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DIREITO CONSTITUCIONAL
No seu significado comum, constituir é estabelecer alguma coisa, logo a Constituição, fora do
seu contexto jurídico, seria a organização ou estabelecimento de algo. É a base e o
fundamento do ordenamento jurídico. É a lei fundamental e básica. A constituição enquanto
organização é também a "forma/natureza do governo (Governo e A.R) de uma dada
comunidade".
Num sentido mais técnico, a constituição é também a lei fundamental e conjunto das normas
fundamentais de uma comunidade estatual. Por sua vez, o constitucionalismo, de origem
anglo-saxónia, é um movimento, ideal ou conjunto de ideias que se transformou numa
tradição que visa a limitação do poder político do Estado para, sobretudo, proteger os direitos
das pessoas e garantir a sua autonomia e liberdade.
Percebe-se, portanto, que o constitucionalismo começou como um movimento, que se
transformou numa tradição e ultimamente, hoje, depois desta ideia se tornar presente na
nossa sociedade, podemos falar nela como uma técnica específica de limitação do poder para
fins garantisticos ou até numa teoria normativa da política.
Constitucionalismo não tem de resultar numa constituição escrita e, por conseguinte, não é o
processo de aprovação de constituições. No geral, todos os países têm uma constituição
escrita. A Grã Bretanha não tem constituição escrita mas tem um conjunto de leis, costumes e
hábitos que, no seu conjunto, formam uma constituição material. Por sua vez, em
ordenamentos como a Rússia, embora existam constituições, não existe uma tradição de
Constitucionalismo.
Na sua dimensão ideal, o constitucionalismo é uma série de ideias sobre a limitação do poder
do Estado. Na dimensão prática, o Constitucionalismo é o resultado da limitação dos poderes
políticos através da imposição da Constituição, ou seja, as manifestações do
Constitucionalismo. Existem muitas diferenças entre países no que diz respeito à dimensão
prática. O constitucionalismo português é diferente do francês, por exemplo. Por outro lado,
estes dois constitucionalismos também deram origem a constituições diferentes.
No entanto, um objetivo que está presente em todos os constitucionalismos é o de sujeitar o
poder político a regras e aparelhos de conduta que têm por fim a defesa dos direitos dos civis,
ou seja, impedir o poder político arbitrário, garantindo assim a proteção dos direitos dos
cidadãos. Além disso também tem como objetivo a integração, no sentido de construção
nacional, visto que o constitucionalismo, enquanto movimento de limitação de poder, tem
como objetivo forjar uma determinada identidade política na qual se verifiquem todos os
valores que devem ser partilhados por todos os indivíduos dessas comunidade. Deve,
portanto, encarnar a identidade da comunidade nacional e traduzir os valores essenciais dessa
comunidade.
Podemos separar o constitucionalismo em dois momentos, o antigo e o moderno. O
constitucionalismo antigo é diferente do moderno, no sentido em que é puramente descritivo
do funcionamento de um sistema, independentemente da ideia de limitação do poder. O
constitucionalismo antigo é possível mas não representa uma função verdadeiramente útil
pois faltava soberania política.
O constitucionalismo moderno surge no fim da Idade Média e início do Renascimento, tem
diversas fases e tipos de evolução. Neste período surge a noção de um Estado Soberano, que é
essencial para o desenvolvimento da ideia de limitação do poder deste mesmo Estado.
Percebe-se que para existir constitucionalismo tem de existir um estado soberano.
Antes deste momento existiam, de facto, limites ao poder (dos reis, por exemplo), mas estas
limitações não existiam, como no caso do constitucionalismo, com objetivo de proteção dos
direitos individuais.
Só no Estado Soberano existe Direito Público, além do Privado, pois passa a ser possível
distinguir sociedade de Estado. Antes da criação dos órgãos soberanos, apenas falávamos em
direito privado. Na época dos reis, todos obedeciam à vontade divina, logo não havia
necessidade de limitar o poder do rei porque este já era limitado pelo lei de Deus. As pessoas
não possuíam autonomia e via-se o Homem como pré-determinado e súbdito da lei divina. A
ideia que está na base do constitucionalismo é a ideia de que o exercício do poder há de
resultar num consentimento dos governantes e não numa imposição superior, seja ela de
Deus. Anteriormente, tudo obedecia à lei divina e não podia ser questionado ou limitado por
nós. Com o fim da crença de que tudo obedecia à lei divina, e consequentemente era pré-
determinado, passa a fazer sentido permitir a escolha de caminhos não pré-determinados e de
limitar o poder do Estado para garantir essa possibilidade.
