela quase passamos (estado de emergência) vai ter
consequências económicas dramáticas e, portanto, vai aumentar o desemprego mas
não há nada a fazer e, por isso, é evidente, que o estado vai poder garantir direito ao
trabalho a toda a gente porque não é possível, mas isso não legitima o estado
esquecer se da situação, pelo contrário, como o estado tem a obrigação constitucional
de trabalhar no sentido de garantir o direito ao trabalho, o estado terá que agir no
sentido de garantir que tanto quanto possível esse objetivo vai sendo prosseguido,
sabendo que não o vai conseguir atingir porque nunca conseguirmos ter desemprego 0
mas vai ter que trabalhar nesse sentido mas vai ter que trabalhar para garantir esses
objetivos independentemente da situação do pais.

26 de março
Distinção ente normas exequíveis e não exequíveis por si mesmas reside apenas em
saber se a norma constitucional precisa, ou não de ser desenvolvida pelo legislador,
pela assembleia da república.
Se não precisa de ser desenvolvida é exequível por si mesma, se precisa é não
exequível por si mesma. Só podemos falar de ambas estas normas quando falamos em
normas preceptivas, pois às normas programáticas não pode ser aplicada esta
distinção.
1. Normas exequíveis por si mesmas – não precisam de qualquer intervenção
posterior do legislador; os objetivos que estas visam atingir podem ser
atingidos apenas com essa norma, sem que o legislador tenha que fazer o que
quer que seja para criar condições jurídicas para a plena eficácia dessa norma;
norma autossuficiente, se esgota em si mesma, ou seja, ela por si está em
condições de produzir todos os efeitos que quer. Não precisa de lei que a
complemente. – ex. º art.º 24 (proíbe a pena de morte ou a inviolabilidade da
vida humana em qualquer circunstância)- não precisam do legislador para
nada;
2. Normas não exequíveis por si mesmas – norma que fica dependente/suspensa
(sujeita a uma condição) para produzir os seus efeitos, de uma posterior
intervenção do legislador, neste caso da assembleia da república. Precisa de
uma lei da assembleia da república que a complemente. – ex. º art.º 52, n. º3
(aqui o que o legislador constituinte quis clarificar aqui foi todos têm
individualmente ou coletivamente o direito à ação popular, mas esse direito só
pode ser exercido nas condições em que a lei estabelecer, ou seja, é necessária
uma intervenção posterior do legislador). Art.º 77, n.º 1 (os professores e os
alunos devem participar na forma de como as escolas são geridas, estar
presentes no concelho diretivo, mas isso vai se fazer nos termos que o
legislador vier a concretizar). Art.º 167 (aqui o legislador quis deixar claro que
achou importante que todos os cidadãos possam apresentar à assembleia da
republica propostas para que ela legisle ou propostas para realizar um
referendo, mas não é o legislador constituinte que vai determinar em que
termos e que as propostas são apresentadas e de seguida apreciadas, quantas
pessoas têm que as apresentar, etc. O legislador apenas deixou o princípio de
que os cidadãos devem poder apresentar, mas o resto vai ser decidido “nos
termos e condições estabelecidos na lei”. a norma quase que fica “congelada”
nos seus efeitos, a norma constitucional não se basta a si mesma, ela não é
autossuficiente por si própria, ela não produz todos os efeitos a que se destina
sem intervenção do legislador- precisam do legislador para tudo;
Isto coloca um problema que é o seguinte: se uma norma é exequível por si mesmo
ponto final paragrafo, eu posso invocar um direito que a constituição atribui e assunto
resolvido. Mas admitindo que eu quero apresentar uma proposta de referendo e não
há lei, de facto o que acontece e que eu estou impedido de exercer esse direito e
estou impedido porque há uma omissão do legislador. O legislador não cumpriu a
ordem constitucional porque a constituição diz ao legislador “legisla para regulares o
exercício deste direito” e o legislador não faz nada. Como é que se resolve isto?
Nós temos a ideia de que inconstitucionalidade é fazer alguma coisa que a constituição
proíbe.
Há vários tipos de inconstitucionalidade:
1. inconstitucionalidade por ação (fazer algo que a constituição proíbe) – fazer
alguma coisa que a constituição proíbe, por exemplo, a assembleia da republica
faz uma lei inconstitucional e isso significa que a constituição proíbe que se
viole a norma x, e a AR aprovou uma lei que viola essa norma. Chama se a isto
inconstitucionalidade por ação, que é a mais comum– artigo 277º, n.º 1;
2. inconstitucionalidade por omissão (não fazer algo que a constituição impõe que
eu faça) – art.º 283.
O nosso legislador constituinte consciente de que ele próprio tinha criado várias
normas não exequíveis por si mesmas, impõe uma solução que permite ao tribunal
constitucional verificar se o legislador ordinário está ou não passivamente a atuar,
isto é, se esta cumprindo a obrigação constitucional legislando, ou se pelo
contrário não legislou violando essa obrigação constitucional.

História do Constitucionalismo Português


(características fundamentais do nosso constitucionalismo)

Portugal tem um constitucionalismo relativamente moderado do ponto de vista do


número de constituições – em (quase) 200 anos tivemos 6 constituições
(1822;1826;1838;1911;1933;1976).
Nestas 6 constituições há logo 2 ou 3 coisas que nos chamam a atenção:
1. temos 3 constituições monárquicas e 3 constituições republicanas- já levamos
mais anos republicanos do que monárquicos do ponto de vista constitucional.
constitucionalismo monárquico começa em 1822 e acaba em 1910, são 88
anos; o constitucionalismo republicano de 1910 até à atualidade (110 anos);
2. nestes 6 documentos temos 5 constituições e 1 carta constitucional, ou seja,
temos 5 constituições que correspondem ao importante exercício da vontade
popular, da soberania popular, direta ou indiretamente, e temos 1 texto
constitucional que foi aprovado e editado pelo monarca no exercício de um
poder próprio. Trata se do documento de 1826, e por isso mesmo, é conhecida
pela carta constitucional de 1826 e que foi dada aos seus súbditos por D. Pedro
IV;
3. dentro das 5 constituições, temos 4 que foram aprovadas por parlamentos, isto
é, através de uma logica de democracia representativa e 1 que foi aprovada
diretamente pelos cidadãos através de um referendo (Plebiscito);
as constituições aprovadas pelo parlamento foram:
a. a constituição de 1822;
b. a constituição de 1838;
c. a constituição de 1911;
d. a constituição de 1976;
e a constituição aprovada por voto popular foi a constituição de 1933;
4. se olharmos para a as constituições do ponto de vista político que estabelecem,
das nossas 6 constituições, 5 correspondem a constituições liberais e
democráticas e 1 corresponde a uma constituição ditatorial, ou seja, a
constituição de 1933, que curiosamente foi a única que foi votada pelo povo
diretamente, é também a única constituição que estabelece um regime
ditatorial. Todas as demais constituições e a carta constitucional estabeleceram
em Portugal regimes liberais e democráticos, o que significa que mesmo
quando foi o monarca no exercício autoritário a fazer a constituição porque não
perguntou a ninguém, nem a parlamentos, nem ao povo nem a ninguém, o
monarca quando fez a constituição, deu ao rei uma constituição liberal e
democrática. Diferentemente em 1933 quando o povo foi chamado a
pronunciar-se aprovou um regime ditatorial.
Vale a pena ter em atenção que o percurso da história constitucional
portuguesa não é um percurso linear; não é um percurso linear, pelo ponto de
vista da vigência das constituições.
A história constitucional portuguesa até 1842, é uma história bastante agitada,
e é agitada por duas razões diferentes.
1. É agitada por força do conflito entre os absolutistas e os liberais
2. Derrotado o absolutismo e exilado definitivamente D. Miguel, fica por
resolver o problema entre os liberais mais radicais, vulgarmente conhecidos
pelo vintistas, ou seja, os adeptos da constituição de 22 e os mais
moderados, os cartistas, os defensores da carta constitucional;
isto passou se quando o rei foi para o brasil para fugir às invasões napoleónicas e,
quando os franceses se foram embora, o rei continuou no brasil e, por isso, quem ficou
no comando de Portugal foram os ingleses e, claro que os portugueses estavam fartos
daquilo , portanto a revolução de 1820 é uma revolução dos órfãos, é uma revolução
de um povo que quer o monarca de volta e não percebe porque é que o monarca,
afastado o risco das invasões, não regressa ao pais.
O monarca, entretanto, acaba por regressar e realizam se eleições para um
parlamento e em 1822 é aprovada a primeira CRP; esta primeira CRP é uma verdadeira
revolução no que o país tinha sido até então, porque transforma uma monarquia
absoluta numa monarquia constitucional. E inspirando se no modelo francês inicial cria
um sistema político em que o órgão mais importante não é o rei, mas sim, o
parlamento. Mas a monarquia, entretanto queria acabar com a loucura do liberalismo
e voltar ao absolutismo, e, portanto, havia um destacado membro da casa real, D.
Miguel , que veio mais tarde a ser o rei de Portugal e foi com ele que, com a vila
francada, conseguiu se voltar ao absolutismo, entrando assim num conflito que marca
a historia constitucional, entre os constitucionalistas e os absolutistas que querem
regressar ao passado e que tinham do seu lado a parte mais importante da casa real
que regressou (não esquecendo que D. Pedro ficou n Brasil) e, portanto a primeira
vigência da constituição de 1822 é muito curta, são meses, entre a sua aprovação em
meados de 1822 e vila francada em 1823. A partir da vila. Francada, Portugal regressa
ao absolutismo, o constitucionalismo sofre um interregno, a CRP1822 deixa de vigorar
e, este percurso vai prolongar se até 1826.
O país vai viver assim sobre o modelo absoluto desde a Vila Francada até 1826 onde se
dá a morte de D. João VI. Esta morte coloca o problema de saber quem e que deve ser
chamado ao trono, que deveria ser o filho primogénito (D. Pedro IV), só que este não
regressou a Portugal com a família real e tinha sido há uns anos atrás o responsável
pela proclamação da independência do Brasil, de quem era Imperador (Grito do
Ipiranga). Ao ter sido responsável por esta proclamação era mal visto por muitos
portugueses pois estes consideravam que ele tinha cometido um crime de traição à
pátria porque amputou Portugal da sua maior colónia. Queriam então, que sucedesse
D. Miguel pois este não tinha cometido tais atos e muita da nobreza se revia no
absolutismo defendido por ele. Mas D. Pedro IV não quer abdicar do trono brasileiro,
mas quer ao mesmo tempo que seja alguém da sua linha de sucessão a tomar posse
do trono português. Portanto a solução engendrada por D. Pedro IV vai ser: este vai
ser proclamado rei de Portugal (D. Pedro IV de Portugal e D. Pedro I do Brasil) e a sua
filha vai ser assegurada rainha de Portugal quando chegar à idade de o ser. D. Pedro IV
acordou também com o seu irmão, D. Miguel, que casa se com a sua filha (sobrinha) e
que fosse então proclamado rei D. Miguel I, mas sem poder pois este pertencia à sua
sobrinha até que houvesse filhos. Juntamente com este plano feito por D. Pedro IV
estava também a elaboração de um novo documento constitucional, a carta
constitucional de 1826. Esta carta é redigida por D. Pedro IV no Brasil, onde este
permaneceu por vários anos, e depois e mandada para Portugal e quando desembarca
a população, surpreendida, fica a saber desta carta que não tinha menor ideia da sua
existência até lá.
Desencadeia se assim um novo período constitucional em Portugal, com a vigência
desta carta constitucional, que favorecia o poder do monarca. Ou seja, a carta
constitucional de 1826 repõem a posição do monarca, deposto na constituição de
1822, remetendo o parlamento para uma posição subordinada. Esta carta é a única
constituição portuguesa que em vez de estabelecer três poderes, estabelece quatro –
poder executivo entregue ao monarca; poder legislativo entregue às cortes; poder
judicial entregue aos tribunais; poder moderador entregue também ele ao monarca –
por este motivo é que a carta constitucional reforça a posição do monarca, ou seja, é
como se houvessem duas equipas mas uma delas (monarca) era jogador mas ao
mesmo tempo árbitro.

A instabilidade vivida no país era cada vez maior, pois o país continua sem rei, D. Pedro
IV estava a milhares de km de distância e a influencia inglesa era ainda muito sentida
em Portugal. Perante esta situação o próprio rei nomeia o irmão como governador de
Portugal (D. Miguel) com poderes plenos como se fosse o monarca (ou seja. D. Miguel
governava em nome de D. Pedro IV) pois D. Maria da Glória era ainda uma criança.
D. Miguel estava exilado em Viena de Áustria e volta para Portugal, no início de 1828,
para cumprir o que tinha acordado com o seu irmão, e surpreendentemente, fá-lo de
boa fé. Mas logo que chega a Portugal, é de tal maneira aclamado pelo povo que
estava órfão que muda rapidamente (em 1 mês e pouco) as suas intenções, quebrando
o acordo que tinha com o seu irmão. Dissolve as câmaras, o parlamento e põem fim a
carta constitucional de 1826. É aclamado rei de Portugal, como D. Miguel I, em meados
de 1828 acabando assim a primeira vigência da carta constitucional de 1826 até 1828.

A partir de 1828, regressamos pela segunda vez ao absolutismo, que vai ser mais
duradouro que o primeiro, este que foi de 1823-26 e este segundo vai ser de 1826-34.
De 1826 a 1834 dá se também a guerra civil, entre liberais e absolutistas, que traduz a
contestação dos liberais à chamada ao poder como um monarca, de D. Miguel I.
Na primeira fase do reinado de D. Miguel I, as situações favorecem muito os
absolutistas e o rei que era D. Miguel I, pois D. Pedro IV estava no Brasil e a grande
parte da nobreza portuguesa que se podia opor, os liberais, fugiu.
A partir de 1831, as coisas mudam fundamentalmente, pois D. Pedro IV abdica da
coroa do Brasil e foge, pois, foi de tal forma contestado sobre a forma abusiva como
governava o país sendo imperador que não teve outra solução. D. Pedro IV foge para
os Açores e assume a regência de Portugal em nome da filha, passando assim os
liberais a ter um chefe, e não só, tinham um chefe que era o monarca.
Assim, a sorte da guerra civil começa a mudar a partir de meados de 1832, quando D.
Pedro IV reorganiza nos Açores as tropas liberais e alguns meses depois, em meados
de 1832, consegue tomar o Porto.
A guerra civil acaba em maio de 1834 com a assinatura da convenção Évora Monte,
onde os absolutistas, D. Miguel assume a derrota e parte para o exílio, juntamente
com a nobreza que o seguia dando se a reentrada em vigor da carta constitucional com
a vitória dos liberais liderados por D. Pedro IV, que irá vigorar até 1836.

D. Pedro IV morre em Setembro de 1836, deixando a sua filha ainda nova com uma
posição muito pouco sedimentada originando novamente uma fase de grande agitação
política. Passamos agora a ter um conflito dentro dos liberais entre os cartistas e os
vintistas onde se discute, já não o facto de se deveríamos ter um estado constitucional
e uma constituição mas sim se devíamos ter uma constituição mais radical e mais
democrática, que favorecesse o povo e o parlamento (vintistas) ou se devíamos ter
uma constituição mais conservadora e favorecedora do monarca e da nobreza
(cartistas) defendendo assim a carta constitucional de 1826.
Num primeiro momento, os cartistas estão favorecidos pois a carta constitucional
revigorou a partir de 1834.
Num segundo momento, em setembro de 1836, dá se uma revolução popular (todas
as outras revoluções foram militares enquanto levadas a cabo por militares enquanto
esta foi levada a cabo pelo povo, que se revolta contra o estado de coisas a que tudo
tinha chegado) que vai dar origem a uma nova realidade política em Portugal, o
setembrismo. Esta revolta liderada pelo duque de Palmela com a vitória dos
setembristas, derruba o Governo e dá origem a consequências constitucionais porque
leva ao fim da segunda vigência da carta constitucional, que era tido como responsável
pelo estado a que o país tinha chegado, sendo reposta a constituição de 1822, pela 2.ª
vez. Esta revolução traduziu se numa vitória dos vintistas contra os cartistas.

