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HISTÓRIA DO DIREITO

PORTUGUÊS

ORDENAÇÕES MANUELINAS
HISTÓRIA DO DIREITO PORTUGUÊS
Elaboração: D. Manuel, 1505
Rui Boto; Rui da Grã; e João Cotrim
(actualização, alterando, suprimindo e acrescentando…; resolução de dúvidas de interpretação; “modernização” do estilo)

As razões da reforma das Ordenações:


a. a introdução da imprensa em Portugal;
b. o desejo de D. Manuel ligar o seu nome a um reforma legislativa de vulto (somando a eventos como a descoberta
do Brasil e do caminho marítimo para a Índia…)

Entendia-se que os povos começaram a pedir para se realizarem correções às Ordenações por estas já estarem desatualizados. Por
outro lado, D. Manuel desejava associar o seu nome a uma reforma legislativa. (Atente-se ao exemplo de Napoleão e o seu Código –
ideia de imortalidade – transcensão do tempo através das obras legislativas).
Em 1514 temos a primeira edição completa das ordenações (5 livros) que tem, no entanto, uma pequena relevância. A primeira edição
completa e revista é de 1521.
Há uma edição completa de 1512/1513 – no entanto, foi o de 1521 que efetivamente entrou em vigor.
As matérias tartadas são as mesmas, mas desaparece o capítulo que regula o direito dos mouros e dos judeus.
A partir, desta altura, formalmente deixam de existir judeus e mouros em Portugal – daí o desaparecimento do estatuto jurídico destes
povos.
O próprio rei falava em “meus judeus e meus mouros” – colocando os dois povos sob a proteção do monarca, protege-os de vínculos
mais desfavoráveis – não deixa esses povos dependentes de outras pessoas.
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As edições
A apresentação tradicional das edições
1. Um exemplar do L.I: 1512; um exemplar do L.II: 1513;
impressão dos livros restantes e reimpressão dos
anteriores: 1514, data da primeira edição
completa.
2. Revisão. 1521 (ano da morte do monarca): data da
primeira edição completa e definitiva.
Rui Boto; Rui da Grã; Cristóvão Esteves; João de
Faria; Pedro Jorge.
Carta Régia de 15 de março de 1521: D. Manuel
manda destruir os exemplares anteriores, cominando
penas severas.
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Impressão completa anterior a 1514


1514-1521: duas edições
1512/1513: Valentim Fernandes
1514: João Pedro Bonhomini de
Cremona
1521(-1603)
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Sistematização
5 Livros { Títulos { proémio e §
Conteúdo
As matérias sucedem-se sensivelmente pela mesma
ordem.
Alterações:
a. Acrescentamento de disposições novas,
resultantes da legislação posterior às O.A.
b. Supressão de matérias.
V.g. legislação relativa aos mouros e judeus
(conversão forçada ou abandono do país em 1496)
interpretação vinculativa da lei através dos assentos
Estilo: decretório.
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O.M. L.V, T.58, §1


«(…) quando os Desembargadores (…) tiverem alguma
dúvida em alguma Nossa ordenação do entendimento dela,
vão com a dita dúvida ao regedor, o qual na Mesa grande
com os Desembargadores que lhe bem parecer a
determinará, e segundo o que aí for determinado se porá
sentença. (…)
E a determinação que sobre o entendimento da dita
Ordenação se tomar, mandará o Regedor escrever no
livrinho para depois não vir em dúvida.»
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Fontes do Direito
O.M. L.2 T.5
Como se julgarão os casos que não forem
determinados pelas Nossas Ordenações
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FONTES IMEDIATAS
Lei Régia
Estilo da Corte
Costume Antigo

“(…) onde a Lei, Estilo ou Costume do Reino


dispõem, cessem todas as outras Leis e
Direitos (…) ”
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FONTES SUBSIDIÁRIAS
Direito Romano (leis imperiais)
“sendo matéria que não traga pecado, mandamos que seja
julgado pelas leis Imperiais, posto que os Santos Cânones
determinem o contrário”
Expressa justificação da sua vigência:
“as quais Leis Imperiais Mandamos somente guardar pela
boa razão em que são fundadas”
a. Justificação da vigência do direito romano. Começa a desmoronar-se a presunção
de racionalidade do direito romano, que proporcionara uma recepção global.
b. Reafirmação da independência de Portugal face ao Império (aplicação do direito
romano imperio rationis e não ratione imperii)

Direito Canónico (santos cânones)


“Mandamos que seja julgado, sendo matéria que traga
pecado, pelos Santos Cânones”
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Opinião Comum dos Doutores (communis opinio)


Glosa de Acúrsio
“Mandamos que se guardem as Glosas de Acúrsio
incorporadas nas ditas leis, quando por comum opinião dos
Doutores não forem reprovadas”
Opinião de Bártolo
“Mandamos que se guarde a opinião de Bártolo, não
embargante que alguns Doutores tevessem o contrário;
salvo se a comum opinião dos Doutores, que depois dele
escreveram, for contrária, porque a sua opinião
comummente é mais conforme à razão”
Resolução Régia
Desconformidade entre o direito canónico e a Glosa e os Doutores das
leis: resolução régia.
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Opinião comum e um eventual compromisso com o


humanismo jurídico (limitação da opinião de Bártolo)

Interpretação a afastar:
a. O recebimento da opinião comum é ainda uma “vénia”
ou reverência à escola da Bártolo
b. A opinião comum que se recebe é somente aquela que é
posterior a Bártolo: “”rejeitava-se o passado em
benefício de Bártolo, mas sem se fechar a porta ao
futuro”

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