Durante o absolutismo, não havia interesse em proteger os direitos individuais embora se
verifique que certas regras visavam a proteção dos direitos de certas classes.
Este constitucionalismo moderno teve, desde então, quatro fases distintas: a das origens, a
das revoluções, a da época liberal e a da democracia constitucional. Dito isto, estas fases não
são etapas obrigatórias, visto que, por exemplo, a Grã-Bretanha não teve uma fase de
constitucionalismo das revoluções como a França ou os Estados Unidos da América.
Na França e nos E.U.A encontramos constitucionalismos revolucionários, ao passo que no
Reino Unido encontramos constitucionalismos das origens, ou seja, constitucionalismo
enquanto reafirmação daquilo que já acontecia anteriormente.
A base filosófica política do constitucionalismo (sobretudo presente no constitucionalismo
de revolução, que inaugura a época das constituições mas também presente no
constitucionalismo das origens) conseguimos encontrar a ideia do contrato social, que afirma
que o exercício do poder não é dado por legitimidade ou poder divino mas sim dado a uma
coligação pelo povo enquanto conjunto dos homens livres. A ideia de contrato social decorre
da ideia de que impera a força, pelo que o mais forte consegue despojar o mais fraco dos seus
direitos. Passamos, então, de um estado de natureza para o estado de sociedade, em que a
organização desta é feita de uma forma que garantisse os seus direitos.
CONSTITUCIONALISMO BRITÂNICO
O constitucionalismo britânico é diferente de todos os outros do mundo inteiro. É o primeiro
constitucionalismo, tendo surgido antes do séc.XIV, ou seja, durante a Idade Média, o que se
revela particularmente fora do comum, tendo em conta o contexto europeu absolutista da
época marcado pela brutalidade para com as populações.
No séc. XIII, o Reino Unido avançou com a inclusão de um conjunto de direitos fundamentais
que servem de base para aquilo que temos na nossa constituição, tais como direitos de
liberdade pessoal, liberdade de acesso à justiça, liberdade de circulação, etc. Todos estes eram
aplicados na magna carta.
Para além desta atribuição e aplicação dos direitos, outra característica surpreendente era o
funcionamento de um parlamento já nesta altura que funcionava e que era a base do sistema
de governo britânico. Os juízes eram a base do sistema judicial britânico e eram o
complemento daquilo que era decidido em parlamento. Conclui-se que os britânicos tinham
um sistema constitucional avançado e muito próprio para a altura que se distinguia daquilo
que ocorria no resto da Europa continental.
Podemos identificar como caracteristicas base do constitucionalismo britânico:
A sua criação baseada na tradição e no pragmatismo mas também na revolução e na
reforma.
Os seus principais agentes serem o rei e o parlamento, sendo que no que diz respeito
ao parlamento é de notar a supremacia da lei porque no Direito Inglês um dos
princípios mais importantes é a soberania do parlamento.
A sua finalidade de expansão da liberdade.
Periodifcação: periodo monarquico ate sec 17, periodo aristocratico de 1638 até a
primeira grande reforma eleitoral, periodo democratico.
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Por sua vez, o constitucionalismo francês é mais recente e inicia-se com a revolução francesa,
que visava romper verdadeiramente com o regime absolutista da época que era socialmente
estratificado e no qual se verificavam fortes contrastes sociais, ou seja, tinha por objetivo uma
rutura total do regime.
Visava-se estabelecer os direitos dos cidadãos, um contrato social novo, estabelecer um
parlamento que resultasse da vontade geral através do exercício do poder constituinte do
povo e a proclamação de uma constituição que atribuísse a soberania ao povo.
Trata-se do primeiro constitucionalismo Europeu Continental e o exercício do poder
constituinte francês, sendo fundacional para Portugal, teve contributos muito importantes dos
constitucionalismos britânico e norte americano.
O constitucionalismo francês tem, no entanto, particularidades. Ao contrário do que ocorre
no E.U.A., a constituição não surge como lei superior e fundamental que se impõe sobre a
ordem política. A lei surge instrumento da vontade do parlamento que, por sua vez, surge
como expressão da vontade geral e popular. Só recentemente é que surgiram mecanismos de
fiscalização da conformidade com a constituição.
Em contraste com os constitucionalismos anteriores, mas em linha com o que ocorre na
europa continental e na tradição europeia, na qual ocorrem frequentemente revoluções, em
França há várias constituições, sendo que estas não são estáticas e quase permanentes, com
apenas algumas alterações. A última é de 1958.