A constituição de um país deve ser um documento de máximo consenso, deve


representar o acordo mais alargado possível entre as diferentes fações políticas e
sociais existentes no país, por isso é que é necessária uma maioria de 2/3 para rever a
constituição.
Daí que na altura, apesar da vitória dos vintistas, se tenha chegado ao entendimento
quanto à necessidade de uma elaboração de uma nova constituição, que de alguma
forma ultrapasse este litígio entre aqueles que apoiavam a carta e aqueles que
apoiavam a constituição de 1822, para pôr fim a este conflito constitucional
permanente. Vão ser feitas eleições para as cortes, e depois as novas cortes eleitas
vêm a preparar uma nova constituição, que vai ser a 3.ª constituição da nossa história,
a constituição de 1838.
O ano de 1838, do ponto vista constitucional, significa duas coisas:
1. a entrada em vigor da 3.ª constituição portuguesa;
2. como consequência dessa entrada em vigor, o fim do segundo período de
vigência da constituição de 1822 com a aprovação da nova constituição em
abril de 1838.
Com esta constituição de 1838, esperava se ter atingido o entendimento necessário
entre as duas forças políticas, entre os mais radicais e os mais conservadores, mas não
foi isso que aconteceu. Pois esta constituição padece de um mal, muito comum na
política, que é o de esta constituição ser um texto sobre o qual todos concordam, mas
ninguém se revê. Ou seja, é um texto que é feito porque se aceita a necessidade de
elaborar um texto, mas verdadeiramente ninguém que olhe para aquele texto está
contente com o produto final que este representa.
Esta constituição que contemplava soluções propostas tanto pelos vintistas como
pelos cartistas acabou por ser contestada por uns e por outros. Ao contrário do que se
estava à espera a vigência da constituição de 1838, não é um período de estabilidade,
mas sim pelo contrário, é um período de agravamento da conflitualidade política em
Portugal, pois só veio a agravar os problemas que já existiam. O agravamento deu se
de tal forma que vem a surgir um partido chamado partido ordeiro, com o objetivo de
pôr ordem no país, com vários políticos de destaque, um deles Costa Cabral mais tarde
Marquês de Tomar.
É então pelas mãos de Costa Cabral que em 1842 é desencadeada no Porto uma
revolução que visava por fim a situação de instabilidade que o país continuava a viver
levando a rainha D. Maria II, a determinar o fim da vigência da constituição de 1838 e a
repor a carta constitucional, dando origem à 3.ª e última vigência da carta.
A carta constitucional é assim o texto constitucional em Portugal, que vigora pela
última vez no período monárquico prolongando se essa vigência entre 1842 até ao 5
de outubro de 1910.
Trata se do período mais longo da história constitucional portuguesa, 68 anos (a atual
constituição de 1976 está em vigor há 44 anos). Este período de vigência corresponde
do ponto de vista constitucional à estabilização, corresponde também a um período de
forte desenvolvimento do país – Fontismo (política de investimentos públicos do
Fontes Pereira de Melo – a ferrovia, as estradas, etc.) - , e representa ao mesmo
tempo, na fase final, à demostração da incapacidade da monarquia e dos seus agentes
políticos de resistir à presença cada vez mais forte dos republicanos.

(O republicanismo em Portugal começa a estar presente a partir das invasões


francesas, que traz o liberalismo, mas também algumas sementes do republicanismo.)

O partido republicano começa a afirmar se, e desenvolve se sobretudo a partir do


Ultimato (mapa cor-de-rosa 1890) que se baseia nos ingleses a forçarem Portugal a
retirar a proposta do mapa cor-de-rosa dizendo que se não o fizéssemos eles tomariam
as medidas necessárias, que poderiam chegar à invasão. Começa aqui o fim da
monarquia em Portugal, pois a cedência de D. Carlos aos ingleses faz com que o povo
se revolte com a humilhação sofrida, dando assim, um lastro muito grande aos
republicanos. A primeira tentativa da implementação da república em Portugal, o 31
de janeiro, ocorre logo em 1891.

O 5 de outubro de 1910 representa deste modo a maior rutura na ordem


constitucional portuguesa, porque esta não se limita a pôr fim à vigência da carta
constitucional determina a substituição da monarquia pela república, e
consequentemente, o modelo da organização política.
Os republicanos eram profundamente influenciados pela Maçonaria, defendendo uma
democracia muito mais radical do que aquela que existia durante a monarquia
constitucional, são hostis à Igreja Católica querendo afasta la da posição de
predominância que teria sempre tido na vida portuguesa.
Do ponto de vista constitucional o país teria de ser dotado de um novo texto
constitucional que vem a ser a constituição de 1911.
O modelo republicano suíço (não tem presidente da república como órgão autónomo)
foi o que mais influenciou o português, estando em cima da mesa na redação da nova
constituição, na assembleia constituinte, não haver presidente da república em
Portugal.
A constituição de 1911 abre assim o período de vigência da 4.ª constituição portuguesa
e o período de vigência da primeira constituição republicana portuguesa. Este não foi
um período feliz na nossa história, porque desde logo o sistema de Governo
estabelecido pela nossa constituição de 1911 foi um sistema parlamentar puro. Ou
seja, na primeira fase não havia a possibilidade de o Presidente da República dissolver
o parlamento, portanto este podia fazer o que quisesse sem ter quaisquer limites.
Conclusão, em 16 anos de 1.ª República tivemos 8 Presidentes da República (estes
demitiam se antes de acabarem o seu mandato fase à sua incapacidade de pôr ordem
no funcionamento do sistema) e em matéria de Governos tivemos 44.
Sendo assim, a primeira república marcada por uma instabilidade muito grande, e é as
mãos de essa instabilidade que a primeira república vem a morrer.

2 de abril
A situação da 1.ª República vai se progressivamente agravando do ponto de vista da
instabilidade política, e também da instabilidade económica que levou o país a ter que
recorrer a empréstimos externos. Este quadro leva ao pensamento que era necessário
mudar tudo isto, criando assim uma predisposição para a adoção de um regime
ditatorial, temporário até que tudo voltasse à normalidade democrática. Isso acaba
por conduzir, a 28 de maio de 1926, a uma revolta militar que começa em Braga, mas
que acaba por se transformar numa verdadeira revolução que poem fim à 1.ª
República e, consequentemente, à constituição de 1911.
Este período histórico que se inicia a 28 de maio de 1926 só acaba a 25 de abril de
1974, novamente com uma revolução. Esta época que durou 48 anos está dividia em 2
fases: uma primeira fase que vai de 1926 a 1933e uma segunda fase que vai de 1933 a
1974.
A primeira fase é a chamada ditadura militar, porque tendo posto fim à constituição de
1911 e tendo sido dissolvido o parlamento, o país passou a ser governado pelo PDR
(Marechal Carmona) e pelo Governo (chefiado pelo primeiro-ministro, antes
presidente do concelho de ministros, sempre um militar), liderado por militares.
Portanto sem parlamento e sem constituição, ou seja, sem limites à sua governação, os
militares governavam como queriam, aprovado as leis que lhes parecessem mais
adequadas. É neste contexto histórico, que surge o Professor Oliveira Salazar, este que
tinha vindo a marcar posição na vida portuguesa pela sua contestação à 1.ª República
e à forma de como o país estava a ser governado, criticando em particular a
circunstância de esta não saber governar o país e de estar a agravar o país para uma
situação económica muito complicada. Essa fama acaba por levar ao convite que lhe é
formulado para este aceitar ser membro do governo, com a pasta das finanças. Há um
governo nomeado em 1928, chefiado por um militar, com Salazar como ministro das
finanças, confiando as posições e as ideias que este defendia. Este equilibrou as contas
e pôs o país a dar lucro, coisa que ninguém até então tinha conseguido fazer.
Esta progressiva afirmação do professor Salazar vai levar a que, em 1932, este venha a
ser chamado a funções de primeiro-ministro, cargo que exercer ininterruptamente até
1968. Salazar ao ser jurista, fazia lhe confusão um país não ter uma constituição e por
isso acelera os trabalhos, que já estavam a decorrer, mas lentamente, para a projeto
de uma constituição. Mas esse projeto colocava um problema, as constituições ou são
aprovadas diretamente pelo povo em referendo ou são aprovadas pelo parlamento
numa lógica de democracia representativa (como acontece na generalidade dos
países, inclusive em Portugal), pois inexistindo um parlamento sobrava apenas a
situação da sujeição do projeto de um texto constitucional ao voto popular. E é essa
opção que é tomada em 1933, o texto da proposta de constituição vai ser submetido a
um plebiscito (parecido a referendo). Nesse plebiscito realizado em maio de 1933, os
portugueses foram chamados a votar obrigatoriamente (colégio eleitoral era muito
pequeno = um milhão e meio de pessoas porque a grande maioria não tinha direito de
voto, a começar pelas mulheres). Fica decidido, na lei que aprova a realização do
plebiscito, que quem não vota, o seu voto é tomado como um voto tácito, ou seja,
conta como um voto favorável (lógica = quem cala, consente). Em abril a constituição
de 1933 foi assim aprovada, pela esmagadora maioria do eleitorado, pois grande parte
dos portugueses não foi votar.
Esta constituição é uma constituição estranha pois é a única, na história portuguesa,
que é diretamente aprovada pelo povo e, é simultaneamente
a única constituição que não estabelece em Portugal um regime liberal e democrático,
mas sim um regime ditatorial. Do ponto de vista do Governo a constituição estabelecia
uma regra pouco comum, pois Salazar ao ser totalmente antagónico à democracia, não
queria aceitar a lógica normal da mesma, em que há um Parlamento eleito e um
Governo que responde perante o Parlamento. Monta assim um sistema que consiste
em, numa primeira fase, o PDR é eleito pelo povo (vai ser eleito até às eleições de
1958) e este irá, nos termos constitucionais, nomear o primeiro-ministro, ou seja, o
Governo que responderá apenas perante o PDR.
Na teoria o PDR tinha, desta forma, um papel predominante na governação do país
sendo o primeiro-ministro subordinado a ele, mas, na prática não era isso que sucedia,
pois, quem dominou o sistema português até 1968 foi Salazar, primeiro-ministro na
altura.
Entre 1926 e 1974 houve 3 PDR´s – Marechal Carmona (que morreu durante o
exercício de funções, o Marechal Craveiro Lopes e o Almirante Américo Thomaz
(presidente à data do 25 de abril) – quando Marechal Carmona morre, o partido único
da altura (União Nacional), dominado por Salazar convida Craveiro Lopes para PDR,
que este aceita e é eleito. Acontece que ao logo do seu mandato Craveiro Lopes vai se
progressivamente afastando de Salazar chegando até a ensaiar a possibilidade de
golpes militares para afastar Salazar de funções. Então, em 1958, ao concluir o seu 1.º
mandato Salazar descontente com a sua forma de exercer afasta o das suas funções.
Esta situação demonstra que o poder está exclusivamente nas mãos do Professor
Oliveira Salazar. Durante a vigência da constituição de 1933 não houve no parlamento
um único deputado da oposição, pois todos os deputados eleitos para o parlamento
foram sempre eleitos nas listas do partido único do regime, União Nacional (mais tarde
com a substituição do Professor Marcello Caetano, Ação Nacional Popular).

Não é de estranhar que tenha surgido uma ditadura militar em Portugal na década de
30, pois foi precisamente nessa altura que surgiram as ditaduras na Europa porque o
mundo vivia (a Europa e os EUA em particular) momentos muito complicados a partir
da crise financeira de 1929. Esta crise devastadora começou nos EUA. Estes momentos
são os ideais para a demagogia e o populismo, pois as pessoas desesperadas acreditam
no que lhes prometem chegando a sacrificar a sua liberdade para obter o prometido. O
Estado Novo resiste, juntamente com a Espanha (Franquismo), até ao fim das
ditaduras, mas é confrontado a partir da década de 70 com uma enorme dificuldade =
início da guerra colonial que começa na Guiné-Bissau, em Angola e em Moçambique.
Isto significa que em primeiro lugar, um pais pequeno e pobre (o mais pobre da
Europa) vai ser chamado a um investimento enorme para manter uma guerra em três
frentes de combate ao mesmo tempo (e agora com os movimentos de libertação das
colónias com apoio militar, por exemplo, dos países comunistas), em segundo lugar, na
década de 50 as grandes e pequenas potências europeias começam a dar
progressivamente a independência às suas colónias. Esta mudança dos grandes países
e resistência portuguesa leva a um progressivo isolamento de Portugal, sobretudo ao
nível das Nações Unidas em que se começa a notar cada vez de uma forma mais
acentuada o isolamento internacional do país que a certa altura perde o apoio dos EUA
(durante a administração Kennedy). Acresce que o prolongamento da situação no
Ultramar começa a criar descontentamento dentro das forças armadas, e é esse
percurso que acaba por conduzir uns anos depois ao 25 de abril. Pelo meio, dá se ainda
um acontecimento de grandeza evidente, quando Salazar fica incapacitado devido a
um acidente vascular cerebral, trazendo ao sistema um enorme abalo, porque o
sistema era Salazar. O seu substituo vai ser o Professor Marcello Caetano, que
defendia uma progressiva abertura do regime, e é isso que se vai passar na primeira
fase do exercício das suas funções a que se deu o nome de Primavera Marcelista.
Marcello abriu um pouco o regime, havendo maior liberdade de expressão, libertou
presos políticos, autorizou o retorno de exilados políticos, amainou a intervenção da
PIDE (nesta altura, PVDE), e até incluiu, nas eleições de 1969 nas listas do partido
único, pessoas que não eram do regime – ex. º Francisco Sá Carneiro. Transmitindo
assim a ideia que estava aberto a fazer uma mudança do regime por dentro. Essa
primavera durou muito pouco tempo e a situação do país agrava se rapidamente.
A 25 de abril de 1974 dá se assim uma rutura, uma revolução militar que rapidamente
tem uma enorme adesão popular. Acaba assim a vigência da constituição de 1933, o
regime foi deposto, os seus responsáveis políticos foram presos/exilados e é preciso
construir um novo regime político. O MFA tem um programa político que assenta
projeto dos 3 D´s = Descolonizar, Democratizar e Desenvolver. A resposta aos três
grandes problemas que o país enfrentava.
Descolonizar – dar a independência às colónias, por fima guerra colonial e por fim ao
isolamento internacional a que Portugal estava sujeito;
Democratizar – por fim ao regime ditatorial e criar uma nova situação política em que
houvesse o livre exercício de manifestação, de reunião, liberdade de expressão, a
criação de partidos políticos e a realização de eleições livres;
Desenvolver – Portugal era o mais pobre e atrasado da Europa que levou a uma
massiva emigração, na década de 60, sobretudo para a Europa; desenvolver o país
acabando com a miséria, com o analfabetismo que afetava a maioria da população.
Tudo isto exige decisões políticas, e a primeira decisão foi dotar o país de uma nova
constituição. E é nesse plano que o MFA compromete se, no prazo de 1 ano, a realizar
eleições para a assembleia constituinte. Assembleia constituinte cuja função vai ser,
exclusivamente, de aprovar o novo texto constitucional. Eleições realizam se a 25 de
abril de 1975, com 90% do país a votar. A elaboração da constituição vai decorrer
desde este momento ate dia 2 de abril de 1976 quando é aprovado o novo texto
constitucional na assembleia constituinte determina a entrada em vigor no dia 23 de
abril do mesmo ano.
Esta constituição, no plano político, ao contrário do que estava planeado, os militares
não vão abdicar da sua presença na vida política. Havendo assim 5 órgãos de soberania
– Conselho da Revolução. Este órgão tinha poder executivo – governava as forças
armadas; poder legislativo – aprovava decretos de lei; jurisdicional - as vezes fazia de
tribunal constitucional. A existência de este concelho fazia com que Portugal não
pudesse entrar nas comunidades europeias porque para entrar tinha de ser um país
plenamente democrática. Esta constituição de 76 tem também uma agenda económica
mais parecida com um país do Leste (socialista) do que de um país que quer ter uma
democracia plena. Isto tudo resulta da grande agitação vivida e também de um
consenso que tem no meio o PS, que ganha as eleições em 75, que faz acordos à
esquerda e à direita. À direita com o PSD e o CDS define os termos da nossa
democracia política, os termos do nosso sistema de governo. E à esquerda com o
partido comunista acorda a parte relativa aos aspetos económicos. Isso explica a
constituição contraditória que diz, que queremos ter uma democracia plena, mas que,
ao mesmo tempo, temos militares no poder e o Estado a controlar os grandes setores
deixando muito pouco, no plano económico, para os privados. Não podendo desta
forma durar muito tempo. E esse tempo chega ao fim, quando o PS pede a adesão à
comunidade europeia, na qual só poderíamos entrar se normalizássemos tanto a nossa
vida política, extinguindo o Conselho da Revolução, como económica permitindo que a
economia portuguesa se desenvolvesse nos termos normais de uma economia aberta,
concorrencial e capitalista. Era uma constituição parcialmente nominal.