CONSTITUCIONALISMO BRITÂNICA
A matriz dominante do constitucionalismo britânico é a da Constituição mista
expressa na soberania do Parlamento, na Rule of Law e na relevância das convenções
constitucionais.
Por sua vez, no que toca à forma de Estado, o Reino Unido da Grã Bretanha e a Irlanda
do Norte são um Estado Unitário Regionalizado. No entanto, a criação de parlamentos
regionais na Escócia, no País de Gales e na Irlanda do Norte, permitiram a
descentralização política (devolution).
Relativamente ao regime político, verifica-se que no Reino Unido há uma democracia
parlamentar e, ao sistema do governo, verifica-se que o território britânico é governado
por um sistema parlamentar de gabinete.
Os principais órgãos do governo britânico são: o monarca, o governo, o parlamento
bicameral e o Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido.
MONARCA
O Rei é escolhido através da sucessão hereditária e constitui um símbolo da unidade
nacional. O Rei não possui poderes efetivos, salvo um poder arbitral residual na escolha
do Primeiro Ministro, ou um poder de palavra, tendo perdido o direito do verto no séc.
XVIII e tendo os seus antigos poderes (a chamada "prerrogativa real", ou seja, um
conjunto de privilégios e imunidades concedidas ao monarca) passado a ser exercidas
pelo Primeiro Ministro e pelo Parlamento.
GOVERNO
O Governo é composto pelo Primeiro Ministro, pelo Gabinete, que pode ainda possuir
um "inner cabinet" e pelo Ministério.
O Primeiro Ministro é considerado "o verdadeiro eixo da vida política britânica"
(Guedes, 1978) devido à sua tripla condição: líder do partido maioritário, líder do
gabinete e líder da maioria parlamentar. Percebe-se que o Primeiro Ministro não se tem
de defrontar com contrapesos institucionais relevantes. Em 2022, recuperou o poder de
dissolução do Parlamento, que lhe fora retirado em 2011. Este é o líder do partido mais
votado (ou aquele que entretanto lhe suceder, em caso de demissão da liderança do
partido) nas eleições para a Câmara dos Comuns (convenção institucional, desde o
primeiro quartel do séc. XX), não carecendo de uma investidura ou de um voto de
confiança para entrar em funções.
O Gabinete é composto pelo Primeiro Ministro e pelos ministros seniores mais
importantes. É no gabinete onde são tomadas as decisões políticas fundamentais.
O Ministério é composto pelos ministros juniores, que são um equivalente aos
secretários de Estado entre nós, tendo funções essencialmente administrativas. A
escolha dos ministros é feita pelo Primeiro Ministro de entre os membros da Câmara dos
Comuns, sendo ainda habitual que alguns deles sejam membros da Camara dos Lordes.
É ainda de acrescentar que o Governo desempenha a função política, a função
administrativa e, sob delegação do Parlamento, ainda a função legislativa. O Governo
depende da confiança do Parlamento, que o pode derrubar e, em contrapartida, não
faltam ao Governo meios de ação sobre o Parlamento. Verifica-se que, embora o
Primeiro Ministro tenha muito poder, o grupo parlamentar é o seu calcanhar de Aquiles
visto que este pode sofrer revoltas dos seus deputados tal como ocorreu com Margaret
Thatcher e Boris Johnson.
PARLAMENTO BICAMERAL
O parlamento bicameral é composto pela Câmara dos Comuns, que possui 650
deputados, e a Câmara dos Lordes, que possui um número variável de membros mas
que, nos últimos anos tem sido próximo dos 800.
A Câmara dos Comuns é a dominante, no exercício das funções política, legislativa e de
fiscalização, tendo hoje a Câmara dos Lordes essencialmente um poder de retardar a
aprovação de leis pelo período de um ano ou por três meses, caso se trate de diplomas
de natureza financeira.
Os membros da Câmara dos Comuns são eleitos por sufrágio universal, por um
mandato de 5 anos, elegendo de entre eles o Speaker, que preside e dirige, com a
máxima independência, os trabalhos parlamentares. Por sua vez, os membros da
Câmara dos Lordes são nomeados (havendo ainda um grupo de Lordes hereditários
eleitos).
O sistema eleitoral da Câmara dos Comuns é um sistema maioritário uninominal a uma
volta, ou seja, onde é eleito apenas um deputado em cada um dos 650 círculos, o
candidato que tiver mais votos.
Verifica-se ainda que, no quesito direitos e liberdades, tecnicamente, por falta de uma
Constituição formal, não há direitos fundamentais em sentido estrito no Reino Unido. No
entanto, a proteção fundamental continua a advir do costume e do common law, mas
também do enraizamento profundo dos direitos na cultura e na opinião pública. A
garantia dos direitos fundamentais ocorre mas não havendo uma constituição, nos
momentos em que tem havido abuso de poder, é mais difícil para os tribunais garantir os
direitos. Os Direitos dos Homens e a pertença à UE acabou por ajudar a garantir os
direitos.
PRESIDENTE
O presidente dos E.U.A, detentor do poder executivo, é quem escolhe e determina os
seus secretários. O presidente é eleito por sufrágio universal formalmente indireto, para
um mandato de 4 anos, podendo ser reeleito uma vez. Com o Presidente é eleito um
vice-presidente.
Na eleição presidencial, o sistema eleitoral é o sistema maioritário plurinominal a uma
volta, pelo que o partido que tiver mais votos num determinado círculo fica com todos
os lugares em disputa nesse círculo.
PARLAMENTO BICAMERAL
O parlamento bicameral (Congresso), detentor do poder legislativo, é composto pela
Câmara dos Representantes e pelo Senado, sendo que a primeira é composta por 435
membros que representam a população e o segundo é composto por 100 senadores que
representam os estados federados.
Os representantes são eleitos por sufrágio direto, por dois anos. Por sua vez, os
senadores são eleitos por sufrágio direto, por seis anos, sendo o Senado renovado em
um terço de dois em dois anos.
Na eleição para as duas câmaras do Congresso, o sistema eleitoral, salvo exceção
pontual, é o maioritário uninominal a uma volta.
NOTA: Verifica-se que, por sua vez, nem o Presidente pode dissuadir o Congresso, nem o
Congresso pode demitir o Presidente. Todavia, foi previsto todo um sistema de freios e
contrapesos (checks and balances), que se revela designadamente:
o No veto presidencial das leis, superável, por sua vez, por uma maioria de 2/3;
o Nos poderes de mensagem e de impulso legislativo do Presidente;
o Na submissão da prática de certos atos do Presidente (especialmente as nomeações) a
parecer do Senado;
o Na exigência da ratificação dos tratados por 2/3 dos membros do Senado;
o Na dependência orçamental do Presidente;
o Na existência de comissões de inquérito;
o Na possibilidade do impeachment;
o Na fiscalização da constitucionalidade das leis;
o Nos poderes de interferência por parte dos estados federados.
Por sua vez, da prática constitucional, decorrem ainda outros elementos similares,
como a possibilidade de delegações legislativas ao executivo, a extensão da prática das
"executive orders" do Presidente, os poderes das agências independentes ou o "veto
legislativo" do Congresso a atos do executivo, mecanismo todavia declarado
inconstitucional em 1983.
SUPREMO TRIBUNAL
O supremo tribunal, detentor do poder judicial, é composto por nove juízes e estes
juízes são nomeados a título vitalício pelo Presidente, uma vez obtido o consentimento
do Senado.
CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
No constitucionalismo francês da atualidade confluem diversas matrizes, sendo elas: a
rosseauniana (presente na ideia da lei como expressão da vontade geral, na soberania
popular e no referendo) e a do constitucionalismo liberal, às quais se junta ainda uma
componente bonapartista (vísivel no perfil do Presidente da República).
Relativamente à forma de Estado, estamos perante um estado unitário descentralizado
em que, no âmbito do regime político, se encontra uma democracia constitucional.
No que toca ao sistema de governo, verifica-se a existência de opiniões divergentes
que defendem, por um lado, a ideia de um sistema semipresidencial e, por outro lado, a
ideia de um sistema "Hiper presidencial". Trata-se de um sistema de governo
ambivalente, que oscilaria, quanto aos seu padrão de funcionamento, entre o dito
semipresidencialmismo, verificado em sistema de coabitação, e o hiperpresidencialismo,
durante o habitual cenário de confluência entre a maioria do governo e a maioria
presidencial.
Os principais órgãos do sistema constitucional francês são o Presidente da República,
o governo, um parlamento bicameral e o conselho constitucional.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O presidente da república constitui o eixo da vida política e, na prática, o Governo
depende do mesmo, ainda que, formalmente, o Governo seja apenas responsável
perante a Assembleia Nacional.
O Presidente da República é eleito por sufrágio universal por um mandato de 5 anos
(desde 2000), podendo ser reeleito apenas uma vez (desde 2008).