21 de abril
o que a nossa CRP determina é que lei e decreto de lei tem o mesmo valor, no ponto
de vista hierárquico estão nas mesmo posição. Podem se revogar mutuamente,
sabemos isto pq a afirmação e feita pela própria CRP (art.112º/3- as leis e decretos de
lei tem o mesmo valor). ESTAS LEIS ENCONTRAM SE NO MSM PATAR. Este princípio
não se aplica a todas as situações, é um princípio geral.

Competência concorrencial- Competência Legislativa Concorrencial – Art.º. 198o/1 al.a


– O Governo pode fazer decretos-leis em todas as matérias não reservadas à AR. Mas
este princípio não vigora quando falamos em matérias da reserva absoluta da AR- só
pode haver leis e não pode haver decretos de lei, portanto apesar de terem igual valor
não se relacionam.

artigo 112º da CRP nº2 depois de afirmar o princípio da equiparação depois diz ALTO
LÁ: ISTO É SÓ UM PRINCIPIO GERAL PQ SO É VALIDO NO DOMINIO DA COMPETENCIA
CONCORRENCIAL.

Competência Legislativa Autorizada – Art.198o/1 al.b – O Governo pode legislar em


matérias reservadas à AR, mediante uma lei de autorização (Art. 165o/2 CRP),
revestindo o ulterior decreto-lei forma de decreto-lei autorizado. A lei de autorização
servirá de orientação ao Governo e se não se observarem os requisitos constantes do
Art. 165o/2, a lei é inconstitucional. – SEM ESTA LEI NÃO PODIA HAVER DECRETO-LEI

Afinal lei e decreto de lei têm o mesmo valor?- 112º Nº2 da CRP- estabelece com
clareza, que se o decreto de lei existe pela autorização da lei, quer dizer que este está
subordinado à lei;

Competência legislativa dependente do governo- decretos de lei em desenvolvimento-


assembleia da república estabelece princípios gerais, e o governo depois respeitando
estes princípios básico impostos, desenvolve estas opções. É evidente que esta
situação é similar a situação anterior: o decreto de lei esta subordinado à autorização
legislativa, e neste acaso para haver o decreto de lei de desenvolvimento é preciso que
exista uma lei de bases. Decreto de lei desenvolvimento está subordinado à lei de
bases

artigo 112º da CRP nº2 depois de afirmar o princípio da equiparação depois diz ALTO
LÁ: ISTO É SÓ UM PRINCÍPIO GERAL PQ SO É VALIDO NO DOMINIO DA COMPETENCIA
CONCORRENCIAL.

Competência Legislativa Complementar (desenvolvimento) – Art. 198o/1 al.c. – O


Governo tem competência para legislar, no sentido do desenvolvimento dos princípios
ou das bases gerais dos regimes jurídicos das leis que a eles se circunscreverem –
decreto-lei de desenvolvimento – tem uma ligação direta com as leis de
desenvolvimento.

Função administrativa é uma função subordinada à função legislativa.

A nossa CRP estabelece um mecanismo específico de fiscalização de respeito de atos


legislativos por outros atos legislativos. – QUEM TEM COMPETENCIA Q UM ATO
LEGISLATIVO NÃO PODE SER IMPOSTO, POR VIOLAÇÃO A OUTRO ATO LEGISLATIVO? –
o tribunal constitucional. Por exemplo, o artigo 281º nº1- as seguintes alíneas.

Lei de valor reforçado- leis que se impõem as outras leis- as leis ordinárias- artigo 112º
nº3- este artigo estabelece 4 categorias de leis que estão acima das leis ordinárias:
1. leis orgânicas;
2. leis que carecem de aprovação por maioria de 2/3;
3. leis que constituem pressuposto normativo necessário de outras leis;
4. leis que devam ser respeitadas por outras leis

As leis de valor reforçado, podemos para as compreender melhor, dividir estas 4


categorias de leis em dois grupos:

1. leis de valor reforçado pelo procedimento: processo de aprovação mais


exigente que as leis ordinárias, o das leis comuns, normais. E por isso chama se
de valor reforçado devido ao modo de como são aprovadas. (pontos: 1 e 2);
2. leis de valor reforçado pelo conteúdo: valor reforçado devido aquilo que dizem.
(pontos: 3 e 4);

o que as distingue é precisamente aquilo que esta dito na sua designação, há leis de
valor reforçado devido ao processo de aprovação mais exigente que as leis ordinárias.

Lei orgânica- não e uma expressão muito feliz, e podia se chamar quase lei chupa
chupa; esta lei deveria regular o que tem a ver com órgãos , mas em Portugal não tem
a ver com isso, a constituição chamou lhe orgânica, copiando a expressão de outras
ordens jurídicas e na sua esmagadora maioria são leis que dizem respeito a
determinadas matérias que a crp regulamenta, na matéria x são leis orgânicas,
basicamente são leis relevantes.

23 de abril
112º/3
Leis de valor reforçado (continuação)

CATEGORIAS DE LEIS DE VALOR REFORÇADO PELO SEU PROCEDIMENTO

LEIS ORGÂNICAS
 só podem ser aprovadas pela AR;
 são matérias da reserva absoluta da AR;(todas as matérias de lei orgânica
exigem reserva absoluta, mas nem todas as matérias de reserva absoluta
exigem que seja lei orgânica)
 as leis orgânicas são leis de valor reforçado também pelo procedimento: têm
de ser aprovadas por maioria dos deputados em efetividade de funções;
 estas leis têm um regime mais exigente em caso de veto do presidente da
república.
 Portanto outra característica das leis orgânicas tem que ver com o seu regime
de fiscalização preventiva da constitucionalidade

1. leis orgânicas- leis que são constituídas por um conjunto de critérios, que a
CRP estipula. Estão reguladas em vários sítios, mas há uma norma
constitucional em específico que a estipula que é o artigo 166º/2- é este
artigo que diz desde logo onde é que podem existir leis orgânicas. As leis
orgânicas são sempre leis da assembleia da república, mas pela
circunstância de ser a Assembleia da república a regular esta lei, não
significa que seja o legislador a decidir quando é que pode ou não aprovar
as leis orgânicas, as leis orgânicas resultam da constituição, mas não
resultam da vontade do legislador. Se a CRP disser que a matéria x exige a
lei orgânica é só esta matéria e não outras.
Se a CRP diz que uma determinada matéria requer uma lei orgânica, ela só
pode requerer uma lei orgânica, portanto a assembleia da republica não
pode dizer “ok também sob esta matéria tem que haver leis orgânicas mas
eu vou só tratar aqui de um detalhe e portanto como é um detalhe não vale
a pena uma lei orgânica sobre esta questão- não e assim”.
Diz o artigo 166º/2 da CRP, remete nos para um artigo, dizendo que sempre
que eu tratar de uma matéria referente as alíneas a), b), c), d), e), f), h), j),
primeira parte da alínea l), alínea q) e t) do artigo 164º eu tenho de aprovar
uma lei orgânica, a isto acresce os termos do 166º/2 o facto de exigir
também uma lei orgânica criação de régios administrativas, as tais q não
existem porque o artigo 166º/2 depois de elencar um conjunto de alíneas
do artigo 164º fala ainda do artigo 255º. Ficamos desde logo a saber que as
leis orgânicas, para alem de serem leis que só podem ser aprovadas pela
assembleia da republica, são leis que incidem sempre sobre matéria da
reserva absoluta da Assembleia da republica porque somos remetidos para
o artigo 164º. Mas se olharmos para o artigo 164º e 166º concluímos que
em matéria de reserva absoluta há situações em que é preciso lei orgânica,
mas há outras em que não é exigida a lei orgânica, como é o exemplo da
alínea g) do artigo 164º;
2. as leis orgânicas são leis de valor reforçado também pelo procedimento,
tem uma maioria de aprovação mais exigente do que as leis ordinárias
(artigo 116º/3), portanto estas leis não se situam no princípio da maioria
absoluta ou relativa situa se, portanto, no patamar da maioria absoluta-
artigo 168º/5. Exemplo para compreender este artigo: imaginando que no
momento da votação estão presentes 150 deputados, 100 votaram a favor
e 50 votaram contra, a maioria absoluta de 150 é 76, ora aqui há maioria
absoluta, mas há maioria absoluta dos deputados que votaram, a CRP exige
maioria de 2/3 todos os deputados, independentemente da altura dos que
estavam presentes na altura da votação, o que significa portanto, que uma
lei orgânica carece de aprovação por maioria de 116 deputados, toda e
qualquer lei orgânica exige sempre para ser aprovada maioria absoluta dos
230 deputados que é 116 deputados.
O processo legislativo da assembleia da república é composto (artigo
168º/2) por 3 votações: votação na generalidade, votação na especialidade
e uma votação final global- ARTIGO 168º/5 IMPOE MAIORIA ABSOLUTA SO
NA VOTAÇÃO FINAL GLOBAL.
O presidente da república tem a capacidade de vetar uma lei, caso discorde
com ela. Quando isto acontece. Lei volta para a assembleia da republica, e
uma das hipóteses que esta tem é “comprar uma guerra com o presidente
da republica”- a assembleia quer a lei e por isso a aprovou a, o presidente
não a quer, por isso vetou a, a assembleia pode fazer um braço de ferro
com o presidente e querer forçar o presidente da republica a promulga a lei
que vetou e a AR pode fazer isto aprovando a lei outravez com uma
determinada maioria, maioria que será mais exigente que a maioria inicial,
ou seja , se uma lei inicialmente só exigia maioria simples, no caso do veto
do presidente, na reprovação da confirmação da lei, requer maioria
absoluta (maioria de 2/3)- artigo 136º/2. A maioria de 2/3 é exigida para a
confirmação de decretos que revistam a forma de lei orgânica (leis
ordinárias é maioria absoluta 116 votos e nas leis orgânicas é superior à
maioria absoluta, maioria de 2/3 dos deputados em efetividade de funções,
é necessário que estes 2/3 sejam pelo menos 117). Conclusão- estas leis
têm um regime mais exigente em caso de veto do presidente da república.
3. Fiscalização preventiva da constitucionalidade- o presidente da república,
uma das hipóteses que tem a seu dispor quando recebe um diploma para
promulgar é pedir ao tribunal constitucional se alguma das dúvidas de
constitucionalidade que ele tem se encontram fundamento ou não. O
presidente tem capacidade de veto, mas não tem capacidade para dizer se
uma lei é inconstitucional ou não e por isso se tem dúvidas pergunta ao
tribunal constitucional pois é a este que cabe decidir essas matérias
O único órgão a nível nacional que pode pedir a fiscalização preventiva
(fiscalização que é solicitada quando o presidente da república recebe o
diploma proveniente da assembleia da república), é o presidente da
república- artigo 278º/1. Esta regra só admite uma exceção que é no caso
das leis orgânicas- artigo 278º/4.
Portanto outra característica das leis orgânicas tem que ver com o seu
regime de fiscalização preventiva da constitucionalidade, enquanto que as
leis ordinárias só podem o seu objeto de fiscalização a pedido do presidente
da república, no caso das leis orgânicas, para alem do presidente da
república, poderá ainda pedir a fiscalização preventiva, o primeiro ministro
ou 1/5 dos 230 deputados da assembleia da república.
Resumindo:
Há quatro grandes características que distinguem as leis orgânicas:
1. a matéria sobre a qual elas incidem- artigo 166º/2 que remete para
várias alíneas do artigo 164º e para o artigo 255º;
2. segundo aspeto: maioria de aprovação necessariamente maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções, ou seja, 116
deputados de acordo com o 168º/5, mas apenas na última das votações
a que as leis estão sujeitas na assembleia da república, isto é, votação
final global;
3. terceira característica: exigência de uma maioria de confirmação maior
em caso de veto por parte do presidente da república, maioria de
confirmação de 2/3 de acordo com o artigo 136º/3;
4. quarta característica: única categoria de leis em que a fiscalização
preventiva ao tribunal constitucional pode ser requerida para alem do
presidente da república pelo primeiro ministro e por 1/5 dos 230
deputados – artigo 278º/4.
28 de abril
Segundas categorias de leis de valor reforçado pelo procedimento

LEIS QUE CARECEM DE APROVAÇÃO POR MAIORIA DE 2/3:


São leis relativamente poucas e a CRP dedica uma norma só a estas leis- artigo 168º/6-
portanto só exige maioria de 2/3 as leis previstas nas seis alíneas do artigo 168º/6:
1. as leis que regulam a entidade de regulação da comunicação social;
2. a lei relativa à renovação de mandato- lei que estabelece que se pode limitar o
direito das pessoas se candidatarem a um cargo quando já tenham cumprido o
número máximo de mandatos desse cargo;
3. a lei que determina quem é que determina que os portugueses emigrantes
podem votar para o presidente da república;
4. certas leis em matéria eleitoral (artigos referidos na alínea d))
5. as leis que restringem os direitos dos militares ou dos agentes das forças de
segurança;
6. as leis sobre as regiões autónomas;
mas afinal qual é a maioria de 2/3? SÃO OS DEPUTADOS PRESENTES DESDE QUE SEJAM
SUPERIORES À MAIORIA ABSOLUTA DOS DEPUTADOS EM EFETIVIDADE DE FUNÇÕES,
ou seja, 2/3 dos deputados em efetividade funções quer dizer que implica 2/3 dos 230
deputados, mas aqui o que diz é 2/3 dos deputados que tenham votado, desde que
esses 2/3 correspondam pelo menos a 117, ou seja como o artigo diz implica que seja
2/3 dos deputados que votaram desde que esse numero de deputados que votou seja
superior a maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, que é 116,
portanto os 2/3 têm de ser pelo menos 117 ou mais, nunca pode ser. Por exemplo,
admitindo que no momento da votação estavam 150 deputados, no momento do voto
votaram 150, 2/3 de 150 são 100 (a conta é: 150:3=50; 50x2= 100 deputados) se
votaram 150 deputados e houve 100 votos a favor houve 2/3, mas esses 2/3 são 100 e
por isso não correspondem a um numero superior à maioria absoluta e portanto o
critério do artigo 168º/6 não está preenchido.
Também pode acontecer, que haja 117 votos, mas que não corresponda a 2/3.
Admitindo que estavam presentes todos os deputados (230). 117 é superior à maioria
absoluta, mas 2/3 de 230 não é 117, é 153.