O presidente pode presidir, por direito próprio, ao Conselho de Ministros, por outro
lado, é quem nomeia o Primeiro Ministro, podendo, igualmente, por costume
constitucional, solicitar a sua demissão. Além destes poderes, o presidente pode ainda
dissolver livremente a Assembleia Nacional, exercer veto absoluto sobre diplomas
legislativos delegados do Governo (ordennance) e veto meramente suspensivo sobre as
leis parlamentares, ter iniciativa de revisão constitucional e de referendo, assumir
poderes excecionais (ainda que com mais apertados limites desde o início do séc.XXI),
dispor, pelo menos na prática, de um domínio reservado e suscitar ao Conselho
Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade das leis.
GOVERNO
O governo francês tem como função determinar e conduzir a política da Nação, como
descrito no artigo 20 da Constituição.
O primeiro ministro está encarregado de dirigir a ação do Governo, de acordo com o
artigo 21 da Constituição, e exercer ainda a importante prerrogativa de fazer prevalecer
a palavra da Assembleia Nacional em caso de discordância prolongada do Senado (não
resolvido em sede de comissão paritária das duas Câmaras).
PARLAMENTO
O parlamento bicameral é composto pela Assembleia Nacional ( com 577 deputados) e
pelo Senado (à data, com 348 senadores).
A Assembleia Nacional é a principal câmara do Parlamento e é eleita por sufrágio
universal para uma legislatura de 5 anos. Por sua vez, o Senado representa as unidades
territoriais e é eleito por sufrágio indireto (num colégio eleitoral de cerca de 150 000
membros) por seis anos, com renovação parcial a três anos.
A eleição para a Assembleia Nacional é o sistema maioritário uninominal a duas
voltas.
CONSELHO CONSTITUCIONAL
O Conselho Constitucional é composto por 9 membros e conta ainda com a presença
de antigos presidentes da república. É o órgão responsável pelas funções de controlo de
constitucionalidade. Salvo as inerências, os seus membros são designados, em um terço,
pelo Presidente da Assembleia Nacional e pelo Presidente do Senado.
ESTADO GREGO: Tratam-se de estados de reduzidas dimensões territoriais (cidades-estado) nos quais o
fundamento da comunidade era a religião. Existe uma ideia de comunidade política dos cidadãos, tendo
como base o princípio da igualdade cívica embora não se entendesse o conceito de liberdade no âmbito
individual mas apenas no âmbito da participação política. É também caracterizado pela diversidade de
formas de governo, sucessivamente experimentadas. Este estado permitiu o estabelecimento das
coordenadas da democracia moderna e da teorização do político: formas de governo (puras e
degeneradas), ideia de governo misto, várias dimensões da justiça (distributiva e corretiva,
nomeadamente), construção de utopias políticas.
ESTADO MEDIEVAL: É impróprio falar em Estado neste período, no entanto, trata-se de um estado
caracterizado pela ausência de poder central e unificado. Também caracterizado pela limitação
teleológica, moral e política do poder da Cristandade, mas com ausência de mecanismos de tutela.
Neste estado existe uma identificação do bem comum como finalidade do poder político e afirma-se a
relevância do costume. Evidencia-se a distinção entre Rei e tirano e admissão do direito de resistência, e
a concreta aplicação da ideia de constituição mista (numa estrutura que envolve o Rei, as corporações e
os estamentos). Verifica-se também afloramentos da soberania do povo.
FASE PATRIMONIAL: Verifica-se que o Estado é um bem que integra o património do Príncipe que
adquire o seu poder real por origem divina.
FASE DO ESTADO DE POLÍCIA: Verifica-se que o seu apogeu ocorre no século XVIII e que o Monarca já
não é dono do Estado e a origem do seu poder passa a ser considerada racional. Entende-se que o Rei
tem o direito de intervir em nome da razão em todos os domínios da vida política, social, cultural,
económica e mesmo privada, com vista à prossecução do interesse e bem públicos.
Verifica-se que o Estado absoluto é um Estado que não está limitado nem pelo Direito (visto que está
acima dele), nem pela separação de poderes (existe uma concentração no rei), nem pelos direitos (as
pessoas estavam sujeitas a intervenções arbitrárias do monarca, ainda que pela teoria do Fisco pudesse
haver indemnizações). O Estado absoluto caracteriza-se pela máxima concentração de poder no rei, e
pela intervenção alargada do Estado, cujo critério de ação política é a conveniência e não a legalidade
(“razão de Estado”); identifica-se uma prevalência da lei sobre o costume e que as antigas cortes deixam
de se reunir.
É neste contexto de Estado acima do Direito que surge o Constitucionalismo das revoluções como
resposta e reação, inaugurando-se a era das Constituições escritas ou do Estado constitucional em
sentido amplo (um Estado limitado pela Constituição).
CONCEITO DE ESTADO
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