MAIORIA DE 2/3 DOS DEPUTADOS PRESENTES, DESDE QUE SUPERIOIR À MAIORIA


ABSOLUTA DOS DEPUTADOS EM EFETIVIDADE DE FUNÇÕES, É EM QUE VOTAÇÕES?
Seja qual for a votação da república, a maioria exigida tem de ser esta maioria
qualificada, ao contrário do que acontece com as leis orgânicas em que a maioria
absoluta só exigida na última votação.
CATEGORIA DE LEIS DE VALOR REFOÇADO PELO SEU CONTEUDO (aqui existe relação
entre A e B )

LEIS QUE CONSTITUEM PRESSUPOSTO NORMATIVO NECESSÁRIO DE OUTRAS LEIS:


(os nossos mais são o pressuposto da nossa existência, sem pais não há filhos. Uma lei
é pressuposta normativo necessário de outra lei, quando a segunda não pode existir
sem a primeira)

São leis de reforçado, aquelas que sem as quais outas leis não podem existir.
Por exemplo as leis de autorização legislativa são o pressuposto normativo necessário
dos decretos de lei autorizados, não pode haver um decreto de lei autorizado se não
houver um decreto de lei autorizado.
Isto estabelece uma relação entre A e B, A é pressuposto normativo necessário de B se
a existência de B estiver associada à existência de A: eu não existo sem os meus pais,
mas os meus pais existem sem mim; não pode haver um decreto de lei autorizado sem
ter uma lei de autorização porque a CRP é clara.

AS LEIS QUE POR OUTRAS DEVAM SER RESPEITADAS:


Tem valor uma lei, que existindo, tem de ser respeitada por outras leis, ou seja,
admitindo A e B, nesta situação para existir B não é obrigatório que exista A, mas se A
existe B tem que obrigatoriamente de respeitar A, a aprovação da lei B não está ligada
direta ou indiretamente com a lei A. por exemplo, a existência de um pai ou uma mãe
é um pressuposto necessário para a existência de um filho, admitindo que os pais têm
irmãos, a existência dos filhos não esta dependente dos tios mas se os tios existem , os
sobrinhos devem respeito aos tios, a sua existência não dependem dos tios, se não
tiverem tios, não lhes devem respeito mas no caso de existirem devem respeito.
Por exemplo:
A LEI DO ORÇAMENTO: nenhuma lei pode vigorar no ano orçamental se desrespeitar a
lei do roçamento, se quiser aprovar uma lei sobre a concessão de subsídios por força
do COVID, só o posso fazer se tiverem dentro dos limites do orçamento.
Imaginando que estávamos numa situação de normalidade e eu queria aumentar os
funcionários públicos e havia uma maioria na Assembleia da republica que queria
aumentar os funcionários públicos, eu podia faze lo mas só se fosse para o ano
orçamental de 2021, porque eu não podia faze lo em 2020 porque seria desrespeitar a
lei do orçamento.

NOVA MATÉRIA

ANÁLISE DO PROCESSO LEGISLATIVO


1. como se fazem processos legislativos?
2. Como se fazem leis?

1. como se fazem processos legislativos?


É um procedimento complexo que se divide em várias fases, a doutrina portuguesa
mão é unanime quanto a este processo, pois por exemplo, o professor Jorge
Miranda fala e 4 fases e o professor Gomes Canotilho fala em 5 fases; é indiferente,
mas o professor prefere a teoria as 4 fases.
Mas aqui o que interessa sobretudo é o que se passa dentro destas fases e para
percebe lo, interessa nos designar essas fases:
1. fase de iniciativa- fase onde tudo começa, onde alguém tem uma ideia e
apresenta essa ideia;
2. fase de apreciação- fase de estudo;
3. fase de deliberação/ fase de discussão e votação/ fase constitutiva;
(NESTAS TRES FASES TUDO SE PASSA NO ÂMBITO DA AR, DENTRO DA AR)- fase
da decisão
4. fase de controlo/ fase de promulgação veto ou fiscalização- o presidente da
república vai olhar e controla lo- promulgar, vetar ou pedir a fiscalização- fase
que vai para o presidente ;
5. fase de integração de eficácia- corresponde à publicação no diário da
república; (professor gomes Canotilho considera que este processo só termina
aqui, já o Jorge Miranda considera que não porque a publicação não e condição
de existência da lei mas da sua eficácia portanto, já não faz parte do processo
legislativo)

30 de abril
167º/1- este artigo diz que a iniciativa de lei compete aos deputados, aos grupos
parlamentares e ao governo e ainda nos termos estabelecidos na lei , os grupos de
cidadãos eleitores- ficamos a saber com este artigo que há 5 entidades diferentes que
podem apresentar processos legislativos, 2 pertencem à Assembleia da república (são
os deputados individualmente considerados e os grupos de deputados (isto é os
deputados que pertencem aos mesmo partido))e as outras 3 são externas (o governo,
as assembleias legislativas das regiões autónomas e os grupos de cidadãos eleitores).
O elenco destas entidades pode causar alguma perplexidade e justifica um conjunto de
explicações:
1. QUESTÃO: Porque é que o governo pode legislar e fazer decretos de lei?
porque é que as regiões autónomas através das assembleias legislativas
podem legislar, podem fazer decretos legislativos regionais e ao mesmo
tempo lhes dá o direito de poderem desencadear um decreto legislativo na
assembleia da república? Porque é que elas podem fazer isto?
Porque como sabemos, há muitas questões em que só a assembleia da
república pode legislar. POR EXEMPLO: Se o governo precisar fazer alguma
mudança respetiva às forças armadas tem que pedir à assembleia da
república que aprove, pois este assunto é matéria de reserva absoluta da
assembleia da república- artigo 164º al.d)- por isso a única maneira, é fazer
uma iniciativa legislativa competente; e o mesmo se aplica às regiões
autónomas, pois há muitas matérias em que as regiões autónomas não
podem legislar e por isso se entenderem que é necessário aprovar uma lei a
única maneira de o fazer é solicitar à Assembleia da república que o faça
através de uma apresentação da iniciativa legislativa da assembleia da
republica.

 A propósito deste primeiro ponto é importante distinguir: iniciativa


legislativa de competência legislativa. Ora iniciativa legislativa é o
poder de desencadear o processo de feitura de uma lei na
assembleia da republica e por isso é que se chama iniciativa; e
competência legislativa é o poder de legislar, por exemplo, os
deputados têm iniciativa legislativa, mas como sabemos não têm
competência legislativa pois quem tem é a assembleia da república,
Joacine catar Moreira tem iniciativa legislativa, mas não tem
competência para legislar. Basicamente: inicativa é desencadear um
ato legislativo e a competência é aprovar esse ato legislativo (que só
a assembleia da república tem essa competência)

 Nem todas as entidades podem apresentar iniciativas legislativas da


mesma forma. Enquanto que as entidades internas da assembleia da
república podem apresentar as iniciativas legislativas que quiserem,
as assembleias legislativas das regiões autónomas só podem fazer
em matérias em que se justifique que o façam, porque tem uma
relação direta com as regiões.

 É importante referir que os grupos de cidadãos eleitores podem


prestar iniciativas legislativas lá por os cidadãos apresentarem uma
iniciativa, não significa que eles tenham de ver essa iniciativa
aprovada, apesar de vivermos em democracia, quem decide é o
parlamento e, portanto, o parlamento, seja ela de que entidade for,
estas serão tratadas todas da mesma maneira;

 Diz o artigo 167º/1 que as iniciativas legislativas compete, nos


termos estabelecidos na lei, a grupos de cidadãos eleitores, ou seja,
não é a CRP que define diretamente essas condições, recordando o
exemplo das normas nãos exequíveis por si mesmas, a norma é um
direito que os cidadãos têm de apresentar iniciativas legislativas e
faz depender o exercício deste direito, a concretização que seja feita
pelo legislador- o legislador está assim obrigado a aprovar leis que
deem corpo a este direito- e de facto, existe uma lei que se chama
lei de corpo popular que vem dar corpo a esta norma constitucional
e que define desde logo um critério limitativo numérico, do qual diz
que são precisas 20 000 para que uma iniciativa legislativa seja
apresentada na AR;

 As iniciativas legislativas têm um nome diferente dependendo das


entidades de que advém, por exemplo, uma iniciativa legislativa
apresentada por um deputado tem o nome de projeto de lei;
proveniente do governo tem o nome de proposta de lei; portanto,
basicamente, projeto- interna; externa- proposta
 O artigo 167º estabelece um conjunto de limitações à apresentação
de iniciativas legislativas- artigo 167º/2, por exemplo- não podem,
por exemplo, apresentar propostas de lei que envolvam, no ano
económico em curso , aumento ou diminuição das receitas do
estado previstas no orçamento, o orçamento só pode ser alterado
por leis orçamentais.

FALANDO DAS FASES MAIS EM ESPECÍFICO

Então o que é que acontece a uma iniciativa legislativa?


A iniciativa legislativa, sendo proposta ou projeto, é apresentada sob forma de artigo,
ao presidente da republica, porque é este que decidirá se esta proposta/projeto de lei,
reúne um conjunto de condições necessárias para poder iniciar o seu percurso na
Assembleia da república, por exemplo, se eu entregar uma iniciativa só em texto, sem
ser sob forma de artigo e alíneas ela não pode ser aceite. – 1º fase das iniciativas
legislativas. Entretanto se o presidente da república aprovar esta iniciativa passamos
para a segunda fase:

2. FASE: (única que não vem prevista na CRP) Fase de apreciação (GC) ou
Fase Instrutória (JM) – fase de estudo e ponderação. Uma iniciativa
legislativa, ou a vontade que se tem de aprovar uma lei, tem consequências
do mais diverso nível, por isso é preciso ponderar muito bem esta iniciativa
para se poder ver todos os aspetos, todas as implicações que aprovar esta
lei vai ter e se valem a pena, mas esta fase não é uma fase eliminatória, é
mesmo apenas uma fase de estudo e deliberação;

3. FASE: fase constitutiva (GC) ou discussão ou votação (JM)- nesta fase, a


assembleia da republica pela primeira vez, vai ter que tomar uma atitude
sobre a iniciativa, uma atitude em duplo plano: primeiro em debates,
dizendo o que é que entende, se concorda ou não com ela e porquê, e
depois, nas votações – votar a favor, contra ou absterem se. esta fase está
prevista na constituição no artigo 168º, dizendo nos os eu numero 1 e 2 que
na assembleia da república existem duas discussões, e que existem 3
votações. portanto a lógica é: começamos pela discussão na generalidade –
votação na generalidade; discussão na especialidade (mais especifica)-
votação na especialidade e por fim a votação final global.

Mas porque tanta discussão? Porque tem de ser porque legislar não é uma
coisa simples e pode ter consequências muito graves.
E o que é a na generalidade e na especialidade?
 Discussão na generalidade- versa sobre (artigo 147º/1 da RAR) os
princípios e o sistema de cada projeto ou proposta de lei, ou seja,
quando se discute o que está em cima da mesa é dizer mos se
estamos ou não com as orientações fundamentais do diploma que a
iniciativa estabelece. Não vamos entrar na análise detalhada dos
artigos e alíneas, aqui o que interessa saber em termos gerais, se as
ideias que estão aqui subjacentes merecem a nossa concordância ou
não. Por exemplo: se discutirmos sobre uma floresta, quando eu
discuto o que vou discutir é sobre as características gerais da
floresta, a aparência global que ela tem, não vou olhar para cada
uma das diferentes arvores. Na generalidade é uma questão
meramente política; esta discussão na generalidade ocorre
obrigatoriamente no plenário da assembleia da república, sempre e
nem é possível ser de outra maneira
 Discussão na especialidade- (artigo 152º/1 RAR) versa sobre cada
artigo, cada número e cada alínea da iniciativa. Nesta fase já se olha
para “cada árvore, cada galho e cada ramo”. Na especialidade é
uma questão também politica, mas também técnica, pois tem que
redigir os artigos de forma a que eles sejam mais adequados
possível e permitam alcançar tanto quanto isso é garantivel à
partida os resultados a que se destinam; esta discussão, por ser mais
complexa e técnica é feita nas comissões parlamentares, as vezes
pode ser exigida pela constituição que seja feita no plenário-artigo
168º/4-, mas na esmagadora maioria dos casos é feita nas
comissões parlamentares- artigo 168º/3
Aqui o RAR não podia ser mais diferente, pois no 147º/1 diz que a discussão
na generalidade versa sobre os princípios e o sistema de cada iniciativa, já o
152ª/1 versa sobre cada artigo.
Estando assim explicado o porque destas duas se complementarem.
Quando há discussões e votações na generalidade, em muito dos casos,
o tempo máximo que cada partido tem para intervir são 3 minutos, o
que significa que um debate na assembleia da republica não chega a ter
25 minutos, mesmo nos casos muito importantes, cada grupo
parlamentar quando há 3 minutos para todos mas quando há mais
tempo, depende da representatividade do partido , há um partido que
pode ter 9, outro tem 6 e outro tem 2 minutos e mesmo nestes casos,
falamos de menos de uma hora, para discutir na generalidade.8

5 de maio
continuação da aula anterior
4. FASE: A iniciativa legislativa após ser aprovada, passa a ser chamada de
decreto da assembleia da república, mas este decreto não é um ato
definitivo, é apenas a decisão da assembleia que depois será submetido ao
presidente. E o presidente após receber o decreto da assembleia da
república, tem três opções a fazer: vetar, aprovar ou requer uma
fiscalização preventiva. A partir do momento em que está nas mãos do
presidente da república, no palácio de belém, este processo sai pela
primeira vez da assembleia da república, pois até esta fase passou se
sempre na assembleia. Podendo assim dizer que o presidente da república
irá receber uma função de controlo. E este seu controlo, pode assumir dois
planos diferentes: controlo jurídico (prende se com a circunstância de o
presidente da republica ter duvidas quanto à compatibilidade com a
constituição do diploma e pedir ao tribunal constitucional que lhe tire essas
duvidas e chama se jurídico por isso, porque este não está a dizer se acha
bem ou mal o diploma, mas sim apenas a manifestar a suas duvidas-
fiscalização preventiva da constituição) ou o controlo politico que para está
fase é o que nos temos de centrar.
O controlo político traduz se na possibilidade de o controlo político praticar
dois atos- artigo 136º- promulgação e veto, o presidente da republica,
quando recebe um decreto da assembleia da república, fará uma leitura
politica, e a leitura politica levará a duas consequências, ou ele entende que
não há nada que impede a entrada deste diploma ou então entende pelo o
contrário que as consequências deste diploma são negativas. Se a leitura
for a primeira, então promulga o diploma;
Se pelo contrário, a sua leitura for a segunda, ele vetará o diploma; (por
esta razão diz se veto político, porque o que está em causa é uma leitura
política). Quando é votada, significa a sua inexistência jurídica.

Quando é que o presidente da república promulga e veta politicamente diplomas?


O presidente da república só pode vetar um diploma quando entender que as
consequências deste, são altamente gravosas para a sociedade portuguesa, não
porque o presidente pessoalmente discorda dele
O presidente da república não faz política partidária.
Um grande exemplo, foi o professor Cavaco Silva, toda a vida foi contra o aborto e
quando foi presidente teve de aprovar o aborto porque não podia vetar só porque
pessoalmente era contra.

O que acontece se o presidente da república vetar um diploma?


O presidente quando veta, devolve o diploma à assembleia da república- artigo
136º/1.
No fundo o veto é uma não promulgação, o presidente, como dia o artigo 136º/1, tem
de escrever uma mensagem muito bem fundamentada a dizer o porquê de não
promulgar a lei, e dar os seus argumentos necessários e solicita uma nova apreciação
do diploma. Esta mensagem fundamentada, é essencial não só porque o presidente
não pode só dizer que veta e pronto mas é essencial porque a assembleia da república
precisa de saber porque é que o diploma não foi aprovado para poder avaliar o que vai
fazer a partir daí, a circunstância de o presidente da republica ter vetado o diploma,
não significa que seja encerrado, a assembleia da republica pode intervir e tem várias
possibilidades para o fazer , e para agir tem que saber porque é que o presidente da
republica não promulgou o diploma, e se o presidente da republica não fosse obrigada
a fundamentar as suas decisões, a assembleia da republica ficava sem saber o que
fazer, sem saber resolver o problema.

Depois de vetado, o diploma volta a AR. O que pode esta fazer?


1. Pode não fazer nada, ou seja, pode ler o decreto do presidente da república e
dizer “ok. Tens razão”, mas na esmagadora maioria dos casos, nunca acontece.
2. A assembleia da república reconhece razão ao presidente da república e diz
“ok. O presidente tem razão, e como tem razão, eu vou mudar o diploma, isto
é, vou ter em conta as razões pelas quais o presidente solicitou a nova
apreciação e vou refazer o diploma de forma a ultrapassar as acríticas do
presidente da republica esperando que modificado o texto, o presidente possa
num novo momento promulgar aquilo que no primeiro momento se recusou a
fazer.”, ou seja, como o presidente pode ter razão quando diz que o diploma
não tem pés para andar pela razão y, x e z, a assembleia da republica pode
aceitar as sugestões do presidente, não no sentido de fazer morrer o diploma,
mas no sentido de reformular o texto do diploma de forma a ter em conta as
criticas do presidente da republica e a construir, um novo texto que de alguma
forma, permita ultrapassar as criticas e as objeções do presidente da republica.
a. Texto depois de modificado é entregue ao presidente da república: e
por isso, estamos sob um novo decreto da assembleia da república,
porque o texto é diferente, e mesmo que a assembleia da república
tenha alterado uma pequena norma, o texto continua a ser diferente, já
não é o mesmo. E portanto quando se devolve ao presidente da
republica, o presidente pode promulga-lo mas pode outravez veta lo. Só
não o podia fazer se o texto fosse exatamente igual ao anterior, mas o
texto não pode ser exatamente igual ao anterior porque a assembleia
da republica o alterou.
3. O surgimento de um conflito entre o presidente e a assembleia da república:
isto é, o presidente não quer o diploma e por isso vetou o, mas a assembleia da
república achaque o presidente não tem razão, e que é entendimento da
assembleia da republica que o diploma deve entrar em vigor exatamente nos
mesmos termos que foi inicialmente enviado para o presidente da republica,
ou seja, há uma derradeira possibilidade de intervenção da Assembleia da
republica- artigo 136º - que é a possibilidade de confirmação do diploma , ou
seja, surgiu um conflito entre a assembleia da republica e o governo, a
assembleia da republica quer aquela lei e o governo não quer e por isso vetou
a, surgido este conflito, o conflito pode ser disfarçado, e é disfarçado quando a
assembleia da republica o deixa morrer dando razão ao presidente, mas caso
não dê razão pode assumir diretamente o conflito- artigo 136º/2&3 que
permite a assembleia da republica ultrapassar o veto do presidente da
republica, votando novamente o diploma.
a. E como é que a assembleia da república ultrapassa o veto do
presidente da república? Claro que para começar, não pode ser com os
mesmos requisitos que teve na primeira votação tendo por isso, de ter
uma maioria de 116 deputados para que o presidente seja
constitucionalmente obrigado a promulgar o diploma no prazo de 8 dias
a contar da sua receção, não tendo outra alternativa, portanto em
teoria, a assembleia da republica, ganha sempre este conflito, na prática
pode acontecer casos de não ganhar pois pode não ter uma maioria
absoluta – 136º/2- mas quando se trata de matéria relacionada com as
alíneas a), b) e c) do nº3 do art. 136º, já não se trata de uma maioria
absoluta, mas sim de uma maioria qualificada, sendo por isso requerido
uma maioria de 2/3 dos deputados que votaram, desde que essa
maioria seja superior ou igual, pelo menos, a 117 (tem de ser superior à
maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções). O que
significa que se estivermos perante uma lei orgânica que foi vetada e
que vai ser uma tentativa de confirmação pela assembleia da republica,
se estiverem 150 deputados no momento da votação e 100 votarem a
favor e 50 votam contra, estão 2/3, pois 100 é 2/3 de 150 mas 100 não
é igual ou superior a 117, portanto neste caso, a maioria de
confirmação, não se encontraria reunida pois não estaria preenchido o
requisito de que os 2/3 dos deputados tem de ser superior à maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções (117); no caso de a
Assembleia conseguir atingir a maioria de 2/3 dos deputados presentes,
desde eu essa maioria seja superior à maioria absoluta dos deputados
em efetividade de funções, então o presidente é obrigada a promulgar o
diploma que foi confirmado.
Concluindo assim que no plano teórico constitucional a assembleia da
república tem sempre a possibilidade de vencer o litígio com o
presidente da república.

7 de maio
continuação da aula anterior

acabando o processo legislativo parlamentar, vale a pena estabelecer uma


comparação em o que se passa, no caso de se tratar de um decreto para ser
promulgado como lei, isto é, de um diploma originário da assembleia da republica ou
se tratar antes de um decreto para ser promulgado como decreto-lei, isto é se for um
diploma proveniente do governo, porque como sabemos, quer os diplomas da
assembleia da republica que visam ser lei ou quer os diplomas do governo que visam
decreto-lei tem que ser objeto de promulgação pelo presidente da república.
Como podemos ver, no artigo 134º al. b) determina que compete ao presidente da
república, promulgar e mandar publicar as leis e os decretos de lei, portanto,
concluímos que tanto das leis provenientes da assembleia da república, como os
decretos de lei provenientes do governo têm que ser promulgados pelo presidente da
república.
Mas o que é que acontece se o presidente da república vetar um decreto de lei do
governo para ser promulgado como decreto-lei?
A constituição tem uma solução e regras para este caso, estando elas situadas no
artigo 136º/4. A constituição trata este acontecimento de maneira diferente de
quando o presidente veta os diplomas da assembleia da república:
1. diferença: o prazo. Enquanto que o prazo para o presidente da república
promulgar ou vetar diplomas da assembleia da república é de 20 dias- 136º1-,
no caso dos decretos -lei do governo, o prazo é de 40 dias – 136º/4- tendo o
presidente da república o dobro do tempo;
2. diferença: a relação. no caso da relação entre o presidente e o governo,
acontece uma coisa que não ocorre, normalmente, entre o presidente e a
assembleia da república. Muitas vezes o presidente não veta diplomas do
governo porque de uma forma discreta se estabelecem contactos entre o
gabinete do presidente e o governo, no sentido de ser modificado o diploma
para ir ao encontro da vontade do presidente, ou seja, basicamente antes de
enviarem o diploma ao presidente, falam antes e o presidente diz os pontos
negativos do diploma para na altura de enviarem o diploma e do presidente o
ver já não haver aspetos que o presidente discorde;

O que pode o governo fazer em caso de veto do presidente da república?


1. Pode simplesmente não fazer nada, deixa o diploma morrer, caso achar que
realmente o fundamento do presidente é de tal forma significativo que, este
diploma não pode subsistir sem as normas que levaram ao veto e, portanto,
deixam morrer o diploma (acontecimento rara, que o professor nunca viu);
2. Pode, de facto, alterar o diploma de forma a que vão ao encontro de ideias,
exatamente como na assembleia da república- basicamente o diploma volta ao
governo, o governo modifica o diploma e o presidente da república poderá
vetar ou promulgar, exatamente como na assembleia da república;
3. O governo não pode fazer mais do que isto, não tem a terceira possibilidade
como a assembleia da república tem, que é a possibilidade de confirmação do
diploma.
O governo neste caso, não tem maneira de forçar diretamente o presidente a
promulgar o diploma.
Não faria sentido o governo ter esta possibilidade de entrar num conflito com o
presidente pois o governo foi eleito pelo presidente que não é o caso da
assembleia da república.
“quem não tem cão caça com gato”- Mas, o governo pode indiretamente dar a
volta ao texto: o governo pode pegar no texto vetado pelo presidente da
republica, fazer copypaste e em vez de lhe chamar projeto decreto-lei, chamar
lhe de proposta de lei, ou seja, o governo não tendo conseguido no exercício da
sua competência legislativa por força do veto do presidente fazer aprovar um
decreto de lei, pode por isso transformar este decreto numa proposta de lei e
envia lo à assembleia da republica, não esquecendo que a assembleia da
republica tem competência para legislar sobre todas as matérias menos uma
que é a organização e funcionamento do governo- admitindo que o governo vai
enviar um decreto de lei ao presidente da republica para criar 4 primeiros
ministros e o presidente diz logo que não e que isso é uma loucura e aí não há
nada a fazer porque como sabemos, nos termos do 198º/2 a organização e
funcionamento do governo é uma função exclusiva dele próprio, a assembleia
não pode meter o nariz aí, mas tirando isso, a assembleia pode legislar sobre
qualquer matéria e portanto o governo pode fazer o seguinte raciocínio:
“pensas que ganhaste mas não ganhaste, porque nós agora vamos pegar no
diploma que tu vetaste e vamos transpô-lo palavra por palavra e vamos fazer
dele uma proposta de lei e envia-lo à assembleia da republica e aí o presidente
da republica terá que engolir a seco e na assembleia pode haver a tal maioria
absoluta para depois poder ser aprovado e o presidente assim ser obrigado a
promulgar”-233º/4, fala a propósito das regiões autónomas, mas é um regime
igualzinho a este, o 136º/4, poderia ter a mesma formação.

12 de maio
último capítulo da nossa matéria- FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE

o que é uma inconstitucionalidade?


Em termos simples, é a violação da constituição. É uma desconformidade com a
constituição que tem importância, e tem importância porque o documento que se
encontra acima de todas as normas sendo evidente, portanto, que aquilo que seja
desconforme a constituição é inconstitucional.
Numa abordagem mais restrita, o conceito de inconstitucionalidade tem a ver com o
incumprimento da constituição por parte de quem exerça poderes de natureza
pública, ou seja, a inconstitucionalidade tem a ver com a atitude do poder político ou
daqueles que por decisão do poder político exercem poderes públicos. Nesta medida,
algo que venha por parte do presidente da república, da assembleia, etc., pode ser
inconstitucional se violar a constituição, mas também poderá ser inconstitucional o ato
de uma federação desportiva ou uma concessionária de autoestrada, porque as
confederações desportivas e as concessionárias de autoestradas, têm delegações dos
poderes do estado. Já não se pode falar em inconstitucionalidade em atos
provenientes de entidades privadas, por exemplo, os regulamentos do millenium BCP
não podem ser inconstitucionais, podem padecer de outros vícios, podem violar
matérias, mas não se coloca relativamente a eles questões de inconstitucionalidade
pois a inconstitucionalidade é o incumprimento da constituição por parte de órgãos do
poderes politico ou por entidades publicas em quem elas deleguem competências, só
entidades que tenham jus imperii é que podem praticar atos inconstitucionais.

 Quando falamos em violação da constituição, falamos claramente em


inconstitucionalidade, mas falamos também no conceito de ilegalidade e este
conceito é um conceito que pode ser encontrado em dois níveis- nível do
direito constitucional e nível do direito administrativo.
No plano constitucional, o que distingue uma inconstitucionalidade de uma
ilegalidade é que uma inconstitucionalidade é no plano constitucional, como o
nome indicada, é a violação da constituição e o plano constitucional de uma
ilegalidade significa a violação de valor reforçado, de uma lei que se coloca, na
hierarquia das normas, imediatamente abaixo da constituição.

Existem tipos de inconstitucionalidade:


1. Inconstitucionalidade por ação- ato que viola a constituição; ato que foi
aprovado por alguém e que por força disso, está em desconformidade com a
constituição;
2. Inconstitucionalidade por omissão- ou seja, há circunstâncias como nós
sabemos em que a passividade do legislador se traduz num desrespeito pela
constituição. A constituição determina que tem de haver respeito por uma
determinada lei, mas o legislador não faz nada- por exemplo o artigo 283º tem
precisamente como título, inconstitucionalidade por omissão, e diz -se mesmo
no nº1 deste mesmo artigo que, o tribunal constitucional aprecia e verifica o
não cumprimento da constituição por omissão das medidas legislativas
necessárias para tornar exequíveis as normas constitucionais.
Ou seja, enquanto que na inconstitucionalidade por ação se faz uma coisa que
a constituição proíbe na inconstitucionalidade por omissão não se faz alguma
coisa que a constituição obriga a fazer.
Mas por exemplo, se olhar para o artigo 281º/1 al. a), se o tribunal constitucional tem
que apreciar normas é porque normas existem e se existem, então o problema que se
colocará é um problema de inconstitucionalidade por ação.

INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL, FORMAL E ORGÂNICA


1. Inconstitucionalidade orgânica- é aquela que tem a ver com a violação do
princípio da separação de poderes. Existe inconstitucionalidade orgânica,
quando por exemplo, o governo legisla numa matéria do artigo 164º sendo
este, um artigo que diz que nas matérias referidas só a assembleia pode
legislar, portanto se o governo aprovar um decreto de lei numa matéria do
artigo 164º, o decreto de lei em causa, padece de inconstitucionalidade
orgânica;
2. Inconstitucionalidade formal- aquela que como o nome indica, tem a ver com
a forma, a forma em direito diz respeito não só à aparência do ato, mas
também respeito a todo o procedimento, a todos os requisitos a que esse ato
deve obedecer. Por exemplo, sabemos que há certas matérias na assembleia da
república que têm de ser aprovadas por maiorias de 2/3, se a votação se fizer,
nestas matérias por maioria simples ou absoluta, a inconstitucionalidade é
formal. Sabemos que na assembleia da república, no processo legislativo tem
de haver duas discussões e três votações, se só houver uma discussão ou se só
houver duas votações então estamos perante uma inconstitucionalidade
formal; se falta alguma coisa, o vicio é deforme;
3. Inconstitucionalidade material- tem a ver com a violação do conteúdo das
normas constitucionais. Por exemplo, uma norma que diga que não pode ser
em Portugal professada a religião islâmica, viola a norma constitucional sobre a
liberdade religiosa, é uma inconstitucionalidade material; uma norma que diga
que os portugueses oriundos do Luxemburgo não podem exercer certos
direitos é inconstitucional porque viola o principio da igualdade; uma norma
que estabelece em Portugal, uma pena de prisão perpetua, é materialmente
inconstitucional pois viola o conteúdo da constituição que estabelece que em
caso algum haverá prisão perpetua; uma norma que descrimine os filhos
nascidos dentro do matrimónio dos filhos nascidos fora do matrimonio é
inconstitucional pois viola a norma da constituição que estabelece que não
pode haver descriminação entre os filhos nascidos dentro e fora do casamento;
E portanto, numa certa perspetiva, esta inconstitucionalidade é a mais grave
delas todas, embora as outras não sejam graves , mas esta é a mais grave no
sentido em que põe diretamente em causa o cumprimento do conteúdo das
normas constitucionais, para alem de ser a única inconstitucionalidade que não
tem remédio, porque as outras podem ser corrigidas. E como podem estas ser
corrigidas?
o Inconstitucionalidade orgânica- admitindo que o governo aprovou um
diploma que não tinha competência total ou parcial para aprovar, por
isso é inconstitucional. Mas se quiser aprovar um diploma idêntico,
basta submete lo à assembleia da república.
É solucionável, substituindo um ato feito por um órgão que não tinha
competência, por um órgão que a tenha;
o Inconstitucionalidade formal- admito que, a assembleia da república
votou um diploma 2 vezes e tinha que votar 3, repete o processo e vota
3. Se tinha que discutir 2 vezes e só discutiu uma, repete o processo e
discute 2. Se por equívoco não houve número de votos necessários,
basta repetir a votação e obterá o número de votos necessários
(realçando que isto não resolve o problema de ter havido
inconstitucionalidade, mas permite resolver o problema na sua essência)
o No caso da inconstitucionalidade material, não há volta a dar porque se
o ato em causa viola diretamente a constituição, o conteúdo de normas
constitucionais, não há volta a dar ao texto. Como é que eu resolvo um
problema de dizer que os cidadãos portugueses que residiram no
Luxemburgo têm menos direitos do que os que não residiram? Não
posso. Como é que eu resolvo o problema de dizer que as pessoas que
querem aprovar a pena de morte em certos crimes especialmente
graves? Não posso, a constituição não permite.
Se é verdade que no ponto de vista jurídico, todas as
inconstitucionalidades são idênticas, noutra certa perspetiva, a
inconstitucionalidade material submete se às outras, pois eu não
consigo resolver um problema desta inconstitucionalidade.

INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL E INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL

1. Inconstitucionalidade total- é a inconstitucionalidade que afeta todo um ato ou


toda uma norma; se o governo legislar sobre uma matéria que é toda ela de
competência da assembleia da republica, então o decreto de lei padecerá de
uma total inconstitucionalidade, porque nenhuma das matérias em que o
decreto lei se desenvolve é da competência do governo, todas elas são da
competência da assembleia da republica.
2. Inconstitucionalidade parcial- inconstitucionalidade que só afeta uma parte do
ato ou da norma; admitindo que, o governo aprova um decreto de lei, e este
tem 100 artigos e desses 100 artigos, 99 não têm problemas nenhum e 1 artigo
é inconstitucional, por exemplo, porque era da competência da assembleia da
república. O ato em causa é parcialmente inconstitucional. Os 99 artigos não
são artigos não são inconstitucionais, mas o artigo em que o governo se meteu
em matéria da assembleia da república é inconstitucional.

Mas esta inconstitucionalidade total ou imparcial também se pode colocar


relativamente a uma norma:
a. Por exemplo, há uma norma que diz “todos os cidadãos portugueses podem
concorrer às universidades, exceto os que têm dupla cidadania”, esta norma é
parcialmente inconstitucional, pois a parte da norma que diz “todos os
cidadãos portugueses podem concorrer às universidades” não tem problema
nenhum, a inconstitucionalidade está a seguir à virgula “exceto os que têm
dupla cidadania”. Se a segunda parte de a norma cair, a norma fica
constitucional;
b. Se uma norma que diz “o crime de homicídio de menores em Portugal é punida
com pena máxima de morte” for aprovada, essa norma é totalmente
inconstitucional, pois em Portugal é totalmente proibida a pena de morte. Esta
norma é toda ela inconstitucional, “não tem ponta por onde se pegar”

Portanto: o conceito de inconstitucionalidade total e parcial pode aplicar se a todo um


ato legislativo, mas pode aplicar se também uma norma em particular.

INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA E INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVINIENTE


Têm a ver com o tempo

1. Inconstitucionalidade originária- Há situações em que uma


inconstitucionalidade ocorre desde o momento zero, desde o momento em
que a norma foi aprovada que contraria a constituição; por exemplo, se a tal
norma que estabelece que todos os cidadãos portugueses com dupla cidadania
não têm os mesmos direitos de se candidatar às universidades portugueses, se
esta norma fosse aprovada hoje, ela já seria inconstitucional, desde hoje,
porque violaria o principio de igualdade, chamando se portanto a esta
inconstitucionalidade originária;
2. Inconstitucionalidade superveniente- admitindo que, eu tenho uma norma
que está hoje em vigor, e que é compatível com a constituição e que daqui a
uns anos, Portugal faz uma revisão constitucional e como consequência desta
revisão, a norma que hoje é compatível com a constituição deixa de ser
compatível. A norma hoje está em vigor, não tem problema nenhum, mas,
entretanto, por força de uma revisão constitucional, muda a constituição. A
inconstitucionalidade que hoje não existe passará a existir a partir do momento
em que algures no futuro em que a constituição for mudada. É uma
inconstitucionalidade que surge depois, que supervem, que aparece algures, no
futuro. Sendo chamada de inconstitucionalidade superveniente.
Isto, como podemos calcular, tem consequências. Se uma norma é
originariamente inconstitucional, significa que ela nunca poderá produzir
efeitos, se desde o momento em que nasceu é contraria à constituição, esta
nunca poderá ter condições para produzir efeitos. Se a inconstitucionalidade
for superveniente, significa que a norma produz naturalmente os seus efeitos,
até ao momento em que houver mudança da constituição, só a partir desse
momento no futuro, é que a inconstitucionalidade aparece, só mesmo é que
ela aparece e até este momento ela não inconstitucional.

INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE
1. Inconstitucionalidade consequente- em termos muito simples, isto significa
que, admitindo que, existe um ato A e que ao abrigo do ato A, foi praticado um
ato B, a inconstitucionalidade do ato A tem como consequência a
inconstitucionalidade do ato B; admitindo, a existência de uma lei e ao abrigo
dessa lei foi aprovado um regulamento, se a lei é considerada inconstitucional,
o regulamento é consequentemente inconstitucional.

14 de maio
Problema da fiscalização da constitucionalidade

Sublinha a importância da garantia da fiscalização da constitucionalidade não carece


de grandes explicações, o eu seria termos um código penal se não tivéssemos tribunais
penais, o que seria termos um código civil se não tivéssemos tribunais civis. Ora se o
direito constitucional está no topo da pirâmide da ordem jurídica, por maioria de razão
a existência de mecanismos que permitam garantir o cumprimento da constituição e
afastar da ordem jurídica ou não permitir a aplicação de normas inconstitucionais, é
por natureza decisivo. A circunstância de haver um tribunal constitucional, não pode
se não significar que é esse tribunal onde hão de estar atribuídas competências
relevantes em matéria de verificação da compatibilidade com a constituição de normas
jurídicas e competências importantes no que diz respeito a retirada de consequências
dessa constatação, e estas consequências podem ser de diversas naturezas, mas no
limite, devem conduzir a pura e simplesmente a retirar, erradicar, limpar da norma
jurídica as normas que são violadoras da constituição. É uma consequência lógica da
primazia da constituição.

Para perceber melhor, antes de entrarmos na alise do sistema da fiscalização da


constitucionalidade, vale a pena olhar para os tipos de fiscalização da
constitucionalidade. Por exemplo, nós podemos fazer uma distinção para recorrer até
a conceitos já referidos noutros conceitos. Já vimos que, na primeira fase da vida da
constituição atual a fiscalização da constitucionalidade era responsabilidade de certas
matérias do concelho da revolução, esse órgão de natureza política, desde 1982 a esta
parte a fiscalização da constitucionalidade tem como órgão mais representativo,
embora não o único o tribunal constitucional. E isto permite-nos fazer uma distinção
entre:
FISCALIZAÇÃO POLITICA VS JURISDICIONAL
1. fiscalização política- aquela que é feita por órgãos de natureza política, por
exemplo, o concelho da revolução ou até no 25 de abril a constituição de 1933
em certas situações quem decidem ou não se uma norma era inconstitucional
era o parlamento. Fiscalização política porque é da responsabilidade de órgãos
políticos que a fiscalizem;
2. fiscalização jurisdicional- aquela que é feita pelo tribunal constitucional ou por
outros tribunais (solução preferida claro, porque na fiscalização política podem
tomar uma decisão política que lhes de jeito e finjam que foi um erro);

FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA VS SUCESSIVA – tem a ver com o tempo

Por exemplo, quando o presidente da república recebe um diploma da assembleia da


república para promulgar, ele pode promulgar, vetar ou dar ao tribunal constitucional
para fiscalizar. Esta fiscalização chama se preventiva porque no momento em que o
presidente da república a suscita, o ato ainda não existe, pois, a lei só existe no
momento da promulgação.
1. Fiscalização preventiva- aquela que ocorre antes de concluído o processo
relativo a um determinado ato chama se de fiscalização preventiva;
2. Fiscalização sucessiva- processo de fiscalização do ato já terminou;
Artigo- 278º-fiscalização preventiva
Preventiva porque vem antes e previne que a norma entre em vigor e sucessiva
porque vem depois do ato ser adotado;

Um dos grandes temas que se discute em direito constitucional tem a ver com o
problema de saber devem atribuir se a competência para fiscalizar a
constitucionalidade, a um só órgão ou se pelo o contrário o modelo deve ser um
modelo atribuído a uma multiplicidade de órgãos a competência para fiscalizar.
E por haver estas duas teses, nós falamos em dois modelos de fiscalização:
1. Modelo de fiscalização concentrada- quando a competência para a fiscalização
constitucional está atribuída a apenas uma identidade. Chama se concentrada
por esta razão, porque o poder de decidir sobre se as normas são
inconstitucionais está todo ele concentrado numa única entidade; só um órgão
a poder deliberar
2. Modelo de fiscalização difusa- quando o poder de decidir a matéria de
inconstitucionalidade está distribuído por uma multiplicidade de entidades.
Chama se difusa porque o poder está difuso numa multiplicidade de entidade;

A fiscalização política é concentrada, quando se acha que deve ser um órgão político a
decidir não se vai multiplicar a competência.
A fiscalização jurisdicional é difusa porque pode ser decidido que “qualquer tribunal
pode fiscalizar sobre esta matéria”;

Em Portugal, nós temos um sistema misto porque há situações em que só o tribunal


constitucional tem competência, por exemplo, na fiscalização preventiva, só o tribunal
constitucional pode fiscalizar. Mas há situações em que se, por exemplo, a Tatiana e a
sofia forem parte de um processo, no âmbito desse processo pode suscitar se uma
questão de inconstitucionalidade e se isto acontecesse podia ser atribuído em um
qualquer outro tribunal;

FISCALIZAÇÃO CONCRETA VS ABSTRATA


Se olharmos para a CRP, esta tem dois artigos que introduzem uns conceitos um
bocado mais difíceis de perceber à primeira: artigo 280º e 281º.
1. Artigo 280º- Fiscalização concreta- a norma x aplicada ao caso y, gera efeitos
inconstitucionais e se assim é não deve ser aplicada num caso em concreto, não
significando que essa mesma norma aplicada a outro caso com características
diferentes, gere a mesma efeitos inconstitucionais. É uma fiscalização que
surge a propósito da aplicação de normas em casos concretos;
Fiscalização feita pelos tribunais todos, a propósito da aplicação de uma norma,
a uma situação especifica;
2. Artigo 281º- fiscalização abstrata- fiscalização que é feita independentemente
de a norma estar ou não a ser aplicada. Na fiscalização abstrata, o que se
pergunta é se a norma pelo que ela é, pelo que representa, pelas características
que reveste independentemente de estar a ser aplicada ou não, é ou não
incompatível com as exigências inconstitucionais.
Por exemplo, a fiscalização preventiva é e tem que ser por natureza uma
fiscalização abstrata, porque se a concreta pressupõe que a norma existe e tem de
ser aplicada entre A e B, se essa norma esta a ser aplicada justifica se então que no
contexto das condições da sua aplicação se verifica se ela gera ou não efeitos
inconstitucionais e isso significa que ela existe e que está a produzir efeitos na
ordem jurídica ora na fiscalização preventiva, a norma ainda não existe, é uma
norma futura e por isso significa que a fiscalização preventiva, nunca pode ser uma
fiscalização concreta, pois, se a norma ainda não existe, ela não pode ser aplicada a
casos e portanto o que se pretende aqui avaliar, não é se a norma na sua aplicação
concreta, gera ou não efeitos inconstitucionais, o que se pretende antes saber é se
a norma no plano dos princípios independentemente da sua aplicação a casos
concretos ou incidências da vida gera ou não efeitos inconstitucionais ou se
apresenta ou não características inconstitucionais.

Evidentemente que estas modalidades de fiscalização se podem agregar, por exemplo,


a fiscalização preventiva é necessariamente abstrata porque se a norma ainda não
existe ainda não produziu efeitos, eu não posso falar em fiscalização concreta.
A fiscalização sucessiva, tanto pode ser concreta como abstrata. A fiscalização que
ocorre que a norma já existe na ordem jurídica, de duas uma: ou ocorre porque a
norma está a ser aplicada a um caso e é preciso verificar se nesse caso ela provoca ou
não efeitos inconstitucionais e então estaremos perante uma fiscalização sucessiva
concreta, deferentemente pode por exemplo o provedor de justiça dizer “esta norma
está em vigor mas a mim palpita que isto é inconstitucional por y, x e z ” e então pode
pedir ao tribunal constitucional se estas duvidas têm razão de ser, a fiscalização é
sucessiva porque tem por objeto uma norma que já existe, mas é abstrata porque o
provedor de justiça neste caso está a perguntar se as normas provocam efeitos
inconstitucionais, só está a perguntar se os princípios violam ou não a constituição.
19 de maio
Como sabemos, sendo Portugal um estado de direito, a questão da garantia da
constituição há de ser uma questão fundamental e é importante que existam
mecanismos que permitam detetar a inconstitucionalidade e tirar dai consequências
no que diz respeito a não aplicar ou mesmo retirar a ordem jurídica portuguesas as
normas que padeçam dessa mesma inconstitucionalidade, pelos menos.

É provadamente assim, que se olharmos para a CRP, veremos que ela tem uma parte
final, a parte 4 da CRP que começa no artigo 277º e se chama mesmo garantia e
revisão da constituição e, tem um conjunto de artigos entre o artigo 277º e o 283º
dedicados à fiscalização da constitucionalidade.
Esta é matéria é regulada diretamente pela constituição e depois é também regulada,
digamos mais detalhadamente na lei do tribunal constitucional que por sua vez é
regulado pela lei do tribunal constitucional- lei 28/82.

A primeira questão que importa analisar, tem a ver com as características genéricas da
fiscalização da constitucionalidade em Portugal:
1. o âmbito do sistema- o âmbito do sistema tem a ver com o problema de saber
o que é que é controlado em Portugal. Em Portugal, nós temos um sistema que
é simultaneamente fiscalização da constitucionalidade e fiscalização da
legalidade.
quando falamos de fiscalização de constitucionalidade, falamos do controlo da
compatibilidade com a constituição e quando falamos de fiscalização da
legalidade, em direito constitucional, estamos a falar dna desconformidade
entre leis ordinárias e leis de valor reforçado, ou seja, em ambos os casos
estamos perante uma desconformidade, a diferença é que quando falamos da
fiscalização da constitucionalidade estamos a apreciar a compatibilidade ou não
com a constituição e quando falamos em fiscalização da legalidade, estamos
evidentemente a falar do controlo da compatibilidade de normas por violação
de uma lei de valor reforçado.
Se é verdade que em Portugal, o sistema foi sobretudo pensado e no inicio foi
em particular pensado na logica da fiscalização da constitucionalidade,
portanto verificar se há alguma desconformidade ou não entre a norma e a
constituição, a verdade é que ele também é em certas dimensões um sistema
de fiscalização da legalidade e não é preciso ir muito longe, basta olhar para a
constituição e para o titulo de alguns artigos, por exemplo o artigo 280º da CRP
tem por titulo a fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade; o
artigo 281º tem por titulo fiscalização abstrata da constitucionalidade e da
legalidade e, portanto, há certas situações em que o sistema português de
fiscalização abrange não apenas a analise da desconformidade com a
constituição portanto a fiscalização da constitucionalidade mas também a
desconformidade entre leis de valor reforçado e portanto fiscalização de
legalidade mas isto não significa que o sistema seja sempre dessa natureza, isto
é, que ele tenha sempre esta dupla dimensão, não por acaso que quando
olhamos para o artigo 278º que ele tenha por titulo fiscalização preventiva d
constitucionalidade, não é fiscalização preventiva da constitucionalidade e da
legalidade; quando olhamos pra o artigo 283º ele tem por designação
inconstitucionalidade por omissão não por designação inconstitucionalidade e
ilegalidade por omissão e, portanto, ficamos a saber que o sistema de controlo
em Portugal, a cargo desde logo o tribunal constitucional mas não
exclusivamente dele é sempre de fiscalização da constitucionalidade, serve
sempre para verificar incompatibilidade entre uma norma e a constituição, mas
em algumas das suas dimensões mais propriamente na fiscalização sucessiva,
seja ela abstrata ou concreta, o sistema é de fiscalização da
inconstitucionalidade mas também da legalidade; por exemplo, o artigo 280º/1
diz o seguinte “cabe de recurso para o tribunal constitucional as decisões dos
tribunais que recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento da sua
inconstitucionalidade” , mas o nº2, deste mesmo artigo, diz por exemplo que
cabe de recurso para o tribunal constitucional as decisões dos tribunais que
recusem a aplicação de norma constante de ato legislativo com fundamento na
sua ilegalidade por violação de lei de valor reforçado ou de decisões de
tribunais que recusem a aplicação de norma constante de diploma regional
com fundamento na sua ilegalidade por violação do estatuto da região
autónoma”; ou por exemplo o artigo 281º/1 al. a), diz que o tribunal
constitucional aprecia e declara, com força obrigatória e geral a
inconstitucionalidade de quaisquer normas” mas na al. b), c) e d) diz que “o
tribunal constitucional aprecia e declara com força obrigatória e geral a
ilegalidade de normas constantes de atos legislativos com fundamento em
violação de leis com valor reforçado, a ilegalidade de leis, a ilegalidade de
normas constantes de diploma regional, com fundamento em violação do
estatuto da região autónoma ou ilegalidade das normas constantes de diploma
emanado só órgãos de soberania com fundamento em violação dos direitos de
uma região consagrados no seu estatuto”, ou seja, se a fiscalização preventiva e
a fiscalização da inconstitucionalidade por omissão são apenas meios de
fiscalização da inconstitucionalidade, só se verifica se a norma é ou não
compatível com a constituição quando se trata da fiscalização sucessiva, seja
ela abstrata ou concreta, pode ser apreciada apenas a desconformidade com a
constituição, mas também a desconformidade com leis de valor reforçado.
Conclusão- o sistema português de fiscalização, sendo pensado para avaliar se
uma norma é ou não inconstitucional- fiscalização da inconstitucionalidade-
também é em certas dimensões, neste caso na fiscalização sucessiva, apenas,
simultaneamente uma fiscalização da constitucionalidade e da legalidade, não
apenas verificar se á uma desconformidade com a constituição, mas também
verificar se á, violação certas leis de valor reforçado.

2. Natureza do sistema- a natureza do sistema pretende se com o problema de


saber qual é ou quais são as identidades que podem decidir em matéria de
fiscalização; prende-se com a distinção entre a fiscalização política e a
fiscalização jurisdicional. Como tivemos hipótese de ver em Portugal, a
fiscalização da constitucionalidade no texto original da constituição tinha uma
larga preponderância política porque quem decidia se as normas eram ou não
inconstitucionais era o conselho da revolução, órgão político composto por
representantes das forças armadas. Com a instituição em 1982 do tribunal
constitucional, o sistema em Portugal passou a ser exclusivamente um sistema
jurisdicional, isto para dizer o seguinte, em Portugal só os tribunais podem
decidir sobre a inconstitucionalidade ou sobre a ilegalidade de normas, só os
tribunais é que podem decidir se as normas são inconstitucionais ou ilegais.
trata- se assim de um direito/poder dos tribunais. Mas mais do que um poder,
trata se de um dever por força de uma norma constitucional, mais
propriamente, o artigo 204º que diz explicitamente que os feitos submetidos a
julgamento não podem os tribunais aplicar normas que infrinjam o disposto na
constituição ou os princípios nela consignados, isto é, por força do artigo 204º
da constituição os tribunais estão investidos de um poder dever, por um lado
têm exclusivamente o poder de decidir que uma norma é inconstitucional, por
outro lado, essa decisão constitui para eles um dever, os tribunais estão
proibidos de aplicar normas inconstitucionais e, se no decurso de qualquer
julgamento no fim o tribunal entender que qualquer norma é inconstitucional
ele tem a obrigação de decidir que essa norma é inconstitucional e não a
aplicar= poder dever. Por exemplo, se o tribunal de fornos de Algodres, for
colocado perante um processo que esteja a julgar, for colocado perante uma
norma cuja inconstitucionalidade ele entende existir, o tribunal tem que decidir
sobre essa matéria.

3. O objeto do sistema- os tribunais só podem decidir sobre aquilo que lhes é


pedido, sobre aquilo que lhe é solicitado, por exemplo, eu quando recorro a um
tribunal, tenho que dizer o que é considero inconstitucional ou ilegal e porque
é que o considero ser inconstitucional ou ilegal. Por exemplo o artigo 51º/1 da
lei do tribunal constitucional diz que o pedido de apreciação de
inconstitucionalidade ou ilegalidade deve especificar alem das normas cuja
apreciação se requer como também as normas ou os princípios constitucionais
violados. Se voltarmos ao texto constitucional, também não sobra qualquer
dúvida que a fiscalização que se faz em Portugal é uma fiscalização de normas
não é uma fiscalização de diplomas, por exemplo, o artigo 278º/1 refere-se
especificamente à palavra NORMA constante (...); o artigo 280º/1 al. a) e b)
também se refere especificamente à palavra NORMA; o artigo 281º/1 e as suas
alíneas refere-se também especificamente a NORMA. Não há dúvida que a
fiscalização em Portugal não é de tratados, acordos, leis, etc., mas sim de
normas.
O tribunal tem permitido fiscalizar a constitucionalidade de normas que já não
estão em vigor, normas que já foram revogadas, faz todo o sentido que se
possa analisar uma norma que já não está em vigor quando se justifique apagar
os efeitos que ela produziu enquanto esteve em vigor.
O raciocínio é simples, o que é inconstitucional, não deve por natureza produzir
efeitos, produziu efeitos mal, mas produziu porque ninguém deu conta. A
norma foi revogada, já depois da revogação vem a ser discutida os efeitos que
ela produziu, tem sentido a esse propósito analisar a norma porque ela
produziu esses efeitos e há que os apagar da ordem jurídica e a única maneira
de os apagar da ordem jurídica é apreciar a inconstitucionalidade ou ilegalidade
de norma que já não está em vigor.
Conclusão: objeto da fiscalização da constitucionalidade em Portugal são
sempre só normas que estão na ordem jurídica com exceção da fiscalização
preventiva que são normas que ainda não entraram em vigor que ainda não
estão na ordem jurídica!!!!

Resumidamente as três características que definem fundamentalmente o nosso


sistema de fiscalização da constitucionalidade:
1. Âmbito do sistema- fiscalização da constitucionalidade primordialmente, mas
também fiscalização da legalidade por violação de leis de valor reforçado;
2. Natureza do sistema- fiscalização exclusivamente jurisdicional, só os tribunais
podem pronunciar se sobre questões de inconstitucionalidade, mas têm a
obrigação e o dever de o fazer nos termos do artigo 204º da CRP;
3. Objeto do sistema- exclusivamente normas, não diplomas. Normas
habitualmente na ordem jurídica, mas normas que estão a nascer no caso da
fiscalização preventiva e em alguns casos em que isso se justifique, normas que
já morreram porque já foram revogadas para tentar apagar os efeitos que elas
produziram;

ANÁLISE DE CADA UM DOS MECANISMOS DE FISCALIZAÇÃO DA


CONSTITUCIONALIDADE

1. Fiscalização preventiva- é a fiscalização que ocorre no momento em que o


processo ainda não terminou e é exclusivamente uma fiscalização da
constitucionalidade, as normas não podem ser objeto de fiscalização preventiva
da legalidade, só podem ser objeto da fiscalização preventiva da
constitucionalidade o eu significa que há certas identidades que quando vão
intervir têm algumas opções de atuação e uma delas é pedir a fiscalização de
forma a impedir que normas inconstitucionais e é mesmo por isso que se
chama preventiva, para prevenir o mal em vez de remediar.
Com o nível de produção normativa que existe nos países de hoje em dia, neste
caso em Portugal, se todas as normas tivessem sujeitas a fiscalização
preventiva era um sarilho monumental, era pior que o metro em hora de
ponta, podendo assim perceber que só certas categorias de normas é que
estão sujeitas a fiscalização preventiva mais propriamente as normas
constantes de futuros atos legislativos, lei, decreto-lei e decreto legislativo
regional ou ainda as normas constantes de instrumentos de direito
internacional, tratados e acordos internacionais- artigo 278º/1 e 2; se
juntarmos estes dois números e organizarmos as ideias, veremos que o
presidente da republica pode pedir a fiscalização preventiva de normas
constantes de uma futura lei ou um futuro decreto-lei e de normas constantes
de um tratado ou de um acordo internacional e que o representante da
república pode pedir a fiscalização preventiva de normas constantes de decreto
legislativo regional. Nenhuma outra nora jurídica, venha ela de onde vier,
venha da assembleia da republica, do governo, das autarquias, de onde for,
nenhuma outra norma pode ser objeto de fiscalização preventiva porque
primeiro, se todas as normas jurídicas provenientes do poder central, dos 308
municípios, das duas regiões autónomas e das 3 mil e tal freguesias pudessem
ser submetidas a fiscalização preventiva criava uma confusão e assim
precisaríamos evidentemente de 20 tribunais constitucionais; outra razão de
isto ser assim é que não custa admitir que a inconstitucionalidade mais grave é
aquela que eventualmente decorra de normas constantes de diplomas mais
importantes, uma norma constante de uma lei pode ser gravemente
inconstitucional , uma norma constante da camara municipal de Esposende
pode ser inconstitucional, mas o prejuízo que irá causar é evidentemente muito
menos gravoso, muito menos relevante e por isso é que a fiscalização
preventiva se concentra na analise de normas que a entrada em vigor
inconstitucionais podem provocar especiais prejuízos, coisa que não acontecerá
com outras normas constantes de outros diplomas, claro que estas têm a
oportunidade de ser avaliadas, mas sucessivamente.
Conclusão:
1. É uma fiscalização apenas da constitucionalidade;
2. É limitada a um conjunto de normas constantes num determinado conjunto
de diplomas- nem tudo está sujeito a fiscalização preventiva;
A legitimidade de pedir a fiscalização ao tribunal constitucional é muito limitada, ou
seja, quem por regra tem a possibilidade de pedir a fiscalização preventiva é apenas o
presidente da república e o representante da república.
Se estivermos perante normas constantes de tratados, de acordos, de leis ou decretos
de lei a legitimidade para requerer ao tribunal constitucional a fiscalização preventiva é
só do presidente da república. Se tiver em causa normas constantes de um decreto
legislativo regional, a legitimidade é apenas do representante da república é o que
decorre se olharmos com atenção para o artigo 278º/1 para o caso do presidente da
república e do nº2 para o caso do representante da república.
A única exceção a esta regra são as leis orgânicas porque no caso dos diplomas a
serem promulgados como lei orgânica para alem do presidente da república podem
ainda solicitar a fiscalização preventiva o primeiro ministro ou 1/5 dos deputados da
assembleia da república, é o que determina o artigo 278º/4.
Recebido o diploma sobre o qual que tem que se pronunciar, a apreciação preventiva
tem que ser pedida no prazo de 8 dias – ARTIGO 278º/3- , não sendo respeitado o
prazo de 8 dias o direito de pedir a fiscalização caduca e, portanto, se o pedido for
apresentado no 9º dia.
O tribunal constitucional recusará a aceitação do pedido.
O tribunal constitucional dispõe de um prazo de 25 dias para se pronunciar ´o que
decorre do artigo 278º/8.
Só p presidente da república é que tem o direito de encurtar o prazo de acordo com o
que entenda, se achar que é importante que a decisão do tribunal constitucional seja
emitida mais rapidamente- artigo 278º/8.
Percorrido o processo o que pode acontecer é ou o tribunal constitucional acha que o
pedido tem fundamento e que há de facto normas inconstitucionais ou entende que
não há nenhuma inconstitucionalidade no pedido que lhe foi feito e decide em
conformidade. Portanto: (possibilidades de atuação por parte do PR)
1. Primeira possibilidade (e mais simples): o tribunal constitucional não encontra
nenhum problema, não confirmando assim as dúvidas que lhe foram
apresentadas e, portanto, pronuncia se pela não inconstitucionalidade;
2. Segunda possibilidade (mais complicada): o tribunal dá total ou parcialmente
razão ao pedido que lhe foi feito e entende que há normas inconstitucionais. E
pronuncia se então pela inconstitucionalidade. Terminada a decisão, o
diploma é entregue ao presidente da república, e este é obrigado a vetar a o
diploma = veto jurídico ou veto político
a. Veto jurídico- tem por base a incompatibilidade com a constituição; o
veto jurídico é obrigatório, o presidente da república não tem
alternativa, não depende dele pois a constituição obriga o a vetar; este
veto não tem que ser fundamentado e não tem porque as razões do
veto são as que constam do acórdão do tribunal constitucional
b. Veto político- fundamente-se em discordâncias políticas; o veto político
é um direito, o presidente veta politicamente se entender que o
diploma é mau; este veto é obrigado a ser fundamentado;
Admitindo que estamos perante uma lei da assembleia da república, quando a AR
recebe o diploma vetado por inconstitucionalidade pode fazer 4 coisas:
1. Não fazer nada- reconhecer que sem as normas inconstitucionais o diploma
não tem condições para prosseguir e deixar morrer o processo legislativo
2. A AR expurga o diploma, ou seja, limita-se a retirar as normas
inconstitucionais; expurgado o diploma e este é devolvido ao presidente da
república- artigo 272º;
3. O diploma é reformulado, significa que para corrigir a situação não basta
retirar as normas inconstitucionais porque depois o diploma sem essas
normas ficava com lacunas, ficava sem sentido e, portanto, o que é preciso
é substituir essas normas por outras que não sejam inconstitucionais;
reformulado o diploma é devolvido ao presidente da republica, só que aqui
o presidente pode voltar a pedir a fiscalização preventiva- artigo 279º/3;
4. Confirmar o diploma- artigo 279º/2- o diploma pode ser confirmado por
maioria de 2/3 dos deputados presentes desde que superior à maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções;
A confirmação de diplomas politicamente vetados obriga o presidente a
promulgá-lo, a confirmação pela a assembleia da republica de diplomas
vetados juridicamente ou por inconstitucionalidade não obriga o presente
da republica a promulgar.

26 de maio
fiscalização abstrata sucessiva

esta distingue se muito da fiscalização preventiva:


1. primeiro pela sua intemporalidade, a fiscalização abstrata sucessiva, como o
nome indica se é sucessiva ocorre quando o ato já existe, ou seja, quando já
está na ordem jurídica, portanto a fiscalização sucessiva não visa prevenir o
mal, visa permitir descortinar se normas que já estão na ordem jurídica podem
ou não ser vistas como violadoras da constituição;
2. a fiscalização abstrata sucessiva é da constitucionalidade e da legalidade- artigo
281º- portanto o seu âmbito e mais alargado, para alem de se analisar a
desconformidade com a constituição pode se analisar também a
desconformidade entre uma lei ordinária e uma lei de valor reforçado;
3. é também mais ampla no seu objeto porque toda e qualquer norma pode ser
fiscalizada ao obrigo do artigo 281º da CRP quaisquer normas”- toda e qualquer
norma jurídica seja ela de onde vier pode ser sujeita a fiscalização abstrata
sucessiva. Precisamente por se abranger todas as normas, o número e a
natureza das entidades que podem pedir a fiscalização abstrata sucessiva é
muito mais alargado. No caso da fiscalização Preventiva em que só duas
entidades é que a podem pedir , o presidente da república e o representante
da república e só excecionalmente é que pode o primeiro ministro e 1/5 dos
deputados da AR. Sendo que no caso da fiscalização abstrata sucessiva, as
entidades que a podem requerer são em numero muito mais alargado como
decorre do 281º/2 que diz que podem requerer esta fiscalização o presidente
da republica, o presidente da assembleia da republica, o primeiro ministro, o
provedor de justiça, o procurador geral da republica e 1/10 do deputados da
assembleia da republica (23 deputados), ou seja, em qualquer circunstância em
que esteja em causa uma possível inconstitucionalidade ou ilegalidade o pedido
ao tribunal pode ser sempre feito por estes. Se a inconstitucionalidade ou
ilegalidade tiver a ver com questões regionais e só nestes casos o pedido pode
ainda ser feito, nos termos da al. g), do nº2 do artigo 281º, por um conjunto de
entidades da própria região.
4. A fiscalização abstrata sucessiva não tem prazo, porque não se pode aceitar
que uma norma nula permaneça em vigor e por isso temos todo o tempo
independentemente do prazo.
ora se há vicio importante é inconstitucionalidade, sendo o mais grave deles
todos se é a violação do documento mais importante da ordem jurídica, enta o
vicio mais grave há de ser o da inconstitucionalidade. Se uma norma estivesse
em vigor há 100 anos, passado 100 anos podia suscitar se a fiscalização
abstrata sucessiva;
Tal como acontece na fiscalização preventiva, o pedido de fiscalização da
inconstitucionalidade ou da ilegalidade ao obrigo do 281º, é também formulado
diretamente ao tribunal constitucional.
A forma como funciona a fiscalização abstrata sucessiva vem regulada na lei do
tribunal constitucional na lei 28/82 e é aí que se estabelece como é que entra o
processo no tribunal constitucional, quais são os prazos internos para os juízes se
pronunciarem e etc., os prazos são apenas indicativos.

No caso da fiscalização abstrata sucessiva a decisão do tribunal constitucional é


chamada de declaração, o tribunal constitucional de duas uma, ou declara a
inconstitucionalidade ou não declara a inconstitucionalidade.
O tribunal constitucional pode declarar anteriormente que uma norma não é
inconstitucional. Passado algum tempo, pode vir a declarar essa norma
inconstitucional. Isto leva-nos à questão precisamente dos efeitos das decisões do
tribunal constitucional, na fiscalização abstrata. E considerar esses efeitos a propósito
precisamente da não declaração de inconstitucionalidade, ou seja, de uma situação em
que requerida a apreciação abstrata o tribunal constitucional entende que o pedido
não tem acolhimento, não tem fundamento. Qual é a consequência desta decisão?
A consequência desta decisão, diretamente é nenhuma. Ou seja, eu tenho uma norma
que está em vigor, alguém pediu ao tribunal constitucional que apreciasse a sua
inconstitucionalidade, o tribunal constitucional não deu razão ao pedido. O que é que
acontece? Nada. A norma estava em vigor e em vigor ficará. Do ponto de vista jurídico
não haverá nenhuma consequência mas do ponto de vista prático haverá uma
consequência, é que embora a norma possa vir a ser reapreciada no futuro se alguém
a pedir, de algum modo a confiança nessa norma até sai reforçada, pois admitindo que
esta já tinha sido recorrida a uma apreciação e que passou por um processo de
apreciação, quando vai a ser reapreciada assume se que esta norma é de confiança
reforçada.
A decisão do tribunal constitucional em sede fiscalização sucessiva abstrata, tem uma
força obrigatória geral (efeitos da declaração do tribunal constitucional em sede de
fiscalização sucessiva abstrata):
1. Porque é que estamos perante uma declaração? Quando falamos na produção
de efeitos jurídicos podemos falar em efeitos constitutivos ou efeitos
declarativos. Há situações em direito em que um ato só existe e só produz
efeitos se for sujeito a certas condições e, portanto, nesse caso diz-se que essas
condições têm um efeito constitutivo, têm uma eficácia constitutiva, ou seja, o
ato só existe se esses requisitos forem cumpridos. Noutros casos, como
acontece aqui, um ato que se pratica limita se a declarar, isto é, a dar a
conhecer uma realidade. Quando se declara a inconstitucionalidade, o que o
tribunal constitucionalidade faz não é criar a inconstitucionalidade, a decisão
do tribunal constitucional não tem por efeito dizer que a norma é
inconstitucional porque é o tribunal constitucional que tem esse direito, não é
assim. O tribunal constitucional limita -se a revelar que uma norma era
inconstitucional e, ele reconheceu essa inconstitucionalidade, portanto, não é a
decisão do tribunal constitucional que cria a inconstitucionalidade, a
inconstitucionalidade já exista, o tribunal constitucional ao decidir limitou se a
dar-nos a conhecer a existência dessa inconstitucionalidade. O efeito
declarativo significa portanto, não criar uma realidade, mas dar a conhecer
uma realidade que já existia e tirar consequências desse facto, portanto, por
isso é que se fala nesta matéria em eficácia de declarativa ou em declaração,
porque a decisão do tribunal constitucional diz nos que uma norma já era
inconstitucional, ele limitou se a constatar essa inconstitucional. Daí o efeito
declarativo.
2. A declaração fala em declaração com força obrigatória geral, o que é que isto
significa? Significa que a decisão do tribunal constitucional é vinculativa para
todos. Todas as pessoas e entidades ficam obrigadas a seguir a decisão do
tribunal constitucional e, portanto, nenhuma pessoa nem nenhuma entidade
publica ou privada pode furtar-se ao cumprimento da decisão do tribunal
constitucional e às suas consequências e, portanto, se o tribunal constitucional
diz que uma norma é inconstitucional declarando essa mesma
inconstitucionalidade, a partir desse momento nenhuma entidade pública ou
privada, individual ou coletiva, pode aplicar a norma cuja inconstitucionalidade
foi declarada.
3. A decisão do tribunal constitucional tem como efeito expurgar a norma da
ordem jurídica, ou seja, a partir do momento em que o tribunal constitucional
declara a inconstitucionalidade da norma, a norma deixa de constar da ordem
jurídica nacional porque a entidade competente para o efeito entendeu que
aquela norma viola a constituição ou viola as leis de valor reforçado se for um
problema de ilegalidade, como vimos, a fiscalização abstrata sucessiva é da
inconstitucionalidade e da ilegalidade. Se a entidade competente para essa
matéria, que tem a última palavra neste domínio, disser “esta norma é
inconstitucional e, portanto, eu declaro essa inconstitucionalidade”, isso
significa que a norma é erradicada da ordem jurídica portuguesa. Há aqui um
efeito expurgatório, a norma deixa de constar da ordem jurídica, é retirada da
ordem jurídica.
4. Efeitos retroativos da decisão do tribunal constitucional produzindo efeitos
desde o momento em que a norma entrou em vigor e apagando os efeitos
que ela produziu- A norma é retirada da ordem jurídica e, a partir do momento
é declarada inconstitucionalidade. Mas se é declarada a inconstitucionalidade é
porque a norma nunca deveria ter vigorado e se é posteriormente retirada da
ordem jurídica, então, a decisão do tribunal constitucional deve ter
normalmente efeitos retroativos.
se a norma que é expurgada nunca devia ter entrado em vigor, então também
nunca devia ter produzido efeitos e então estes efeitos também são
expurgados da ordem jurídica e, portanto não se trata apenas de apagar a
partir do momento zero a norma jurídica por via da eficácia retroativa da
decisão do tribunal constitucional, trata-se de ir mais longe, os atos praticados
ao obrigo da norma inconstitucional também devem por regra ser apagados, a
razão é muito simples: a norma não tinha aptidão desde o momento zero para
vigorar, se vigorou é porque houve um erro e é preciso corrigi-lo em toda a sua
dimensão e a correção do lapso em toda a sua dimensão não se pode esgotar
no apagamento da norma é preciso também apagar todos os efeitos que ela
produziu durante os 10 anos em que esteve em vigor. – Artigo 282º/1; e por
acabar precisamente todos os efeitos que a norma produziu, ela tem também
efeitos repristinatórios, ou seja, recolocar em vigor: A é revogado por B, C por
sua vez revoga B e por isso A é recolada em vigor (repristinada) por C.
o efeito retroativo existe sempre, mas se a constitucionalidade for originária o
efeito é totalmente retroativo porque apaga todos os efeitos que a norma
produziu; neste caso o efeito retroativo só se pode dar no momento em que a
constitucionalidade apareceu, que é por virtude da mudança da constituição, o
que significa que numa situação de inconstitucionalidade superveniente há dois
momentos na vida da norma:
1. O primeiro momento em que a norma entrou em vigor e não tinha
problema nenhum;
2. O segundo momento em que tendo havido uma mudança na constituição
porque há uma nova ou porque houve uma nova revisão constitucional, a
norma passou a ser inconstitucional e, portanto, parte dos efeitos da norma
são salvaguardados e o resto dos efeitos da norma têm que ser apagados
porque são inconstitucionais.
Esta situação está cautelada no artigo 282º/2, que diz “tratando se de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infração de norma constitucional ou legal
posterior,(os juristas gostam sempre de complicar, podia se dizer também tranando se
de inconstitucionalidade ou ilegalidade superveniente em vez de dizer “por infração de
norma constitucional ou legal posterior”) a declaração só produz efeitos desde a
entrada em vigor desta última”, isto é, da norma constitucional ou legal posterior, não
sendo portanto apagados os efeitos que a norma produziu enquanto vigorou sem ser
inconstitucional;

A circunstância da inconstitucionalidade ser originária ou superveniente também tem


consequências do ponto de vista repristinatório, é que se estivemos perante uma
inconstitucionalidade superveniente que é este exemplo dado, não há efeito
repristinatório. Porque a norma durante o período inicial produziu efeitos e estes
efeitos são inatacáveis, ela não era inconstitucional, os efeitos que ela produziu foi
revogar uma norma anterior.

Se a norma vigorou X anos, não se vai apagar os efeitos que a norma produziu, por
exemplo, não se vai desenterrar e apagar os efeitos que a norma produziu há 100 anos
e por isso, a constituição tem várias soluções para modelar os efeitos devastadores, às
vezes, se calhar é preferível deixar em vigor uma norma inconstitucional do que deixar
apagar todos os efeitos que ela produziu as consequências negativas seriam de tal
ordem que se calhar é melhor deixar as coisas quietas como elas estão.
Clausulas de salvaguarda que a constituição tem:
1. A primeira cláusula vem afirmada logo no início do artigo 282º/2, que diz
“ficam ressalvados os casos julgados” e, portanto, a lógica é se há uma decisão
de um tribunal que já não admite recurso ordinário, que transitou em julgado e
que aplicou normas inconstitucionais, a regra geral é de que essa decisão não é
afetada. E, portanto, que os efeitos que já se produziam e que estão
consolidados na ordem jurídica porque a decisão judicial já não tem recurso,
não são afetados, ou seja, entre o fundamentalismo de apagar tudo e a
preocupação de não causar uma incerteza absoluta ou uma incerteza grande
na ordem jurídica, a constituição valorando os dois aspetos disse “não, a regra
geral é que os efeitos são para apagar, mas se há decisões judiciais
consolidadas que já não admitem recurso e que aplicaram essa norma o
assunto fica resolvido, eu não vou reabrir o processo para tomar uma nova
decisão com base na circunstancia da norma que eu apliquei ser
inconstitucional e, portanto, as decisões permanecem e os efeitos da norma
inconstitucional não são postos em causa- esta é uma regra geral, porque é
uma exceção para questões iguais ou similares previstas no 282º/3”
NOTAS:
*nojo em direito= período de luto;
*estabilidade constitucional deve ter no mínimo 5 anos artigo 284º/1 mas se ocorrer
um evento que se tem mesmo de rever a constituição pode se rever antes dos 5 anos,
como foi com o tratado de Maastricht em que ainda faltava uns anos para a revisão
constitucional mas que como para a moeda única ser aprovada era obrigatório haver
unanimidade dos países que também a queriam, houve uma revisão da constituição;
*a qualquer momento pode haver uma revisão de constituição se passarem os 5 anos
da anterior; qualquer deputado pode avançar com uma revisão constitucional;
* normas constitucionais- normas mais importantes de todas;
* RAR- regimento da assembleia da república
* se não há promulgação, não há lei – artigo 137º
*maioria simples ou relativa- basicamente para a lei (ordinária) ser aprovada só tem
que ter mais votos a favor do que contra, não há nenhuma maioria imposta
* no caso da relação entre o presidente e o governo, acontece uma coisa que não
ocorre, normalmente, entre o presidente e a assembleia da república. Muitas vezes o
presidente não veta diplomas do governo porque de uma forma discreta se
estabelecem contactos entre o gabinete do presidente e o governo, no sentido de ser
modificado o diploma para ir ao encontro da vontade do presidente, ou seja,
basicamente antes de enviarem o diploma ao presidente, falam antes e o presidente
diz os pontos negativos do diploma para na altura de enviarem o diploma e do
presidente o ver já não haver aspetos que o presidente discorde;
* decisão do tribunal constitucional= pronuncia; o tribunal pronuncia se;
* no caso da fiscalização abstrata sucessiva a decisão do tribunal constitucional é
chamada de declaração, o tribunal constitucional de duas uma, ou declara a
inconstitucionalidade ou não declara a inconstitucionalidade;
DÁ SE NOMES DIFERENTES PORQUE OS EFEITOS SÃO DIFERENTES PORQUE NO CASO
DA FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA ESTAMOS PERANTES DE NORMAS QUE AINDA NÃO
EXISTEM E NO CASO DA FISCALIZAÇÃO ABSTRATA SUCESSIVA ESTAMOS
CONFRONTADOS COM NORMAS QUE JÁ ESTÃO NA ORDEM JURÍDICA E QUE MUITAS
VEZES JÁ ESTÃO EM VIGOR.
*o tribunal nunca diz “esta norma é constitucional”, diz “esta norma é
inconstitucional ou não é inconstitucional”.
* expurgar- é uma intervenção cirúrgica, ou seja, a ar limita se a retirar as normas
inconstitucionais.

A inconstitucionalidade pode ser:


 Orgânica: quando diz respeito à competência, quando
alguém não é competente, é organicamente
inconstitucional;
 Formal: quando diz respeito ao procedimento;
 Material: é o conteúdo do ato que é incompatível com
aquilo que a constituição prevê;

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